ACESSIBILIDADE E APROPRIAÇÃO DE ESPAÇOS ABERTOS DE JOINVILLE Bolsista: Luana Cristina Steffens Orientador: Alexandre Drefahl
LUANA CRISTINA STEFFENS
ACESSIBILIDADE E APROPRIAÇÃO DE ESPAÇOS ABERTOS DE JOINVILLE Relatório final de pesquisa apresentado ao Programa de Incentivo a Pesquisa – PROINPES. Centro Universitário – Católica de Santa Catarina Professor Orientador: Alexandre Drefahl
JOINVILLE, 2015. 01
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Introdução ao tema
Checklist de acessibilidade Passeio acompanhado Ficha qualitativa e quantitativa Mapa visual
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Espaços abertos e paisagismo Lazer Psicologia ambiental Acessibilidade e Desenho Universal
ESTUDOS DE CASO
Praça Nereu Ramos Rua das Palmeiras Parque das Águas Praça do Bosque Considerações finais
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
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INTRODUÇÃO O lazer constitui um dos direitos de todas as pessoas, os espaços livres de uma cidade são elementos urbanos que permitem a população exercer esse direito ao lazer e ainda ao bem-estar, propiciando diversas atividades como o contato com a natureza, a prática de esportes, o descanso e a socialização. Por serem de uso público, devem apresentar um cenário mais democrático, ou seja, devem atender aos mais diversos usuários, independentemente de suas limitações ou habilidades. Portanto, devem oferecer condições ambientais que tornem o lugar convidativo para a permanência e consequente apropriação das pessoas e acredita-se que a acessibilidade espacial pode colaborar com a apropriação destes espaços. Nesta pesquisa realizou-se uma avaliação pós ocupação em quatro praças da cidade de Joinville: Praça Nereu Ramos, Rua das Palmeiras, Praça Parque das Águas e Praça do Bosque, de forma a analisar as condições de acessibilidade e apropriação em cada uma delas. Essa escolha baseou-se nos seguintes critérios: uso e apropriação, ou seja, procurou-se estudar duas praças com nível elevado de apropriação e uso pela população e outras duas com apropriação e uso mais baixo; e localização de cada uma delas em contextos urbanos diferentes, por estarem respectivamente nos bairros: Centro, Costa e Silva e América, e por possuírem traçados distintos. O propósito desta pesquisa é identificar que aspectos físicos podem colaborar com a apropriação dos usuários em espaços abertos, e seus resultados podem ajudar projetistas a tornarem seus projetos mais inclusivos e assim gerar espaços de maior qualidade.
PRAÇA NEREU RAMOS Área: 3.321,30 m² Bairro: Centro, Joinville-SC
IMAGENS DOS ESPAÇOS ABERTOS DO ESTUDO
Praça Nereu Ramos. Fonte: http://www.vidadeturista.com/destinos/joinville-sc.html
Praça Nereu Ramos. Fonte: http://festacultural.blogspot.com.br/2014/04/agende-se-eruditopara-o-povo.html
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Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
Rua das Palmeiras. Fonte:http://www.ciadoturismojoinville.com.br/novo/?page_id=253
Rua das Palmeiras. Fonte: http://prazeremviajar.com/saiba-o-que-fazer-em-uma-visita-ajoinville/
ESPAÇOS ABERTOS DO ESTUDO OBJETIVO: Verificar a acessibilidade e a apropriação de quatro praças de Joinville e traçar uma relação entre uso do espaço e condições de acessibilidade.
Cidadela Cultural Antarctica
RUA DAS PALMEIRAS Área: 2.219,00 m² Bairro: Centro, Joinville-SC
Parque das Águas. Fonte: http://ndonline.com.br/joinville/plural/83389-slackline-uma-fita-de-nylonentre-duas-arvores-que-ganha-cada-vez-mais-adeptos-em-joinville.html
PARQUE DAS ÁGUAS Área: 4.041,40 m² Bairro: Amércia, Joinville-SC
PRAÇA DO BOSQUE Área: 4.088,30 m² Bairro: Costa e Silva, Joinville-SC
Parque das Águas. Fonte: http://portaljoinville.com.br/noticias/2012/12/espelho-dagua-
Praça do Bosque. Fonte: http://www.estruturadecomunicacao.com.br/noticias/iluminacao-
e-a-principal-atracao-de-parque-no-centro
publica-de-joinville-recebe-melhorias/
Praça do Bosque. Fonte: Acervo pessoal.
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METODOLOGIA
Adota-se neste estudo metodologia qualitativa, com o desenvolvimento da revisão teórica, pesquisa de campo e análise dos resultados para definição de recomendações para os espaços abertos da cidade de Joinville. Para o levantamento bibliográfico, emprega-se o método de Análise Documental, que consiste em uma revisão teórica dos principais temas da pesquisa e na reunião de dados acerca dos espaços abertos da cidade de Joinville. Para compreensão desses temas na prática, realizam-se as pesquisas de campo, utilizando os métodos de Checklist de acessibilidade, de Ficha qualitativa e quantitativa, do Passeio acompanhado e dos Mapas visuais.
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CHECKLIST DE ACESSIBLIDADE
PASSEIO ACOMPANHADO
O Checklist de acessibilidade consiste em uma planilha desenvolvida por Dischinger et al (2009) para avaliação de edifícios públicos no Estado de Santa Catarina, adaptada por Luz et al (2013) para a avaliação de praças. Os critérios de avaliação são baseados nas legislações e normas técnicas que regulamentam as condições de acessibilidade em âmbito nacional, estadual e municipal. Isso auxilia na análise mais eficiente do espaço, pois as informações necessárias encontram-se esquematizadas e direcionadas para a verificação, não sendo necessário recorrer às regulamentações já citadas ao longo do processo, em geral, de conteúdo bem denso e confuso, que dificilmente seguem uma lógica apropriada de consulta. Na planilha, os itens de avaliação estão dispostos juntamente com a lei que os rege, e com os componentes de acessibilidade (também definidos por Dischinger et al (2009): orientação espacial, comunicação, deslocamento e uso) que estão associados a eles. O Checklist será aplicado in loco por um dos membros da equipe de pesquisa na etapa inicial, gerando, portanto, quatro planilhas, uma para cada praça. Os resultados obtidos com esse método são expostos de acordo com os quatro componentes de acessibilidade.
O passeio acompanhado é um método desenvolvido por Dischinger (2000) apud Luz et al (2013, p.65) que consiste em acompanhar uma pessoa em um percurso, sem conduzir apenas seguindo-a. São registradas as reações, dificuldades ou facilidades apresentadas e situações relevantes são fotografadas. A importância desse método está no fato de ser uma avaliação do espaço por uma pessoa com deficiência ou limitações em situações reais, atentando para certos aspectos espaciais que muitas vezes passam despercebidos pelo avaliador que pode não sofrer da mesma restrição. Nesse estudo, optou-se por realizar passeios acompanhados com três tipos de usuários: deficiente visual, cadeirante (pessoa com cadeira de rodas) e idoso. Para tanto, são propostos passeios acompanhados com cada uma dessas pessoas em todos os quatro espaços em análise, totalizando doze passeios acompanhados. O resultado são mapas que mostram os objetivos e rotas tomados por cada usuário e a descrição das dificuldades resultantes deste processo.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
Ficha qualitativa e quantitativa: consiste em uma planilha desenvolvida por Angelis et al (2004, p.61-64), para avaliar qualitativa e quantitativamente cada elemento presente nas praças, classificados como físicos, sensoriais e sociais. As características físicas estão ligadas à adequação dos equipamentos, avaliando iluminação, pavimentação, mobiliário e vegetação. As características sensoriais avaliam odores, sons e aspectos visuais, que influem na questão do bem-estar enquanto o espaço é utilizado. A categoria social está ligada à sensação de segurança no local e à presença de pessoas. A cada um desses itens pode ser atribuído uma das seguintes avaliações: 0 – não tem, 1 – ruim, 2 – neutro, 3 – bom. Os critérios para avaliação são preestabelecidos entre os membros da equipe. Esta importante avaliação demonstra que além da acessibilidade (já avaliada através do checklist) a conservação e a quantidade dos elementos também contribuem para o uso e a apropriação dos espaços. Esta aplicação das fichas nas praças também será utilizada in loco por um dos membros da equipe de pesquisa na etapa inicial, gerando, portanto, quatro fichas, uma para cada praça.
Mapa visual: é um método de observação dos espaços para Avaliações Pós Ocupação. Reinghantz et al (2008) apud Luz et al (2013, p.86) afirma que os principais objetivos da aplicação desse método são: verificação dos aspectos ligados à territorialidade e apropriação, avaliação da adequação do espaço e de seus equipamentos, além de encontrar pontos negativos e positivos, podendo realizar seus registros através de plantas e esquemas gráficos. Para a avaliação das praças foram utilizadas as fichas qualitativas e quantitativas adaptada para auxiliar o mapeamento e também uma tabela desenvolvida por Luz et al (2013, p.87) que avalia por setores e atribui notas que vão de 0 – Ruim à 10 – Bom. Para facilitar a avaliação, cada praça estudada será setorizada conforme critérios dos pesquisadores e cada setor será avaliado individualmente. Assim, ao final do mapeamento podem ser identificados setores que se destacam positiva ou negativamente do todo. Deste modo são gerados um mapa para cada item em análise totalizando 10 mapas por praça.
RUA RIO BRANCO
MAPA VISUAL
RUA DO PRÍNCIPE
FICHA QUALITATIVA E QUANTITATIVA
RUA DAS PALMEIRAS
LEGENDA DE CORES: 0
0,1 - 2,5
2,6 - 5,0
5,1 - 7,5
7,6 - 9,9
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ESPAÇOS ABERTOS E PAISAGISMO Para Alex (2008) apud Luz et al (2013, p.17) “ruas, jardins, praças e parques constituem o cerne do sistema dos espaços abertos de uma cidade”. Fundamentais para o bem-estar da população, os espaços abertos podem ser livres de edificações e verdes ou não. Porém, segundo BINS ELY et al (2008) apud LUZ et al (2013, p.17):
De acordo com Bartalini (1986) apud Luz et al (2013, p.17) pode-se atribuir três valores para efeito de análise de melhoras que estes espaços podem trazer, divididos em: ambiental, visual e recreativo. O fator ambiental contribui no sentido de favorecer a salubridade e melhorar o microclima urbano para Souza (2003) apud Luz et al (2013, p.17), além de propiciar o contato com a natureza e sua preservação. O fator visual, segundo Luz et al (2013, p.17), sucede da importância desses espaços na qualificação da paisagem, podendo tornar-se marcos urbanos, como por exemplo o Central Park, um importantíssimo ponto de referência da cidade de Nova York, figura a seguir:
[...] as cidades contemporâneas cada vez mais vêm perdendo o caráter público de seus espaços, principalmente daqueles de caráter livre de edificações. Muitos destes espaços têm se tornado residuais, com pouca apropriação e identificação por parte da população, devido à falta de manutenção por parte dos órgãos responsáveis, difícil acessibilidade, carência de equipamentos, aumento da violência urbana, entre outros.
Luz et al (2013, p.17) afirma que esta é a situação de grande parte dos espaços abertos no Brasil. Muitas vezes associados a locais perigosos, uma consequência do cuidado negligenciado que torna esses lugares abandonados e sem uso. Aos poucos, tornam-se problemas no contexto urbano ao invés de solução para uma melhor qualidade de vida da população. Central Park, em New York - EUA. Grande área verde em meio à densa malha urbana. Fonte: Larissa Heinisch apud Luz et al (2013, p.18)
Luz et al (2013, p.20) fala da importância da intervenção paisagística, ela: [..] vem no sentido de ordenar, planejar e pensar devidamente os espaços abertos públicos, podendo assim qualificá-los e oferecer uma experiência de vida urbana mais enriquecedora para a população. Ao realizar um projeto de paisagismo, é importante então o conhecimento acerca dos usuários desses espaços e que condições devem ser garantidas de modo a concebê-lo com qualidade para as pessoas que o utilizarão. Isso evidencia a relevância do conhecimento de áreas como Psicologia Ambiental, Desenho Universal e acessibilidade, que serão apresentadas a ao longo desta pesquisa. 07
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
O fator recreativo, engloba duas funções principais: social e lazer. O social pode ser visto na possibilidade que os espaços abertos dão aos indivíduos para a observação e a interação com outras pessoas, estimulando assim a socialização e o contato com hábitos e costumes distintos. As atividades desenvolvidas por indivíduos de diferentes culturas e religiões, por exemplo, podem dividir o espaço público e utilizá-lo para praticar atividades relacionadas a cada crença (meditação, práticas religiosas, festas) de acordo com Luz et al (2013, p.18).
