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Quintais Urbanos PROPOSTAS DE ESPAÇOS LÚDICOS INFANTIS NO BAIRRO DIVINO ESPÍRITO SANTO LORRAINE SAUTHIER | UVV 2018
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LORRAINE SAUTHIER CARNEIRO BRANDÃO
QUINTAIS URBANOS PROPOSTAS DE ESPAÇOS LÚDICOS INFANTIS NO BAIRRO DIVINO ESPÍRITO SANTO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo, de administração da Universidade Vila Velha.
Orientadora: Prof.ª Drª. Cynthia Marconsini Loureiro Santos.
VILA VELHA 2018
LORRAINE SAUTHIER CARNEIRO BRANDÃO
QUINTAIS URBANOS PROPOSTAS DE ESPAÇOS LÚDICOS INFANTIS NO BAIRRO DIVINO ESPÍRITO SANTO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo, de administração da Universidade Vila Velha. Aprovada em 28 de novembro de 2018.
COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________________ Drª. Cynthia Marconsini Loureiro Santos Universidade Vila Velha Orientadora
______________________________________ Drª Simone Neiva Loures Gonçalves Universidade Vila Velha Avaliadora Interna
______________________________________ André Felipe dos Santos Avaliador externo
AGRADECIMENTOS A minha avó Maria de Lourdes por todo apoio ao longo da vida. A minha mãe pelas oportunidades fornecidas. A Sunny Yuki pelo amor incondicional. Aos meus professores, em especial minha orientadora Cynthia Marconsini pelas aulas elucidantes que em muito contribuiram para minha formação profissional e orientações inspiradoras.
“Não existe revelação mais nítida da alma de uma sociedade do que a forma como esta trata as suas crianças.” (Nelson Mandela)
RESUMO
ABSTRACT
O trabalho apresentado busca analisar a importância
The present work seeks to analyze the importance of playing for children’s development and to highlight the aspects present in the play spaces that entertain and stimulate the child, favoring the creation of proposals that reach the needs of the Divino Espírito Santo district and bring benefits to the users. The development of this research was aided by the analysis of the evolution of the concept of childhood and its rights, the effects of urbanization to play in the city, the study of the gains related to the interaction between children and the contact with nature and the mapping of uses and urban voids in the district where the insertions will be made.
do brincar para o desenvolvimento infantil e pontuar os aspectos presentes nos espaços de brincar que entretenham e estimulem a criança, favorecendo a criação de proposições as quais atendam às necessidades do bairro Divino Espírito Santo e tragam benefícios aos usuários. O desenvolvimento desta pesquisa foi auxiliado pela análise da evolução do conceito de infância e seus direitos, os efeitos da urbanização para o brincar na cidade, o estudo quanto aos ganhos referentes à interação entre as crianças e o contato com a natureza e o mapeamento dos usos e vazios urbanos no bairro onde serão efetuadas as inserções.
Palavras-chave: Espaço público infantil. Parquinho. Espaço de brincar. Desenvolvimento infantil.
Keywords: Children’s public place. Playground. Play space. Child development.
LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Linha do tempo do brincar...................................................................................................20
Figura 25 – Trecho do parque 02.................................................................................................................................35
Figura 2 – Gráfico com taxa de urbanização........................................................................................23
Figura 26 – Brinquedo de madeira roliça e cordas..................................................................................................36
Figura 3 – Antes e depois do terreno escolhido..................................................................................26
Figura 27 – Escorregador em relevo.............................................................................................................................36
Figura 4 – Brincadeiras com tamboretes......................................................................................................26
Figura 28 – Crianças balançando..................................................................................................................................36
Figura 5 – Crianças brincando no Autoparque Niamey.....................................................................27
Figura 29 – Elemento criado com vegetação...........................................................................................................37
Figura 6 – Planta baixa do Crow Wood Playscape............................................................................28
Figura 30 – Fonte de água em espaço com pedras...................................................................................................37
Figura 7 – Equipamentos aproveitando o relevo....................................................................................28
Figura 31– Passarelas de redes........................................................................................................................................37
Figura 8 – Composição do parquinho.............................................................................................................28
Figura 32 – Escorregador na topografia.....................................................................................................................38
Figura 9 – Torres de madeira.............................................................................................................................29
Figura 33 – Obstáculo com troncos..............................................................................................................................38
Figura 10 – Layout com madeira, pedras, areia e grama..........................................................................29
Figura 34 – Redes para escalada.................................................................................................................................38
Figura 11 – Croqui do projeto do playground....................................................................................................30
Figura 35 – Trecho do playground 03.........................................................................................................................38
Figura 12 – Relevo com túnel/escorregador e escalada................................................................................30
Figura 36 – Plataformas e desníveis............................................................................................................................39
Figura 13 – Visual do Blaxland Riverside Park Playground........................................................................30
Figura 37 – Chafariz com córrego................................................................................................................................39
Figura 14 – Croqui dos equipamentos em alguns relevos...............................................................................31
Figura 38 – Vegetação florida......................................................................................................................................39
Figura 15 – Escorregador/montanha e trepa-trepa com troncos.................................................................32
Figura 39 – Flores metálicas..........................................................................................................................................40
Figura 16 – Trepa-trepa com troncos.......................................................................................................................32
Figura 40 – Brinquedo com cilindros e mini-tirolesa...............................................................................................40
Figura 17 – Crianças brincando de escorregar e equilibrar.............................................................................32
Figura 41 – Crianças em árvore...................................................................................................................................40
Figura 18 – A natureza como parte do parquinho.............................................................................................33
Figura 42 – Primeira tabela de equipamentos ......................................................................................................41
Figura 19 – Visual das torres........................................................................................................................................33
Figura 43 – Segunda tabela de equipamentos ......................................................................................................42
Figura 20 – Balanço com formato de cesta..............................................................................................................33
Figura 44– Mapas para localização............................................................................................................................45
Figura 21 – Elemento com cordas................................................................................................................................34
Figura 45 – Zoneamento do bairro Divino Espírito Santo......................................................................................45
Figura 22 – Elementos naturais para apropriação.................................................................................................34
Figura 46 – Mapeamento do uso do solo no bairro...............................................................................................46
Figura 23 – Crianças brincando nos jatos d’água...................................................................................................34
Figura 47 – Atividades no bairro.................................................................................................................................48
Figura 24 – Trecho do parque 01................................................................................................................................35
Figura 48 – Mapa localização das propostas...........................................................................................................51
Figura 49 – Localização primeira proposta............................................................................................................52
Figura 74 – Área com elementos em madeira 01.................................................................................................64
Figura 50 – Lote primeira proposta..........................................................................................................................53
Figura 75 – Área com elementos em madeira 02................................................................................................64
Figura 51 – Visual 1 primeira proposta......................................................................................................................53
Figura 76 – Área com elementos em madeira 03................................................................................................65
Figura 52 – Visual 2 primeira proposta....................................................................................................................53
Figura 77 – Casa na árvore..........................................................................................................................................65
Figura 53 – Visual 3 primeira proposta.....................................................................................................................53
Figura 78 – Área com elementos em madeira 04.................................................................................................66
Figura 54 – Visual 4 primeira proposta....................................................................................................................53
Figura 79 – Estrutura para equilíbrio.......................................................................................................................66
Figura 55 – Planta baixa primeira proposta..........................................................................................................54
Figura 80 – Banco de areia 01....................................................................................................................................67
Figura 56 – Uma das entradas do parque..............................................................................................................55
Figura 81 – Polvo para escalar....................................................................................................................................68
Figura 57 – Bicicletário na entrada............................................................................................................................55
Figura 82 – Banco de areia 02....................................................................................................................................68
Figura 58 – Área com redes 01....................................................................................................................................56
Figura 83 – Redes............................................................................................................................................................69
Figura 59 – Área com redes 02...................................................................................................................................56
Figura 84 – Túnel de redes...........................................................................................................................................69
Figura 60 – Escorrega na pedra.................................................................................................................................57
Figura 85 – Brinquedos de som, balanços e tirolesa.............................................................................................70
Figura 61 – Topo da pedra...........................................................................................................................................57
Figura 86 – Brinquedos de som, túnel de redes.....................................................................................................70
Figura 62 – Espaço para piquenique........................................................................................................................58
Figura 87 – Localização primeira proposta..............................................................................................................71
Figura 63 – Elementos com jato d’água 01.............................................................................................................58
Figura 88 – Lote segunda proposta............................................................................................................................71
Figura 64 – Elementos com jato d’água 03............................................................................................................59
Figura 89– Visual 1 segunda proposta........................................................................................................................71
Figura 65 – Treliças metálicas......................................................................................................................................59
Figura 90 – Visual 2 segunda proposta.....................................................................................................................72
Figura 66 – Bebedouros e banheiros........................................................................................................................60
Figura 91 – Visual 3 segunda proposta......................................................................................................................72
Figura 67 – Relevos emborrachados.........................................................................................................................60
Figura 92 – Planta baixa segunda proposta..........................................................................................................73
Figura 68 – Túneis com vegetação.............................................................................................................................61
Figura 93 – Projeto inserido na localização.............................................................................................................74
Figura 69 – Pista de skate.............................................................................................................................................61
Figura 94 – Visão do observador segunda proposta 01.......................................................................................74
Figura 70 – Arco-íris de obstáculos............................................................................................................................62
Figura 95 – Visão do observador segunda proposta 02.......................................................................................75
Figura 71 – Percurso de redes......................................................................................................................................62
