Jornal O Petroleiro - Dez/2015

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Publicação Mensal do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais – Sindipetro/MG - Edição nº 33 – DEZ de 2015

GREVE 2015

UM MOVIMENTO CONSTRUÍDO COM SOLIDARIEDADE! UMA LUTA QUE NÃO ERA SÓ NOSSA

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NOSSAS CONQUISTAS

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AS DUAS FACES DA GREVE

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18 DIAS DE RESISTÊNCIA EDITORIAL

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dia 18 de novembro marcou o fim do movimento grevista em Minas Gerais. Foram quase vinte dias de resistência em defesa dos nossos interesses. Mas, este ano, a nossa campanha reivindicatória teve um diferencial. Ao contrário dos anos anteriores, a categoria petroleira decidiu lutar além dos viés corporativista. Saímos em defesa não só da Petrobrás, mas também, da soberania do Brasil. Essa batalha começou na 5º Plenafup, realizada em Guararema-SP, onde as representações sindicais, eleitas democraticamente, decidiram criar a Pauta pelo Brasil, onde o foco principal seria a defesa por uma Petrobrás integrada, contrapondo o Plano de Negócios e Gestão anunciado pela empresa. O reflexo do PNG já estava sendo perceptível em diversas unidades do país. Demissões dos terceirizados, obras interrompidas, venda de ativos e desinvestimentos já vinham sendo anunciados, mostrando os prejuízos para categoria e para o povo brasileiro. Mesmo com a resistência da empresa em ignorar as nossas reivindicações, nos mantivemos firmes no nosso propósito, que era a discussão das cláusulas da Pauta pelo Brasil. Foram mais de 100 dias sob o silêncio da Petrobrás, mas que nos impulsionaram a deflagrar uma das maiores greves já vividas pelos petroleiros. Nas unidades de Minas Gerais, os trabalhadores não hesitaram em apoiar o movimento convocado pela FUP. No dia 1º de novembro, nos unimos às demais bases aliadas no confronto. Vivemos dias difíceis, em que tivemos de enfrentar ameaças e práticas antissindicais para desestimular a greve. Para forçar a empresa a agir conforme a lei, o Sindipetro/MG recorreu à justiça e, sob liminar, a empresa foi condenada. Na Regap, preferiram pagar a multa. Na Termelétrica, chegaram a contratar terceirizados para substituir os grevistas. Mas hoje, o sentimento que prevalece é o da vitória. Conseguimos negociar o que pretendíamos, a Pauta pelo Brasil, com a participação das empresas do Sistema Petrobrás, mantivemos os direitos do nosso Acordo Coletivo e a discussão dos dias parados e punições. Demos para o Brasil, um exemplo de união e solidariedade de classe, ao contarmos com o apoio dos movimentos populares. São por esses motivos, que a greve de 2015 será para sempre lembrada com orgulho.

OUSADIA, ALEGRIA E CRIATIVIDADE

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participação a t i v a d a categoria em nossos piquetes possibilitou a execução de diversos atos em todas as manhãs de nossa greve, o que empolgou e divertiu a galera. De segunda a sexta, não houve sossego para os pelegos! Não houve barreira ou barricada. Não houve qualquer impedimento para a entrada dos fura-greve. A nossa adesão se deu pela simples conscientização dessa categoria, que a cada dia conquistava mais companheiros para a luta, tamanha a beleza de nossa greve. Mas, não vamos mentir: nós fizemos nossa bagunça! Nosso objetivo durante toda a greve, até o último instante, era conquistar mais adeptos para a nossa luta, sabendo da importância da unidade e da solidariedade dos trabalhadores nesse momento. Entretanto, como pareceu que nossa convocação não inspirou a todos, os petroleiros de Minas tiveram de dar seu recado. Acatando uma sugestão da própria categoria, todo funcionário que escolhesse entrar para trabalhar teria de pisar sobre o uniforme da Petrobrás, assim como na bandeira do Brasil. Tratou-se de um ato simbólico, de maneira que pudéssemos tocar a consciência de cada um sobre sua atitude nada solidária para com os companheiros de classe e com o futuro do nosso país. Tratando de deixar claro o quanto estávamos descontentes com a pelegada, usamos de narizes de palhaço, apitaços e até máscaras de ratos, uma alusão às ratazanas que em todo movimento usam de subterfúgios para furar greve sem que seus colegas grevistas os vejam entrar para trabalhar. Além disso, usamos de cartazes com mensagens que pudessem conscientizar a todos sobre a importância da greve e da solidariedade de toda a categoria petroleira naquele momento. Por fim, após duas semanas de resistência e enfretamento, realizamos um belo ato na rodovia de acesso à REGAP, a BR-381, bloqueando uma das pistas da via. Com a participação de alguns petroleiros e de mais de 200 militantes do MST e do MAB, nós ocupamos o espaço e realizamos uma bela caminhada em direção a portaria da Refinaria. Diversos motociclistas, impacientes com o ato, tentaram avançar sobre a passeata. Teve até revolver na mão de um mais nervoso, mas não nos intimidamos e seguimos convictos em dar o nosso recado!