“Diversos estudiosos têm procurado estabelecer um conceito para lazer, alguns o relacionam com o tempo livre, outros com a qualidade das atividades desenvolvidas, ou ainda à recreação e diversão. ” (DORNELES 2006, p.36). Assim, segundo Macedo (1995) apud Dorneles (2006, p.37) o lazer é considerado ativo quando as atividades requerem movimento e esforço físico, como andar, correr, caminhar, praticar esportes, brincar e entre outros, e definido como passivo quando as atividades não demandarem movimento, tornando o indivíduo um expectador da atividade em si, como conversar, descansar, apreciar o movimento ou paisagem, refletir, lanchar, esperar e etc. Além disto, o lazer pode ser classificado quanto a três diferentes funções, conforme Dumazedier (1976) apud Dorneles (2006, p. 38):
LAZER
Gramado no Battery Park (NY – EUA), apropriado pela população para o descanso ao sol. Fonte: Larissa Heinisch apud Luz et al (2013, p.20).
Descanso: são as atividades que se propõem a fazer com que o indivíduo se restabeleça do cansaço físico ou mental, advindo das obrigações laborais.
Interesses artísticos: são as atividades de conteúdo estético, ligadas ao belo, ao sentimento, à emoção. São atividades passivas, como assistir peças teatrais, ir ao cinema, etc.
Recreação, divertimento e entretenimento: são as atividades que buscam extinguir o tédio e a monotonia da rotina diária.
Interesses intelectuais: são as atividades de conteúdo cognitivo, que visam o desenvolvimento pessoal, seja pela busca de informações, conhecimento e/ou aprendizagem. A exemplo desta área de interesse tem-se as atividades de leitura, escrita, entre outras.
Desenvolvimento pessoal: são as atividades que possibilitam a interação social e a aprendizagem, desde que voluntária, visando um desenvolvimento da personalidade.
E, ainda, há uma classificação das atividades de lazer, definida por Dumazedier (1976) apud Dorneles (2006, p.38), que estabelece cinco áreas de interesses:
Interesses manuais: são as atividades desenvolvidas por ações com as mãos, onde uma matéria-prima é transformada, podendo ser jardinagem, pintura, escultura, etc. Interesses físicos: são as atividades relacionadas às práticas esportivas e à exploração de novos lugares. Entre as atividades mais comuns estão os passeios e as caminhadas. Interesses sociais ou associativos: são as atividades relacionadas com a interação entre pessoas e grupos e os relacionamentos. São as reuniões de grupos, de igrejas, as festas, etc.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
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PSICOLOGIA AMBIENTAL
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OS DIVERSOS USUÁRIOS Cambiaghi (2012, p.9) relata sobre a busca pelo homem-padrão, cujo suas medidas definiriam as dimensões dos espaços e coisas. Princípios como os de Vitrúvio e no século XX, por exemplo o modular de Le Corbusier, demonstram, ainda que de distantes no tempo, esforços em busca das proporções ideais do ser humano. Porém, sabe-se que se a arquitetura ou o urbanismo restringirem-se ao homem modularmente exemplar, deixarão de fora a maioria dos usuários potenciais, entre os quais encontram-se: idosos, adultos, crianças, pessoas em cadeiras de rodas, usuários de muletas, pessoas com baixa ou sem visão, altos, baixos, obesos, grávidas, pessoas carregando peso e assim entre outros.
AMBIENTE
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A Psicologia Ambiental trata sobre a compreensão das relações entre o homem e seu ambiente físico, Gifford (1987) apud Luz et al (2013, p.21) considera essas relações recíprocas, isto é, tanto o meio influencia e afeta o homem, como o homem age diretamente no meio, formando um ciclo constante de ação e reação. Para Luz et al (2013, p.21) a linha de estudos referente a esse tema inovou ao dar ênfase ao espaço físico na área da psicologia, porém, ainda considerando fatores econômicos, sociais e culturais em seu contexto. Para Corrêa (2006) apud Luz et al (2013, p.21) “o objeto de estudo na Psicologia Ambiental é sempre a inter-relação pessoa-ambiente e nunca a pessoa ou o ambiente isoladamente”.
ACESSIBILIDADE E DESENHO UNIVERSAL
Psicologia como ciclo de ação e reação entre Usuário e Ambiente. Fonte: autora, adaptado de Cavalcanti (2010) apud Luz et al (2013, p.21)
De acordo com Cavalcante e Elali (2011) apud Luz et al (2013, p.22), “esse campo da psicologia tem como principal objetivo compreender a construção de significados e os comportamentos relacionados aos diversos espaços de vida”. Consequentemente, como Bertoletti (2011) apud Luz et al (2013, p.22) afirma, ao buscar compreender as motivações relacionadas à adoção de um indivíduo por uma determinada conduta espacial, [...] a Psicologia Ambiental procura compreender a dinâmica da percepção para, em um segundo momento, buscar subsídios sobre os diferentes estudos do comportamento (territorialidade, privacidade, espaço pessoal e aglomeração. (BERTOLETTI, 2011) apud (LUZ ET AL, 2013, p. 22). 09
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
O espaço aberto e a sua diversa gama de usuários. Fonte: http://casaazulblog.files.wordpress. com/2011/10/acessibilidade_em-baixa.png
DEFICIÊNCIA OU RESTRIÇÃO? A partir da preocupação com as pessoas deficientes é que a acessibilidade espacial surgiu. Para este estudo é importante esclarecer qual a diferença entre os conceitos de deficiência e restrição, visto que uma mulher grávida por exemplo, possui restrições que limitam suas atividades por um período de tempo – assim como as pessoas com deficiência – sem, no entanto, ser deficiente. A deficiência pode ser definida como a modificação ou ausência de alguma característica a nível físico-funcional no organismo humano e, restrição corresponde a dificuldade/limitação que uma pessoa possa ter em realizar atividades, dadas suas condições físicas aliadas as características dos ambientes segundo Dorneles (2006, p.57).
CLASSIFICAÇÃO DAS DEFICIÊNCIAS
CLASSIFICAÇÃO DAS RESTRIÇÕES:
- Deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia e entre outros; exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho das funções;
Nesta pesquisa adotou-se a classificação de restrições indicada por Dischinger et al. (2004) apud Dorneles (2006, p.58), que as divide em quatro grupos:
- Deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de 41 decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500 Hz, 1000 Hz, 2000 Hz e 3000 Hz;
- Restrição sensorial: “[...] refere-se às dificuldades na percepção das informações do meio ambiente devido a limitações nos sistemas sensoriais” (BINS ELY et al., 2003, p.19).
- Deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais o somatório da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores.
- Restrição físico-motora: “[...] refere-se ao impedimento, ou às dificuldades encontradas em relação ao desenvolvimento de atividades que dependam de força física, coordenação motora, precisão ou mobilidade” (BINS ELY et al., 2003, p.19). - Restrição psicocognitiva: “[...] refere-se às dificuldades no tratamento das informações recebidas ou na sua comunicação através da produção linguística devido a limitações no sistema cognitivo” (BINS ELY et al., 2003, p.19). Cohen (1999) apud Silveira (2012, p.44)
- Deficiência mental: funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos 18 anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: comunicação, cuidado pessoal, habilidades sociais, utilização dos recursos da comunidade, saúde e segurança, habilidades acadêmicas, lazer e trabalho.
- Restrição múltipla: Ocorre quando há uma associação de duas ou mais restrições citadas acima.
- Deficiência múltipla: associação de duas ou mais deficiências.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
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ACESSIBILIDADE Para Davidson (1977) apud Dorneles (2006, p.54) a acessibilidade pode ser vista de diversas formas de acordo com o enfoque e a área de estudos que está sendo conceituada. Segundo Dischinger e Bins Ely (2009) apud Silveira (2012, p.42) a acessibilidade não se restringe apenas a fatores físico-espaciais, mas também a aspectos sociais, políticos e culturais, como por exemplo: o preço do transporte público, a falta de compreensão de uma informação por um turista estrangeiro, o analfabetismo e várias outras questões que restringem e até impedem a realização das atividades desejadas. Para Santos (1987) apud Dorneles (2006, p.54) a “acessibilidade só é garantida quando há cidadania, o que pressupõe que os direitos essenciais à vida humana sejam respeitados”. Os direitos essenciais à vida estão relacionados a todos os bens e serviços que tornam a vida das pessoas mais digna, como: o direito à cultura, à econômica, à sociedade, ao território, à política, ao lazer, à informação, à saúde e educação. Para tanto, as pessoas devem conquistar sua autonomia e independência sendo que um dos fatores que contribui para isso é o meio onde vivem segundo Laufen et al (2003) apud Dorneles (2006, p.54). Para atingir a acessibilidade espacial, Silveira (2012, p.44) destaca que um importante conceito a ser considerado é o de barreiras, pois a acessibilidade é comprometida quando os espaços apresentam “elementos que impedem ou dificultam a percepção, compreensão, circulação ou apropriação por parte dos usuários dos espaços e atividades” segundo Bins Ely; Dischinger e Mattos (2002) apud Silveira (2012, p.44).
COMPONENTES DE ACESSIBILIDADE ESPACIAL Os componentes de acessibilidade criados por Dischinger e Bins Ely (2006) citadas por Silveira (2012, p.47) e por Dorneles (2012, p.55): orientação, comunicação, deslocamento e uso, devem ser considerados para que os espaços possam atender a todos, pois considerando as condições específicas dos indivíduos, o não atendimento a um dos componentes pode comprometer a acessibilidade. 11
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
De acordo com Bins Ely (2004) apud Silveira (2012, p.45), o “conceito de acessibilidade é muito amplo, pois pressupõe a ausência de barreiras de diferentes naturezas, a fim de propiciar a participação de todas as pessoas na sociedade”.
ACESSIBILIDADE ESPACIAL A Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR 9050/ABNT, 2004) define acessibilidade espacial como a “Possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos”. De forma mais ampla, o Decreto nº 5.296 (2004), considera a acessibilidade como: [...] condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliário e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.
Silveira (2012, p.46) conclui que “um espaço acessível é aquele que permite ao usuário obter as informações necessárias para sua orientação, para então se deslocar, utilizar e se comunicar, participando efetivamente das atividades que o espaço proporciona”.
Orientação: está relacionada com a compreensão dos ambientes.
O uso é o componente que está relacionado com a participação em atividades e utilização dos equipamentos, mobiliários e objetos dos ambientes.
Deslocamento corresponde às condições de movimento.
Comunicação corresponde à facilidade de interação entre os usuários com o ambiente.
DESENHO UNIVERSAL Desenho Universal (DU) é definido por Dischinger et al (2001) apud Luz et al (2013, p. 33) como: [...] um modo de concepção de ambientes, espaços e produtos visando sua utilização pelo mais amplo espectro de usuários, incluindo crianças, idosos e pessoas portadoras de deficiências temporárias ou permanentes.
Luz et al (2013, p.33) conta que Ronald L. Mace, criador do Centro de Desenho Universal da Carolina do Norte (EUA), foi quem primeiro usou esse termo em 1985. A filosofia do Desenho Universal aplica sete princípios descritos a seguir, estabelecidos por este Centro segundo Connell et al. (1997) apud Luz et al (2013, p.33-36): Uso equitativo: as atividades podem ser realizadas de maneira igualitária pelos seus mais diversos usuários, impedindo assim a segregação. Flexibilidade no uso: o design é passível de ser adaptável de acordo com as preferências e habilidades individuais de cada pessoa, possibilitando a opção de escolha. Uso simples e intuitivo: o uso é de fácil compreensão e não depende da experiência, conhecimento, habilidades de linguagem ou nível de concentração dos usuários. Informação perceptível: o desenho transmite a informação necessária e de forma eficiente, independente das condições do ambiente e características do usuário.
