DISTRIBU
IÇÃO GRATUIT A
ANO 8 / Nº 3
JUNDIAÍ - VÁRZEA PAULISTA - CAMPO LIMPO PAULISTA
JUNHO E JULHO DE 2012
SALDO NEGATIVO
Em junho os assuntos sobre meio ambiente e sustentabilidade tiveram um alcance extremo com a realização da Rio+20, mas na realidade houve poucos avanços significativos. Na região de Jundiaí a promessa pela aprovação da lei de Gestão da Serra do Japi não foi concretizada pela Prefeitura da cidade. Enquanto isso, continuamos presenciando a especulação imobiliária avançar cada vez mais próxima da Serra e animais silvestres sendo vítimas do “progresso”. PG 4 e 5
Foto: Leandro Ferreira /AAN/Grupo RAC
A onça Anhanguera se tornou símbolo da preservação da Serra do Japi após morrer atropelada e seu legado está sendo aproveitado cientificamente
Nem o frio espanta os amantes deste esporte
Aberta a temporada de queimadas na região e orgãos de segurança estão em alerta. PG 3
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Represa do Parque da Cidade vira referência em esporte náutico, com caiaques e velas. PG 7
Áreas de preservação preocupam autoridades
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Opinião
www.coati.org.br BOLETIM DO COATI O Movimento Gota D’Água chama a atenção para a construção da hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xingu, em parceria com o “Movimento Xingu Vivo para Sempre” e “Movimento Humanos Direitos”. Apóie a causa pelo site www.movimentogotadagua.com.br.
EDITORIAL
O Centro de Orientação Ambiental Terra Integrada COATI é uma ONG (Organização Não Governamental) ambientalista, sem vínculos partidários e sem fins lucrativos. Seus principais objetivos são a defesa do meio ambiente e preservação das espécies, educação ambiental e valorização humana, promoção e incremento de estudos, pesquisas, propostas, programas e mobilização popular pacífica para fins específicos de melhoria das condições ambientais e da qualidade de vida. Fundado em agosto de 1992, o COATI atua em duas importantes áreas da Mata Atlântica do Estado de São Paulo: Serra do Japi, através do COATI-Jundiaí, e Estação Ecológica de Juréia-Itatins, através do COATI-Juréia. Além de também desenvolver trabalhos no Sul de Minas Gerais, com um o núcleo COATI-Minas. É administrado por um Conselho Deliberativo e Fiscal e por três diretorias executivas, compostos por profissionais voluntários das mais diversas áreas. É membro da Rede de ONGs da Mata Atlântica, integra o Colegiado Gestor da APA Jundiaí-Cabreúva. Está cadastrado no CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente), CONSEMA (Conselho Estadual de Meio Ambiente), CBH-PCJ (Comitê de Bacias Hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) e no PROAONG (Programa de Apoio às ONGs da Secretaria Estadual de Meio Ambiente).
Quem me dera ao menos uma vez
CORPO ADMINISTRATIVO CONSELHO DELIBERATIVO E FISCAL - BIÊNIO 2011/2012: Presidente do Conselho: Ivana Rita Gramolelli Vice-Presidente do Conselho: Ari Osvaldo Galastri Conselheiro Titular e Secretário: Fabio Frederico Storari Conselheiro Suplente: Márcia Brandão Carneiro Leão
Gostaríamos de escrever um editorial positivo, que mostrasse avanços significativos ao meio ambiente em junho, mas presenciamos o fracasso da Rio+20 e da lei da Serra do Japi, sem ter garantias que continuará intocável. Sem contar o Código Florestal que permanece ameaçado por ruralistas ambiciosos. Dados científicos sobre Mudanças Climáticas comprovam que ações Grande Japi
humanas nos últimos 50 anos alteraram o clima da Terra mais do que toda a humanidade na sua história. E alertam, se continuarmos assim, caminharemos para o autoextermínio. Mesmo com todos dados científicos alarmantes não mudamos nosso modelo econômico predatório. O que falta é vontade e coragem política e da propria sociedade. Na Rio+20 houve o
debate de financiar a natureza, ou seja, pagarmos para mantê-la viva, mas foi recusado. Porém presenciamos o sistema capitalista financiar bilhões de Eu-
ros para evitar a quebra dos bancos na Europa, sem ao menos o efeito ser sentido na camada mais pobre da população. Como podemos ficar calados assim?
