Jornal dos Bancários - Jan./Fev.

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Ano XXVII - Fevereiro de 2015 - Nº 523

CONSTRUINDO O RAMO FINANCEIRO

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DILMA ESTÁ SE EQUILIBRANDO

Nosso presidente Douglas Yamagata comenta sobre o assunto em um bate-papo inteligente. P2

PROJETO DA TERCERIZAÇÃO É DESENGAVETADO O PL 4330/04, que libera a terceirização e estava engavetado desde a grande mobilização dos trabalhadores em 2013, foi desarquivado recentemente dia 10 de fevereiro e está pronto para votação no plenário da Câmara dos Deputados. A votação do projeto em plenário depende do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que precisa incluir a matéria na ordem do dia. Essa decisão é tomada no âmbito do Colégio de Líderes. Há forte tendência de o projeto ir à frente, tendo em vista a composição da Câmara empossada no dia 1º de fevereiro de 2015. Trata-se de uma composição mais conservadora, com uma bancada empresarial que manteve sua força e poder, com 220 representantes na Câmara. Enquanto a bancada sindical, que na legislatura passada tinha 83 representantes na Casa, agora tem 51. “Com essa correlação de forças tão desigual, os trabalhadores terão que atuar muito mais no Congresso e com mais vigor, a fim de ocupar os espaços de negociação” comenta Douglas Yamagata, presidente do sindicato.

Privatização da Caixa P3 Calor no Santander P4


POLÍTICA

Douglas abre o jogo sobre a situação do atual Governo DOUGLAS, POR QUE ESTAMOS ASSISTINDO O GOVERNO DILMA ADOTAR MEDIDAS QUE ERAM ESPERADAS NUM POSSÍVEL GOVERNO DE AÉCIO NEVES? Verdade. O veto à correção da tabela do IR na fonte, e as medidas provisórias que restringem o seguro desemprego e o pagamento de pensões neste momento de pré-recessão, sem nenhum debate com o movimento sindical, são desagradáveis surpresas. O superministro Joaquim Levy espera “economizar” 18 bilhões de reais com estes amargos remédios, dinheiro que na outra ponta, a das despesas, será usado para pagamento dos juros da dívida pública brasileira. Quem ganha com isto são os banqueiros, aliás o ministro foi empregado de um dos bancos. Como diz o ditado: a raposa está cuidando do galinheiro. MAS TODOS OS ESPECIALISTAS ARGUMENTAM A NECESSIDADE DE UM AJUSTE FISCAL. Nós achamos que qualquer ajuste fiscal não pode arrochar direitos dos trabalhadores. Porque arrochar os trabalhadores, em última instância é atacar os consumidores. E arrochar o consumo, é aprofundar a recessão. Nós não queremos e nem achamos que o Brasil precisa de recessão. Pois com recessão vem o desemprego, que arrocha ainda mais o consumo. Entramos numa bola de neve cada vez maior: mais desemprego, menos consumidor, menos consumo, menos comércio e menos produção. Quem precisa pagar pelos ajustes necessários são os que mais têm condições de pagar: OS RICOS. Defendemos uma reforma tributária que cobre impostos justos, pois quem mais paga no Brasil são os mais pobres e os trabalhadores. Somos tributados nos holerites e no nosso consumo. Os ricos tem isenção de pagamento de impostos até nas suas aquisições de helicópteros, avião, iates e Jet ski. Nos países desenvolvidos da Europa e nos EUA, os ricos são os que mais pagam impostos, inclusive sobre as suas fortunas. VOCÊ ESTÁ FALANDO DE CONSUMO. A PRIORIDADE DO MINISTRO LEVY, COM TODAS AS MEDIDAS, É CONTER A INFLAÇÃO. 2

