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BORBOLETAS DE MINHA ALMA

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NEUROCIÊNCIA

NEUROCIÊNCIA

Diálogo entre ciências e artes: da obra de Ramon & Cajal à poética de Sônia Paiva

Pesquisando labirintos, me deparei, no livro Cajal’s Butterflies of the Soul, com os desenhos de neurônios de Ramon Y Cajal - conhecido como pai da neurociência moderna - fiquei maravilhada! Os desenhos me levaram para um mundo de belezas microscópicas, que ele enfatizava ao dizer que não representavam algo estático e sim a vida em movimento. Sua visão de que um bom desenho é um “fragmento da realidade” me tocou profundamente. Comparei o funcionamento do cérebro com o sistema hipermidiático de comunicação em rede, com a ideia de que o meu vocabulário pictórico era base para uma grande narrativa rizomáticas.

Fiz então, uma leitura direta, misturando os desenhos de Cajal e de outros cientistas/artistas, com os meus.

Esta mistura resultou na série “Borboletas de minha alma”, onde inicialmente, mesclei os desenhos de neurônios de Cajal e os desenhos da fase colorida de vasos cerebrais de Cerlett, fundindo-os com o vocabulário da minha poética. Desta forma a Gordinha Alice, minha personagem principal,livre e louca - chamou outros personagens para esta trama: seus dois amantes , o Sapo, o Espião, o olho, a poltrona e a boia, para interagirem com os neurônios.

“Borboletas de minha alma” é uma homenagem aos cientistas/artistas do século XIX, que abriram as portas de nosso conhecimento sobre a massa cinzenta ( como o cérebro era visto), para a visão multidimensionada do sec XXI, das funções neurológicas , e a importância dos neurônios, para um maior entendimento desta máquina milagrosa que é o corpo humano. ( Sônia Paiva)

NARRATIVAS ERRANTES:

UMA POÉTICA DA FRAGMENTAÇÃO

Como parte das investigações realizadas para seu doutorado, Sônia Paiva realiza a ideia de que sua obra é uma “galeria digital aberta”.

No período de seu mestrado, ela digitalizou grande parte de seus desenhos e pinturas, e com isso pode ver sua obra como um todo, composto de partes intercambiáveis. Viu sua obra como um jogo de narrativas infinitas que pode ser montado de diversas formas em vários meios.

Para reconfigurar o olhar de sua própria obra, a artista investiga o patchwork e fica maravilhada com a descoberta de culturas distintas, em todo mundo, em diferentes épocas, que desenvolveram e desenvolvem até hoje a mesma tradição – de juntar fragmentos – aproveitar os pedaços que estavam “perdidos” para restabelecê-los em um novo todo e os transportar para diferentes suportes.

Como forma de materialização dessas investigações teóricas e técnicas para o doutorado, a artista desenvolveu obras expressas em objetos. Este trabalho apresentado aqui é uma parte das investigações em pintura em porcelana, que já faz parte de seu vocabulário artístico desde os anos 90, onde a ideia do patchwork em tecido é transportada para a colagem de decalques na porcelana.

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