Figura 96 – Tirolesa e obstáculos................................................................................................................................75
Figura 72 – Labirinto de equilíbrio............................................................................................................................63
Figura 97 – Ostáculos e redes.......................................................................................................................................76
Figura 73 – Estacionamento.......................................................................................................................................63
Figura 98 – Redes em topografia................................................................................................................................76
Figura 99 – Escadinha, escorregador e escalada....................................................................................................77
Figura 125 – Visão do observador quarta proposta 01.........................................................................................92
Figura 100 – Balanços e jatos d’água.......................................................................................................................78
Figura 126 – Visão do observador quarta proposta 02.......................................................................................92
Figura 101 – Brinquedos de som e banco de areia................................................................................................78
Figura 127 – Em cima das redes..................................................................................................................................93
Figura 102 – Banco de areia com caverninha........................................................................................................79
Figura 128 – Abaixo das redes.....................................................................................................................................93
Figura 103 – Deck sob pergolado..............................................................................................................................80
Figura 129 – Visão do observador quarta proposta 03........................................................................................94
Figura 104 – Banco volumétrico..................................................................................................................................80
Figura 130 – Localização quinta proposta..............................................................................................................95
Figura 105 – Casa na árvore e troncos de escalada...............................................................................................81
Figura 131 – Lote quinta proposta..............................................................................................................................95
Figura 106 – Localização terceira proposta............................................................................................................82
Figura 132 – Visual 1 quinta proposta.......................................................................................................................95
Figura 107 – Lote terceira proposta...........................................................................................................................82
Figura 133 – Visual 2 quinta proposta.......................................................................................................................95
Figura 108 – Visual 1 terceira proposta......................................................................................................................82
Figura 134 – Planta baixa quinta proposta............................................................................................................96
Figura 109 – Visual 2 terceira proposta.....................................................................................................................82
Figura 135 – Visão do observador quinta proposta 01.........................................................................................97
Figura 110 – Planta baixa terceira proposta...........................................................................................................83
Figura 136 – Visão do observador quinta proposta 02.........................................................................................98
Figura 111 – Visão do observador terceira proposta 01.........................................................................................84
Figura 137 – Sob cobertura...........................................................................................................................................98
Figura 112 – Visão do observador terceira proposta 02.......................................................................................84
Figura 138 – Equipamento com caverninha...........................................................................................................99
Figura 113 – Motos de pneus.........................................................................................................................................85
Figura 139 – Tablado para cinema...........................................................................................................................100
Figura 114 – Jacaré de pneus........................................................................................................................................85
Figura 140 – Casinha, desníveis e circuito...............................................................................................................100
Figura 115 – Pula-pulas.................................................................................................................................................86
Figura 141 – Desníveis 01..............................................................................................................................................101
Figura 116 – Brinquedos de escalar............................................................................................................................87
Figura 142 – Desníveis 02.............................................................................................................................................101
Figura 117 – Brinquedos de pneu 01..........................................................................................................................88
Figura 143 – Circuito de pallets..................................................................................................................................102
Figura 118 – Brinquedos de pneu 02.........................................................................................................................88
Figura 144 – Equipamentos propostos 01...............................................................................................................103
Figura 119 – Brinquedo com panelas........................................................................................................................89
Figura 145 – Equipamentos propostos 02..............................................................................................................104
Figura 120 – Localização quarta proposta............................................................................................................90
Figura 146 – Equipamentos propostos 03..............................................................................................................105
Figura 121 – Lote quarta proposta............................................................................................................................90
Figura 147 – Equipamentos propostos 04..............................................................................................................106
Figura 122 – Visual 1 quarta proposta......................................................................................................................90
Figura 148 – Equipamentos propostos 05..............................................................................................................107
Figura 123 – Visual 2 quarta proposta..............................................................,......................................................90
Figura 149 – Equipamentos propostos 06..............................................................................................................108
Figura 124 – Planta baixa quarta proposta............................................................................................................91
Figura 150 – Equipamentos propostos 07..............................................................................................................109
SUMÁRIO 1 APRESENTAÇÃO....................................................................................................14 1.1 Tema 1.2 Objetivos 1.3 Metodologia 1.3.1 Fundamentação teórica 1.3.2 Mapeamento de espaços no bairro Divino Espírito Santo 1.3.3 Proposição de ensaios para espaços de brincar
3 EXEMPLOS PELO MUNDO....................................................................................25 3.1 Playgrounds dinâmicos 3.1.1 Autoparque Niamey 3.1.2 Crow Wood Playscape 3.1.3 Blaxland Riverside Park Playground 3.1.4 Ah! Lagoas 3.1.5 Nature’s Playground 3.1.6 Terra Nova Adventure Play Environment
2 O DIREITO DE SER CRIANÇA E A CIDADE...................................................17 2.1 Panorama histórico do brincar 2.2 A necessidade do brincar para o desenvolvimento infantil
3.1.7 Tumbling Bay Playground 3.1.8 Praça Professor Godoy Betônico
3.2 Tabelas de equipamentos disponíveis 3.3 Avaliação dos equipamentos ofertados
2.2.1 A importância de liberar a imaginação 2.2.2 Benefícios da interação entre crianças 2.2.3 Benefícios do contato com a natureza 2.2.4 Se machucar faz parte
2.3 Urbanização: a barreira da infância 2.3.1 Efeitos da urbanização nos espaços ocupados pelas crianças 2.3.2 A monotonia dos parquinhos públicos 2.3.3 Os espaços de brincar em shopping centers
4 MAPEAMENTO DO DIVINO ESPÍRITO SANTO, VILA VELHA......................44 4.1 Mapas de potenciais para espaços públicos infantis 4.2 A comunidade e seu bairro
5 AS PROPOSTAS.....................................................................................................50 5.1 Espaços lúdicos infantis 5.1.1 Primeira proposta 5.1.2 Segunda proposta 5.1.3 Terceira proposta
13 5.1.4 Quarta proposta 5.1.5 Quinta proposta
5.2 Equipamentos propostos
6 CONCLUSÃO........................................................................................................110 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................112
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1. APRESENTAÇÃO
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1.1 Tema Muito se fala da importância do desenvolvimento das crianças, uma vez que elas são o futuro da nação, porém a preocupação com o desenvolvimento dessas parece se limitar a apenas aos conteúdos escolares básicos. Matemática, português, dentre as outras matérias ensinadas em sala de aula, são sempre tratadas como prioridade, enquanto se nota uma insuficiência do tempo disponível para o desenvolvimento de atividades que ampliam o lado criativo e social dos pequenos.
A partir do curta metragem “Território do Brincar - Diálogos com escolas” (REEKS; MEIRELLES, 2015), desenvolvido pelo Território do Brincar, um projeto de pesquisa, registro e difusão da cultura infantil, em parceria com o Instituto Alana, pôde se concluir que os adultos, em quase todas as vezes, subestimam a capacidade das crianças. Ao sempre buscarem a proteção dessas, acabam criando barreiras na capacidade das mesmas de aprenderem a superar desafios e criar soluções criativas para suas dificuldades.
É possível reparar o reflexo dessa superproteção paterna nos espaços disponíveis para o lazer infantil. Os parquinhos construídos em praças, praias ou até mesmo em espaços privados, contém sempre uma obviedade de equipamentos. Balanços, escorregadores e gangorras podem ser boas distrações em um primeiro momento de euforia, contudo a falta de dinâmica dos mesmos torna a brincadeira enfadonha e não inspiram as crianças a criarem seus próprios passatempos. Ao se depararem com estas circunstâncias os pequenos acabam enfrentando a sensação de tédio, assim recorrendo aos equipamentos eletrônicos como uma forma de distração, situação nada favorável uma vez que pouco contribui para o desenvolvimento infantil, sobretudo corporal.
Outro problema encontrado é a falta de espaços verdes em área urbana. A interação das crianças com a natureza é fundamental para que se sintam conectadas ao meio ambiente. Esses locais possibilitam a autonomia da criança e permitem que ela elabore jogos e crie amizades com pessoas de diferentes classes sociais, expandindo o conhecimento das crianças sobre a cidade, ou o campo, em que habita.
Diante desses aspectos esta pesquisa busca encontrar uma forma de beneficiar as crianças através de uma arquitetura projetada para melhor atender as necessidades do brincar. Por meio da criação de elementos que possibilitem a diversidade de atividades e a liberdade da imaginação, favorecendo o desenvolvimento da criatividade e a independência.
1.2 Objetivos Deseja-se favorecer a criação de propostas para espaços de brincar no bairro Divino Espírito Santo em Vila Velha que oportunizem a integração da criança ao meio urbano em que vive, garantindo que essas possam vivenciar novas experiências, e, confraternizar com pessoas fora do contexto social e econômico a qual estão inseridas.
Este trabalho objetiva: • Analisar a evolução do direito ao brincar; • Estudar a evolução dos espaços públicos para as crianças; • Entender os benefícios sociais, ambientais e intelectuais dos espaços infantis na vida das crianças;
16 • Compreender a situação das áreas públicas infantis no município de Vila Velha; • Mapear os espaços disponíveis para propostas de espaços infantis; • Propor ensaios projetuais para as áreas lúdicas
1.3 Metodologia Houve a divisão desta pesquisa em três processos de análise:
1.3.1 Fundamentação Teórica Para atingir os objetivos estabelecidos, serão realizadas consultas bibliográficas em autoras como Luiza H. V. S. Novaes, Kaitlyn O’Shea e Marina Simone Dias, de modo a compreender o contexto histórico dos espaços destinados ao lazer infantil e, assim, melhor compreender a situação dos ambientes fornecidos atualmente.
Também houve a necessidade da pesquisa de referenciais teóricos, como os artigos disponibilizados pelo Governo do Distrito Federal, o site Novos Alunos, e pela autora Marina Simone Dias, os quais contenham abordagem de temas referentes às consequências do processo de urbanização na infância e as necessidades para o desenvolvimento adequado das crianças; além da análise de estudos de caso que notoriamente favoreçam a capacidade imaginativa e social dos pequenos.
1.3.2 Mapeamento de espaços no bairro Divino Espírito Santo Será elaborado um levantamento através do mapeamento de espaços públicos existentes e vazios urbanos no Divino Espírito Santo, Vila Velha, facilitando a escolha dos espaços para receberem projetos de intervenção, corrigindo a insuficiência da assistência ao direito de lazer às crianças nas regiões inseridas.
1.3.3 Proposição de ensaios para espaços de brincar Através da análise do layout dos estudos de caso e pesquisas em ferramentas de busca online possibilitando a proposição de ensaios projetuais dos melhores equipamentos, disposições, materiais e atividades oferecidas, de maneira a atrair as crianças do entorno e acrescentar qualidade às suas vidas, bem como beneficiar o desenvolvimento destas.
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2. O DIREITO DE SER CRIANÇA E A CIDADE
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Introdução A discussão acerca das áreas de brincar é um tema relativamente novo no debate da arquitetura urbanística. Após anos privilegiando exclusivamente os cidadãos adultos, finalmente há uma crescente conscientização à importância de considerar as necessidades daqueles que por anos foram ignorados e excluídos dos espaços urbanos: as crianças.
Conectar-se ao local em que habita faz com que as pessoas se identifiquem ao ambiente e preservem sua integridade, garantir a utilização da cidade pelas crianças assegura também sua inclusão social, sendo uma relação benéfica tanto para o desenvolvimento urbano quanto o infantil.
Pode se dizer que a regulamentação relacionada ao direito da criança começou com os tratados dos bispos carolíngios dos séculos IX ao XV, os quais determinavam a obrigação dos pais em aceitar e reconhecer os filhos e tratavam a violência sexual como crime grave (BROOKE; TOUBERT, apud COSTA, 2002). Assim a sociedade passa a enxergar a criança como ser próprio e com necessidades pedagógicas específicas, representando a união entre as pessoas casadas (DUBY, apud COSTA, 2002).
Do século XVII ao XVIII surge a preocupação de proteger a criança, proibindo a participação dessas a alguns jogos considerados inapropriados, como os de carta e azar. Essa preocupação com a influência dos jogos às crianças representa o surgimento do sentido de criança, da infância (ARIÉS, apud NOVAES, 2004).
