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O PAPEL DA IDENTIDADE NAS CIDADES E SUA INFLUÊNCIA NA VIVÊNCIA NO ESPAÇO URBANO THE ROLE OF IDENTITY IN THE CITIES AND HIS INFLUENCE IN URBAN AREA EXPERIENCE ESTUDO REALIZADO NA CIDADE DE JAGUARAÇU-MG
Lorrayne Iris Assis dos Santos Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – Unileste-MG, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Coronel Fabriciano-MG, Brasil.
Kênia Alves de Paula Professora Orientadora
Trabalho de Conclusão de Curso I – 9º período
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Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais – RBERU
A Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais (RBEUR) tem por objetivo ser um veículo institucional de comunicação e difusão da produção no campo do planejamento e dos estudos urbanos e regionais, guardando a diversidade temática característica da Associação e pautando-se pelo estímulo à diversidade de pensamento e pela exigência de originalidade, rigor e excelência nos textos publicados. O conteúdo da RBEUR se dirige a um público multidisciplinar de professores, pesquisadores, estudantes e profissionais do campo do planejamento e dos estudos urbanos e regionais. E abrange as temáticas, como: • planejamento e gestão urbana e regional; • história da cidade e do urbanismo; • arquitetura e urbanismo; • produção e estruturação da cidade e da metrópole e sintaxe urbana; • economia urbana e regional; • geografia regional e urbana; • meio ambiente e sustentabilidade de cidades e regiões; •dinâmica econômica, modelagem e indicadores de desenvolvimento regional; • cultura, identidades e apropriação do espaço.
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Resumo Pensar a cidade, significa reconhecer todos os fatores responsáveis por definir o espaço, e consequentemente, tal reconhecimento influencia na dinâmica da cidade e seus espaços públicos na permanente interação com o indivíduo. Este presente artigo relaciona a vivência e experimentação do homem no espaço urbano, como forma de produção de memória, a partir de sua percepção da cidade em que se vivencia, estabelecendo relações com a identidade urbana local. Aponta a cidade como cenário de trocas e relações contribuintes com a produção de memória e valorização da própria cidade, por parte do indivíduo e ao mesmo tempo, considera questões pertinentes para a intervenção dos profissionais da área da Arquitetura e do Urbanismo. Dessa forma, o artigo colabora para a formação de uma percepção da cidade, em primeiro plano de modo afetivo e singular, e em segundo coletivo e heterogêneo, concluindo que no reconhecimento e valorização da identidade local se pode transformar, ressignificar e intervir no espaço urbano, potencializando a interação mútua entre homem e cidade. Palavras-chave: Cidade. Identidade. Lugar. Influência. Urbano. Experimentação. Vivência. Espaço. Pluralidade.
Abstract Thinking about the city means recognizing all the factors responsible for defining space, and consequently, such recognition influences the dynamics of the city and its public spaces in permanent interaction with the individual. This article relates the experience and experimentation of man in urban space as a way of producing memory, based on his perception of the city in which he lives, establishing relations with the local urban identity. It points to the city as a scenario of exchanges and contributing relations with the production of memory and valorization of the city itself, at the same time, considers pertinent questions for the intervention of professionals in the area of Architecture and Urbanism. In this way, the article contributes to the formation of a perception of the city, in the foreground in an affective and singular way, and in the second collective and heterogeneous, concluding that in the recognition and valorization of the local identity can be transformed, resignified and intervene in the urban space, enhancing the mutual interaction between man and city.
Keywords: City. Identity. Place. Influence. Urban. Experimentation. Experience. Space. Plurality.
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INTRODUÇÃO
Cada vez mais se coloca em discussão o conceito de Cidade na perspectiva de uma dinâmica eficaz e que se ajuste em função do tempo e contexto em que se insere, aliada à sua imagem, planejamento, gestão, organização e etc.. Nessa abordagem sobre o conceito de cidade, muito se considera a sua forma, as ruas e esquinas, praças, espaços, casas e edifícios, entre outros elementos, e pouco se firma na relação que se dá entre o indivíduo e a própria cidade. Costa (1999 apud BARBEITO, 2009, p. 2, grifo nosso), descreve: (...) o que na linguagem urbanística configura a forma do tecido urbano, (...), no quadro sociológico, se reporta à formação social urbana, no sentido de contemplar o correspondente sistema de relações sociais e culturais, bem como os respectivos quadros identitários da vida urbana.
A linguagem da cidade dentro da Arquitetura e do Urbanismo, se volta, significativamente, para o quadro social, responsável pela permanente interação que há entre o homem e o meio urbano que se vivencia, e assim, naturalmente, se possibilita a relação das características urbanas com o próprio homem. Deste modo, se pode perceber a diversidade de fatores que influenciam uma dinâmica espacial urbana apropriada, responsável por desenvolver uma mentalidade e cultura de forma total. Através disso, o indivíduo desenvolve a capacidade de inspiração, construção e conhecimento, que enfatiza e justapõe o papel da identidade no meio urbano. Gehl (1971), descreve: As cidades deveriam ser feitas para aproveitar nossas capacidades, construindo-as em torno do corpo e dos sentidos do ser-humano para que possa viver sua cidade em uma escala que esteja de acordo com suas capacidades máximas.
