APLICAÇÃO DO DESIGN PARAMÉTRICO NO PROJETO DE UMA NOVA FACHADA PARA UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

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APLICAÇÃO DO DESIGN PARAMÉTRICO NO PROJETO DE UMA NOVA FACHADA PARA O HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA LUCAS ALMEIDA DE SOUZA JOÃO PESSOA | 2020



“Que eu sempre siga adiante, que seja sempre uma melhor versão de mim mesmo.” Lucas Almeida



CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA - UNIPÊ CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

LU C A S A L M E I DA D E S O U Z A

APLICAÇÃO DO DESIGN PARAMÉTRICO NO PROJETO DE UMA NOVA FACHADA PARA O HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA

Trabalho de conclusão do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ, em cumprimento das exigências institucionais para obtenção do título em Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, realizado sob a orientação da Prof.ª Kelly Christine Silva de Lima.

JOÃO PESSOA | 2020


S729a SOUZA, Lucas Almeida de. Aplicação de Design Paramétrico no processo projetual de uma nova fachada para o Hospital Universitário de João Pessoa. /Lucas Almeida de Souza. - João Pessoa, 2020. 81f. Orientador (a): Profa . Kelly Christine Silva de Lima. Monografia (Curso Arquitetura e Urbanismo) – Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ. 1. Design Paramétrico. 2. Conforto Ambiental. 3. Eficiência projetual. I. Aplicação de Design Paramétrico no processo projetual de uma nova fachada para o Hospital Universitário de João Pessoa. UNIPÊ/BC

CDU - 725.1:614.21


LU C A S A L M E I DA D E S O U Z A APLICAÇÃO DO DESIGN PARAMÉTRICO NO PROJETO DE UMA NOVA FACHADA PARA O HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA

Trabalho final de graduação, apresentado ao Centro Universitário de João Pessoa Unipê, como parte das exigências para a obtenção do título de bacharel em Arquitetura e urbanismo sob a orientação da Professora Kelly Christine Silva de Lima.

João Pessoa, 30 de novembro de 2020.

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Me. Kelly Christine Silva de Lima Professora orientadora

Prof. Vitto Bruno de Sales Germoglio Avaliador interno

Prof. ª Me. Pollyana Priscila de Souza Lima Avaliador externo



A G R A D E C I M E N TO S

Em alguns pontos de vista, cinco anos é pouco tempo. Todavia, não é pouco tempo para quem está os está vivendo. Foram longos anos de muito mais que uma graduação, mas de formação de um profissional, de um homem, de caráter, de personalidade, mas não de essência e não de fé. É certo o apoio de Deus durante todo esse tempo, de muitas mudanças pessoais, de muitas mudanças de pessoas, e de começar a descobrir o que é o mundo e o que posso esperar de tudo o que vem pela frente. Deus, como o ser Onisciente, soube bem onde me colocar a cada dia, e as pessoas que deveria me colocar por perto. Foram longos anos, mas fizeram parte do que sou hoje. Agradeço, e sempre agradecerei aos meus pais. Nunca teria chegado aqui sem eles, a Berenice Maria e Manoel Leôndio, que sempre viram meus esforços, e sempre buscaram, com toda força me dar o melhor possível. Cada curso que fiz, cada conhecimento que tenho é fruto do árduo trabalho deles. Tive amigos que foram fundamentais em cada passo do meu crescimento, e cada um deles

me ensinou coisas valiosas, que farão total diferença na minha carreira. Camilla Mello e Karolaine Soares, que até o fim do curso foram inseparáveis entre trabalhos e projetos intermináveis e desgastantes, foi um grupo espetacular. Agradeço, imensamente, Daniel Nóbrega, por me encorajar e me apoiar, mesmo quando os projetos eram difíceis, mesmo quando os artigos não eram aceitos, mesmo quando eu não queria fazer mais nada. Foi alguém que me incentivou a nunca parar, e sempre ser melhor, que esteve presente nos momentos de dor e de vitórias. Agradeço também a minha orientadora Kelly Christine, que confiou, desde o início, na qualidade deste trabalho. E que me apoiou em tantos outros, desde artigos científicos até futuros estudos. Aos componentes desta banca Vitto Germoglio e Pollyana Lima. Não só esse trabalho, mas toda minha profissionalização está cercada de pessoas que me apoiaram, e nada disso seria possível sozinho, desde trabalhos em grupo, até os desânimos que acontecem na vida. Muito obrigado!



RESUMO

ABSTRACT

Os projetos arquitetônicos atuais requerem altos níveis de complexidade, agilidade, e múltiplas variáveis a serem consideradas, o que acaba tornando o processo de projeto tradicional insuficiente para essas demandas. Diante disso, a modelagem paramétrica surge como uma ferramenta aliada dos arquitetos. Este trabalho tem o objetivo de, através dessa metodologia projetual, propor uma nova fachada para o Hospital Universitário Lauro Wanderley, a fim de aprimorar o conforto bioclimático nas dependências deste hospital, que é referência no ensino de saúde e modelo de prestação de serviços ambulatoriais no estado. A partir de análises e redesenhos da edificação, foi possível compreender o funcionamento do hospital, com ênfase na fachada e elementos de adequação climática. Compreendendo a ineficiência dos brises existentes, foram propostos novos elementos gerados a partir dos softwares paramétricos Rhinoceros e Grasshopper que serão capazes de diminuir significativamente a quantidade de radiação solar nas fachadas do hospital, além de reduzir a carga estrutural aplicada na edificação.

Architectural projects have high levels of complexity, agility, and multiple variables to be considered, which ends up making the traditional design process insufficient for these demands. In view of this, parametric modeling emerges as an ally tool for architects. This work aims to propose, through this design methodology, a new facade for the Hospital Universitário Lauro Wanderley, in order to improve the bioclimatic comfort on the premises of this hospital, which is a reference in health education and outpatient service delivery model in state. From analysis and redesign of the building, it was possible to understand the operation of the hospital, with emphasis on the facade and elements of climatic adequacy. Understanding the inefficiency of the existing windshields, new elements generated from the parametric software Rhinoceros and Grasshopper have been proposed that can reduce the amount of solar radiation on the hospital’s facades, in addition to reducing the structural load applied in the building.

Palavras-chave: Design Paramétrico, Conforto Ambiental, Eficiência Projetual.

Key-words: Parametric Design, Environmental Confort, Design Efficiency.


L I S TA D E F I G U R A S 15. Figura 01: Plano Cartesiano XY e Plano CAD 15. Figura 02: Modelo BIM 15. Figura 03: Modelagem Paramétrica através do Grasshopper e Rhinoceros 28. Figura 04: Técnica alrgorítimica versus técnica paramétrica 28. Figura 05: Pavilhão Olímpico, em Barcelona, por Frank Gehry 29. Figura 06: Sunrise Tower, por Zaha Hadid 34. Figura 07: Diagrama do sistema generativo de projeto com múltiplas soluções 34. Figura 08: Mapa de localização Brasil – Paraíba – João Pessoa – Bairro Castelo Branco 35. Figura 09: Localização HULW no bairro Castelo Branco 35. Figura 10: Volumetria HULW com anexos 36. Figura 11: Volumetria HULW sem anexos 37. Figura 12: Estratificação e zoneamento HULW 38. Figura 13: Lógica estrutural do HULW 38. Figura 14: Aberturas fachada leste HULW 39. Figura 15: Aberturas fachada oeste HULW 39. Figura 16: Carta de manchas solares leste e oeste 40. Figura 17: Perspectiva fachada leste 41. Figura 18: Fachadas HULW 42. Figura 19: Eixos de simetria genéricos da planta do HULW 43. Figura 20: Distribuição genérica dos pavimentos do HULW 44. Figura 21: Paredes paralelas HULW 45. Figura 22: Exterior HULW 46. Figura 23: Interior do HULW 47. Figura 24: Análises climáticas a partir do Rhinoceros e Grasshopper 48. Figura 25: Temperatura anual da cidade de João Pessoa 48. Figura 26: Análise da radiação solar no HULW fachada leste 49. Figura 27: Análise da radiação solar no HULW fachada oeste 50. Figura 28: Simulação da ventilação natural de João Pessoa aplicada ao HULW 50. Figura 29: Enfermaria pediátrica HULW 61. Figura 30: ArboSkin 63. Figura 31: Início do código paramétrico (Rhino/Grasshopper) 63. Figura 32: Criação de painéis triangulares e extrusão (Rhino/Grasshopper) 63. Figura 33: Offset para criação de modelos abertos 65. Figura 34: Formação das peças abertas 65. Figura 35: Formação das peças abertas e marquise 68. Figura 36: Aplicação do código em outra superfície 68. Figura 37: Proposta fachada leste 68. Figura 38: Proposta Marquise 69. Figura 39: Dimensões das peças da fachada leste 69. Figura 40: Proposta fachada oeste 70. Figura 41: Dimensões das peças da fachada oeste 70. Figura 42: Detalhes de ligações das peças 71. Figura 43: Detalhes de fixação das peças nas fachadas 72. Figura 44: Cálculo de cargas da marquise 74. Figura 45: Análise de radiação solar após aplicação de elementos propostos 75. Figura 46: Carta de manchas solares para proposta de novos elementos de adequação climática


L I S TA D E TA B E L A S 21. Tabela 01: Trabalhos com temáticas de Design Paramétrico analisados para este trabalhos 23. Tabela 02: Parâmetros de análise da edificação 42. Tabela 03: Propriedades térmicas dos materiais 65. Tabela 04: Comparação propriedades concreto armado e PEAD 70. Tabela 05: Comparação de cargas em concreto armado e em PEAD nas fachadas da edificação

L I S TA D E S I G L A S CAD – Computer Aided Design BIM – Building Information Modeling HULW – Hospital Universitário Lauro Wanderley GEP – Grupo de Extensão e Pesquisa UFPB – Universidade Federal da Paraíba PEAD – Polietileno de Alta Densidade


SUMÁRIO

14. 18. 19. 20. 25. 26. 30. 51. 74. 76.

