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LUCAS GUEDES
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A Intervenção urbana, geralmente feita em áreas centrais da cidade, é uma manifestação artística ou estrutural que consiste na alteração da paisagem urbana e nas percepções que as pessoas têm de determinada área interferida. A natureza, porém, pode ser vista como um espaço sem interferência, já que, considerada intocada, tem suas características naturais preservadas em áreas fora do perímetro urbano, que não foram devastadas ou desmatadas para as atividades agropecuárias. Na cidade, dentro do determinado perímetro urbano, o solo constitui uma condição geral de reprodução do capital e da sociedade. Dentro dessa visão, o solo se revela como mercadoria e essa ideia se reforça conforme o estudo dessa problemática, que é o exame de ações exercidas por quem produz o espaço urbano. O solo não pode ser reproduzido e é facilmente monopolizável pelos proprietários e o espaço urbano, conforme alterado, revela suas estratégias, iniciativas e mostra seus distintos interesses. A lógica capitalista produz uma cidade onde o solo urbano revela sua condição de mercadoria claramente e muitos problemas emergem por uma forte dimensão espacial.
A pedreira Mattaraia, como é conhecida na cidade de São Joaquim da Barra, é parte de uma especulação imobiliária de um novo loteamento que acontece atualmente na área e, como um grande vazio urbano, reflete as consequências de um aproveitamento temporal do crescimento da cidade, como premissa para uma valorização de seu espaço por uma localização privilegiada. A mata nativa, até então inexplorada, existente na área de estudo é a fonte da mercadoria e o marketing do solo urbano. A retirada das pedras por extrativismo, que acontecia na pedreira até a década de 1990, criou um desenho paisagístico, com um ambiente díspar ao entorno e fragmentou qualquer tentativa de urbanização que os agentes produtores do espaço quiseram criar ali. A mudança na topografia altera significativamente a interação que possa ocorrer na pedreira, funcionando como um hiato espacial na cidade. O vazio sobressai em meio uma densidade urbana considerável e fomenta um novo uso e uma nova ocupação para essa área. A ressignificação do espaço, proposta neste trabalho, desmotiva a produção
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publicitária capitalista para venda de lotes para poucos abastados e propõe a democratização deste hiato urbano como lugar de encontro e permanência em um futuro projeto da paisagem O valor do solo urbano expõe a diferença social promovida pelos agentes produtores desse espaço, ao produzirem uma área enobrecida, que aprofunda a segregação socioespacial no município. A incorporação desta área verde central por este novo loteamento revela que quem pode pagar mais terá acesso exclusivo a ela. A obtenção de renda fundiária por parte dos tais agentes imobiliários, o uso constante do solo urbano como mercadoria, a monopolização espacial para geração de renda por meio da diferenciação espacial e a apropriação da “raridade” natureza, alimenta a produção da cidade capitalista. Como contrapartida a isso, é que se propõe a democratização deste espaço, ao transformá-lo em um espaço livre público, acessível à toda população. Ao invés de monopolizar este espaço verde da cidade, que tem sido usado como elemento de atração pelo setor imobiliário, o ideal
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é qualificar este espaço e integrálo à cidade como um todo, já que possui uma localização central e atinge grande parte dos bairros com habitações de interesse social. A sua ligação com a cidade se dá por vários acessos que outrora foram fechados, mas que podem evoluir para um desmonte de uma fronteira urbana causada por uma grande lacuna da função social da cidade. O encontro, a permanência e a passagem das pessoas são fundamentais para a coletivização e a integração com a cidade, renovando e avivando um espaço desocupado. A ressignificação urbana e a ativação dessa lacuna promovem essa relação de convivência cotidiana no cenário da cidade. A pedreira constitui um patrimônio paisagístico – comparável ao patrimônio arquitetônico -, no entanto, nos dias atuais, também constitui uma fronteira que divide a cidade, um hiato que sinaliza a contradição da realidade urbana. As pessoas são protagonistas no espaço urbano e a prioridade de acesso, uso e ocupação deste espaço é essencial para integrá-las à paisagem desconhecida e ignorada até então. Com isso, descarta-se a possibilidade do uso privado, por um grupo específico e privilegiado,
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desta importante área preservada da cidade. Dessa perspectiva, este trabalho tem como objetivo intervir na área da Pedreira, promovendo uma ressignificação urbana, por meio da democratização deste espaço, ao transformá-lo em um espaço livre público, acessível à toda população, fazendo com que cumpra sua função social. Além disso, objetiva promover um convívio pessoal com a ocupação natural, com a linguagem de signos na sua estrutura física; interferir no espaço com soluções dinâmicas para o reforço da experiência da paisagem natural e a cidade; aguçar a sensibilidade dos sentidos humanos através de uma nova espacialização; usar o material e suas propriedades para uma linguagem que comunique com os usuários, relacionando o objeto e sua interação com os fenômenos da natureza; alterar a dinâmica urbana de mobilidade com um deslocamento sustentável em uma dimensão humana; gerar um sentimento de pertencimento, usando a permanência e a ocupação da área em questão como instrumentos de apropriação desta paisagem pelas pessoas.
ressignificação e da ocupação de vazio urbano, as estratégias adotadas foram a fundamentação teórica, por meio de revisões bibliográficas, os levantamentos de identificação e a caracterização da área e as leituras projetuais, que permitiram a elaboração dos estudos preliminares e do anteprojeto.
Para a aquisição de maior conhecimento sobre o tema da
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o hiato sígnico
I. apropriação da paisagem
A apropriação imobiliária da paisagem natural na cidade capitalista funciona como valorização monetária de loteamentos para a população de alta renda. A natureza, material e simbolicamente, incorporase nessa esfera mercantil e na criação de necessidades qu e parecem ser naturais ao homem, mas que são apenas mais possibilidades de consumo. Mas o que essas necessidades humanas têm haver com a apropriação da paisagem urbana? As necessidades sociais do ser humano são baseadas e desenvolvidas através da vivencia da própria sociedade, afinal, desde o nascimento a criança se mostra instintivamente dependente de outros já desenvolvidos e, com a ligação destes semelhantes, ela cresce e promove caráter e personalidade conforme suas influências internas e externas. O mundo, desde já, vende a ideia de que a criança precisa decidir suas características e suas futuras formações. A pergunta “O que você vai ser quando crescer?” é a mais corrente em todas as aglomerações familiares e a pressão de um desenvolvimento para as características econômicas já evolui a partir dos primeiros envolvimentos com a educação primária. O capitalismo circunda os atos das pessoas como um animal predador que se camufla para alimentar-se de outro, fazendo com que a sociedade viva em função de uma busca constante por dinheiro para o consumo; o básico, o importante e o supérfluo, ambos em escalas diferentes para cada pessoa. O ato predador se configura como a invariável busca de transferir dinheiro de um para outro através do mercado consumista.
Para Fromm (1962, p. 60 – 61): A natureza, por exemplo, transformada em mercadoria e apropriada pelo mercado, torna-se um produto, ou seja, uma “isca” para que uma pessoa tente conseguir o dinheiro da outra. Essa valorização é conectada por ser um objeto que reproduz “mentiras funcionais”, pois toda natureza tende a ser considerada “cartões postais” e um atrativo, mesmo que já alterada minimamente pelo ser humano e desconfigurada plasticamente para a venda da sua imagem. A natureza artificial e de mentira, como produto da ação humana e que não possui uma identidade local, se encontra hoje como uma felicidade capitalista, ou, resumindo “A felicidade não tem preço, mas endereço tem” (HENRIQUE, 2005).
[...] no mundo alienado do capitalismo as necessidades não são manifestações de poderes latentes do homem, isto é, elas não são necessidades humanas; no capitalismo, cada homem especula sobre como criar uma nova necessidade em outro homem a fim de forçá-lo a um novo sacrifício, colocá-lo em uma nova dependência, e incitá-lo a um novo tipo de prazer e, por conseguinte, à ruína econômica. Todos tentam estabelecer sobre os outros um poder estranho para com isto lograr a satisfação de sua necessidade egoísta.
O mercado imobiliário encontrou a ferramenta ideal de conquista do ser humano: a tão “sonhada casa própria”, criada pelos anúncios publicitários, onde colocam o encontro com a paisagem verde como a ocasião perfeita para a felicidade. O “reencanto” do mundo urbano pela natureza se dá pelo padrão moldado pelos interesses capitalistas: o lucro é uma ferramenta de incorporar um espaço que possivelmente poderia ser desprezado em um parcelamento de solo por não fornecer a criação direta de lotes. Segundo Santos (2006, p. 67): As necessidades humanas são alternadas conforme os tempos e estações e os espaços são reformulações e respostas a essas necessidades: a paisagem natural, como forma de escape de um espaço urbano agitado e barulhento, são espaços criados pelas mãos humanas como simulacro de espaços intocados de matas nativas ou espaços de vegetação baixa.
[...] a paisagem existe através de suas formas, criadas em momentos históricos diferentes, porém coexistindo no momento atual. No espaço, as formas de que se compõe a paisagem preenchem, no momento atual, uma função atual, como resposta às necessidades atuais da sociedade. Tais formas nasceram sob diferentes necessidades, emanaram de sociedades sucessivas, mas só as formas mais recentes correspondem a determinações da sociedade atual.