Os neoliberais defendem a ortodoxia no combate a inflação. Ou seja, diminuindo o consumo os preços caem, e contemos a inflação. A outra vertente dos economistas são os desenvolvimentistas, que defendem o aumento da produção para conter o aumento dos preços e a economia ficar livre da inflação. Guido Mantega é um destes. O aumento da taxa SELIC está no contexto da ortodoxia do ministro Levy. Aumentando ela, aumentam as taxas de juros nos créditos oferecidos pelos bancos aos consumidores. Resultado: diminui consumo. E A INFLAÇÃO CAI? Depende. Nem sempre a diminuição do consumo resulta em diminuição substancial de preços. Pois os empresários podem diminuir a produção e adequar a quantidade produzida ao consumo. Ou seja, podem perfeitamente continuar a produzir, mesmo que em menos quantidade, sem diminuir os preços. Podem também, provocar a insuficiência de produtos disponíveis gerando escassez no mercado e o aumento de preços. Ou seja, a inflação pode subir ainda mais dependendo da atitude dos empresários. MAS ENTÃO OS EMPRESÁRIOS E COMERCIANTES NÃO GANHAM DINHEIRO? Os pequenos podem quebrar neste cenário de redução do consumo, mas os grandes têm alternativa: a especulação no sistema financeiro. Como a taxa SELIC está em alta, os bancos estão ganhando muito dinheiro com os juros da dívida pública. E qualquer um pode ser sócio deles, aplicando o que poderia ser investimento nos fundos que os bancos oferecem. VOLTANDO À POLÍTICA, COMO EXPLICAR TODAS ESTAS INESPERADAS POSTURAS NO GOVERNO DA PRESIDENTE DILMA? Primeiro, é importante ressaltar que o mundo ainda está em crise econômica, social e política. Na Europa, o desemprego é galopante e o remédio que está sendo aplicada é amargo, com corte de direitos sociais e trabalhistas. Os governos Lula e Dilma conseguiram anular os efeitos da crise desde 2008, valorizando a produção e o consumo interno. No entanto o efeito des-

tas medidas já está se esgotando e a crise mundial começa a nos atingir com mais intensidade. É notório que esta crise mundial gera um clima propício para o crescimento de qualquer oposição que seja, ainda mais quando a oposição é composta pelos grandes meios de comunicação, como é o caso do Brasil. Dilma venceu as eleições, mas por uma pequena margem. O Brasil está dividido entre situação e oposição. Isto está pesando muito na postura do atual governo, que cede aos setores econômicos que estão na oposição. E as novidades para o governo e para os trabalhadores são ainda piores. O Congresso Nacional que o povo elegeu é ainda mais patronal. Não tenhamos nenhuma dúvida que muita coisa que os patrões querem, vai ser aprovada pelos deputados e senadores. Ainda mais com o presidente da Câmara dos Deputados recém-eleito, Eduardo Cunha. Inclusive, o projeto de lei 4330, que permite a terceirização total, já foi recolocado para votar. Tem muito trabalhador que votou na oposição, elegendo inclusive deputado e senador da oposição, pois entrou na onda do fora Dilma que a mídia propagandeou, e agora vai ter que brigar muito junto com a gente para não perder direitos. Também vamos ter que mobilizar muito a classe trabalhadora para convencer a presidente que o remédio adotado pelo superministro é injusto e pode ser ineficaz, pois pode colocar o Brasil numa recessão. Ou seja, o remédio pode matar o paciente. O melhor caminho é o que trilhamos nestes últimos 12 anos: aumento real nos salários, valorizar o salário mínimo, continuar diminuindo a miséria absoluta, baixar juros e facilitar o crédito, estimular o consumo, investir nas indústrias que queiram produzir para atender a demanda e conter a inflação. Além disto, diminuir os impostos dos pobres e dos assalariados e cobrar mais dos ricos. Outra coisa que precisa ser enfrentada é o poder absoluto da mídia, que acusa quem ela quer sem prova e não é punida por ninguém.