No início do séxulo XX, a britânica Englantyne Jebb criou na Inglaterra a organização não governamental (ONG) “Save the Children”, que buscava ar-
recadar fundos para assistir as crianças que sofreram com a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa, este ato fez com que ela fosse reconhecida como a precursora da pressão política pela proteção internacional das crianças. No mesmo ano, a Sociedade das Nações criou o Comitê de Proteção da Infância (LIMA, 2010). De maneira a gerar um aprofundamento internacional na discussão da defesa dos direitos das crianças, surge a Declaração de Genebra de 1924, também redigido por membros da “Save the Children” (LORENZI, apud LIMA, 2010).
Na data de 20 de novembro de 1959, a Assembleia Geral das Nações Unidas criou a Declaração dos Direitos da Criança.
Em 1961 foi criada na Dinamarca a International Play Association, uma organização internacional e não governamental que compõe o Conselho Econômico Mundial das Nações Unidas, cujo objetivo é garantir os direitos da criança e do adolescente. Atualmente possui filiações em mais de 50 países, incluindo no Brasil, a qual é nomeada de IPA Brasil - Associação Brasileira Pelo Direito de Brincar e à Cultura, fundada em 1997 (IPA Brasil, acesso em 23 abr. 2018).
No ano de 1988 a Constituição Federal do Brasil decretou o art. 227, o qual sob modificação da Emenda Constitucional nº 65 de 13 de julho de 2010 determina que,
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
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além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Art. 227, CF, 1988).
Federal e os municípios devem organizar e estimular a criação de espaços lúdicos que propiciem o bem-estar, o brincar e o exercício da criatividade em locais públicos e privados onde haja circulação de crianças.
Tendo como base a Declaração de Genebra e a Declaração sobre os Direitos da Criança, adotou-se a Convenção sobre os Direitos das Crianças (1989), um instrumento que decreta a indispensabilidade da proteção e cuidados especiais com o ser humano de idade inferior a 18 anos (a menos que a lei nacional confira a maioridade mais cedo), considerando as diferenças culturais das nações e prezando por seu melhor desenvolvimento. No artigo 31 desta declaração se reconhece o direito ao lazer e da participação da vida cultural e artística em condições de igualdade às crianças.
Observa-se a presença em todas as normas relativas à infância o direito de brincar a quaisquer crianças.
No Brasil, é estabelecido em 1990 o Estatuto da Criança e do Adolescente, comumente conhecido por ECA (Lei nº 8.069/90), tornando a sociedade e o Estado, em conjunto com a família, responsáveis por garantir os direitos da criança e do adolescente. Segundo este documento é considerado criança o cidadão de até 12 anos incompletos, sendo de 12 até 18 denominado de adolescente. Também de maneira breve e sem entrar em pormenores, é garantido no capítulo 2 o direito de brincar e divertir-se.
Apenas recentemente se passou a considerar a opinião da criança fundamental para a elaboração das políticas públicas voltadas à infância. Segundo o art. 4º do Marco Legal da Primeira Infância (Lei Federal nº 13.257/16), é necessário “incluir a participação da criança na definição das ações que lhe digam respeito, em conformidade com suas características etárias e de desenvolvimento” (inciso II). Também indica que a União, os estados, o Distrito
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2.1 Panorama histĂłrico do brincar
Figura 1 – Linha do tempo do brincar Fonte: A autora
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2.2 A necessidade do brincar para o desenvolvimento infantil
2017), fazendo com que a criança tenha a sensação de pertencimento pela apropriação do espaço (COELHO et al, apud DIAS, 2017).
2.2.1 A importância de liberar a imaginação
2.2.2 Benefícios da interação entre crianças
Sob influência do sistema capitalista que exige profissionais qualificados para um mercado de trabalho competitivo, as crianças são vistas como futuros adultos e cidadãos produtivos. As necessidades infantis são ignoradas ao se considerar o brincar algo supérfluo e por isso suprimindo o tempo destinado ao lazer infantil, o substituindo por atividades educacionais (LANSKY, apud DIAS, 2017).
Segundo o Guia da IV Plenarinha (2016), com influência das ideias do pedagogo Francesco Tonucci (2005), é importante que as crianças tenham contato com espaços públicos de uso espontâneo para interagirem com quem e o que quiserem, evitando a segregação e afastamento da convivência com outros grupos geracionais, este contato amplia a visão da criança sobre o contexto social em que habita, e assim, possibilita que esteja consciente sobre as questões econômicas e sociais enfrentadas na sociedade.
Essa situação gera consequências ao desenvolvimento dos pequenos, uma vez que toda criança gosta de brincar, sendo a maneira que elas encontram para se expressar e compreender o mundo por meio da curiosidade e exploração (NOVOS ALUNOS, 2016).
Segundo as ideias do autor Kishimoto (2010), e informações obtidas pelo site Novos Alunos (2016), pode-se considerar que é através das brincadeiras que os pequenos desenvolvem a autonomia, a autoestima, a empatia, a reflexão e a criatividade. As atividades em áreas públicas possibilitam a criança liberar sua energia, desenvolver sua coordenação motora e equilíbrio e auxilia o desenvolvimento da linguagem, favorecendo também a formação da personalidade e da cidadania pela interação social (DIAS, 2017).
Ao assumir em sua imaginação diferentes personagens a criança desenvolve métodos para lidar com a realidade, aprendendo a superar problemas e viver em sociedade. Além do mais, é através do brincar que a criança estabelece vínculos sociais e se conecta ao ambiente (VINGOTSKY, apud DIAS,
As relações estabelecidas com outras crianças também favorecem o desenvolvimento da linguagem, a criação de empatia e solidariedade, ademais fomenta a capacidade de compreender os anseios dos outros. Já nas participações em jogos de grupo, os pequenos aprendem a controlar a impulsividade para estarem dentro das regras, desenvolvem a capacidade de refletir sobre as consequências de suas atitudes e criam uma autoavaliação sobre seu progresso, habilidades e sua moral (NOVOS ALUNOS, 2016).
2.2.3 Benefícios do contato com a natureza O ser humano nas últimas décadas passou a enfrentar sérios problemas climáticos causados pela degradação do meio ambiente, tornando fundamental a criação de uma consciência ambiental. Por isso é indispensável a inserção da criança em meio natural, fazendo com que esta seja mais propensa a se tornar um indivíduo que preza pelo ecossistema e sua preservação. Segundo Moore (2016), a natureza também está atrelada ao desenvolvi-
22 mento das crianças por estimular os sentidos e relacionar a brincadeira à aprendizagem, ajudando a desenvolver estruturas cognitivas e assim fortalecendo o intelectual. Já Louv (2016) defende que as atividades ao ar livre estimulam a criatividade, permitindo a criação de novas brincadeiras e consequentemente tornando-as mais atentas.
Vários estudos realizados concluem que brincar em espaço aberto com presença de natureza torna a criança mais ativa fisicamente, ajudando o desenvolvimento dos ossos e tendões, além de favorecer o estímulo sensorial, a criatividade e a habilidade motora. A criança também se torna mais solidária, observadora, disposta e obtém melhoria em suas interações sociais (GOVERNO DO D.F., 2017).
Observa-se que brincar em áreas que disponibilizam o contato com a natureza, também gera benefícios a saúde mental, ajudando em problemas como ansiedade e timidez (NOVOS ALUNOS, 2017).
2.2.4 Se machucar faz parte De 1900, em que houve a valorização dos parquinhos, até os anos 70, esses locais eram projetados com equipamentos que favoreciam a imaginação infantil ao criar alternativas de cenários para as brincadeiras. Segundo Gill (2011), entre 1980 e 1990 as crianças passaram a ser vistas como irremediavelmente estúpidas, frágeis e incapazes de aprender com seus erros, havendo a ascensão da preocupação com a segurança nos parquinhos, o que afetou as condições as quais são submetidas esses espaços.
Segundo o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), de 1999 até 2014 ocorreram 6218 internações hospitalares no SUS de
crianças, sendo que desse total 45 faleceram, devido a quedas e aprisionamento de partes do corpo em aparatos de parquinhos (DATASUS, apud CIPA, 2016). Esses números alarmam e geram margem para interpretação equivocada, fazendo com que as pessoas acreditem que a solução para evitar lesões é adotar materiais macios e limitar alturas e velocidades nos playgrounds. Entretanto, os melhores recursos para trazer segurança nos parquinhos são medidas simples, como a adequação, criação e aplicação de regulamentos para fabricação de brinquedos em espaços de recreação. Essas ações podem impedir até 90% dos acidentes. (SAFE KIDS WORLDWIDE, apud CIPA, 2016).
Um dos problemas que pode ser encontrado na maioria dos parquinhos em território brasileiro é a utilização inadequada de revestimento do solo. O senso comum acredita que a aplicação de pisos emborrachados nas áreas infantis, ou de grama sintética minimiza os prejuízos à integridade física da criança, porém é exatamente o oposto que ocorre. No livro “No Fear: Growing Up in a Risk Averse Society” (“Sem medo: crescendo em uma sociedade avessa ao risco”) o autor Gill (2007) se baseou em pesquisas que sugerem que utilizar pisos emborrachados para suavizar as quedas cria uma falsa sensação de segurança às crianças, causando um aumento no número de acidentes. Já a grama sintética, além de ser extremamente desconfortável para se sentar, pode gerar queimaduras, uma vez que a incidência solar tende a elevar sua temperatura, aumentando também a perda de suor em até 2%, podendo levar a desidratação. Outro fator negativo da grama sintética é a alta concentração de chumbo em sua composição, que é tóxico e pode ser inalado (EXTRA, 2014).
Esse excesso de proteção com os pequenos já é reconhecido negativamente por países como o Reino Unido, Canadá, Austrália e Suécia, uma vez que
23 elimina situações de risco saudável, as quais poderiam gerar aprendizado às crianças (LIMA, 2018). Tanto que educadores e autoridades britânicas consideram que em ambientes controlados e supervisionados, certos riscos se tornam benéficos para o desenvolvimento físico e mental das crianças.
Devendo se evitar a intervenção dos adultos nas brincadeiras, permitindo os pequenos serem mediados por outras crianças ou mesmo pela natureza do ambiente.
2.3 Urbanização: a barreira da infância 2.3.1 Efeitos da urbanização nos espaços ocupados pelas crianças A intensificação do processo industrial no Brasil em 1950, bem como a concentração fundiária e a mecanização no campo, resultaram no aumento do êxodo rural. As pessoas passaram a buscar nas cidades maior oferta de emprego e serviços, além de melhores condições de saúde, educação e transporte, de modo que em 1970 metade da população brasileira era encontrada em área urbana (GOBBI, acesso em 18 abr. 2018).
Esse aumento significativo da urbanização afetou diretamente a infância, uma vez que as famílias trocaram os espaços abertos do campo, que favoreciam o imaginário infantil com suas áreas extensas livres e o contato direto com a natureza, pelo espaço público limitado das cidades (GOVERNO DO D.F., 2016). A criança teve que se adequar também ao aumento do tráfego de veículos automotores e da suposta insegurança nos municípios com o decorrer dos anos, ficando cada vez mais restrita aos ambientes fechados, artificiais e supervisionados por adultos e pouco se apropriando do ambiente urbano (AITKEN, OLIVEIRA, apud DIAS, 2017). Segundo dados do IBGE (2016), 90% do tempo das crianças é passado em lugares fechados, por conseguinte, causando privação da convivência com a sociedade e a natureza.