PORQUE DU É DIFERENTE DE ACESSIBILIDADE? Luz et al (2013, p.37) ressalta que desenho universal é “um modo de projetar, de forma a conceber não somente espaços, mas também objetos que possam ser igualmente usados por todos” e a acessibilidade “é uma condição a ser garantida de maneira a qualificar um espaço considerando seus diversos usuários”. Num projeto de uma praça, por exemplo, se o projetista ao desenhar um passeio optou por dimensioná-lo e escolheu os materiais visando o conforto de todos, inclusive de um usuário com cadeira de rodas ou uma mãe com carrinho de bebê, pode-se afirmar que sua concepção foi baseada nos princípios do DU e consequentemente foram tomadas decisões projetuais buscando proporcionar a acessibilidade espacial.
Tolerância ao erro: projeta-se de forma a minimizar riscos e acidentes oriundos de ações acidentais ou não intencionais. Baixo esforço físico: é o uso considerando todas as habilidades dos usuários, de forma a ser eficiente e confortável, ocasionando mínimo de fadiga. Dimensão e espaço para aproximação e uso: dimensionamento apropriado para a adequada aproximação, alcance, manipulação e uso, independentemente do tamanho do corpo, postura ou mobilidade do usuário.
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estudo de caso PRAÇA NEREU RAMOS
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Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
RUA DO PRÍNCIPE
LEGENDA DE CORES: RUA ENG. NIEMAIER
A praça Nereu Ramos localizada no Centro da cidade de Joinville, é uma das mais importantes da cidade, segundo Souza e Pereira (2013, p.03) e o site AN (2001), o local já abrigou a Prefeitura de Joinville e a Câmara de Vereadores em 1898. Logo após a demolição do prédio da Prefeitura nos anos 30, o espaço deu lugar ao prédio que abrigaria a sede dos “Correios e Telegraphos” e que atualmente é sede do Instituto de Previdência Social dos Servidores Públicos de Joinville (Ipreville). Em 1983, quando iniciou o Festival de Dança em Joinville a Prefeitura construiu um palco provisório para atender o espetáculo de dança, e em 1995 um palco definitivo foi construído para demais eventos da cidade, conforme Bernardi (2012, p.53) conta. Após algumas intervenções na praça, em 2003, o espaço físico da praça Nereu Ramos foi revitalizado para a atual configuração.
Paver
Palco para eventos
Iprevile
Área verde
Quiosque
Ponto de táxi
LEGENDA DE SÍMBOLOS: RUA SÃO JOAQUIM
Faixa de pedestre Sentido das ruas
estudo de caso RUA DAS PALMEIRAS
LEGENDA DE CORES:
RUA RIO BRANCO
RUA DO PRÍNCIPE
RUA DAS PALMEIRAS
LEGENDA DE SÍMBOLOS:
Paver
Concreto
Faixa de pedestre
Pedras irregulares
Pedras 10x6cm
Sentido das ruas
Área verde (jardim)
A história da alameda de palmeiras imperiais de Joinville tem início em 1865, com a chegada à colônia do engenheiro francês Fréderic Brüstlein, segundo o blog Livros e Cidades (2010). Após Brüstlein concluir a construção, em 1870, da “Maison Joinville” teve a ideia de criar uma alameda de palmeiras, como acesso ao palácio desde a rua do Príncipe. No entanto, não poderia ser qualquer espécie de palmeira e, para tanto, pediu em 1866 ao então diretor da colônia, Johann Louis Niemeyer que em sua viagem ao Rio de Janeiro trouxesse sementes da palmeira real. Em 1873, as mudas de 56 palmeiras foram transplantadas para o local. A alameda Brüstlein, conhecida como Rua das Palmeiras, foi concebida também para servir de ligação entre a “Maison Joinville” – atual Museu Nacional da Imigração e Colonização – e a Rua do Príncipe e de acordo com a notícia no site de Joinville (2012), desde sua implantação, a Rua das Palmeiras passou por diferentes alterações de traçado, trânsito e sentido, propostas por gestores, arquitetos, paisagistas, artistas e pesquisadores, e em 2012, a Prefeitura de Joinville, em uma ação conjunta que envolveu diversos órgãos de governo, realizou um novo projeto de requalificação urbana da Alameda Brüstlein que, entre outras melhorias, abriu um caminho central levemente sinuoso para a passagem de pedestres.
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estudo de caso PARQUE DAS ÁGUAS A Praça Parque da Águas está localizada no bairro América na cidade de Joinville. É uma praça muito recente, inaugurada a três anos na data de 16 de dezembro de 2012 e denominada Parque das Águas pela Lei nº 7390 de 20 de dezembro de 2012. Esta praça está anexa à Cidadela Cultura Antártica que atualmente abriga a Ajote – Associação Joinvilense de Teatro – e a Aaplaj – Associação dos Artistas Plásticos de Joinville –, o terreno, segundo Almeida (2012) deu lugar a uma praça em que a principal atração é um espelho d'água, além de ter um espaço de apoio as artes, onde há área para exposição. De acordo com o IPPUJ (2013): Aliando os conceitos de Qualidade de Vida e Sustentabilidade, surge em Joinville o Parque das Águas. Projetado para proporcionar a população entretenimento e informações sobre Joinville, a fonte dos desejos, o largo da fonte, o caminho das águas, as águas dançantes, os espelhos d'água e as cascatas, são algumas das atrações concebidas com técnicas adequadas ao tratamento sustentável dos elementos naturais, especialmente a água.
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RUA QUINZE DE NOVEMBRO
RUA RECREATICA ANTÁRTICA
LEGENDA DE SÍMBOLOS: Faixa de pedestre Sentido das ruas
Cidadela Cultural Antarctica LEGENDA DE CORES: Paver
Pó de brita vermelho
Pó de brita comum
Lago e córrego
Área verde
Mapa tátil
estudo de caso PRAÇA DO BOSQUE RUA CUIABÁ
LEGENDA DE CORES: Placas de concreto
RUA INAMBÚ
Concreto Pó de brita comum Bosque Área verde (jardim) Ponto de ônibus LEGENDA DE SÍMBOLOS: Faixa de pedestre RUA ARAQUÃ
Sentido das ruas
A Praça do Bosque localizada no bairro Costa e Silva na cidade de Joinville, é uma praça sem muitos registros históricos. Para tanto, buscou-se conhecer um pouco sobre a história do bairro para pelo menos compreender em qual realidade a praça está inserida. De acordo com o IPPUJ – Instituto de Planejamento e Pesquisa de Joinville – (2013) o bairro Costa e Silva é um bairro nobre e extenso, com cerca de 6,58km², bem abastecido por água e luz, se compõe de indústria, comércio, serviços e residências de forma proporcional. A Praça do Bosque está situada em uma das ruas mais movimentadas do bairro. A rua Inambu possui uma diversidade de usos, nela encontram-se comércios, serviços, indústrias e residências. De acordo com o site da Prefeitura de Joinville (2015) e uma placa existente na própria praça em junho de 2008 foram inauguradas as instalações da academia da Melhor Idade na praça.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
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avaliação dos espaços CHECKLIST DE ACESSIBILIDADE: PRAÇA NEREU RAMOS
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Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
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Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
Em relação à orientabilidade, o traçado da praça não é confuso. Apesar de existir piso tátil no contorno da praça, não há piso tátil ou placas/mapas táteis que orientem um cego para o interior da praça. Também foram encontrados alguns obstáculos, tanto fixos como temporários, sem sinalização e ainda, não há sinalização visual ou sonora nas entradas/saídas de estacionamento. Quanto a comunicação, não há telefones públicos muito menos telefones com amplificador de sinal nem com transmissão de mensagens de texto, o que é uma dificuldade para usuários mudos ou com deficiência auditiva. Também não há um lugar no palco destinado a interprete de Libras com boa visibilidade e iluminação adequada. O deslocamento nem sempre é livre de obstáculos. Contudo, o mobiliário não está no caminho de passagem, que é sempre amplo para o deslocamento confortável de mais de uma pessoa. Além de não possuir grandes desníveis, a praça é revestida de uma pavimentação regular e antiderrapante, o que facilita o deslocamento de um usuário de cadeira de rodas ou para alguém com carrinho de bebê. A praça possui faixas de travessia para pedestres em todas as laterais e piso tátil no contorno da praça. Por fim, apesar de não existirem vagas de estacionamento destinados à idosos ou portadores de deficiência física ou visual entre as vagas existentes, existe um ponto de táxi em uma das extremidades da praça. O uso foi facilitado com a existência de bancos ao longo de toda praça e pela existência de mesas de xadrez, as quais são usadas constantemente. Porém, falta corrimão na rampa, o que dificulta a sua utilização por idosos ou por alguma pessoa com dificuldade motora.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
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avaliação dos espaços CHECKLIST DE ACESSIBILIDADE: RUA DAS PALMEIRAS
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Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
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A Rua das Palmeiras é uma praça muito linear e extensa. Quanto a orientabilidade, foram encontrados alguns obstáculos pelo caminho sem sinalização de riscos, além de não existir sinalização visual ou sonora próxima das entradas/saídas de estacionamentos. Porém, o piso tátil direcional leva o cego de um lado ao outro da praça com segurança, sem interferências no caminho e o mobiliário também está fora da área de circulação do pedestre, que por sinal tem amplo espaço para passagem de várias pessoas. Em relação a comunicação, não há telefone público na praça, somente em ruas próximas, mas de qualquer forma, estes não possuem amplificador de sinal nem com transmissão de mensagens de texto. Quanto ao deslocamento, o revestimento do piso da praça é de material regular e antiderrapante, apesar de na área de descanso próxima aos bancos o revestimento ser em pó de brita a área é pequena para chegar a ser exaustiva ou apresentar grandes dificuldades aos usuários. A faixa de travessia para pedestres está presente nos dois acessos da praça e uma delas é até elevada, fazendo com o que os carros desacelerem para passar pela mesma. Há vagas de estacionamento destinadas a idosos e portadores de deficiências físicas e visuais, porém, a sinalização das mesmas não está correta horizontalmente, somente nas placas verticais. O uso da praça se dá pela oferta de descanso e passagem segura, com iluminação e traçado linear que liga duas ruas importantes no bairro central, além da paisagem criada pela vegetação que se encontrou em bom estado e que não apresenta riscos aos usuários, exceto pelos galhos de uma árvore que, por falta de manutenção, estava a altura menor que 2,10m e atrapalhado a passagem.
