As bases do enem

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As bases do Enem: Conteúdo, Avaliação e Abordagens Para iniciarmos os estudos deste curso, é preciso, de uma vez por todas, entender as bases no Enem. Ainda há dúvidas, por exemplo, sobre o método de correção, o “famoso” TRI e, também, em relação às novidades que aparecem ano após ano. Portanto, para que você, cursista, construa uma base sólida de entendimento, vamos ao começo de tudo. O Enem - Exame Nacional do Ensino Médio – foi criado em 1998 com os seguintes objetivos:  ser uma avaliação de desempenho dos estudantes de escolas públicas e particulares do Ensino Médio, em todo o Brasil.  ser uma base de dados para o Estado analisar e organizar políticas públicas educacionais.  ser uma avaliação de desempenho individual para os participantes. O modelo de prova era composto por 63 questões de múltipla escolha, além de uma redação. O exame em si partia do princípio de que os alunos precisavam buscar uma aplicação cotidiana dos conteúdos aprendidos em sala de aula. Não basta, portanto, ter uma informação; é necessário ter conhecimentos práticos sobre ela. Por essa razão, até 2008, a maioria das questões cobrava a capacidade interpretativa do estudante. A partir de 2009, o ENEM tornou-se, também, um exame que seleciona estudantes de todo o Brasil para ingressar em algumas instituições públicas de ensino superior e para participar de programas do governo federal, entre eles o Sisu, Prouni e Fies. No mesmo ano, o ENEM começou a ser realizado em dois dias consecutivos. A prova foi dividida em quatro áreas do conhecimento e passou de 63 para 180 questões. Como método de avaliação, o exame iniciou a utilização da TRI – Teoria da Resposta ao Item. Com essas alterações, o Exame Nacional do Ensino Médio tornou-se a principal forma de entrada do estudante para o Ensino Superior, no Brasil. As grandes universidades brasileiras, públicas e privadas, utilizam o ENEM como processo seletivo. Além disso, universidades do exterior, como a renomada Universidade de Coimbra, em Portugal, também estão aceitando a prova como forma de selecionar candidatos brasileiros. Vale ressaltar que diversas instituições de ensino superior privadas já usam a prova como base para a concessão de bolsas e descontos. Em 2009, o ENEM passou a ser um meio de certificação de conclusão do Ensino Médio. O ENEM 2017: NOVIDADES A primeira e principal novidade para este ano é a data de realização da prova. O ENEM vai continuar sendo realizado em dois dias, mas a prova será aplicada em dois domingos consecutivos; e não mais em apenas um fim de semana. Veja como ficou a divisão. No primeiro domingo, o estudante realizará as provas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias e a Redação. Para dar conta desse conteúdo, todos os participantes terão 5h30min como tempo máximo de realização. No segundo domingo, serão realizadas as provas de Matemática e suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas Tecnologias, com duração de 4h30min. Outra novidade é que o exame não serve mais como certificação para o Ensino Médio. Por conta dessa mudança, o Enem será mais focado para estudantes interessados em disputar uma vaga no Ensino Superior. Alguns professores e especialistas afirmam que, dessa forma, o público total deve diminuir, o que pode fazer com que as estatísticas de notas mudem também. Porém, é importante lembrar: quem não terminou os estudos na idade regular precisa prestar o Encceja, que é o Exame Nacional para Competências de Jovens e Adultos. Este exame é gratuito. Em 2017, os cadernos de provas serão personalizados, com nome e inscrição do estudante já preenchidos. De acordo com as autoridades públicas, o objetivo da prova identificada é potencializar a segurança do processo de aplicação. Se quiser informações mais detalhadas, acesse o edital do ENEM 2017. O link está no “Saiba Mais” desta unidade de aprendizagem. AS CARACTERÍSTICAS DA PROVA DO ENEM A prova do ENEM está, atualmente, dividida em quatro área do conhecimento: 1. Linguagens, códigos e suas tecnologias (45 questões); 2. Matemática e suas tecnologias (45 questões); 3. Ciências da natureza e suas tecnologias (45 questões); 4. Ciências humanas e suas tecnologias (45 questões). Vale ressaltar o que mencionamos no item anterior: a prova deste ano será realizada em dois domingos, dias 5 e 11 de novembro. No dia 5 de novembro, o estudante terá 5h30min para: • responder 45 questões de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