As crianças que vivem na cidade necessitam de uma área livre, sem um uso pré-definido, para poderem brincar sem limitações de espaço e assim adquirirem noções de mundo (JACOBS, apud GOVERNO DO D.F., 2016). Entretanto, são encontrados poucos lugares assim em meio urbano, se destinando terrenos remanescentes do processo de loteamento e crescimento urbano para a implantação de espaços públicos infantis, em grande maioria sem a presença dos recursos naturais e ausência da preocupação com o mobiliário adequado.
A falta de interesse do Poder Público para com esses locais, gera consequências negativas também para a qualidade da vida urbana. A apropriação das áreas públicas pelas crianças e seus pais fomenta a vigilância natural do entorno e agrega sensação de segurança.
2.3.2 A monotonia dos parquinhos públicos Figura 2 – Gráfico com taxa de urbanização Fonte: Educação, acesso em 18 de abril de 2018
A subestimação da importância do brincar gera consequências nas políticas públicas brasileiras, as quais menosprezam a implantação de espaços infantis
24 lúdicos em meio urbano. Esse desmazelo é latente ao se observar a predominância da precariedade das áreas livres existentes mantidas pelo Poder Público (DIAS, 2017).
Além da problemática envolvendo a gestão pública, outro fator que interfere na qualidade desses espaços é o layout. Este é determinado pela obsessiva e irracional busca paterna pela segurança de seus filhos, aliada à falta de interesse de alguns importantes fabricantes de brinquedos pelas pesquisas que dizem respeito às necessidades infantis. Resultando na predominância da utilização de aparelhos baixos, com superfícies arredondadas e preferência por pisos macios em ambientes fechados.
O modelo de parquinhos vigente no Brasil é considerado por Dias (2017) simplista e redutor da atuação infantil. Os aparatos escolhidos para compor a estrutura desses ambientes, tais como gangorras, balanços e escorregadores, impossibilitam a criança de imaginar novas brincadeiras e tornam o espaço monótono.
Colaborando com a evidência da imprescindibilidade de projetos voltados à criação de instalações dinâmicas ao brincar em área livre, a arquiteta paisagista Meghan Talarowski, verificou por meio de pesquisas que os brinquedos que possuíam propostas de uso considerado “aventureiro”, presentes em parquinhos de Londres, atraiam cerca de 55% a mais de usuários do que os parquinhos americanos que seguiam os critérios de segurança exigidos pelos pais e, por conseguinte, guarnecidos com elementos que geram pouco entretenimento, tornando os enfadonhos após um curto período de tempo (LIMA, 2018).
Os parques públicos infantis devem ser capazes de oferecer diversas possi-
bilidades de brincadeiras, havendo conexão entre os equipamentos com os elementos da natureza, assim, atraindo e assistindo diferentes faixas etárias a usar o local (DIAS 2017). Ademais é interessante haver utilização de variados materiais, cores, texturas e relevos, assim como criar estímulos sonoros na concepção desses espaços (BORGES, 2008).
2.3.3 Os espaços de brincar em shopping centers Como consequência da atuação do mercado imobiliário sobre a cidade, os espaços públicos infantis deram lugar aos espaços semi-públicos, sendo estes dentro de propriedades privadas como os shopping centers (SOBARZO, 2006). Contribuiu também para a ascensão dos shopping centers como espaço de lazer em decorrência da visão da sociedade quanto a insegurança na cidade e a ideia estereotipada que ambientes fechados inibem ações criminosas. Contrastando com as consequências do brincar em espaço aberto, a criança que socializa nessas áreas privadas não possui oportunidade de evidenciar as diferenças sociais, econômicas e culturais entre as pessoas, possuindo uma visão limitada da vida social (SOBARZO, 2006).
Nas áreas destinadas ao entretenimento infantil dos shopping centers, a criança entra em contato com elementos prontos que impossibilitam a intervenção, além de ser atraída por eletrônicos, deste modo, é impedida de exercer sua criatividade para desenvolver brincadeiras, impondo a ela objetos elaborados por adultos (LOUREIRO, apud DIAS, 2017). Esses espaços impedem a improvisação, limitando as relações sociais através de normas organizadas que vigiam e controlam esses ambientes (CARLOS, apud SOBARZO, 2006).
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3. EXEMPLOS PELO MUNDO
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Para favorecer a concepção criativa das propostas projetuais as quais objetivam este trabalho, foram selecionados estudos de caso que pudessem trazer inspiração. Os playgrounds exemplificados foram escolhidos por apresentarem variedade de equipamentos ofertados, sendo estes estimulantes à criatividade e ao físico dos usuários. Outro fator considerado foi a presença de vegetação nos espaços, permitindo à criança o contato com a natureza e aos pequenos animais que nela habita.
3.1 Playgrounds dinâmicos 3.1.1 Autoparque Niamey Localização: Niamey, Níger
Figura 3 – Antes e depois do terreno escolhido Fonte: Basurama, acesso em 01 de maio de 2018
O Autoparque Niamey é um ótimo exemplo de transformação de espaço urbano subutilizado em uma área de brincar, o local escolhido para a inserção era um terreno onde se queimavam os resíduos de um centro cultural. O projeto foi uma iniciativa do Coletivo Basurama1, um grupo de arquitetos que estuda a produção massiva de resíduos e realiza intervenções utilizando os materiais descartados. Seu intuito é conscientizar as pessoas sobre a quantidade exorbitante de lixo gerado.
Observa-se no local a presença de arborização, fornecendo sombra a quem brinca e sustentando balanços. A amplitude do terreno permite a criança correr e criar jogos, exercitando seu corpo e sua imaginação. Equipamentos foram construídos com o reaproveitamento de resíduos disponíveis em abundância na região, tais como pallets, pneus, sacos de lixo e tambores plásticos. Figura 4 – Brincadeiras com tamboretes Fonte: Basurama, acesso em 01 de maio de 2018
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http://basurama.org/
27 Tornando o ambiente sustentável e favorecendo o desenvolvimento do pensamento ecológico ao indivíduo.
Outro fator notado é a disponibilidade de aparelhos móveis, tamboretes agrupados de maneira circular permitem aos usuários se apropriarem da forma que quiserem. Pode-se empurrar o brinquedo, deitar em seu interior, ou simplesmente virá-los de modo a criar um conjunto de bancos. Essa dinamicidade fomenta a criatividade dos pequenos e impede que as brincadeiras se tornem monótonas.
Figura 5 – Crianças brincando no Autoparque Niamey Fonte: Basurama, acesso em 01 de maio de 2018
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3.1.2 Crow Wood Playscape Localização: Cheshire, Inglaterra Esse espaço lúdico infantil foi proposto pela necessidade de abranger o programa de envolvimento com a comunidade do Lyme Park, uma extensa propriedade de grande importância histórica e científica na Inglaterra. Era fundamental que o projeto criasse algo especial que se conectasse ao entorno, aproveitando a natureza e os animais do local.
Figura 7 – Equipamentos aproveitando o relevo Fonte: Timber Play, acesso em 29 de abril de 2018
Optou-se por materiais semelhantes aos existentes no ambiente para a construção dos equipamentos. Esses elementos são considerados mais aventureiros e interessantes aos pequenos, por serem planejados para oferecer pequeno risco, garantindo que a criança tenha oportunidade de raciocinar e criar estratégias para evitar lesões decorrentes de atitudes inconsequentes.
Figura 6 – Planta baixa do Crow Wood Playscape Fonte: Davies White, acesso em 01 de maio de 2018
Figura 8 – Composição do parquinho Fonte: Davies White, acesso em 01 de maio de 2018
29 O parquinho possui torres de madeira com 10 metros de altura conectadas por passarelas suspensas, túneis, balanços, escorregador, uma casa na árvore, dentre outras estruturas para brincadeiras. O layout escolhido, aliado ao relevo do espaço e o contato direto com a natureza, permite a criança desenvolver desenvolver suas brincadeiras, correr livremente e aprender explorando o ambiente.
Observa-se nesse projeto um planejamento extremamente enriquecedor para a qualidade do brincar, proporcionando a criança a vivência com a natureza e possibilitando que esta desenvolva jogos exclusivos para seu entretenimento. Garantindo que possa potencializar sua capacidade criativa, seu raciocínio e sua coordenação motora.
Figura 10 – Layout com madeira, pedras, areia e grama Fonte: Davies White, acesso em 01 de maio de 2018
Figura 9 – Torres de madeira Fonte: Crow Wood Playscape, 2010
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3.1.3 Blaxland Riverside Park Playground Localização: Nova Gales do Sul, Austrália O projeto foi demandado para uma área de 20500 m² no Parque Olímpico de Sidney, com intuito de expandir sua oportunidade recreacional.
O escritório contratado, JMD design, optou pela utilizaçwwão de relevos, dialogando com o contexto do local inserido e criando espaços distintos de entretenimento que favoreçam a imaginação da criança. O layout escolhido para compor o parquinho, aliado às barreiras visuais criadas pelas elevações, ajudam a tornar cada sub-espaço em inesperados refúgios do brincar para a criança explorar.
Figura 12 – Relevo com túnel/escorregador e escalada Fonte: JMD design, acesso em 02 de maio de 2018
Figura 11 – Croqui do projeto do playground Fonte: JMD design, acesso em 02 de maio de 2018
No local há túneis que passam por dentro dos relevos, escorregadores que aproveitam a topografia, balanços, paredes de escalada, rede suspensa, uma pequena tirolesa, caixa de areia, jatos d’água e uma estrutura semelhante a uma casa na árvore. Figura 13 – Visual do Blaxland Riverside Park Playground Fonte: JMD design, acesso em 02 de maio de 2018
31 Pode-se destacar como principal fator desse projeto a divisão do espaço em diferentes ambiências a partir das formas do terreno: em um desses nichos a criança se depara com paredes de escalada, em outro pode subir em redes e em mais um desses subespaços pode se divertir com jatos d’água. As volumetrias presentes no terreno impedem a criança de contemplar o local por inteiro de um único ponto, garantindo que se surpreenda ao acessar esses ambientes. Também são responsáveis por gerar aparatos interessantes para os pequenos exercitarem sua imaginação e seus corpos.
Entretanto, nota-se também fatores negativos no projeto, como a pouca disponibilidade de árvores e demais plantas no espaço destinado ao playground. A presença da vegetação é limitada a compor o paisagismo e não é apropriada como uma opção de brincadeira, além do mais, as crianças ficam expostas a radiação solar enquanto brincam devido à ausência de sombra das árvores. A proximidade com um rio também torna o playground potencialmente perigoso para as crianças, uma vez que não há barreiras que as impeçam de alcançá-lo.
