NEUROCIENCIA NO AMBIENTE DE TRABALHO

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NO AMBIENTE DE TRABALHO

NEUROCIÊNCIA

PONTIFICA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS CORAÇÃO EUCARÍSTICO

02-23 LUANA DIAS PESSOA DE ALMEIDA


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SUMÁRIO 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.

PAPEL DA ARQUITETURA .....................................................05 O TRABALHO DURANTE A HISTÓRIA ................................. 06 O AMBIENTE DO TRABALHO ............................................... 12 A NEUROARQUITERUA ........................................................ 14 A METODOLOGIA .................................................................. 15 ESCRITÓRIOS HUMANIZADOS ........................................... 20 ESTUDOS DE CASO ............................................................ 32

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ESCOPO DESENVOLVIDO NA DISCIPLINA DE ESTUDOS PREPARATÓRIOS PARA O TRABALHO DE CURSO DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO DA PONTÍFICA UNIVERSIDADE CATÓLICA (PUC).

PROFESSORA: MARINA BORGES

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PAPEL DA ARQUITETURA Já ouviu falar em neuroarquitetura? Como seriam os espaços se os arquitetos projetassem os edifícios baseados nas emoções, na cura e na felicidade do usuário? Hospitais que ajudam na recuperação do paciente, escolas que estimulam a criatividade e os escritórios e ambientes de trabalho que deixam os trabalhadores mais concentrados...

Por mais novo que seja o Dito isso, nesse trabalho, termo “neuroarquitetura” , será analisado seu significado é algo já antes pensado na o papel da arquitetura na promoção da eficiência e arquitetura: Projetar ambientes eficientes do conforto em baseados não apenas em escritórios corporativos. parâmetros técnicos de legislação, ergonomia e conforto ambiental, mas também em índices subjetivos como emoção, felicidade e bem-estar.

"Eu não acho que a arquitetura é apenas sobre o abrigo, é apenas sobre um recinto muito simples. Deve ser capaz de excitar você, para acalmá-lo, para fazer você pensar." Hadid, Zaha

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O TRABALHO DURANTE A HISTÓRIA

“O trabalho não é a satisfação de uma necessidade, mas apenas um meio para satisfazer outras necessidades.” (Karl Marx)

O trabalho é considerado, toda ação humana que transforma objetos e processos, gerando instrumentos com uma finalidade. Essa transformação sofreu, ao longo do tempo, uma série de modificações e evoluções, culminando na contemporaneidade.

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Presente na sociedade desde a pré-história, segundo Martins (2000, p.168) a palavra trabalho vem “do latim "tripalium" que era uma espécie de instrumento de tortura ou uma canga que pesava sobre os animais.” Veschi (2019), e Bastos, Pinho e Costa (1995) fazem a mesma consideração acerca da origem da palavra trabalho, como sendo um objeto romano de tortura e castigo, no qual eram supliciados os escravos e os presos.

É possível ver isso na sociedade em que vivemos hoje. Visto que não é difícil encontrar alguém se queixando de ter que trabalhar. E esse trabalho cansativo e alienante, que nos vê como máquinas ou parte de um sistema, é muito bem representado no filme “Charlie Chaplin – Tempos modernos”

Foto (01):Objeto de tortura conhecido como tripalium. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Trip%C3%A1lio Foto (02): Filme Charles Chaplin tempos modernos Fonte: https://ensinarhistoria.com.br/tempos-modernos-ainda-tao-atual/

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É possível ver isso na sociedade em que vivemos hoje. Visto que não é difícil encontrar alguém se queixando de ter que trabalhar. E esse trabalho cansativo e alienante, que nos vê como máquinas ou parte de um sistema, é muito bem representado no filme “Charlie Chaplin – Tempos modernos” Foto (02)

A pré-história, é possível ver 2 períodos marcantes: O período da “pedra lascada” e o da “pedra polida”. Neste intervalo que se registram as artes rupestres, esculturas e pequenas ferramentas obtidas pela quebra de pedras. Essas seriam usadas para fazer ferramentas, armas e artefatos. Dessa forma, pode-se considerar que as primeiras ações humanas relacionadas a transformação da realidade, também são os primeiros trabalhos.

