Boletim do Coati 5ª edição

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EDIÇÃO ESPECIAL AO DIA MUNDIAL DA ÁGUA

ANO 9 / Nº 5

JUNDIAÍ - VÁRZEA PAULISTA - CAMPO LIMPO PAULISTA

IÇÃO GRATUIT A

MARÇO E ABRIL DE 2013

Serra do Japi: Reserva hídrica da região de Jundiaí As águas que descem da Serra do Japi podem contribuir no futuro com o aumento de 30% no abastecimento de Jundiaí. A viabilidade deste potencial hídrico é comprovada, porém este recurso está ameaçado pela especulação imobiliária. Nesta edição especial do Dia Mundial da Água, o Boletim do COATI procurou saber sobre os estudos que comprovam a viabilidade deste projeto e que ficou engavetado nos últimos anos. Para isso procuramos informações de como serão as políticas públicas implantadas pela DAE e Prefeitura de Jundiaí para garantir que a área continue preservada. PG 4 e 5 Fotos: Mauro Utida / Loro Comunicação

Estudos apontam da necessidade da construção de mais uma represa na zona de conservação da Ermida, como esta localizada no PA11

Veículo está pronto para o resgate

30 anos de tombamento da Serra do Japi

Foto: Divulgação

Adaptação do veículo adquirido pela ONG COATI por meio da Secretaria de Meio Ambiente do Estado está pronto e projeto “Resgate da Vida Marinha”, coordenado pelo núcleo COATI-Juréia, deverá iniciar nos próximos meses. PG 8

No último dia 8 de março foi comemorado os 30 anos de tombamento da Serra do Japi, promovido em 1983 pelo Condephaat. Na ocasião, a Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente de Jundiaí anunciou um plano de ações com quatro medidas para aumentar a preservação da área, entre elas a reabertura da cachoeira do Marangaba e do programa de visitas monitoradas. PG 6


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Opinião EDITORIAL

Um sonho possível

Esta edição especial do Boletim do Coati ao Dia Mundial da Água pretende retomar as discussões sobre os projetos que envolvem o enorme potencial hídrico da Serra do Japi e que foram ignorados pelo governo anterior. O principal técnico que estudou o assunto até o momento foi o saudoso engenheiro Milton Takeo, ex-diretor de Operações da DAE, que faleceu em 2011. Seus estudos comprovam que a bacia do ribeirão Caxambu, localizada na zona de conservação da Ermida, deve ser protegida para garantir o abastecimento futuro da população de Jundiaí. Porém, eles foram substituídos por projetos de ocupação imobiliária de condomínios de luxo e hotéis nos últimos anos. A ONG Coati ao longo de seus 20 anos de luta pela preservação da Serra do Japi acompanhou de perto este processo e acredita que é muito mais interessante para a população e futuras gerações de Jundiaí, preservar esta área do que permitir a instalação de meia dúzia de hotéis naquela região para atender uma minoria, colocando em risco a conservação da vida silvestre e toda a sua biodiversidade. Nosso foco é conscientizar a população e o atual governo de que a Serra é um patrimônio que deve ser preservado para garantir benefícios coletivos a médio e longo prazo. Além de apontamentos técnicos relacionados ao planejamento

Ano 9 – Nº 5 – Março de 2013 Tiragem: 5 mil exemplares Jornalista Responsável: Mauro Utida (MTB 54971-SP) Editoração e Arte: Loro Comunicação Impressão: Lauda Editora Telefone: (11) 4522-2497 / 9 8941-0650 Internet: www.coati.org.br

www.coati.org.br BOLETIM DO COATI Uma coruja da espécie Strix huhula, também conhecida popularmente como coruja-preta, foi encontrada no km 115 da rodovia Dom Pedro I em Itatiba. A ave rara foi encaminhada ao zoológico de Paulínia.

