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Plano crítico
PÍCAROS BRASILEIROS Regionalismos, estigma e valores no consumo e cinema
ANA BEATRIZ COUTINHO, CAMILA MARTINELLI, JÉSSICA LIMA e MIRELLA ALMEIDA
O texto escolhido para leitura e análise foi “O caipira segundo Mazzaropi”, de Jesana Batista Pereira, contido no livro “Antropologia e Comunicação”. A autora é formada em Ciências Sociais pela UnB (1988), com mestrado em Sociologia pela UFC (1996) e doutorado em Antropologia pela UFPE (2007). Nele, a autora apresenta a vida e obra do artista e apresenta uma perspectiva do ponto de vista antropológico acerca de seus trabalhos realizados ao longo da carreira. Jesana aponta, em especial, a representação do caipira de Amácio Mazzaropi (1912-1981) e sua semelhança com os pícaros dos romances espanhóis do século XVI.
Mas o que seria um pícaro? Segundo o Dicionário Michaelis, é um “Tipo de personagem característico do gênero literário espanhol, que era embusteiro e vivia às custas das classes sociais mais privilegiadas”. Mas Jeca Tatu - o caipira representado por ele, com base num livro de Monteiro Lobato - não é o único personagem que se assemelha com tais características. Aliás, posteriores ou anteriores, há pícaros emblemáticos presentes tanto na literatura quanto no cinema (ou ambos, quando se trata de adaptações). A partir daí, decidimos traçar um paralelo entre o personagem de Mazzaropi e outros dois pícaros que, assim como Jeca, tiveram sua primeira aparição em livros e posteriormente foram representados nas telonas. 2 PLONGÉE NOVEMBRO
Os escolhidos foram João Grilo, de “O Auto da Compadecida” (1955), escrito por Ariano Suassuna; e Leléu, de “Lisbela e O Prisioneiro” (1964), livro de Osman Lins. Ambos foram adaptados para o cinema sob direção de Guel Arraes, e lançados em 2000 e 2003, respectivamente. Aqui, vamos nos ater às características colocadas na representação cinematográfica destas figuras picarescas para estabelecer a tal correlação, considerando que o foco da autora também está voltado ao cinema. Ao final, há ainda a ligação entre este estigma perpetuado nestes personagens picarescos aqui analisados (e outros mais) e o próprio design, considerando que o cinema também é artefato e também está suscetível ao sistema industrial, portanto.
O JECA MAZZAROPI Amácio Amadeu Mazzaropi (19121981) nasceu na capital de São Paulo. Foi ator, produtor, argumentista, cantor, roteirista e diretor de vários dos seus próprios filmes (estrelou 32 filmes, destes, 24 foram produzidos por ele). Porém, iniciou sua carreira no teatro e na TV, e em 1952 estreou no cinema com Sai da Frente, da Vera Cruz. Cria sua própria produtor seis anos depois, a PAM FILMES, e estreia no ano seguinte Jeca Tatu, a primeira aparição de seu mais célebre personagem, baseado no conto Jeca Tatuzinho, de Monteiro Lobato. A autora referencia Nuno César Abreu (2000:367), dizendo que “o Jeca-Mazzaropi é uma síntese audiovisual das formas de representação do caipira [...]: indolente, simples e conformado, mas também astuto, manhoso e valente quando necessário, além de honesto sempre.” Mas à mesma medida, se contrapõe a essas características, pois vive “no liame do contraste entre o mundo moderno-urbano e conservador-rural”. Em seguida, Jesana afirma que o Jeca pode ser considerado um pícaro, trazendo inclusive um “caipira desencantado”, legitimando uma alteridade ao combinar traços conservadores e picardia enquanto resistência cultural, ao passo em que a estrutura social e