Do mesmo modo, é necessário compreender o real funcionamento das cidades e seus espaços urbanos e a identificação e importância dos principais fatores e elementos que interferem na relação de determinado lugar. Através dessa compreensão, direcionamos o olhar para o que já existe dando espaço à transformações, intervenções e perspectivas mais oportunas e em equilíbrio com o meio urbano. Metamorfosear os territórios existentes é se inscrever em seu devir, integrando ou não o que já aconteceu (...). Tudo se passa como se se tratasse, em meios habitados por uma potência de reinvenção, de formas de vida que se ajustam em função do tempo que passa ou que, ao contrário, sofrem mutações, transmutações. (Younes; GUATELLI, 2012, loc. cit.).
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A cidade é palco da diversidade, da pluralidade, é formada por tudo o que é diverso. Porém, há uma automatização do modo de materialização e apropriação das cidades, muitas vezes de forma desfavorável. Cada vez mais o percentual da população humana no meio urbano aumenta e o modo como a cidade se forma, se apropria, reflete na sociedade que está inserida e nas possibilidades dadas a partir das características que o espaço urbano proporciona, o que muito influencia na vivência do homem em tal espaço. A época atual seria talvez, e sobretudo, a época do espaço. Estamos na época do simultâneo, estamos na época da justaposição, na época do próximo e do distante, do lado a lado, do disperso. Estamos em um momento no qual o mundo se faz sentir, creio, muito menos como uma grande vida que se desenvolveria através dos tempos do que como uma rede que liga pontos e que entrecruza seus laços. (Foucault, 1984 apud GUATELLI, 2012, p. 18, grifo nosso).
A pesquisa se destina à Jaguaraçu, cidade situada ao leste de Minas Gerais, onde habita a autora do presente artigo. A escolha do objeto de estudo resultou de seu interesse pessoal-afetivo pela história e memória da cidade, e também pelo interesse técnico, a partir de sua percepção sobre a fragilidade do reconhecimento e valorização da história, cultura, patrimônio locais, entre outras vertentes. Diante de ambos interesses, este trabalho faz uma abordagem sobre a identidade do lugar com foco na relação do indivíduo com o espaço urbano, e seus reflexos na valorização e potencialização do lugar em si. Buscou-se durante a pesquisa, analisar como se dá a vivência e experimentação, percepção e o processo de desenvolvimento da memória do indivíduo no meio urbano. Em segundo plano, discutir questões que devem ser consideradas por profissionais de Arquitetura e Urbanismo, para que estes possam intervir e propor soluções arquitetônicas e urbanísticas em tal meio, sem desconsiderar o que já é existente na região, pensando a cidade a partir de uma economia de transformação e/ou concepção e mais sustentável. Nesse contexto, o objetivo é discutir a influência da identidade urbana local e seu reflexo na dinâmica da cidade, analisando os fatores responsáveis pela ressignificação, de modo a estimular a vitalidade urbana, respeitando e potencializando a singularidade do lugar.
““O perfil de uma cidade é a sua identidade.””
(BARBEITO, 2009)
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Jumento: Àquela altura da estrada já éramos quatro amigos. Queríamos fazer um conjunto, bem. Queríamos ir juntos à cidade, muito bem. Só que, à medida que a gente ia caminhando, quando começamos a falar dessa cidade, fui percebendo que os meus amigos tinham umas ideias bem esquisitas sobre o que é uma cidade. Umas ideias atrapalhadas, cada ilusão. Negócio de louco... Cachorro: A cidade ideal dum cachorro Tem um poste por metro quadrado Não tem carro, não corro, não morro E também nunca fico apertado Galinha: A cidade ideal da galinha Tem as ruas cheias de minhoca A barriga fica tão quentinha Que transforma o milho em pipoca Crianças: Atenção porque nesta cidade Corre-se a toda velocidade E atenção que o negócio está preto Restaurante assando galeto Todos: Mas não, mas não O sonho é meu e eu sonho que Deve ter alamedas verdes A cidade dos meus amores E, quem dera, os moradores E o prefeito e os varredores Fossem somente crianças Deve ter alamedas verdes A cidade dos meus amores E, quem dera, os moradores E o prefeito e os varredores E os pintores e os vendedores Fossem somente crianças Gata: A cidade ideal de uma gata É um prato de tripa fresquinha Tem sardinha num bonde de lata Tem alcatra no final da linha Jumento: Jumento é velho, velho e sabido E por isso já está prevenido A cidade é uma estranha senhora Que hoje sorri e amanhã te devora Crianças: Atenção que o jumento é sabido É melhor ficar bem prevenido E olha, gata, que a tua pelica Vai virar uma bela cuíca Todos: Mas não, mas não O sonho é meu e eu sonho que Deve ter alamedas verdes A cidade dos meus amores A Cidade Ideal. Chico Buarque, Álbum Os Saltimbancos, 1977