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Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
avaliação dos espaços CHECKLIST DE ACESSIBILIDADE: PARQUE DAS ÁGUAS
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
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Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
A praça do Parque das Águas é a praça que mais recebeu respostas negativas, principalmente ao componente de deslocamento. Sua inadequação mais evidente é a inexistência de uma rota livre de obstáculo que permita o acesso de pessoas com deficiência física. A praça possui um aclive e grande parte do revestimento é em pó de brita e grama, isso dificulta muito o deslocamento de um usuário com cadeiras de rodas, uma pessoa obesa ou ainda alguém com um carrinho de bebê. Ao longo dos passeios encontram-se valas causadas pelo escoamento das águas das chuvas, estas valas apresentam muitos riscos de queda, tropeços e no caso da cadeira de rodas ou carrinho de bebê, nem passam. Apesar de os mobiliários não interferirem no descolamento pois ficam no contorno do passeio e a faixa livre de circulação possui mais de 1,20m de largura, em alguns pontos foram encontrados galhos e até mesmo troncos de árvores na área de circulação. Em termos de orientabilidade também está bem prejudicada. Apesar de possuir um mapa tátil, o mesmo não possui piso tátil direcional até ele, ou seja, não há como o cego saber de sua existência a não ser que alguém o leve até lá. Além de não possuir piso tátil, existe apenas uma saída com faixa de travessia de pedestre e nenhum semáforo. A praça tem muitas interferências no piso/caminho e não existe nenhum tipo de sinalização visual que aponte para estes riscos. Contudo, existem duas vagas de estacionamento destinadas a portadores de deficiência física e visual que estão sinalizadas devidamente e que possuem espaço adicional de circulação com largura mínima de 1,20m. A falta de sinalização e a inexistência de telefone público comprometem a comunicação. O componente uso por sua vez, também se encontra muito prejudicado. Os mobiliários como bancos, lixeiras, parquinho infantil e mesas de xadrez encontram-se na maioria pichados por vândalos, muitos estão quebrados ou impossibilitados de uso. O lago, uma das principais atrações do parque, encontra-se vazio e também muito sujo. Devido a estes fatores, estas áreas do parque são as menos utilizadas por trazerem sensação de insegurança aos usuários.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
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avaliação dos espaços CHECKLIST DE ACESSIBILIDADE: PRAÇA DO BOSQUE
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Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
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Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
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Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
A Praça do Bosque também é uma das praças que tem seu descolamento prejudicado. Há diferentes revestimentos, uma parte da praça é em pó de brita, mas não possui aclive nem declive acentuados. A outra parte possui um aclive que é marcado por blocos de concreto, isto dificulta o à usuários de cadeiras de rodas e à deficientes visuais que acabam não vendo os pequenos desníveis e podem tropeçar. As trocas de pavimentação também apresentam obstáculos perigosos e nenhum deles tem algum tipo de sinalização visual. Devido ao aclive em sentido transversal da praça, esta possui valas de concreto para escoamento das águas das chuvas nas extremidades dos blocos de concreto que revestem o chão, porém, deveriam ter um gradil de segurança, uma pessoa pode tropeçar e cair ou até mesmo um cadeirante prender a roda da sua cadeira. O acesso ao centro do bosque somente se dá através de uma escada, que além de não possibilitar o acesso do cadeirante, é muito irregular (em pedras irregulares) e pode causar um acidente à um deficiente visual, ou até mesmo a um usuário menos atento. Quanto a vegetação, não apresenta risco em termos de espécies ao usuário, porém, necessita de manutenção pois há galhos de árvores a alturas menores de 2,10m e que apresentam riscos principalmente para os deficientes visuais. O único telefone público existente na praça não funciona e muito menos possui amplificador de sinal nem transmissão de mensagens de texto, dificultando a comunicação dos usuários. Apesar de a praça ser rodeada de estacionamento para veículos, não há nenhuma vaga destinada a idosos ou portadores de deficiência física ou visual, mas há um ponto de ônibus nas extremidades da praça. A orientabilidade da praça é prejudicada no sentido de não existir, de fato, nenhuma sinalização para qualquer circunstância, nenhuma placa, mapa ou piso tátil, além de possuir apenas uma travessia com rebaixo do meio-fio, porém, sem a faixa de travessia de pedestres pintada sobre a pista de rolamento de veículos. Existe apenas um totem com identificação de inauguração da academia da Melhor Idade instalada na praça. Esta praça proporciona várias atividades à população, tem desde áreas de descanso, parquinho infantil, academia da Melhor Idade, até quadra poliesportiva e palco para apresentações. O problema está na manutenção estas instalações, os bancos por exemplo, a grande maioria está sem as “pernas” o que os deixa muito baixos para sentar, adultos em geral teriam dificuldades para usá-los. A quadra é inacessível por um usuário de cadeira de rodas, possui muitos desníveis e a área de circulação é em grama. Apenas a academia da Melhor Idade é a que está mais conservada.
SÍNTESE DOS RESULTADOS DO CHECKLIST O checklist de acessibilidade auxiliou principalmente para uma primeira aproximação e avaliação técnica de acessibilidade das praças investigadas, sendo aplicado logo no início dos estudos. Com base nisso, foi possível realizar uma pesquisa direcionada e eficiente. De fácil aplicação, o checklist mostrou-se uma ferramenta importante para melhor organizar e compreender as diversas normas técnicas referentes às condições de acessibilidade. Das quatro praças analisadas, o Parque das Águas, apesar de ser uma das praças mais recentes na cidade, foi a que mais demonstrou falhas em todos os componentes de acessibilidade, principalmente no item deslocamento, e classificou-se como a menos acessível. Já a Rua das Palmeiras, se comparada com as demais praças, possui uma boa situação geral em termos de acessibilidade e se classificou-se em primeiro lugar. A Praça Nereu Ramos ficou em segundo lugar e a Praça do Bosque em terceiro, amenizada pela sua diversidade de usos. A principal falha que se repete em todas as praças foi a ausência de orientação como: placas, totens ou pisos táteis a falta de sinalização para desníveis e outros obstáculos. A situação precária de todas as praças foi muito evidenciada através da aplicação do checklist, não havendo nenhuma praça que preenchesse de forma plena todos os requisitos de acessibilidade.
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avaliação dos espaços PASSEIO ACOMPANHADO: PRAÇA NEREU RAMOS USUÁRIO: CADEIRANTE SEXO: MASCULINO IDADE: 28 ANOS
Etapas do passeio acompanhado: A: Subir no palco B: Conhecer o outro lado da praça C: Passar pelos jogadores de xadrez. D: Observar o quiosque
04
05 RUA DO PRÍNCIPE
06
03 LEGENDA DE CORES:
01 D
Paver
C
Iprevile Quiosque
RUA ENG. NIEMAIER
Palco para eventos
A 02
Área verde Ponto de táxi LEGENDA DE SÍMBOLOS: Início
fim
Sequência de registro fotográfico
B RUA SÃO JOAQUIM
Faixa de pedestre Sentido das ruas Caminho realizado
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Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
01
Da chegada à praça: O rebaixo do meio-fio de passagem da faixa de pedestre para a praça também não está totalmente nivelado.
03
Da travessia para o ponto 03: O rebaixo do meio-fio de passagem da calçada para a faixa de pedestre está nivelado.
05
Da travessia do outro lado da rua à praça: O rebaixo do meio-fio de passagem da calçada para a faixa de pedestre está nivelado.
02
Da subida ao palco: A inclinação da rampa está adequada.
Observações: Devido a falta de estacionamento no entorno da praça, o motorista do veículo que nos transportou optou por estacionar em estacionamento pago, fazendo com que o caminho até a praça se tornasse mais longo. Segundo o cadeirante as distâncias das passagens eram suficientes e a praça era bem plana, sem problemas com a pavimentação.
04
Da chegada ao outro lado da rua: O rebaixo do meio-fio de passagem da faixa de pedestre para a praça está nivelado.
06
Da subida ao palco: O rebaixo do meio-fio de passagem da faixa de pedestre para o outro lado está nivelado.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
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avaliação dos espaços PASSEIO ACOMPANHADO: PRAÇA NEREU RAMOS USUÁRIO: CEGO SEXO: MASCULINO IDADE: 30 ANOS
Etapas do passeio acompanhado: A: Tomar um caldo de cana no Quiosque. B: Seguir o piso tátil existente na praça. C: Chegar ao outro lado da praça. RUA DO PRÍNCIPE
01
02 03
04 B
05
LEGENDA DE CORES:
06
Paver
A
Iprevile
07
Quiosque
08 09 10
12 C RUA SÃO JOAQUIM
RUA ENG. NIEMAIER
Palco para eventos Área verde Ponto de táxi LEGENDA DE SÍMBOLOS: Início
fim
Sequência de registro fotográfico Faixa de pedestre Sentido das ruas Caminho realizado
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Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
01
Do contorno pelo piso tátil: Inicialmente, o piso tátil direciona o cego com segurança.
05
Do contorno pelo piso tátil: Ao longo do caminho há dois pisos de alerta sem necessidade do uso do mesmo.
09
Do contorno pelo piso tátil: A presença da estrutura faz com que o deficiente visual tenha que andar em volta até retornar ao piso tátil.
02
Do contorno pelo piso tátil: O piso de alerta está no local correto.
06
Do contorno pelo piso tátil: Neste caso, o piso de alerta deveria se estender mais um pouco.
10
Do contorno pelo piso tátil: A lona da estrutura acaba servindo como direcionador para voltar ao caminho.
03
04
Do contorno pelo piso tátil: Ao longo do caminho, em cima do piso tátil, há um caixa de inspeção de energia que descaracteriza o piso tátil.
07
Do contorno pelo piso tátil: Após o ponto 03, o piso guia facilmente o cego.
08
Do contorno pelo piso tátil: Neste caminho o piso tátil direciona com segurança.
11
Do contorno pelo piso tátil: Aqui encerra-se o passeio.
Do contorno pelo piso tátil: Na região dos fundos do palco há uma estrutura de suporte temporária que fica bem no caminho do piso tátil. Observações: Chegou-se até essa praça através de táxi. Esta praça já era conhecida pelo cego Paulo que já sabia da existência do piso tátil ao redor da praça. Ao ser questionado como faria para acessar a parte do palco, por exemplo, caso estivesse sozinho, respondeu que iria perguntar para alguém e complementou: ‘‘O cego precisa muito da ajuda das outras pessoas, é perguntando mesmo que chegamos nos lugares’’.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
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avaliação dos espaços PASSEIO ACOMPANHADO: PRAÇA NEREU RAMOS USUÁRIO: IDOSO SEXO: MASCULINO IDADE: 74 ANOS
Etapas do passeio acompanhado: A: Descansar. B: Observar os jogos de dominó e xadrez. RUA DO PRÍNCIPE
LEGENDA DE CORES:
04 B
Paver Iprevile Quiosque Palco para eventos
02
A 01
RUA ENG. NIEMAIER
03
Área verde Ponto de táxi LEGENDA DE SÍMBOLOS: Início
fim
Sequência de registro fotográfico Faixa de pedestre Sentido das ruas RUA SÃO JOAQUIM
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Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
Caminho realizado
01
Do descanso: O descanso estava muito próximo do local de acesso, assim ao chegar na praça o objetivo de descansar foi alcançado. O banco estava um pouco úmido e sujo, mas estava estável e ofereceu conforto.
02
Da ida às mesas de xadrez: O caminho é regular e nivelado, tornando o deslocamento fácil e seguro. Observando a vegetação existente, conta que antigamente a praça possuía uma grande área gramada e que inclusive até havia ajudado a plantá-las na época em que trabalhava na prefeitura. Considera que a praça deveria ter mais flores e ser mais colorida, bem como ter maior frequência na manutenção.
03
04
Da observação dos jogos: As mesas estavam cheias e já haviam observadores aos redores das mesas. Definitivamente este é um grande atrativo da praça.
Da saída da praça: A praça possui saídas com rebaixo do meio-fio e faixa para pedestre nos seus quatro cantos. Não foram encontradas dificuldades de deslocamento nesta praça.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
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avaliação dos espaços PASSEIO ACOMPANHADO: RUA DAS PALMEIRAS
RUA DO PRÍNCIPE
01
RUA DAS PALMEIRAS
03 A B
02
04
LEGENDA DE CORES: Paver
Pedras 10x6cm
Pedras irregulares
Área verde (jardim)
Concreto LEGENDA DE SÍMBOLOS: Início
fim
Sequência de registro fotográfico
39
Faixa de pedestre Sentido das ruas Caminho realizado
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
C
05
RUA RIO BRANCO
Etapas do passeio acompanhado: A: Observar a pista de rolamento de carros. B: Observar a exposição das fotos que contam a história da praça. C: Chegar ao centro da praça.
USUÁRIO: CADEIRANTE SEXO: MASCULINO IDADE: 28 ANOS
01
02
Da travessia da faixa para a praça: O rebaixo do meio-fio de passagem da faixa de pedestre para a praça está nivelado, porém, a qualidade da pavimentação exige mais esforço devido as depressões no asfalto.
Da chegada à praça: O rebaixo do meio-fio de passagem da faixa de pedestre para a praça não está nivelado, existe uma pequena altura entre o meio-fio e a pista de rolamento de carros que exige maior esforço.
04
Do uso do mobiliário: Considerou um banco acessível e de fácil acesso embora o caminho seja de pó de brita, o que exige maior esforço para andar.
05
Da saída da praça: O rebaixo do meio-fio de passagem da faixa de pedestre para a praça não está nivelado e é bem perigoso. O cadeirante mencionou outra o experiência neste mesmo ponto em um dia de chuva onde quase ocorreu uma acidente pois não conseguiu visualizar o desnível cheio de água.