Figura 14 – Croqui dos equipamentos em alguns relevos Fonte: JMD design, acesso em 02 de maio de 2018
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3.1.4 Ah! Lagoas Localização: São Paulo, Brasil
contato com a natureza.
Instalado em uma área com 110m² de uma praça no centro de São Paulo, o parquinho composto predominantemente por troncos de eucalipto pintados de azul, valoriza o espaço da inserção. O objetivo de sua implantação foi fazer com que a população se apropriasse do local, atingindo sua meta através do fornecimento de aparatos para entretenimento das crianças e disponibilizando aos adultos decks com mesas e bancos, ambos protegidos pela arborização da incidência solar direta.
O parquinho além de divertido para os pequenos é bastante funcional, uma vez que atrai usuários para o espaço público, tornando-o seguro e assegurando a preservação dos mobiliários presentes.
Comparado aos playgrounds de outros países o projeto possui poucos brinquedos inovadores, entretanto, nota-se o princípio de uma preocupação dos arquitetos brasileiros com a qualidade dos espaços infantis públicos no país. O Ah! Lagoas pode estimular e inspirar mais profissionais a inserir aparelhos aventureiros em suas respectivas propostas.
Figura 15 – Escorregador/montanha e trepa-trepa com troncos Fonte: Erê Lab, acesso em 29 de maio de 2018
Buscou-se elaborar elementos originais que valorizassem os aspectos da natureza brasileira, como por exemplo o equipamento para escalada de madeiras roliças, inspirado nas raízes retorcidas das árvores de manguezais e um escorregador imitando uma montanha, possibilitando a criança de exercer sua imaginação e inventar diferentes cenários para seus jogos, bem como exercitar o corpo.
Figura 16 – Trepa-trepa com troncos Fonte: Erê Lab, acesso em 29 de maio de 2018
Pedaços de troncos foram dispostos pelo ambiente criando obstáculos que permitem brincadeiras envolvendo equilíbrio.
O local é rodeado por árvores frondosas que contribuem para o sombreamento dos brinquedos, criando um ambiente agradável e proporcionando o
Figura 17 – Crianças brincando de escorregar e equilibrar Fonte: Erê Lab, acesso em 29 de maio de 2018
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3.1.5 Nature’s Playground Localização: Austrália Meridional, Austrália Localizado em um zoológico australiano, em uma área de 1.710m², esse parquinho foi projetado para se integrar ao entorno exótico. A vegetação abundante, a presença de pedras e pedregulhos, troncos e córregos criados pelos jatos d’água, assim como a escolha das cores aos elementos presentes, criam uma aparência de savana ao local.
O diálogo harmônico entre diversos materiais naturais e artificiais na composição, propicia ao ambiente o contraste entre texturas, permitindo a criança às sensações geradas pelo tato: duro e macio; áspero e liso; frio e quente.
Figura 19 – Visual das torres Fonte: AILA, acesso em 13 de maio de 2018
Há um balanço em formato de cesto e um elemento com cordas suspensas imitando uma teia de aranha sustentados por madeiras roliças, observadas em boa parte dos aparatos e também disponíveis por todo o lugar para apropriação como bancos.
Figura 18 – A natureza como parte do parquinho Fonte: Fleetwood, acesso em 13 de maio de 2018
O espaço possui torres de madeira laminada com escorregadores metálicos, ligadas por passarelas e acesso através de escalada por cordas. Em um trecho abaixo deste equipamento está um grande banco de areia, o qual estimula o desenvolvimento sensorial e a criatividade, uma vez que é possível modelar na forma que preferir.
Figura 20 – Balanço com formato de cesta Fonte: Fleetwood, acesso em 13 de maio de 2018
34 Pequenas camas elásticas em uma superfície emborrachada (material inserido em moderação no parquinho), garantem que os pequenos possam criar brincadeiras sem se limitar a pular no mesmo lugar.
Jatos d’água possibilitam a formação de pequenos córregos no solo e garantem o contato com a água e a lama.
Figura 21 – Elemento com cordas Fonte: AILA, acesso em 13 de maio de 2018
De um modo geral o projeto possui muitas qualidades atrativas às crianças, propiciando a concepção de brincadeiras criativas e impulsionando o desenvolvimento dos pequenos em âmbitos distintos. Entretanto, sua localização em espaço privado é observada como aspecto negativo, criando uma homogeneidade de pessoas pertencentes a classes sociais e econômicas semelhantes, limitando a consciência acerca das diferenças através da interação.
Elementos rochosos dispostos pelo ambiente podem ser utilizados para escalar ou sentar.
Figura 23 – Crianças brincando nos jatos d’água Fonte: AILA, acesso em 13 de maio de 2018
Figura 22 – Elementos naturais para apropriação Fonte: AILA, acesso em 13 de maio de 2018
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3.1.6 Terra Nova Adventure Play Environment Localização: Colúmbia Britânica, Canadá O playground de 1,9 acres está localizado no Parque Rural de Terra Nova, no braço do meio do rio Fraser. O cenário local composto por zonas entremarés, o canal, a lama e a prática agrícola foram inspirações para a concepção do projeto.
Outra metodologia adotada para a elaboração do espaço foi a criação de oficinas públicas com adultos e crianças. O grupo de análise composto por adultos contribuiu para o diagnóstico quanto ao aspecto físico de ambientes ideais para o entretenimento. Já os das crianças, a partir de desenhos, volumetrias com massas de modelar e de visitas ao terreno para que brincassem, ajudaram na compreensão de como aquele espaço poderia ser apropriado pelos usuários e no design dos equipamentos.
Observou-se que a topografia variada favorecia a diversidade de brincadeiras, motivando a equipe criativa a desenvolver aparatos os quais pudessem fazer com que a criança explorasse as oportunidades criativas criadas pela superfície disforme do parquinho. Os equipamentos criados foram idealizados para serem de pequeno risco e que se assemelhassem ao entorno natural através da utilização abundante de madeira roliça, tornando as brincadeiras audaciosas.
Em um dos ambientes concebidos para o brincar em Terra Nova Adventure Play Environment, há uma estrutura composta por plataformas delimitadas por telas de proteção e com acesso central por tramas de cordas e redes para escalada. Ligado a uma das plataformas mais altas está um escorregador metálico em espiral.
Aparelhos de madeira roliça e cordas para escalada, incentivando brincadeiras que envolvem equilíbrio, estão presentes no espaço.
Figura 24 – Trecho do parque 01
Figura 25 – Trecho do parque 02
Fonte: HAPA Collaborative, acesso em 16 de maio de 2018
Fonte: HAPA Collaborative, acesso em 16 de maio de 2018
36 O planejamento do Terra Nova Adventure Play Environment permite o contato com a natureza, sendo possível que as crianças andem pela grama e terra, subam em pedras e escalem árvores. O projeto potencializa a capacidade imaginativa das crianças através de equipamentos que as incentivem a criar suas próprias brincadeiras. A amplitude do terreno propicia uma grande liberdade motora e o desenvolvimento de jogos em grupo, fomentando a socialização entre os pequenos. E as áreas destinadas para piqueniques, os jardins comunitários e as belas paisagens naturais, criam a possibilidade de o parque ser utilizado plenamente de diferentes maneiras.
Figura 26 – Brinquedo de madeira roliça e cordas Fonte: Fleetwood, acesso em 16 de maio de 2018
Aproveitando o relevo instalou-se um escorregador com curvas, o qual é acessado por uma escadaria.
Figura 28 – Crianças balançando Fonte: Fleetwood, acesso em 16 de maio de 2018
Figura 27 – Escorregador em relevo Fonte: Fleetwood, acesso em 16 de maio de 2018
O parquinho também possui uma tirolesa de 35 metros de extensão, um gira-gira com redes que permitem a criança escalar e balanços.
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3.1.7 Tumbling Bay Playground Localização: Londres, Inglaterra Projetado para atrair maior utilização ao Parque Olímpico Rainha Elizabeth, o playground utiliza elementos naturais nos equipamentos e em seu paisagismo, ajudando a inserir uma consciência ecológica às crianças e criando um ambiente aventureiro para ser explorado.
O espaço é dividido em ambiências com objetivo de simbolizar o ciclo de vida das plantas, permitindo que haja oportunidade de criação de brincadeiras para cada área. Os pequenos podem percorrer esses espaços livremente caminhando sobre o gramado, e se apropriarem do local da forma que a imaginação permitir.
O contato com a natureza é evidente ao se observar o elemento semelhante a uma pequena caverna criado a partir de vegetação, possibilitando o acesso e permanência em seu interior como um refúgio. A composição de um ambiente com rochas e presença de fonte de água também favorecem o conceito ecológico.
Figura 30 – Fonte de água em espaços com pedras Fonte: Erect Architecture, acesso em 20 de maio de 2018
Estruturas robustas de troncos e galhos com aspecto de ninho e ligadas por passarelas de rede se destacam na paisagem. São equipamentos que propiciam escaladas e criam uma sensação de desafio em seu percurso entre as plataformas, impedindo que a brincadeira se torne monótona aos usuários.
Figura 31 – Passarelas de redes Fonte: Play Scapes, acesso em 20 de maio de 2018 Figura 29 – Elemento criado com vegetação Fonte: Erect Architecture, acesso em 20 de maio de 2018
Acrescentando ainda mais a percepção do espaço como um lugar interes-
38 sante e estimulante há escorregadores nos relevos, troncos criando obstáculos a serem superados e redes desniveladas para escalada.
Figura 32 – Escorregador na topografia Fonte: Playground Professionals, acesso em 20 de maio de 2018 Figura 34 – Redes para escalada Fonte: Erect Architecture, acesso em 20 de maio de 2018
Figura 33 – Obstáculos com troncos Fonte: Playground Professionals, acesso em 20 de maio de 2018
Assim como os outros projetos citados anteriormente, o Tumbling Bay Playground proporciona o desenvolvimento infantil através da possibilidade de correr livremente, criar brincadeiras em um espaço instigante, aprender a criar estratégias diante situações de risco e fomenta a curiosidade através dos elementos fornecidos pela topografia e natureza.
Figura 35 – Trecho do playground 03 Fonte: Erect Architecture, acesso em 20 de maio de 2018
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3.1.8 Praça Professor Godoy Betônico Localização: Belo Horizonte, Brasil A praça Professor Godoy Betônico possui um planejamento que a torna esteticamente agradável e benéfica para o desenvolvimento infantil, tanto nos aspectos fisiológicos quanto nos racionais e emocionais.
O terreno possui plataformas e desníveis que criam uma composição de altos e baixos interessantes para brincadeiras. Sulcos no solo para a passagem de córregos artificiais, abastecidos pelo chafariz, percorrem uma faixa do espaço, criando ambientes voltados principalmente para atividades com água.