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CIDADE | Considerações sobre a cidade e seu contexto histórico
As primeiras cidades surgiram em períodos muito antigos, sob um contexto histórico específico e através do domínio de tecnologias; técnicas que possibilitaram sua criação/concepção. No Brasil, a cidade é definida a partir de uma organização políticoadministrativa, mas seu conceito é bastante variável. Existe mais de um critério para se definir “o que é cidade”; cada lugar, indivíduo a define e percebe de uma forma singular. Léfébvre (2001) conclui: “A cidade é a projeção da sociedade sobre um local [...]. A cidade vem da história porque a ela cabem os trabalhos espiritual, intelectual e de organização políticoeconômica, cultural e militar.” O surgimento das primeiras cidades coincide com o início da civilização, expondo novos valores de identidade. As primeiras cidades resultam da transição de períodos, onde a cidade exercia um papel específico, relacionado a uma determinada atividade e/ou posse, função urbana. Essa função faz menção ao papel econômico que a cidade desempenha, incorporado à uma lógica divisora do trabalho. Com a Revolução Industrial e demais acontecimentos históricos, as cidades entraram em um processo de intensa ocupação urbana, e consequentemente, as funções urbanas se denominaram e disseminaram.1 No estado de Minas Gerais a primeira vila a ser fundada foi Mariana, com a chegada dos bandeirantes na região, à procura de ouro e pedras preciosas e a descoberta da riqueza em minérios e recursos naturais na região. Com seu heterogêneo atrativo mineiro, entrou em um rápido processo de crescimento populacional, logo com diversas funções, se tornando um importante centro econômico.2
Figura 01 - Mariana é considerada a pioneira do estado de Minas, por preservar riquezas que remetem ao período do Brasil Colônia.
*fonte: camarademariana.mr.gov.br
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A partir da Revolução Industrial se acentuou o predomínio da cidade e o processo de urbanização prosseguiu aceleradamente, devido a necessidade de mão-de-obra nas indústrias e o êxodo rural. Contexto sobre “O processo de urbanização. Disponível em: https://www.educoas.org. Acesso em: 26 out.2016. 2
Com a descoberta do ouro e demais recursos naturais, outras atividades entraram em um processo de declínio, o que voltava a atenção para as regiões com abundância de minas de ouro.
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Figura 02 - Mariana abriga até hoje riquezas dos tempos do Brasil Colônia ligadas à religiosidade, à produção de ouro, à projeção artística e muitas descobertas.
*fonte: camarademariana.mr.gov.br
As cidades mineiras possuem um acervo histórico, artístico e arquitetônico muito rico, expresso através da religiosidade (igrejas; conventos; capelas; santuários; etc.), cultura (museus; trilhas; escolas; etc.), história (nomenclatura; marcos; acontecimentos; etc.) e na arquitetura (arte; traçado urbano; casas; praças; etc.) que preservam, até os dias atuais, sua diversa e pluralizada tradição e cultura. Marcadas pelo ciclo do ouro, escravidão e ideais revolucionários como a Inconfidência Mineira, topografia e paisagens naturais, a arte barroca, entre outros.
Mapa 01 – Cidades de Minas Gerias. Disponível em: http://www.minas-gerais.info/mapas/mapa-mg.htm.
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A cidade de Jaguaraçu-MG se localiza na região metropolitana do Vale do Aço (RMVA), com isso, cabe contextualizar sucintamente sua história. O Vale do Aço se destaca por sua função industrial, se caracterizando como polo regional para várias cidades do leste de minas.3 Seu desenvolvimento se dá a partir de empresas locais, localizadas no município, o que influenciou o surgimento de cidades vizinhas. Além do seu caráter industrial, há ainda o destaque no turismo, cultura e história.
Mapa 02 – Região Metropolitana do Vale do Aço. Fonte: PDDI – diagnóstico, volume 1. Disponível em: http://www.unilestemg.br/pddi/arq/doc/documentos-oficiais/2014/PDDI_DIAGNOSTICO_VOL1.pdf
Contudo, se percebe o papel que a cidade desempenha capaz de desenvolver uma perspectiva interativa diretamente com o indivíduo. Através dessa interação, se possibilita um processo de transformação do ser humano. O que é cidade? Quem somos a partir da cidade?
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O desenvolvimento de Ipatinga deve-se primeiramente à construção da Estrada de Ferro Vitória a Minas. A partir dela começaram a vir os primeiros habitantes ao município e ao Vale do Aço. Através dos trilhos da estrada de ferro fixaram-se na região operários e viajantes de várias partes de Minas Gerais e até de diferentes lugares do Brasil que vieram à procura de emprego na região. Disponível em: euamoipatinga.com.br, por J. Augusto.