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A paisagem natural, como um produto, bastante referenciada no dia a dia e, considerando a sociedade de consumo, os objetos se tornam possibilidades de aproximação entre o homem e a natureza. Elementos como um simples creme dental com sabor natural, ou papel higiênico com perfume natural, ou até mesmo uma propaganda de produtos de limpeza, com imagens que remetem ao cheiro de flores e do aspecto da natureza; todas elas revelam a semiótica, com a aproximação dos signos dos aspectos positivos da natureza, incorporando-as com artificialidade, mas que atraem pessoas por revelar seus desejos de tranquilidade e lazer que a natureza produz. Nos espaços urbanos é comumente usada a “mercadoria natural” para a promoção e aproximação da natureza. Em grandes shoppings, onde se tem o epicentro das atividades de consumo, são incorporados o marketing verde e uma natureza enclausurada sob formas de serem naturais, mas que na verdade são apenas falsificações e que exprimem os intrínsecos desejos de quem quer comprar a felicidade. Quanto maior o grau de humanização dos lugares e quanto maior sua inserção no projeto racionalista capitalista de consumo, mais a referência à natureza se torna uma necessidade e uma estratégia de marketing (HENRIQUE, 2005).
Nenhum aspecto do espaço urbano brasileiro poderá ser jamais explicado/compreendido se não forem consideradas as especificidades da segregação social e econômica que caracteriza nossas metrópoles, cidades grandes e médias (VILLAÇA, 2011).
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As estratégias de apropriação da natureza nesses espaços, ditos humanizados, transmitem uma mensagem clara de inconveniência e produção forçada de empatia com o receptor da mensagem, mas que cumpre, ainda que indignamente, uma função de manter ou produzir espaços mais incorporados pela paisagem das árvores e afins. Incorporando a valorização em diferentes espaços urbanos por meio de uma natureza capitalizada e mercantilizada se produz uma desigualdade social marcante e fisicamente representada pelo adensamento em áreas menos valorizadas, e valores altos em parcelamentos de solo
próximos às áreas verdes. Mas segundo Villaça, essa configuração não é tão clara assim: A segregação e a desigualdade social não seriam apenas um reflexo da formação dos preços do solo. A tendência das classes de alta renda ficarem com a terra mais cara, e as de baixa renda com a mais barata, não se verifica na totalidade dos casos. Nem sempre as camadas mais abastadas moram em terra cara (no que diz respeito ao preço unitário do metro quadrado). Como diz Mariana Guerra, a segregação é peça fundamental para a compreensão da estrutura espacial intraurbana e pode ser observada com clareza nos mapas de distribuição territorial de classes sociais de grande parte de nossas metrópoles. Os principais efeitos territoriais provocados pela segregação urbana são: uma oposição entre o centro (preço alto do solo) e periferia; e uma separação crescente entre as áreas de moradias das camadas sociais de alta renda e as zonas de moradia popular. No seu artigo, Guerra diz que a região de concentração dos bairros das camadas de mais alta renda e a formação das zonas industriais são as principais forças atuantes sobre a estruturação do espaço metropolitano no país. Nessas considerações, a segregação assume um caráter de luta, mais propriamente de luta de classes. O que está em jogo é a disputa por localizações, a mais conveniente implantação espacial possível dentro da cidade. Dessa luta saem os vitoriosos e os derrotados. A luta de classes retoma a discussão sobre quem comanda o espaço: uma região privilegiada tomada por uma favela é vencida pela classe ali presente, a mais vulnerável,
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I. apropriação da paisagem
não incidindo em uma terra mais barata, mas por uma desvalorização sistêmica pela existência de um preconceito social; já o mesmo espaço demarcado e incorporado rapidamente por construtoras que lotearão condomínios fechados ganha a localidade em detrimento aos menos favorecidos, mesmo que sejam em maior número. A periferia ou as áreas distantes das áreas centrais das cidades podem ser vistas como espaços que criam uma espécie de “cinturão de pobreza e criminalidade”, como foi estampado na capa da revista Veja no ano de 2001, revelando sua orientação ideológica. Segundo Guerra, a capa ilustra como o discurso estrategicamente ideológico restringe a representação da cidade, ou seja, o desenho urbano civilizado, a região onde se concentra a maior parte das camadas de alta renda (Fig. 1). Excluindose uma parte do centro e outros poucos bairros, o restante é identificado como zona de pobreza e marginalidade, uma ameaça à “cidade” (a revista ressalta essa ideia de forma subliminar, com a palavra “câncer” assinalada em vermelho no canto superior esquerdo). A linguagem publicitária presente na revista transforma uma classe em ameaça a outra apenas com uma imagem do espaço “civilizado e verde” sendo esmagado pela classe mais densa e vista como marginalizada, que a cidade possui. Ou seja, sarcasticamente, a paisagem natural tão almejada pelas famílias tradicionais de boa índole é ameaçada pela periferia tomada pela densa criminalidade ali presente. As grandes cidades brasileiras continuam sendo altamente segregadas e seus espaços apropriados são designados pela classe dominadora. São Paulo, por exemplo, se
Devido ao padrão periférico de crescimento da cidade nas décadas de 1950 e 1960, durante muitos anos a ideia de periferia esteve associada à pobreza urbana e homogeneidade social, a ponto do modelo interpretativo centro × periferia ter sido usado durante décadas para descrever o padrão desigual de distribuição social no espaço das grandes cidades. No entanto, as transformações físico-territoriais em curso discutidas até aqui têm problematizado a persistência no uso do modelo (GUERRA, 2013).
FIGURA 01
Capa da revista Veja 24 jan 2001 “O CERCO DA PERIFERIA” - Os bairros de classe média estão send o espremidos por um cinturão de pobreza e criminalidade que cresce seis vezes mais que a região central das metrópoles brasileiras FONTE: (FERREIRA, 2007)
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comporta como um espaço desigual e heterogêneo. Ao longo do século XX podem ser identificadas três formas diferentes de expressão da segregação no espaço urbano de São Paulo. A primeira estendeu-se do final do século XIX até os anos 1940, e produziu uma cidade concentrada em que os diferentes grupos sociais estavam segregados por tipo de moradia. A segunda forma afirmou-se dos anos 1940 aos 1980, e contrapôs o centro rico e bem equipado, à periferia precária e distante. A terceira vem se delineando dos anos de 1980 para cá e sofre de vagueza conceitual, em virtude dos poucos estudos existentes e do fato dos moradores e estudiosos ainda conceberem e discutirem a cidade apenas em função da segunda forma de organização. Apesar disso, vem mudando consideravelmente a cidade e sua região metropolitana (GUERRA, 2013).
A riqueza e a pobreza são mais próximas pelo crescimento dos núcleos residenciais fechados, afinal seus espaços físicos são delimitados por um muro que os impede de socialização e permite a tranquilidade da segurança. Esses núcleos também são formados pelos shopping centers e conjuntos de escritórios e configuram um novo tipo de segregação, algo que o padrão de crescimento centro e periferia diverge e não consegue explicar. A paisagem urbana é modificada conforme suas características são embasadas pelo marketing do solo e representadas pelos desejos da classe dominante. A interação com a natureza é o interessante do momento? Apropria-se do verde. A segurança e a tranquilidade são importantes? Tomo a periferia por muros e crio meu espaço para afastar da densidade da cidade real. A classe dominante credita suas fichas em seu poder de compra e transforma a cidade conforme seus desejos e interesses, já a classe dominada aceita o jogo e luta para conseguir sobreviver dentre o modelo escolhido pelos agentes produtores do espaço urbano. Analisando São Joaquim da Barra por zonas, a cidade tem divisões claras e definidas por seus bairros e pela sociedade que integra essas áreas. A zona Sul, reflete o espaço em constante avanço, onde os bairros de interesse social foram implantados. As quadras tendem a apresentar maiores dimensões para propiciar uma maior subdivisão em lotes menores, com maior
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adensamento construtivo e economia de espaço. As quadras tradicionais nas áreas mais antigas da cidade, como na zona norte e leste, são também, consequentemente, as únicas áreas comerciais e de serviços da cidade. O mapa de ocupação do solo representado ao lado nos mostra como a cidade se divide. O nascimento do primeiro condomínio fechado em São Joaquim da Barra aconteceu há três anos e essa nova realidade de espaço controlado revela uma valorização do lugar para quem pode pagar e a dominância de um pedaço da cidade por um grupo privilegiado. A paisagem artificial envolta por muros é a forma de urbanização que distancia ainda mais os desiguais e aproxima uma única classe de iguais: a dominante.
MAPA 01
Mapa de Ocupação do Solo do município de São Joaquim da Barra.