Douglas Yamagata Presidente do Sindicato dos Bancários de Jundiaí e Região


POLÍTICA

Entenda por que querem privatizar a Caixa A Caixa cumpriu um importante papel, quando por estratégia de governo, foi precursora no processo de “bancarização”, com a abertura de novas agências e o acesso à população de baixa renda. Atualmente olhares famintos estão direcionados à Caixa Econômica Federal, são pedaços do mercado. São contas correntes, poupanças, seguros, financiamentos, tarifas bancárias e de prestação de serviços, enfim, ‘cifrões’. Um pacote bastante atraente engorda os olhares do sistema financeiro, que tem interesse direto nesta fatia. Trata-se de mais de 50 milhões de clientes, conquistados pela Caixa em pouco mais de dez anos. O crescimento acelerado da Caixa em número de clientes reflete na sua participação no mercado financeiro. Considerados os balanços anuais de 2013, as mais de quatro mil agências do banco totalizavam 12,6% das operações em Certificado de Depósitos Bancários (CDB), 14% dos depósitos à vista, 18% de todas as operações de crédito do sistema financeiro, 68% dos financiamentos imobiliários e 35% dos depósitos em caderneta de poupança. Tratando-se de operações no sistema financeiro de habitação o crescimento é ainda mais atraente, chega a 900%, de R$ 26,9 bilhões em 2002 para R$ 270,4 bilhões em 2013. Já as receitas com tarifas e prestação de serviços cobrem toda a despesa da Caixa com pessoal.

AJUSTE DE CONTAS Colocar ações da Caixa Econômica Federal no mercado poderia ajudar o processo de ajuste fiscal de curto prazo proposto pelo novo Ministério da Fazenda. Cerca de R$ 20 bilhões seriam destinados ao Tesouro Nacional – como inicialmente aventado.

PERDA DE BENEFÍCIOS A abertura de capital da Caixa levaria ao seu fim como banco público, até agora capaz de gerar políticas inovadoras, criar novos mercados, favorecer ações sociais e alavancar políticas anticíclicas quando do agravamento da crise econômica no mundo.

Ainda há neste pacote, que faz brilhar os olhos dos defensores da privatização, as loterias, o penhor, o FGTS e os programas sociais. O povo brasileiro deve lutar por um banco voltado aos seus interesses, acessível e que continue executando as políticas públicas. Este tipo de estratégia irá colidir com os interesses daqueles que se apropriarão de parte da Caixa, no caso da abertura de capital. “Defendemos a Caixa como um banco totalmente público, para seguir cumprindo seu papel de fomentar o crescimento econômico e social do Brasil” salienta Paulo Mendonça, diretor do Sindicato e funcionário da Caixa. “Não podemos permitir que, em nome de um ajuste fiscal, seja entregue de bandeja essa empresa que nós, empregados da Caixa, construímos” conclui o diretor

FUNDO DE PENSÃO CAIXA - FUNCEF Lembramos que são vários planos dentro da FUNCEF, e a questão do déficit, está apenas no REG/REPLAN, tanto no modelo Saldado como no Não Saldado. Acesse a página do sindicato assista o vídeo “Mitos e verdades sobre equalização de déficit na FUNCEF”. No debate com Maria Rita Serrano e Fabiana Matheus, os participantes terão a oportunidade de esclarecer suas dúvidas.

O sindicato está organizando para breve, uma reunião com Fabiana Matheus, coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa) e Maria Rita Serrano, representante dos empregados no Conselho de Administração para estarem debatendo a abertura de Capital e o déficit do fundo de pensão (FUNCEF).

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CUT se mobiliza pela ampliação de direitos e contra as MP`s

No dia 30 de dezembro de 2014, o Governo Federal anunciou as Medidas Provisórias (MP) 664 e 665, que alteram sobretudo as regras do Seguro-Desemprego e do Auxílio-Doença. A MP 665, modifica o acesso do SeguroDesemprego, ampliando de 6 meses para 18 meses o tempo de trabalho necessário para o acesso ao benefício. Já a MP 664, modifica as regras do Auxílio-Doença, concedendo benefício após 30 dias de afastamento, e não mais depois de 15 dias de licença médica. O Governo alega que a intenção é combater fraudes e distorções, além de gerar uma economia de R$18 bilhões que serão utilizados para engordar o superávit primário que servem para pagar os juros da dívida pública.

