SÁBADO, 1 AGOSTO DE 2013 , Vitória - es
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CADERNO A
Caderno A
Fique por dentro das manifestações que acontecem no país O Caderno A trás com exclusividade para você, a cobertura das manifestações que tomam as principais capitais do Brasil.
As últimas manifestações políticas no Brasil: Vamos conseguir?
Assembléia Legislativa do ES ocupada
Cabral convoca reunião de emergência com cúpula da polícia
"Copa das manifestações" deixa legado misto para o Brasil
As manifestações políticas no Brasil desprezam a participação dos partidos políticos, uma vez que estes estão diretamente envolvidos na maior parte dos escândalos que gera manifestação pública.
Após reunião, manifestantes reforçam que só deixam Assembleia após votação de projeto que prevê fim do pedágio
Segundo nota enviada pela assessoria de Cabral esta semana, o encontro “vai tratar do vandalismo praticado na zona sul do Rio de Janeiro quarta-feira”.
Desacreditada até poucas semanas atrás, a seleção brasileira bateu a campeã mundial Espanha por 3 a 0 na final da Copa das Confederações.
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Manifestações pelo Brasil
As últimas manifestações políticas no Brasil: Vamos conseguir? Foto: Juliano Rodrigues
Entenda as causas que estão levando as pessoas aos protestos
Manifestações são necessárias para a construção da vida política de um povo. As manifestações políticas no Brasil desprezam a participação dos partidos políticos, uma vez que estes estão diretamente envolvidos na maior parte dos escândalos que gera manifestação pública. O poder de mobilização viabilizado pelas redes sociais na internet é uma tendência mundial. Apenas como exemplo, temos as manifestações políticas articuladas desde o final de 2010 – então chamadas de Primavera Árabe. Como se sabe, a organização e a manifestação da sociedade civil são fundamentais para a construção de uma vida política ativa de um país, de um povo, e dessa forma, têm promovido transformações consideráveis como a queda de ditadores. No Brasil, atualmente, a despeito de não vivermos as mesmas condições políticas que esses países do Oriente, deparamo-nos constantemente com casos de corrupção e de má gestão da coisa pública. Tais acontecimentos também têm mobilizado a sociedade para revelar seu descontentamento através de manifestações. Mas qual a diferença entre as manifestações da Primavera Árabe e as que ocorrem na sociedade brasileira? A intensidade. A exemplo do que ocorreu no Egito, o que se tem é um movimento que ganha as ruas de forma intensa, dias a fio, até mesmo com enfrentamentos contra o Estado, representado em suas forças policiais. No Brasil, porém, muito se limita ao âmbito da internet e das manifestações com dia e hora marcada, como se viu no último feriado de 07 de Setembro, dia de comemoração da Independência Nacional.
O Brasil viu, nas últimas semanas, uma das maiores mobilizações populares da sua história. Desde o dia 6 de junho, quando a onda de manifestações começou, mais de um milhão de pessoas em cerca de 100 cidades já foram para as ruas erguendo cartazes e gritando palavras de ordem pela redução da tarifa do transporte público. Muitos dos jovens que participaram dos protestos são de uma geração que não havia visto, até então, uma mobilização de massa no país, já que ainda não haviam nascido ou eram muito novos na época das Diretas Já, a campanha pela eleição direta para presidente, em 1984, e do Fora Collor, em 1992, pelo impeachment do então presidente Fernando Collor. As manifestações ganharam as páginas de jornais internacionais e tiraram o sono dos políticos. No final da última semana, a presidenta Dilma Rousseff anunciou, em rede nacional, uma série de medidas que pretende tomar para tentar atender às reivindicações dos manifestantes. Mesmo assim, os protestos continuam, com bandeiras variadas. Melhoria dos serviços públicos, punição mais rígida para corruptos e desmilitarização da Polícia Militar são algumas delas. As manifestações começaram no dia 6 de junho, em São Paulo, convocadas pelo apartidário Movimento Passe Livre (MPL). Embora o MPL milite pelo passe livre, ou seja, pela gratuidade do transporte público, foi o pedido de revogação do aumento de vinte centavos da tarifa do
ônibus e do metrô, de 3 reais para 3,20 reais, que prevaleceu nos protestos. O aumento havia entrado em vigor alguns dias antes. Dezenas de milhares de pessoas participaram das passeatas, que se espalharam pelo país, e em algumas houve truculenta ação repressiva da polícia e episódios de depredação de patrimônio público e privado. Vários governos cederam e, a partir de 19 de junho, começaram a revogar o aumento, inclusive São Paulo e Rio de Janeiro. Depois da revogação, a cobrança passou a ser, além do passe livre, a melhoria na mobilidade urbana e a priorização das políticas de transporte público.