suas hierarquias são expostas. Enquanto isso, o personagem também pode ser definido como uma caricatura do caipira, porém ligado à ideia de que ele acompanha as transformações do mundo externo enquanto indústria, cultura e consumo, sem abrir mão de seu contexto e a bagagem que ele lhe atribui. Quando perguntado sobre o cinema novo, após intelectuais o apontarem como alienador e descompromissado social, responde que não tem nada contra ele, mas há uma escolha a ser feita: ou o filme é voltado para intelectuais, que são uma minoria, ou voltado para o público que busca emoções diferentes ao ir ao cinema. Com isso, ele demonstra que confia fortemente em sua “fórmula” de representação do caipira e reconhece que ela de fato funciona para o público. JOÃO GRILO Protagonista d’O Auto da Compadecida e representado por Matheus Nachtergaele, João Grilo é um claro exemplo de “pícaro invencível”. Ao longo do filme, acompanhamos suas peripécias ao lado de seu amigo Chicó, sempre tentando enganar as pessoas ao seu redor para conseguir o que queria. Não importava o quão absurdas suas mentiras fossem, ou o quão complicada a situação parecia após o acúmulo de mentiras, João Grilo sempre conseguia se esquivar das consequências, mesmo que no fim não conseguisse o dinheiro que planejava quando arquitetava seus planos. À medida que os minutos passam, o espectador se prende ao personagem, e passa a se questionar se, dentro de sua situação, seu comportamento 3 PLONGÉE NOVEMBRO
é assim tão condenável: sertanejo pobre e sem sequer um sobrenome próprio, trabalhava quase como escravo para o padeiro e sua esposa. Até o Clero, que em muitas outras obras do gênero servem como representação do “correto”, é corrupto. Esse pensamento é reafirmado ao final do filme quando, após ser morto por um cangaceiro, João Grilo vai a julgamento e tem seu momento de redenção: após pedir ajuda à Compadecida, conseguiu evitar que seus empregadores fossem ao inferno, mas na hora de seu próprio julgamento, assumiu a culpa por seus atos. Maria, quase desesperada para salvar João, afirma que “a defesa do pobre é a inteligência”, e que ele havia mentido e enganado para sobreviver. Desta forma, João Grilo, chegando ao ápice de sua condição de pícaro invencível, recebe uma segunda chance e ressuscita. O filme acaba, então, com João, Chicó e Rosinha - noiva de Chicó - sem dinheiro e perspectiva alguma, mas os mesmos estão felizes e conformados com isso. Esse tipo de
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final é também presente nos filmes do Jeca-Tatu de Mazzaropi, onde os protagonistas afirmam que “nossa miséria é a miséria mais linda do mundo”. LELÉU Um dos protagonistas de “Lisbela e O Prisioneiro”, Leléu é, sem sombra de dúvida, “uma mescla de ‘príncipe’ e trapaceiro de marca maior” (BUENO, 2009). O personagem, representado por Selton Mello, demonstra isso por suas maneiras de seguir a vida, criando personagens e dando golpes pelas cidades por onde passa para poder sobreviver. Recorre sempre ao “jeitinho brasileiro”, tentando manipular e corromper quem estiver um patamar acima na hierarquia social, utilizando sua inteligência e esperteza para conseguir o que quer. Em suas andanças, apaixona-se por Lisbela, e o sentimento é recíproco. Mas o pai dela é delegado (uma autoridade) e está noiva de Douglas (que representa a modernidade), um homem nascido naquela cidade, mas que viajou para o Rio de Janeiro e trouxe
dela o ethos e o sotaque, e tenta impor sua vontade por meio desses trejeitos. Banca “o certinho”, mas se mostra malandro ao contratar um matador de aluguel, Frederico Evandro, para eliminar Leléu. O papel desse personagem durante a trama é construído de forma direta e indireta, a primeira pela suas próprias ações, devido ao seu comportamento fora dos padrões sociais e sua índole equivocada; e a segunda com relação aos próprios personagens que esse relaciona-se durante a trama. Osmar lins coloca leléu no papel de um “herói ao contrário”, a sua típica imagem do estereótipo do brasileiro, apesar de o cenário ser o nordeste suas características são de um malandro carioca o que facilita sua compreensão por parte do público em geral, mesma ideia usada por Mário de Andrade em Macunaíma.