A CUT e demais centrais sindicais, repudiaram as Medidas, uma vez que não foram chamadas para discutí-las. Além disso, é necessário salientar que só com a redução das alíquotas de IPI e desonerações o governo deixou de arrecadar cerca de R$200 bilhões. Portanto, esse esforço para ampliar o superávit primário pode ser feito de outra forma, e não às custas do trabalhador. Desta forma, a CUT e as demais centrais sindicais decidiram levar o assunto para o Congresso Nacional, que só foi aceito por que o governo se comprometeu a discutir a pauta da classe trabalhadora. Como as MPs precisam ser aprovadas pelo Congresso, os sindicalistas propuseram ganhar tempo e fazer a negociação entre as centrais, governo e parlamentares. O governo não quer revogar as MPs, mas

SANTANDER

ITAÚ

PICOLÉS CONTRA O CALOR NA AGÊNCIA

ATENÇÃO COM A JUSTA CAUSA

Na última semana de Janeiro, o Sindicato realizou uma manifestação na agência do Santander 4201- Vila Rami. Com o ar-condicionado quebrado a temperatura da agência passava os 30°C. Para protestar contra a falta de manutenção dos equipamentos, o sindicato retardou a abertura da agência em 30 minutos e distribuiu picolés aos correntistas. A situação da agência 4201 é um exemplo prático da falta de respeito do banco espanhol para com os clientes e funcionários; é exemplo também da ineficiência do banco, uma vez que este problema poderia ter sido evitado com

frequentes e eficientes manutenções e trocas dos aparelhos. Costumeiramente no verão o sindicato recebe muitas notícias de problemas do sistema de ar-condicionado das agências, lembramos que segundo a norma regulamentadora número 17 exige que a temperatura nos locais de trabalho deve permanecer em torno de 20°C a 23°C.

Informativo do Sindicato dos Bancários de Jundiaí e Região Filiado à Fetec/Contraf/CUT Fone: (11) 4521-9711 4806-6650Fax: (11) 4521-9423 Rua Prudente de Moraes, 843 - Centro-Jundiaí/SP

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se comprometeu a debater a pauta da classe trabalhadora, tais como as questões sobre o fim do fator previdenciário, redução de jornada de trabalho, redução dos juros e do superávit primário, combate a terceirização e à rotatividade. A ideia é manter os trabalhadores mobilizados para pressionar e fazer o enfrentamento. São positivos o fato de o governo acenar com a possibilidade de modificar os textos das MPs e pela adoção de medidas que combatam a alta rotatividade da mão de obra. “Existem diversas questões que precisam ser debatidas, tais como a taxação das grandes fortunas, a diminuição da sonegação fiscal, a alíquota de imposto de renda, o fim do fator previdenciário, entre outros itens”. ressalta Douglas Yamagata.

No decorrer do último ano, o sindicato constatou diversos problemas no Itaú, tais como desvios de funções, férias de no máximo 20 dias que são sugeridas pelos gestores, cobrança de metas em exagero, sistemas de ar-condicionado sucateados necessitando de trocas de aparelhos, demissões por justa causa, etc. Em Dezembro, os diretores do sindicato se reuniram com representantes do banco para cobrar posicionamento sobre os temas destacados e uma nova reunião acontece em Março.

muito mais freqüente desde meados de 2014. Conforme palavras dos representantes do banco, o Itaú está mais rígido. “Segundo nos foi repassado, a demissão por justa causa ocorrerá quando um funcionário descumprir o Código de Ética, as circulares do banco, Código de Conduta, etc” explica João Chinelatto, diretor do Sindicato. “Pedimos que os bancários se atentem às normas do banco, evitando assim possível brechas para demissões” salienta a diretora. O Sindicato conta com o envolvimento JUSTA CAUSA/O banco dos bancários do Itaú nesta Itaú mudou sua postura quan- luta por respeito. do o assunto é justa causa,

Presidente: Douglas Yamagata Diretor Responsável: Antonio Cortezani Jornalista Responsável: Mauro Utida (MTB: 54971/SP) Editoração e Diagramação: Loro Comunicação - Fone: (11) 3963-3305

Tiragem: 2.500 Exemplares

Impressão: Mettagraf www.bancariosjundiai.org.br


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