• responder 45 questões de Ciências Humanas e suas Tecnologias, • elaborar uma Redação. Então, no primeiro dia, o estudante terá que mobilizar seus conhecimentos relacionados, principalmente, aos conteúdos de História, Geografia, Filosofia, Sociologia, Português, Literatura, Artes, Língua Estrangeira e Redação. No dia 11 de novembro, serão 4h30min para: • responder 45 questões de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, • responder 45 questões de Matemática e suas Tecnologias. O objetivo, neste dia, é mobilizar os conhecimentos relacionados aos conteúdos de Matemática, Física, Química e Biologia. Lembrar dessa divisão de disciplinas é importante para organizar o estudos de cada aluno. Porém, é fundamental afirmar que as quatro áreas apresentam questões transdisciplinares, ou seja, que envolvem interação entre as disciplinas, mesmo respeitando as respectivas individualidades. O ENEM espera, com essa estratégia, unificar os conteúdos com o objetivo de exigir do estudante o conhecimento de duas ou mais “disciplinas” para solucionar a questão. Cada questão do ENEM é formulada a partir de uma chamada “situação-problema”. Se o estudante apenas “decorar fórmulas ou regras” será mais difícil encontrar a resposta adequada. Será preciso, portanto, que o estudante mobilize conhecimento para aquela situação apresentada. Na prática, para gerar uma situação-problema na questão, ocorre uma grande articulação entre texto-base, enunciado e alternativas. O texto, por sua vez, pode estar na modalidade escrita ou transcrito da modalidade oral da Língua Portuguesa. Isso quer dizer que podem aparecer textos de obras literárias e outros tipos de publicação, como imagens, tabelas, gráficos, experimentos, esquemas, charges etc. O mais importante é o texto não estar “jogado”. Ele deve ser a base contextual da questão. Em seguida, o enunciado precisa apresentar de forma clara qual é a “tarefa” a ser realizada. Os professores que elaboram as questões do ENEM evitam, assim, as famosas “pegadinhas”, os termos absolutos descontextualizados e o uso de termos como “falso”, “incorreto”, “não” e outros com a mesma função. Depois do texto-base e do enunciado, chegam as alternativas. Sempre quatro erradas e apenas uma correta. Todas as alternativas erradas precisam apresentar possíveis relações de sentido feitas pelo candidato no momento da leitura do texto-base e do enunciado. Portanto, os estudantes não devem esperar aquelas alternativas com conteúdo completamente absurdo. Entender as estruturas da prova do ENEM é fundamental para pensar em como trabalhar os eixos cognitivos, as competências e habilidades com os alunos. No próximo item, vamos entender esse cenário com mais detalhes. A MATRIZ CURRICULAR DO ENEM O Exame Nacional do Ensino Médio é organizado a partir de uma referência de conteúdos chamada Matriz de Referência do ENEM. Agora, vamos passar o bom resumo desse conteúdo. Porém, se você quiser acessar o material completo e detalhado dessa matriz, vá até a seção “Saiba Mais” e acesse o link. A Matriz de Referência do ENEM apresenta cinco eixos cognitivos, comuns a todas as quatro áreas do conhecimento. Acompanhe: 1. dominar linguagens – DL; 2. compreender fenômenos – CF; 3. enfrentar situações-problema – SP; 4. construir argumentação – CA; 5. elaborar propostas – EP. A partir dos cinco eixos elencados acima, cada área apresenta um conjunto de competências e habilidades com as quais os eixos estão relacionados. Importante salientar que, de acordo com a matriz, competência é o que permite mobilizar conhecimentos para solucionar uma determinada situação. Então, não se trata de um conhecimento parado, sem uso efetivo, meramente informativo; mas, sim, de um conjunto de saberes que cada pessoa precisa utilizar de maneira inteligente e criativa para dar conta de qualquer situação real e cotidiana. Para exemplificar, verifique como a Matriz de Referência de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias apresenta essa questão: Competência de área 1 - Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.


H1 - Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação. H2 - Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais. H3 - Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas. H4 - Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação. Em uma rápida verificação dos exemplos apresentados acima, percebe-se que as competências apresentam um conjunto de “habilidades” necessárias para responder aos questionamentos de maneira eficaz. Fica evidenciada, portanto, a diferença entre competência e habilidade, de acordo com a Matriz de Referência do ENEM. De acordo com o exemplo acima, para aplicar as tecnologias da comunicação em diferentes contextos (competência), o estudante precisa, primeiramente, saber identificar as linguagens e seus recursos expressivos (habilidade) que caracterizam o sistema de comunicação, ou seja, ele precisa da habilidade para dar conta da competência. Acompanhe mais um exemplo: Competência de área 8 - Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade. H25 - Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro. H26 - Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social. H27 - Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação. Repare que, para dar conta da competência de compreender e usar a Língua Portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade, o estudante precisa, necessariamente, da habilidade de identificar as marcas linguísticas de cada variedade linguística, assim como relacionar essas variedades a situações específicas de uso social. Dessa forma, veja: o eixo cognitivo “Dominar Linguagens” (DL) está relacionado, por exemplo, à competência “usar a Língua Portuguesa como língua materna” que, por sua vez, está ligada à habilidade de identificar as marcas linguísticas de cada variante. Deve-se pensar, portanto, que eixos cognitivos, competências e habilidades estão juntos na preparação do estudante. Ao longo do Ensino Médio, os docentes são os profissionais responsáveis por desenvolver essas capacidades nos estudantes. O objetivo principal deste material é mostrar a você, cursista, como esse tipo de trabalho pode ser feito em sala de aula, com atividades e exercícios. LÍNGUA PORTUGUESA E REDAÇÃO: CRITÉRIOS DO ENEM Se somarmos o peso da prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias ao peso da nota de redação, teremos, com certeza, uma porcentagem próxima da metade da nota geral do ENEM. Isso quer dizer, de forma objetiva, que o estudante deve se preocupar, e muito, com o conhecimento que ele apresenta de Língua Portuguesa em relação à interpretação de textos, à literatura, à gramática e à produção escrita. Mesmo nas outras áreas, como vimos nas explicações acima, a relação entre texto-base, enunciado e alterativas é direta, isto é, saber ler, interpretar, compreender e analisar textos diz respeito a praticamente 100% da prova. A prova do ENEM possui uma grande quantidade de textos, gráficos, ilustrações, fotografias e imagens em geral. Por essa razão, a capacidade de compreensão do texto-base das questões é fundamental para a boa realização do exame. Neste cenário, a organização, elaboração e realização de atividades que simulem o modelo do ENEM pode ajudar muito. A redação, por exemplo, será construída pelo aluno por meio de elementos de diversas áreas do conhecimento; e não apenas aos relacionados à linguagem. Ao escrever um texto dissertativoargumentativo sobre a violência contra mulher ou o trabalho na construção da dignidade humana, o estudante deve fazer uso de saberes relacionados diversas disciplinas, como História, Geografia, Sociologia, Filosofia e Língua Portuguesa. Vale lembrar, ainda, que, na redação do ENEM, o estudante pode tirar a nota 1000, um número impossível de ser alcançado nas questões de múltipla escolha. Isso ocorre pelo simples fato de a