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A publicidade imobiliária hoje em dia carrega traços do marketing que acontecia no passado, apesar de uma grande diferença de linguagem e de prioridades espaciais. A globalização não existia no começo do século XX, a internet menos ainda, a sociedade vivia a mercê de creditar a maior parte de seus conhecimentos em empirismos e sabedoria popular; os estudos disponíveis eram concentrados em grandes centros e a população, em geral, tinha pouco acesso à informação, mas o repertório geralmente era comum. A necessidade de viver em um bairro essencialmente residencial, sem ruídos, com segurança para ir e vir, com a premissa de um lar tranquilo e uma imagem idealizada com base nos bairros nobres das cidades europeias, nos faz lembrar de propagandas atuais de bairros planejados em grandes cidades, mas que são exemplos claros de nostalgia do mercado imobiliário do século passado. Na Figura 2, em um cartaz de um anúncio imobiliário do Jardim Europa na cidade de São Paulo, a presença de uma oficina mecânica é um exemplo do que não ter por perto de uma residência: afeta a tranquilidade do lar, altera a paisagem criada por uma família tradicional, que deseja morar em um espaço estritamente residencial e afasta a afeição de campo que o novo bairro busca oferecer, quando se tem um espaço de prestação de serviços avizinhando, trazendo a cidade boêmia para mais perto do espaço privativo da família.
FIGURA 02
Cartaz de anúncio publicitário de venda de lotes do Jardim Europa em São Paulo ano ano de 1935 “EVITE ESSA DESVALORISAÇÃO”
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Aqui, um exemplo do primeiro tipo de segregação do espaço urbano, que produziu uma cidade concentrada, em que os diferentes grupos sociais estavam segregados por tipo de moradia.
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II. hiato econômico
“A terra é a base de toda fortuna”, citado em destaque no rodapé do cartaz, representa explicitamente o que a linguagem metafórica das propagandas do século XXI querem dizer, mas omitem para levantar a ideia de que a terra não é apenas um investimento ou, como foi escrito, o investimento, mas também qualidade de vida; a terra é explanada com unicidade em relação a geração de riqueza e a valorização da terra sempre foi um caminho a ser seguido independente do tempo; causando um ataque agressivo ao mercado imobiliário pela busca da riqueza. O objetivo dos anúncios publicitários é seduzir e para isso, precisam captar os valores e desejos do público alvo que pretendem atingir. O “novo conceito de moradia” foi elaborado por esse marketing, criado ao longo dos anos e articulou elementos como segurança, isolamento, homogeneidade social e natureza, persistindo com traços na realidade no século XXI. A representação de futuro criada pelos idealistas imobiliários dos anos 30 refletem o que eles acreditam ser uma realidade para os dias atuais: e eles tinham razão em alguns quesitos! Como nunca, as vendas de loteamentos fechados, ou até mesmo residenciais abertos em locais privilegiados, foram tão altas e elevaram a economia baseada no mercado imobiliário.
Os anúncios usam um repertório de imagens e valores que fala à sensibilidade e fantasia das pessoas a fim de atingir seus desejos [...]. Para conseguir esse efeito, os anúncios e as pessoas a quem eles apelam têm que compartilhar um repertório comum. Se os anúncios falham em articular imagens que as pessoas possam entender e reconhecer como suas, eles falham em seduzir. Portanto, anúncios imobiliários constituem uma boa fonte de informação sobre os estilos de vida e os valores das pessoas cujos desejos eles elaboram e ajudam a moldar (CALDEIRA, 2000, p. 264).
O Copan teve seu projeto realizado na década de 1950, época em que São Paulo experimentava expansão e crescimento. A modernidade das indústrias havia se intensificado havia pouco tempo no Brasil, e as cidades ainda se encontravam em transformação física e social.
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Ao passo que o avanço da industrialização ultrapassava as fronteiras da cidade, a população condensava-se cada vez mais na área central, com consequente verticalização das construções e aumento da especulação imobiliária. Na figura 3, o anuncio mostra que a ideia da construção do COPAN era inspirada no Rockefeller Center, de Nova York, condomínio que unia um grande centro comercial e de lazer às residências e sua campanha publicitária, que lançou o empreendimento, previa uma “chuva de dólares para o país”, vinda de receitas do turismo, ou seja, o fator econômico era crucial para o crescimento da cidade e a incorporação de São Paulo como uma das metrópoles mundiais foi imprescindível. Assim confirma a segunda forma de segregação do espaço urbano dos anos 40 aos 80, contrapondo o centro rico e bem equipado, à periferia precária e distante. A interação das pessoas em estabelecer relação com o centro era latente e cada vez mais visado, comparando o centro com uma área de interesses coletivos e conquistando famílias que comprariam o mesmo lote de áreas bem localizadas. A verticalização era a opção mais apropriada e fundava o novo estilo de morar; a economia pulsava no mercado imobiliário com a construção de prédios cada vez mais altos e com melhores localizações. A terceira forma de segregação vem dos anos 80 até 2020, e a cidade proposta vem tendo uma junção das ideias anteriores e isolar um grupo de pessoas em um hotel fazenda fictício, com natureza em abundância tomada como sua, mas com o conforto de não precisar sair do espaço fechado para atividades como festas, academia e lazer.
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FIGURA 03
Encarte publicitário do COPAN em 1967 o comparando com o Rockefeller Center.
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II. hiato econômico
Os apelos do mercado são quase sempre os mesmos: aludem à segurança, sustentabilidade, exclusividade, saúde, ordem, lazer etc., apresentando os condomínios como o oposto do caos, poluição e violência da cidade heterogênea. Nele estão presentes elementos caros a essa discussão: a necessidade de convencer a clientela a se estabelecer em um condomínio vertical perto do centro, mas distante visualmente; a desqualificação do espaço urbano tradicional da cidade (“muito barulho, muita poluição, pouco verde”) e, se prestarmos atenção nas ilustrações, contrapondo São Paulo ao Monumento São Paulo, o idealismo de morar em uma apartamento “em meio ao verde e a natureza”. FIGURA 04
Anúncio publicitário do Condomínio Monumento SP no Jardim Caboré em São Paulo.
FIGURA 05
Imagem representativa da mata nativa apropriada pelo mesmo empreendimento.
Os anúncios a partir da década de 1990, após o aumento dos índices de violência urbana da década de 1980, apostam em critérios subjetivos relacionados à segurança. A maioria apresenta imagens de crianças, acompanhadas ou não dos pais, correndo ou brincando, em meio ao verde. Nesse caso mostra a vegetação como um cinturão verde que segura um “grande navio em meio ao mar” e que possui todas as mordomias sem a necessidade de sair desse barco. As figuras 4 e 5 escancaram a mercantilização do solo pelo motivo do verde que aparentemente é inutilizado. Parte dele nem será usado fisicamente, mas, em contrapartida, eleva o preço dos apartamentos pelo seu apelo sustentável e sensorial. A contagem das árvores reforça o grande esforço do empreendimento em oferecer milimetricamente a melhor experiência possível. É como se fosse relevante a informação que 2.728 árvores são nativas e 1.254 fossem plantadas para melhor conforto térmico e visual dos
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moradores. A massa verde em si denota a preocupação em manter o mínimo de área verde exigida pela prefeitura, e a outra parte excedente pela preocupação de valor de mercado inserido no empreendimento. A cidade de São Paulo está inserida diretamente no condomínio, todavia as imagens a ignoram completamente, apenas mostrando com opacidade alguns prédios ao lado. A ideia de manter uma distância visual é reforçada e a iluminação desenhada com precisão mostrando, pelos seus signos, a segurança e a beleza ainda que na escuridão da noite. A criação de um futuro mercado imobiliário, onde as pessoas se integrem mais com a cidade em um espaço heterogêneo, onde os equipamentos urbanos, comércios e prestações de serviços se entranham pelas residências, são subestimados pelas incorporadoras do mercado, que hoje fazem inserções de condomínios fechados para quem pode pagar com esses usos listados, mas que inviabilizam os acessos gratuitos em serviços e lazeres para quem tem menor poder aquisitivo; transformando a segregação em uma realidade existente longe de ser corrigida. O Parque da Barra – loteamento feito no vazio urbano da antiga pedreira Mattaraia – oferece um novo estilo de vida e uma excelente oportunidade de investimento, por se tratar do último vazio urbano da região central. O projeto urbanístico do novo bairro foi concebido para valorizar a qualidade de vida e o bem-estar, com respeito a topografia local, resultado da vasta experiência da Stéfani Nogueira, que há 37 anos desenvolve empre-endimentos com alto padrão de qualidade e de valorização (JORNAL DA FRANCA, 2018).
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A área a ser estudada na cidade de São Joaquim da Barra revela a especulação imobiliária (Mapa 2) presente tanto por sua localização, quanto por se constituir como um raro fragmento de natureza em meio ao tecido urbano da cidade, catapultando novos loteamentos e criando um vazio urbano proposital. Os interesses econômicos são escondidos através de um dito bem maior: um novo estilo de vida e oportunidade de investimento! Esse fato pode ser observado no trecho:
A criação publicitária exprime a venda do espaço como se vendessem sonhos, valorizando ao máximo a experiência de morar no último vazio urbano, com ótima localização, segurança por margear outros bairros e estar próximo a uma área verde nativa. Tudo isso, externa o mercado do solo urbano, usando diversos elementos para criar o capital imobiliário. O marketing busca a valorização das virtualidades presentes no espaço para aumentar a procura e seu valor econômico. O loteamento é um espaço novo para uma minoria abastada e que contribui por aumentar o quadro de fragmentação social e segregação urbana; separando locais de moradia, trabalho e consumo e criando uma zona monofuncional por seu desenho criado pela construtora.