Um dos protagonistas de “Lisbela e O Prisioneiro”, Leléu é, sem sombra de dúvida, “uma mescla de ‘príncipe’ e trapaceiro de marca maior. Porém para enxergar Leléu como herói o autor cria um uma situação de oposições durante a trama como forma de reafirmar certas características. Isso é construído através de personagens que funcionam como uma imagens de autoridade. Como o coronel, e o Dr. Douglas. propositalmente esses cercam Lisbela, a qual viria a ser o grande amor de Leléu. São através de diálogos entre esse grupo que a imagem de Leléu é “consertada” para o público. Diálogos de autoridade expressos por esses personagens são contrapostos pelo malandro com relação a Lisbela, colocando-o no papel de herói.
O ESTIGMA DO CINEMA PICARESCO E O DESIGN Como pôde ser notado ao longo deste comparativo, por mais que as representações sejam de épocas e contextos diferentes, há diversas similaridades entre os três exemplos de pícaros citados, e essa “fórmula” se perpetua dos anos 1950 até os dias atuais. A prova disso é que, ao realizar as adaptações das duas obras, que são contemporâneas aos filmes de Mazzaropi, esse humor poderia ter sido proposto de outra forma. Mas ele ainda recorre, em diversos aspectos, à representação picaresca colocada por Amácio em seus filmes, seu contraste frente à modernidade, e o relato da hierarquia social e o sistema que permeia o caipira, e a contraposição a isso mesmo que de forma discreta. Assim como cinema, o design e a antropologia discutem representações. No design, podemos ver construções de personas, importante etapa de algumas metodologias. O caipira de Mazzaropi acaba se tornando um estereótipo para agradar ao público, visando mais lucro: sua representação não é totalmente fiel à complexidade psicológica e às peculiaridades do caipira real; pois este provavelmente não cativaria o público da mesma forma. João Grilo, por ser um personagem de um autor nordestino, é um pouco mais próximo da realidade, mas ainda mantém muitas caricaturas e estereótipos no intuito de preservar o teor cômico da obra e atribuir a essa um caráter mais universal. Pode-se então fazer relação com o texto “O Luxo do Povo e o Povo do Luxo: consumo e valor em diferentes esferas sociais no Brasil”, de Débora Krischke Leitão e Rosana Pinheiro Machado, in Antropologia e Consumo: diálogos entre Brasil e Argentina (2006), ao relatar a moldagem da cultura popular para atrair a elite e vice-versa. Notam-se várias modificações na representação do caipira para atrair mais público, tornando-o caricato. É uma manifestação cultural ligada às mudanças da sociedade em desenvolvimento, e ao mesmo tempo, uma fórmula eficaz. 5 PLONGÉE NOVEMBRO
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Filme do mês
O DESAFIO DA MAIOR EQUIPE DE SUPER-HERÓIS DO MUNDO
O filme de super-heróis mais esperado do ano de 2017 foi sem dúvidas A Liga da Justiça. E não seria exagero dizer que se trata do filme de super-heróis mais esperado de todos os tempos. Quando a Marvel trouxe o filme dos Vingadores em 2012, pode-se dizer que esse tipo de filme vem se tornando uma classe própria, se desvinculando do gênero da ação. Contudo, os Vingadores não eram uma equipe tão famosa quando é a Liga da Justiça, que sempre foi bastante conhecida pelos quadrinhos e, principalmente, pelas animações. Todo esse cenário Por esse motivo, a Plongée achou justo escolher este filme como filme do mês para podermos fazer uma imersão e ver seus resultados ao redor do mundo.
Sinopse oficial:
Impulsionado pela restauração de sua fé na humanidade e inspirado pelo ato altruísta do Superman (Henry Cavill), Bruce Wayne (Ben Affleck) convoca sua nova aliada Diana Prince (Gal Gadot) para o combate contra um inimigo ainda maior, recém-despertado. Juntos, Batman e Mulher-Maravilha buscam e recrutam com agilidade um time de meta-humanos, mas mesmo com a formação da liga de heróis sem precedentes - Batman, Mulher-Maraviha, Aquaman (Jason Momoa), Cyborg (Ray Fisher) e The Flash (Ezra Miller) -, poderá ser tarde demais para salvar o planeta de um catastrófico ataque.