Já na época da escravidão, temos relações de poder bem definidas. Quem detinha o poder eram os senhores de escravos que, por sua vez, faziam os mais diversos tipos de trabalho.Esses escravos viviam sobre péssimas condições e sofriam os mais diversos tipos de tortura, um exemplo são as famosas chibatadas, que deram nome à uma revolta muito famosa no ano de 1910, a Revolta da Chibata.

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Foto (01):Objeto de tortura conhecido como tripalium. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Trip%C3%A1lio Foto (02): Filme Charles Chaplin tempos modernos Fonte: https://ensinarhistoria.com.br/tempos-modernos-ainda-tao-atual/

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Enquanto na Europa esse tipo de trabalho se manteve até ofim do Império Romano, com as ocupações bárbaras e o início do feudalismo, no Brasil a escravidão esteve presente na colonização e em toda a duração do império, sendo considerada ilegal, a partir do dia 13 de maio de 1888. Mas, possui resquícios e reverbera até os dias atuais na sociedade. Quando a escravidão passou a perder forças na idade média, a servidão passou a ocupar seu lugar, a igreja católica ganhou destaque e as condições de trabalho não eram muito divergentes da forma de trabalho tratada anteriormente. A única diferença, aparente, era um pedaço de papel que colocava o escravo como objeto e que poderia ser vendido, trocado ou negociado.

Dessa perspectiva e, seguindo uma ordem cronológica, o sistema capitalista entra em vigor no final da idade média com as chamadas “Cruzadas”.

Europa intensificava o comércio marítimo por meio das “Grandes Navegações”, o que incentivava a importação de produtos do Oriente para a venda a taxas de lucro altíssimas. Dessa forma, países como Espanha, Portugal e Inglaterra se beneficiaram muito.

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“O Brasil, último país a acabar com a escravidão tem uma perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso.” DARCY RIBEIRO

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E foi com esse crescimento político e econômico da burguesia que a Europa viu surgir as grandes indústrias no período da chamada, Revolução Industrial. Marcando a transição do modo de produção artesanal para a maquinofatura, através da atividade industrial mecanizada.

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Dessa forma, o trabalho foi divido em mais tarefas. Assim, a matéria deveria passar por várias “mãos” antes de chegar ao produto final. O que mais chama atenção nessa época de evolução na indústria, são as condições de trabalho que os proletariados eram submetidos. Industrias insalubres, jornadas de trabalho que chegavam a 80 horas semanais, salários baixos para os homens e, inferiores para mulheres e crianças que faziam o mesmo trabalho em horas exorbitantes. Com o passar do tempo e a implementação das leis trabalhistas, no século XX, era comum encontrarmos pessoas que estavam em uma mesma empresa por 20,30 anos, já que o ideal ao tempo era a fidelidade à uma mesma empresa. Isso era e, continua sendo para os mais velhos, motivo de orgulho.

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Já no século XXI, a classe trabalhadora, tende a não se importar de possuir mais de um emprego durante a carreira, mais de uma área de atuação, ou de pular de uma empresa para outra.As motivações são mais ligadas à satisfação, novos desafios e processos dinâmicos. Outro ponto importante dessa geração é a proximidade da vida laboral com a vida pessoal, diferente das outras gerações que, possuíam praticamente um abismo entre ambas.

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Apesar, das condições de trabalho evoluírem, o número de horas que as pessoas, seja hoje em dia ou há 50 anos atras, passam em um mesmo ambiente de trabalho é surpreendente. Fazendo um cálculo simples, tomando como base um trabalho com carga horaria de 40horas semanais, o resultado é cerca de 2.000 horas em um mesmo local. Essa condição gera consequências sobre a saúde mental do usuário visto que, o impacto desses ambientes est[a diretamente relacionado ao tempo de permanência nos mesmos. Ou seja, quanto mais tempo alguém ficar em um espaço, mais ele pode afeta-la.E, é esse bem estar no meio laboral que será explorado aqui.