“Dezenas de milhares de pessoas participaram das passeatas, que se espalharam pelo país” A ação da Polícia Militar foi criticada pelos manifestantes e, sobretudo depois do dia 13 de junho, pelos meios de comunicação. Nesse dia, aconteceu um ato pela redução da passagem do transporte público em São Paulo e foram inúmeros os relatos de truculência policial. Pessoas foram detidas para averiguação, presas por carregar vinagre, que alivia o efeito do gás lacrimogêneo, e feridas por balas de borracha. Jornalistas foram presos e feridos mesmo depois de se iden-
tificarem. Transeuntes que não tinham nada a ver com a manifestação també m foram atingidos. A violência policial também aconteceu em outras cidades, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, onde pessoas que protestavam do lado de fora do estádio Mané Garrincha, durante um jogo da Copa das Confederações, foram atropeladas por policiais em motos. Depois das primeiras manifestações de junho e da revogação do aumento das tarifas, uma das causas agradas aos protestos foi o fim da corrupção.Muitas pessoas foram às ruas para pedir puniçãomais rígida para políticos corruptos. Depois das primeiras manifestações de junho e da revogação do aumento das tarifas, uma das causas agregadas aos protestos foi o fim da corrupção. Muitaspessoasforamàsruas para pedir punição mais rígida para políticos corruptos. Com a pressão popular, a presidenta Dilma Rousseff sugeriu chamar um plebiscito para promover uma reforma política no país. E o Senado Federal aprovou na quarta-feira (26 de junho) um projeto que tramitava desde 2011 e que torna a corrupção crime hediondo. Agora, políticos condenados por corrupção não terão direito à anistia, a indulto e pagamento de fiança e terão mais dificuldade para conseguir liberdade condicional e progressão da pena. Os protestos contra os gastos públicos com a Copa do Mundo se acentuaram com o início da Copa das Confederações, no dia 15 de junho, e foram mais intenso nas cidades que receberam jogos: Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e
Salvador. A Copa do Mundo do Brasil vai custar 28,1 bilhões de reais, 5 bilhões a mais do que o previsto em 2007, quando o país foi escolhido para sediar o evento. Será a Copa mais cara da história. Comparando co m as edições anteriores, será três vezes mais cara que a da Alemanha, em 2006, e quatro vezes mais cara que a da África do Sul, em 2010. Os manifestantes dizem que preferiam que todo esse dinheiro fosse investido em saúde e educação. O deputado federal e ex-jogador Romário foi a público defender os protestos. Ele divulgou um vídeo, no qual diz que “com o dinheiro gasto para construir o Mané Garrincha [estádio de Brasília], poderiam ter sido construídas 150 mil casas populares”. Dentre os manifestantes, muitos levaram cartazes reivindicando a destinação de 10% do PIB (Produto Interno Bruto), a soma das riquezas produzidas no país, para a educação. O Brasil tem péssimos índices educacionais - é a nação com a pior taxa de alfabetização e média de anos de estudo da América do Sul. No dia 21 de junho, a presidenta Dilma Rousseff disse, em rede nacional, quepressionará o Congresso Nacional para aprovação do projeto de lei que destina 100% dos royalties do petróleo para a educação. Os royalties são o montante que as empresas produtoras pagam ao governo para ter o direito de explorar o petróleo do país. AUTOR DA MATÉRIA emaildoautor@email.com
Além disso, outra questão muito curiosa pode suscitar um debate acerca da natureza dessas manifestações brasileiras. Seus organizadores expressam claramente o repúdio à participação de partidos políticos, admitindo apenas – como se viu em setembro de 2011 – organizações e instituições como a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a ABI (Associação Brasileira de Imprensa). Mas seria possível promover mudanças na política nacional sem os próprios mecanismos inerentes à democracia? Logo, tomando como base a fala dos que diziam que os partidos políticos deveriam ficar fora dessa manifestação, não estaríamos diante de uma contradição? Até que ponto essas manifestações – como as que ocorreram no Brasil em 2011 – efetivamente surtem resultado? Maurice Duverge, em seu livro Os Partidos Políticos (1980), já fazia esta mesma indagação aqui colocada: “Seria, no entanto, satisfatório um regime sem partidos? Eis a verdadeira questão [...]. Seria a liberdade melhor preservada se o Governo tivesse ante si, apenas, indivíduos esparsos, não coligados em formações políticas?” (DUVERGER, 1980, p.456). Na verdade, tal autor colocava essa pergunta para reafirmar seu argumento a favor da existência dos partidos. Tomando os preceitos clássicos da Ciência Política, sabemos que partidos políti-
Foto: Priscilla Matushk.