Ficha técnica: Título - Justice League (Original) Ano de Produção - 2017 Direção - Zack Snyder Estreia - 15 de Novembro de 2017 (Brasil)/17 de Novembro (Mundial)
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Duração - 119 minutos Classificação - 12 | Não recomendado para menores de 12 anos Gênero - Ação, Aventura, Ficção Científica País de Origem - Estados Unidos da América
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L
iga da Justiça é um filme como qualquer outro de super-heróis, mas carrega consigo a grande responsabilidade de cumprir às altas expectativas do público, que aguarda por essa adaptação cinematográfica há um longo tempo. Essa responsabilidade maior é que faz o filme ser diferente dos demais e que o torna mais vulnerável a avaliações negativas. Com um grande potencial de ser o maior filme de super-heróis de todos os tempos, Liga da Justiça se perde no meio do caminho e acaba se tornando apenas mais um filme do gênero. O início do filme, seguindo à risca as funções do primeiro ato, nos apresenta a todos os heróis da trama, explicando brevemente suas histórias e as relações com os outros personagens. Todos são tratados da mesma forma, seja os personagens que já apareceram em outros filmes do universo, como o Batman; os que, além disso, tiveram seu próprio filme solo, como a Mulher Maravilha; os que fizeram pontas em mais de um filme precedente, como o Flash; ou os que só haviam aparecido brevemente em vídeos de baixa qualidade dentro do contexto do filme Batman vs Superman: a Origem da Justiça, como o Aquaman e o Cyborg. Tratar todos eles da mesma forma inicialmente é o ideal pois funciona com os espectadores que não assistiram a nenhum filme anterior do Universo Cinematográfico da DC (DCU) e funciona com os fãs que já dispensam apresentação dos personagens.
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Por falar no controverso Batman vs Superman, esse filme da Liga consegue deixar ainda mais claro que a função daquele era apenas ser um pilar para a construção de todo o universo estendido, apresentando os personagens e cenários futuros. Como é sempre válida a comparação, as formas como a Marvel e a DC constroem seus universos é bastante diferente. Enquanto a Marvel deixa claras todas as etapas do início da construção até o ponto de chegada, a DC nos faz conhecer o processo ao longo do próprio processo. Essa diferença entre os dois universos enriquece nossas experiências, nos fazendo experimentar diferentes sensações e evitando que caiamos na saturação. O primeiro ato e grande parte do segundo ato são excepcionais. A Warner traz as melhores características de seus filmes da DC em um nível extremamente alto. As cenas de ação de grandes grupos, a exemplo do embate entre as amazonas de Themyscira contra o vilão Lobo da Estepe, e alguns diálogos com frases de efeito que dão aos personagens a grandeza que eles merecem e o visual do filme, que remete bastante aos quadrinhos, são esses pontos fortes. Assim como no filme da Mulher-Maravilha, as cenas de ação envolvendo as amazonas são coisas belas de se ver. A direção trabalha muito bem ao fazê-las combater lado a lado e encontram soluções muito criativas que tornam a cena bem coreografada e empolgante. É numa cena com elas em que o vilão é apresentado. Sua primeira aparição (que é bastante grandiosa e imponente, diga-se de passagem) ocorre em Themyscira e faz esperarmos um
Lobo da Estepe bastante poderoso ao longo de todo o filme. Os principais personagens são muito construídos pelos diálogos que eles têm, seja quando estão vestindo seus trajes ou não. A Mulher-Maravilha, por exemplo, se mostra bastante forte e inteligente ao se rebelar contra algumas falas de outros personagens, como quando o Bruce Wayne (Batman) fala da morte do seu amado Steve, e ao se mostrar com todo o controle da situação, ao conversar com o Cyborg através de uma tela de computador. O Batman se mostra bastante maduro, cansado e determinado aos expor suas cicatrizes. O Cyborg mostra toda a sua tristeza ao falar de sua dor. O Aquaman prova sua bondade e coragem ao falar ou, até mesmo, ficar calado. E, por fim, o Flash nos passa todo o seu bom humor e inexperiência ao se mostrar impressionado com tudo ao seu redor ou ao apenas ouvir k-pop em seu recinto. Mas ele também se mostra muito maduro ao conversar com seu pai, que está preso. O Barry Allen (Flash) é um dos “novos” personagens que tem mais sorte em conseguir ser tratado com profundidade e em cativar o público. O Aquaman e o Cyborg ainda são tratados de maneira um pouco vazia e é difícil sentir alguma preocupação maior com eles. Outra ótima característica que permeia todos os minutos do filme é o visual, que é bastante semelhante aos quadrinhos e já é um ponto forte nos demais filmes do DCU. A ambientação geralmente parece pouco real, o que seria um problema técnico se esta não fosse a proposta, porém ela nos faz enxergar páginas
de quadrinhos ganhando vida. Os enquadramentos do filme lembram alguns enquadramentos típicos das hqs, além de fazer algumas
referências diretas a eles e também às animações. Fica claro que esta é a proposta do filme quando seu material de divulgação continha, por exemplo, posters inspirados nas ilustrações de Alex Ross, um incrível ilustrador que fez artes icônicas para a DC Comics.