03
Da passagem para a pista de rolamento de carros: Neste caso não há possibilidades de passagem para esta pista, o desnível é bem elevado. Mais a frente teria esta possibilidade.
Outras observações: Devido a falta de estacionamento no entorno da praça, o motorista do veículo que nos transportou optou por estacionar em estacionamento pago, fazendo com que o caminho até a praça se tornasse mais longo. Segundo o cadeirante as distâncias das passagens eram suficientes e a praça era bem plana, sem problemas com a pavimentação. Porém, observou também o erro com o uso da pavimentação de orientação para deficientes visuais, onde contornavam os canteiros e iniciavam em um ponto e terminavam em outro qualquer, sem alerta de obstáculos ou parada.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
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avaliação dos espaços PASSEIO ACOMPANHADO: RUA DAS PALMEIRAS Etapas do passeio acompanhado: A: Seguir o piso tátil existente na praça. B: Chegar ao outro lado da praça.
RUA DAS PALMEIRAS
0203 01
A
04
05
LEGENDA DE CORES:
06
07
01
Paver
Pedras 10x6cm
Pedras irregulares
Área verde (jardim)
RUA RIO BRANCO
RUA DO PRÍNCIPE
USUÁRIO: CEGO SEXO: MASCULINO IDADE: 30 ANOS
08 B 11 09 10
02
Concreto LEGENDA DE SÍMBOLOS: Início
fim
Sequência de registro fotográfico
41
Faixa de pedestre Sentido das ruas Caminho realizado
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
Da chegada na praça: Inicialmente, o cego se depara com um galho de uma árvore à altura de sua cabeça - o que pode ser muito perigoso e machucar o rosto/cabeça do cego.
Do contorno pelo piso tátil: O piso tátil que levaria ele até praça encontrava-se ocupada por um carinho de picolés. Educadamente foi pedido a liberação do espaço para poder fazer o caminho.
03
Do contorno pelo piso tátil: É possível observar que o piso tátil termina quando chega à mureta do jardim. Segundo o cego, isso é muito interessante pois ele pode ir tateando o caminho com a bengala e isso é mais fácil do que tatear o piso.
07
Do contorno pelo piso tátil: Aqui ele resolve seguir tateando a mureta do jardim paralelo ao jardim anterior.
11
Do contorno pelo piso tátil: A faixa de travessia é elevada.
04
Do contorno pelo piso tátil: Ao acabar a mureta, o piso tátil segue normalmente, guiando até a próxima mureta.
10 08
Do contorno pelo piso tátil: Ao chegar do outro lado da praça, ele se depara com algo que classifica perigoso para aqueles que saem do caminho traçado pelo piso tátil. Uma estrutura circular fixa ao chão. Um elemento decorativo que se torna um obstáculo, sem uma identificação/alerta anterior.
05
06
Do contorno pelo piso tátil: O piso tátil permanece guiando em direção ao outro lado da praça.
Do contorno pelo piso tátil: Neste momento, como o cego já sabia que a praça possui uma configuração linear, se distanciou do piso tátil e continuou o pelo centro do caminho.
10
09
Do contorno pelo piso tátil: Ao lado da estrutura circular fixa ao chão encontrada anteriormente, há um buraco no chão de uma suposta estrutura que foi removida. Também simboliza um perigo tanto para o cego quanto à uma pessoa sem a deficiência.
Da chegada ao outro lado da praça: Aqui o piso tátil apenas indica direção para atravessar a rua e não para continuar o caminho pela rua transversal e que contorna a praça.
Observações: Esta praça fica muito próxima da Praça Nereu Ramos que também faz parte da pesquisa, então chegou-se até aqui de a pé. Paulo foi acompanhado até a Rua das Palmeiras. Esta também já era de conhecimento de Paulo, ele sabia que a praça é linear, só não havia passeado por ela após a reforma.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
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avaliação dos espaços PASSEIO ACOMPANHADO: RUA DAS PALMEIRAS Etapas do passeio acompanhado: A: Descansar. B: Chegar até o Museu do Imigrante.
RUA DAS PALMEIRAS
02
01
A
03
LEGENDA DE CORES: Paver
Pedras 10x6cm
Pedras irregulares
Área verde (jardim)
Concreto LEGENDA DE SÍMBOLOS: Início
fim
Sequência de registro fotográfico
43
Faixa de pedestre Sentido das ruas Caminho realizado
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
B
04
RUA RIO BRANCO
RUA DO PRÍNCIPE
USUÁRIO: IDOSO SEXO: MASCULINO IDADE: 74 ANOS
01
Da chegada na praça: Ele considera esta praça bonita devido a vegetação e sua pavimentação é regular e nivelada.
02
Do caminho até o descanso: Ao longo do caminho ele foi apreciando as palmeiras, porém, ele acha que deveriam ter mais flores nos canteiros que rodeiam as altas árvores, para ficar mais colorido.
03
04
Do descanso: Os bancos estão em locais de fácil acesso e visualização, bem como proporcionam conforto ao idoso.
Da ida até o Museu do Imigrante: Ele acha que deveria existir outro atrativo além de descanso e passagem nesta praça.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
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avaliação dos espaços PASSEIO ACOMPANHADO: PARQUE DAS ÁGUAS Etapas do passeio acompanhado: A: Chegar ao chafariz. B: Conhecer o centro da praça. C: Chegar ao chafariz novamente. D: Conhecer a área com mesas de xadrez.
USUÁRIO: CADEIRANTE SEXO: MASCULINO IDADE: 28 ANOS RUA RECREATICA ANTÁRTICA
08 11 13 12
B
15
07 A 06
LEGENDA DE CORES: RUA QUINZE DE NOVEMBRO
10 C 09
05
02 03 04
01 14 D
LEGENDA DE SÍMBOLOS:
Paver
Início/fim
Pó de brita vermelho
Sequência de registro fotográfico
Pó de brita comum
Faixa de pedestre
Lago e córrego
Sentido das ruas
Área verde Mapa tátil Caminho realizado
Cidadela Cultural Antarctica 01
Durante o caminho ao chafariz: As águas das chuvas acabaram formando valas ao longo do caminho, dificultando a passagem do cadeirante. 45
02
03
Durante o caminho ao chafariz: Na passagem de pavimentação entre o pó de brita e o meio-fio há um desnível alto impossibilitando a subida do cadeirante.
Durante o caminho ao chafariz: Há uma tentativa de subir para o meio-fio na menor altura do desnível.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
04
Durante o caminho ao chafariz: Foi necessário dar auxílio ao cadeirante durante a tentativa anterior (imagem 03).
05
Durante o caminho ao chafariz: É possível observar os vales criados pelas águas das chuvas.
09
Da segunda tentativa de chegar ao chafariz: Ao chegar muito próximo a área do chafariz o paver termina e dá início ao pó de brita, porém, com um desnível perigoso. Neste momento ele decide retornar ao nível mais baixo da praça.
13
Do passeio no gramado: A grama exige maior esforço do cadeirante que logo resolve sair para conhecer outra área da praça.
06
Durante o caminho ao chafariz: É muito perigoso chegar ao chafariz por este caminho, o vale criado pelas águas das chuvas é muito grande e escorregadio devido ao barro.
10
Da observação da rua: Antes de retornar ele decide observar a subida da rua e se depara com uma árvore na calçada impossibilitando sua passagem.
14
Do acesso as mesas de xadrez: O caminho de pedras sobre a grama cria pequenos desníveis ao redor das pedras que podem fazer a cadeira virar.
07
08
Para o centro da praça: As pedras que revestem este caminho são muito lisas e irregulares, exigem grande esforço da parte do cadeirante.
11
Da segunda tentativa de chegar ao chafariz: O paver encontrado após o chão de pedras amenizou o esforço necessário para o deslocamento.
12
Do retorno ao nível baixo da praça: Ao longo da descida ele sente em suas rodas um paver que esta no meio do caminho e que havia percebido em cima da hora.
Da subida ao gramado: Mesmo com o desnível do meio-fio ele consegue acessar a grama após uma manobra feia com a cadeira.
16
Da saída da área das mesas de xadrez: Ao final se depara com um meio-fio e com uma manobra consegue sair, mas alerta ‘‘isso aqui é perigoso’’.
Observações: o motorista que nos levou até a praça conseguiu estacionar em uma vaga para deficientes físicos com as devidas exigências de uma.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
46
avaliação dos espaços PASSEIO ACOMPANHADO: PARQUE DAS ÁGUAS Etapas do passeio acompanhado: A: Conhecer o mapa tátil. B: Conhecer o chafariz. C: Descansar e esperar o táxi. D: Pegar o táxi para ir embora.
USUÁRIO: CEGO SEXO: MASCULINO IDADE: 30 ANOS RUA RECREATICA ANTÁRTICA
LEGENDA DE CORES:
LEGENDA DE SÍMBOLOS:
D
08
11
12
13 14
15
16
17
RUA QUINZE DE NOVEMBRO
10
09
B
07
06 05
C
03 04
02
A
Paver
Início/fim
Pó de brita vermelho
Sequência de registro fotográfico
Pó de brita comum
Faixa de pedestre
Lago e córrego
Sentido das ruas
Área verde Mapa tátil Caminho realizado
01
Cidadela Cultural Antarctica 01
Do uso do Mapa Tátil: Mesmo com conhecimento da escrita em Braille, a leitura do mapa tátil pouco mostrou informações ao cego. 47
02
Do uso do Mapa Tátil: O piso tátil só existe ao redor do mapa, não há um caminho que leve o cego até ele.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
03
Da subida até o lago: Embora não exista piso tátil, ele ainda consegue seguir tateando o meio-fio que separa o pó de brita e a grama do jardim.
04
Da subida até o lago: Tateamento através do meio-fio.
05
Da subida até o lago: Devido ao escoamento das águas das chuvas, um encanamento foi dessenterrado, tornandose um obstátulo para quem passa por este caminho.
10
Da saída da área de descanso do lago: Encontram-se vestígios de piso tátil enterrado pelo pó de brita. Neste caso ele direcionaria à mureta como na Rua das Palmeiras.
14
Da ida até o descanso: Novamente uma árvore com galhos no caminho.
06
Da subida até o lago: Mesmo tateando pelo meio fio, percebe-se um perigo muito próximo com a depressão no solo causada pelo escoamento das águas das chuvas.
11
07
08
Da subida ao lago: A frente encontra-se outra depressão do solo devido ao escoamento das águas das chuvas.
Da chegada ao lago: Sem água o ‘‘lago’’ não possui função, se tornando algo não atrativo. Tateando pela mureta que circunda o lago, o cego segue seu caminho até o próximo objetivo.
13
12
Da ida até o descanso: No meio do caminho há uma lajota, o que representa um perigo.
Da ida até o descanso: Há mudança de piso sem alerta.
Da ida até o descanso: Há um galho de árvore que invade o caminho e que fica abaixo de 1,30m de altura.
15
16
17
Da ida até o descanso: Um árvore no caminho e sem sinalização.
Da ida até o descanso: Encontra-se uma faixa de piso tátil que se inicia do nada.
Da ida até o descanso: A mesma faixa de piso tátil não leva a lugar algum e ainda passa muito próxima de um ponte de iluminação.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
48
avaliação dos espaços PASSEIO ACOMPANHADO: PARQUE DAS ÁGUAS Etapas do passeio acompanhado: A: Entrar nos espaços da praça. B: Conhecer o lago. C: Descansar.
USUÁRIO: IDOSO SEXO: MASCULINO IDADE: 74 ANOS RUA RECREATICA ANTÁRTICA
10
09
A
08 C 03 B
07
06
05
04
02 01
RUA QUINZE DE NOVEMBRO
LEGENDA DE CORES:
LEGENDA DE SÍMBOLOS:
Paver
Início/fim
Pó de brita vermelho
Sequência de registro fotográfico
Pó de brita comum Lago e córrego Área verde
Faixa de pedestre Sentido das ruas
Mapa tátil Caminho realizado
Cidadela Cultural Antarctica
Observação: Embora este idoso possua 74 anos de idade, ele possui bastante saúde e a suas maiores dificuldades/restrições são em relação a audição e ao seu passo mais curto. A sua audição é baixa e para conversar é necessário estar muito próximo ou falar mais alto. Em termos de deslocamento, orientação e uso isso não interfere muito, porém, na comunicação sim. E seu passo curto torna seu passeio mais lento.