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O AMBIENTE DE TRABALHO

Os ambientes de trabalho sofreram grandes influências durante e depois da Revolução industrial. Dessa forma a lógica do escritório era criada para facilitar o sistema de produção da empresa, visando o aumento da quantidade produzida. Ao contrário das fábricas que, funcionam pelo trabalho de máquinas, os escritórios funcionam pelo trabalho de pessoas e, ainda sim, a hierarquização das alas de trabalho, a localização das salas e até a decoração das mesmas eram pensadas sobre uma ótica de produção, como em uma indústria. KAPÁS, J. (2008) Esses espaços não visam e, não se preocupam com o bem estar e saúde mental do trabalhador. São espaços desumanizados e sem identidade, o que pode levar à conflitos, ausência de criatividade, dificuldade de concentração, insegurança e falha na comunicação, proporcionando impactos diretos aos níveis de stress e ansiedade. Foto (09)

Ainda hoje alguns escritórios tem dificuldade de desprenderse desses ideais de produção. Mas, com a revolução tecnológica que vem acontecendo, cada vez mais preocupa-se com a condição humana e as características que as máquinas não conseguem substituir (ainda). Dessa forma, os espaços passam a ser construídos com foco nas pessoas e sua capacidade criativa, comunicativa e colaborativa. A qualidade do trabalho passa a ser mais valorizada do que a quantidade. Foto (09):Modelo antigo de escritório focado apenas na produtividade.. Fonte:https://ldmorais.wordpress.com/2020/01/16/historia-escritorio-1990/.

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É nesse âmbito que, nos anos 60, surgiu um movimento em estudos sobre as dinâmicas do sistema nervoso. Esse movimento chamou a atenção de diversas áreas do conhecimento, incluindo a arquitetura e o design. A partir disso, o surgimento da neurociência como forma de estudar o comportamento do ser humano, vêm oferecendo grandes insights para a criação dos projetos. Afinal, é um desafio para os arquitetos captar todos os desejos do cliente e conseguir suprir suas expectativas ao projetar. O termo Neuroarquitetura, em si, surgiu em 2003 com a criação da ANFA (AcademyofNeuroscience for Architecture), na cidade de San Diego na Califórnia, com a ideia de entender as respostas humanas diante do ambiente construído, como ele pode influenciar nossos pensamentos, sentimentos e/ou ações. Seria a junção da psicologia, arquitetura e ciência cognitiva. Foi com a parceria de Fred Gage (neurocientista) e Jon Paul Eberhard (arquiteto) que se comprovou a partir de pesquisas, o poder que os ambientes possuem de transformar certas capacidades e sensações cognitivas do cérebro humano. Segundo Gage, o entorno transforma nosso cérebro, portanto, modificam nosso comportamento. Foto (10)

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Foto (10): Fred Gage, neurocientista responsável pela criação do termo e dos principais estudos realizados sobre a neuroarquitetura... Fonte: https://www.isscr.org/news-publicationsss/isscr-news-articles/articlelisting/2020/01/14/fred-h.-gage-receivesthe-isscr-achievement-award.. Foto (10):John Paul Eberhard, arquiteto pesquisador e acadêmico americano, ganhador do Prêmio Latrobe em 2003 Fonte: https://www.artsandmindlab.org/people/john-paul-eberhard/.

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NEUROARQUITETURA É importante saber diferenciar as aplicações de “neuro” referenciando situações que são naturais de um projeto arquitetônico. Como investigar o perfil do cliente, sua visão de mundo, seus gostos e necessidades, um briefing assertivo, entre outros. Esses quesitos são de extrema importância na concepção de um projeto, no entanto, esse é o papel fundamental da arquitetura, design e iluminação. As questões “neuro” aplicadas à um projeto entregam muito além disso tudo. As neurotécnicas, por si só, permitem que a arquitetura tenha a capacidade de extrapolar o limite da pessoalidade, indo ao encontro de uma visão mais coletiva. Uma visão que extrapola o limiar “gosto” para o termo “neuro”. (LORI CRÍZEL, 2022) Apesar de ser um termo novo, a neuroarquitetura vem ganhando espaço, principalmente, no espaço pós-pandêmico. Visto que, com o crescente número de pessoas trabalhando sozinhas em casa, notou-se um número alarmante e crescente de transtornos mentais como a ansiedade e a depressão, advindas dessa vida laboral. Entendendo que, há uma ligação direta entre o espaço e o usuário, o tripé forma, estética e função traduz elementos que vão se agregar, de forma secundária, ao objetivo principal: o de promover uma qualificada e positiva experiência aos usuários de determinado espaço. O projeto deve-se encarregar de fazer essa entrega.