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UMA LUTA QUE NÃO ERA SÓ NOSSA! SOLIDARIEDADE

PRINCIPAIS CONQUISTAS DO ACT 2011/2013

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greve dos petroleiros foi mais um capítulo da vitoriosa história de articulação e unidade dos movimentos sociais e sindicais em Minas Gerais. Desde o primeiro minuto da nossa greve, os movimentos populares já se colocaram à disposição dos petroleiros para contribuírem no movimento. Era unânime a análise de que a greve era a principal luta da classe trabalhadora brasileira naquele momento, já que envolvia o debate e a disputa ideológica sobre o futuro do maior patrimônio do nosso país. Em Minas Gerais, uma brigada de militantes se somaram aos petroleiros nas atividades diárias da greve, com participação de pessoas de várias regiões do estado. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a Marcha Mundial das Mulheres e o Levante Popular da Juventude estiveram conosco nos atos realizados em frente à portaria da Regap, com o intuito de convencer todos os trabalhadores petroleiros a aderirem ao movimento. Além disso, a Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT-MG) também marcou presença em nossos piquetes, com a participação de diversas lideranças sindicais cutistas que discursaram sobre a importância da nossa luta e da solidariedade de classe nesse momento. Diálogo com a sociedade Mesmo com o apoio dos movimentos populares, que reconheciam a importância da greve dos petroleiros e da luta pela Pauta pelo Brasil, o nosso movimento ainda teria o desafio de levar esse debate para toda a sociedade brasileira. Embora não

tenhamos sido atacados pela mídia hegemônica, a não ser por alguns editoriais maldosos, a nossa greve não teve ampla repercussão nos grandes meios de comunicação. E o motivo nos pareceu claro: a nossa pauta em defesa da Petrobrás e dos direitos da classe trabalhadora não interessa à grande imprensa! Para a mídia, apenas duas perguntas importavam: quanto os petroleiros queriam de reajuste e quando teríamos desabastecimento de combustíveis. Esses questionamentos ainda aumentaram quando alguns boatos foram veiculados quanto à ligação de nosso movimento com a greve dos caminhoneiros, que com anseios político-partidários buscavam criar um clima de caos na sociedade brasileira. Portanto, a necessidade de diálogo com o povo brasileiro sobre a nossa mobilização se tornou indispensável. A direção do Sindipetro/MG, com o apoio de militantes dos movimentos sociais, distribuiu mais de três mil panfletos no centro de Belo Horizonte. Após duas semanas de luta, trancamos a BR-381. Em um belo ato, com a participação de mais de 200 militantes do MST e MAB, as nossas vozes foram ouvidas por aqueles que passavam na região, numa tentativa de romper com a blindagem midiática sobre as nossas lutas. Como sempre, a disputa por corações e mentes da sociedade brasileira em defesa da Petrobrás se mostra árdua e difícil, tamanha é a força da grande mídia em seus ataques orquestrados sobre a estatal. Mas temos ciência de que a nossa luta em defesa da soberania nacional e de uma Petrobrás forte, a serviços das necessidades do povo brasileiro, não se iniciou e nem se findará nessa greve. Trabalhadores do campo e da cidade a lutar