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Porém, o fato de a primeira metade do filme ser tão boa, nos faz esperar que o filme mantenha o mesmo nível até o último minuto. Mas com o passar do tempo, ele vai perdendo alguns desses pontos positivos. O momento em que se pode dividir esse lado bom e ruim é basicamente quando o Superman retorna. Após retornar, há uma sequência de luta que certamente ficará marcada por muitos anos por ser fenomenal, mas que infelizmente é a última de destaque no filme. A partir daí, eles caminham para o clímax e a resolução do problema e o filme começa a se tornar um pouco genérico, perdendo um pouco da identidade que a DC tinha de ser mais sombria e séria. O humor inserido, a forma como o problema é resolvido e as consequências das ações do vilão são realizadas de uma forma que o filme ganha um ar de episódico, perdendo a grandiosidade que deveria carregar. Definitivamente foi uma tentativa de corrigir o problema da megalomania do terceiro ato criticada em todos os filmes anteriores. Uma correção válida, mas mal executada, pois,
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apesar de não se tornar algo exagerado, fez o terceiro ato e o clímax (o que deve ser o ponto alto do filme e o mais importante) ficarem fracos se comparados aos outros atos. A luta final não tem nada muito especial e momentos altos como quando o Superman usa seu sopro gelado são mal dirigidos e passam batidos por não parecerem tão especiais quanto deveriam ser. Os cidadãos envolvidos na catástrofe do fim não parecem sentir o efeito das adversidades ao seu redor e não conseguem cumprir sua função, que é fazer com que nós, pessoas normais e sem poderes, nos identifiquemos com a situação. O vilão que teve uma primeira aparição incrível se mostra extremamente genérico e seu propósito é bastante raso. Inclusive a explicação para o seu retorno À Terra, que ocorre devido ao falecimento do Superman, deixa brechas no roteiro, pois ignora o fato de que já houve um período de séculos em que a Terra não tinha nenhum Kryptoniano para protegê-la. Aliás, ele se mostra completamente dependente de sua arma ao fim do filme e em momento algum
é explicada a tamanha importância que ela tem para ele. Além disso, o filme entra em alguns problemas de continuidade. Um exemplo disso é o puro service onde o Superman, que estava de terno, aparece sem camisa após ser revivido e não há nenhuma explicação física para que isso tenha acontecido. Se ao menos suas roupas estivessem rasgadas, seria aceitável. Mas completamente retiradas? Outro exemplo é a capa da rainha Hipólita, que não fica presa quando uma pedra a prende no chão e Caixas Maternas que conseguem ser arremessadas por flechas a longas distâncias como se fossem de papel. E há também alguns problemas de caráter social no filme envolvendo machismo, por exemplo. Além da mudança polêmica nos trajes das amazonas, que são maiores no filme da Mulher-Maravilha - dirigido por uma mulher, Patty Jenkins - e mais curtos neste filme - dirigido por um homem, Zack Snyder -, há também a forma como a Diana Prince (Mulher-Maravilha), única mulher da equipe, é tratada. Foram feitas piadas de caráter erótico entre ela e exatamente todos os outros membros da equipe. Ela perde sua força ao ser constantemente tratada como um objeto cobiçado com quem todos querem ter um encontro e ao ser lembrada geralmente por sua beleza e não
por sua força. Até a inocente cena em que o Flash cai por cima dela incomoda. E esse incômodo todo pode parecer exagerado, mas é apenas porque aconteceu menos de seis meses depois do período em que o filme solo da Mulher-Maravilha começou a ser cultuado por ser um grande ato feminista, principalmente no universo Geek. Em resumo, o filme da Liga da Justiça é um bom filme, onde conseguimos apostar que é o melhor filme do gênero em seus atos iniciais, mas que se perde ao longo de seus minutos de duração e acaba não correspondendo às expectativas que carregava. Dessa forma, perdendo a oportunidade de ser autêntico e se diluindo em meio às famosas fórmulas de filmes de super-heróis.