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A METODOLOGIA Alan de Botton (2017), em seu livro A arquitetura da felicidade diz:

A crença no significado da arquitetura reside na noção de que, para o melhor e para o pior, em lugares diferentes somos pessoas diferentes e na convicção de que a tarefa da arquitetura é fazer-nos ver quem podíamos idealmente ser. (BOTTON,2017,p.14) A partir do momento que são estabelecidas as formas de interação almejadas no projeto, a estética e a função passam a se adaptar e a forma se molda, proporcionando assim uma integralidade projetual responsável pela experiência que se pretende despertar. Para isso, o foco na concepção e conceituação passa a ser o elemento humano e a sua apropriação dos espaços. E em segundo plano, a parte técnica projetual.

Foto (12) Foto (01):Allain de Botton. Fonte:https://collectivehub.com/2016/10/thinking-out-loud-with-philosopher-and-authoralain-de-botton/

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Em um exemplo feito no livro de Lori Crizel, foram feitas duas configurações de salas de aula.A primeira com uma mesa de café no fundo: Foto (13)

E a segunda com a mesma mesa de café, mas posicionada na frente da sala, próximo ao ministrante: Foto (14)

Na primeira disposição, em algum momento da aula, qualquer pessoa poderia se levantar e ir ao fundo da sala, para se servir um café e, talvez, de lá mesmo, continuasse assistindo o conteúdo, aproveitando seu relaxamento mental e físico. Percebe-se que a mera decisão projetual de mudança do local da mesa de café, tende a conduzir os usuários a uma estimulação, nesse caso, consumir ou não o café. O café ao fundo seria um convite para ser consumido, enquanto o café na frente seria um empecilho. Isso seria um estimulo de sentidos, pela ótica da neuroarquitetura.

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Foto (01):Allain de Botton. Fonte:https://collectivehub.com/2016/10/thinking-out-loud-with-philosopher-and-authoralain-de-botton/


Outro ponto importante nessa situação é o fato de ter sido discutido apenas o local para a mesa de café, e não seu design, seu material, o design da máquina de café ou qualquer outro componente que nos atrelasse ao material envolvido. O foco primordial é o resultado, é a experiência qualificada e positiva do nosso usuário. No caso analisado, Tomar ou não o café. O autor mostra ainda outra percepção, olhando pelas condicionantes de sensação/emoção, da mesma sala de aula, com um layout clássico em que se formam fileiras de carteiras e o professor fica a frente. Nessa forma, espera-se que os alunos, ao se acomodarem, teriam uma postura emocional condizente com o trivial ato de assistir a uma aula. Considerando um layout diferente, colocando todas as carteiras dispostas de forma perimetral, isto é, contornando o perímetro da sala e deixando o centro vazio, ao se depararem com essa configuração, os estudantes provavelmente iriam questionar sobre o motivo dessa mudança ou qual dinâmica faria parte da aula, visto que sua organização fugiu do habitual. Nessa disposição, alguns alunos poderiam ficar ansiosos e talvez com medo de serem chamados ao centro do espaço para alguma dinâmica expositiva.