49
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
01
Da chegada a praça: O caminho escolhido não foi o mais próximo. O que predominou nessa escolha foi a presença de um homem sentado nas mesas de xadrez e para não passar muito próximo, o idoso escolheu outro caminho mais longo.
05
Da subida até o lago: Aqui ele encontra dificuldades no deslocamento, tanto pela depressão do solo quanto pela inclinação da subida que torna o passeio mais cansativo. Ele se decepciona com os estado de depredação da praça.
09
02
Da entrada na praça: Neste caminho as pedras deveriam estar mais próximas umas das outras devido ao seu passo mais curto, exigindo maior atenção neste deslocamento.
06
Da subida até o lago: Por fim, este ponto foi um dos que mais representaram riscos a ele. Ele fala que além do buraco no chão, a lama ali presente pode fazer alguém escorregar.
Da saída da praça: Aqui ele considera um dos pontos mais bonitos da praça, onde você visualiza as áreas mais baixas e menos descuidadas, além de todo o gramado e as árvores.
03
04
Da subida até o lago: Depois de contornar o caminho ele se depara com uma depressão no solo e comenta que não havia percebido e que poderia cair se o buraco fosse mais fundo.
07
08
Da chegada ao lago: A expressão de decepção é clara em seu rosto. Toda a sujeira, lixo, falta de água e descaso com o lago e em um geral, com a praça toda, mostram claramente o porque anteriormente ele não queria subir até está área.
10
Da subida até o lago: Ao chegar neste ponto ele pensa em desistir de subir até o lago. Percebo que isso se deu devido a sujeira e mal estado predominante nas áreas próximas ao lago. Eu o incentivo e ele continua.
Do descanso: Embora a grande maioria dos bancos estavam sujos ou quebrados, este próximo ao lago foi um dos únicos que puderam oferecer o descanso ao idoso.
Da saída da praça: Aqui uma pausa para observar melhor uma espécie conhecida pelo idoso, ele se sente admirado pois nunca havia visto uma árvore desta espécie neste tamanho.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
50
avaliação dos espaços PASSEIO ACOMPANHADO: PRAÇA DO BOSQUE USUÁRIO: CADEIRANTE SEXO: MASCULINO IDADE: 28 ANOS RUA CUIABÁ
C 08
07 B
Etapas do passeio acompanhado: A: Conhecer o parquinho infantil. B: Subir a caminho do bosque. C: Contornar a praça.
06
RUA INAMBÚ
05
02 01 A
LEGENDA DE CORES: Placas de concreto
Início/fim
Concreto
Sequência de registro fotográfico
Pó de brita comum
04 03
Bosque Área verde (jardim) 09
Ponto de ônibus Caminho realizado
RUA ARAQUÃ
51
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
LEGENDA DE SÍMBOLOS:
Faixa de pedestre Sentido das ruas
01
Da entrada na praça: A área da praça em pó de brita pode ser acessada da calçada, porém, a sua mudança de pavimentação não é nivelada e apresenta riscos de acidente.
05
Da subida ao bosque: O caminho que leva ao bosque é feito de blocos de concreto que, devido a sua forma não anatômica, criam desníveis ao longo do caminho. O cadeirante é obrigado a seguir mais à direita da rampa onde o desnível é menor.
02
Da entrada na praça: Perigo comentado na imagem anterior.
06
Da chegada ao bosque: Para acessar o bosque (parque gramada e com árvores) é necessário passar por uma escada ou passar por cima das valas de concreto feitas para escoamento das águas das chuvas. Ou seja, não foi possível acessar o bosque.
03
04
Da subida ao bosque: A mudança de pavimentação entre o pó de brita e o concreto possui um desnível.
07
Da subida ao bosque: Desnível apontado na imagem anterior. Mostrando que não há outra opção de acesso ao bosque por este lado, necessitando de ajuda para evitar o tombamento da cadeira.
08
Do passeio pela calçada: A mudança de pavimentação do passeio para a calçada possui um desnível. Foi necessário manobrar a cadeira para conseguir passar pelo obstáculo.
Do passeio pela calçada: Ao passar pela calçada, observou-se a falta de um rebaixo para atravessar a rua. Há um desnível muito alto para tentar o deslocamento.
09 Da saída da calçada: O único rebaixo de meio-fio para atravessar a rua está nivelado e adequado.
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52
avaliação dos espaços PASSEIO ACOMPANHADO: PRAÇA DO BOSQUE USUÁRIO: CEGO SEXO: MASCULINO IDADE: 30 ANOS Etapas do passeio acompanhado: A: Acessar a praça. B: Subir até o bosque. C: Chegada ao bosque. D: Tentar atravessar a rua. E: Procurar lugar para descansar. F: Conhecer o parquinho infantil. G: Sentar. H: Esperar o táxi à sombra.
RUA CUIABÁ
08 09 D
07
C
B
10
05 F A
15
G
LEGENDA DE CORES:
E
Início/fim
Concreto
Sequência de registro fotográfico
Bosque
14 H
02 01
18 03 17 04 16
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
13 12
Área verde (jardim)
11
LEGENDA DE SÍMBOLOS:
Placas de concreto
Pó de brita comum
RUA ARAQUÃ
53
RUA INAMBÚ
06
Ponto de ônibus Caminho realizado
Faixa de pedestre Sentido das ruas
01
Da entrada na praça: Ao longo do caminho o cego se depara com um galho de árvore na altura de sua cabeça.
05
Da subida ao bosque: Até aqui foi orientado tanto pela tateação com a bengala quando por orientações verbais.
09
02
Da entrada na praça: Ao tatear a pavimentação, encontrou-se um elemento de referência, uma vala para escoamento das águas das chuvas, mas que quase induziu a caminhar dentro dela.
06
Da subida ao bosque: As placas de concreto possuem degraus, o que pode ser perigoso.
Da procura por um descanso: Ao tentar sair do ponto anterior (imagem 08) o cego se depara com uma árvore no meio do caminho sem nenhuma indicação ou sinalização. O alerta foi feito por alguém que estava nos acompanhando.
03
04
Da entrada na praça: Como não há nenhum tipo de sinalização, o acesso por esta escada trouxe vários desafios. Primeiro por ser de pedras e não ser plana, segundo porque segue uma direção diagonal e terceiro porque os degraus não apresentam dimensões de patamar uniforme.
07
08
Da chegada ao bosque: Aqui ele se guia novamente pela vala de escoamento das águas das chuvas.
10
Da entrada na praça: Para fazer esse acesso foram necessárias orientações verbais.
Da tentativa de atravessar a rua: Não há sinalização que indique a travessia e nem rebaixo do ponto de travessia na calçada para isso ser feito.
Da procura por um descanso: Até aqui o deficiente visual foi guiado através de orientações verbais e pelo tateamento com sua bengala pelo meio-fio que separa a calçada da grama.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
54
11
Da procura por um descanso: Ao fazer o contorno pela calçada, o cego encontra uma sinalização de piso tátil indicando um rebaixo da calçada para uma travessia, porém, sem faixa de pedestre. A defensa a esquerda impede que as pessoas atravessem em pontos de risco.
15
Da ida ao parque infantil: Ao chegar, sente-se um pouco desorientado devido a falta de sinalização no chão e em volta dos brinquedos. Aqui resolve ligar para o motorista do táxi e esperar para ir embora.
12
Da procura por um descanso: Neste local ele tateia uma estrutura de ferro, porém, não sabe que é um telefone público (orelhão) e que pode acertá-lo se passar muito próximo.
16
Da saída da praça para a espera do táxi: Ao utilizar novamente a escada com sentido diagonal, ele precisa de muitas orientações. Nesta foto, se ele caminhasse mais alguns passos poderia ter caído de altura perigosa.
Observações: Esta praça também era desconhecida por Paulo. Chegou-se até ela de táxi.
55
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
13
Da procura por um descanso: Alertado do perigo, o cego resolve fazer uma simulação de como seria se ele não fosse alertado e tivesse passado muito próximo da estrutura do telefone público.
17
Da saída da praça: Termina de descer após muitas orientações verbais.
14
Da procura por um descanso: Ao chegar na área de descanso da praça onde possui bancos, o deficiente visual prefere algum local com sombra. Aqui ele resolve ir conhecer o parque infantil.
18
Do descanso: Após descer a escada, resolve sentar em um dos degraus da mesma e esperar um pouco pelo táxi à sombra.
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56
avaliação dos espaços PASSEIO ACOMPANHADO: PRAÇA DO BOSQUE USUÁRIO: IDOSO SEXO: MASCULINO IDADE: 74 ANOS RUA CUIABÁ
Etapas do passeio acompanhado: A: Acessar a praça. B: Usar a academia da Melhor Idade. C: Observar a vegetação da praça.
C
03
04
RUA INAMBÚ
05
B
LEGENDA DE CORES: Placas de concreto
Início/fim
Concreto
Sequência de registro fotográfico
Pó de brita comum A
06
Ponto de ônibus
01
Caminho realizado RUA ARAQUÃ
57
Bosque Área verde (jardim)
02
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
LEGENDA DE SÍMBOLOS:
Faixa de pedestre Sentido das ruas
01
Da chegada na praça: Embora não tenha vaga de estacionamento destinada a idosos, havia vagas livres e o acesso a praça foi facilitado, porém, deve-se considerar que nem todos os dias isso pode acontecer, fazendo-se assim necessário pelo menos uma vaga destinada à idosos.
04
Do uso da academia: O idoso nunca havia utilizado a academia, por isso, sentiu dificuldades em usar os equipamentos. Durante o passeio outros idosos usavam os equipamentos e estes, deram dicas de como usar e disseram que a prática iria melhorar o desempenho no uso.
02
Da entrada na praça: O idoso resolveu utilizar a escada para fazer o acesso. Segundo ele, a escada é boa, porém, possui muitos desníveis nos próprios degraus, o que solicita maior atenção na hora de fazer o deslocamento.
05
Da observação da vegetação: Ele queria observar a vegetação das áreas mais altas da praça e para isso resolveu usar a escada para chegar até lá. Esta escada ele também disse que era boa e que apenas a irregularidade nas alturas dos degraus atrapalhavam um pouco, exigindo maior atenção no deslocamento.
03
Do uso da academia: Embora a mudança de pavimentação do pó de brita para o concreto tenha criado um desnível, para o idoso isso não representou um grande obstáculo, ele apenas afirmou que isso possui um aspecto feio e que a manutenção da grama deveria estar em dia.
06
Da saída da praça: Ao sair da praça ele avistou um telefone público e resolveu brincar, fingindo que iria usá-lo. Nesta brincadeira, descobriu-se que a altura da estrutura de cobertura, neste caso, era baixa, e ainda o telefone não estava funcionado.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
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avaliação dos espaços FICHA QUAL. E QUANT.: PRAÇA NEREU RAMOS
59
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
RESULTADO FICHA QUALITATIVA E QUANTITATIVA: PRAÇA NEREU RAMOS A média atribuída para a Praça Nereu Ramos é de 2,26, isso significa que ela está mais próxima de ser neutra do que boa o suficiente. Há alguns aspectos que precisam ser melhorados e percebe-se que a maioria estão relacionados a questões de manutenção de mobiliários, sensorial e social. O caso da manutenção se resolve com a aplicação da mesma. Já os sensoriais, como o de odor por exemplo, placas indicativas ou restritivas poderiam resolver, porém, como a praça é uma área aberta, não se pode fazer esse tipo de cobrança rigorosamente; o visual implica nas cores e tonalidades da praça, isso pode ser trabalhado com as espécies de vegetação ou até mesmo no incentivo as artes, pinturas ou exposições de artistas da cidade, além de contribuir para o visual, se tornaria mais um atrativo à praça; quanto ao ruído, não há muitas opções já que o barulho causado pelas pessoas expressa a vitalidade da praça e que há ruídos que não estão no controle como o movimento da cidade no entorno. Por fim, os aspectos de segurança refletem durante a noite, quando o comércio ao redor da praça se fecha e as pessoas vão embora, dando espaço para pessoas inoportunas que causam insegurança na população. Isso não acontece por exemplo, em períodos de festival de dança por causa do atrativo das apresentações. Nesse viés, a sugestão é a promoção de mais eventos atrativos à praça.
avaliação dos espaços FICHA QUAL. E QUANT.: RUA DAS PALMEIRAS
RESULTADOS
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
60
avaliação dos espaços FICHA QUAL. E QUANT.: PARQUE DAS ÁGUAS RESULTADO FICHA QUALITATIVA E QUANTITATIVA: RUA DAS PALMEIRAS A média atribuída a Rua das Palmeiras é de 2,42, isso significa que está próxima de ser classificada como boa. Percebe-se que os itens avaliados como ruins (nota 1) referem-se ao setor social, isso implica na presença e segurança das pessoas. O traçado da praça é linear e seu maior uso é de passagem, por isso, assim que o comércio no entorno se fecha as pessoas vão embora e não permanecem pela falta de atrativos ou por medo das pessoas que frequentam a praça no horário noturno. Para este caso, além de policiamento e iluminação, uma solução seria colocar atrativos, para que além de passagem durante o dia, e que se ofereçam mais opções de atividades para o período noturno.