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Cidade como espaço de memória A cidade, assim como na arquitetura, assume o papel de memória e abriga espaços de trocas, interações; é o conjunto de experiências e memórias em forma física. Hoje, a dinâmica das interações na cidade e seus espaços tendem a entrar em contradição com o espaço físico organizado, onde as relações econômicas, políticas, culturais e institucionais tradicionais são reproduzidas por esta memória e se estruturam na cidade e seus espaços. Guatelli (2012, p. 17, grifo nosso) descreve: “”A arquitetura funda um espaço da morada, das trocas interpessoais, do estar em cotidiano [...].”” Visto isso, se percebe a importância da relação constante do indivíduo no espaço, não somente no desenvolvimento da capacidade de inspiração, construção e memória, mais também no processo de transformação mútua, entre a cidade e o próprio indivíduo. “A gente faz a cidade todos os dias, não é a cidade que tem já uma programação para nos inserirmos nela. A cidade é um processo e temos que fazer parte dele” (informação verbal)4. Ao se tratar da percepção do indivíduo no espaço urbano, seja ele usuário ou observador, se considera Kevin Lynch como referencial, principalmente quando este ressalta a valorização da relação homem x espaço, imagem (percepção) x realidade (forma física) e o conhecimento da representação social, capaz de visibilizar as cidades e seus espaços de um modo singular. A cidade é uma construção no espaço, mas uma construção em grande escala, algo apenas perceptível no decurso de longos períodos de tempo. Todo o cidadão possui numerosas relações com algumas partes da sua cidade e a sua imagem está impregnada de memórias e significações. (LYNCH, 1960, p. 11)
Esta percepção imagética-memorial se altera a partir da transmutação do espaço urbano. Porém, Lynch (1960) retrata que as diferenças de percepção entre diversos indivíduos dependem das suas características singulares, mais principalmente, das relações socioculturais de cada um. Assim, “a percepção mental apreendida pelo indivíduo, suas avaliações e preferências sobre o ambiente, de caráter subjetivo, mas também sociocultural, não representa toda a cidade, mas indivíduos que compartilham situações semelhantes no tempo e no espaço, que vivenciam as mesmas experiências perceptivas e que por isto tendem a formar imagens mentais semelhantes.” (PERCEPÇÃO..., 2004). Conforme já descrito, a cidade transparece diversidade, pluralidade, e através da percepção singular e heterogênea do indivíduo é que se torna possível o equilíbrio na dinâmica de interação individual x coletiva, afetiva x urbana. Assim, a memória é atribuída à relação entre percepção do indivíduo e interação com a cidade, e se transforma e recria através da vivência, da experimentação do indivíduo. Cada um se relaciona com a cidade de modo peculiar, estabelecendo significações e memórias, a 4
Palestra da arquiteta e urbanista Laura Sobral, no evento TEDx São Paulo, SP, em maio de 2015.
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partir da imagem específica obtida do lugar e através dessa relação que ocorre a influência na maneira de usar, memorizar, sentir, significar e valorizar o espaço urbano. Nesse sentido, a intervenção no espaço urbano, possivelmente se viabiliza a partir da avaliação dessa relação e no reconhecimento histórico, afetivo e singular que a cidade representa na memória coletiva, dos seus habitantes, usuários, observadores. É sobre o espaço, sobre o nosso espaço- aquele que ocupamos, por onde sempre passamos, ao qual sempre temos acesso, e que em todo o caso, nossa imaginação ou nosso pensamento é a cada momento capaz de reconstruir-que devemos voltar nossa atenção; é sobre ele que nosso pensamento deve se fixar, para que reapareça esta ou aquela categoria de lembrança (Halbwachs, 1990 apud CAVALCANTE, 2015, p. 3).
Figura 03; 04 - 21 Balançoires, Montreal França – instrumento musical coletivo, que busca a interação das pessoas e a apropriação na cidade e seus espaços. Através da decisão individual de cada um, mas ajustada às decisões e ações dos outros, se estimula as trocas e cooperação na cidade.
*fonte: Dailytouslerjours
Figura 05; 06 – Museu do Amanhã, Rio de Janeiro, RJ, Brasil – o museu tem como objetivo a reflexão das pessoas acerca das suas ações sobre a cidade, o planeta. Trata a experiência, com todo seu conteúdo e exposições sensoriais e interativos, a partir do pensamento coletivo e da convivência.
*fonte: Portomaravilha; Folha.uol
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IDENTIDADE | Da singularidade ao heterogêneo; Da pluralidade à homogeneidade “”A identidade torna-se uma “celebração móvel”: formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpolados nos sistemas culturais que nos rodeiam.”” (HALL, 1987) Como visto, a cidade transforma as pessoas, a partir de sua percepção, relação pessoal e particular sobre o espaço urbano. E assume assim, diversos atributos identitários em diferentes momentos (incluindo vivência, memória e significação), que mesmo heterogêneos se entrelaçam em um caráter coletivo coerente. Porém, com o crescimento populacional no espaço urbano, ocorre uma multiplicação adjacente da cidade (forma físico-espacial) e a significação, representação da identidade, entrando em confronto com o reconhecimento do lugar, da singularidade da cidade – expondo um misto de identidades. | identidade cultural – conjunto vivo de relações sociais e patrimônios simbólicos historicamente compartilhados que estabelece a comunhão de determinados valores entre os membros de uma sociedade. 5
Figura 07 - “A identidade cultural, se constroi a partir de uma forma múltipla e dinâmica.” *Obra: “operários”, Tarsila do Amaral
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Do ponto de vista histórico e sociológico, por R. Sousa, mestre em História.