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Tendo isso em vista, se faz importante o conhecimento de técnicas compositivas pelos arquitetos e designers que desejam entregar um projeto satisfatório ao seu cliente. A primeira é a place identity. Traduzindo ao pé da letra, seria a identidade do lugar/espaço. É uma técnica utilizada quando se prima a identificação de um perfil do usuário, a partir do qual, todo o projeto será delineado. Essa técnica é utilizada quando se mapeia o perfil do usuário para que, com base nisso, possa se dar início ao desenvolvimento do ato projetual de acordo com esse perfil e seu programa de necessidades. Depois temos o método de Barker, desenvolvido no final da década de 40 e com a premissa da psicologia ambiental. Roger Garlock Barker desenvolveu estudos a partir da observação comportamental de crianças, chegando à conclusão que, uma mesma criança, exposta a um ambiente específico, tende a receber influência da atmosfera ao seu redor em seu comportamento, originando o termo behavior setting. Que, por sua vez, propõe que indivíduos submetidos a um mesmo ambiente, tendem a ter respostas ou comportamentos semelhantes. Apesar de mostrar essas técnicas compositivas, Crízel fala que não existe uma fórmula pronta para esse tipo de arquitetura. Um ambiente eficiente de trabalho só pode ser criado quando os arquitetos sabem quem são os profissionais que ocuparão aquele espaço e qual a tarefa que será executada ali.

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“ ALÉM DE SUA SUSTENTABILIDADE E DE SUA INTELIGÊNCIA, A ARQUITETURA DEVE SER UMA FÁBRICA DE EMOÇÕES.” RENZO PIANO

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ESCRITÓRIOS HUMANIZADOS Nesse âmbito, surgem os escritórios humanizados,ambientes laborais que respeitam as necessidades dos indivíduos pertencentes ao quadro de colaboradores de uma empresa ou corporação. São espaços que auxiliam no melhor desempenho das atividades exercidas e presam pela saúde física e mental de seus usuários.

De acordo com Aguiar (2020), é possível criar ambientes corporativos que propiciem o bem-estar, estimulando sensorialmente os indivíduos através de cores, formas, iluminação, cheiros, texturas, temperatura e som. O design biofílico traz elementos da natureza para os escritórios, a utilização de mobiliário confortável e criação de espaços informais, inclusive pode promover a humanização destes espaços, característica extremamente benéfica para os colaboradores. Outro ponto ressaltado por Aguiar é a organização ambiental que auxilia consideravelmente na diminuição da ansiedade.

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Dito isto, existem fatores que contribuem para o efeito do bem-estar sentido pelos seres humanos, e são eles: a luz, a cor, a gravidade, os fractais, as curvas, os detalhes, a água e a vida.

LUZ

Além dos olhos, que necessitam de luz desde a sua abertura no nascimento, pois quando não estimulados perdem sua capacidade de formação de visão, a pele, outro órgão do corpo humano (o maior deles), também necessita da luz solar para a produção da Vitamina D. (ZANIN, 2021).

A vitamina D produzida pela pele na incidência de radiação solar, contribui para o bom funcionamento do organismo, atua no fortalecimento de ossos e dentes, na prevenção do diabetes, auxilia na manutenção do sistema imune corporal, na saúde cardiovascular e no fortalecimento muscular. De acordo com Zanin (2021) a deficiência de Vitamina D no organismo pode desencadear alterações ósseas (osteomalácia ou osteoporose em adultos, e raquitismo em crianças).

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CORES Os seres humanos, dada a memória evolutiva, têm determinadas associações às cores como, por exemplo, na natureza não é muito comum alimentos azuis, então o cérebro, ao ver um alimento industrialmente colorido nessa tonalidade, não associa diretamente a um alimento consumível (PAIVA, 2019). A cor das plantas, animais, rochas, etc., formou a preferência de cores dos seres humanos no ambiente (SALINGAROS, 2015). Um exemplo desta constatação é que a maioria dos hospitais utilizam vestimentas na cor verde ou azul e pintam as paredes das salas de cirurgia na cor verde claro para que os médicos ao olharem para o verde possam descansar os olhos que se cansam ao passar muito tempo olhando para o vermelho (cor não tão presente na natureza se comparado ao verde e ao azul).

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LEEGE OFFICE,BEIJING, CHINA Fonte: https://www.archdaily.com/897661/leege-office-ramoprimo? ad_source=search&ad_medium=projects_tab

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FRACTAL Segundo o dicionário digital Aulete um fractal é uma estrutura geométrica, subdividida de maneira indefinida, reduz-se a parte que se apresentam como cópias reduzidas de todo o conjunto, em outras palavras, fractal é uma estrutura geométrica cujas propriedades se repetem. Os fractais são figuras da geometria não clássica muito recorrentena natureza.