Introdução Justificativa Objetivos Metodologia Referencial Teórico Design Paramétrico Análise HULW Projeto da Fachada Considerações Finais Referências Bibliográficas



1. INTRODUÇÃO O método CAD (Computer Aided Design), surge no ano de 1950 com o intuito de auxiliar a criação, modificação, análise e otimização dos processos projetuais, o que acabou por diminuir o protagonismo dos métodos de projeto manuais, uma vez que traziam maior produtividade, qualidade, exatidão e legibilidade do desenho, além da possibilidade de criação de um banco de dados que integrasse os projetistas (NARAYAN, 2008). Com prazos cada vez menores para entrega de projetos, além da incessante busca por excelência e eficiência nas obras de construção civil, acaba-se por salientar a necessidade da adoção de novas tecnologias que apoiassem o processo de projeto. Ao passar dos anos, e as necessidades de melhorias representativas, contribuíram para o desenvolvimento do CAD 3D e programas de modelagem tridimensional, como o SketchUp (NUNES, 2018). Apesar das inovações, o método CAD mantém sua configuração e representação no desenho bidimensional, sendo basicamente um conjunto de formas geométricas, não dimensionais e sem informações atreladas. Nesse contexto surgem os modelos BIM (Building Information Modeling), que se baseiam no estabelecimento de um protótipo virtual com parâmetros exatos da edificação, como geometria, materiais e informações detalhadas que se tornam necessárias no processo de execução de uma obra (NUNES, 2018). Além de desenhos bem representados, a arquitetura contemporânea começa a acontecer não apenas por desenhos realizados sobre o papel, mas pela materialização de técnicas digitais que permitem a concepção de objetos com altos níveis de complexidade. Segundo Oxman (2016), a busca pe14

los processos de modulação repetitivos, herdados da Era mecânica da industrialização, reflete a busca por estabilidade, enquanto a produção contemporânea, que reflete um mundo dinâmico e em constante mudança propõe diversidade, descontinuidade, diferenciação e evolução desenvolvido a partir de recursos digitais que possibilitem esse Design Paramétrico, que se tornou um fenômeno comum no design contemporâneo. O design paramétrico é uma ferramenta projetual que necessita de definições explícitas de informações do projeto. Por meio de parâmetros (variável ou fator de quantidade) e dados é possível configurar um sistema que relacione as partes editáveis. Por exemplo, através desses parâmetros é possível informar o tamanho de um objeto, sua espessura, torção, ou outros elementos que serão variáveis editáveis pelo usuário, ao invés de modificar o objeto, será modificado o parâmetro (VELOSO et al., 2017) Esse tipo de Design tem sido grande auxiliar no processo de produção dessa arquitetura com novas formas circulares, não moduladas e informatizadas. Para Patrick Schumacher, arquiteto alemão e diretor do escritório britânico Zaha Hadid Architects, o Parametricismo, como ele denomina, é o grande novo estilo da arquitetura, ele atende às novas demandas de edificações mais elaboradas e complexas por meio do Design Paramétrico, em seu manifesto conta: A arquitetura vanguardista contemporânea está atendendo à demanda por um aumento do nível de complexidade por meio da reformulação dos métodos com base em sistemas de design paramétrico. O estilo de arquitetura contemporânea alcançou hegemonia generalizada dentro da vanguarda. Isso pode ser entendido como um projeto de pesquisa


baseado no design paramétrico. Nós propomos chamar esse estilo de: Parametricismo. Parametricismo é o grande novo estilo depois do modernismo, pós-modernismo e desconstrutivismo que foram episódios transitórios que deram início a essa nova e longa onda de pesquisa e inovação. (SCHUMACHER, 2008, p.1, tradução nossa)

Para um projeto paramétrico o que se leva em conta não é o fato de se criar uma forma diferenciada, mas gerar, a partir de parâmetros e regras, uma forma aleatória, complexa, e com fácil manipulação de seus valores (BUENO et al., 2016). Nos programas de CAD, os objetos se definem pelas propriedades de cada linha independente no plano cartesiano XY (Fig. 01).

Já com o Design Paramétrico são atribuídos parâmetros editáveis que estão relacionados e associados podendo ser editados gerando novas variações do modelo e criando novas formas (Fig. 03). A facilidade de modificação acaba tendo o mínimo de custo (de tempo e esforço) e gera modelos coerentes com o processo projetual e construtivo (SARIYILDIZ et al., 2015; DAUTRMONT et al., 2019). Figura 03: Modelagem Paramétrica através do Grasshopper e Rhinoceros

Figura 01: Plano Cartesiano XY e Plano CAD Fonte: Arch2o.com

Fonte: Qualificad.com.br

Nos programas BIM (Building Information Management), os objetos se conectam tanto no plano XY, como no plano tridimensional XYZ, com propriedades construtivas de cada objeto (Fig. 02). Figura 02: Modelo BIM

Fonte: Qualificad.com.br

Apesar do fato do Design Paramétrico trazer soluções para as formas de projetar, não exclui a utilização de outras metodologias projetuais e representações gráficas. A produção de arquitetura busca, e sempre buscou, progredir no que diz respeito a sua qualidade e eficiência para atender as necessidades humanas, essas evoluções são frutos das constantes mudanças e evoluções no meio da construção civil, e é saudável que existam movimentos que busquem progredir as habilidades de pensar e construir. O Modernismo, por exemplo, foi um movimento que resgatou a cultura construtiva popular brasileira, rompendo com o ecletismo, que se apropriava de técnicas, mão de obra e materiais europeus, independente da realidade brasileira. Mas evoluiu a qualidade das construções, levando em conta as condicionantes climáticas, materiais disponíveis e 15


identidade da cultura nacional (GUTIERREZ, 2004). Uma característica significativa do movimento Moderno no Brasil foi a presença de elementos de adequação climática, que se destacou o brise-soleil, criado por Le Corbusier por volta de 1920, e que foi adotado, inicialmente na construção do Ministério da Educação em Brasília, e logo desenvolvido e amplamente utilizado pela arquitetura moderna brasileira em resposta a necessidade de proteção à radiação solar excessiva. O brise-soleil, traduzido como “quebra-sol”, se popularizou com o nome apenas de brise, e funciona como um filtro que rodea a edificação permitindo a entrada de iluminação natural e ventilação, barrando a exposição direta ao sol. Entretanto, seu uso indiscriminado expõe o desconhecimento e falta de domínio das ferramentos de projeto corretas para cada orientação solar, terreno, entorno, tipologia e dimensionamento. A presença por si só do elemento não garante a proteção, mas seu uso correto, avaliando todas as condicionantes traz um efeito positivo na edificação (LEITE, 2003; GUTIERREZ, 2004). Na cidade de João Pessoa, na Paraíba, existem alguns exemplares da arquitetura moderna que se utilizaram do brise como elemento de proteção, e neste trabalho será avaliada a sua utilização no Hospital Universitário Lauro Wanderley – HULW. O HULW é o hospital-escola da Universidade Federal da Paraíba, vinculado ao Ministério da Educação (MEC). Foi inaugurado em 12 de fevereiro de 1980 e é um conjunto arquitetônico moderno com cerca de 53.000m², situado no Campus Universitário I, bairro Castelo Branco no município de João Pessoa - Paraíba. Ele representa uma estrutura de saúde referência para o estado, atendendo todos os municípios da 16

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Paraíba, sendo modelo pelos serviços prestados à atenção ambulatorial especializada¹. Considerando a edificação do período moderno, o alto uso dos brises em suas fachadas e a importância deste hospital para a comunidade, este trabalho tem o objetivo principal a aplicação de um novo modelo de fachada para o HULW. Como modelo projetual serão utilizados métodos de Design Paramétrico para idealização dos novos elementos, visando otimização bioclimática.

Disponível em: <http://www2.ebserh.gov.br/web/hulw-ufpb/nossa-historia#back-top>. Acesso em: 25/11/2019.