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Lançamentos
DEZEMBRO 2017
Dezembro, como último mês do ano, é considerado como o ponto mais próximo da linha de chegada para os concorrentes do Oscar, sendo assim mês de lançamento de filmes como Visage Villages, vencedor de prêmios europeus, em território brasileiro e de lançamento de grandes blockbusters com colossal pontencial de bilheteria ao redor do mundo, como Star Wars: Os Últimos Jedis. Além disso, Dezembro também no traz diversos filmes com temáticas natalinas e alguns ótimos filmes brasileiros, principalmente do gênero comédia. Todas essas obras que irão dar as caras nas nossas telonas no próximo mês podem ser vistas a seguir:
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07 Perfeita é a mãe 2 Amy (Mila Kunis), Kiki (Kristen Bell) e Carla (Kathryn Hahn) estão sobrecarregadas e precisam lidar com o stress familiar durante a época de Natal. Tudo piora ainda mais com a visita de suas respectivas mães. Será que elas conseguirão jogar tudo para o alto novamente? Gênero: Comédia | Direção: Jon Lucas, Scott Moore
O Extraordinário Adaptação do best seller “Extraordinário”, de R.J. Palacio, o filme traz Jacob Tremblay na pele de um menino com o rosto deformado, que precisa se encaixar numa nova escola e ensinar seus colegas a aceitá-lo. Com Julia Roberts e Owen Wilson. Gênero: Drama | Diretor: Stephen Chbosky
Visages, Villages O documentário retrata uma experiência fotográfica e cinematográfica de Agnès Varda, cineasta, e JR, fotógrafo. Juntos, eles viajam por algumas regiões da França, bem longe dos centros urbados, com um caminhão que captura imagens de forma mágica. Gênero: Documentário | Diretor: Agnès Varda, JR 15 PLONGÉE NOVEMBRO
Encantados Zeneida (Carolina Oliveira) é filha de um importante político do Pará. Quando ela conhece Caruana, uma figura encantada, ela começa a viver uma aventura ao mesmo tempo em que começa a entrar em um grande conflito com sua família. Gênero: Fantasia | Direção: Tizuka Yamasaki
Apenas um garoto em Nova York O jovem Thomas (Callum Turner) descobre que seu pai (Pierce Brosnan) está tendo um caso. Ele até tenta impedir que essa situação continue, mas também acaba se envolvendo com Johanna (Kate Beckinsale), a amante. Gênero: Drama | Diretor: Marc Webb
Lucky Depois de fumar por muito tempo, o velho ateu Lucky (Harry Dean Stanton), de 90 anos, está no fim de seus dias. Vivendo em uma cidade no deserto, ele inicia sua última atividade antes de partir: se autoexplorar para enfim encontrar iluminação. Gênero: Drama | Direção: Jonh Caroll Lynch
Duda e os Gnomos Liam e sua mãe Catherine estão de mudança novamente. Uma nova vida os espera na casa da Tia Sylvia, que é rodeada por estranhos gnomos. Com o tempo, Liam percebe que na verdade eles podem não estar sozinhos e uma grande amizade surgirá entre Liam e os gnomos, que tem um propósito: proteger a casa dos trolls. Gênero: Animação | Diretor: Peter Lepeniotis 16 PLONGÉE NOVEMBRO
Corpo Delito O documentário cearense aborda a questão da imagem e o crime. Para isso, o filme acompanha a rotina de Ivan, um homem inconformado, pois mesmo depois de ganhar o direito de sair da cadeia, continua preso a uma tornozeleira eletrônica. Gênero: Documentário | Direção: Pedro Rocha
Altas Expectativas Décio (Gigante Léo), um treinador que trabalha no Jockey Club Brasileiro, se apaixona por uma herdeira de um empreendimento endividado. Tímido, ele acaba sendo convencido por amigos a se aproximar da melancólica moça, a ensinando a sorrir. Gênero: Comédia Dramática Direção: Pedro Antônio, Álvaro Campos