61
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
RESULTADO FICHA QUALITATIVA E QUANTITATIVA: PARQUE DAS ÁGUAS O Parque das Águas recebeu a média de 1,92, isso indica que a praça é classificada abaixo de neutra tendendo a ruim. As menores notas se dão em relação aos aspectos de manutenção de mobiliários, sensorial e social. No caso da manutenção, a solução é a aplicação da mesma. Os aspectos sensoriais, principalmente o visual, referem-se as pichações nos mobiliários e paredes/muros, ao longo da praça é possível observar isso nas áreas mais recuadas das ruas, longe de observação. Isso demonstra que existe um vandalismo devido à falta de visual da praça, devido a configuração/layout da praça e a falta de policiamento que facilitam essas atividades. Quanto aos aspectos sociais, a pouca presença de pessoas pode ser associada a duas condicionantes: o visual da praça com pichações e a associação disso à presença de pessoas inoportunas; e a falta de atrativos pois o lago encontrase sem água, o parquinho das crianças e os bancos em condições ruins. Contudo, percebeu-se que o maior uso da praça é nos finais de semana, por jovens e a área mais utilizada é o gramado.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
62
avaliação dos espaços FICHA QUAL. E QUANT.: PRAÇA DO BOSQUE
63
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
RESULTADO FICHA QUALITATIVA E QUANTITATIVA: PARQUE DAS ÁGUAS A Praça do Bosque alcançou a média de 2,20, isso significa que ela é classificada acima de neutra. Sua menor pontuação está nos itens físicos, no que se refere a manutenção de mobiliário e pavimentação. Isso pode ser resolvido com a execução da própria manutenção. Sua maior pontuação se deve aos itens sensorial e social. O sensorial é elevado por causa da vegetação existente na praça, além dos sons dos pássaros e do visual verde e colorido, há também a questão de conforto pois há bastante sombra e ar fresco. O social é positivo porque além de as pessoas passarem pela praça, normalmente essas param e fazem algum uso além da passagem, umas descansam, outras levam as crianças no parquinho e entre outros. Em termos de segurança, além de a praça ser limpa e não apresentar muitos indícios de vandalismo, a presença das pessoas do comércio e das residências passam uma sensação de segurança pois a praça está sendo observada pela população, tanto no período diurno, quanto noturno.
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
64
avaliação dos espaços MAPA VISUAL: PRAÇA NEREU RAMOS Ponto A: Circulação lateral ao quiosque, que também liga através de uma faixa de pedestres ao outro lado da rua. Ponto B: Área frontal ao Quiosque. Ponto C: Circulação à norte da Praça Nereu Ramos. Ponto D: Área com mesas de xadrez. Ponto E: Circulação nordeste da Praça Nereu Ramos que liga através de uma faixa de pedestres ao outro lado da rua. Ponto F: Área com o ponto de táxi e dos fundos do palco. Ponto G: Palco coberto para eventos da cidade. Ponto H: Área central a Praça Nereu Ramos. Ponto I: Área de acesso ao IPREVILE. Ponto J: Área de circulação sudoeste da Praça Nereu Ramos. Ponto K: Área de circulação entre o canteiro da praça e o canteiro do IPREVILE. Ponto L: Área de circulação sul da Praça Nereu Ramos. Ponto M: Área de circulação sudeste da praça que liga através de uma faixa de pedestres ao outro lado da rua.
A
E C
G F
K
M
J
L
RUA SÃO JOAQUIM
Iluminação
Pavimentação RUA DO PRÍNCIPE
RUA DO PRÍNCIPE
RUA ENG. NIEMAIER
RUA ENG. NIEMAIER
RUA DO PRÍNCIPE
RUA SÃO JOAQUIM
RUA SÃO JOAQUIM
LEGENDA DE CORES: 0
65
0,1 - 2,5
2,6 - 5,0
Vegetação
Mobiliário
5,1 - 7,5
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
7,6 - 9,9
10
RUA DO PRÍNCIPE RUA ENG. NIEMAIER
H
I
RUA ENG. NIEMAIER
D
B
RUA SÃO JOAQUIM
RUA ENG. NIEMAIER
RUA DO PRÍNCIPE
RUA SÃO JOAQUIM
Som
Visual RUA DO PRÍNCIPE
Odor RUA DO PRÍNCIPE
RUA SÃO JOAQUIM
0 0,1 - 2,5 2,6 - 5,0 5,1 - 7,5 7,6 - 9,9 10
RUA SÃO JOAQUIM
RUA SÃO JOAQUIM
Segurança
LEGENDA DE CORES: RUA ENG. NIEMAIER
RUA ENG. NIEMAIER
RUA ENG. NIEMAIER
RUA DO PRÍNCIPE
Presença de pessoas RUA DO PRÍNCIPE
RUA DO PRÍNCIPE
0 0,1 - 2,5 2,6 - 5,0 5,1 - 7,5 7,6 - 9,9 10
Média RUA DO PRÍNCIPE
RUA SÃO JOAQUIM
RUA ENG. NIEMAIER
RUA SÃO JOAQUIM
RUA ENG. NIEMAIER
RUA ENG. NIEMAIER
LEGENDA DE CORES:
LEGENDA DE CORES: 0 0,1 - 2,5 2,6 - 5,0 5,1 - 7,5 7,6 - 9,9 10 RUA SÃO JOAQUIM
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
66
avaliação dos espaços MAPA VISUAL: RUA DAS PALMEIRAS
B
A
F
C
D
E
G
Iluminação
Pavimentação
RUA RIO BRANCO
RUA DAS PALMEIRAS
5,1 - 7,5 7,6 - 9,9 10
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
RUA DAS PALMEIRAS
RUA RIO BRANCO
RUA DO PRÍNCIPE
RUA DAS PALMEIRAS
RUA RIO BRANCO
RUA DO PRÍNCIPE
Mobiliário
LEGENDA DE CORES:
67
RUA DO PRÍNCIPE
RUA RIO BRANCO
RUA DO PRÍNCIPE
Vegetação RUA DAS PALMEIRAS
0 0,1 - 2,5 2,6 - 5,0
RUA RIO BRANCO
RUA DO PRÍNCIPE
RUA DAS PALMEIRAS
Ponto A - Calçada de ligação à Rua dos Príncipes. Ponto B - Circulação e estar. Ponto C - Centro da praça com efeito circular em pedras. Ponto D - Circulação e estar. Ponto E - Calçada de ligação à Rua Rio Branco. Ponto F - Calçamento para acesso de veículos. Ponto G - Calçamento para circulação de pedestres.
Odor
Som
RUA DAS PALMEIRAS
RUA RIO BRANCO
RUA DO PRÍNCIPE
RUA DAS PALMEIRAS
RUA RIO BRANCO
RUA DO PRÍNCIPE
Presença de pessoas
RUA DAS PALMEIRAS
RUA RIO BRANCO
RUA DO PRÍNCIPE
RUA DAS PALMEIRAS
RUA RIO BRANCO
RUA DO PRÍNCIPE
Segurança
LEGENDA DE CORES:
RUA DAS PALMEIRAS
0 0,1 - 2,5 2,6 - 5,0
RUA RIO BRANCO
RUA DO PRÍNCIPE
Visual
5,1 - 7,5 7,6 - 9,9 10
LEGENDA DE CORES: 5,1 - 7,5 7,6 - 9,9 10 LEGENDA DE CORES: 0 0,1 - 2,5 2,6 - 5,0
5,1 - 7,5 7,6 - 9,9 10 RUA DAS PALMEIRAS
RUA RIO BRANCO
Média RUA DO PRÍNCIPE
0 0,1 - 2,5 2,6 - 5,0
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
68
Iluminação
RUA RECREATICA ANTÁRTICA
Pavimentação
RUA RECREATICA ANTÁRTICA
Mobiliário
RUA RECREATICA ANTÁRTICA
Vegetação
RUA RECREATICA ANTÁRTICA
RUA QUINZE DE NOVEMBRO
avaliação dos espaços MAPA VISUAL: PARQUE DAS ÁGUAS RUA RECREATICA ANTÁRTICA
F C D
E
J I
G H
K L
Ponto A - Lago proposto. Ponto B - Circulação que dá acesso à rua. Ponto C - Área de estar e circulação. Ponto D - Circulação que liga os dois lados longitudinais da praça. Ponto E - Parquinho infantil. Ponto F - Acesso que liga os dois lados transversais da praça. Ponto G - Acesso ao ponto E e H. Ponto H - Área destinada às exposições de artes. Ponto I - Córrego. Ponto J - Área verde com mesas de xadrez e árvores. Ponto K - Circulação. Ponto L - Calçada. Ponto M - Área de estar e circulação com bicicletário. Ponto N - Circulação. Ponto O - Calçada. Ponto P - Estacionamento de veículos.
69
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
RUA QUINZE DE NOVEMBRO
M
N
RUA QUINZE DE NOVEMBRO
A
RUA QUINZE DE NOVEMBRO
O
LEGENDA DE CORES:
RUA QUINZE DE NOVEMBRO
P B
0 0,1 - 2,5 2,6 - 5,0 5,1 - 7,5 7,6 - 9,9 10
Odor
Segurança
RUA RECREATICA ANTÁRTICA
Visual
RUA RECREATICA ANTÁRTICA
5,1 - 7,5 7,6 - 9,9 10
RUA RECREATICA ANTÁRTICA
RUA QUINZE DE NOVEMBRO
RUA QUINZE DE NOVEMBRO
RUA RECREATICA ANTÁRTICA
0 0,1 - 2,5 2,6 - 5,0
RUA QUINZE DE NOVEMBRO
Presença de pessoas Som
LEGENDA DE CORES:
RUA QUINZE DE NOVEMBRO
RUA QUINZE DE NOVEMBRO
RUA RECREATICA ANTÁRTICA
Média RUA RECREATICA ANTÁRTICA
0 0,1 - 2,5 2,6 - 5,0
5,1 - 7,5 7,6 - 9,9 10
LEGENDA DE CORES: 0 0,1 - 2,5 2,6 - 5,0
5,1 - 7,5 7,6 - 9,9 10
RUA QUINZE DE NOVEMBRO
LEGENDA DE CORES:
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
70
avaliação dos espaços MAPA VISUAL: PRAÇA DO BOSQUE RUA CUIABÁ M L
RUA INAMBÚ
H
A
G
C
J
K I
D
E
Ponto A - Quadra de esportes. Ponto B - Circulação de acesso da calçada com inclinação. Ponto C – Circulação com inclinação. Ponto D - Parquinho Infantil. Ponto E - Circulação (escada) de acesso a calçada. Ponto F - Calçada lado sul. Ponto G - Academia da Melhor Idade. Ponto H - Escadaria com mais de 20 degraus. Ponto I - Área de descanso e circulação. Ponto J - Palco para eventos. Ponto K - Circulação com inclinação. Ponto L - Circulação. Ponto M - Calçada lado norte. LEGENDA DE CORES: 0 0,1 - 2,5 2,6 - 5,0
F
RUA ARAQUÃ
RUA ARAQUÃ
71
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
Mobiliário
RUA CUIABÁ
RUA INAMBÚ
RUA ARAQUÃ
Vegetação
RUA CUIABÁ
RUA CUIABÁ
RUA INAMBÚ
Pavimentação
RUA CUIABÁ
RUA INAMBÚ
Iluminação
5,1 - 7,5 7,6 - 9,9 10
RUA ARAQUÃ
RUA INAMBÚ
B
RUA ARAQUÃ
Presença de pessoas 0 0,1 - 2,5 2,6 - 5,0 5,1 - 7,5 7,6 - 9,9 10
LEGENDA DE CORES:
RUA CUIABÁ
RUA INAMBÚ
RUA INAMBÚ
Segurança
RUA CUIABÁ
LEGENDA DE CORES:
RUA CUIABÁ
RUA INAMBÚ
Odor
0 0,1 - 2,5 2,6 - 5,0 5,1 - 7,5 7,6 - 9,9 10
RUA ARAQUÃ
RUA ARAQUÃ RUA ARAQUÃ
Som RUA CUIABÁ
Média RUA INAMBÚ
RUA CUIABÁ
RUA CUIABÁ
LEGENDA DE CORES: 0 0,1 - 2,5 2,6 - 5,0 5,1 - 7,5 7,6 - 9,9 10
RUA INAMBÚ
Visual
RUA INAMBÚ
RUA ARAQUÃ
RUA ARAQUÃ
RUA ARAQUÃ
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
72
CRUZAMENTO DE MÉTODOS Neste capítulo serão apresentadas as relações estabelecidas entre os diferentes resultados dos métodos utilizados. Serão cruzados os resultados gerados pelos mapas visuais com os demais métodos: checklist de acessibilidade, passeio acompanhado e ficha qualitativa, para que se possa compreender se existe ou qual é a relação entre acessibilidade e apropriação do espaço. A seguir, o cruzamento dos dados de cada uma das praças avaliadas.