Manifestantes lotam ruas e avenidas em São Pauluo.
É POR VINTE CENTAVOS?
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Manifestantes animam as passeadas com muita música e cartazes de protesto.
cos seriam os responsáveis pela viabilização dessa participação social, servindo como canais entre o Estado constituído e a Sociedade Civil. Também segundo esse autor (1980, p. 459), “historicamente, os partidos nasceram quando as massas populares começaram a entrar, realmente, na vida política [...]. Os partidos são sempre mais desenvolvidos à esquerda que à direita. Suprimi-los seria, para a direita, um meio admirável de paralisar a esquerda”. Em linhas gerais, o autor sugere que a supressão dos partidos poderia fortalecer os interesses das elites (segundo a citação, a direita), de uma oligarquia, uma vez que os partidos garantiriam minimamente – pelo menos em tese – um equilíbrio no pleito político entre classes e grupos que compõem a sociedade. Considerando que vivemos numa democracia indireta (na qual elegemos nossos representantes para assumirem os cargos públicos e assim não participamos diretamente da discussão sobre as leis, por exemplo), os partidos tornam-se fundamentais. Mas, no Brasil, a descrença e a falta de confiança nas instituições democráticas seriam a base do argumento que rechaça a participação de partidos políticos em manifestações mais recentes na história nacional. Ainda conforme Duverger, “a democracia não está ameaçada pelo regime dos partidos, mas pelo rumo contemporâneo das suas estruturas internas” (ibidem, p. 459), as quais muitas vezes estão comprometidas com interesses alheios aos dos militantes ou da própria população. Tais estruturas estão comprometidas apenas com aquilo que diz respeito aos planos de uma elite dirigente desses mesmos partidos. Diante dessa constatação, embora o livro citado seja uma obra da década de 1950, ainda guarda certa atualidade. Portanto, esse desvirtuamento das funções dos partidos e das funções de seus representantes que ocupam cargos públicos (deputados, senadores, entre outros) seria o motivo pelo qual o brasileiro e a sociedade em geral teriam perdido sua confiança.
“É preciso dizer que a opinião pública e as organizações por meio de novos veículos de comunicação têm sim um peso fundamental em uma democracia” Contudo, tentando-se aqui promover um olhar mais crítico acerca dessas manifestações, se por um lado é inegável a importância da mobilização da sociedade, por outro, sua permanência, intensidade e articulação (para que por meio de partidos suas reivindicações sejam discutidas em plenário) são aspectos fundamentais. Mesmo uma situação de revolução social requer um grau de maior organização e militância política que vai além de rompantes de indignação e revolta, isto é, mesmo a mudança radical de um regime só pode ser fruto de um processo articulado, coeso, efetivo, como se viu em países como o Egito e a Líbia. Não se pode negar a importância das redes sociais para a finalidade política, nem tão pouco da realidade de reprovação da sociedade brasileira com tantos escândalos nas mais diferentes esferas e instituições do Poder Público. Porém, daí a pensar que tais manifestações esporádicas possuem peso para promover mudanças radicais na política talvez seja um pouco arriscado, ainda mais quando se esvaziam da possibilidade da participação de partidos políticos. Se por um
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lado esses são sinais de mudança em relação ao comportamento político do cidadão brasileiro, pelo outro, infelizmente, ainda prevalece o cenário de apatia política generalizada. É preciso dizer que a opinião pública e as organizações por meio de novos veículos de comunicação têm sim um peso fundamental em uma democracia, mas deve-se lançar mão das instituições democráticas para se alcançar mudanças legítimas e eficazes. Basta pensar na forma como a lei da “Ficha limpa” teve origem por meio da reivindicação de uma organização não governamental, mas apenas ganhou efetividade após ser adotada e defendida como proposta por representantes legítimos no regime democrático. Assim, dizer que os partidos políticos não servem para