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NOSSAS SOBRE O FUTURO DA EMPRESA G R U P O D E T R A B A L H O PA R I T Á R I O : Representantes dos trabalhadores e da empresa, para apresentar em 60 dias um relatório sobre as consequências do atual PNG e propondo alternativas para a recuperação financeira da Petrobrás; ENDIVIDAMENTO: A Pauta pelo Brasil propõe alongar e viabilizar operações financeiras que troquem dívida em dólares por reais. Neste sentido, a Petrobrás efetuou no dia 30 de setembro troca de dívida em dólar com o Banco do Brasil no valor de US$ 1 bilhão por R$ 4 bilhões e ampliou para dez anos o prazo de pagamento. NOVAS FONTES PARA INVESTIMENTOS: Algumas das medidas propostas na Pauta pelo Brasil já começaram a ser implementadas pela Petrobrás, como negociações com agências de crédito asiáticas e de países que integram o BRICS. Nos últimos meses, a empresa realizou quatro negociações desta natureza, totalizando US$ 8,8 bilhões. GERAÇÃO DE CAIXA: Uma das propostas da Pauta pelo Brasil é a implementação de uma nova política de preços para os derivados de petróleo, garantindo mecanismos de proteção para os produtos essenciais aos consumidores de baixa renda, como é o caso do gás de cozinha. Em 30 de setembro, já foi efetuado o

realinhamento dos preços da gasolina e do diesel. É necessário agora garantir que o governo abra mão de parte da CIDE, o que irá gerar cerca de R$ 7 bilhões ao caixa da Petrobrás.

SOBRE OS NOSSOS DIREITOS RENOVAÇÃO DO ACT: Manutenção de TODAS as conquistas históricas. REPOSIÇÃO DAS PERDAS SALARIAIS: Reajuste de 9,53% no salário básico, na RMNR, nas tabelas do grande risco da AMS, Benefício Farmácia, nos benefícios educacionais e no Programa Jovem Universitário. Além do reajuste no auxílio almoço e no vale-refeição. ISONOMIA: Garantia de direitos para todo o Sistema Petrobrás, incluindo PBIO, Transpetro e Fafen-PR.

SOBRE O EFETIVO CONTRATAÇÃO: Em janeiro de 2016, serão contratados 663 novos empregados. FÓRUM DE EFETIVO: Será mantido com a participação da FUP e seus sindicatos, para discutir alternativas, principalmente após a saída pelo PIDV.


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CONQUISTAS Ato no Rio de Janeiro

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SOBRE SMS ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL: Ficou determinado que a empresa disponibilizará espaços nas unidades para a realização de feiras com produtos produzidos pela agricultura familiar. ACIDENTES: Revisão no tratamento/notificação de acidentes e mais transparência na divulgação de informações sobre acidentes.


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AS DUAS FACES... OS TRABALHADORES

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á foi dito nos nossos boletins como foi histórica a greve que os petroleiros realizaram neste final de ano. É importante salientar a participação da categoria petroleira de Minas Gerais. A Regap correu riscos de ter setores paralisados por falta de pessoal para substituir os que estavam trabalhando. Faltou pelego. Os trabalhadores aderiram em massa ao movimento, o que obrigou a Petrobrás a rever sua postura na mesa de negociações. Aceitou a participação das empresas do Sistema Petrobrás, aceitou discutir a Pauta pelo Brasil e manteve todas as conquistas do ACT passado. Além disso, vai discutir com os sindicatos o não desconto dos dias parados e nenhuma punição para os grevistas. Com a participação histórica dos petroleiros, a greve contou com a participação de diversos movimentos sociais. Os petroleiros de Minas

sentiram a força da classe trabalhadora quando se uniu aos companheiros de outras categorias e entidades populares. Foi essa grande integração que vimos na portaria da Regap. A participação dos grevistas, na organização e condução do movimento, foi uma demonstração de como os trabalhadores estavam envolvidos nessa luta. Foi de um companheiro em

AÇÕES TRIBUTÁRIAS

greve, a ideia de colocar o jaleco da Petrobrás no chão, por onde os pelegos iam entrar na Regap. Assim, os pelegos tinham que passar pelo constrangimento de pisar no uniforme de seus colegas de trabalho, para ganhar hora extra à custa da luta dos trabalhadores. Essa união e pressão, ajudou a diminuir o número de "traíras" e reforçou nossa luta.