NOTAS A ONG está de site novo!!!

ambiental e ao crescimento sustentável, O novo site da ONG Coati entrou no ar em fevereiro, após ser reformulado acreditamos que este argumento por si com objetivo de ampliar a comunicação e divulgação de notícias relaciosó já é o bastante para barrar o fantasma nadas ao meio ambiente na internet. A página ganhou um layout claro objetivo como forma da facilitar a navegação, seguindo a tendência da especulação imobiliária que assom- epredominante na web: simplicidade na forma e valorização do conteúdo. bra o Japy. Agora, além do informativo Boletim do Coati e a página do Facebook, a Para entender melhor esta situação bus- ONG Coati conta com um canal a mais de comunicação para poder didenúncias de agressões ao meio ambiente. Acessa lá: www.coati. camos informações das principais autori- vulgar org.br/. dades do assunto: Aray Martinho, diretor de Mananciais da DAE e Domênico Tre- Eleita Nova Diretoria Para Biênio 2013/2014 maroli, gerente regional da Cetesb, amOs novos conselheiros e diretores dos núcleos Jundiaí, Minas e Juréia para bos concordaram que a vocação hídrica o biênio 2013/2014 foram eleitos no dia 15 de dezembro último, por meio de uma Assembleia Geral. O primeiro trabalho dos novos conselheiros e da Serra não pode ser menosprezada. Esta é a primeira edição do ano, volta- diretores da entidade foi à aprovação da criação do novo núcleo, o COATI-ABCD, que irá atuar na região de Santo André, São Bernardo, São Caetano mos com cara nova e com a mesma von- e Diadema. O núcleo terá como diretor André Luiz de Jesus. Entre no nostade de contribuir com a preservação do so site e conheça quem são os nossos novos representantes. meio ambiente e uma forma de vida susLivro retrata novas descobertas biológicas na Serra do Japi tentável. Boa leitura! Durante as comemorações de 30 anos de Tombamento da Serra do Japi realizado no jardim do Museu Histórico e Cultural Solar o Barão no dia 8 de março, ocorreu o lançamento do livro “Novos Olhares, novos Saberes sobre a Serra do Japi: Ecos da Biodiversidade”. O evento contou com a presença dos organizadores, o zoólogo João Vanconcellos Neto e técnica ambiental Patrícia Regina Polli, e dos colaboradores Nilda de Jesus, Luciana Moretti e Osmar Francisco da Silva. Com 628 páginas, o livro é farto em informações científicas a respeito dos animais e das plantas da área. Ele representa o maior esforço de divulgação de descobertas biológicas desde o clássico “História Natural da Serra do Japi”, publicado em 1992 por nomes como Aziz Ab´Saber, Hermógenes Freitas Leitão e Patrícia Morelato, entre outros. Desta vez, o esforço envolveu 46 pesquisadores de 15 instituições universidades. Os exemplares já podem ser adquiridos na Editora CRV.

Sobre o Coati O Centro de Orientação Ambiental Terra Integrada (Coati) é uma organização não-governamental (ONG) ambientalista sem fins lucrativos e sem vínculos partidários e foi fundada em 1992. Seus principais objetivos são a defesa do meio ambiente e preservação das espécies, educação ambiental e valorização humana, promoção e incremento de estudos, pesquisas, propostas, programas e mobilização popular pacífica para fins específicos de melhoria das condições ambientais e da qualidade de vida. FILIE-SE AO COATI!!!


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Região

O bagre Jundiá é o peixe que deu nome ao rio. Na língua tupi, Jundiá significa bagre e “y” significa rio”. Em alguns trechos do rio Jundiaí já é possível constatar novamente a presença da espécie.