Figura 37 – Chafariz com córrego Fonte: Na pracinha, 20 de março de 2014
Figura 38 – Vegetação florida Fonte: Grama, acesso em 29 de maio de 2018 Figura 36 – Plataformas e desníveis Fonte: Na pracinha, 20 de março de 2014
A grande variedade de materiais naturais e artificiais na composição da praça, favorecem o desenvolvimento sensorial infantil através das experiências geradas pelo tato em superfícies com texturas distintas. Já a diversidade de forrações vegetais é responsável pelo contraste entre matizes de cores, resultando em um ambiente policromático instigante.
Porquinhos de concreto espalhados no local estimulam a imaginação das crianças, podendo ser objetos de brincadeiras, bem como para escalar e sentar.
Estruturas metálicas em formato floral têm sua sombra projetada no chão em diferentes posições ao longo do dia, incentivando a essência curiosa infantil.
40 Dentre os brinquedos disponíveis estão os equipamentos cilíndricos em que a brincadeira consiste em se equilibrar sobre os mesmos; um balanço; o escorregador que permite duas crianças deslizarem ao mesmo tempo; e uma mini tirolesa.
Grandes árvores em abundância no espaço, além de criarem sombra, podem ser apropriadas nos jogos e melhoram a relação dos pequenos com o meio ambiente.
Esse projeto se destaca por optar pelo paisagismo como diferencial. A pouca variedade de brinquedos não torna o local monótono pois o espaço inspira a criança a inventar brincadeiras através do amplo espaço para correr, dos estímulos visuais e sensoriais, da topografia e do contato com a água e a natureza. Figura 40 – Brinquedo com cilindros e mini tirolesa Fonte: Na pracinha, 20 de março de 2014
Figura 39 – Flores metálicas
Figura 41 – Crianças em árvore
Fonte: Na pracinha, 20 de março de 2014
Fonte: Grama, acesso em 29 de maio de 2018
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3.2 Tabelas de equipamentos disponĂveis
Figura 42 – Primeira tabela de equipamentos Fonte: A autora
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Figura 43 – Segunda tabela de equipamentos Fonte: A autora
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3.3 Avaliação dos equipamentos ofertados Após a análise dos estudos de caso pôde-se compreender como os aparelhos inseridos nos ambientes influenciam na qualidade do brincar:
• Estruturas de escalar com equilíbrio possibilitam o usuário a imaginar situações adversas para suas brincadeiras com o benefício de exercitar o corpo. Esses elementos aliados à altura permitem a criança contemplar ao redor de um ângulo diferente do usual; • Brinquedos móveis dão maior autonomia à brincadeira. Com a liberdade de levá-los para onde quiser, as crianças podem aproximá-los de outros aparatos criando ligação entre eles em alguma brincadeira que inventem;
• Escorregadores e gira-giras, pensados de maneiras mais criativas, junto de balanços e tirolesas, agregam adrenalina ao brincar, proporcionando ao corpo experiencias como o frio na barriga e a tontura; • A presença de caixas de areia e jatos d’água possibilitam modelagens com areia e lama, estimulando o tato e refrescando as crianças que brincam com a água; • Árvores e pedras são elementos naturais interessantes que não só compõem o paisagismo como também podem ser escalados e criam conexão entre os pequenos e a natureza;
• Túneis e caverninhas criam sensação de acolhimento ao assumir papel de esconderijo nos jogos; • Uma carência observada nos exemplos foi a ausência de recursos sonoros para estimular a criatividade dos pequenos e ensiná-los sobre ritmo e harmonia.
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4. MAPEAMENTO DO DIVINO ESPÍRITO SANTO
45 Com intuito de gerar propostas de espaços de brincar à uma poligonal com insuficiência de áreas de lazer voltadas à infância, optou-se pelo bairro Divino Espírito Santo em Vila Velha, ES, como objeto de análise devido sua conhecida escassez de espaços públicos.
Figura 44 – Mapas para localização Fonte: A autora
Localizado na Região 01 de Vila Velha é delimitado pelos bairros Praia da Costa, Itapoã, Coqueiral de Itaparica, Boa Vista 1 e 2, Soteco, Cristóvão Colombo, Ilha dos Ayres, e o Centro de Vila Velha. A área do Divino Espírito Santo é de 124,80 hectares, correspondente a 1.248.045 m².
Segundo os dados disponibilizados no Perfil Socioeconômico por Bairros (VILA VELHA, 2013), em 2010 se contabilizou 21,40 moradias por hectare, com 3,01 moradores por habitação. A quantidade de pessoas residentes no bairro era de 8.031 na mesma data, deste número 547 eram crianças de 0 a 4 anos e 1.177 de 5 a 14 anos. Um total de 1.724 crianças, contabilizando 13,81 crianças por hectare, sem espaço adequado para socializar e inventar brincadeiras.
A taxa de alfabetização dos habitantes do Divino Espírito Santo é de 96,5%. A renda média é de R$ 1.154,94 per capita, considerando apenas pessoas com mais de 10 anos com rendimento, sendo que 31,8% da população não possui rendimento, 19,6% recebe até um salário mínimo e 48,6% recebe mais de um salário mínimo (VILA VELHA, 2013).
Figura 45 – Zoneamento do bairro Divino Espírito Santo Fonte: Adaptado de ESPÍRITO SANTO, 2007
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4.1 Mapas de potenciais para espaços públicos infantis
Figura 46 – Mapeamento do uso do solo no bairro Fonte: A autora
47 O mapeamento evidencia a ausência de espaços públicos infantis na região, limitando as opções de brincadeiras, convivências sociais e contato com a natureza, além de possibilitar situações de insegurança à criança que tem a rua como único local disponível para brincar.
A identificação dos vazios urbanos, lotes residenciais e edificações importantes, viabilizam parâmetros fundamentais para a seleção de espaços ideais para a implantação de parquinhos no bairro. Tornando possível apontar as regiões com maior demanda por espaços públicos através da concentração de habitações; determinar os vazios urbanos inseguros por possuírem testadas voltadas para ruas de alto fluxo; e a localização de instituições educacionais as quais possibilitam a apropriação da área pelos alunos em períodos anteriores e/ou posteriores ao horário das aulas e pela própria instituição em atividades escolares.
48
4.2 A comunidade e seu bairro
Figura 47 – Atividades no bairro Fonte: A autora
49 A visita ao bairro com o líder comunitário, Nedson Martins, permitiu a compreensão do local através da percepção do morador. Durante o trajeto foram transmitidas informações sobre as atividades realizadas no Divino Espírito Santo, bem como os projetos entregues e pleiteados pela população.
Constatou-se que durante quatro dias por volta de 09 de junho acontece a festa junina na rua Moema. Escolhida para as celebrações por ser uma rua que não passa ônibus, é proibida a passagem de carros em toda sua extensão enquanto ocorre a festividade.
Na Associação de Moradores são disponibilizadas aulas gratuitas de forró e balé para a comunidade, sendo os professores residentes do bairro.
A feira livre de sábado ocorria previamente na Avenida Professora Francelina Carneiro Setúbal, entretanto, por gerar transtornos à mobilidade, foi transferida para a Rua Jaime Duarte e finalizada na Rua Antônio P. Rodrigues.
As praças construídas na Rua José Rezende Filho, são pouco utilizadas pelos moradores do Divino Espírito Santo por não possuírem uma boa conexão com o bairro, uma vez que estão distantes da concentração de residências, em um local considerado inseguro pela grande presença de pessoas em situação de rua. Também não possuem equipamentos atrativos, os mobiliários destinados ao parquinho não foram entregues, havendo apenas uma pequena quadra de areia para jogos de futebol.
Segundo relatos do morador Nedson, as crianças utilizam os becos para
brincar, como observado na Rua Araré, uma rua sem saída limitada por um muro do Shopping Vila Velha.
Um grande terreno lateral ao Shopping Vila Velha também é utilizado para brincadeiras, a ausência de fios de alta tensão possibilita as crianças soltarem pipas em segurança.
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5. AS PROPOSTAS
51 Considerando os aspectos analisados quanto a concentração de residências, disposição de escolas e eventos no bairro, realizou-se a proposição de cinco espaços lúdicos infantis no bairro, buscando suprir a carência de áreas públicas destinadas ao lazer dos habitantes.
Figura 48 – Mapa localização das propostas Fonte: A autora
52 As propostas foram concebidas para serem executadas através da parceria entre a Prefeitura de Vila Velha com a comunidade do Divino Espírito Santo. Dentre os projetos dois foram planejados para serem permanentes, sendo eles um parque urbano (primeira proposta), localizado adjacente à alça da Ponte Deputado Darcy Castello de Mendonça (Terceira Ponte), e um parquinho no lote entre as ruas Humaitá e Moema (segunda proposta), devendo o poder público atuar plenamente em suas execuções. Já os demais são instalações efêmeras em logradouros particulares sem utilização, cuja permanência é limitada pelo interesse do proprietário, o qual pode receber do governo municipal desconto no IPTU referente ao terreno. Essas propostas temporárias contariam com o apoio da prefeitura para o fornecimento dos materiais, enquanto a comunidade estaria encarregada da produção e instalação dos equipamentos, podendo estes serem transferidos para outra localidade após o pedido de retirada pelo dono do lote.
de extensão do lote é ocupado por duas pequenas construções, enquanto maior parte de sua dimensão é tomada por vegetação, a qual somada à construção da alça da Terceira Ponte e o fechamento do canal da Costa, contribui para a segregação do bairro Divino Espírito Santo ao da Praia da Costa e torna a Rua Mario Almeida insegura pela ausência de vigilância natural.
Os fatores básicos também são atendidos já que é localizado entre uma concentração de habitações, é próximo à Unidade Municipal de Ensino Fundamental Professor Luiz Malizeck e da Rua Jaime Duarte, onde aos sábados ocorre a feira livre, criando um ambiente divertido para as crianças permanecerem durante as compras de seus responsáveis.
As propostas devem buscar também o apoio de grafiteiros para tornar as paredes cegas dos projetos em exposições de arte que tragam vitalidade e beleza aos ambientes.
5.1 Espaços lúdicos infantis 5.1.1 Primeira proposta O terreno paralelo à alça da Terceira Ponte e com acesso às ruas Cordovil e do Canavial foi selecionado para a concepção de um parque urbano, apesar de ser atualmente uma propriedade com utilização residencial. A gran-
Figura 49 – Localização primeira proposta Fonte: Adaptado de GOOGLE EARTH
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Figura 50 – Lote primeira proposta Fonte: Google Earth, 06 de novembro de 2014
Figura 53 – Visual 3 primeira proposta Fonte: Google Earth, 06 de novembro de 2014
Figura 51 – Visual 1 primeira proposta
Figura 54 – Visual 4 primeira proposta
Fonte: Google Earth, 06 de novembro de 2014
Fonte: Google Earth, 06 de novembro de 2014
Figura 52 – Visual 2 primeira proposta Fonte: Google Earth, 06 de novembro de 2014
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Figura 55 – Planta baixa primeira proposta Fonte: A autora
55 O parque recebeu a nomeação de Parque Caipora pelo personagem folclórico brasileiro de mesmo nome ser atribuído a proteção às matas e aos animais. Em todas as entradas do parque há bicicletários.