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Ao passo que, por mais que haja divergências dos indivíduos e suas características na sociedade, a cultura exerce um papel de unificação na identidade cultural, que representa a interrelação da memória individual x coletiva. Gellner (1983), descreve: ...a cultura é agora o meio partilhado necessário, o sangue vital, ou talvez, antes, a atmosfera partilhada mínima, apenas no interior da qual os membros de uma sociedade podem respirar e sobreviver e produzir. Para uma dada sociedade, ela tem que ser uma atmosfera na qual podem respirar, falar e produzir; ela tem que ser, assim, a mesma cultura.
A cidade, portanto, é a materialização das relações humanas, e tece através das relações sociais realizadas no espaço urbano, a garantia construtivista de uma malha de significações históricas e culturais, memória, trocas, responsáveis por produzir a identidade, acomodando o reconhecimento e pertencimento mútuo do homem no lugar, na cidade. E a ligação entre cidade e memória, se chega sempre à identidade, através da identificação do lugar, nesse processo se constroi a significação singular da cidade. Lerner (2016) retrata: “"A identidade gera o sentimento de pertencimento, a referência que nos orienta enquanto cidadãos. No âmbito urbano, a identidade se reflete nos vínculos que estabelecemos com os espaços da cidade e seus elementos de referência [...].”” Os espaços da cidade, fazem parte de um sistema hierárquico e complexo, e a constante permanência e vivência nos espaços, constituem a identidade. Desse modo, a identidade se baseia no modo como o indivíduo, em sua particularidade, se vê e vê os outros, em coletividade, na cidade. Castells (1999 apud REFLEXÕES..., 2009) define: entendo por identidade o processo de construção de significado com base em um atributo cultural, ou ainda um conjunto de atributos culturais interrelacionados, o(s) qual(ais) prevalece(m) sobre outras fontes de significado. Para um determinado indivíduo [...] [há] identidades múltiplas. No entanto, essa pluralidade é fonte de tensão e contradição tanto na auto-representação quanto na ação social.
A Identidade Jaguaraçuense A pesquisa do presente artigo, se destina a cidade da autora, Jaguaraçu ‘onça grande’ (tupi). Localizada na Zona do Rio Doce do estado de Minas Gerais, e colar metropolitano da Região Metropolitana do Vale do Aço, com proximidade de 40km da cidade de Ipatinga-MG.
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| Origem Jaguaraçu, antiga Pimenteira e posteriormente São José do Grama, formou-se da doação de 03 alqueires de terra em oferta a São José (santo de devoção), a comunidade era muito influenciada pela religião; devoção à santos do catolicismo, e com isso, promessas, romarias, eram práticas constantes. “Lizardo José da Fonseca Lana, cumprindo uma promessa que fizera em troca da cura de seu filho, Teófilo Marques, pelo alferes, fez a doação de terras.” As terras doadas localizavam-se na margem direita do ribeirão Onça Grande (que corta a cidade), a pouca distância da fazenda de propriedade do Lizardo José. Após a Lei Áurea, os escravos livres transferiram-se para as terras de patrimônio de São José e lá começaram a edificar suas casas. Posteriormente, Lizardo fez nova doação, desta vez, do lado oposto do rio, onde existia um gramado muito extenso, e assim, se deram as primeiras edificações, e por diante, foi se limitando as outras edificações, que passaram a obedecer ao alinhamento que fora determinado na época, dentro do novo arraial. A primeira obra comunitária realizada foi a construção da capela em honra a São José, que, no entanto, não chegou a ficar pronta no local que inicialmente fora escolhido e posteriormente, os negros libertos levantaram uma capela em honra a Nossa Senhora do Rosário. O povoado foi elevado a distrito em 07 de Setembro de 1923 com denominação de São José do Grama e pertencendo ao Município, através da Lei nº 1039, de 12 de dezembro de 1953, com nome de Jaguaraçu, que significa, em língua indígena “onça grande”. O município está subordinado judicialmente à Comarca de Timóteo. 6
Mapa 03 – Mapa geográfico disponível na Prefeitura Municipal de Jaguaraçu, mostrando sua hidrografia, mancha urbana e limite municipal.
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Contexto histórico da cidade extraído dos arquivos da Prefeitura Municipal de Jaguaraçu.
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A descrição do Brasão Municipal da Bandeira de Jaguaraçu mostra as características principais da cidade, de forma simbólica, que se relaciona com o contexto cultural, socioeconômico e político de Jaguaraçu.