a política é algo tão problemático quanto propor o fim do congresso ou do senado brasileiros por conta de seus históricos marcados por casos de corrupção. Não se trata de jogar no lixo conquistas históricas para a sociedade brasileira, mas sim repensar o seu comportamento e engajamento políticos quando das eleições. Analisar o candidato, o partido, assim como acompanhar seu trabalho frente ao cargo ao qual foi designado é fundamentalnovamente eleito. Logo, algumas dessas conquistas, como a possibilidade da existência dos partidos e do parlamento, foram o resultado da luta organizada de outras gerações. A liberdade política e a possibilidade da organização em partidos são frutos de muita luta e reivindicação sociais, encabeçados por personagens (até mesmo anônimos) que enfrentaram a ditadura, a tortura, a prisão e o exílio. Assim, não poder (ou não querer) contar com os partidos como mecanismos de discussão e mudança política é algo negativo para a própria democracia em nossos tempos, uma vez que esses instrumentos são partes integrantes do regime democrático. Da mesma forma, qualquer manifestação não articulada e sem a intensidade necessária, que possa se diluir no meio do caminho, apenas cria expectativas que talvez estejam mais próximas da frustração do que da realidade. ANA ROCHA anar@gmail.com
Criatividade na produção de cartazes é marca dos protestos A mobilização de brasileiros nas ruas defendendo seus direitos não para de aumentar. E em algumas das principais cidades do país chamaram a atenção as palavras de ordem exibidas pelos manifestantes. Pensando nisso, uma equipe de designers inovou, criando cartazes simples mas bem legais, e usando frases saídas das manifestações, letras de músicas ou textos dos próprios autores. Os designers do estúdio Isabela Rodrigues Sweety Branding Studio usaram todo o ‘material’ protestos, como frases e expressões de luta, pra dar uma nova contribuição “Não conseguimos ficar parados com tudo isso que está acontecendo e fizemos esses cartazes para ajudar a agilizar o processo na hora de ir para rua”, dizem eles. Para você eles deixam somente o trabalho de pegar um e mostrar pra todo mundo quais são os seus motivos de estar lutando por um país melhor.
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Após manifestações, Lula e Dima vivem desgaste na relação. As manifestações de junho não derrubaram apenas a popularidade da presidente Dilma Rousseff. Elas também ajudaram a desgastar sua relação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Petistas dizem que “criador” e “criatura” estão muito longe de um rompimento, e que errará quem apostar nesse daesfecho, mas concordam no diagnóstico: a ligação dos dois chegou ao ponto mais difícil desde que Dilma assumiu o cargo, há dois anos e meio. Nos bastidores do governo e no próprio PT, a distância foi percebida e virou alvo de comentários. Interlocutores de Dilma atribuem a aliados de Lula o vazamento de críticas à atuação do Executivo durante a onda de protestos que sacudiu o país em junho. Interlocutores de Lula dizem que ele considerou uma “barbeiragem” a decisão do Planalto de propor uma constituinte para a reforma política sem ouvir o vice-presidente Michel Temer (PMDB), mas consultando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), adversário do PT. Também há queixas partindo do governo. Uma delas: Lula chegou a sugerir a redução do número de ministérios, embora tenha promovido o aumento do número de pastas quando era presidente. Pessoas que falaram com o ex-presidente nas últimas semanas o descrevem como “preocupado” e dizem que volta e meia ele expressa incômodo com a “teimosia” e a centralização da sucessora. Desde dezembro, ele tem sido assediado por empresários, banqueiros, sindicalistas e políticos, que em geral reclamam do estilo de Dilma. CATIA SEABRA catias@autor.com
Foto: Reinaldo Carvalho
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Foto: Rodolpho Valeriano.
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Assembléia Legislativa do ES ocupada Após reunião, manifestantes reforçam que só deixam Assembleia após votação de projeto que prevê fim do pedágio
Foto: Juliano Rodrigues.