Figura 56 – Uma das entradas do parque Fonte: A autora
Figura 57 – Bicicletário na entrada Fonte: A autora
56 Redes para descanso foram dispostas na extremidade ao sul do terreno, trazendo conforto para pessoas de diferentes faixas etárias..
Figura 58 – Área com redes 01 Fonte: A autora
Figura 59 – Área com redes 02 Fonte: A autora
57 A pedra existente no terreno foi apropriada através de escadarias ornamentadas, escorregadores e decks para piqueniques.
Figura 60 – Escorrega na pedra Fonte: A autora
Figura 61 – Topo da pedra Fonte: A autora
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Figura 62 – Espaço para piquenique Fonte: A autora
Esferas de concreto coloridas com jatos d’água de diferentes intensidades trazem frescor e diversão ao parque. Troncos coloridos fixos na pedra permitem a utilização como bancos ou o escalamento.
Figura 63 – Elementos com jatos d’água 01 Fonte: A autora
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Figura 64 – Elementos com jatos d’água 02 Fonte: A autora
Uma estrutura de treliças metálica com cobertura de acrílico e lona, sob a sombra de árvores cria um espaço apropriado para eventos.
Figura 65 – Treliças metálicas Fonte: A autora
60 Bebedouros e banheiros foram disponibilizados para melhor comodidade dos usuários.
Figura 66 – Bebedouros e banheiros Fonte: A autora
O piso emborrachado em relevos foi utilizado para criar um ambiente aconchegante, evitando sua utilização em mais áreas pelo parque para que predominasse a ideia de espaço para aventurar-se. Inseriu-se bastantes bancos elaborados para permitir diferentes apropriações pelos usuários.
Figura 67 – Relevos emborrachados Fonte: A autora
61 Com manilhas de concreto criou-se túneis sob a terra com vegetação trepadeira, criando um brinquedo acolhedor e protegido através do conceito de caverninha.
Figura 68 – Túneis com vegetação Fonte: A autora
Uma pista de skate e duas quadras poliesportivas foram inseridas na proposta para ofertar entretenimento também para os adultos. Um bicicletário com bastantes vagas foi disposto lateralmente para suprir a demanda em caso de eventos esportivos.
Figura 69 – Pista de skate Fonte: A autora
62 Um ambiente com brinquedos de materiais industriais foi inserido junto aos equipamentos esportivos, sendo estes um arco íris de obstáculos, um percurso de redes em formato de túneis e discos de equilíbrio, todos em material metálico, além de um labirinto de equilíbrio em concreto colorido.
Figura 70 – Arco-íris de obstáculos Fonte: A autora
Figura 71 – Percurso de redes Fonte: A autora
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Figura 72 – Labirinto de equilíbrio Fonte: A autora
O estacionamento possui vinte e nove vagas para carros, sendo duas acessíveis. O acesso pode ser feito pela Rua Cordovil ou pela alça da Terceira Ponte. Utilizou-se barreira vegetal com a planta sedum-vistoso para impedir a circulação de pedestres no espaço destinado ao tráfego de veículos.
Figura 73 – Estacionamento Fonte: A autora
64 Destinou-se uma extensão considerável do parque para brinquedos predominantemente em madeira. Balanços simples e em formato de cesto proporciona brincadeiras diferentes, uma casa na árvore e estruturas para escalada e equilíbrio instigam a aventura, enquanto fitas coloridas fixas em árvores permitem a criança entreter-se com brincadeiras elaboradas no momento.
Figura 74 – Área com elementos em madeira 01 Fonte: A autora
Figura 75 – Área com elementos em madeira 02 Fonte: A autora
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Figura 76 – Área com elementos em madeira 03 Fonte: A autora
Figura 77 – Casa na árvore Fonte: A autora
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Figura 78 – Área com elementos em madeira 04 Fonte: A autora
Figura 79 – Estrutura para equilíbrio Fonte: A autora
67 O banco de areia traz diversas possibilidades de brincadeiras através da modelagem da areia, é limitado por troncos que além de servirem como bancos também podem ser usados como percurso de equilíbrio. Os troncos empilhados e o polvo exercitam o corpo através da escalada.
Figura 80 – Banco de areia 01 Fonte: A autora
A escultura animalesca também cria um ambiente de acolhimento na abertura posterior de sua cabeça, dando acesso a um escorregador para o banco de areia e a troncos coloridos para escalamento até o topo da pedra.
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Figura 81 – Polvo para escalar Fonte: A autora
Figura 82 – Banco de areia 02 Fonte: A autora
69 Redes propiciam aconchego e diversão nas alturas. Já a tirolesa diverte com a velocidade.
Figura 83 – Redes Fonte: A autora
Figura 84 – Túnel de redes Fonte: A autora
70 Tambores, canos metálicos que criam sons ao ter a abertura batida e um xilofone permitem a criança ter experiências sonoras.
Figura 85 – Brinquedos de som, balanços e tirolesa Fonte: A autora
Figura 86 – Brinquedos de som e túnel de redes Fonte: A autora
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5.1.2 Segunda proposta A escolha pelo local da segunda proposta se deu pela proximidade ao CETAF (Centro de Treinamento Arremessando para o Futuro) e à Escola Estadual Agenor de Souza Lé. Também se deu pelo fato da rua lateral ao terreno, a Rua Moema, ser utilizada para as festividades juninas, trazendo um espaço lúdico para os pequenos aproveitarem a celebração brincando. Um último fator favorável à escolha do terreno é a topografia existente na quadra em que se localiza, tornando o espaço ainda mais aventureiro.
Figura 88 – Lote segunda proposta Fonte: Google Earth, 06 de novembro de 2014
Figura 87 – Localização segunda proposta
Figura 89 – Visual 1 segunda proposta
Fonte: Adaptado de GOOGLE EARTH
Fonte: Google Earth, 06 de novembro de 2014
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Figura 90 – Visual 2 segunda proposta Fonte: Google Earth, 06 de novembro de 2014
Figura 91 – Visual 3 segunda proposta Fonte: Google Earth, 06 de novembro de 2014
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Figura 92 – Planta baixa segunda proposta Fonte: A autora
74 Para o parquinho permanente propôs-se a instalação de equipamentos semelhantes ao do Parque Caipora, criando uma homogeneidade entre as propostas perenes. A maioria dos elementos presentes é de madeira, criando um aspecto rústico natural que reforça a ideia de espaço para aventura e descoberta.
Figura 93 – Projeto inserido na localização Fonte: A autora
O lote é cercado por vegetação de pequeno porte (sedum-vistoso) para evitar que crianças corram em direção aos eixos viários, ao mesmo tempo embelezam o local e mantém a sensação de espaço aberto. Após a barreira verde há bancos para os pais descansarem enquanto observam os filhos.
Figura 94 – Visão do observador segunda proposta 01 Fonte: A autora
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Figura 95 – Visão do observador segunda proposta 02 Fonte: A autora
O projeto conta com uma tirolesa anexa na topografia, aumentando a expectativa da descida.
Figura 96 – Tirolesa e obstáculos Fonte: A autora
76 Um elemento de obstáculos com troncos, cordas e redes desniveladas entretém através do desafio de concluir o circuito sem cair, fazendo com que a criança se equilibre entre troncos de alturas diferentes para alcançar argolas suspensas e atravessar até o próximo desafio apenas com a força dos braços. Ao obter sucesso, encontra uma travessia por corda bamba para chegar às redes desniveladas de escalamento.
Figura 97 – Obstáculos e redes Fonte: A autora
Redes para descanso também podem ser usadas nas brincadeiras pela sua inclinação proporcionar diferença de alturas.
Figura 98 – Redes em topografia Fonte: A autora
77 A escadinha de troncos brinca com a topografia do terreno, as diferentes alturas criam uma leve dificuldade a ser superada na brincadeira. Também aproveitando o relevo está um escorregador com curva.
A estrutura para escalada possui faces com diferentes opções para a subida, uma delas é composta por troncos na horizontal criando uma escada, duas faces opostas são paredes de escalada e a última são cordas com nós para uma escalada mais complicada e desafiadora.
Figura 99 – Escadinha, escorregador e escalada Fonte: A autora
Balanços simples e de cestos possibilitam brincadeiras individuais ou em dupla.
Os elementos esféricos coloridos com jatos d’água atuam na descoberta sensorial da criança as divertindo.
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Figura 100 – Balanços e jatos d’água Fonte: A autora
Novamente os tambores, canos metálicos e xilofone proporcionam o prazer da música aos pequenos.
Figura 101 – Brinquedos de som e banco de areia Fonte: A autora
79 O banco de areia, além de contar com a barreira de troncos, possui um túnel feito com madeira e pneus de alturas diferentes, criando escalonamento para a passagem por cima do brinquedo. A caverninha composta por pedaços de madeira se torna um refúgio para quem deseja se sentir protegido. As fitas presas na árvore agregam dinamicidade à brincadeira.
Figura 102 – Banco de areia com caverninha Fonte: A autora
O banco de areia, além de contar com a barreira de troncos, possui um túnel feito com madeira e pneus de alturas diferentes, criando escalonamento para a passagem por cima do brinquedo. A caverninha composta por pedaços de madeira se torna um refúgio para quem deseja se sentir protegido. E as fitas presas na árvore agregam dinamicidade à brincadeira.
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Figura 103 – Deck sob pergolado Fonte: A autora
O banco com volumetria pode servir de apoio às atividades realizadas no deck, ser apenas um banco ou se tornar um elemento a ser escalado.
Figura 104 – Banco volumétrico Fonte: A autora
81 A casa na árvore possui três torres, uma baixa e duas altas. O acesso para a torre baixa se dá por cordas bambas ou pneus de carro com terra em diferentes níveis formando uma escada, a partir dela pode se subir para outro nível através de uma ponte inclinada de pneus de motocicleta. De uma torre alta para outra há uma passarela de redes e destas torres pode se descer por um mastro ou um escorregador. Também há acesso direto do chão a uma das torres altas por redes.
Os troncos empilhados criam reentrâncias para grutas imaginárias e facilitam a criança escalar, aventurando-se com a altura.
Figura 105 – Casa na árvore e troncos de escalada Fonte: A autora
O muro proveniente do CETAF recebe decoração por grafite enquanto o muro de limite com a residência é adornado com a trepadeira falsa-vinha.
A topografia é um ponto positivo para esse parquinho, pois impede que as brincadeiras se tornem enfadonhas, uma vez que até mesmo deslocar-se no local se torna uma atividade. A localização próxima a residências e a escolas atrai usuários e permite o encontro entre pessoas, impedindo o espaço de se tornar ocioso.