DIRETORIA EXECUTIVA DO COATI-JUNDIAÍ: Diretor Geral: Antonio Cesar Teixeira de Toledo; Diretor Financeiro: Flávio Gramolelli Júnior; Diretor Administrativo: Ana Lúcia Bergamasco Galastri; Diretor Técnico: Valtiele Alves dos Santos; Diretor de Ecoturismo: Fabio Patelli DIRETORIA EXECUTIVA DO COATI-JURÉIA: Diretor Geral: João Luiz Naldo; Diretor Administrativo e Financeiro: Débora Rodrigues Naldo; Diretor Técnico: Flávio Gramolelli Júnior DIRETORIA EXECUTIVA DO COATI-MINAS: Diretor Geral: Benedito Vaz dos Santos; Diretor Financeiro: Gessem Vaz dos Santos; Diretor Administrativo: Alessandro Mizobuti EXPEDIENTE BOLETIM DO COATI
Crédito: Agência Underfox / ilustrador : Felipe Rosa
Ano 8 – Nº 3 – Junho/Julho 2012 Tiragem: 5 mil exemplares Jornalista Responsável: Mauro Utida (MTB 54971-SP) Editoração e Arte: Thomas Romano Agência : Loro Comunicação / www.lorocomunicacao.com.br Impressão: Lauda Editora Telefone: (11) 4522-2497 / 8941-0650 Internet: www.coati.org.br
Foto: Divulgação
CENTRO DE ORIENTAÇÃO AMBIENTAL TERRA INTEGRADA
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Região
Jundiaí e Campo Limpo Paulista passam a integrar o sistema de monitoramento nacional devido às áreas de risco. As duas cidades receberam atenção especial da Defesa Civil Nacional devido às ocorrências de deslizamento de terra que as atingiram em 2009.
Cidades estão em alerta com os efeitos das queimadas Neste ano haverá uma ação em conjunto entre órgãos de segurança e ambiental para evitar incêndios de grandes proporções como de Itupeva ano passado queimada de grandes proporções na região de Itupeva no ano passado, fez com que houvesse uma preparação maior de órgãos ambientais e de segurança para enfrentar situações parecidas neste ano. AÇÕES - Uma das principais ações foi a inauguração do Centro de Controle Operacional (CCO), que ficará instalado no Complexo Fepasa e integrará órgãos da prefeitura, de segurança e ambientais. Outra medida efetiva para este ano divulgada por Silva foi de que a “operação de fogos
em cobertura vegetal” passará a ser contínua, antes às ações sazonais. Neste ano, o exército também dará apoio em situações de emergência. Dois pelotões foram treinados por oficiais do 19º GB. Além da Rinem (Rede Integrada de Emergência) passar a contar com a brigada de incêndio de 12 empresas e ampliação das ações para fogos em mata. “A grande sacada para este ano é a integração entre órgãos de seguranca para monitoramento, prevenção e atuação”, afirma o teSerra dos Cristais também tem um alto índice de queimadas na estiagem nente coronel.
Foto: Divulgação
FALA AI !
Tenente coronel do 19º GB, Edson de Oliveira Silva Projetos pretendem melhorar o monitoramento
Fogo na Serra preocupa A Serra do Japi é o ponto de maior preocupação nesta época do ano. O tenente coronel do 19º GB afirma que o maior problema desta área é o monitoramento, além do acesso a locais estratégicos. Silva revela que existem projetos para aquisição de um Veículo Aéreo Não Tripulado (Avant), com monitoramento a distância e estuda adquirir cavalos e instalar postos temporários.
“As principais causas de incêndios em áreas com cobertura vegetal continuam sendo por descontrole em limpeza de terrenos com fogo, balões e o despejo de materiais inflamáveis nas margens de rodovias.”
Animais silvestres são as maiores vítimas Incêndios de grandes proporções em áreas de matas nativas também colocam em risco a vida de animais silvestres. Segundo a Associação Mata Ciliar, nesta época do ano há um aumento significativo no atendimento de animais feridos causados por queimadas em matas. A Mata Ciliar alerta que queimadas são uma das ações que mais ocasionam a morte de diversas espécies. A entidade explica que animais de pequeno porte são as principais vítimas, como tatu, teiú, ouriço, gambá e pequenos roedores. No caso dos animais maiores, eles acabam fugindo mais muitas vezes morrem atropelados nas estradas ou fogem para as cidades.