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José Arimatéia Campos Gomes, também acompanhou a reunião, assim como o procurador de Justiça SaintClair Nascimento, a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Nara Borgo, o presidente do Conselho de Direitos Humanos, Gilmar Oliveira, e o advogado André Moreira, que esteve na reunião a pedido dos manifestantes. Caso haja novo pedido de vistas ao projeto, a presença dos manifestantes nas dependências da Assembleia Legislativa pode se estender até o próximo dia 17 de julho. Isso porque o projeto de decreto ainda deve passar por mais quatro comissões, sendo elas: Defesa da Cidadania e dos Direitos Humanos; Defesa do Consumidor; Infraestrutura, de Desenvolvimento Urbano e Regional, de Mobilidade Urbana e Logística; e Finanças, Economia, Orçamento, Fiscalização, Controle e Tomada de Contas. Esta última é presidida por Sérgio Borges (PMDB), líder do governo na Assembleia. Após Gildevan Fernandes (PV), divulgar o seu parecer sobre o Decreto, a matéria ainda segue para votação dentro da própria Comissão, e precisa da maioria dos votos do componente para ser aprovado. Depois, é analisado também pelo plenário, tudo durante a mesma sessão. Mesmo que Gildevan considere a proposta inconstitucional, a comissão e outros deputados podem mantê-la em pauta, então o projeto seria analisado nas demais comissões para ser votado em plenário.
Nota da Assembléia Legislativa A Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo representada neste ato pelos deputados Roberto Carlos e Solange Lube, membros da Mesa Diretora, e o Movimento que atualmente ocupa o gabinete da Presidência do Poder Legislativo Estadual vem a público informar que, em reunião realizada nesta quarta-feira (03), ficaram acordados e garantidos os
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A ocupação da presidência se dará até quinta-feira (04) após o término do 4º Grande Ato do Movimento Não É Só por R$ 0,20, É por Direitos. Após o evento, o Movimento de Ocupação se instalará no Salão Nobre da Ales, garantindo assim o funcionamento normal do expediente administrativo da Assembleia;
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No local, será garantida, até a votação do Projeto de Decreto Legislativo de Suspensão do Pedágio da Terceira Ponte, a infraestrutura necessária à permanência dos membros do Movimento, tais como: dependências sanitárias e cozinha, televisão, acesso telefônico e internet, computadores e impressora.
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Está mantida a decisão de ocupação pacífica e a não utilização de força pública para retirada do Movimento das dependências da Ales.
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Ficou garantido pelos membros da Mesa presentes que não assinariam nenhum ato de solicitação de reintegração de posse;
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Ficou estabelecida a criação de uma comissão, com representantes da Ales e do Movimento, para definição de acesso, revezamento de pessoal e estabelecimento de quantitativo máximo de ocupantes;
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Fica assegurado o compromisso de preservação do patrimônio público;
TROCA DE MANIFESTANTES E ALIMENTOS Momento exato em que manifestante é algemado e detido pelos policiais.
Legenda imagem noticia: Após protesto com 15 detidos no Rio, Cabral convoca.
Protesto no rio de janeiro
Após protesto com 15 detidos no Rio, Cabral convoca reunião de emergência com cúpula da polícia Cerca de mil manifestantes se concentraram no entorno da casa do governador O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), anunciou no início da madrugada desta quinta-feira (18) que convocou reunião de emergência com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, a chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, o comandante da Polícia Militar, Coronel Erir da Costa Filho, os secretários da Casa Civil, Regis Fichtner, e de Governo, Wilson Carlos Carvalho, para o Palácio Guanabara sede do governo estadual, às 8h. Segundo nota enviada pela assessoria de Cabral esta semana, o encontro “vai tratar do vandalismo praticado na zona sul do Rio de Janeiro quarta-feira [17]”. Depois da reunião, o governador vai se reunir às 9h30 também no Palácio Guanabara com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), a presidente do Tribunal do Justiça, desembargadora Leila Mariano, o procurador-geral do Estado, Marfan Martins Vieira, o presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz, e o defensor-geral do Estado, Nilson Bruno. Na tarde de quarta-feira, um protesto na rua