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1 . 1 J U S T I F I C AT I VA 18

Um arquiteto deve ter repertório e ser capaz de criar obras que possam se adaptar a qualquer ambiente, ou qualquer terreno, mesmo que estes sofram alterações ao longo do percurso, tanto durante o projeto quanto após a construção, além disso, a utilização da parametrização se torna extremamente eficaz diminuindo os retrabalhos constantes (CELANI, 2008 apud PAZINI, 2018, p. 23). O CAD auxilia de maneira grandiosa no processo de projeto, se compararmos com o desenho à mão, porém acaba por se tornar uma ferramenta que torna o projetista “refém”, não contribuindo para o processo criativo, seja por falta de conhecimento para utilizá-lo em seu máximo potencial, ou por ter processos muito laboriosos para tornar possível novas formas (PAZINI, 2018). Profissionais da área da construção não podem se limitar na criação de formas e objetos por determinados softwares não serem capazes de auxiliá-los na sua necessidade profissional. Já com a ferramenta BIM, o processo braçal de desenhos se torna significativamente menor. Nunes (2018), após seus testes com a produção de um projeto de edificação, mostrou que a economia de tempo em horas com o software Revit (BIM) sobre o AutoCAD (CAD) foi de cerca de 41% para o projeto arquitetônico, e entre 10 a 20% em todo o processo. O BIM permite a representação eficaz das etapas de uma edificação desde o estudo preliminar à sua demolição. Os softwares são associados à interoperabilidade² e compartilhamento de informação entre os envolvidos no processo (NUNES, 2018 apud LEÃO, 2013). Vasconselos et al. (2014), através de sua pesquisa com graduandos no curso de Arquitetura e Urbanismo, comprovou maior eficiência na qualidade da compreensão dos estudantes em relação a resolução de problemas de representação de projetos por meio da utilização da modelagem paramétrica ao invés de modelos tridimensionais tradicionais, como SketchUp. O Design Paramétrico pode ser utilizado como ferramenta em diversos tipos de soluções projetuais, desde criação de produtos, até em escalas urbanas, além das possibilidades de análises de qualidade das edificações e possíveis propostas. Tomando por exemplo o HULW, que é uma edificação relevante, não apenas pelo uso do brise-soleil, marcante no período moderno brasileiro, mas também por ser um dos hospitais de maior importância da rede pública do estado da Paraíba, atendendo milhares de pacientes anualmente. É de interesse da comunidade, que esta edificação ofereça condições de uso adequadas e confortáveis para os usuários. O brise existente atua como um elemento de proteção solar que cobre toda a extensão das principais fachadas, leste e oeste. Para o estudo, a introdução da modelagem paramétrica será vital, pois permitirá a análise desses elementos construtivos existentes, além de criação de diferentes possibilidades para que seja adotada a melhor solução arquitetônica. Com os softwares Rhinoceros-Grasshopper serão avaliados os fenômenos relacionados com a iluminação natural, ventilação natural e eficiência bioclimática presentes no hospital. (FELIPPE et al., 2015). 2 Ação de interoperar, de trabalhar em conjunto. Capacidade de trabalhar em conjunto que possibilita a interação entre pessoas, sistemas de operação ou organizações, buscando uma troca de informações mais eficiente e produtiva. Capacidade de um sistema informático de interagir ou de se comunicar com outro. (Dicionário online de português, 2019).


OBJETIVO GERAL

OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Compreender sobre a ferramenta do Design Paramétrico aplicada ao processo projetual dos arquitetos. • Analisar o projeto e descobrir as necessidades que o HULW possui em relação a proteção solar. • Utilizar softwares que permitam o desenho paramétrico para uma análise em tempo real da eficiência das proteções solares para a edificação.

1.2 OBJETIVOS

Elaborar a proposta de uma nova fachada para o Hospital Universitário Lauro Wanderley - HULW na cidade de João Pessoa, utilizando-se de ferramentas de Design Paramétrico para compreender a eficiência bioclimática.

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1 . 3 M E TO D O LO G I A 20

A seguir serão apresentados os meios metodológicos que foram utilizados para a elaboração e desenvolvimento dos dados e pesquisas deste trabalho. Trata-se de um estudo de caso do conforto bioclimático das dependências do HULW, para que seja realizada uma intervenção nas fachadas desta edificação a fim de aprimorar o conforto para os usuários.


a) PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL • Pesquisa bibliográfica: Para iniciar este trabalho, foi realizada uma pesquisa de trabalhos científicos no Google Acadêmico, publicados do ano 2008 a 2019, com focos nos temas “design paramétrico”, “arquitetura paramétrica”, “fabricação digital”, “design digital”, “modelagem paramétrica”, “conforto ambiental” e “conforto térmico” (Tab. 01). É indispensável adotar um embasamento teórico acerca do Design paramétrico e uma breve contextualização de sua aplicação na arquitetura atual. Os principais trabalhos utilizados irão englobar as temáticas do Design paramétrico sendo utilizado na análise bioclimática de edificações, no processo e auxílio de projetos para a arquitetura contemporânea.

TABELA 01: Trabalhos com temáticas de Design Paramétrico analisados para este trabalho AUTOR

PUBLICAÇÃO

Publicação em FELIPPE et al., Congresso Internacional 2015

PAZINI, 2018

Dissertação de Mestrado

OXMAN, 2006

Artigo científico

ASSUNTO Modelagem Paramétrica para simulação de desempenho de iluminação natural e conforto termo energético. Mensuração do fenômeno da arquitetura paramétrica no processo de projeto contemporâneo. Transformação do Design na era digital.

Fonte: Do autor, 2019.

• Pesquisa documental: Para a pesquisa de dados documentais referentes ao HULW foi, inicialmente, solicitada, junto ao Grupo de Extensão e Pesquisa (GEP) a anuência para que a pesquisa seja realizada nas dependências do hospital. Em seguida, foram solicitadas, ao setor de infraestrutura do hospital, as plantas e modelos projetuais existentes da edificação para análise de dados.

b) PESQUISA DE CAMPO

c) INSTRUMENTOS UTILIZADOS

A pesquisa em campo foi fundamental para compreender qual a real necessidade que a edificação possui em relação ao conforto bioclimático. Com os dados e a permissão, foi realizada uma visita no mês de dezembro de 2019 para coletar dados in loco. Foram feitos registros fotográficos e conferência de medidas de quartos de enfermaria que toquem diretamente a fachada, e que sejam atingidos por mancha solar em seu interior.

Foram utilizadas câmeras para registros fotográficos do ambiente, trenas à laser e manuais para medição e levantamento dos tamanhos e áreas dos ambientes. Essas etapas visam à construção de uma análise real, com um diagnóstico fiel, e proposta fidedigna às necessidades dos ambientes visando melhor conforto dos usuários.

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d) SISTEMATIZAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS Os dados da edificação foram analisados seguindo as prerrogativas das metodologias de Geoffrey H. Baker, do livro “Le Corbusier: Uma análise da forma” (1998), de Simon Unwin, do livro “A análise da arquitetura” (1997) e de Francis Ching, do livro “Arquitetura: Forma, Espaço e Ordem” (2013). Na tabela 02 serão descritos os parâmetros que serão analisados, o autor da metodologia e a definição. As análises destes pontos em relação a edificação estudada se encontram no Capítulo 2. Cada parâmetro será identificado através dos desenhos de plantas, fachadas, cortes ou perspectivas e analisados em como se aplicam ou influenciam na edificação.


AUTOR

DEFINIÇÃO

Localização

Baker

O autor defende o termo Genius Loci que trata a localização da obra e como ela se vincula à cultura e ambiente, aumentando a sensação de pertencimento da pessoa ao lugar.

Ching

Na arquitetura, a forma é o ponto de contato entre a massa e o espaço. As formas, texturas, cores, materiais contribuem para determinar a qualidade do espaço.

Unwin

Caracteriza-se por níveis de pavimentos que possuem hierarquização, sejam de uso ou de fluxos, além da sensação de diferentes experiências ou diferentes zonas na concepção e distribuição dos espaços.

Unwin

Relaciona a qualidade das soluções determinadas para a concepção dos espaços com a concepção da estrutura. A divisão interna dos espaços deve seguir a lógica estrutural e ser confortável, isso determina uma solução boa.

Volumetria

Estratificação Espaço e estrutura

Aberturas

São componentes básicos da arquitetura, elementos pelos quais Unwin, é possível ser uma barreira de um lugar a outro, como pode ser uma ligaClark e Pause ção visual ou físico com o exterior. As aberturas nas fachadas permitem a entrada de luz natural direta em qualquer pavimento de um edifício.

Unwin

O autor analisa as Tecnologias como um dos itens de fundamentação do modelo de análise do projetos e obras de arquitetura. Entre essas tecnologias presentes em uma edificação estão os elementos de proteção contra o clima e as estratégias para o conforto ambiental.

Fachadas

Ching

Em sua análise ele delimita os espaços da solução arquitetônica, identificando as características das superfícies, arestas e aberturas do projeto. As fachadas são muito bem definidas e serão analisadas levando em conta que o foco principal deste trabalho é a intervenção delas.

Geometria ideal

Unwin

Elementos de Adequação climática

É um símbolo do humanismo, a determinação do homem para criar a forma perfeita. Desde as formas geométricas da natureza, o corpo humano, as proporções, são todos organizados em razões geométricas. A arquitetura deve seguir o mesmo, para criar as figuras, formas, proporções e simetrias perfeitas.

Geometria Real

Unwin

As pessoas possuem a necessidade de reconhecer um lugar como sendo um lugar, caso contrário, esse lugar não existirá, ou seja, a edificação deverá ser propícia a que o indivíduo tenha concordância entre o espaço e a experiência arquitetônica. Se uma pessoa vai ao shopping, ele reconhece o lugar como o shopping, e a forma de distribuição leva a passear pelo local e reconhecer os ambientes. A geometria do local o leva a reconhecer os ambientes.

Paredes Paralelas

Unwin

São paredes distribuídas paralelamente que, em conjunto, são capazes de determinar espaços, atribuindo aspecto de direcionamento no fluxo de pessoas e definição de foco em pontos determinados da edificação.

Materiais

Baker

Os materiais utilizados em uma obra arquitetônica são influenciados não só pela disponibilidade, mas também pela cultura local e pelo tempo.