Rio Jundiaí passa de classe 4 para 3 com Estação Melhora ocorrerá com início do Sistema de Afastamento e Tratamento dos Esgotos de Campo Limpo e Várzea sanitário. A estação está instalada na marginal direita do rio Jundiaí, na divisa entre Várzea e Jundiaí. O gerente regional da Cetesb (Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental), Domênico Tremaroli, explica que o rio é classificado como classe 2 até o córrego Pinheirinho em Várzea, dali ele passa para classe 4. “Temos a esperança de recuperação do rio Jundiaí e espero que nos próximos anos ele tenha uma melhora bastante significativa”, diz. Ele informa que apensar do rio Jundiaí estar em estado degradado no percurso entre Várzea e Jundiaí, já é possível encontrar peixes na parte baixa a partir de Itupeva. “O rio Jundiaí conseguiu recuperar sinais vitais importantes. Quando começar a retirada da matéria orgânica pela estação de tratamento de Várzea Paulista, haverá uma melhorara significativa em todas as sete cidades da bacia”, diz. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA)

os corpos d’água são divididos por cinco classes de enquadramento: desde a “classe especial”, que é uma qualidade excelente e de uso mais exigente até a “classe 4”, qualidade ruim e usos menos exigentes. A Sabesp informa que o sistema é suficiente para atender o crescimento das cidades.

Fotos: Divulgação

Com a implantação do Sistema de Afastamento e Tratamento dos Esgotos de Campo Limpo Paulista e Várzea Paulista o rio Jundiaí deve passar de classe 4 para classe 3 já no primeiro ano de funcionamento da rede. A melhoria da qualidade das águas do rio Jundiaí faz parte do Plano de Reenquadramento de Corpos d’Água, promovido pelo Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ), em parceria com a Cobrape (Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos). De acordo com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) a estação de tratamento de esgotos de Várzea e Campo Limpo está em fase de ajustes de máquinas e testes de equipamentos. “A previsão de inauguração é no primeiro semestre deste ano”, informa. Foram investidos R$ 113 milhões com a implantação de todo o sistema de esgotamento

Rio começa a dar sinais vitais em Itupeva

Rio abastece Campo Limpo e Várzea O rio Jundiaí é o principal manancial para o abastecimento em Campo Limpo Paulista e Várzea Paulista. A estação de tratamento de água da Sabesp em Campo Limpo faz a captação em um ponto classe 2 do. A estação tem capacidade de vazão de 480 litros por segundo, sendo que 125 l/s segue para Várzea Paulista. Em Campo Limpo a cidade também utiliza o manancial do córrego Mãe Rosa. Os mananciais dos córregos Gua-

peva, Mursa e Moinho também integram o sistema de abastecimento de Várzea, quue também é beneficiada por um acordo entre Sabesp e a DAE para o fornecimento da água de Jundiaí. No acordo consta que a DAE se comprometeria a fornecer a quantidade de 50 mil m³/mês de água, podendo chegar até 260 mil m³/ mês, dependendo da necessidade do município. A Sabesp declara que não houve investimentos em 2012.

Fotos: Mauro Utida / Loro Comunicação

Fotos: Mauro Utida / Loro Comunicação

A captação em Campo Limpo é feita em um ponto onde o rio é classe 2


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Especial

Não há como esquecer o saudoso geógrafo e professor Aziz Ab’Saber que esteve à frente do Condephaat (Conselho Estadual de Defesa do Patrimônio) na época do tombamento em 1983. Aziz faleceu no ano passado.

A Serra do Japi contém a maior reserva de água da região e estudos revelam seu potencial hídrico como fundamental para o abastecimento do futuro de Jundiaí

“A água da Serra do Japi é altamente preservada, prova disso é a rica fauna aquática encontrada nos ribeirões. É uma biodiversidade com uma característica única comparada a outros lugares” João Vasconcellos Neto, zoólogo e professor da Unicamp.