onde mora o governador terminou em confronto entre a polícia e as pessoas que protestavam no local. Uma série de bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, e balas de borracha foram usadas para dispersar os manifestantes. A Polícia Militar anunciou durante confronto com manifestantes 15 pessoas foram detidas e ao menos quatro PMs ficaram feridos. Agências bancárias, lojas e pelo menos uma banca de jornal foram depredadas e barricadas foram montadas com lixo incendiado. Faltou luz em várias vias do bairro e de acesso a ele. Mais cedo, cerca de mil manifestantes se concentraram no entorno da casa do governador, onde um grande contingente da Tropa de Choque da Polícia Militar se encontrava para garantir a segurança e evitar confusão. O evento foi marcado via Facebook. Por volta das 20h15, um grupo de manifestantes da Rocinha se juntou àqueles que estavam perto da casa do governador. Até as 20h, o protesto era pacífico, mas três manifestantes foram expulsos sob gritos que os acusavam de serem “P2” --informantes infiltra-
dos da polícia. Por volta das 22h, alguns manifestantes se dispersaram e seguiram pela rua Bartolomeu Mitre, ao fim da via, quebraram uma porta de vidro de um prédio de uma sede administrativa da Rede Globo, eles também colocaram fogo em entulhos que estavam em um caçamba, um segurança do prédio jogou água para apagar o fogo e dispersou o grupo. Às 21h30, uma manifestante sozinha pichou um veículo do SBT. Por causa dos manifestantes as duas pistas da avenida Delfim Moreira, dos dois sentidos, foram fechadas por volta das 19h20, da rua Rainha Gulhermina até a avenida Niemeyer. Um quarteirão foi bloqueado pela Tropa de Choque entre as ruas Delfim Moreira e General San Martin, por isso, apenas moradores do local entram. Os manifestantes, principalmente jovens, carregavam cartazes com dizeres contra a corrupção e pedindo investigação sobre os diversos escândalos políticos que varrem o país. A rua onde mora o governador foi bloqueada desde o início da tarde com grades de ferro
e segue protegida por cerca de 60 policiais militares usando escudos e capacetes. Pelo menos 15 viaturas da Polícia Militar estão estacionadas em frente à residência de Cabral, incluindo um caminhão que lança jatos de água. A polícia observou a ação das pessoas, sem intervir. Um grupo de policiais, que resolveu passar entre os manifestantes, chegou a ser cercado e hostilizado pela multidão, mas não reagiu. Os manifestantes reivindicavam a abertura de CPIs (comissões parlamentares de inquérito) sobre o uso, pelo governador, de helicópteros do Estado para fins particulares e sobre as relações do governo com a construtora Delta. A pauta inclui também a desmilitarização da polícia, contra a privatização do Maracanã (Estádio Jornalista Mário Filho), a demolição do prédio do antigo Museu do Índio e contra as remoções compulsórias de famílias por causa das obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas. ABERVAL DA FONSECA aberval@gmail.com
Os manifestantes que pedem o fim do pedágio na Terceira Ponte vão passar pelo menos mais uma noite ocupando a Presidência da Assembleia Legislativa. O grupo só deixará o local,na noite desta quinta-feira (04), após o término do “Quarto Grande Ato”, marcado para acontecer a partir das 18h30. O destino do protesto é justamente a praça do pedágio da ponte. A decisão foi tomada em uma reunião entre os ocupantes e deputados, que durou cerca de 2 horas, nesta quarta-feira (03). Entretanto, os manifestantes não vão desocupar o prédio da Assembleia, apenas haverá uma mudança de sala: eles passam a ocupar o Salão Nobre da Casa, localizada em frente ao Plenário do Legislativo Estadual. Deputados propuseram a mudança de local em negociação realizada na manhã desta quarta-feira. Na reunião realizada às 17h, eles atenderam ao pedido da Mesa Diretora, mas fizeram exigências, tal como a não utilização da força policial durante o protesto desta quinta, segundo informou a deputada estadual Janete de Sá, que participou da reunião. “Eles pediram que não haja violência por parte dos policiais durante as manifestações, ou para tirá-los de lá. Também pediram esforço por parte dos deputados, para que o decreto seja votado o mais rápido possível, antes do recesso que se inicia nas próximas semanas. O movimento está muito ordeiro e maduro. Estiveram presentes na reunião da noite desta quarta-feira os deputados estaduais Solange Lube, Carlos, Janete de Sá; Euclério Sampaio Eles conseguem compreender perfeitamente a importância desse diálogo entre o movimento e a Casa”, afirmou a deputada, que se declarou impressionada com a organização
dos manifestantes. “Eles (os manifestantes) afirmaram para os deputados que só passam a ocupar o Salão Nobre caso haja condições mínimas de ficar lá. Então, amanhã cedo eles vão conhecer as condições que o espaço oferece, para saber se vão contar com a estrutura necessária para permanecerem no local”, afirmou.