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O filme Parasite (2019, Direção: Bong Joon Ho) tem sua reflexão mais profunda tomando como cenário o chamado “Capitalismo Cognitivo”: “não-pessoas” com seus celulares e cercados de tutoriais e aplicativos, prontos para subempregos terceirizados. Esse capitalismo é uma forma em que os patrões se tornam invisíveis e a luta de classes se torna oculta na sociedade. Desempregados e “uberizados”, a família Kin-taek passa a se interessar pela família Park. Ricos, terceirizam na sua residência todas as necessidades cotidianas e reservam empregos aos pobres. A invisibilidade da luta de classes, que confunde com sua inexistência, é um sintoma da má distribuição de renda, as duas famílias do filme retratam um espelhamento direto de uma cidade tecnológica, onde uns sugam os outros e vice versa. A forma como a sociedade se relaciona com seus diferentes maximiza a segregação social e a simples atitude de superioridade dos ricos em relação aos pobres reforça a linha da separação desenhada na fotografia do filme.
FIGURA 06
Poster não oficial do filme Parasita do Pinterest
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A desigualdade na era da tecnologia, nos leva a uma discussão da luta de classes presente em vários cenários representado no filme pela escala da fotografia: a família menos favorecida tem seus planos mais sufocados, escuros, sujos e longe da paisagem natural, em becos em nível abaixo da rua e com o uso do espaço para necessidades básicas. A mais favorecida, se esbalda em uma fotografia livre com muita luz e vista de baixo pra cima, grandes planos abertos e uma sala com um jardim, representando um espaço generoso e artificialmente naturalizado, com muito verde. O poster representado pela figura 6, demonstra esse espelhamento: a ascensão social de uma família versus a perda de
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III. hiato social
outra; a limpeza de um ambiente versus a sensação de sujeira do espaço inferior. Tudo isso revela signos exatos da desigualdade na sociedade e como as pessoas se relacionam com outras que são diferentes de si. O diretor usou da potência dos signos em elementos que representam esse contraste e as barreiras que neles são impostas para a discussão da desigualdade de classes sociais e como ela tem sido glamourizada pela sociedade. A mercadoria representada pelo trabalho da família Kin-taek (menos favorecida) que era vendida para a família Park (mais favorecida) é a representação da mercantilização do solo urbano e como, através da especulação imobiliária e das estratégias de valoração de terrenos, os mais favorecidos sempre parasitarão em detrimento dos que tem menos e pouco podem usufruir da qualidade de vida vendida pelos agentes capitalistas. O privilégio representado no filme é simulado de uma característica urbana comum e cada vez mais agressiva, com o “prestígio social”, que torna o espaço como uma renda diferencial promovendo os lucros da localização. A lógica capitalista expressa pelo diretor, é marcada da não interferência de uma classe com outra: quando uma personagem criava uma relação de interação direta com uma classe contrária, existia um certo estranhamento e a seletividade de pessoas se reforçava ainda mais. Essa separação acontece por uma dominação de uma classe a outra e causa um enfraquecimento das relações humanas: antidemocracia instalada! As pessoas são protagonistas no espaço urbano democrático e a prioridade de acesso, uso e ocupação deste espaço é essencial para integrá-las à paisagem desconhecida e ignorada até então.
A relação de percepção se iguala no filme O Poço (The Platform, 2020, Direção: Galder Gaztelu-Urrutia), a relação de sociedade se destrincha detalhando de forma prática com o abismo social das classes onde, quem está privilegiado aproveita de sua condição de ter e não se preocupa com a situação alheia em um nível abaixo. A relação de níveis diversos separa as pessoas por privilégios e a comida servida à mesa é preparada com total capricho para todos, mas as próprias pessoas designam como será distribuída. Se houvesse uma equiparação e todos comessem exatamente o que lhes foi perguntado anteriormente como seu prato favorito, teria comida para todos; mas, se houvesse ruptura desse bom senso, sempre teria alguém que passaria fome por excesso de uns mais privilegiados e melhor colocados nessa escala de níveis. O espaço urbano capitalista representa o poço e as pessoas nos diferentes níveis são a simbologia das divisões de classes, que ainda causam cisões comportamentais e afetam diretamente quem tem menos. A desigualdade ainda é o maior dos hiatos sociais que precisa ser discutido pela humanidade e resolvido com a reestruturação da cidade para uma vida igualitária. Com a modernização contemporânea, todos os lugares se globalizam. Em alguns lugares mais densos, que geralmente coincidem com as metrópoles, há muitos vetores: desde os que diretamente representam as lógicas predominantes, até os que a elas se opõem.
São vetores de todas as ordens, buscando finalidades diversas, às vezes externas, mas entrelaçadas pelo espaço comum. Por isso a cidade grande é um enorme espaço banal, o mais significativo dos lugares. Todos os capitais, todos os trabalhos, todas as técnicas e formas de organização podem aí se instalar, conviver, prosperar. Nos tempos de hoje, a cidade grande é o espaço onde os fracos podem subsistir (SANTOS, 2006)
A cidade sempre foi vista nos países subdesenvolvidos como o lugar que se concentram as riquezas e hoje, o campo tem trazido uma força econômica para o país que desmente a concentração de capital em grandes metrópoles. Segundo Milton
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Santos (2006), graças à sua configuração geográfica, o núcleo urbano, sobretudo os maiores, aparece como diversidade socioespacial a comparar vantajosamente com a biodiversidade hoje tão prezada pelo movimento ecológico. Palco da atividade de todos os capitais e de todos os trabalhos ela pode atrair e acolher as multidões de pobres expulsos do campo e das cidades médias pela modernização da agricultura e dos serviços. A presença da classe mais baixa aumenta e enriquece a diversidade urbana e, com isso se ampliam a necessidade e as formas da divisão do trabalho, como as possibilidades e as vias da interação. É por aí que a cidade encontra o seu caminho para o futuro. Nos filmes citados, a divisão é fortemente marcada e em vários momentos as pessoas se distanciam por uma escala; os níveis são claramente diferentes e a mudança disso seria uma visão coletiva de mudança de hábitos. Os pobres foram para as metrópoles em busca de oportunidades de empregos que lhes sugam cada vez mais tempo e os ricos se afastam das cidades para cada vez trabalhar menos e com maior qualidade de vida. Não existe a possibilidade de globalização do espaço por não ter um governo mundial que controle todas as áreas urbanas ou não; o espaço não tem uma regulação global, mas tem uma linguagem universal de diretrizes que se completam e que, mesmo longe, tem relações próximas. O Parasita e O Poço, respectivamente, Coréia do Sul e Espanha, promovem uma reflexão universal dessa divergência de classes. Mas, enquanto no “mundo” só o que cogita é o global, nos territórios nacionais, tudo conta. As empresas e sociedades de economia se moldam as regulações para a
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concorrência de mercado e criam conflitos entre si para a sobrevivência no capitalismo. Convivência passa a ser necessária e o conflito social é inevitável. Quanto mais desigual a sociedade e a economia, maior o conflito. É o caso dos países subdesenvolvidos, sobretudo em suas grandes cidades. Mas em todos os casos há conflitos buscando regulação, isto é, produção de normas. As normas tendem a ser parecidas e mal distribuídas para vários segmentos e tamanhos diversos de empresas. Elas regulam aquilo que representam suas necessidades e estabelecem suas regras que vigoram dentro e fora da empresa. Mas o fato é que essas normas acabam indispensáveis ao processo produtivo para a equiparação destas empresas no meio da concorrência de mercado. Muitos desses conflitos passam da ordem privada para a ordem pública, como é o exemplo do próprio uso do espaço: as empresas maiores acabam consumindo as menores. O uso do espaço cada vez mais privatizado reforça as que tem o maior poder de compra e enfraquece as mais dependentes, criando interferências no crescimento de pequenas empresas e reforçando as que estão sugando o mercado. A partir dessa discussão, as normas podem desigualar ainda mais a sociedade e fazer o número de empreendimentos pessoais diminuírem, por exigir normas que machucam pequenos e pouco interferem nos grandes. A “uberização” da família mais pobre, citada pela análise do filme Parasita, é a alternativa possível de criação de renda que foi encontrada. A utilização de novas tecnologias para um alternativo emprego é a chance de uma recolocação no mercado
o hiato sígnico
III. hiato social
com um sistema de independência direta dele mesmo. Ser motorista ou entregador de produtos de aplicativo podem ganhar outros mercados, mas são atrapalhados com normas de regulação que tentam equiparar o que não pode ser equiparável. A alternativa de igualar a sociedade fracassa quando há deslealdade na briga do mercado. Uma empresa consolidada sempre tem clientes e se blinda a possíveis crises econômicas externas: já as menores são as primeiras a entrar em falência, como na relação atual de pandemia que vivemos. A relação do uso do solo, explicado nesse capitulo, com as análises críticas dos filmes, é um sistema, ainda, desleal e antiquado o qual revela o poderio do mercado pelo seu direcionamento prioritário a quem já possui. Quem está em baixo dificilmente conseguirá chegar em cima, a menos que consiga furar o sistema capitalista e transitar em meio os níveis, tentando distribuir o poder com maior igualdade. A contextualização explicada até aqui, traz uma reflexão próxima em uma relação de mercantilização da mata nativa da pedreira para o loteamento lançado a pouco tempo e que, por conta da área preservada no meio da cidade de São Joaquim da Barra, usufrui da sua existência para valorizar e consequentemente vender mais lotes e com maior preço. O valor da pessoa não é competitivo com o valor da terra: mesmo em uma cidade de pequeno porte a mercantilização do natural é existente e a pessoa se torna segundo plano em um projeto urbano.