Foto: Mauro Utida
Em julho inicia o período de estiagem que segue até outubro e consequentemente a temporada de queimadas proporcionada pela baixa umidade relativa do ar. De acordo com o tenente coronel do 19º Grupamento de Bombeiros, Edson de Oliveira Silva, a expectativa para este ano é preocupante, pois a tendência é que repita o baixo volume de chuvas registrada no mesmo período de 2011. Porém, Silva garante que a região está mais preparada este ano. O tenente coronel do 19º GB explica que o drama causado pela
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Especial
As borboletas que povoam a Serra do Japi são exemplos da rica biodiversidade da área. Estudos científicos já catalogaram mais de 900 espécies diferentes no território de gestão da Serra.
SERRA EM PERIGO Dois pedidos de reconsideração para permissão de construções na Serra do Japi são protocolados e Prefeitura de Jundiaí não cumpre promessa de enviar revisão da Lei 417 para Câmara até junho.
Foto: Divulgação
Imagem aerea mostra as clareiras sem cobertura de matas nativas onde existem diretrizes para construcao de novos empreendimentos imobiliarios
Lá se vai o “mês do meio ambiente” e com ele cai por terra a promessa da Prefeitura de Jundiaí de enviar o projeto da revisão da lei 417/2004 - responsável pelo sistema de gestão da Serra do Japi - para votação na Câmara Municipal. O prazo do Legislativo se encerra dia 7 de julho e como não há tempo suficiente para realização de audiências públicas, provavelmente a aprovação do projeto ocorrerá após as eleições.
O compromisso não assumido pelo Executivo de que o processo de revisão desta legislação seria concluído em junho faz parte de uma série de outros que foram anunciados durante os debates sobre o maior patrimônio ambiental da região de Jundiaí (Leia mais na pagina ao lado). A Frente de Defesa da APA (Área de Preservação Ambiental) informa que ambientalistas, conselheiros, organizações sociais e cidadãos estão cada vez mais
preocupados, temerosos e descrentes. De acordo com eles, ‘’está difícil acreditar novamente’’. ESPECULAÇÃO - A preocupação de pessoas envolvidas com a preservação da Serra do Japi está diretamente ligada ao fato de que proprietários de terra nesta região têm mostrado grande interesse em ocupar a área com construções de condomínios de alto padrão e até mesmo um hotel. Uma denúncia sobre
isso foi publicada em fevereiro no jornal O Estado de S. Paulo e fez com que a Prefeitura enviasse imediatamente a chamada ‘Lei do Congelamento’ para ser votada pela Câmara Municipal. Apesar de aprovada em maio, uma manobra jurídica por parte dos vereadores abriu brechas para que projetos de construção que estivessem tramitando pudessem ser aprovados. O efeito disso já reflete na Serra e pode ser devastador. Segundo o presidente
do Conselho Gestor da Serra do Japi, Antônio Luiz Mendes Pereira, 53 anos, dois proprietários de terra já protocolaram na Prefeitura o “pedido de reconsideração para emissão de diretrizes de projetos imobiliários na Serra do Japi”. Porém, Pereira acredita ser difícil que estes projetos consigam ser aprovados. “Os maiores interessados são a Fundação Antônio Antonieta Cintra Gordinho e a Fazenda Rio das Pedras”, ressaltou.
Outro lado A Prefeitura não confirmou a informação. Por meio da assessoria de imprensa, enviou uma nota ao Boletim do COATI e explicou apenas que ‘’diretrizes são pedidos de informações a respeito das exigências que precisam ser seguidas em eventuais projetos imobiliários na área de gestão da Serra’’.
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Para especialistas, revisão está confusa Projeto estava previsto para ser votado em junho, mas início do período eleitoral deverá prorrogar para o final do ano Apesar da Prefeitura conduzir a revisão da Lei 417/2004 e abrir oportunidades para a sociedade civil se manifestar, o processo não agradou profissionais ligados ao setor. A maior reclamação é que a revisão está confusa e sem garantias de que a Serra do Japi ficará mais protegida. O ex-presidente do Comdema (Conselho Municipal de Meio Ambiente), Fábio Storari, 44 anos, chamou a
atenção para o fato de que a participação popular na revisão da lei é uma vitória alcançada pela própria sociedade, que reivindicou esse formato ao longo dos anos. Storari que participa das reuniões da Câmara Técnica critica certas mudanças. “O que estão fazendo é uma mudança de escopo: de preservação para ocupação ordenada”, diz. A gestora ambiental Patrícia Regina Polli, 32,
(foto) também critica a construção de novos empreendimentos na área de gestão, com as mudanças de
nomenclatura do projeto - agora chamados de “núcleos sustentáveis”. “Apesar de ser um avanço ajustar as nomenclaturas ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), não houve uma definição para a palavra ‘núcleo sustentável’. Isso pode abrir brechas para incentivar novos empreendimentos”, alerta.