“Eles pediram que não haja violência por parte dos policiais durante as manifestações, ou para tirá-los de lá.” Outra exigência feita pelo grupo foi a livre circulação de pessoas pela Assembleia Legislativa, não só nas sessões plenárias em que o projeto de Decreto entre em pauta, mas também nos outros dias. Os ocupantes da Assembleia afirmaram ainda que só saem da sede do Legislativo Estadual quando o projeto de Decreto Legislativo que suspende o pedágio da Terceira Ponte for votado, o que pode acontecer até a próxima quarta-feira (10), prazo final para o que o deputado estadual Gildevan Fernandes (PV), relator da Comissão de Constituição e Justiça, apresentar o seu parecer sobre o Decreto, após o pedido de vistas. Estiveram presentes na reunião da noite desta quarta-feira os deputados estaduais Solange Lube, Roberto Carlos, Janete de Sá; Euclério Sampaio - autor do projeto de Decreto Legislativo, e José Esmeraldo - que já declarou apoio ao projeto. O Procurador da Assembleia Legislativa,
Os manifestantes providenciaram, nesta quarta-feira, um revesamento entre eles. Muitos do que passaram a noite de terça-feira nas dependências da Presidência da Assembleia, saíram para Leonardo Soaresresolver questões externas ou mesmo para tomar um banho. A direção da Casa está permitindo que novos manifestantes, que encontram-se concentrados em frente à sede do Legislativo, entrem para ocupar o lugar dos que estão saindo. O próprio movimento está se organizando para definir quem entra para passar a noite desta quarta no local. Pelas janelas da sala da Presidência, os manifestantes agitam bandeiras, cartazes e também improvisam, com uma corda, o recebimento de comida, roupas e materiais de higiene levados por amigos ou até por pais dos jovens. Deputados propuseram a mudança de local em negociação realizada na manhã desta quarta-feira. Uma das mães que esteve no local na noite desta quarta-feira foi Elaine Cristian Gomes. Seu filho Luiz Guilherme, de 18 anos, é um dos jovens que ocupam a Assembleia a mais de 24 horas. “Apoio a manifestação, mas tenho preocupações de mãe. Vim buscá-lo para que ele tome um banho, durma e volte amanhã, após a aula”, disse, contando que ficou mais tranquila ao falar com o rapaz e ouvir dele que o clima dentro da Assembleia está tranquilo. No final da manhã desta quarta, a Assembleia permitiu que um carregamento de marmitas enviado por uma entidade sindical fosse entregue aos manifestantes, para que almoçassem. A sessão ordinária marcada para a manhã desta quarta-feira, foi cancelada em função da ocupação da Casa. O expediente da Assembleia Legislativa volta ao normal, nesta sexta-feira (05), após os manifestantes se mudarem para o salão nobre. CLARINDO NUNES nunescla@gmail.com
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"Copa das manifestações" deixa legado misto para o Brasil Desacreditada até poucas semanas atrás, a seleção brasileira bateu a campeã mundial Espanha por 3 a 0 na final da Copa das Confederações, disputada na noite deste domingo no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, para ganhar pela quarta vez o torneio – a terceira seguida. O “renascimento” da seleção brasileira, que terminou com uma invencibilidade de 19 meses da Espanha, é uma das marcas deixadas pela competição, que serve como um teste da preparação do Brasil para sediar a Copa do Mundo que acontece no ano que vem. Do lado de fora dos estádios, o que marcou o torneio foram as inúmerasmanifestações populares que vêm tomando as ruas do país há mais de duas semanas. A competição chegou a ser apelidada por alguns comentaristas de “Copa das manifestações”. Neste domingo, duas manifestações nas proximidades do estádio reuniram entre 4 mil e 5 mil pessoas cada uma para protestar contra os gastos públicos para a construção dos estádios e contra as remoções de moradores afetados pelas obras para a Copa do Mundo e da Olimpíada de 2016, que acontecerá no Rio de Janeiro. Apesar das expectativas, os dois protestos reuniram bem menos pessoas do que a manifestação que aconteceu no dia 20 de junho, quando cerca de 300 mil manifestantes marcharam pelas ruas do centro da cidade após a partida entre Espanha e Taiti no Maracanã. Pouco antes do início do jogo deste domingo, integrantes de um grupo que participava da segunda marcha atiraram objetos na direção dos policiais que bloqueavam o acesso ao entorno do Maracanã. A polícia respondeu com bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, balas de borracha e gás de pimenta. Cenas de corre-corre e tensão tomaram o entorno do Maracanã, e os manifestantes foram obrigados a se dispersar enquanto a polícia avançava.