Em busca de Fellini Lucy (Ksenia Solo), que pouco sai de casa e dedica a maior parte do tempo a rever clássicos do diretor Federico Fellini, faz uma viagem de autodescoberta à Itália, onde ela visita cenários de seus filmes favoritos e descobre o amor. Gênero: Drama | Direção: Taron Lexton
No Limite Andrew (Scott Eastwood) e Garrett Foster (Freddie Thorp) são dois irmãos que ganham a vida roubando carros de luxo. Quando são contratados para roubar uma raridade no sul da França, eles nem imaginam que o dono do veículo, Jacomo Morier (Simon Abkarian), é um mafioso perigoso. Gênero: Ação | Diretor: Antonio Negret 17 PLONGÉE NOVEMBRO
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Star Wars: Os Últimos Jedis Após encontrar o mítico e recluso Luke Skywalker (Mark Hammil) em uma ilha isolada, a jovem Rey (Daisy Ridley) busca entender o balanço da Força a partir dos ensinamentos do mestre jedi. Paralelamente, o Primeiro Império de Kylo Ren (Adam Driver) se reorganiza para enfrentar a Aliança Rebelde. Gênero: Ficção Científica, Ação | Direção: Rian Johnson
Professor Marston e as Mulheres-Maravilha A não-convencional vida de Wiliam Marston (Luke Evans), psicólogo e inventor de Harvard que ajudou a tornar real o Detector de Mentiras e que também criou a Mulher-Maravilha, personagem dos quadrinhos, em 1941. Marston mantinha uma relação polígama envolvendo sua esposa Elizabeth Marston (Rebecca Hall), psicóloga e inventora, e Olive Byrne (Bella Heathcote), uma ex-aluna que virou acadêmica. Essa relação e os ideais feministas das duas mulheres foram essenciais para a criação da personagem. Gênero: Drama, Biografia | Diretor: Angela Robinson 18 PLONGÉE NOVEMBRO
Mulheres Divinas Suíça, 1971. A jovem dona de casa Nora (Marie Leuenberger) tinha uma vida tranquila até ser afetada com as grandes revoltas sociais e o movimento de 1968, onde Nora começa a fazer campanha pelo direito de voto das mulheres. Gênero: Drama, Comédia Direção: Petra Biondina Volpe
Assim é a Vida Max (Jean-Pierre Bacri), um organizador de eventos por trinta anos, está prestes a realizar um grande casamento em um castelo do século XVII. Mas o que ele não imaginava era que algumas coisas sairiam do controle. Gênero: Comédia Diretor: Eric Todelano, Olivier Nakache
Cora Coralina - Todas as Vidas Esta é a história da escritora e poeta brasileira Cora Coralina, uma mulher que trabalhou como doceira durante quase toda sua vida, apenas publicando seu primeiro livro aos 75 anos de idade. Gênero: Biografia, Documentário Direção: Renato Barbieri
O Poder e o Impossível O jovem e rebelde Eric (Josh Hartnett) é um atleta de snowboard, que acaba preso numa estação de esqui devido a uma grande tempestade de neve. Isolado, ele precisa fazer de tudo para sair dessa situação. Gênero: Aventura, Drama | Direção: Scott Waugh 19 PLONGÉE NOVEMBRO
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Suburbicon: Bem-Vindos ao Paraíso O mistério de um crime durante a década de 50, onde o melhor e o pior da humanidade é refletido através dos atos de pessoas comuns. Quando uma invasão de domícilio se torna mortal, uma família de imagem perfeita se submete à chantagem, vingança e traição. Gênero: Policial | Direção: George Clooney
Submersão Danielle (Alicia Vikander) é uma exploradora do oceano que descobre um novo desafio: uma terrível, porém pioneira, descida ao abismo Ártico. James (James McAvoy) é um empreiteiro acusado de ser um espião e interrogado por jihadistas africanos que irá se unir à moça para ajudá-la em sua missão. Gênero: Suspense | Diretor: Wim Wenders