O presidente do Conselho Gestor da Serra do Japi, Antônio Luiz Mendes Pereira, informa que a atual proposta possui 70 artigos - 50 a mais do que a primeira proposta, elaborada pelos conselhos em agosto passado. A Prefeitura de Jundiaí informa que desde 2004, quando a 417 foi promulgada, nenhum empreendimento foi permitido ou aprovado na área de Gestão da Serra do Japi.
OAB
A Ordem dos Advogados do Brasil informou que está acompanhando a revisão da lei 417/2004 por meio da presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB/Jundiaí, Dirce Poli, que faz parte do Conselho de Gestão da Serra do Japi. “A OAB entende que o Executivo está conduzindo a revisão da lei dentro da legalidade”, informou.
Executivo interferiu na formação do Comdema
FALA, AÍ!
A insatisfação dos ambientalistas com a Prefeitura de Jundiaí tem como marco inicial a eleição da nova diretoria do Comdema (Conselho Municipal de Meio Ambiente), realizada em agosto passado. O órgão foi dominado por entidades ligadas ao setor imobiliário, como Acijun (Associação dos Corretores Imobiliários), Proempi (Associação dos Empreendedores Imobiliários), IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil) e pela Associação dos Engenheiros. Fora deste contexto, somente a OAB conseguiu uma vaga. Na ocasião, o COATI foi impedido de continuar no conselho mesmo sendo uma ONG ambientalista. A alegação do poder público foi de que faltaram documentos. No lugar, foi incluída a Fundação Antônio Antonieta Cintra Gordinho, embora o estatuto da própria entidade não a caracteriza como uma ONG ambientalista, mas sim de assistência social.
“A atual área de conservação da Serra do Japi não é suficiente para preservar sua biodiversidade. O Japi está isolado por quatro rodovias e duas metrópoles e é preciso criar uma política preservacionista, com corredores ecológicos que liguem a região da Cantareira até a Mantiqueira. É preciso uma área mínima para preservar algumas espécies, como as onças que são topo da cadeia alimentar. Mudar a lei para a ocupação de novos empreendimentos é um risco para a reserva como um todo.”
A fundação ainda abocanhou outra vaga no Comdema, por ser ‘’creche e escola Almerinda Chaves’’. O ex-presidente do Comdema, Fábio Storari, afirmou que este processo eleitoral teve uma sucessão de erros por parte do Executivo. Ele ficou de fora da diretoria mesmo sendo eleito de maneira legítima (representante da Associação dos Servidores do Poder Judiciário). ‘É
lamentável, já que o Comdema alcançou um papel importante nos últimos tempos e agora tem sua atuação limitada e direcionada para o interesse dos governantes e setores imobiliários”, reclamou Storari. O atual presidente do Comdema, Domênico Tremarolli, eleito após a constituição das entidades, defendeu a composição da nova diretoria. “O processo eleitoral foi legítimo”.
João Vasconcellos Neto, 59 anos, professor titular do departamento de Biologia Animal do Instituto Biológico da Unicamp.
Dez meses de revisão
Foto: Divulgação
Um dos imoveis do loteamento Serra da Ermida, na Serra do Japi
Agosto/2011 Proposta ínicial dos Conselhos é descartada Janeiro/2012 Audiência Pública é cancelada Fevereiro/2012 Criada a `Lei do Congelamento` após denúncias do jornal O Estado de S. Paulo Abril/2012 Programa dos Monitores na Serra é extinto Maio/2012 Aprovada Lei do Congelamento com brechas Maio/2012 Minuta da Lei 417 é retirada do site da Prefeitura após criticas Maio/2102 Nova Audiência Pública é cancelada
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Cidade
Quem procura um cão ou gato para adoção pode encontrar nas feirinhas da SOS Animais Abandonados realizadas aos sábados no Carrefour Jundiaí e no Coopercica (em frente ao Maxi Shopping), das 9 às 15hs. Mais informações: www.sosanimaisabandonados.com.br.