redação não ser corrigida com a metodologia da TRI. A redação do ENEM é avaliada de acordo com os pontos definidos nos eixos cognitivos, como: • o domínio da norma culta; • a compreensão da proposta e o desenvolvimento do tema dentro das estruturas do texto dissertativo-argumentativo; • a seleção, organização e relação entre elementos para a construção dos argumentos; • a articulação entre as partes para a argumentação; • a elaboração de uma proposta de intervenção. Os avaliadores da redação podem atribuir uma nota entre 0 e 200 pontos para cada um desses elementos, ou seja, o estudante pode, sim, chegar a 1000 pontos, e isso já aconteceu em algumas provas do ENEM, em anos anteriores. Contudo, o estudante precisa ficar atento para não tirar a nota zero. Confira quais são os casos em que a redação pode ser “zerada”: • fuga total ao tema; • desrespeito aos direitos humanos; • cópia do texto motivador; • desobediência à estrutura dissertativo-argumentativa; • textos com até sete linhas; • redação em branco (mesmo com rascunho feito), desenhos, entre outras coisas. Outro de talhe importante é que os participantes que tirarem zero na redação estão automaticamente fora da disputa por vagas em universidades públicas pelo Sisu, bolsas de estudos pelo ProUni e financiamento estudantil pelo FIES. Agora, após essas dicas sobre a redação, vale a próxima leitura para entender o que é o tão falado método de avaliação do ENEM: a TRI. O MÉTODO DE CORREÇÃO: ENTENDA O TRI Muitos candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ainda não conhecem o sistema adotado pelo Inep para corrigir e classificar a pontuação das questões do exame. O TRI (Teoria de Resposta ao Item) é o método usado para se calcular a pontuação dada a cada questão da prova. Nesta matéria, vamos te explicar como ele funciona. Se você fizer uma prova com 10 questões e acertar 7 delas, normalmente sua pontuação seria 7, certo? Não para o Enem. A pontuação final dada a prova do Enem parte das premissas do TRI, que calcula a pontuação de cada questão de acordo com o nível de dificuldade. Ou seja, questões mais fáceis, comumente terão valores de pontuação menores e questões mais difíceis, maiores. Mas como o Inep determina o nível de dificuldade de cada questão? Este processo só acontece durante a correção dos cartões-reposta do Enem. Funciona da seguinte forma: as questões que possuírem um maior índice de acertos entre os candidatos serão classificadas como questões mais fáceis e, nesta mesma lógica, terão um valor menor entre as demais. Já as questões que obtiverem um índice de acerto menor, terão uma pontuação maior na hora do cálculo da nota final. Portanto, não fique espantado caso o seu amigo que tenha acertado menos questões que você, tire uma nota no Enem superior a sua. Isto é muito comum, já que o Enem não segue o método de correção tradicional que você deve estar acostumado a ver na escola. Para obter uma boa nota na prova do Enem, é muito importante acertar o maior número de questões possíveis. Entretanto, o segredo para ficar entre os primeiros também é acertar as mais complexas e que exijam mais dos candidatos, pois, ao garanti-las, pode ser uma boa vantagem para aumentar a sua pontuação final. Dica: Nunca deixe respostas em branco. Uma reposta certa sempre valerá mais do que errar ou não responder. Portanto, por mais que o sistema identifique um chute e isso possa interferir na nota, sempre vale mais um acerto casual do que uma resposta em branco.


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