O que nos liga Depois de 10 anos Jean (Pio Marmaï) volta para sua cidade natal para ver seu pai que está doente. Lá ele volta a se reunir com sua irmã Juliette (Ana Girardot) e seu irmão Jérémie (François Civil), com quem precisa reconstruir a relação e voltar a ser de fato uma família. Gênero: Drama, Comédia Direção: Cédric Kaplisch
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Jovem Mulher Paula (Laetitia Dosch) decidiu seguir seu companheiro até Paris, após longa ausência. No local, ela acaba sendo deixada por ele após 10 anos de relacionamento, mas decide permanecer na cidade e ser engolida por ela, aproveitando tudo que for possível. Mas sua solidão e encontros fugazes acabam fazendo ela repensar as certezas que possuía. Gênero: Comédia | Direção: Léonor Serraille
As Aventuras de Tadeo 2: O Segredo do Rei Midas Tadeo, pedreiro e aspirante a arqueólogo, descobre que o colar do rei Midas, que transformava tudo que tocava em ouro, existiu de verdade. Ele logo sai numa jornada rumo a Los Angeles. Mas um problema surge quando Sara, uma de suas amigas, desaparece misteriosamente. Gênero: Animação | Diretor: Enrique Gato
O que nos liga Numa dualidade entre o dormir e o acordar, dois jovens que não se conhecem têm sonhos exatamente iguais, e acabam se encontrando diariamente todas as noites nesse mundo paralelo de fantasia. Quando chega a hora de se encontrarem de verdade, a situação se mostra ainda mais complexa. Gênero: Drama | Direção: Ildiko Enyedi
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O Rei do Show
A história de P.T. Barnum (Hugh Jackman), showman empreendedor conhecido como “Príncipe das falcatruas”. Entre suas criações estão um museu de curiosidades e um circo próprio, em que eram apresentados animais, freaks e fraudes de todo tipo. Lá ele inventou o “O Maior Espetáculo da Terra”, em cartaz até hoje no Ringling Bros. and Barnum & Bailey Circus. Gênero: Musical, Drama, Biografia Direção: Michael Gracey
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Roda Gigante A atriz Ginny (Kate Winslet), casada com Humpty (James Belushi), acaba se apaixonando pelo salva-vidas Mickey (Justin Timberlake). Mas quando sua enteada, Carolina (Juno Temple), também cai de amores pelo rei da praia, as duas começam uma forte concorrência. Gênero: Drama | Direção: Woody Allen
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Fala sério, mãe! Ângela Cristina (Ingrid Guimarães), mãe de Malu (Larissa Manoela), está tendo a experiência de guiar sua filha durante uma das fases mais complicadas da vida. Malu, por outro lado, sofre com os cuidados excessivos e com o jeito conservador da mãe. Gênero: Comédia Direção: Pedro Vasconcelos, André Carreiras
A Origem do Dragão Bruce Lee (Philip Ng), célebre lutador de artes marciais, e seu rival, o mestre de Kung Fu Wong Jack Man (Yu Xia), tentam resolver suas desavenças e divergências em uma luta sem regras. Depois desse evento, os dois ainda se unem para lutar contra a máfia chinesa em São Francisco. Gênero: Ação, Biografia | Diretor: George Nolfi
Bye Bye Jaqueline Jaqueline (Poliana Oliveira), uma jovem de 16 anos, é bolsista em um colégio particular e passa seus dias dividida entre os estudos e as complicações amorosas com outros colegas de classe. Gênero: Comédia | Direção: Anderson Simão
O Jovem Karl Marx Aos 26 anos, Karl Marx (August Diehl) embarca para o exílio e conhece Friedrich Engels (Stefan Konarske). Entre a censura, os tumultos e as repressões políticas, eles liderarão o movimento operário em meio a era moderna. Gênero: Drama, Biografia | Direção: Raoul Peck 23 PLONGÉE NOVEMBRO
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