PRAÇA NEREU RAMOS Mapa visual x Checklist de acessibilidade: No caso da praça Nereu Ramos pode-se dizer que existe uma relação entre a apropriação da praça com a acessibilidade. Como esta praça não apresentou muitas barreiras diante ao checklist, o setor com nota inferior a 5,0 realmente é o que mais apresentou dificuldades de descolamento, orientação e uso. Mapa visual x Passeio acompanhado: Já no passeio acompanhado, os setores que receberam notas superiores a 7,6 e se encontram mais próximos à extremidade norte, são os que mais apresentaram problemas, embora de baixo risco, em relação aos obstáculos encontrados. Mapa visual x Ficha qualitativa e quantitativa: em um geral, os mobiliários classificados como ruins estão dentro dos setores com as melhores notas no mapa visual, isso significa que apesar de as condições não serem tão boas, estes setores continuam sendo os mais agradáveis.
73
Acessibilidade e apropriação de espaços abertos de Joinville
RUA DAS PALMEIRAS Mapa visual x Checklist de acessibilidade: a Rua das Palmeiras é uma das praças que menos apresentou irregularidades em relação a acessibilidade. Certamente o traçado central, como demonstrado no mapa visual com as melhores notas, contempla os setores mais acessíveis da praça. Mapa visual x Passeio acompanhado: como no cruzamento anterior, os setores com as melhores notas no mapa visual foram as áreas que, apesar de apresentarem poucos obstáculos, realmente são as mais acessíveis. Isso significa que, neste caso, a acessibilidade está relacionada com a apropriação deste espaço. Mapa visual x Ficha qualitativa e quantitativa: a Rua das Palmeiras se classificou em geral, acima de “neutra” em relação a qualidade dos setores físicos, sensoriais e sociais. Isso significa que, em termos de apropriação a qualidade do espaço interfere no seu uso.
PARQUE DAS ÁGUAS
PRAÇA DO BOSQUE
Mapa visual x Checklist de acessibilidade: os setores com as notas menores no mapa visual não têm relação total com os obstáculos encontrados no checklist. Porém, os setores que receberam notas inferiores a 7,5 identificam as piores áreas para deslocamento apontadas através do checklist de acessibilidade. Neste caso, pode-se associar acessibilidade com a apropriação da praça.
Mapa visual x Checklist de acessibilidade: em um geral a Praça do Bosque apresentou muitas dificuldades em termos de deslocamento e orientabilidade. Alguns setores avaliados como mais agradáveis no mapa visual não são os mais acessíveis diante do checklist, principalmente as áreas de circulação que se aproximam das ruas. Neste caso a apropriação da praça não está muito relaciona a acessibilidade.
Mapa visual x Passeio acompanhado: neste cruzamento de informações fica claro que os setores com notas interiores a 7,5 se identificam com as áreas que proporcionaram mais dificuldades de deslocamento e uso. Porém, os setores com notas inferiores a 5,0 não podem ser comparados pois não foram acessados pelos voluntários dos passeios acompanhados.
Mapa visual x Passeio acompanhado: na relação destes dois métodos pode-se destacar que os setores com maior nota e que se aproximam das extremidades da praça (calçada e passeio) são as que mais apresentaram obstáculos durante os passeios acompanhados. Alguns setores do mapa visual expressam as dificuldades enfrentadas nos passeios acompanhados com notas inferiores a 7,5. Nesta comparação, a relação entre apropriação e acessibilidade também não se relacionam totalmente.
Mapa visual x Ficha qualitativa e quantitativa: de fato o setor considerado mais agradável no mapa visual é o que apresenta as melhores classificações em termos de qualidade física, sensorial e social.
Mapa visual x Ficha qualitativa e quantitativa: Os setores com maiores notas no mapa visual, neste caso, realmente expressam as áreas com maior qualidade física, sensorial e social. E os setores com notas inferiores a 7,5 também expressam os ambientes com problemas de falta de manutenção e no mobiliário.
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SÍNTESE DOS CRUZAMENTOS Pode-se perceber, em um geral, que não foi possível identificar um padrão de influência entre apropriação e acessibilidade a partir dos cruzamentos. Um fato que pode ter contribuído para esse resultado é que durante a aplicação dos métodos, exceto o passeio acompanhado, dentre os usuários que foram registrados usando a praça, seja para deslocamento, seja para lazer, nenhum deles possuía deficiência. Se não deficientes usam e deficientes não usam, muito provavelmente o motivo principal é a acessibilidade. A respeito do primeiro cruzamento realizado, Mapa visual x Checklist de acessibilidade, não foi encontrado nenhum padrão nos resultados obtidos. Os setores considerados mais agradáveis segundo a avaliação, não necessariamente eram aqueles com menor número de barreiras identificadas. Na Praça do Bosque, por exemplo, alguns setores avaliados como mais agradáveis no mapa visual não são os mais acessíveis, principalmente as áreas de circulação que se aproximam das ruas. O cruzamento entre o Mapa Visual x Passeio acompanhado, demonstrou que apenas na Rua das Palmeiras o setor com o menor número de barreiras tinha o maior número de usuários. Nas demais praças, Nereu Ramos, Parque das Águas e do Bosque, tanto os setores mais centrais quanto os próximos das extremidades eram aqueles com maior número de barreiras, sendo também os com mais usuários. Em relação aos resultados do cruzamento entre Mapa visual x Ficha qualitativa e quantitativa, a única praça que apresenta os setores com bons resultados mesmo com baixa qualidade dos espaços é a Praça Nereu Ramos. Sobre as demais praças, pode-se afirmar que os setores com as melhores avaliações possuíam também a maior quantidade de usuários. Por fim, vale ressaltar que, a inclusão das calçadas ao redor da praça na avaliação, foi importante para comparar o uso dentro e fora da mesma. Este fato contribuiu para a avaliação positiva das áreas próximas das extremidades.
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Praça do Bosque
Parque das Águas
Praça Nereu Ramos
Rua das Palmeiras
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CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos dados coletados através dos métodos descritos, a avaliação referente a acessibilidade espacial mostrou que todas as praças analisadas apresentam problemas, embora umas em menor outras em maior grau, sendo que nenhum dos espaços analisados é totalmente inclusivo. Isso vai contra o caráter igualitário que os espaços públicos deveriam ter para serem democráticos. A partir da avaliação relacionada a apropriação, é possível perceber, que em geral, os espaços avaliados são bastante utilizados. Apesar disso, a faixa da população que os utiliza efetivamente é quase exclusivamente constituída de adultos, com poucos usuários de outras faixas etárias e nenhum usuário com alguma deficiência nos momentos avaliados. Cada praça tem sua particularidade devido as atividades ofertadas. Isso se deve, provavelmente, à falta de espaços adequados a todos os usuários. Outro resultado importante é que poucos usuários registrados estavam realizando alguma atividade, de permanência. As evidências experimentais comprovaram que as praças são utilizadas na maioria para atalhos de deslocamento, o que enfatiza seu caráter permeável de passagem, fazendo a ligação entre as áreas urbanas adjacentes. Aquelas em que atividades de permanência foram registradas, na maioria eram realizadas por um público mais específico, ou seja, não atendia a diversidade de demandas.
Conclui-se com essa pesquisa que a ausência de acessibilidade espacial não influi diretamente na quantidade de usuários das praças, contudo, influencia na natureza da atividade que eles exercem ali. Além de proporcionar um espaço mais inclusivo, a acessibilidade espacial também contribuiria para que estes espaços tivessem mais usuários em atividade de permanência, melhorando a sensação de bem-estar e qualidade dos espaços, ou seja, a qualidade da sua apropriação. Os resultados obtidos nesta pesquisa servem se subsídio para aplicação tanto da acessibilidade quanto da maior apropriação em futuros projetos de praças, bem como para a qualificação dos espaços estudados e demais espaços da cidade.
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A Praça Nereu Ramos, apesar de não ter uma classificação muito boa de acessibilidade, é a praça com o maior registro de usuários em seu espaço, sendo a maioria adultos que a utilizam para passagem/deslocamento e a outra parte são homens idosos ou aposentados que usam as mesas de jogos para jogar xadrez e dominó. Para este caso, a acessibilidade, o visual e a oferta de atividades são aspectos que podem ser melhorados para que a praça seja mais atrativa para diversos públicos e assim alcançar um caráter democrático.
A Rua das Palmeiras foi a melhor classificada em termos de acessibilidade, embora não seja isenta de problemas. Porém, ela é uma das praças com a maioria dos registros de usuários adultos e que apenas a usam para passagem/deslocamento, poucos param para descansar ou para executar outra atividade, sendo que este número de usuários diminui muito no período noturno. Para que este espaço se torne mais igualitário, uma solução seria a oferta de diferentes atividades que sirvam tanto para o período diurno, como para o noturno, além cumprir os aspectos de acessibilidade.
O Parque das Águas, além de possuir a pior classificação em termos de acessibilidade é a praça menos frequentada, apesar de ter atrativos como: parque infantil, áreas de descanso e contemplação, lago, áreas verdes com vegetação, ela não é uma praça que faz ligações entre áreas urbanas adjacentes, ou seja, não possui um caráter permeável de passagem, por isso o motivo de as pessoas irem até ela deve ser bem convidativo. Em sua maioria é frequentada por jovens que procuram justamente áreas isoladas; e o público mais adulto que a frequenta, usa os espaços mais próximos das ruas o que demonstra uma insegurança. A falta de acessibilidade, manutenção e segurança são os pontos fracos deste espaço, ele deve ser mais vigiado e oferecer condições de uso para todos.
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A Praça do Bosque, embora não possua uma boa classificação de acessibilidade por apresentar muitos problemas, é uma das praças mais frequentadas por uma variedade de públicos, mesmo que os adultos sejam os predominantes, crianças e idosos fazem bastante uso dos espaços e isso se deve pela variedade de atividades ofertadas: parque infantil, quadra poliesportiva, academia da Melhor Idade, áreas de descanso e palco para eventos. Neste caso, a aplicação da acessibilidade e maior manutenção podem tornar a praça um espaço de uso igual para todos.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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