gião do Eloy Chaves e o Moiséis, no bairro da Malota. “Já temos a outorga para captar a água da bacia do ribeirão Caxambu, porém a escala de investimento é grande e o DAE não possui recursos para isso. No momento precisamos proteger a área através de ações integradas e eficazes entre prefeitura e proprietários, baseado na legislação de Uso e Ocupação do Solo. Caso contrário, se não cuidarmos, este potencial de 30% pode cair para 10%”, alerta Martinho. Os estudos da bacia do ribeirão Caxambu foram concebidos pelo saudoso engenheiro Milton Takeo, que faleceu em outubro de 2011. Na época era diretor de Operações da DAE S.A. e seus estudos apontaram um importante potencial de capacitação de água do Japi na região do bairro Ermida. O projeto constitui na construção de uma barragem e represa das águas do ribeirão Caxambu naquela região. Como último ato, Takeo criou a diretoria de Mananciais na DAE. Porém, a administração anterior optou por uma política que privilegiou a especulação imobiliária da zona de conservação da Ermida nos últimos

anos, colocando em risco a viabilização dos estudos promovidos por Milton Takeo. Prova disso são os pedidos de diretrizes na prefeitura pelos proprietários da Fazenda Ermida e Ribeirão das Pedras para instalação de condomínios residenciais de alto padrão, em áreas da zona de conservação que são apontadas como fundamentais para a represa. ÁGUAS DA SERRA A Serra do Japi é a maior reserva de água de Jundiaí e região. Além de abastecer 7% da população de Jundiaí, as águas que descem por este patrimônio ecológico é a única fonte para abastecer Cabreúva e Itupeva. Indaiatuba, Itu e Salto também consomem a água da Serra. No caso de Cabreúva e Indaiatuba o abastecimento é feito através do ribeirão Piraí, que também beneficia Salto e Itu, por meio de uma barragem. Cabreúva também utiliza o ribeirão Guaxinduva. Cabreúva e Itu são apontadas como regiões com grande dificuldade de abastecimento e existem projetos para o aproveitamento do ribeirão Jundiuvira.

Fotos: Divulgação

“Embora a qualidade das águas que abastecem a população de Jundiaí sejam de ótima qualidade, não temos uma oferta abundante. Chegará uma hora que teremos que recorrer ao Ribeirão Caxambu”. A previsão é de uma das principais autoridades do assunto, Domênico Tremaroli, gerente regional da Cetesb (Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental) e presidente do Condema (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente). Ela também reforça a proposta da ONG Coati pela preservação de todo o território de gestão da Serra do Japi para que seja criado um reservatório de água límpida. Para quem não conhece, a bacia do ribeirão Caxambu está localizada na área de conservação da Ermida, na Serra do Japi, e sua disponibilidade para o abastecimento futuro de Jundiaí foi comprovada. Segundo o diretor de Mananciais da DAE S.A., Aray Martinho, o Caxambu tem capacidade para aumentar de 7% para 30% o abastecimento da cidade através das águas que descem da Serra do Japi. Atualmente dois afluentes da Serra abastecem uma pequena parcela da população: Padre Simplício, na re-


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Jundiaí-Mirim abastece 90% de Jundiaí

Outros Recursos

Análise d`água

tiagem. Para ele a represa da DAE é a grande salvadora de Jundiaí, pois é responsável por manter o controle do nível de abastecimento do município. “Quando o nível da represa baixa A represa da DAE garante o controle no abastecimento da cidade até o nível crítico automaticamenAs águas do Jundiaí-Mirim são reste é acionado o bombeamento do rio ponsáveis pelo abastecimento de 93% da cidade, que consome uma Atibaia, com capacidade para 1.200 média de 1.500 l/s. Manter a boa qua- l/s”, diz Martinho sobre o recurso utilidade deste rio que está no meio de lizado durante a estiagem concebido uma mancha urbana é um dos prin- pelos Comitês das Bacias Hidrográcipais desafios a ser administrado pe- ficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ). las instituições ligadas ao tema. De acordo com o diretor de Manan- O diretor de Mananciais da DAE reveciais da DAE, Aray Martinho, qual- la que a outorga do rio Atibaia vencequer problema no Jundiaí-Mirim rá em 2014 e a DAE já está providencoloca em risco o abastecimento da ciando o processo para renovação do cidade. Ele explica que a vazão deste contrato. “A renovação é fundamenrio é de 1.700 l/s no período de chuvas tal, pois todos os anos recorremos ao e de 400 l/s durante os meses de es- rio Atibaia, não podemos abrir mão deste contrato”.