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Um fractal contém subdivisões bem definidas de estrutura em uma hierarquia ordenada de escalas, desde o tamanho grande até o tamanho de seus detalhes. Muito do tecido orgânico vivo é fractal - por exemplo, o sistema nervoso, o sistema circulatório e o sistema pulmonar de passagens de ar ramificadas. (SALINGAROS, 2015)

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O museu Guggenheim (situado à beira do Rio Nervión, Bilbao, Espanha e projetado pelo arquiteto Frank Gehry) é um exemplo de arquitetura fractal, visto que sua construção só pôde ser realizada com o auxílio de um software de design 3-D CATIA, baseado na geometria fractal (LIBRANTZ; MARTINS, 2016).

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Fonte: https://www.architecturaldigest.com/gallery/buildingsbeauty-deconstructed-architecture

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À medida que formas fractais despertam bem-estar nos serem humanos as estruturas não fractais (objetos ou arredores lisos e brilhantes ou pontiagudos) causam desconforto nas pessoas. Através da neurociência descobriu-se que quando na presença de objetos pontiagudos ativa-se no organismo a área do cérebro que indica perigo iminente.

Esse é o Hotel Ryugyong e está localizado em Pyongyang, na Coreia do Norte. Considerado pela revista 'Esquire' o prédio ‘mais feio do mundo’

28 Fonte: https://es.wikipedia.org/wiki/Hotel_Ryugyong


V A R U C S No que diz respeito às curvas segundo Salingaros (2015) na natureza as formas retas são raridade sendo a maioria dos elementos, vivos ou inanimados, constituídos de formas curvas ou fractais, os seres humanos, dada a programação mental, estão acostumados com essas formas. Então tais tipologias estruturais que possuam equilíbrio natural da simetria provocam prazer nos seres humanos, entretanto curvas no ambiente que são gravitacionalmente desequilibradas podem ser perturbadoras.

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Fonte: https://aspectsofstyle.com/2016/03/23/guide-new-york-city-1/


DETALHES Toda a natureza e as espécies que nela habitam são dotadas de inúmeros detalhes de alta complexidade que estão o tempo evocam o sistema sensorial, a comunicação ao longo do tempo foi aperfeiçoada através da observação e codificação de uma gama de detalhes, ao se falar com uma pessoa pessoalmente tende-se a prestar atenção em seus olhos, boca e nariz. (SALINGAROS, 2015).

Como a resposta significativa a outra vida se dá através de pequenos detalhes, os seres humanos são condicionados a buscar por eles. Em razão de se estar habituado a essa riqueza de detalhes quando inseridos em ambientes de estilos arquitetônicos que carecem de detalhes os seres humanos se sentem isolados desse mecanismo. Quanto mais a sensorialidade dos indivíduos é estimulada, mais bem-estar eles sentem (SALINGAROS, 2015).

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ÁGUA Como a resposta significativa a outra vida se dá através de pequenos detalhes, os seres humanos são condicionados a buscar por eles. Em razão de se estar habituado a essa riqueza de detalhes quando inseridos em ambientes de estilos arquitetônicos que carecem de detalhes os seres humanos se sentem isolados desse mecanismo. Quanto mais a sensorialidade dos indivíduos é estimulada, mais bem-estar eles sentem (SALINGAROS, 2015).

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Maior Cachoeira interna do mundo, localizada em um Aeroporto Jewel Changi, em Singapura.

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ESTUDOS DE CASO

ESCRITÓRIO MAX MILHAS Arquitetos: TODOS arquitetura Ano: 2013 Localização: Belo Horizonte, Brasil.

O conceito principal desse projeto de um escritório para a MaxMilhas girou em torno da frase: “Voar rumo a novas descobertas e ver o mundo de cima”. Partindo do aeroporto de Confins, BH, onde o escritório está localizado, é possível, viajar através de cidades e biomas por meio de suas salas e corredores. A Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pampas, Pantanal e Mata Atlântica, presentes em diversos ambientes desse escritório, traduzem a diversidade e as belezas naturais do nosso país.