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I. contexto
Em um breve contexto histórico, a antiga gleba onde se fundou a cidade - Fazenda São Joaquim, deu origem ao nome atual do município. O Distrito de Paz de São Joaquim foi criado em 1902, no Município de Nuporanga, que em 1909, passou a denominar-se Orlândia. Em 1944, por força de Lei Federal, que não permitia a existência de localidades com o mesmo nome, passou a se chamar São Joaquim da Barra, aposto originado do córrego mais importante do Município, córrego da Barra, afluente do Rio Sapucaí. O município surgiu no início do século XIX, devido ao êxodo dos moradores do sul da província de Minas Gerais, atraídos pela riqueza da terra, pelo clima agradável e boas aguadas. Nascia o povoado de São Joaquim quase 100 anos depois disto, em 1898. [...]Os primeiros moradores e fundadores espalhados e isolados pelas beiras de córregos e riachos, sentiram a necessidade de maior convívio social e organizaram uma comissão para obter fundos e adquirir algumas terras que constituíssem patrimônio de uma povoação. José Esteves de Lima arrematou em leilão público, na comarca de Nuporanga, em 21 de janeiro de 1895, uma área situada na fazenda “São Joaquim”. Juntamente com eles veio Manuel Damásio Ribeiro, primeiro a estabelecer uma casa de comercio na região, denominada por ele como “Casa Damásio”, na estrada que ligava Batatais e Nuporanga a Ipuã. Francisco Garcia Borges, um dos fundadores, foi um grande cafeicultor, criador de gado e capitalista (Wikipédia, 2019).
Em 1979 a estação ferroviária foi desativada e substituída por outra afastada da cidade, os trilhos que passavam ao centro da cidade foram retirados e deram espaço ao que hoje é a Av. Orestes Quércia. Regionalmente falando, a cidade de São Joaquim da Barra fica no interior do estado de São Paulo, às margens da Rodovia Anhanguera e entre uma tríade de cidades que a abastecem: Ribeirão Preto, Franca e Barretos. Com cerca de 50 mil habitantes, hoje se torna uma pequena cidade com uma economia forte na Cana de Açúcar, mas que nasceu com o Café e Soja, como principais cereais e grãos.
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II. análise urbana
Localizada no meio do perímetro urbano, a pedreira Mattaraia, área de estudo deste trabalho, acompanhou o crescimento econômico do município, em auxílio para a construção civil e encerrou suas atividades entre 1985 e 1990. Até então, a pedreira se encontrava fora do perímetro urbano, mas com o crescimento da cidade ela foi incorporada pelo tecido urbano, no entanto sem passar por nenhuma alteração. Os loteamentos de interesse social da cidade passaram a ser implantados para além da pedreira, o que a tornou um grande vazio, sem função social. Após causar riscos à população com explosões e pedras sendo lançadas perto da cidade, a pedreira foi desativada e permaneceu inerte, a espera de valoração, que ocorreu, já que a infraestrutura foi levada aos bairros ao seu redor.
MAPA 02
Mapa de distribuição de renda média familiar baseado em valores do salário mínimo.
Para que seja possível a elaboração de um diagnóstico da área de estudo, que aponte as suas fragilidades e potencialidades, foi necessária a elaboração de levantamentos morfológicos para uma análise da área no contexto da cidade:
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II. análise urbana
A evolução urbana (mapa 3) de São Joaquim da Barra se dá pelo desenvolvimento econômico na produção de cana de açúcar e soja; o extrativismo mineral das pedras na pedreira Mattaraia foi um forte auxílio para a construção civil da cidade e da região. Com 121 anos, ela se formou a partir do centro para a periferia, porém com um crescimento maior da zona sul e uma leve alavancada da zona leste posteriormente. As áreas mais antigas do município se encontram nas partes centrais, com a praça 7 de Setembro e a antiga estação ferroviária, que posteriormente seria o terminal de transporte coletivo e, hoje, abriga a Biblioteca Municipal Estação do Saber. A grelha das regiões centrais foram se expandindo nos bairros da Baixada e Lapa, onde mantiveram a forma quadrada das quadras. As vilas começaram a nascer e integrá-la: Vila Virgínia, Vila Deieno, Vila Bela Vista, Vila Martus, Vila Miguel Mauad, Vila Armazéns Gerais, Vila Conceição, Vila Sônia e Vila Damásio; todas elas com características residenciais, mas com possibilidade de criação dos armazéns e bares, tão comuns nos anos 80.
MAPA 03
Mapa de evolução urbana baseado nas divisões por bairros
A expansão começou expor uma necessidade de grandes espaços residenciais e ocasionou o lançamento de alguns bairros como: Residencial Espigão, Jardim Bela Vista, Jardim Paulista, Jardim América, Jardim Paraíso, Jardim Liliane, todos por volta do final dos anos 80 e meados dos anos 90. E a partir do ano de 1980, nascia o primeiro bairro integralmente de interesse social Pedro Chediack, implantado pela Cohab, que para a época, tinha uma distância considerável do centro e que se isolava após o Córrego da Olaria.
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II. análise urbana
A partir daí, a cidade cresceu bastante e, em 15 anos, ganhou novos bairros de habitação social, que foram implantados com certa proximidade e envolvendo o vazio urbano da pedreira: Cohab João Mattaraia, Cohab Júlio de Lollo, Cohab João Paulo, Paulo Leonello. A maior parte residencial se localizava nos arredores de um grande vazio e pouco se desenvolvia. Já existia uma distância dos pontos de interesse da cidade. Ali se constituía uma forte fronteira com a parte baixa da cidade, que se transformou em um ponto estritamente residencial, mas com um desenvolvimento próprio de comércios locais, supermercados, lojas de roupas, farmácias, espaços de convivências. As hierarquias viárias no mapa 4 exemplificam a forma como a cidade se desenvolveu em seus eixos viários e funcionais a partir do avanço pelas avenidas e ruas principais. Desenvolveu-se como normalmente acontece em uma cidade pequena, mas de maneira precipitada e desorganizada, em relação ao crescimento que aconteceu após os anos 80. A maior vantagem de integração com a região é a ligação direta da cidade com a principal via do nordeste paulista, a rodovia Anhanguera. A sua passagem acelerou o crescimento e se performou para o desenho da entrada principal, com um grande trevo, mas que termina abruptamente em um pequeno cruzamento de rua local: ocasiona em vias com bastante veículos entrando na cidade e causando desconforto no escoar no trânsito de via coletora em uma via local.
MAPA 04
Mapa de hierarquia e diretrizes viárias do município.
A principal via de acesso é a avenida Orestes Quércia que corta todo o perímetro urbano, em decorrência de ser uma antiga
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II. análise urbana
ferrovia e liga grande parte dos bairros de interesse social ao centro comercial. A hidrografia acontece distintamente das principais avenidas, onde não são desenhadas em função dos rios e córregos; algo que representa uma baixa canalização de córregos e forneça a cidade baixa probabilidade de enchentes e alagamentos, mesmo entendendo que sua grande densidade, na parte central da cidade, cause pequenos alagamentos pontuais em áreas mais baixas. As vias coletoras são representadas como ruas e avenidas que tem um fluxo considerável e são responsáveis por distribuir os veículos na cidade de forma homogênea. Elas acontecem de forma difusa, com incidência de prestações de serviços e comércios, que produzem eixos comerciais em bairros, atendendo as necessidades cotidianas dos moradores, aliviando a áreas centrais. O sistema viário, muitas vezes, acompanha a topografia (mapa 5) e delineia as avenidas nos fundos de vale: em São Joaquim os fundos de vale são mantidos intactos e suas curvas de níveis apontam um grande declive, indo para as regiões mais pobres da cidade; inclusive onde se encontra a pedreira. O ponto mais alto da cidade é uma área próxima a mata presente na área de estudos e em um bairro de interesse social, possibilitando uma visão em perspectiva do restante da cidade.
MAPA 05
Mapa de topografia em curvas de 20 em 20 metros
O vazio urbano, representado pela pedreira e pelo loteamento Parque da Barra, ainda em implantação, não passa despercebido pela sua grande dimensão em meio ao tecido urbano e por interromper a urbanização. A cidade abraçou o vazio e coordenou uma sincronia de nascimento de novos bairros na zona sul, aproximando as áreas residenciais e as agrupando.