NÃO SOMOS PEQUENOS BURGUESES!

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uando realizamos uma greve é que sentimos de forma mais contundente o que é a luta de classe e como acontece na prática. Deixa claro que somos mais que "colegas", somos companheiros. Temos de ter sempre em mente que para defender nossas conquistas e a Petrobras é preciso dessa consciência e da nossa união. Nessa greve enterramos a tese de que o trabalhador petroleiro é "pequeno burguês" e não tem consciência de que pertence à classe social explorada, que é a classe trabalhadora. Os trabalhadores demonstraram que vão se aliar aos movimentos sociais e a outras categorias para defender um projeto maior para a Petrobrás e o Brasil. A greve foi um grito contra qualquer aliança com a burguesia que explora os trabalhadores e o povo brasileiro. Esta foi a maior conquista dos petroleiros. Uma conquista que não foi reivindicada, mas que foi uma consequência da participação e do envolvimento dos petroleiros nessa greve. Os petroleiros não são "pequenos burgueses". Os petroleiros não são aliados dos burgueses. Os petroleiros são trabalhadores que lutam contra a exploração dos que são obrigados a vender sua mão de obra para sobreviver. A luta é por uma sociedade mais justa! Nossa luta é por uma Petrobrás que atenda aos anseios do povo brasileiro. Não queremos uma empresa voltada para o mercado, favorecendo os endinheirados. A força dessa greve mostrou que podemos ir mais longe cobrando da empresa e do governo um plano de negócios e investimentos que criem empregos e favoreça a imensa população pobre do Brasil. Alguns podem dizer que uma greve não pode levar a tantas conquistas. Sempre é bom lembrar que é na luta que testamos nossa união, nossa força e que forjamos mais trabalhadores dispostos a lutar. Isso tivemos de sobra nessa greve. Por isso, temos que analisar além das reivindicações conquistadas. Nessa greve, a categoria petroleira de Minas deu um enorme passo junto com os petroleiros do Brasil, movimentos sociais e trabalhadores de outras categorias, para deixar de maneira clara a luta de classes no Brasil. Luta de classes que existe em toda sociedade capitalista, mas que a mídia tenta esconder. Estamos num caminho sem volta. Temos de nos manter unidos e trabalhar junto aos que pelegaram para que eles participem de nossas próximas lutas. Temos que destacar a participação dos aposentados da Regap nas concentrações em frente à refinaria. Foi um encontro de gerações, que contribui para nossa luta. A experiência dos aposentados e a busca por mudança dos mais novos que estão na ativa. Nessa grande luta, que é a defesa da Petrobrás e dos nossos direitos, precisamos de todos. Não se omita. Afinal, todos pertencemos a classe trabalhadora!


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... DA GREVE OS MORTOS VIVOS

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uitos trabalhadores da Regap não aprovam que a diretoria do Sindipetro/MG fique debatendo ou discutindo com a oposição. Mas faz parte do nosso amadurecimento político e sindical que essas discussões sejam abertas e com a participação da categoria. Nessa greve tivemos muita polêmica nas assembleias. Torna-se necessário, portanto, que a categoria reflita, de "cabeça fria", sobre o que aconteceu no calor da greve. A Federação Nacional dos Petroleiros - FNP - dá exemplos de como a "malandragem engoliu o malandro". 1) Desde o início da Campanha Salarial de 2015, a FNP concentrou suas reivindicações em propostas para o ACT. 2) A FUP exigia para negociar o ACT a participação de todas as empresas do Sistema Petrobrás, como sempre foi. 3) A FNP foi para mesa de negociações querendo 18% de aumento, sem exigir a participação das outras empresas do Sistema Petrobrás.

podem contar comigo". E assim furava os movimentos na "maior cara de pau". É um desrespeito às decisões das assembleias da categoria, além de se achar superior aos demais trabalhadores. 14) Hoje temos a volta desses argumentos na boca da oposição, que nem nisso foi original. 15) Nos filmes de terror sobre a "volta dos mortos vivos", as pessoas são uma caricatura do que foram no passado. A oposição na Regap reapareceu da mesma forma: são uma caricatura do que foram no passado. 16) A categoria percebeu isso e, apesar das manobras dos "mortos vivos", aprovou o indicativo da FUP. 17) Os petroleiros, a FUP e seus sindicatos fizeram grandes conquistas em relação ao que estava sendo reivindicado. Basta ver nas páginas centrais deste jornal. 18) A FNP não conquistou nada parecido com os 18% que reivindicava, mas mesmo assim, acabou com a greve nas suas bases. Ela ainda quer "pegar uma carona" na comissão que vai discutir a Pauta pelo Brasil, que não fazia parte de suas reivindicações.