GÁS NO ESTÁDIO O gás lacrimogêneo disparado pela polícia para conter o pequeno grupo de manifestantes que tentava se aproximar do estádio pôde ser sentido dentro do Maracanã em pelo menos duas ocasiões. Pouco antes do início da partida, quando era executado o hino do Brasil, alguns torcedores sentados nas fileiras de cima do anel superior do estádio tiveram que colocar suas camisetas sobre as bocas e os narizes para evitar o efeito do gás. Funcionários e voluntários retiravam as pessoas do corredor de circulação atrás das cadeiras, área mais afetada. Meia hora depois, o gás voltou a ser sentido no mesmo local, desta vez com menos intensidade. Funcionários das portarias do estádio próximas à área afetada relataram ter sentido os efeitos do gás com grande intensidade. Uma assensorista do elevador localizado na lateral do Maracanã disse ter sido forçada a deixar seu posto após a cabine se encher de fumaça. Taiguara Souza, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB do Rio de Janeiro, afirmou que um grupo de três advogados e outras pessoas foram atingidas por gás lacrimogêneo e spray de pimenta enquanto negociavam com a polícia a saída de um grupo de 150 manifestantes que estavam “encurralados” em uma pequena via próximo ao Colégio Militar, que fica perto do Maracanã. “Parece que a intenção era reprimir e não dispersar”, disse o advogado. A Comissão de direitos humanos da OAB, assim como membros do Ministério Público e da Defensoria Pública,
acompanharam a passeata para tentar coibir eventuais abusos. De acordo com a Polícia Militar, no entanto, um representante do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública afirmou que o confronto começou quando manifestantes atiraram “bombas de gás e pedras contra os policiais”. A maior parte dos manifestantes acabou se dispersando pela região e diversos bloqueios da polícia foram formados em avenidas nas proximidades do estádio. Perto da Praça Varnhagen, torcedores que assistiam à partida em um bar chegaram a ser chamados de “alienados” por um grupo manifestantes. Pouco depois do início do segundo tempo, um grupo menor de manifestantes voltou a se concentrar no cruzamento da avenida Maracanã com a avenida São Francisco Xavier, mas não houve grandes confrontos, apenas conflitos isolados. Ao final do jogo, torcedores que saíam do estádio se deparavam com a forte presença policial e ruas com pedras e cápsulas dos armamentos não letais utilizados nos confrontos. Mesmo assim, a saída da maior parte foi tranquila.
O CAMPEÃO VOLTOU Dentro do campo, Neymar, Fred, Júlio César e companhia conseguiram reverter o favoritismo espanhol e garantir o título ao Brasil. A torcida, que mais uma vez cantou o hino brasileiro até o final, mesmo após o término do trecho executado pelo sistema de som do estádio, apoiou a equipe do início ao fim, gritando “O campeão voltou”. O Brasil começou o torneio na 22ª posição no ranking da Fifa, sua pior posição da história, e vinha desacreditado com uma série de maus
resultados em amistosos. Até uma semana antes do torneio, o Brasil havia feito seis amistosos no ano, com uma derrota, quatro empates e apenas uma vitória. A vitória de 3 a 0 sobre a França num amistoso em Porto Alegre, seis dias antes do início da Copa das Confederações, marcou o início da virada. Foi a primeira vitória do Brasil sobre uma seleção campeã do mundo desde dezembro de 2009. Na Copa das Confederações, foram cinco vitórias em cinco jogos, sendo três sobre campeões mundiais ─ Itália, Uruguai e Espanha. A seleção marcou 14 gols no torneio e sofreu apenas 3. Para completar, o atacante Neymar foi eleito o melhor jogador da competição. A Espanha, líder do ranking da Fifa desde outubro de 2011, havia vencido quase todos os torneios que disputou desde 2008. O único grande torneio que falta ao país é justamente a Copa das Confederações. A vitória do Brasil neste domingo aumentou o retrospecto positivo da seleção brasileira sobre a Espanha. Com a final da Copa das Confederações, são nove partidas, com cinco vitórias brasileiras, duas espanholas e dois empates. Esta foi a segunda vez que as duas equipes se enfrentaram no estádio do Maracanã. Na primeira Copa do Mundo disputada no Brasil, em 1950, a partida terminou 6 a 1 para o Brasil. O fim da Copa das Confederações, no entanto, também deixa no ar diversas questões para os líderes políticos brasileiros, um dos principais alvos dos protestos populares contra os gastos públicos da Copa, ao lado da Fifa. JOAO ALMEIDA joaoa@gmail.com Foto: Camila Amorim.
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Copa das confederações: Torcedores se manifestam contra a falta de investimento em educação.