A regularidade das quadras se quebra na continuidade da avenida Orestes Quércia, que passa em desequilíbrio por conta da antiga ferrovia que cortava a cidade. Nas áreas menos adensadas, localizadas nas periferias, acontece um fenômeno característico das grandes cidades: a classe média e alta começa a sair do centro da cidade e migra para áreas mais reservadas, ligadas por grandes avenidas preparadas, exclusivamente, para automóveis. O único loteamento fechado da cidade se localiza no extremo norte do município e tem uma separação explicita do contexto urbano. Lá, a segurança é ultra valorizada e essa divisão define quem são a classe média/ alta da cidade e o restante e a segregação acontece pelos muros e pela distância. A cidade como um todo possui um desenho característico de bumerangue, que se forma em função dos córregos Olaria (a esquerda) e São Joaquim ( a direita), onde se encontram no extremo norte da cidade; ali, acontece um limite natural que não foi explorado com o decorrer do tempo e transforma a zona norte com uma possível desvalorização futuramente. Tirando os fundos de vale e as áreas de preservação permanente, a cidade tem um déficit de áreas de lazer de grande porte, e os existentes são localizados em espaços afastados, regionalizando demais e propiciando usos bastante limitados. O mapa de ocupação do solo define bem o desenho mais heterogêneo, sempre com uma distribuição fraca e as edificações bastante condensadas. Com essa ocupação, São Joaquim da Barra se mostra uma cidade com um certo potencial de alagamentos pontuais; as partes da cidade com maior densidade de ocupação têm leves alagamentos por sua topografia e pelo sufocamento dos córregos pelos bairros,
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embora minimize esses efeitos por não ter retificado esses córregos e rios. O vazio da pedreira tem grande impacto visual por desenhar um espaço em desuso, mas segue a tendência de grande impermeabilização do solo, já que o loteamento previsto é bastante condensado e residencial. No mapa 6 é possível apreender o uso d solo em São Joaquim da Barra, visto pela predominância nas quadras, com uma clara hegemonia de residências na zona sul e uma forte concentração de comércios e prestadores de serviços no centro da cidade; local onde tem uma forte densidade e aglomeração de pessoas. Em uma análise dos bairros estritamente residenciais se têm uma quantidade maior de praças e espaços verdes. As áreas institucionais são bem distribuídas em função da Lei Municipal de parcelamento, uso e ocupação do solo, que obriga a doação dessas áreas para o município para a construção de escolas, UBSs e centros culturais.
MAPA 06
Mapa de uso do solo em São Joaquim da Barra
As áreas que margeiam a Rodovia Anhanguera têm a concentração de espaços industriais, contando com o Distrito Industrial instalado após a rodovia. As áreas sem uso são presentes em pequenos vazios urbanos e na área de loteamento do Parque da Barra e do Residencial São Jorge, que são os mais novos do município.
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LINHA 1 - AZUL LINHA 2 - VERDE LINHA 3 - VERMELHA LINHA 4 - AMARELA TERMINAL CENTRAL
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II. análise urbana
No mapa 7, o transporte público conta com uma boa distribuição pelos bairros mais carentes até os pontos principais da cidade, dando acesso, especialmente ao comércio e a prestação de serviços. Sua distribuição segue um padrão de zonas, sendo a zona Sul alcançada por três linhas, já que a maior parte da população usuária do transporte coletivo se concentra ali. O terminal de ônibus se localiza perto daraça central, na zona norte e ali, as linhas são iniciadas e encerradas: A linha azul se concentra em pontos na zona leste, que tem mais bairros novos e distantes. A linha amarela supre os bairros mais perto do centro, na zona norte, e auxilia nos bairros com maior densidade de habitações de interesse social. As linhas vermelha e verde correm nas laterais do vazio urbano, a área de estudo e se encontram em um dos pontos mais altos da cidade, demonstrando a amplitude dos caminhos necessários para chegar nas áreas mais distantes do centro.
MAPA 07
Mapa de transporte público
O terminal de ônibus se localiza perto da praça central, na zona norte e ali, as linhas são iniciadas e encerradas: A linha azul se concentra em pontos na zona leste, que tem mais bairros novos e distantes. A linha amarela supre os bairros mais perto do centro, na zona norte, e auxilia nos bairros com maior densidade de habitações de interesse social. As linhas vermelha e verde correm nas laterais do vazio urbano, a área de estudo e se encontram em um dos pontos mais altos da cidade, demonstrando a amplitude dos caminhos necessários para chegar nas áreas mais distantes do centro.
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II. análise urbana
A divisão de equipamentos urbanos (mapa 8) no município tem uma ordem de hierarquia: os equipamentos principais se concentram no centro, como é o exemplo do sistema de saúde. O hospital principal e a UPA estão em pontos estratégicos para o recebimento de pacientes de diferentes locais da cidade; mas como apoio as UBSs estão democraticamente distribuídas em outros nove bairros na periferia. As escolas primárias municipais têm uma distância mínima para uma melhor apropriação da cidade e as demais, estaduais, acompanham uma boa distribuição nos bairros mais populosos. Biblioteca, Teatro, Paço Municipal, Parques e Clubes seguem uma concentração maior no centro e trazem um maior trânsito em áreas próximas desses equipamentos
MAPA 08
Equipamentos públicos distribuídos na cidade
Conforme as análises dos mapas anteriores, a cidade apresenta uma dinâmica desenvolvida muito pela evolução urbana no sentido sul e pela topografia, que desenhou o crescimento para longe de áreas de preservação permanente. A permanência da pedreira induziu a criação do vazio urbano e nesse, foi constituído um espaço de mata nativa, que permaneceu intocada e outro espaço que sofreu alterações em seu terreno, por conta da atividade extrativista.
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II. análise urbana
Eles permanecem em níveis diversos e transformam o espaço com pontos de vista que possibilitam formas diferentes de interação com a área como apresentado no mapa síntese a seguir (mapa 9): O mapa síntese sugere um projeto de integração do vazio com a cidade, em um sistema de passagem/permanência por dentre os diferentes níveis da cava da pedreira. O loteamento previsto à oeste já interfere diretamente na área levando mais pessoas a uma interação próxima a mata ali presente; e a avenida a ser implantada promove uma divisão de espaço demarcada, impedindo a penetração das pessoas em contato direto com a natureza. A implantação do desenho da cidade no vazio é uma forma de trabalhar uma desmistificação de um espaço isolado, mas o levando a ser parte da cidade e pertencente aos usuários. De acordo com os levantamentos e as análises, a pedreira tem potencialidades como sua localização; a topografia e a parte da mata nativa preservada.
MAPA 09
Mapa síntese
A localização tem uma influência fundamental para um projeto de integração da cidade, ligando os bairros com mais pessoas e o centro com mais comércios e serviços. O vazio se localiza em meio aos maiores bairros residenciais e pode oferecer suporte para o sistema urbano. A topografia do vazio apresenta um dos pontos mais altos da cidade, com um potencial de uso pelos pontos de vista privilegiados. A mata nativa condiciona a preservação, fortalecendo sua permanência e valorando a massa verde presente ao redor da cava da pedreira. As fragilidades presentes no vazio se referem a sua divisão física, com parte dos bairros do entorno, promovida pela Avenida Orestes Quércia, que é especialmente
desenhada para os carros e uma ciclofaixa aberta apenas aos domingos. Essa barreira traz uma dificuldade de integração com os bairros ao sul e, além disso, o distanciamento aumenta pela presença do loteamento do Parque da Barra com lotes maciçamente residenciais e com maior aproveitamento com quadras retangulares. A permeabilidade de uma grande parte da área é ameaçada com o parcelamento do solo, mas inferem diretamente na parte econômica para a construtora. Outra fragilidade, a partir de uma análise mais técnica da interferência pelo corte das pedras da cava, é a existência de um acúmulo grande de água em alguns lugares em função de sua característica plana e de um solo rochoso, sem permeabilidade. Em alguns pontos dos diversos níveis existentes na área, não há acesso o que dificulta o estudo, mas indica um espaço que potencialmente pode ser ocupado posteriormente. Atualmente, a área não tem nenhuma interação humana e oferece riscos, com o uso sem um projeto que forneça segurança e uma presença controlada dos usuários, mas tem uma forte característica de permanência e contemplação por sua beleza natural.
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I. abstração
As leituras projetuais escolhidas são projetos que desempenham papéis diversos e com programas de necessidades que acompanham suas temáticas: o novo MAM é uma intervenção direta no Parque Ibirapuera como um museu que contempla o interno de sua própria estrutura e o externo do ambiente do parque; o museu do Chocolate segue um programa de necessidade no trajeto, o caminho tem sua função e determina o uso e a ocupação do museu que atravessa a fábrica da Nestlé e a ocupação conexidade é um projeto de arquitetura efêmera que monta uma estrutura de um evento com peças modulares e montáveis conforme a necessidade, extinguindo bastante os resíduos.
ABSTRAÇÃO O Projeto do Novo MAM no Parque Ibirapuera traz uma linguagem simples, minimalista e objetiva traçando um caminho em forma quadrada em planta. O caminho tem o programa e induz a pessoa a percorrer a estrutura acompanhando o projeto do parque e de suas estruturas: ele possui um absoluto desenho geométrico aliado a grande versatilidade ao contexto que está inserido. A ideia inicial do projeto na pedreira é trabalhar uma estrutura que apareça e desenvolva um programa que se alinhe ao caminho aliado à leitura, à contemplação e ao uso livre para expressões culturais.