Termo-lo aqui terciado com a Torre Mural sobreposta, contendo 04 (quatro) vigias indicandolhe o Foro da Cidade. Na parte divisionária superior do Escudo, apresenta-se um triângulo vermelho, em honrosa homenagem à gloriosa Bandeira do Estado de Minas Gerais. Na parte inferior à esquerda, estampa-se a figura de uma rês bovina, simbolizando a pecuária como uma das fontes de renda do município. Figura na terceira divisão da parte inferior à direita da cruz, espagiando raios de luz, representando a expansão cívico cultural de Jaguaraçu, cujo o povo expandiu-se sob a égide da Fé Cristã. Nas bordas das laterais do Brasão a sua desta sinistra “Direita e Esquerda” respectivamente, figuram duas ramagens de arroz e cana de açúcar, que simbolizam a agricultura como fonte primordial da renda Municipal. Sob a base do Brasão, ostenta-se um listel com o topônimo de “JAGUARAÇU”, origem da língua Tupi guarani em cujas extremidades vê-se a data 12/12/1953, na qual, deu-se a emancipação político-administrativa. 7
Figura 08 - Vista panorâmica da cidade de Jaguaraçu-MG, 2015.
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*foto: E. Nascimento
Contexto histórico da cidade extraído dos arquivos da Prefeitura Municipal de Jaguaraçu.
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Pesquisa O ato de pensar a cidade já implica no reconhecimento da totalidade que ela representa. Do mesmo modo, o reconhecimento do seu caráter cultural é um elemento decisivo que capacita a produção do espaço, que se correlaciona com as trocas (socioculturais e pessoal-afetivas), a memória e a identidade. Esse ato também se relaciona com a vitalidade urbana, que aborda a interação mútua do posicionamento do homem na cidade, influenciando sua dinâmica. A questão acerca da influência da identidade nas cidades se realiza através da análise e pesquisa sobre sua fundamentação e interferência, considerando ainda suas variáveis de acordo com a cidade característica a se aplicar o estudo. “O que é uma cidade para pessoas e o que se pode fazer para as cidades?”; “Como se intervir no espaço urbano, a partir de uma economia de transformação sustentável?”; “Como percebemos as cidades?”. “Estamos usando as cidades utilitariamente – e não com a amplitude que poderíamos. Assim as cidades estão deixando de expressar a personalidade de quem vive nelas – porque nós não estamos lá ” (informação verbal)8. A perda de identidade, muito se relaciona com a fragilidade do reconhecimento cultural, socioeconômico e afetivo, dificultando a produção da identidade do lugar. A partir disso, a pesquisa propõe expor a percepção do indivíduo em relação ao espaço urbano em que está inserido, como fator responsável por desenvolver uma memória, a priori pessoal, e a posteriori coletiva, que influencia na intervenção do espaço urbano, com intuito de ressignificação e potencialização históricas, culturais, socioeconômicas, arquitetônicas e urbanísticas. “[...] e nossas intervenções – que justificam o que somos, quem somos e por que estamos aqui ou acolá – também são determinadas pelo lugar.” (Sassen, 2000, p. 140; SYKES, 2013, loc. cit.) | Procedimento
A partir de uma análise da postura comportamental da população urbana da cidade de Jaguaraçu, e da consequente percepção da fragilidade no reconhecimento da própria identidade do lugar, a pesquisa se direciona. A influência da identidade, como reconhecimento histórico, cultural, econômico do lugar, que assim como a pesquisa, se define em constante transformação. A pesquisa se organiza em duas etapas: a primeira aborda a revisão de literatura, com intuito de elaboração de objetivos e hipóteses, acerca das vertentes discutidas;
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Palestra da arquiteta e urbanista Laura Sobral, no evento TEDx São Paulo, SP, em maio de 2015.
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a segunda etapa, através da coleta de dados, se possibilita a exemplificação e fundamentação da pesquisa. A coleta foi realizada na população urbana da cidade de Jaguaraçu-MG, como já descrito, e se realiza a partir da aplicação de questionários, destinados aos indivíduos que se relacionam com a cidade (habitantes, usuários), como forma de verificação da percepção pessoal-coletiva da identidade cultural da cidade, e sua influência na vivência dos indivíduos.
| Questionário “Identicity: O papel da identidade nas cidades” https://docs.google.com/forms/d/1Y0LkDkPHtHCz8zGhjDcZQHw2_98WeuEluky32k8gGLE/edit?c=0&w=1
O questionário constou de 12 (doze) perguntas, segue as principais: • Qual a relação com a cidade de Jaguaraçu? (Habitante, visitante, frequenta a trabalho, etc.) • Conhece a história da cidade? • O que lhe vem em mente quando se escuta ou vê algo relacionado à Jaguaraçu? • Acredita que os espaços públicos na cidade influenciam a relação do homem o meio urbano? • Quais lugares você mais frequenta na cidade? • Quando decide visitar ou morar em alguma cidade, o que procura? • (A partir dos itens citados na pergunta anterior) quais acredita possível se encontrar na cidade de Jaguaraçu? • Qual a última experiência que mais lhe marcou na cidade? • Quais características mais importam nas cidades, para você? • O que significa a palavra identidade, ao seu ver? • Considera importante conhecer e reconhecer a identidade de determinado lugar? Porque? • Para você, qual a identidade de Jaguaraçu?