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Ao entrar no escritório é possível ver a sala de reunião principal, tingida em cores fortes e solares. Os tons de amarelo (significa sabedoria, conhecimento, otimismo, alegria e felicidade) e laranja (significa entusiasmo, criatividade, energia, vibração e alegria) aplicados em parede, marcenaria e num poético trabalho de forro, trazem para o escritório a energia e vibração do bioma Cerrado.

Salas menores diversificam as possibilidades de reunião compondo um escritório plural e dinâmico. Estruturas de Landing, em frente às salas, servem como ponto de apoio para início e finalização dos encontros. No espaço de trabalho estruturas metálicas em formato de nuvens funcionam como grandes suportes de iluminação. Existem assentos em formatos orgânicos espalhados pelo lugar, que remetem às vitórias régias, criando momentos para interação entre os profissionais.

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No perímetro do staff foram organizadas estruturas de lockers para que cada funcionário conte com seu espaço privado. Estas estruturas também funcionam como floreiras. O verde presente no carpete, além de lembrar à natureza, traz a sensação de esperança, liberdade, saúde, vitalidade e relaxamento. Junto à vegetação e os diferentes tons de madeira surge o tom natural e humanizado ao espaço.

O generoso espaço de convivência central é representado com características da Amazônia, o maior bioma do Brasil. Em um espaço multiuso, onde é possível fazer desde reuniões a momentos de pausa, o mobiliário em tons de verde e marrom ambienta o espaço. O piso em tons azuis das salas de reuniões ao lado se estende até o local, simbolizando o encontro da mata e dos rios. Outro ponto importante, é que além de lembrar à natureza, o verde traz a sensação de esperança, liberdade, saúde, vitalidade e relaxamento.

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O Azul, além de lembrar à água, traz paz, tranquilidade, calma, harmonia e confiança. Já o marrom, leva a sensação de segurança, conforto e simplicidade. Outro ponto importante é o espaço de descompressão. Este é o cenário perfeito para momentos de pausa e descanso, visto que, o tom informal é dado pelas diversas almofadas espalhadas pelo piso, de diversas cores, combinadas ao MDF cru em algumas paredes e tons pasteis no piso, trazem um ar de calmaria e tranquilidade aos usuários, que podem descansar em uma grande rede atirantada ao teto.

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ESFERAS DA Arquitetos: NBBJ Ano: 2018 Localização: Seattle, Estados Unidos

Ao contrario da maioria das grandes empresas de tecnologia que escolhem ocupar campus arborizados nos arredores das grandes cidades, a Amazon cresceu no centro da cidade de Seattle. A nova sede da gigante varejista online reforça seu compromisso com seu engajamento urbano, criando um bairro com edifícios, praças e espaços abertos públicos que se conectam perfeitamente com o tecido metropolitano existente de Seattle. O elemento mais icônico é, com certeza, o trio de esferas de vidro que abriga um jardim botânico de vários níveis com 40.000 plantas retiradas de florestas de alta altitude dos cinco continentes.

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“Sem compreender as necessidades de uma cidade e, principalmente sem compreender as funções das áreas verdes, o paisagista não poderá realizar jardins.” ROBERTO BURLE MARX

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Fonte:https://www.archdaily.com.br/br/920632/esferas-daamazon-nbbjo.

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Os arquitetos da NBBJ criaram uma estrutura de aço feita de 180 módulos pentagonais alongados inspirados no trabalho do matemático belga Eugène Charles Catalan e definidos pelos pontos de cinco arcos soldados. Uma viga de cerca de 180 toneladas na base do prédio transfere forças de gravidade, de vento e sísmicas da fachada de vidro e aço para colunas de concreto nos andares inferiores e para um núcleo central de concreto. As Esferas combinam o matemático e o orgânico, o pragmático e o poético. Além disso, o prédio, q é um anexo do escritório em si, serve como sala de descompressão para os funcionários e para os moradores locais, afinal, quem não gostaria de entrar ai para conhecer? Com sua maior parte ocupada por plantas as esferas que formam uma edificação, parece uma floresta no centro da cidade. Isso, traz benefícios para a saúde física e mental. Visto que, As plantas podem ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade, elas melhoram a qualidade do ar, o que pode ter um impacto positivo na saúde mental, Ter plantas em casa ou no ambiente de trabalho pode aumentar a sensação de bem-estar e felicidade. Além disso, alguns estudos sugerem que a exposição à natureza pode reduzir a depressão e melhorar a função cognitiva.