Ching

O autor considera o contexto no qual uma edificação está inserida. Neste tópico, analisamos o clima (sol, vento, temperatura, precipitação), tendo em vista que este trabalho se trata de uma intervenção que favoreça o conforto ambiental, então o fator clima é de extrema importância e deve ser bem compreendido.

Clima

Tabela 02: Parâmetros de análise da definição Fonte: Do autor, 2020.

PARÂMETRO

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e) CONSTRUÇÃO DE CÓDIGO PARAMÉTRICO Após a análise da edficação e verificação das suas necessidades, foi criado um projeto paramétrico através dos softwares Rhinoceros e Grasshopper para criação da proposta de uma nova fachada para o HULW. A seguir foi explanado o detalhamento do projeto, em relação ao tamanho das novas peças e como seriam fixadas na fachada.

f) ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DA PROPOSTA A fim de constatar a eficiência dos novos elementos propostos na fachada do HULW, foi realizada uma análise de radiação solar por meio do software paramétrico Ladybug e através de cartas solares, além de uma previsão de carga estrutural com as novas peças.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO


2.1 D ESI GN PARAM ÉTRI CO 26

Na década de 1990, se popularizou o uso de meios digitais, tornando, gradativamente, possível a informatização de processos, principalmente, projetuais nos escritórios de arquitetura, urbanismo, design e engenharia (VOLTOLINI, 2016). Com a implementação desses sistemas, veio a liberdade do rigor e precisão exigidos aos desenhistas. A maneira de projetar mudou não só por conta da exatidão e facilidade do traço e da rapidez para apagar linhas, mas também pela possibilidade de mover partes do desenho sem precisar apagá-los, tornando assim, o processo mais rápido, diminuindo o redesenho de pranchas inteiras (POLONINI, 2014). Pela crescente informatização dos escritórios de arquitetura, as pranchetas e instrumentos de desenho foram, gradualmente, sendo substituídos por ferramentas computacionais, como editores de desenho e modeladores eletrônicos (RÊGO, 2008). Com os aplicativos sempre sendo atualizados e evoluídos, trazendo interfaces cada vez mais intuitivas, profissionais e acadêmicos da arquitetura começaram a introduzir o modelo tridimensional no processo projetual, como mais um meio de representação, ainda na década de 1990 (DELATORRE, 2014). A prática mais usual de representação de projeto ainda é via desenho bidimensional - 2D, prevalecendo o método CAD, mesmo sendo uma representação limitada, que considera, basicamente, formas geométricas sem especificação de cor, volume, custo, propriedades físicas, ou mesmo desempenho (NUNES, 2018). Ao passo que as tecnologias evoluíram, a exigência pela excelência em projetos

mais complexos e eficientes, em prazos cada vez menores também se tornou uma realidade, evidenciando a necessidade da adoção de métodos projetuais que suprissem essa carência na indústria da construção civil (NUNES, 2018). O aperfeiçoamento dos comandos 3D do AutoCAD, da AutoDesk, começou a gerar novos softwares, como o AutoDesk Architectural, o ArchiCAD, da Húngara Graphisoft, e no Brasil, o Archi3D, comercializado pela Grapho. Tornando mais acessível e ágil tarefas que demandavam muito tempo ou eram de difícil execução, além de permitir a interação mais fácil entre os arquitetos, engenheiros e designers (VOLTOLINI, 2016). Com esse avanço tecnológico, e através desses novos softwares, começou a ser instaurada a metodologia BIM (Building Information Modelling), que está associada a interoperabilidade e ao compartilhamento das informações, não apenas do projeto a ser executado, mas também do ciclo de vida da edificação (NUNES, 2018 apud LEÃO, 2019). As plataformas BIM possuem uma filosofia de trabalho que integra os profissionais desde o projeto arquitetônico, até o estrutural e os projetos complementares, baseando a produção de um protótipo virtual da edificação, com informações suficientes para o acompanhamento da construção, a fabricação e a aquisição do material necessário (MENEZES, 2011; EASTMAN et al., 2008). O que difere, radicalmente, um software BIM de um modelador tridimensional tradicional é a capacidade de gerar objetos paramétricos, editáveis, interconectados e integrados que podem ser alterados automaticamente. Com o aprimoramento da parametrização dos programas gráficos é possível alterar seus componentes já modelados e obter atualizações instantâneas


que repercutem em todo o desenho (ROSSO, 2011; FLORIO, 2007). Por exemplo: à uma parede, pode-se atribuir a informação de suas dimensões, composições, tipo de revestimento, fabricantes dos materiais, e mesmo os custos, e se à esse tipo de parede for modificado um elemento, essa modificação será aplicada à todas as paredes, em todos os pavimentos do desenho, em todas as representações, até as tabelas de custos e legendas (FARIA, 2007; HERNANDEZ, 2006). Tanto o BIM quanto o Design Paramétrico possuem o objetivo de integrar vários dados do projeto arquitetônico. No BIM, a integração de dados envolve a adição de informações no modelo geométrico, enquanto que a modelagem paramétrica, integra os dados, ou parâmetros diretamente em um processo de geração da forma e pode ser referido como um projeto computacional, além de arquitetônico (DAUTREMONT, 2019). a) PARAMÉTRICO – AS DEFINIÇÕES Durante a década de 2010, os novos aspectos formais arquitetônicos idealizados por grandes nomes da arquitetura como Norman Foster, Jürgen Mayer e Zaha Hadid fizeram com que as ferramentas computacionais fossem aperfeiçoadas e adaptadas às novas práticas projetivas, fazendo emergir o Design Paramétrico e a Modelagem Algorítmica (LEACH, 2014). Entretanto, esses novos termos entram em colapso com outros temas, como o Parametricismo, novo estilo arquitetônico esboçado por Patrick Schumacher (SCHUMACHER, 2009) e mesmo o BIM, que apesar de possuir propriedades paramétricas, está liga-

ligado ao gerenciamento colaborativo e a modelos inteligentes (VOLTOLINI, 2018). Neil Leach, atualmente professor visitante de Harvard Graduated School of Design (GSD), define em seu trabalho ‘Parametrics Explained’ termos utilizados para definir essa nova forma de fazer arquitetura: • Design Paramétrico: O termo “paramétrico”, literalmente, significa trabalhar dentro de parâmetros definidos. No campo do desenho contemporâneo, refere-se à utilização de programas que permitem desenhos curvilíneos controlados por meio de parâmetros que permitem a modelagem paramétrica. • Design Algorítmico: “Algoritmo” é uma instrução dada com o intuito de resolver um problema. No campo do design digital, se refere ao uso de linguagens em scripts, manipulando diretamente o código, não a forma. É comum que os termos ‘paramétrico’ e ‘algorítmica’ se confundam, já que as duas técnicas podem acabar produzindo formas semelhantes e há pouca compreensão real do que os dois termos significam fora do meio da programação (LEACH, 2014). O termo ‘paramétrico’ ou ‘desenho paramétrico’ se tornou um caminho curto para definir formas de design que possuem expressões estéticas curvilíneas, embora provenientes de uma técnica de processo digital, tornou-se uma expressão conveniente para essa nova expressão estética ou estilo de arquitetura (LEACH, 2014). O autor define claramente: “Técnicas algorítmicas são baseadas no uso de código. Técnicas paramétricas são baseadas na manipulação da forma. Elas são, portanto, técnicas bastante distintas”. Por outro lado, é significativo pontuar que as duas técnicas precisam caminhar unidas, tendo em vista que com a utilização de técnicas

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2.1 D ESI GN PARAM ÉTRI CO

algorítmicas para gerar a forma que são utilizadas técnicas paramétricas para manipulá-la. Na Figura 04, podemos visualizar a prática desses dois termos. Ao lado direito, temos um código escrito a partir de algoritmos – técnica algorítmica -, e ao lado esquerdo, uma forma paramétrica, gerada a partir dos códigos, que pode ser manipulada – técnica paramétrica -. Figura 04: Técnica algorítmica versus técnica paramétrica

Fonte: Grasshopper3D

• Parametricismo: Patrick Schumacher (2009), sócio do escritório Zaha Hadid Architects, declara o ‘Parametricismo’ como um novo estilo de arquitetura global e de desenho urbano. LEACH defende esse estilo, como o efeito estético que uma obra possui, e não limita o termo ‘Parametricism’ para obras que foram projetadas com softwares paramétricos genuínos, mas para aquelas que possuem a aparência do efeito paramétrico com formas curvilíneas, mesmo que projetadas de maneiras tradicionais. Assim como na arquitetura modernista a técnica do concreto armado influenciou na expressão das novas formas plásticas que esse material proporcionava, as técnicas de modelagem algorítmica encorajam e convi-

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dam os arquitetos à criação formas arquitetônicas e a esse novo estilo defendido por Schumacher (SOUZA et al., 2015; SCHUMACHER, 2009). b) APLICAÇÕES DO DESIGN PARAMÉTRICO • Formas complexas Em busca de formas não convencionais e curvilíneas, os arquitetos partiram para utilização de outras soluções encontradas na indústria automobilística e aeronáutica. Um dos primeiros exemplares das novas aplicações de modelagem tridimensional com auxílio dessas técnicas computacionais adaptadas para um projeto de arquitetura foi um pavilhão em formato de peixe (Fig. 06), feito por Frank Gehry, elaborado com o software CATIA (desenvolvido pela empresa Dessault Systemès), desenvolvido para as Olímpiadas de Barcelona em 1992 (VOLTOLINI, 2016). Figura 05: Pavilhão Olímpico, em Barcelona, por Frank Ghery

Fonte: Grasshopper3D

Nos projetos arquitetônicos, a concepção das formas tornou-se mais ousada, e os profissionais começaram a fazer usos de padrões cada vez mais complexos, e mais dependentes do uso de ferramentas computacionais capacitadas (Fig. 06).