AÇÕES TRIBUTÁRIAS

4) Quando a Petrobrás aceitou os representantes das subsidiárias, a FUP exigiu que a primeira negociação fosse a Pauta pelo Brasil. A empresa recusou. 5) A FUP abandonou a mesa de negociações. 6) Enquanto isso, a FNP continuava negociando somente o ACT.

19) É uma prática corriqueira dessa entidade: "mete o pau" nas conquistas da FUP, mas, depois, em silêncio, sem fazer barulho, arruma um "jeitinho" de usufruir dessas conquistas.

7) Com o impasse na mesa de negociações, a FNP e a FUP chamaram a greve. Quando a FUP foi informada que a Petrobrás não discutiria a Pauta pelo Brasil, a greve foi marcada para iniciar dia 1º de novembro de 2015.

20) A FNP é outro "morto vivo". Seus cinco sindicatos não chegaram a um acordo para distribuir os cargos da entidade , principalmente o de coordenador, por isso, ela não existe. Não tem rosto. É um fantasma.

8) A FNP marcou a sua greve, porque a empresa não avançou na cláusula econômica, que reivindicava 18% de aumento.

21) O Edise não parou. Pertence à base do Sindipetro/RJ, ligado à FNP. Se o Edise tivesse parado seria um grande reforço para o movimento. Teria no mínimo, uma enorme força simbólica. Não se viu nenhum esforço da "combativa" FNP para parar o edifício sede.

9) Quando a direção da FNP percebeu a importância que a categoria dava à Pauta pelo Brasil, ela começou a fazer propaganda de que a "greve era dela" e que "eles começaram a greve". 10) Na Regap aconteceu um fenômeno estranho: a volta dos "mortos vivos" da oposição ligada ao PSTU. 11) Voltaram para atacar o sindicato, a FUP e pegar "carona" na greve. 12) Um dos "mortos vivos" que voltou a participar da nossa luta, depois de 13 anos, disse que voltou porque essa era uma greve forte e que ele não participava de movimentos fracos tipo "ciranda" e "greve de 24 horas". Por isso, ele pelegou todos esses anos. 13) Esse argumento é histórico entre os pelegos da Regap. Possivelmente, ele deve ter ouvido quando era dirigente sindical. Nos tempos de Ditadura Militar, tinha sempre algum pelego que dizia o seguinte: "vou entrar porque não faço movimentos fracos! Quando o sindicato distribuir armas para derrubar a ditadura

22) Se os "mortos vivos" da Regap fossem engrossar os piquetes no Rio de Janeiro, quem sabe não ajudariam mais o movimento, do que ficando na Regap "assombrando" uma greve que não dependeu deles para acontecer. 23) A diretoria do Sindipetro/MG foi acusada pela oposição de fazer terrorismo, quando informou que a empresa poderia recorrer ao TST, caso a greve continuasse. O sindicato tem que informar tudo o que envolve votar sim ou não de qualquer proposta. Assim, a categoria tem todos os elementos possíveis para decidir. 24) Dois exemplos de como agem direções de sindicatos ligados à FNP. Em Sergipe/Alagoas, a assembleia aprovou a proposta da direção sindical, que contraditoriamente propunha o fim da greve e a não assinatura do Acordo Coletivo de Trabalho. No Rio de Janeiro, o sindicato suspendeu a assembleia quando percebeu que ia perder a votação, que aprovava a assinatura do ACT.

O importante é que a categoria está se demonstrando uma verdadeira caçadora desses "mortos vivos"! Impôs uma grande derrota na última assembleia ao aprovar a comissão para discutir a Pauta pelo Brasil, "sem nenhum direito a menos" , aprovando a assinatura do Acordo Coletivo de Trabalho e mantendo o estado de greve.