| Objetivo
Como já visto no presente artigo, através da identidade compreendemos melhor a relação entre o indivíduo e a própria cidade. A identidade urbana resulta do diálogo entre o indivíduo e tudo o que a compõe e com isso, gera a capacidade de inspiração, construção. Com o intuito de ressaltar a importância dessa relação, definir, compreender a identidade considerando as vivências, dinâmica espacial, conhecimento e reconhecimento associado às características da cidade e o próprio indivíduo. Nessa abordagem, ressaltar ainda o estímulo de aguçar sentidos, que despertam sensações, emoções e reflexões, agregando o incentivo à dinâmica entre o indivíduo e a cidade, a vivência no espaço, ao reconhecimento e à ressignificação do lugar. 18
| Resultados A participação ativa da população faz com que as pessoas sintam como coproprietárias da cidade, se sintam donas da cidade, é um caminho na questão democrática do que será realizado nas cidades. A percepção da cidade influencia nas características urbanas, é necessário conhecer e compreender o que é característico do lugar para se pensar em intervenções, soluções e propostas no espaço urbano; sendo relevante tanto para a população quanto para os profissionais que atuam na cidade. Harvey (s.n., s.l., s.d., grifo nosso) cita: ““o direito à cidade não é um direito individual de usufruir dos equipamentos da cidade, é um direito coletivo de reinventar a cidade.””
| Sujeitos Em uma abordagem qualitativa, das respostas obtidas, a idade dos entrevistados está entre 16 e 50 anos, sendo a maior parte do sexo masculino. E na relação com a cidade, a maioria é habitante, mais ainda conta com visitantes e os que frequentam a trabalho.
Dos entrevistados, 79% conhece a história da cidade, entre habitantes e visitantes, e muitos a reconhecem pelo sossego, tranquilidade e acolhimento. | Percepção da cidade – vivência e experimentação A maioria dos entrevistados acreditam que os espaços públicos na cidade podem influenciar a relação do homem com o meio urbano e 79% destes, frequentam as praças e os demais espaços da cidade.
Gráfico 01 – Lugares mais frequentados na cidade. Percentual a partir do número de indivíduos. Criado em GoogleDocs. Obra do autor.
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A maior parte dos entrevistados buscam sossego e acreditam que é possível encontrar essa característica na cidade de Jaguaraçu. E para eles, o que mais importa na cidade é uma boa infraestrutura e a cultura, originalidade do lugar.
Gráfico 02 – Características que se busca em uma cidade. Percentual a partir dos itens marcados pelos entrevistados. Criado em GoogleDocs.
Obra do autor.
Gráfico 03 – Características encontradas na cidade de Jaguaraçu. Percentual a partir dos itens marcados pelos entrevistados. Criado em GoogleDocs.
Obra do autor.
Gráfico 04 – Características mais importantes nas cidades. Percentual a partir dos itens marcados pelos entrevistados. Criado em GoogleDocs.
Obra do autor.
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| Análise
A partir dos resultados obtidos, pode se perceber os espaços públicos da cidade por serem mais frequentados necessitam de melhor infraestrutura; item este percebido ainda pelos entrevistados. Ressaltando que a maioria considera a influência destes espaços na vivência do indivíduo. Certeau (s.n., s.l.,1985) percebe: Pensar o direito à cidade nas sociedades contemporâneas significa reconhecer as múltiplas e variáveis relações que produzem o espaço urbano. Assim, uma identidade cultural também está em permanente mutação, não podendo ser considerada como algo uno, coeso e estável (uma essência), mas como um processo, algo que sofre transformações constantes, montando estratégias e táticas cotidianas para a sua sobrevivência.
Quanto a identidade da cidade, muitos descrevem como “características próprias sem alterar o seu teor real”; “conjunto de características que definem um lugar”; “modo de reconhecimento”; “autenticidade”.