Figura 06: Sunrise Tower, por Zaha Hadid

possibilitando a geração de múltiplas alternativas projetuais (Fig. 07). O computador, nesse processo, deixa de ser um agente de auxílio e passa a trabalhar na concepção do projeto (HENRIQUES, 2016 apud PAZINI, 2018; SEDREZ e MARINO, 2018). Figura 07: Diagrama do sistema generativo de projeto com múltiplas soluções

Fonte: 44 Arquitetura

• Parâmetros O Design paramétrico vai muito além de formas extravagantes e com design futurista. Mas utilizar técnicas algorítmicas para auxiliar o processo projetual também é um dos diferenciais na utilização da ferramenta. “Normalmente, durante o processo de criação e desenvolvimento de um projeto de arquitetura, características específicas de partes desenhadas são revisadas e modificadas muitas vezes. Para responder a este problema foi desenvolvida uma estrutura, embutida em programas gráficos computacionais, baseada em parâmetros e hierarquia: as variações paramétricas (FLORIO, 2011).”

Fonte: Sedrez e Marino, 2018.

Ademais, é possível também, utilizar o Design Algorítmico para análises de edificações utilizando plug-ins que façam, por exemplo análises ambientais e energéticas, como o Ladybug ou Honeybee ou para análises de desempenho com o Galapagos.

Utilizar essas variações para controlar, por exemplo, locação de pilares, análise estrutural, controle de aberturas ou controle de recuos são atividades que as ferramentas de Design Paramétrico auxiliam com excelência através de seus plug-ins. Além disso, a metodologia conta com modelos de sistema generativo que servem como um gerador de soluções através dos softwares paramétricos. Ele permite a inserção de determinados parâmetros

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estava realizando estudos e aperfeiçoando os conceitos de proteção solar. Era necessário não prejudicar a visibilidade do exterior, nem a iluminação natural, com isso veio o uso do brise-soleil, que até aquele momento não tinha sido utilizado em larga escala (MARAGNO, 2000; LEITE 2003). O brise-soleil é uma releitura da persiana, desenvolvido em uma escala maior, já que as lâminas são aumentadas e a aplicação estendida às aberturas. Sua função primordial é impedir a incidência direta da radiação solar nas superfícies da edificação, bem como as manchas solares no interior (LEITE, 2003; GUTIERREZ, 2004). A divulgação internacional do uso do brise-soleil aconteceu em Nova York, na exposição Brazil Builds, em 1943. Nesta exposição foi apresentado o uso do elemento e sua contribuição na composição da arquitetura brasileira, sendo reconhecido no repertório internacional da arqutietura moderna do país, assim como o pilotis (MARAGNO, 2000). As novas edificações do período começaram a aplicar esses novos conhecimentos em larga escala. Na cidade de João Pessoa, os referenciais modernos foram amplamente utilizados, como no caso do Terminal Rodoviário, o Mercado Público Municipal, residências privadas, edificações dentro da Universidade Federal da Paraíba, além do Hospital Universitário, objeto de estudo deste trabalho (PEREIRA, 2008). A seguir, será realizado um estudo da edificação do Hospital Universitário Lauro Wanderley – HULW, a fim de compreender seu funcionamento, e qualidade de construção, além de uma análise em tempo real, através do Design Paramétrico acerca das questões climáticas.

2 . 2 E L E M E N TO S D E P R OT E Ç Ã O S O L A R

A colonização brasileira marcou a arquitetura do país, porém, mesmo buscando semelhança com as construções européias da época acabou com traços particulares, visto que um novo elemento se tornara bastante importante, o fator clima. Os projetistas agora precisavam se preocupar com o calor excessivo do verão, e do ano inteiro em algumas localidades, além da grande luminosidade, proveniente da insolação intensa. Os principais dispositivos utilizados no período foram os muxarabis, associados aos balcões e sacadas, além das varandas, que costumavam circundar toda a edificação, no caso das casas de campo. Isso gerava sombreamento, fazendo com que os ambientes internos praticamente não recebessem incidência solar direta, e no caso da cidade, esses elementos funcionavam como beiral, tendo a mesma função (LEITE, 2003). Somente no século XIX, com a disponibilidade de recursos econômicos, gerados pela produção da cana e do café, e com a disponibildiade de mão de obra qualificada, dos imigrantes, é que o Brasil começa a embarcar em um novo panomara construtivo, não somente com a importação de novos materias, mas também novas técnicas, substituindo as casas de taipa, por edifícios de tijolo, ferro e vidro. No entanto, o estilo eclético do período, vinha ainda carregado de referências provenientes da Europa, e que não se adequavam as características locais e cultura nacional. O ecletismo, visto pelos modernistas como uma arquitetura fútil, elitista e decorativa foi promovido pela riqueza proporcionada pela agricultura (GUTIERREZ, 2004). Somente em 1936, com a visita do arquiteto Le Corbusier, a arquitetura brasileira começa a ganhar individualidade, com o uso de um novo elemento. Nesse período, ele já

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3. ANÁLISE DA EDIFICAÇÃO


Dedica-se este capítulo para a análise da edificação do Hospital Universitário de João Pessoa – HULW, serão abordados os seguintes temas: Localização, Volumetria, Estratificação e Zoneamento, Lógica Estrutural, Aberturas, Elementos de adequação climática, Fachadas, Geometria ideal, Geometria Real, Paredes paralelas, materiais e clima.

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3 . 1 LO C A L I Z A Ç Ã O O HULW está localizado na cidade de João Pessoa, capital do estado da Paraíba-Brasil, conforme Figura 09. BRASIL

PARAÍBA

JOÃO PESSOA

Figura 08: Mapa de localização Brasil – Paraíba – João Pessoa – Bairro Castelo Branco Fonte: do autor, 2020.

A edificação está locada no interior da Universidade Federal da Paraíba – UFPB que se encontra no Castelo Branco, um bairro majoritariamente residencial que concentra grande parte dos estudantes da referida universidade, que não só eles, como também a comunidade é atendida por esse hospital (Fig. 09).

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Figura 09: Localização do HULW no bairro Castelo Branco Fonte: do autor, 2020.


3.2 VOLUMETRIA Figura 10: Volumetria HULW com anexos Fonte: do autor, 2020.

O hospital possui uma volumetria racional e simétrica (Fig. 11), que compreende uma distribuição vertical com 7 andares mais térreo e, um anexo predominantemente térreo com ambulatórios e consultórios com 2 pavimentos verticais de apoio a estes.

Figura 11: Volumetria HULW sem anexos Fonte: do autor, 2020.

Para este trabalho será analisado a fundo apenas a unidade principal vertical (Fig. 11), desconsiderando a unidade de anexo, tendo em vista que a intervenção se dará exclusivamente nas fachadas principais.

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3 . 3 E S T R AT I F I C A Ç Ã O

Figura 12: Estratificação e zoneamento HULW Fonte: do autor, 2020.

A edificação possui 8 níveis de estratificação, distribuindo e zoneando as atividades do hospital por cada nível, conforme Figura 13. O térreo é destinado a toda parte de administração do hospital, bem como a recepção de pacientes, visitantes e parte dos funcionários, seguido por pavimentos que são destinados a atendimento dos pacientes. O 8º pavimento é destinado à coberta da edificação e à área técnica que comporta a manutenção de elevadores e reservatório de água.

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3 . 4 LÓ G I C A E S T R U T U R A L

Figura 13: Lógica estrutural do HULW Fonte: do autor, 2020.

O HULW possui uma lógica estrutural simples com pilares verticais e vigas horizontais seguindo: no térreo uma modulação de 5,00 x 11,0m suportando uma viga de 1,35m de altura, que se estende ao longo dos 151 metros da edificação. A partir do primeiro pavimento até o sétimo, segue-se uma modulação de pilares com 1,05m de distância, nas fachadas principais (leste e oeste) da edificação. As vigas também seguem a modulação de 1,05m fazendo o travamento de toda a estrutura, bem como a estrutura das lajes de cada pavimento (Fig. 14).

VISTA LATERAL 37


3.5 ABERTURAS As aberturas da edificação são dadas por janelas de madeira que seguem a mesma modulação de 1,05m das estruturas, sendo intercaladas conforme a necessidade de abertura do recinto interior. No térreo as aberturas são feitas por esquadrias de pvc e fechamentos de vidro para as salas de administração, nos banheiros e depósitos são usadas esquadrias altas com os mesmos materiais (Fig. 15). Para as circulações verticais nos extremos da edificação, são usadas esquadrias completas que trazem iluminação para o interior durante o dia, estas compreendem todo o corpo das escadas, sendo interrompidas apenas pelas vigas.

Figura 14: Aberturas fachada leste HULW Fonte: do autor, 2020.

Na fachada oeste há o volume de circulação vertical da edificação, que possui aberturas de janelas altas, com esquadrias de alumínio e fechamentos de vidro que trazem iluminação e ventilação para os corredores que dão acesso as escadas e aos elevadores (Fig. 16).

Figura 15: Aberturas fachada oeste HULW Fonte: do autor, 2020.

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Figura 16: Cartas de manchas solares leste e oeste Fonte: do autor, 2020.