Jundiaí não possui outra alternativa significativa para o abastecimento da população. A água subterrânea em Jundiaí é escassa e inviável para o abastecimento público. A DAE também pretende investir em projetos de reuso da água de indústrias para o abastecimento, além de intensificar os trabalhos contra perdas de água tratada pelas tubulações.

A ONG Coati realizou a análise das águas do rio Atibaia (coletada no ponto de captação) e do ribeirão da Ermida (coletada na bica do PA 11) e os resultados comprovam que a água do Atibaia é inferior ao da Serra do Japi. O laudo analisado pelo laboratório Acqualab neste mês indica que os coliformes fecais na água do rio Atibaia ultrapassam os limites máximos permitidos. Para o diretor administrativo da ONG COATI, Fábio Campos, o planejamento hídrico da cidade deve ser discutido com a participação da comunidade. “Um conselho público com esta finalidade seria um bom caminho para discutir o potencial hídrico da Serra do Japi para o abastecimento da cidade”.

FALA AI ! “Jundiaí tem um importante déficit hídrico porque a quantidade de água produzida na bacia do Jundiaí-Mirim e na Serra do Japi é insuficiente para abastecer toda a cidade, por isso recebemos reforço do rio Atibaia.” - Flávio Gramolelli, diretor de Meio Ambiente. “Vamos trabalhar ao máximo para preservar a área da bacia do ribeirão Caxambu, pois pretendemos retomar o projeto do Milton Takeo. Porém no momento não temos condições financeiras de captar a água de lá” – Jamil Yatim, presidente da DAE S.A.


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Cidade

www.coati.org.br BOLETIM DO COATI A Prefeitura de Jundiaí iniciou o projeto de controle populacional de capivaras do município. O trabalho inclui diagnóstico e mapeamento das áreas habitadas por estes animais silvestres e tem o objetivo de diminuir a transmissão da febre maculosa para o ser humano por meio de carrapatos. O manejo acontecerá em parceria com o Governo do Estado.

Há 30 anos a Serra do Japi era tombada

IJundiaí comemora a data e anuncia quatro ações, como a reestruturação e abertura da cachoeira Morangaba

Foto: Divulgação

Atualmente, a Rebio tem 20,7 milhões de m² e é parte dos 91,4 milhões de m² tombados em Jundiaí pelo Condephaat

No último dia 8 de março foi comemorado três décadas de tombamento da Serra do Japi, considerada a lei mais importante para a proteção da área como um todo. Na ocasião, o prefeito de Jundiaí, Pedro Bigardi (PCdoB), anunciou um plano com quatro ações para ampliação da preservação da reserva biológica (Rebio). São elas: criação do Centro de Referência Ambiental (CRA); criação da Fundação Serra do Japi; reestruturação e abertura da Cachoeira Morangaba e a criação de sistema de monitoria ambiental. Bigardi acredita que algumas ações deste plano podem iniciar ainda neste primeiro semestre. A nova regulamentação de moni-

tores ambientais para as trilhas na Reserva Biológica e também no Parque de Morangaba está prevista para ser apresentado dia 5 de junho, quando se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente. “A discussão será aberta, por meio de audiências públicas para envolver toda a população”, informa. Atualmente, a Rebio tem 20,7 milhões de m² e é parte dos 91,4 milhões de m² tombados em Jundiaí pelo Condephaat (Conselho Estadual de Defesa do Patrimônio) em 1983, de um total de 191,4 milhões de metros quadrados compartilhados com Cabreúva, Cajamar e Pirapora do Bom Jesus. Ou seja, abrange 22,6% da