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SEDE Arquitetos: Estudio Guto Requena Ano: 2013 Localização: São Paulo, Brasil. A neuroarquitetura nesse projeto já é perceptível desde a elaboração de seu briefing. Visto que, este foi baseado em entrevistas e dinâmicas presenciais e online com os funcionários da empresa, onde detectaram-se valores, necessidades e expectativas de seus funcionários. Dessas entrevistas, surgiram Três eixos principais: a cultura digital, marca Walmart.com e brasilidade. Os resultados da pesquisa também serviram como pontos de partida para a escolha de cores, materiais, formas, programa e conceitos do projeto. As escolhas projetuais feitas pelos arquitetos, buscam referências ao hábito brasileiro de utilizar áreas externas de convívio social e relaxamento, como espreguiçadeiras na praia, terraço das grandes torres de edifícios, piquenique no parque (padrão do carpete do piso), quintal e varandas típicas de casas brasileiras e o hábito interiorano de colocar a cadeira na rua para apreciar o fim de tarde e conversar com os vizinhos.

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Para ajudar os visitantes e funcionários a se localizarem dentro desse prédio de 5 andares, criou-se uma identidade visual diferente para cada andar, através de casulos situados no centro da laje, que foram desenhados de maneira orgânica entre os pilares, rompendo com a rigidez do espaço. Em cada andar utilizou-se de um tipo de madeira, como Pinus, OSB, Eucalipto Natural e Zurich Masisa, que se combinam com uma cor e seus diferentes tons, escolhidos a partir da paleta de cores oficiais do Walmart (amarelo, laranja, azul e verde).

Para ajudar os visitantes e funcionários a se localizarem dentro desse prédio de 5 andares, criou-se uma identidade visual diferente para cada andar, através de casulos situados no centro da laje, que foram desenhados de maneira orgânica entre os pilares, rompendo com a rigidez do espaço. Em cada andar utilizou-se de um tipo de madeira, como Pinus, OSB, Eucalipto Natural e Zurich Masisa, que se combinam com uma cor e seus diferentes tons, escolhidos a partir da paleta de cores oficiais do Walmart (amarelo, laranja, azul e verde).

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Cada pavimento possui seu próprio setor na empresa, como Comercial, Vendas, Recursos Humanos ou Financeiro, além disso, abriga também lounges e ambientes de descompressão, como sala de jogos, cinema e vídeo game e biblioteca. Estes locais buscam estimular o convívio e a interação entre os funcionários de diferentes departamentos. As estações de trabalho localizam-se próximas as janelas para melhor aproveitamento da luz do dia. Todo projeto de iluminação prioriza o uso de luz econômica. Além disso, nos lounges e áreas de descompressão utilizou-se iluminação indireta de tom amarelo, além de luminárias decorativas para proporcionar mais conforto e um ambiente mais relaxante para os usuários. Uma coisa interessante desse projeto é que, para trazer a ideia da Brasilidade, foram criadas as luminárias “cabaças”, feitas com com cúpulas feitas de cabaça, uma fruta brasileira utilizada tradicionalmente como vasilha e amplificador acústico em instrumentos como chocalho, berimbau e maracá. Pintadas de cinza por dentro e distribuídas sobre um suporte de madeira, deixando aparente seu cabeamento colorido.

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Ao longo de todos os andarem priorizou-se o uso de vegetação natural, trazendo mais frescor ao ambiente, juntamente á sensação de aconchego e identidade visual. Existe também um terraço no local, projetado para trabalho e descanso dos funcionários. Decks de madeira organizam esse ambiente, com móveis de varanda, áreas de sombra, espaço para ioga e uma arquibancada voltada para a fachada que pode receber pequenos eventos, show e cinema. Além disso um campo de golf foi especialmente projetado.

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