Mata Ciliar é referência na conservação da biodiversidade
Biotécnologia pretende salvar especies de felinos
Inauguração do Centro Jaguaretê concretiza sonho antigo da entidade
Entidade recebe leão Jubá Junho foi marcado pela chegada do leão Jubá na Associação Mata Ciliar. O animal foi transferido de Fortaleza-CE para Jundiaí. O animal foi apreendido em um zoológico particular na
Centro Jaguaretê está sendo uma onça-parda fêmea, de aproximadamente 10 meses, que foi atropelada em Extrema-MG. O animal
está há mais de um mês em Jundiaí e terá condições de voltar ao seu habitat natural após se recuperar de uma lesão neurológica.
Foto: Mauro Utida
ano completa 25 anos de trabalho. No caso do Centro Jaguaretê, o espaço garantirá um aprimoramento e otimização no atendimento aos animais silvestres que chegam debilitados e necessitando de cuidados especiais, vítimas de atropelamento queimadas, desmatamentos, choques elétricos e tráfico ilegal. A intenção também é compartilhar essa estrutura, dotada de equipamentos clínicos especializados, com outras entidades conservacionistas do país, tornando-se referência na preservação das espécies. O primeiro paciente do
Neste ano a entidade completa 25 anos de trabalho dedicado ao cuidado dos animais silvestres
Jaguatirica foi reproduzida em laboratório
Foto: Divulgação
O trabalho da Associacao Mata Ciliar ganhou um reforço extra em maio com a inauguração da primeira fase do Centro “Jaguaretê” – Tecnologia Aplicada para Conservação da Biodiversidade, em Jundiaí. O evento também marcou o pré-lançamento do Laboratório de Reprodução Animal Dr. Renato Campanarut Barnabe e a apresentação da ambulância de Resgate Animal, adquirida através do convênio com a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Os projetos consagram um antigo sonho da entidade que neste
Centro Jaguaretê já atende animais feridos
Após aplicar uma técnica inédita na América Latina em 2006, ao transferir embriões para reproduzir a espécie silvestre da jaguatirica em parceria com o Centro de Pesquisa de Espécies Ameaçadas de Cincinatti, nos Estados Unidos, a Associação Mata Ciliar pretende dar sequência ao projeto com o Laboratório de Reprodução
Animal. A técnica pretende salvar as oito espécies de felinos que vivem no Brasil em razão do isolamento geográfico provocados pela diminuição de áreas verdes. O cruzamento entre parentes próximos é uma ameaça de extinção destes animais, assim como outros silvestres considerados topo da cadeia alimentar.
Legado da onça Anhanguera
capital cearense vítima turais Renováveis) por O trabalho com a onça esteve solto, por meio de maus-tratos e rece- três meses. Anhanguera enrique- de um rádio colar insbeu cuidados no Cetas ceu cientificamente o talado em seu pescoço. (Centro de Triagem de trabalho da Associa- “Ela estava totalmente Animais Silvestres) do ção Mata Ciliar, que foi adaptada na vida silIbama (Instituto Brasipioneira em catalogar vestre. Isso comprova leiro do Meio Ambiendados deste animal du- que ainda há alimentos te e dos Recursos Narante o tempo em que para estes animais na
Serra do Japi. Acreditamos que ela acabou sendo atropelada, pois estava disputando território com outro macho”, diz a veterinária Renata Cristina Menezes.
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Ação
O Centro Náutico também contará com a prática de Stand Up Paddle, também conhecido como Surf a remo, a partir do dia 01 de julho.
Jundiai conta com equipe de canoagem
Represa do Parque da Cidade é opção para esporte náutico
A paixão pelo esporte náutico proporcionada pelas aulas de caiaque na represa da DAE S.A., já rendeu bons frutos. Um grupo de aproximadamente 10 pessoas aprendeu as técnicas em Jundiaí e tem organizado passeios por outras represas, como Nazaré Paulista, Piracaia, Joanópolis e até mesmo no mar de
Centro Náutico foi criado para incentivar a prática dos esportes náuticos aliada a preservação ambiental
Paraty-RJ. O grupo é conhecido como Econáuticos e tem o caiaque como uma forma de lazer, além de valorizar o lado da educação ambiental. “Depois que o corpo está adaptado ao caiaque o praticante sempre procura desafios maiores”, explica o integrante Tony Puertas, 41 anos.