área tombada em Jundiaí ou 10,8% da área tombada integral nas quatro cidades. A orientação de Bigardi sobre o aumento da área da Reserva Biológica Municipal (Rebio), na Serra do Japi, é iniciar estudos para definir critérios de prioridade na ampliação da reserva municipal, criada por lei em 1991. Além dos mecanismos de proteção compostos pela Reserva Biológica e o tombamento, há também o Território de Gestão da Serra, que “cercou” a área tombada com zonas de conservação na Ermida, Malota e Terra Nova, criada por lei municipal em 2004. Atualmente esta lei, a 417, está em processo de revisão.

Para regularizar a visitação à Serra do Japi, que está parada há dois anos, a Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente pretende reestruturar o espaço da cachoeira Morangaba e criar o sistema de monitoria ambiental, para a abertura de trilhas para visitas monitoradas. O programa de visitação a trilhas e cachoeiras da Rebio foi criado através de decreto em 2001, mas extinto pela antiga administração, que excluiu os monitores que

trabalharam no local por 11 anos e atendiam uma média de três mil visitantes por ano. O diretor de Meio Ambiente, Flávio Gramolelli, explica que a intenção é aproveitar os estudos de trilhas existentes. O diretor lembra também que mais de 80% do território da Serra do Japi é de propriedade particular e apenas a área da cachoeira Morangaba e Rebio são públicas, o que dificulta o acesso por todo o território.

Foto: Divulgação

Revisão da Lei 417 será retomada do zero pelo governo de Pedro Bigardi, através da Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente. O prefeito de Jundiaí diz convocará novas audiências públicas para elaborar o projeto que criou três zonas de amortecimento (Malota, Ermida e Terra Nova). Bigardi diz que pretende encaminhar o projeto de lei para votação na Câmara ainda neste primeiro semestre.

Morangaba voltará a abrir

O tombamento garantiu a preservação da biodiversidade da Serra


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BOLETIM DO COATI

Ação

7 É isso aí. A campanha do Greenpeace para tornar o Ártico um santuário internacional, com o apoio de mais de 2,7 milhões de pessoas, conseguiu paralisar o programa para perfurar e explorar petróleo no extremo norte do planeta da gigante Shell. Pelo menos por enquanto. O santuário internacional pretende deixar o Ártico livre da exploração de petróleo e da pesca industrial predatória. www.salveoartico.org.br

Muita emoção e aventura com o Coati Adventure

O COATI Adventure foi criado em fevereiro por um grupo de aventureiros da ONG COATI com o objetivo de consolidar o trabalho de educação ambiental e ecoturismo pela entidade. O braço da ONG de ecoturismo oferece pacotes que proporcionam muita emoção e aventura em contato com a natureza pelas mais belas paisagens da Mata Atlântica, incluindo a Serra do Japi (Jundiaí), Serra da Mantiqueira (Munhoz-MG), e Estação Ecológica Itatins-Juréia (Peruíbe). Os roteiros ecológicos incluem passeios de canoa na Vila Barra do Una, descer corredeiras por rafting, bóia cross em Munhoz, além de escaldas, rapel, tirolesa, arborismo e muitas outras opções oferecidas pelo núcleo COATI-Minas. Todos os roteiros são realizados com muita curtição e segurança, por monitores treinados e capaci-

tados. “Os monitores do Coati-Adventure são capacitados pela Abeta (Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura)”, afirma o diretor de Ecoturismo da ONG COATI, Fábio Patelli. PARCERIAS / Os roteiros do COATI Adventure também contam com parcerias de empresas que oferecem o que há de melhor em turismo de aventura. Em Munhoz, por exemplo, a entidade possui parcerias com outras operadoras de ecoturismo, além de restaurantes e pousadas. O pagamento dos passeios pode ser financiado através do sistema Mercado Pago, pela internet. Também é possível optar pelo pagamento do seguro, através da empresa Eco Trip, que garante a cobertura de todas as atividades por um valor atrativo.