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5.1.3 Terceira proposta Trata-se de uma instalação temporária com predominância de elementos compostos por pneus perfurados para evitar o acúmulo de água. O logradouro escolhido está localizado na Rua Belo Horizonte, em uma região com bastante residencias, defronte ao Centro Educacional Dentinho de Leite e próximo ao Centro de Educação Integrada Capixaba (CEIC). Figura 107 – Lote terceira proposta Fonte: Google Earth, 06 de novembro de 2014
Figura 108 – Visual 1 terceira proposta Fonte: Google Earth, 06 de novembro de 2014
Figura 106 – Localização terceira proposta Fonte: Adaptado de GOOGLE EARTH
Figura 109 – Visual 2 terceira proposta Fonte: Google Earth, 06 de novembro de 2014
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Figura 110 – Planta baixa terceira proposta Fonte: A autora
84 Sob uma cobertura de pallets sustentados por pilares de madeira, bancos feitos a partir de pneus e tábuas, para utilização por pais e responsáveis que observam os pequenos no local, criam uma barreira para que crianças não saiam do parquinho em direção à rua.
Figura 111 – Visão do observador terceira proposta 01 Fonte: A autora
Figura 112 – Visão do observador terceira proposta 02 Fonte: A autora
85 Duas motos feitas de pneu de carro e guidom de bicicleta incentivam a imaginação dos usuários. Assim como o jacaré com a face pintada em madeira e corpo de diferentes pneus, o qual aguça a criatividade permitindo ser escalado e transpassado pelos vazios dos pneus.
Figura 113 – Motos de pneus Fonte: A autora
Figura 114 – Jacaré de pneus Fonte: A autora
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Um elemento simples de escalar faz a criança se esgueirar por entre os espaços para alcançar a altura máxima.
Pneus de carros com cordas entrelaçadas viram pequenos pula-pulas.
Figura 115 – Pula-pulas Fonte: A autora
O elemento de escalar com túnel cria várias possibilidades de brincadeiras, incentivando jogos de equilíbrio, escalar e atravessar túneis. A caverninha além de oferecer essas possibilidades possui um formato esférico que cria um ambiente em seu interior.
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Figura 116 – Brinquedos de escalar Fonte: A autora
O elemento inclinado de escalar incentiva a apreciar a altura. Já o equipamento móvel de pneus desenvolve o equilíbrio.
As fitas na árvore, elemento presente em todas as propostas, são empregadas para estimular a liberdade imaginativa.
A gangorra de pneus não só brinca com a distribuição de pesos dos corpos, como acrescenta à diversão o balanço dos pneus suspensos.
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Figura 117 – Brinquedos de pneus 01 Fonte: A autora
Os balanços de equilíbrio e a ponte de pneus também são estruturas que desenvolvem a coordenação motora..
Figura 118 – Brinquedos de pneus 02 Fonte: A autora
89 Para que houvesse a possibilidade da criança explorar os sons, foi inserido um suporte de madeira com panelas velhas para que pudessem batucar e criar seus ritmos.
Figura 119 – Brinquedo com panelas Fonte: A autora
Para que houvesse a possibilidade da criança explorar os sons, foi inserido um suporte de madeira com panelas velhas para que pudessem batucar e criar seus ritmos.
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5.1.4 Quarta proposta Situado na Rua Hernani Souza, a intervenção efêmera com carretéis foi desenvolvida para atrair os estudantes da Unidade Municipal de Ensino Fundamental Professor Ernani Souza e os residentes da proximidade.
Figura 121 – Lote quarta proposta Fonte: Google Earth, 06 de novembro de 2014
Figura 122 – Visual 1 quarta proposta Fonte: Google Earth, 06 de novembro de 2014
Figura 120 – Localização quarta proposta Fonte: Adaptado de GOOGLE EARTH
Figura 123 – Visual 2 quarta proposta Fonte: Google Earth, 06 de novembro de 2014
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Figura 124 – Planta baixa quarta proposta Fonte: A autora
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Figura 125 – Visão do observador quarta proposta 01 Fonte: A autora
A instalações de carretéis para suporte de redes desniveladas ocupa quase todo o terreno, havendo espaços laterais para passagem de pessoas e na extremidade nordeste a distância é aumentada para possibilitar a criação de brincadeiras.
Figura 126 – Visão do observador quarta proposta 02 Fonte: A autora
93 As redes desniveladas geram um labirinto de obstáculos e nichos para serem escalados e atravessados, ou mesmo utilizados para descanso. As tramas de cordas sombreiam o interior do complexo de redes, diminuindo o desconforto térmico causada pela ausência de cobertura.
Figura 127 – Em cima das redes Fonte: A autora
Figura 128 – Abaixo das redes Fonte: A autora
94 As paredes laterais com trepadeira falsa-vinha e o grafite interessante ajudam a criar um ambiente agradável para a permanência.
Figura 129 – Visão do observador quarta proposta 03 Fonte: A autora
Mesmo possuindo apenas um equipamento a proposta se torna divertida pelas brincadeiras possibilitadas através da sobreposição de redes.
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5.1.5 Quinta proposta Buscou-se selecionar um terreno perto dos atuais locais utilizados pelas crianças para brincar, portanto, o lote localizado na Rua Araré mostrou se ideal para a proposta de espaço provisório para brincadeiras em uma área que já frequentam. Além do mais, considerou se a composição majoritariamente de edificações residenciais no entorno como uma demanda para a intervenção.
Figura 131 – Lote quinta proposta Fonte: Google Earth, 06 de novembro de 2014
Figura 132 – Visual 1 quinta proposta Fonte: Google Earth, 06 de novembro de 2014
Figura 130 – Localização quinta proposta Fonte: Adaptado de GOOGLE EARTH
Figura 133 – Visual 2 quinta proposta Fonte: Google Earth, 06 de novembro de 2014
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Figura 134 – Planta baixa quinta proposta Fonte: A autora
97 A carência de árvores no terreno resultou na inserção de coberturas de pallets pelo ambiente para sombrear algumas áreas. Para agregar o verde ao projeto, anexou-se aos pilares da cobertura caixotes de madeira adaptados como cachepots para vegetação trepadeira. Também com a utilização de caixotes, criou-se hortas verticais no muro ao Sul.
Figura 135 – Visão do observador quinta proposta 01 Fonte: A autora
Na entrada do parquinho, protegidos pela cobertura, encontram-se as fitas coloridas que exercitam a criatividade e um banco com volumetria para escalada.
Nessa proposta não houve tanta preocupação em criar uma barreira física entre as crianças e a rua por estar situada em uma rua sem saída, com pouquíssimo movimento de carros.
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Figura 136 – Visão do observador quinta proposta 02 Fonte: A autora
Figura 137 – Sob cobertura Fonte: A autora
99 O equipamento para escalar com caverninha permite a criança se sentir acolhida e segura.
Criou-se estruturas capazes de suportar o peso da criança para que pudessem aproveitar as brincadeiras de balanço.
Figura 138 – Equipamento com caverninha Fonte: A autora
A localização em meio residencial viabilizou a criação de um espaço para cinema ao ar livre para entretenimento da comunidade. O tablado escalonado de pallets propicia boa visualização da tela projetada.
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Figura 139 – Tablado para cinema Fonte: A autora
A casinha instiga os pequenos a inventar vidas imaginárias.
Figura 140 – Casinha, desníveis e circuito Fonte: A autora
101 Os pallets desnivelados impulsionam a criação de jogos, ou mesmo de relaxamento.
Figura 141 – Desníveis 01 Fonte: A autora
Figura 142 – Desníveis 02 Fonte: A autora
102 O circuito de pallets permite a criança a descer e subir por entre as plataformas
Figura 143 – Circuito de pallets Fonte: A autora
O projeto tem elementos atrativos para as crianças e estimula o encontro entre os adultos através da oferta de cinema ao ar livre, suprindo a necessidade de espaços públicos para os habitantes.
O muro alto ao receber uma arte deixa o local ainda mais especial.
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5.2 Equipamentos propostos
Figura 144 – Equipamentos propostos 01 Fonte: A autora
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Figura 145 – Equipamentos propostos 02 Fonte: A autora
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Figura 146 – Equipamentos propostos 03 Fonte: A autora
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Figura 147 – Equipamentos propostos 04 Fonte: A autora
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Figura 148 – Equipamentos propostos 05 Fonte: A autora
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Figura 149 – Equipamentos propostos 06 Fonte: A autora
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Figura 150 – Equipamentos propostos 07 Fonte: A autora
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6. CONCLUSÃO
111 O progresso ao longo da história da humanidade quanto a compreensão do conceito de infância, resultou em uma evolução dos direitos que protegem a criança e o interesse pelo desenvolvimento dos mesmos.
No âmbito da arquitetura estudos observaram que os espaços de brincar públicos, planejados de maneira coerente com as necessidades infantis, exercem influência na habilidade motora, cognitiva e social dos pequenos, além de trazer benefícios a sua saúde e ampliar sua criatividade e curiosidade. Os parquinhos que oportunizam o contato com a natureza favorecem o surgimento da consciência ecológica nas crianças, tornando-as cientes da importância da preservação. Em contrapartida observa-se ultimamente a predominância de espaços infantis projetados em shopping centers, sendo estes prejudiciais por limitarem a criatividade, submetendo a criança a brinquedos feitos por adultos sem possibilidade de improviso e dificultarem a percepção das diferenças sociais, econômicas e raciais existentes.
Objetivando alcançar o melhor aproveitamento da criança nos playgrounds, deve-se evitar seguir padrões de layouts considerados seguros e ideais pelos pais, e optar por equipamentos aventureiros que sejam estimulantes à imaginação dos pequenos e ensinem a lidar com situações de pequeno risco. Também é aconselhável utilizar texturas, cores, sons e relevos na composição para trazer ganhos ao desenvolvimento infantil.
Diante da carência de áreas públicas infantis, o bairro Divino Espírito Santo foi escolhido para receber propostas de espaços de brincar públicos. A partir da análise do contexto social e econômico do local conclui-se que é uma poligonal habitada por pessoas de baixa renda, com grande presença de crianças. O mapeamento do uso do solo e dos lotes disponíveis para implan-
tações na região, auxiliaram a compreensão da poligonal, facilitando o apuramento dos locais adequados para proposição. Considerou-se a proximidade de instituições de ensino para permitir que os espaços sejam utilizados em atividades escolares e seja de fácil acesso pelos alunos fora do horário letivo, a importância de estar em um meio residencial para a apropriação pelos habitantes e a existência de eventos comunitários na região.
Uma boa maneira de motivar a apropriação de lotes vazios para fins lúdicos é o incentivo no IPTU, consistindo no governo municipal fornecer desconto nos impostos dos terrenos vazios cujos proprietários disponibilizam o local para o uso temporário como espaço público. A parceria entre a Prefeitura e a comunidade também promove as áreas de lazer no bairro, pois a instalação pelos moradores possibilita às pessoas criar vínculo com o espaço, fazendo com que usem e cuidem do local, além de reduzir os custos do governo com instalação.
Desse modo, possibilitou-se o planejamento de propostas com equipamentos dinâmicos e instigantes em espaços que atendem à demanda da população residente por áreas de lazer públicas.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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