UMA GREVE DIFÍCIL ATÉ PARA TERMINAR

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s mais antigos já diziam: iniciar uma greve pode ser fácil, mas sair de uma é sempre mais difícil. E, convenhamos, esse velho provérbio nunca foi tão atual!

Diante de uma categoria fortemente mobilizada e inflamada, orgulhosa de sua capacidade de enfrentamento e resistência, eis que a direção da FUP encaminha a seus sindicatos filiados o indicativo de suspensão da greve. Para muitos, um banho de água fria para quem acreditava que poderia conquistar mais! Talvez a Federação possa ter subestimado a importância de se buscar um melhor acordo sobre os dias parados, uma demanda de importância simbólica para os grevistas, mesmo sabendo que poderíamos sair com ferimentos daquela grande batalha. Mas a FUP o fez - e essa foi uma decisão dura de ser tomada - porque o movimento estava se enfraquecendo naquele momento. Tratava-se de adotar um discurso responsável, com os pés no chão. Plataformas retomavam produção com equipes de contingência, enquanto sofríamos derrotas no Judiciário: multas milionárias para Sindicatos, interditos proibitórios em bases importantes e decisões locais que obrigavam a recomposição de efetivo em refinarias. E, como se não bastasse, um prejuízo bilionário foi apresentado pela empresa em seu último balanço trimestral. Naquele momento, a FUP e seus sindicatos não quiseram arriscar perder o que estava sendo conquistado: a renovação do atual acordo coletivo e a porta aberta para discussão sobre o futuro da empresa. Esses eram os motivos iniciais para entrarmos nessa greve, e foram necessárias duas suadas semanas de luta para que pudéssemos alcançar esses resultados. Mesmo assim, a categoria petroleira de Minas deu seu recado e rejeitou, em um primeiro momento, a suspensão do movimento. A direção do Sindipetro/MG e a FUP acataram essa decisão, um sinal claro de como Minas estava entre as bases mais fortes em todo o Brasil. Frente ao apelo de bases como a nossa, a FUP correu atrás e conseguiu chegar a um melhor acordo sobre os dias parados para toda a categoria petroleira. No entanto, esse desencontro entre a direção do movimento e a base gerou duras críticas à Federação. Mas, é bom que se diga: somente sob o comando da FUP é que fomos capazes de obter as conquistas que temos e, inclusive, será somente com o apoio dela que obteremos melhorias quanto aos dias parados e punições, um apelo da categoria democraticamente acatado por essa entidade. A Federação Única dos Petroleiros mostrou mais uma vez, durante essa greve, que possui uma capacidade de mobilização e de articulação política muito grande. Sabemos que setores da empresa não admitiam a intervenção do Governo Federal na tentativa de solucionar os impasses da negociação. Sabemos também que, se dependesse desses, nós estaríamos agora negociando nosso acordo coletivo em uma audiência convocada pelo TST. Mesmo lutando nesse ambiente ardiloso, conseguimos importantes e históricas vitórias! É natural que alguns se sintam desconfiados e até contrariados com nossas direções, exaltados com o calor desse movimento que certamente mudou a vida dessa categoria. Mas tenham paciência e confiança nessa Federação e em nosso Sindicato, pois - diante dessa complicada conjuntura política e econômica e de um futuro sombrio para a classe trabalhadora - será muito importante que estejamos sempre unidos, com a absoluta certeza de que aquele que luta ao seu lado nunca te abandonará. Diretoria Colegiada: Aluízio, Anselmo, Barroso, Carlos, Claudinei, Cristiano, Edna, Eduardo, Fabrício, Felipe, Flávio, Gaspar, Gildo, Joaquim, Josef, Julionor, Leopoldino, Letícia, Luiz Carlos, Orlando, Osvalmir, Paulo Valamiel, Rolim, Salvador e Zé Maria. Jornalista e diagramadora: Luana Braga - MG 0015206 - Colaborador: Getúlio Fioravante Av. Barbacena, 242 - Bairro Barro Preto - Belo Horizonte/MG - CEP: 30.190-130 - Tel.: (31) 2515-5555 - Fax (31) 2535-3535. - www.sindipetromg.org.br - sindipetromg@sindipetromg.org.br


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