CARTA DE MANCHA SOLAR OESTE

A edificação possui em suas duas fachadas principais brises verticais rotacionados em 45º do eixo principal da fachada, feitos em concreto armado e se sustentam em cada pavimento a partir de uma laje horizontal de 45cm de profundidade sustentada por todos os pilares com modulação 1,05m. Levando em consideração a carta solar e a rotação dos brises, estes não impedem as manchas solares no interior da edificação, visto que a proteção na fachada leste é ineficiente durante os meses mais quentes, de dezembro a março, e durante toda manhã há entrada de sol na edificação. Já na fachada oeste, os brises protegem durante um curto período de tempo no início da tarde, e durante todo o ano, após as 13:00 horas há entrada de luz solar direta no hospital (Fig. 17).

CARTA DE MANCHA SOLAR LESTE

3 . 6 E L E M E N TO S D E A D E Q U A Ç Ã O C L I M ÁT I C A

FACHADA LESTE EM PERSPECTIVA

FACHADA OESTE EM PERSPECTIVA

Figura 17: Fachadas em Perspectiva Fonte: do autor, 2020.

Acerca das quantidades, em cada pavimento existem 298 brises verticais fachada leste, somando no total 2.086 elementos. Enquanto a fachada oeste também possui os mesmos brises verticais, sendo 254 elementos por andar, somando 1.778 nesta fachada (Fig. 18).

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3 . 7 FA C H A D A S As fachadas do HULW são organizadas simetricamente, trazendo proporção na composição das fachadas e das plantas. Elas são compostas por um único bloco rígido com aberturas modulares e entradas de luz intercaladas. A estrutura é aparente feita de concreto armado, e as vedações de alvenaria com reboco e argamassa simples (Fig. 19). FACHADA LESTE

FACHADA OESTE

FACHADA NORTE

FACHADA SUL

Figura 18: Fachadas HULW Fonte: do autor, 2020.

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3.8 GEOMETRIA IDEAL A edificação do HULW se apropria de elementos simétricos tanto para compor a sua volumetria quanto para compor sua planta, formando um longo corredor no seu eixo longitudinal para circulação e distribuição de recintos, e seu eixo transversal faz a distribuição dos usuários da circulação vertical para a circulação horizontal (Fig. 20). Tomou-se por base a planta baixa do 3º pavimento para análise dos pontos 3.8, 3.9 e 3.10, levando em consideração que todos os pavimentos seguem a mesma lógica espacial.

Figura 19: Eixos de simetria genéricos da planta do HULW Fonte: do autor, 2020.

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Seguindo a simetria da planta e respeitando o eixo do corredor principal, as enfermarias e salas que fazem algum tipo de atendimento estão localizados diretamente nas fachadas leste e oeste da edificação. Nas extremidades da edificação existem escadas de emergência, e a circulação principal se dá no eixo transversal, seguindo a simetria ideal referida no item 3.8 (Fig. 21).

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Figura 20: Distribuição genérica dos pavimentos do HULW Fonte: do autor, 2020.

3.9 GEOMETRIA REAL


3 . 1 0 PA R E D E S PA R A L E L A S Assim como os eixos determinam as circulações nos espaços internos, as paredes seguem a mesma simetria. Apresentam-se 2 grupos de paredes paralelas (Fig. 22), que seguem os eixos de simetria da edificação, longitudinalmente e transversalmente.

Figura 21: Paredes paralelas HULW Fonte: do autor, 2020. 43


3 . 1 1 M AT E R I A I S

Figura 22: Paredes paralelas HULW Fonte: do autor, 2020.

Tanto pela cultura, quanto pela disponibilidade de materiais e mão de obra, o HULW possui materiais simples: concreto armado e alvenaria, seguindo a extensa maioria das construções realizadas na cidade. Além do ano da construção da edificação (1980), que a arquitetura nacional estava passando por um momento de transição e possuía referências da Arquitetura Moderna e Brutalista. Os materiais utilizados na área externa garantem que haja pouca manutenção, sendo toda a estrutura aparente em concreto armado e alvenarias de vedação com reboco e argamassas simples (Fig. 23). As janelas são de madeira do tipo venezianas, exceto pelas do térreo que são de alumínio e vidro.

CONCRETO ARMADO ALVENARIA DE VEDAÇÃO ESQUADRIA EM MADEIRA

ESQUADRIA EM VIDRO E ALUMÍNIO Considerando as propriedades térmicas dos materiais utilizados (vide Tabela 03) pode-se concluir que o concreto aparente conduz mais calor para dentro do ambiente que o reboco, que absorve menos radiação. Considerando que todos os brises são feitos de concreto, gera-se uma espécie de bolha de calor entre a janela e o brise, trazendo desconforto, já que esse material absorve o calor.

Tabela 03:Propriedades térmicas dos materiais MATERIAL

DENSIDADE DE MASSA APARENTE (kg/m³)

CONDUTIVIDADE TÉRMICA (W/(m.K))

CALOR ESPECÍFICO (kJ/(kg.K))

EMISSIVIDADE

ABSORTIVIDADE

Concreto aparente

2200-240

1,75

1,00

0,85/0,95

0,65/0,80

Argamassa comum

1800-2100

1,15

1,00

-

-

Reboco claro

-

-

-

0,85/0,95

0,30/0,50

Fonte: Do autor, baseado em: Projeto de Norma da ABNT 02: 135.07-002 (1998). 2020.

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Os materiais utilizados no piso do interior é cerâmica branca, com rodapé do mesmo material. As paredes são predominantes emassadas e pintadas, exceto por salas que servem de apoio para a equipe médica na manipulação de substâncias, que seguem a mesma paginação do piso, com revestimento cerâmico branco (Fig. 24).

PAREDES EMASSADAS E PINTADAS PORTAS EM COMPENSADO

Figura 23: Paredes paralelas HULW Fonte: do autor, 2020.

PISO EM CERÂMICA

PAREDES COM REVESTIMENTOS CERÂMICOS PORTAS EM COMPENSADO

PISO EM CERÂMICA

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3.12 CLIMA

Para analisar os fatores climáticos relativos ao HULW foi utilizado o Design Generativo através dos softwares Rhinoceros e seu plugin paramétrico Grasshopper. Através do plugin Ladybug, que tem como função a análise climática de cidades, objetos ou edificações (Fig. 25).

Figura 24: Análises climáticas a partir do Rhinoceros e Grasshopper.

Fonte: Do autor, 2020.

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3 . 1 2 . 1 T E M P E R AT U R A João Pessoa é uma cidade litorânea localizada próxima a linha do Equador, e segundo a classificação bioclimática W. Koppen (1884), encontra na faixa climática As’, descrita como Clima Quente e Úmido e bioclima 3dth – Mediterrâneo ou Nordestino Sub-seco (SOUZA, 2010). A temperatura média anual da cidade é de 25ºC, tendo seus picos durante os meses de novembro a fevereiro, a umidade relativa do ar gira em torno de 80%. A estação seca dura de 1 a 3 meses no verão, e as variações pluviométricas estão entre 1500 a 1700mm (SOUZA, 2010). A figura 26 mostra a temperatura do ar seco (temperatura medida por um termômetro exposto livremente no ar) em graus Celsius em todos os meses do ano na cidade. O que afirma o clima quente úmido, sem grandes variações climáticas entre as estações, sendo a temperatura entre 19 e 31 graus.

Figura 25: Temperatura anual da cidade de João Pessoa Fonte: do autor, 2020.

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3.12.2 RADIAÇÃO SOLAR Assim como a temperatura, a radiação solar que incide sobre a edificação é constante durante todo o ano e considerando que não existem edificações altas no entorno, o HULW acaba recebendo diretamente toda a energia. Na Figura 27 vê-se que toda a fachada leste da edificação recebe de maneira uniforme a radiação solar, que em uma média é de 700kWh/ m²(kilowatt hora por metro quadrado)³, considerando todo o ano, e a coberta que possui uma radiação direta, sem qualquer tipo de proteção ou vegetação recebe mais de 1600kWh/m².

Figura 26: Análise da radiação solar no HULW fachada leste Fonte: do autor, 2020.

A Figura 28 mostra que a radiação na fachada oeste é ainda maior, levando-se em conta que é a fachada poente, e recebe a energia de maneira ainda mais forte. Sabendo que os brises estão com rotação de 45º, a imagem enfatiza que a lateral esquerda do brise é mais fria que a direita, isso se deve à inclinação do sol, que acaba por radiar mais energia de um lado que de outro. O anexo da edificação consegue aproveitar sombras de parte da vegetação preservada existente no terreno da UFPB (Figura 09) e acaba por ter um leve alívio na radiação emitida.

Figura 27: Análise da radiação solar no HULW fachada oeste Fonte: do autor, 2020.

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3 kWh é uma unidade de medida de energia elétrica. Um Watt-hora é a quantidade de energia necessária para alimentar uma carga com potência de 1 Watt durante 1 hora.


3.12.3 VENTILAÇÃO É predominante a ventilação vinda do Sudeste durante as estações do outono, inverno e primavera, já no verão há uma pequena alteração e aumenta a ventilação vinda do Leste e varia, principalmente, entre 1,50 a 4,00 metros por segundo (Fig. 29).

Figura 28: Simulação da ventilação natural de João Pessoa aplicada ao HULW Fonte: do autor, 2020.