PROGRAMAÇÃO Eco Pedal na Juréia

Quando: de 19 a 21 de abril (saída as 22h) Onde: Trilhas da Estação Ecológica Itatins-Juréia (10 vagas) Quanto: Pacote é de R$ 380,00*

Passeio fotográfico em Munhoz

Quando: 1º de maio (Saída 7hs) Onde: Em Munhoz, sul de Minas Gerais. Quanto: R$ 130,00* * Pacotes incluem hospedagem, transporte e alimentação.

Maiores informações com o diretor de Ecoturismo Fábio Patelli pelo telefone: (11) 9 9537-0770 ou pelo e-mail: coati@coati.org.br.


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Sustentabilidade

O WWF-Brasil promove no país o movimento global Hora do Planeta. No dia 23 de março, das 20h30 às 21h30, milhões de pessoas vão apagar as luzes em um ato simbólico contra o aquecimento global e os problemas ambientais que a humanidade enfrenta.

Resgate da Vida Marinha inicia neste semestre Projeto coordenado pelo núcleo COATI-Juréia atua na região que abrange as Ilhas de Cananéia, Ilha Comprida e Cardoso Por meio do convênio firmado com a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo e parcerias com as Prefeituras de Ilha Comprida e Cananéia e Instituto Gremar, o núcleo COATI-Juréia adquiriu uma viatura para resgate de animais marinhos. O projeto conta com a adaptação de veículo para captura e transporte dos animais e deve iniciar no primeiro semestre deste ano. Está previsto um seminário em Cananéia para apresentação do projeto e entrega oficial do veículo. A data deve ser anunciada em breve. A bióloga do COATI-Juréia, Daniela Ferro de Godoy, informa que

anualmente diversos animais são encontrados vivos nas praias que abrangem Iguape, Ilha Comprida, Cananéia e Ilha do Cardoso, litoral sul do Estado, com destaque para pinguins, lobo-marinhos e tartarugas. “Por vezes esses animais estão apenas descansando, mas, na maioria dos casos, são

A aquisição do veículo Doblo Cargo foi adquirido por meio de uma emenda parlamentar de RS 60 mil do então deputado estadual Pedro Bigardi (PCdoB), atual prefeito de Jundiaí.

encontrados debilitados, doentes e emalhados, necessitando ser encaminhados para um local adequado, onde receberão os cuidados necessários”, explica ela. O Instituto Gremar, no Guarujá, é o centro de reabilitação mais pró-

ximo. O veículo será fundamentaal neste projeto. Ele é apropriado para minimizar o stress do animal e a alta taxa de mortalidade no transporte. A previsão é que a equipe do COATI atenda 50 animais por ano, porém parte deles não precisará de transporte. Inicialmente a equipe será formada por cinco profissionais, entre biólogos, veterinários, educadores ambientais, além de voluntários. O grupo também elaborou materiais informativos e educativos referentes às condutas a serem adotadas pela população, além de cartilhas para a conscientização nas escolas.

Animais são tratados no Instituto Gremar como uma espécie de hospital de animais marinhos, não têm patrocínios e conta apenas com ações voluntárias. O gasto mensal atinge R$ 30 mil.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

O projeto Resgate da Vida Marinha conta com a importante parceria com o Instituto Gremar, no Guarujá. A entidade é pioneira na Baixada Santista e auxiliará às ações do núcleo COATI-Juréia. Segundo a veterinária responsável do Gremar, Mariana Zillio, os principais animais atendidos no CRAM (Centro de Resgate de Animais Marinhos), que se localiza na Ilha de Arvoredos, são as tartarugas marinhas e aves residentes, além de pinAs ilhas de Cananéia, Ilha Comprida e Cardoso possuem uma rica guins, no inverno. Segundo fauna de animais marinhos, como espécies de tartarugas ela, o CRAM, que funciona


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