O projeto do SPBR demonstra uma linguagem tecnológica que será usado para o desenho da estrutura de passagem na pedreira; e usando de materiais que possam ser encaixados e montados conforme as necessidades. A abstração trazida pelo projeto fornece os elementos que projeto para a ocupação do vazio, transformando o espaço em lugar e o revitalizando perante o urbano.
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II. sinalização e ligação
SINALIZAÇÃO E LIGAÇÃO O que busco no meu projeto de intervenção relacionado à leitura projetual do Museu do Chocolate seria a ocupação do espaço e o uso da passagem como programa e não só como espaço obrigatório de ir de um lugar a outro. O seu aspecto diverso de cor que modifica o ambiente e o marca mostrando sua força de um elemento metálico e de vidro avermelhado.
Com o exterior generalizado, o seu interno pode ser modificado e usado com várias intenções diferentes, expandindo o programa e fornecendo aos usuários a possibilidade de criar ou modificar o espaço. A sinalização e ligação do projeto são seus principais elementos mostrando o percurso e conectando os espaços e pessoas.
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II. ação e ocupação
AÇÃO E OCUPAÇÃO O terceiro projeto é a ocupação conexidade: ela traz uma forte referência a uma construção temporária que produz o evento. Uma arquitetura efêmera que altera o espaço e posteriormente se desmonta em peças. A modulação é uma das premissas do projeto de intervenção da pedreira e me move a trabalhar mais com o funcionamento de sistemas de encaixes e de montagem: a reversibilidade é traduzida pelo sistema leve e móvel, mesmo que não seja efêmero de fato. A ocupação do espaço vazio é um motivacional para a elaboração do partido que remeta a uma arquitetura que seja modular, em peças que fujam da hipertelia, mas que criem espaços comuns e moldáveis em diferentes tempos, promovendo a ação das pessoas.
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a ativação O programa de necessidades proposto é baseado em análises das características naturais da cidade em seu contexto de coexistência, laboração, reduto, partilha, inércia, produção e acesso. Cada uma dessas palavras exprimem situações cotidianas diversas que acontecem no encontro das pessoas em sua relação pessoal com a cidade e revelam usos que pretendo explorar, sugerindo os espaços sem determinações físicas, mas com o usufruto de mobiliários que criem o programa por associação dos espaços. Os verbos da segunda coluna sugerem os usos dos espaços performados nos usuários de fato: o CONVIVER propõe a coexistência das pessoas, o EXERCITAR instiga a laboração e assim por diante. E assim como propostos os verbos; em uma escala menor temos algumas outras ações como conversar e se expressar, mostrando uma certa infinitude em usos no espaço projetado. Os projetos de referências influenciaram na escolha do programa por analisarem os possíveis usos como no Novo MAM, que pressupõe um espaço aberto que consiste em um museu interno e externo ao mesmo tempo. Sua proposta inclui o espaço de expectar e conviver em uma situação indireta com o espaço externo. O museu do Chocolate estuda uma maneira de interferência do espaço existente sem alterá-lo com uma espécie de área de circulação que tem um programa diferente do existente; o que aproxima da análise da pedreira, já que sua função original não existe mais e a interferência proposta cria um novo programa. A ocupação conexidade fornece o evento como característica e propõe um programa livre e de momento onde o compartilhar, comunicar, abrigar e conviver são primordiais no espaço.
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a apropriação do lugar
I. os signos urbanos
Signo é algo que representa alguma coisa para alguém em determinado contexto. Portanto, é próprio à constituição do signo o seu caráter de representação, de estar em lugar de algo e de não ser o próprio algo. O signo tem o papel de mediador entre algo ausente que é “visto” e um intérprete presente que o vê. O Interpretador de um espaço ou produto não é só o indivíduo único. Ele é multiplicável em vários sujeitos, usuários, consumidores ou não, meros espectadores de uma ocorrência. A mensagem percorre, por diferentes canais, caminhos até chegar ao seu público-alvo, mas não se restringe a esse.[...]Portanto, o produtor do espaço deve conhecer as intenções, metas, exigências e limitações do seu cliente e se preocupar com as características geográficas, temporais e socioeconômicas não só do usuário visado, mas até mesmo da comunidade em geral, e daqueles que dificilmente se aproximarão de fato ao produto. (NIEMEYER, 2003)
O produtor do espaço e o interpretador são os interlocutores do processo de comunicação. São elementos ativos no envio e recebimento da mensagem, num processo de alternância de posições, com sua reação, o interpretador, ou o usuário passa a produzir mensagens, que por sua vez são processadas (ou não) pelo produtor do espaço. A mensagem tem como objetivos, em primeiro lugar, fazer crer e, em segundo, levar as pessoas que o usam a fazer algo, tomar uma decisão. O repertório das pessoas é um recorte do acervo que cada indivíduo constrói no decorrer da sua vida e são eles todos os valores, conhecimentos históricos, afetivos, culturais, religiosos, profissionais e experiências vividas que carregam consigo. A mensagem do produtor do espaço é composta por um conjunto de signos, perceptíveis ao receptor e o produtor é responsável pela escolha das estratégias (mensagem) para se comunicar, mas o repertório do Interpretador será o fator determinante para que os objetivos do processo de comunicação sejam atingidos. Portanto, é necessário que o produtor do espaço elabore a sua mensagem de modo que os elementos, ao passarem por um processo perceptivo do Interpretador, tenham uma repercussão consistente. Quanto mais o arquiteto tem conhecimentos do repertório do interpretador (e os aplica) maior será a possibilidade de êxito de seu propósito comunicacional.
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A paisagem é uma composição de signos, não tendo, necessariamente, natureza de linguagens estabelecidas, pois essas podem ser resultantes, por exemplo, da ação e reação (provocada em um movimento), da emoção (sentimento de prazer de estar em algum lugar) ou da imaginação (um pensamento ilimitado decorrente das mais variadas sensações).(MAZIERO, 2013)
As linguagens da paisagem relacionam condicionantes sensoriais, culturais e temporais, que se interpõem na relação do observador e realidade observada, sendo assimiladas nas interações com o meio. Pela teoria semiótica de Peirce (1999), os signos apresentam-se em três tipos: ícone, índice e símbolo. Diz-se ÍCONE àquilo que é primeiro e original, ou seja, é obtido a partir da percepção imediata e livre, proporcionando sentimento de qualidade desde o começo da assimilação. Nesse caso, os componentes do meio são livres de qualquer significação. Assim, no nível de primeiridade, têm-se as qualidades perceptíveis que provocam sensações no indivíduo, abrangendo tanto a percepção visual quanto as demais. Esses significados vêm do sentimento imediato e presente nas feições representadas, livre de outras interpretações e constituem qualidades abstratas gerando sentimentos do processo de pensamento do receptor: leveza, fragilidade, pureza e força, oriundas da composição da forma, cores, linhas, volumes, dimensão, textura, luminosidade, dentre outras. A pedreira representaria um sentimento relacionado na dimensão das formas como peso, volume, cheio e vazio; e com essas relações provocadas no pensamento, os signos passam a manifestar sua funcionalidade e intenção, proporcionando entendimento sob uma relação direta da composição formal com seu objeto. Nesse segundo nível, os ÍNDICES demonstram ação e reação dos fatos concretos existentes e reais. Esses podem ser vistos na dimensão estrutural das cidades, como, por exemplo, no sistema viário formado por eixos e malhas, indicando sua função e intenção de transporte, o vazio
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a apropriação do lugar
I. os signos urbanos
urbano representa a intenção do espaço de pedras retiradas para a trituração e preparação destas para a construção civil. No nível da secundidade (PEIRCE, 1999) encontram-se traços, rastros ou indícios que denunciam a intenção, indicando a existência real, formados por signos entendidos na composição, forma, tamanhos ou matéria, vistos em função da manipulação ou uso. Esse é o nível da semântica (sentido), em que coexistem as relações entre o significado dos signos e o contexto ao qual pertencem, indicando sua origem, hábito de uso ou usuário a que se destinam. Enfim, na função simbólica (SÍMBOLO), tem-se na paisagem urbana um entendimento convencionado pela comunidade ocupante, formando uma imagem coletiva de algo que não é perceptível pelos sentidos. Na pedreira, o hiato como palavra revela a simbologia do vazio como uma interrupção do espaço físico e psicossocial, uma fronteira que interfere na vida urbana e distancia o encontro, mas, em contrapartida, tornase a única maneira de sobrevivência do hiato pela impossibilidade de fatiar e não o conseguir transformá-lo em lotes. O lugar é construído pelo extrativismo, reincorporado pelo mercado e explorado novamente; antes explorado fisicamente pela pedra, mas agora pela sua imagem, já que também impulsiona a um novo encontro. O uso dos signos arquitetônicos nem sempre leva o usuário a uma compreensão imediata de seu simbolismo, pois esses dependem da interpretação do usuário das mensagens projetuais atribuídas pelo arquiteto. Logo, no nível da terceiridade, está o poder do signo de representação em força com o próprio objeto, levando ou não à consolidação de um entendimento coletivo. O simbolismo tem um ponto de vista sociológico na paisagem, como na
definição de quem usa um lugar ou em que situação é utilizado. A análise pelos signos constitui um referencial para a significação da paisagem e identifica como eles produzem significados a partir de representações físicas ou mentais. Sua relação triádica é constituída do signo, a coisa significada e o entendimento produzido na mente da pessoa, e no ambiente urbano, os signos substituem seus objetos na composição formal e estrutural, ou ainda como marcos referenciais e temporais. A pedra se torna o objeto retirado, o espaço da cava se torna o vazio irrecuperável e a pedreira como um todo constitui-se o hiato urbano, a quebra do convívio humano e ao mesmo tempo, a potencialização do novo lugar promovido pelo espaço silenciado da cidade. O conceito que uso no projeto, referenciando os signos, é a requalificação do vazio que foi reproduzido na pedreira, através de um projeto que promova o encontro e reconfigure a lacuna desenhada pelo lugar: o cânion projetado pela paisagem será preenchido por cheios e vazios que desenharão o espaço.