Fotos: Divulgação
Veleiros de todo o Brasil costumam organizar regatas na represa do Parque da Cidade
Há quatro anos a represa da DAE em Jundiaí, localizada no Parque da Cidade, vem recebendo adeptos do esporte náutico de diversas partes do país. O local conhecido como Centro Náutico ganhou destaque com as práticas de canoagem, vela, stand up paddle (surf a remo) e mais recentemente recebeu até uma regata de wind surf. O Centro Náutico foi
criado para incentivar a prática dos esportes náuticos aliada à preservação ambiental. “No Centro, não trabalhamos apenas o treino das modalidades, mas a noção de preservação dos recursos naturais que existem na cidade”, destaca o responsável pelas atividades, Ivaldo “Cuca” Milharci. Cuca também é o responsável pelas aulas de capacitação de ca-
noagem, que até o início deste mês já havia cadastrado cerca de 5.300 pessoas, tanto de Jundiaí como de cidades da região. “Antes da represa ser
ampliada não existia um local adequado a este tipo de esporte. A tendência é que a prática dos esportes náuticos cresça em Jundiaí”, destaca Cuca.
O Centro Náutico é mantido por meio de uma parceria entre a DAE S.A., Parque da Cidade, Companhia de Saneamento de Jundiaí (CSJ), Prefeitura de Jundiaí e Lions Club Oeste.
Grupo de Jundiaí é chamado de Econáuticos
SERVIÇOS As aulas de canoagem são gratuitas, mas para participar é preciso passar por uma capacitação que ocorre às terças, a partir das 14h, e às sextas, 8h30. A capacitação também é realizada aos domingos (primeiro e terceiro de cada mês), a partir das 9h. Mas neste caso é preciso inscrição antecipada no próprio Centro Náutico. O Centro Náutico se localiza na rodovia João Cereser, km 66, Pinheirinho. Mais informações pelo telefone: (11) 4522-0499/0766.
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Sustentabilidade
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento estuda implantar um simulador de chuva na área da EtecBest (Escola Técnica Benedito Storani). A atividade permite observar os efeitos causados pela chuva em solos com e sem vegetação, contribuindo para conscientizar sobre o melhor uso e proteção do solo.
O Futuro que não queremos Documento final da Rio+20 é fechado sem metas significativas e frusta especialistas que o principal documento da Conferência, chamado de “O Futuro que Queremos”, não representa os ideais de ONGs e da sociedade civil. “O documento ficou muito fraco, não avançou em nada e por pouco não retrocedeu ao da Eco92”, revela Márcia.
Foto: Isabella Baroni Stocco
“O resultado final da Rio+20 deixou claro que a importância maior é a economia e seu modelo predatório”. O alerta é do conselheiro da ONG COATI, Fábio Storari, 44 anos, que esteve presente na Conferência Mundial das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, no Rio de Janeiro. Além dele, a entidade também foi representada pela doutora em Direito Internacional, Márcia Brandão Carneiro Leão, 58, que participou da Cúpula dos Povos e também da Conferência Oficial. Tanto Márcia como Storari declaram que a Rio+20 foi frustrante e
ESPERANÇA - Apesar Criança da tribo Pataxó no colo da mãe na Rio+20 de frustante, a Rio+20 trouxe alguns avanços nem ainda mais urgen- assim como o lema da Eco92: “Pensar Glono sentido do engaja- tes. mento político e parti- “As pessoas saíram balmente, Agir Localcipativo da sociedade muito frustradas, mas mente”. “Não adianta civil organizada. Na decididas a não dis- querermos cuidar do opinião de Márcia o persarem. Precisamos mundo, temos que fofato de o resultado da manter nossa mobili- car em assuntos locais, como a Serra do Japi, Rio+20 ter sido frus- zação”, diz ela. trante faz com que as Para Fábio Storari as corredores ecológicos, atitudes da sociedade mudanças precisam nossos córregos, rios...” civil organizada se tor- ocorrer de forma local, destacou.
EM AGOSTO ESPECIAL 20 ANOS DA ONG COATI
ANUNCIE
CONTATO : (11) 8941-0650
Próximos compromissos 2012 - Protocolo de Quioto (ONU) 2015 – Objetivos do Milênio (ONU) Mais informações Para conhecer melhor a versão final do documento elaborado na Rio+20 entre no site da ONG Vitae Civilis. www.vitaecivilis.org.br.