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E consideram importante conhecer e reconhecer a
identidade da cidade e/ou determinado lugar para que torne possível a inserção e adaptação no lugar em questão. “Através da identidade, se consegue ter uma visão ampla dos pontos positivos e negativos do lugar, o que importa também para saber lidar com a diversidade do lugar.” 10 A partir do contexto abordado no questionário, o discurso dos entrevistados da população de Jaguaraçu sobre o papel da identidade na cidade aponta para a importância do reconhecimento do lugar, considerando sua história, cultura e características urbanas. Apontam como definição de cidade boa infraestrutura, segurança, saúde, boa administração e desenvolvimento, considerando também a importância da interação e trocas que ocorrem na cidade e seus espaços, como cenário da diversidade, pluralidade. Ou seja, a vivência e experimentação do indivíduo na cidade contribui para uma dinâmica eficaz. Compreender a percepção do indivíduo que interage com a cidade contribui para a intervenção no espaço urbano, não só como forma de reconhecimento da identidade cultural, num contexto histórico, mais também, nas estratégias de se pensar, moldar o espaço. ““As vezes gerenciar uma cidade, não é pensar num projeto e fazer tudo sozinho, é só ativar os queros, tenhos e possos que já estão disponíveis.”” 11
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Respostas obtidas no questionário (em link) realizado pela autora do presente artigo. Autorizadas pelos entrevistados. 10 Resposta obtida no questionário (em link) realizado pela autora do presente artigo. Autorizada pelo entrevistado. 11 Palestra da jornalista Natalia Garcia, responsável pelo projeto “Cidades para pessoas”, no evento TEDx São Paulo, SP, em maio de 2015.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cidade contemporânea, não de modo geral, demonstra homogeneização do espaço urbano, e consequentemente, a identidade local da cidade, que como visto, é fundamental para a transformação do espaço. Os profissionais, como mediadores, intervêm no espaço urbano, em contextos que se divergem, confrontando e reduzindo assim, a identidade urbana de cada lugar. As intervenções, proposições sempre se comparam a características culturais de ambientes urbanos que não se encaixam na realidade da cidade que se intervém. A identidade se relaciona com o reconhecimento do lugar com o indivíduo, o reconhecimento das relações que produzem e moldam o espaço urbano. Como já mencionado, a participação da população faz com que as pessoas sintam como coproprietárias da cidade, se sintam donas da cidade, e essa participação ocorre através da vivência e experimentação do espaço. Através da pesquisa realizada na cidade de Jaguaraçu, se percebe uma percepção considerável dos indivíduos em relação ao espaço urbano, considerando que a identidade urbana, a partir das respostas, se denomina cultural, relativa ao contexto histórico da cidade. As cidades, assim como a identidade, estão em constante processo de transformações, de modo temporal e espacial. Através do reconhecimento e da percepção da população pela cidade, na contribuição com profissionais atuantes, se inicia um processo de desenvolvimento urbano capaz de responder as questões que permeiam a cidade. Ao enfatizar o diálogo urbano-social e estimular a vivência no meio urbano, consequentemente, se direciona para a ressignificação e valorização cultural e urbana.
"“No lugar emerge a vida, pois é aí que se dá a unidade da vida social. Cada sujeito se situa num espaço concreto e real onde se reconhece ou se perde, usufrui e modifica, posto que o lugar tem usos e sentidos em si.“ 12
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Ana Fani Alessandri Carlos, “O lugar: mundialização e fragmentação” no Fim de século e globalização. Hucitec São Paulo, 1993 apud “O lugar no/do mundo”.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBEITO, Ricardo. A bilhardice: projeto de intervenção estético-artística para a cidade do Funchal; Cidade e Identidade. DigitUMa – Repositório Científico Digital da Universidade da Madeira, jan. 2009. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. Lisboa, Portugal: Edições 70 LDA, 1960.
GUATELLI, Igor. Arquitetura dos entre-lugares: sobre a importância do trabalho conceitual. São Paulo, SP: ed. Senac São Paulo, 2012.
SYKES, A. Krista. O campo ampliado da arquitetura. São Paulo, SP: Cosac Naify, 2013.
PERCEPÇÃO e memória da cidade: o Ponto de Cem Réis (1). Chaves, Carolina; Lins, Juliane; Scocuglia, Jovanka Baracuhy Cavalcanti. Revista Arquitextos, São Paulo, SP, ano 06.
CAVALCANTE, Erika P. Gomes. Praça Portugal: a negação da identidade e da memória coletiva pela política cearense. Revista PUCRS, Rio Grande do Sul, 2015.
REFLEXÕES acerca do conceito de identidade. Tilio, Rogerio. Revista Eletrônica do Instituto de Humanidades, [S.l.], vol. 8, 2009.
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PROPOSTA TCC2
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| TCC2 A partir da pesquisa realizada que trata a identidade como fator responsável na transformação do espaço urbano, influenciado pela percepção do homem através da vivência no espaço, a proposta para TCC2 se destina ao planejamento espacial e urbano da cidade de Jaguaraçu. Com o artigo, se percebe a fragilidade no reconhecimento da identidade da cidade de Jaguaraçu e do mesmo modo, há também fragilidade nas características urbanas da cidade, que ainda se vinculam com o contexto histórico da cidade. Assim, o objetivo do TCC2 se baseia na intervenção e propostas arquitetônicas e urbanísticas na cidade, a partir da economia de transformação, de modo sustentável, considerando o que já existe e é específico na/da cidade. No âmbito cultural, Jaguaraçu promove eventos voltados à cultura e economia local, que na maioria das vezes, se realiza nos espaços públicos da cidade; e no âmbito urbanístico, há irregularidades nas características urbanas que a cidade tem e segue. A cidade de Jaguaraçu, atualmente, conta mais ou menos com 2.800 habitantes e cada dia mais a população (urbana e rural) aumenta. Há em processo de aprovação um projeto de Código de Posturas para a cidade, que ainda não foi aprovado na Câmara Municipal, com isso, o intuito é de se propor diretrizes vinculadas ao Código (em processo de liberação para a autora do artigo), a partir da consideração da população e da identidade cultural de Jaguaraçu. Assim, pensar em como e quais intervenções podem ser realizadas na cidade, na intenção de influenciar a dinâmica espacial da cidade, considerando a vitalidade urbana (ressignificação do lugar).
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