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3.12.4 INSOLAÇÃO NO INTERIOR

Figura 29: Enfermaria pediátrica HULW Fonte: do autor, 2020.

A iluminação natural é recomendada para atender requisitos funcionais, ambientais e econômicos. O projeto arquitetônico deve incorporar a luz natural de forma coerente, de forma a minimizar os impactos negativos (AMORIM, 2007). Realidade esta que não ocorre no HULW, levando em conta que a insolação atinge de maneira desagradável e insatisfatória dentro dos recintos do hospital. Na Figura 30, observa-se que além da insolação atingir de forma direta o quarto da paciente, além de atingir as paredes e equipamentos atinge diretamente o leito, isso significa que além de estar numa condição clínica, o paciente receberá radiação direta em seu corpo. A fotografia foi feita no dia 19 de dezembro de 2019, as 15:08h, com a temperatura de 29º C e sensação térmica de 33º C, no 4º pavimento, fachada oeste (poente), umidade relativa do ar de 68% e ventilação sudeste com 7,5 m/s, segundo o THE WEATHER CHANNEL4 . Situação extremamente desfavorável para o paciente que se encontra debilitado, e precisa suportar as altas temperaturas do verão, além da alta sensação térmica, a da radiação solar direta no seu corpo.

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4 The Weather Channel é um canal de televisão americano que proporciona informações sobre o clima das cidades, aplicativo gratuito para sistemas iOS da Apple. Disponível em: <https://weather.com/weather/ today>. Acesso em 19 de dezembro de 2019.




4 . P R O J E TO D A FA C H A D A


4 . 1 R O J E TO D A FA C H A D A

O projeto da nova fachada do HULW foi idealizado a fim de satisfazer as necessidades inerentes da edificação, visando trazer o conforto necessário para os usuários do hospital. Após a análise dos indicadores de qualidade ambiental da edificação, constatou-se que tanto a radiação solar, como a ventilação e a insolação são homogêneas nas fachadas do hospital e permanecem com poucas alterações ao longo do ano. Considerando que os brises de concreto armado existentes nas fachadas da edificação são ineficientes, tanto como elemento protetor de manchas solares no interior da edificação quanto como material refletivo de calor. Propõe-se a retirada desses e locação de novos elementos de adequação climática. Dito isto, foi elaborado um script paramétrico nos softwares de modelagem Rhinoceros e Grasshopper, a fim de gerar um código generativo que criasse novos elementos de adequação climática para o HULW.

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4.2 DIRETRIZES Para criação do código foram consideradas as seguintes diretrizes projetuais que guiarão o projeto: 1. Todas as janelas precisam ter alguma abertura para uma entrada saudável de luz solar em períodos mais amenos; 2. As peças a serem adicionadas no volume precisam ser de fácil encaixe e montagem, a fim de diminuir a possibilidade de erros na execução; 3. O tipo de formato precisaria ser simples, haja vista não onerar a fabricação das peças; 4. As peças não podem ter dimensões extravagantes para melhor manuseio e transporte; 5. Não deve existir muitas peças distintas para que a fabricação fosse simples; 6. O código precisa ter a possibilidade de ser replicável em qualquer outra edificação ou situação.

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4 . 3 O C O N C E I TO Desde a época dos gregos, o corpo humano era venerado por sua perfeição, capacidade e eficiência. Em suas condições normais, o corpo possui um funcionamento perfeito e equilibrado. Assim, o ambiente hospitalar leva as pessoas a buscarem, exatamente, essa condição perfeita, sem dores, sem traumas e com o desempenho impecável. Ao projetar uma fachada hospitalar, objetivou-se transferir esse ideal de perfeição através de elementos simbólicos que a expressassem. Sendo assim, foi escolhido o elemento geométrico que remete à rigidez, perfeição e não deformidade: o triângulo. Dadas às diretrizes, foram empregados triângulos extrudados com aberturas, uma vez que seria possível entrada de iluminação e ventilação, e triângulos extrudados sem aberturas, que estarão cobrindo completamente partes da fachada, trazendo mais sombreamento para as paredes da edificação, de modo que não cobrissem completamente as janelas.


“A arte diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o intraduzível.” Leonardo da Vinci



Figura 30: ArboSkin Fonte: Esen Gokce Ozdamar, 2018.

4.4 O CÓDIGO

Para este trabalho foi utilizado como referência a estrutura Arbo Skin, projetado por alunos e professores do Instituto de Estruturas de Edifícios e Projeto Estrutural (ITKE), em Stuttgart – Alemanha. Deste modo, como base para o código paramétrico foram empregues as técnicas do arquiteto Leonardo Gindri, em sua série de aulas “E se fosse no Grasshopper?” (GINDRI, 2020). 61


4.4 O CÓDIGO

Inicialmente, foi gerada no Rhino, uma superfície que compreendia toda a fachada a ser trabalhada, em seguida, essa geometria foi associada ao Grasshopper. Ao ser selecionado o parâmetro da superfície da fachada, utilizou-se o comando Populate, pretendendo uma distríbuição dos pontos imaginários ao longo de toda a superfície. Assim, cada um desses pontos, indicará uma quantidade de 20 triângulos próximos aos pontos que serão abertos. Então, foi selecionado a quantidade de 300 pontos, a fim de que todas as janelas possuíssem elementos com aberturas e não ficassem sem visão do exterior ou sem ventilação (Fig. 31).

Por meio do plugin Luchbox, foram criados os painéis triangulares ao longo de toda a fachada, posteriormente, ajustados suas dimensões, visando cumprir a exigência de que todas as peças tivessem dimensões razoáveis. Após gerar vetores paralelos ao centro das peças triangulares fechadas, foi utilizado o parâmetro de extrusão, tendo em vista gerar o modelo tridimensional das peças fechadas – Figura 32.

Durante o processo de criação das peças abertas, foi necessário deslocar as linhas de cada triângulo, objetivando a construção de triangulos menores no eixo de cada peça, com uma escala menor. Existe neste código a possibilidade de afastar os pontos imaginários criados e, subsequentemente, diminuir ou aumentar gradativamente a abertura dos triângulos. Porém, com o intuito facilitar a produção e a montagem foi utilizada uma escala única de deslocamento e abertura das peças. Assim, todos os triângulos com aberturas terão as mesmas medidas (Fig. 33).

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Figura 33: Offset para criação de modelos abertos Fonte: Do autor, 2020.

Figura 32: Criação de painéis triangulares e extrusão (Rhino/Grasshopper) Fonte: Do autor, 2020.

Figura 31: Início do código paramétrico (Rhino/Grasshopper) Fonte: Do autor, 2020.


4.4 O CÓDIGO

A extrusão dos painéis fechados aconteceu formando uma pirâmide, enquanto nos painéis abertos, o triângulo menor gerado precisa sair da base e se mover perpendicularmente, para que a extrusão aconteça entre as linhas maiores e menores, formando assim, três trapézios, unidos através do comando Loft, formando a pirâmide triangular aberta, semelhante a uma pirâmide com a ponta cortada (Fig. 34).

O mesmo código foi empregado para as duas partes da fachada oeste, e na marquise. Nesta última, ao invés de gerar vários pontos aleatórios para aberturas, foram colocados pontos manualmente nas laterais para que não existissem triangulos abertos no topo. Assim, assegurou-se que a área de desembarque e de entrada no hospital permanecessem cobertas (Fig. 35).

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Figura 35: Formação das peças abertas e marquise. Fonte: Do autor, 2020.

Figura 34: Formação das peças abertas. Fonte: Do autor, 2020.


4.5 AS POSSIBILIDADES

Figura 36: Aplicação do código em outra superfície. Fonte: Do autor, 2020.

Além de ser utilizado para criação de uma proposta de fachada para o HULW, este script pode ser aplicado em qualquer superfície, obedecendo a ideia de Design Generativo. Assim, por meio de poucos passos, qualquer projetista pode utilizar o código, associar em uma superfície, e independente da forma, fornecendo poucas informações, como: (1) os pontos nos quais haverão aberturas; (2) a quantidade de peças no sentido vertical e horizontal; (3) a quantidade de triângulos afetados pelos pontos, que gerarão aberturas; (4) o tamanho da extrusão (quanto o triângulo vai para frente); (5) e o tamanho das aberturas, que podem ser menores, maiores ou iguais em relação ao ponto (Fig. 36).

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4.6 O MATERIAL No Brasil, o termoplástico de maior volume é o Polietileno de Alta densidade (PEAD), muito comum no lixo doméstico, abrangendo os processamentos de moldagem de plástico por sopro, extrusão e injeção. Esse material é utilizado para confecção de inúmeros elementos utilizados em residências, como bacias, brinquedos, potes para alimentos, assentos sanitários, caixas d’água, bandejas, tampas de garrafas e potes, bóias de piscina, até elementos industriais, destacando-se na confecção de bombonas, tanques, tambores e elementos que precisam ser resistentes a quedas. Além disso, também é empregado em objetos que terão contato com reagentes químicos, como embalagens de detergentes, cosméticos, defensivos agrícolas, tanques para fluídos de freio e outros utilizados em veículos. Na indústria civil é utilizado para iso-

lamento de fios, revestimentos de tubulações metálicas, polidutos, tubos de redes de saneamento e distribuição de gás e até dutos de mineração (COUTINHO, 2003). Na produção das peças triangulares que farão parte da composição da nova fachada do HULW será utilizado o PEAD granulado reciclado. Este material possui propriedades eficazes para o processo, suportanto temperaturas na faixa de 180o a 190oC, começando a se degradar ao atingir temperaturas por volta de 200oC. (CRUZ, 2008; CARASCHI, 2002). Além de possuir uma condutividade térmica muito inferior ao material atual da fachada, o concreto, o PEAD possui maior calor específico, assim necessita receber mais energia para variar de temperatura. Dessa forma, conduz menos calor e resiste muito mais a tração e a força dos ventos que o concreto. Na tabela a seguir vemos uma comparação dos dois materiais:

Tabela 04: Comparação propriedades concreto armado e PEAD. MATERIAL

DENSIDADE DE MASSA APARENTE (kg/m³)

CONDUTIVIDADE TÉRMICA (W/(m.K))

CALOR ESPECÍFICO (kJ/(kg.K))

RESISTÊNCIA A TRAÇÃO (Mpa)

Concreto aparente

2200-240

1,75

1,00

0,7 - 0,9

PEAD

930

0,35

1,70

25-45

Fonte: Do autor, baseado em: Projeto de Norma da ABNT 02: 135.07-002 (1998). 2020.