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a apropriação do lugar
II. o hiato
O vazio predominante constitui a maior parte da faixa e as laterais representam o patrimônio existente e o futuro projeto. A topografia da área de estudo expressa a interrupção do e um desenho feito com a interferência humana, restringindo a área verde existente ao redor da cava da pedreira. Os grandes vazios dessa área são espaços com força conceitual e um desenho que remete ao partido de hiato, ou seja, de um intervalo urbano. As curvas de níveis são representadas com a topografia real da pedreira e criam um espaço deixado pelas pedras retiradas do local.
FIGURA 07
Faixa conceitual de expressão gráfica
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O fato da maquete ser baseada em um dicionário faz com que o signo da palavra importe; a palavra HIATO, como palavra chave do projeto é associada na gramática da língua portuguesa para algumas divisões silábicas de palavras. Mas, figurativamente falando, o hiato também pode representar uma lacuna, uma interrupção no espaço e esse é o significado proposto no projeto. A ideia é transformar a topografia como um vazio, como uma retirada de elementos dentro de outro. O livro (um antigo dicionário) representa o cheio do ambiente natural, o espaço intocado, as folhas representam as camadas do tempo e as pedras retiradas do solo da pedreira, representando a interferência humana. A topografia do espaço só é representada pelo que foi retirado da área, uma simulação do desenho existente. O material que representará a intervenção e a estratégia de ressignificação será um elemento vermelho que é a representação de um elemento contrastante com o antigo, ou seja, o patrimônio do livro, na metáfora, e da pedreira, na vida real. A palavra HIATO será representada na própria menção do dicionário sendo feito um buraco até que ele apareça por cima, sendo identificada com uma caneta marca texto, mostrando que o hiato existe desde a concepção do espaço e foi destacada dentro do livro que o contém.
FIGURA 07 e 08 Maquete conceitual
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O conceito do projeto terá uma forte característica de reversibilidade, uma estrutura contrastante com o patrimônio paisagístico presente na área. As páginas do livro são invadidas por fitas metálicas que são facilmente retiráveis e, quando retiradas, não tem efeito diverso com a estrutura existente do livro. A cor vermelha e sua marca “Coca-Cola” levemente exposta remete a influência direta da área como um produto do mercado imobiliário em favor do loteamento próximo. As fitas metálicas de lata de refrigerante mostram a ideia de reversibilidade, que podem ser retiradas e alteradas conforme a necessidade e de uma estrutura diversa da paisagem natural existente; sua montagem será feita dentro do livro passando pelo vazio. A escala da área tem uma dimensão grande e as escalas humanas são representadas pelas próprias letras do livro, algumas exemplificadas colocadas em pé e outras simplesmente acomodadas nos próprios textos do dicionário. O vazio se revela e o hiato é uma relação de escala direta com as pessoas; o contraste se configura também na estrutura proposta que tem reversibilidade e reflete a tecnologia para uma construção de espaço compartilhado e com menos interferência possível na paisagem urbana, preservando o patrimônio criado no vazio urbano. Por fim, o conceito é definido pela forma de como integrar as pessoas na cidade através da democratização e a exclusão de uma área sem função social; usar o espaço de circulação da cidade em conjunto com o espaço a ser produzido para a locomoção e o uso para atividades de leitura, permanência e ócio, estudos, lazer e entretenimento.
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a apropriação do lugar
II. o hiato
A pedreira Mattaraia foi um espaço de extrativismo mineral importante para a economia da cidade, e em um determinado período foi desativada por causa da expansão da cidade, formando o maior vazio urbano do perímetro urbano. Isso propiciou uma especulação imobiliária com o tempo e fomentou a criação de um loteamento em um espaço paralelo a pedreira e a mata nativa ali perto. Analisando as condicionantes do espaço e sua interferência na cidade, procurei trabalhar um estudo preliminar entendendo a função do espaço existente como um patrimônio natural; e o tratando como tal para uma intervenção baseada em uma preexistência arquitetônica usando a mínima intervenção, distinguibilidade, reversibilidade e a compatibilização dos materiais. As formas curvas da topografia formada pelo corte das pedras por explosões propiciaram um espaço disforme e com características individuais perante a área
urbana. O hiato, a interrupção física, é formado pela irregularidade de um espaço desocupado, mas a estratégia é usar a linguagem de signos para entender os significados deste espaço e produzir uma situação de contraste e performance. O contraste se revela na estrutura modular que nasce do solo e fornece uma união de espaços uniformes que se conectam e formam passagens, áreas de convivências e mirantes; sempre descartando grandes estruturas destoantes da paisagem mas promovendo a natureza preservada e os desenhos disformes das pedras esculpidas pelo tempo. O conceito é definido pela forma de como integrar as pessoas na cidade através da democratização e a exclusão de uma área sem função social; usar o espaço de circulação da cidade em conjunto com o espaço a ser produzido para a locomoção e o uso para atividades de leitura, permanência e ócio, estudos, lazer e entretenimento.
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a apropriação do lugar
III. o projeto
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a apropriação do lugar
III. o projeto
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programa
a apropriação do lugar
III. o projeto
5
25
50
100
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estudo solar
a apropriação do lugar
III. o projeto
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estudo solar
a apropriação do lugar
III. o projeto
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programa
a apropriação do lugar
III. o projeto
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axonométrica
a apropriação do lugar
III. o projeto
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implantação estudo preliminar
a apropriação do lugar
III. o projeto
5
25
50
100
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CORTE 1
CORTE 2
CORTE 3
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cortes estudo preliminar
a apropriação do lugar
III. o projeto
1
5
10
20
50
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implantação anteprojeto
a apropriação do lugar
III. o projeto
CORTE 2
CORTE 1
5
25
50
100
95
CORTE 1
CORTE 2
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cortes anteprojeto
a apropriação do lugar
III. o projeto
1
5
10
20
50
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98 98
perspectiva anteprojeto
a apropriação do lugar
III. o projeto
99 99
100
implantação bloco 01
a apropriação do lugar
III. o projeto
1
5
10
20
101
102
cortes bloco 01
a apropriação do lugar
III. o projeto
1
5
10
20
103
104
perspectiva bloco 01
a apropriação do lugar
III. o projeto
105
106
perspectiva bloco 01
a apropriação do lugar
III. o projeto
107
108
planta baixa bloco 01 - nível 695
a apropriação do lugar
III. o projeto
1
5
10
20
109
110
planta baixa bloco 01 - nível 700
a apropriação do lugar
III. o projeto
1
5
10
20
111
112
planta baixa bloco 01 - nível 705
a apropriação do lugar
III. o projeto
1
5
10
20
113
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planta baixa bloco 01 - nível 710
a apropriação do lugar
III. o projeto
1
5
10
20
115
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planta baixa bloco 01 - nível 715
a apropriação do lugar
III. o projeto
1
5
10
20
117
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implantação bloco 02
a apropriação do lugar
III. o projeto
1
5
10
20
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planta baixa bloco 02 - nĂvel 695
1
120
5
10
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planta baixa bloco 02 - nível 700
a apropriação do lugar
III. o projeto
1
5
10
20
121
planta baixa bloco 02 - nĂvel 705
1
122
5
10
20
planta baixa bloco 02 - nível 710
a apropriação do lugar
III. o projeto
1
5
10
20
123
124
cortes bloco 02
a apropriação do lugar
III. o projeto
1
5
10
20
125
126
perspectiva bloco 02
a apropriação do lugar
III. o projeto
127
128
perspectiva bloco 02
a apropriação do lugar
III. o projeto
129
implantação bloco 03
1
130
5
10
20
implantação bloco 04
a apropriação do lugar
III. o projeto
1
5
10
20
131
132
cortes bloco 03 e 04
a apropriação do lugar
III. o projeto
1
5
10
20
133
134
perspectiva bloco 03
a apropriação do lugar
III. o projeto
135
136
perspectiva bloco 04
a apropriação do lugar
III. o projeto
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implantação bloco 05
1
138
5
10
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implantação bloco 06
a apropriação do lugar
III. o projeto
1
5
10
20
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perspectiva bloco 05
a apropriação do lugar
III. o projeto
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módulos
a apropriação do lugar TElhADO TERMOACÚSTICO
PAINEL DE VIDRO
III. o projeto
PAINEL PERFURADO
BRISE VERTICAL
BRISE HORIZONTAL
MÓDULO METÁLICO PISO DE CONCRETO PRÉ MOLDADO
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