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4.7 OS DETALHES

Figura 37: Proposta fachada leste. Fonte: Do autor, 2020.

Na fachada leste, a estrutura ocupará uma área retangular de 198,93 x 25,35m, totalizando uma área de 3.775,12m². Além de uma marquise em formato de parábola com extensão de 14,32m e altura de 4,40m (Fig. 37).

A marquise será instalada a fim de gerar uma cobertura para proteção dos usuários, tanto de chuvas quanto de raios solares. Será engastada na viga inferior do primeiro pavimento com tubos de metalon quadrado 8x8cm, originando uma coberta com 10m de comprimento e 14,32m de largura (Fig. 38).

Figura 38: Proposta Marquise. Fonte: Do autor, 2020.

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Serão utilizados 6.000 peças abertas e 1.402 peças fechadas, todas com o tamanho padrão de 107,9 x 107,9 x 135,4 cm para composição do volume da fachada. Na marquise, serão empregadas 200 peças aberta e 246 fechadas, todas as peças com profundidade de 50cm (Fig. 39).

Peças PEAD Fachada Leste

Peças PEAD Marquise

Figura 39: Dimensões das peças da fachada leste Fonte: do autor, 2020.

Já na fachada oeste, a estrutura ocupará duas áreas retangulares iguais e simétricas com dimensões de 63,73m x 25,35m, totalizando uma área de 3.231,10m² (Fig. 40).

Figura 40: Proposta Fachada Oeste Fonte: do autor, 2020.

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4.7 OS DETALHES Serão utilizadas 3.300 triângulos abertos e 1.421 fechados em cada lado da fachada. Com dimensões conforme a Figura 40.

Figura 41: Dimensões das peças da fachada oeste. Fonte: Do autor, 2020.

Acerca das ligações, todas as peças triangulares serão interligadas da mesma maneira, com placas de zinco dobradas de 115x10cm, e fixadas com rebites (Fig. 42).

Figura 42: Detalhes de ligações das peças. Fonte: Do autor, 2020.

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Figura 43: Dimensões das peças da fachada leste Fonte: do autor, 2020.

Ao serem presos entre si, esses triângulos serão fixados, também por placas de zinco dobradas de 115x10cm, com rebites na peça em PEAD e por parafusos em tubos quadrados de metalon galvanizados de 15x15cm – exceto na marquise que serão tubos de 8x8cm - , também parafusados e engastados nos pilares da edificação posteriormente (Fig. 43).

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4.8 A ESTRUTURA

Levando em consideração que a densidade do PEAD é muito menor que a do concreto, esse novo material trará muito mais leveza a estrutura da edificação. Atualmente, existem 2.086 brises de concreto na fachada leste, e 1.778 na fachada oeste. Tendo por dimensões 1,80x0,45x0,08m cada brise, com volume de 0,06m³, e sendo a massa do concreto armado 2500kg/m3, temos um total de 150kg por cada brise.

Tabela 05: Comparação de cargas em concreto armado e em PEAD nas fachadas da edificação. Fonte: Do autor, 2020.

CONCRETO ARMADO

FACHADA LESTE

2.086 brises * 150kg = 312.900kg

FACHADA OESTE

2.086 brises * 150kg = 312.900kg

CARGA TOTAL

579.600Kg

246 fechados = 1944,63kg 200 abertos = 1990,2 kg Total = 3.934,83kg

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Figura 44: Cálculo de cargas da Marquise. Fonte: Do autor, 2020.

Com a Marquise sendo uma estrutura extra na edificação, e considerando que parte da carga estará no solo, e não na estrutura do hospital, foi realizado um cálculo de cargas a parte, conforme a Figura 44.


PEAD

Aberto 6000 = 76.446kg Fechados 1402 = 13851,76kg Total = 90.297,76KG

Abertos 3300 = 32.224,5KG Fechado 1421 = 10.043,63 KG Duplicando por cada lado da fachada simétrica = 84.536,26 kg

174.834,02 KG

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Figura 45: Análise de radiação solar após aplicação de elementos propostos. Fonte: Do autor, 2020.

4.9 INSOLAÇÃO APÓS REFORMA

Após a aplicação dos novos elementos das fachadas, foi realizada uma nova análise climática na edificação, através do Rhinoceros e seu plugin paramétrico Grasshopper – Ladybug, conforme a Figura 45. É notória a queda da incidência de radiação solar na edificação, que tinha uma média de 700kWh/m², como analisado no ponto 2.12.2, e com as novas proteções passa a ter uma incidência entre 0, nas áreas que as peças fechadas receberiam toda a radiação e até 200kWh/m², nas áreas com aberturas.

74


Também foi feita uma análise das manchas solares a partir dos novos elementos de adequação climática propostos. Diante disso, percebe-se que durante quase todo o ano haverá entrada de manchas solares na fachada leste entre 06:30h as 07:30h da manhã, sendo saudável para os usuários e a própria edificação. Na fachada oeste, as manchas solares acontecerão entre as 16:30h e 17:30h, durante os meses de agosto a outubro. De modo que também não se torna prejudicial ou desconfortável aos usuários (Fig. 46). Através de novos elementos de adequação climática, o HULW pode diminuir significativamente a quantidade de energia emitida em suas fachadas, além de reduzir a carga estrutural.

Figura 46: Cartas de manchas solares para proposta de novos elementos de adequação climática. Fonte: Do autor, 2020.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS


A corrida pela evolução na qualidade de projetos na área da construção civil é evidente. Desde a busca por melhores representações gráficas, com volumetrias e perspectivas, como a eficiência na velocidade, qualidade e precisão de projetos. Além disso, a exigência por edificações mais dinâmicas, e com desenhos mais singulares fez com que surgisse a necessidade de saber projetar, representar e executar essas obras. O Design Paramétrico surge como um grande aliado dos arquitetos e engenheiros para tornar possível esses novos modelos de arquitetura. A facilidade de gerar formas mais inusitadas, além das possibilidades de ágeis modificações e menos retrabalhos torna-o uma ferramenta que logo será indispensável na formação dos profissionais da contrução. Este trabalho demonstra a eficácia da utilização de ferramentas paramétricas na elaboração de uma nova fachada para o Hospital Universitário Lauro Wanderley, que se mostra uma importante edificação para a comunidade científica e de saúde na cidade de João Pessoa, sendo referência no ensino de medicina no estado e modelo com prestação de serviços ambulatoriais. A edificação exibe traços claros do modernismo brasileiro com sua volumetria simétrica, paredes paralelas e retilíneas, além da presença clara do concreto armado. Entretanto, os elementos de adequação climática são ineficientes tanto para a proteção solar, como para radiação e manchas solares, trazendo desconforto para os usuários. Utilizar o Design Paramétrico para gerar novos elementos de proteção solar trouxe ótimo rendimento para o projeto, visto que o controle sobre a quantidade de peças, o tamanho das peças, além do formato

e tamanho de aberturas pôde ser controlado livremente, e alterado sem necessidade de realizar longas modificações no desenho dos 151 metros da fachada, mas alterando apenas os parâmetros de geração das formas. Ademais, o uso de um material reciclável e moldável se torna crucial nesse projeto, pois é significativo que não apenas o processo de projeto seja eficiente, mas se a execução e vida útil for laboriosa e custosa, o projeto acabará por ser omisso. A escolha do Polietileno de Alta Densidade (PEAD) traz o reaproveitamento de resíduos plásticos que seriam descartados no meio ambiente, e promove uma nova modulação do material na utilização da construção. Houve como limitação deste trabalho a impossibilidade de realizar uma medição minuciosa dos fatores climáticos internos da edificação para a criação de um algorítimo paramétrico mais fiel a todos os parâmetros existentes, como o tipo de iluminação artificial, utilização de equipamentos elétricos e suas influências na temperatura do ambiente e conforto sonoro. Também houve a inviabilidade de realização de entrevistas com os usuários para compreender a satisfação com a edificação e com o conforto nos ambientes. A construção civil, bem como os métodos de projeto precisam continuar evoluindo e trazendo melhorias contínuas. Este trabalho contribui para compreensão das definições de Design Paramétrico e similares, bem como a aplicação destes na melhoria de uma edificação real, trazendo suporte teórico e técnico para construção de novas pesquisas com essa metodologia projetual, além de estimular a criação de novos algoritimos para análises ambientais e outros códigos generativos de elementos de adequação climática que possam ser empregues em edificações.

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