AVESSOS DO CENTRO_PRÉ BANCA by Lucas Lacerda

CONTEÚDO INTRODUÇÃO O CENTRO OS AVESSOS A INTENÇÃO PROJETUAL USOS E DIRETRIZES PROJETUAIS PROPOSTA PARA O BECO DO CINEMA

INTRODUÇÃO

Introdução Este trabalho teve como premissa inicial a busca pelo desenvolvimento de um projeto de espaço público de permanência, com ampla versatilidade e que se voltasse para a melhoria das qualidades da cidade, e do espaço para seus usuários. A intenção seria que o projeto ocorresse em uma área de alta densidade, tanto populacional como por ocupação de edificações, partindo do pressuposto de que esse espaço da cidade concentra uma enorme gama de atividades, pessoas, usos, recursos de mobilidade, heranças históricas da cidade, entre outras diversidades. 01

O CENTRO

O CENTRO Com um olhar voltado para a cidade de Goiânia, uma das áreas que contempla muito dos potenciais citados é o setor Central. É uma área de grande riqueza cultural, com intensa diversidade de atividades como comércios, serviços, edifícios culturais e de lazer, além de habitações, que também atendem uma grande variedade de pessoas que residem no bairro. A herança histórica da região também é um aspecto importante, sendo muito marcada pelo fato do bairro ser o primeiro a ser proposto no projeto da capital, datado da década de 1930. Além da existência de vias e edificações originais da época, na região também estão presentes pessoas e parentes que migraram para Goiânia no período da transferência da capital, e que ainda carregam muito dessa história. No decorrer do tempo, a cidade que a princípio foi projetada para 50.000 habitantes passou a comportar aproximadamente 2 milhões (contabilizando a região metropolitana). Com o crescimento populacional e geográfico, os problemas de várias regiões da cidade também ganharam expoência, incluindo o próprio setor Central, que é um importante eixo nodal da cidade, recebendo milhares de transeuntes diariamente, nos mais diversos modais de transporte, mas muitas vezes não os acomodando demaneira adequada. 02

O CENTRO

Dentre tantas carências de infraestrutura urbana no setor Central, uma das que mais se destaca é a falta de espaços de qualidade destinados à permanência, seja para descanso, lazer, esporte, cultura, e uma variedade enorme de possibilidades que esse tipo de espaço pode proporcionar ao bem-estar de uma cidade e seus usuários. Existe também, de maneira menos eminente, uma má distribuição de espaços destinados à veículos e espaços dedicados à pedestres, principalmente nas maiores avenidas. Ambos espaços estão saturados e mal distribuídos em diversas situações, com veículos estacionados por toda a extensão das calçadas, tornando-as mais sujas, inóspitas e desagradáveis aos usuários. As mesmas calçadas muitas vezes não são adequadamente sombreadas e nem mesmo acessíveis, agravando ainda mais a problemática dos espaços de qualidade na região.

O CENTRO

Entendendo o setor Central como uma área com forte potencial para o desenvolvimento do projeto, também é possível perceber a carência de áreas no bairro com escala apropriada para locação dessa intenção projetual, que até então se comportaria talvez como um parque urbano ou uma grande praça, um respiro para uma área de conflitos caóticos. As poucas áreas e lotes não edificados (em maioria utilizadas como estacionamentos) não possuem, de maneira isolada, escala para promover alguma mudança que atinja esses objetivos. 04

OS AVESSOS

OS AVESSOS Em meio aos levantamentos desenvolvidos na região e buscas por áreas em potencial, um olhar foi voltado para a eminente cena cultural da região, onde acontecem eventos de âmbito musical, artes plásticas, teatrais, dentre outros. Análises como essa despertaram a curiosidade sobre espaços onde esses eventos acontecem, como por exemplo a praça Câmara Filho, também conhecida como Beco da Codorna. O beco possui apenas duas entradas, sendo uma bem estreita, onde pedestres e veículos dividem o acesso pela avenida Anhanguera, e outra apenas para pedestres, por dentro de uma galeria comercial existente no local, que liga a avenida Tocantins ao beco ĠAOO= OA NAOPNEJCA =KO DKN¹NEKO @A BQJ?EKJ=mento da galeria).

OS AVESSOS

Com a carência de uma área capaz de acomodar o projeto de um espaço de permanência destinado à usuários do centro, os becos se destacam como áreas de um forte potencial, ocupando um percentual significativo das quadras onde existem, mas que se tornaram esquecidas pela cidade com o decorrer dos anos. Sob um olhar na escala da cidade ou mesmo do bairro, os becos aparecem em formas de fragmentos de espaço espalhados na região. Juntos, os becos somam uma área que ultrapassa os 15.000m², o que seria equivalente ao Largo da Batata, em São Paulo, ou em um exemplo simplificado, dois campos de futebol, aproximadamente. Desta forma é possível notar a sub-utilização desses espaços e a dimensão que um uso otimizado dos becos poderia trazer à região e seus usuários.

OS AVESSOS

O Beco da Codorna é um ponto conhecido na cidade por seus grafittis e artes urbanas. Nele também existe uma galeria de arte que promove artistas independentes e também realiza eventos culturais no lugar. Apesar do potencial do beco, seu cotidiano é marcado por carros estacionados e pouco movimento de pessoas, tornando-o inóspito, árido, e até desinteressante para quem passa pela região. Assim como o Beco da Codorna, espaços de caráter fisicamente semelhante ocorrem em outras partes internas de quadras por toda a região, totalizando aproximadamente 18 áreas de becos cercados por edificações e com acessos por vias estreitas. No projeto original da cidade, muitos desses becos serviam como um apoio para serviços do comércio, como é o caso dos becos que existem no interior das quadras ao longo da avenida Goiás, com alguns acessos pela própria avenida e também pelas ruas 7 e 8. Com o passar do tempo a função de apoio de serviços aos comércios existentes na região se enfraqueceu, e os becos cederam espaços à estacionamentos cotidianos. O apoio ao comércio passou a ocorrer pela própria avenida Goiás, por ter se tornado cada vez mais cômodo aos comerciantes. Assim, as edificações deram as costas aos becos cada vez mais, vedando aberturas e restringindo acessos até mesmo por questões de segurança. Além dos degradados becos de serviços lindeiros à avenida Goiás, outros becos e vielas que existem no bairro possuem caráter diferentes, como é o caso da praça José Ximenes, que acomoda bares e restaurantes, da rua 4-B, que é conhecida por camelódromos e pequenas lojas de variedades, e das ruas 23-A, 23-B e 24-A, onde predominam residências e prestadores de serviços. Em alguns desses casos as ruas se encontram em condições menos precárias, mas ainda cedendo muito espaço aos carros de usuários da redondeza. 06

A INTENÇÃO PROJETUAL

A INTENÇÃO PROJETUAL A proposta consiste no desenvolvimento de um projeto que resulte em tornar os becos e ruas de serviço do setor Central lugares agradáveis e dignos de uso. Os espaços serão públicos e terão um caráter de permanência, englobando usos voltados ao descanso, lazer, esportes, cultura e etc. A abrangência de todos esses espaços na proposta é importante pois reduz as recorrentes apropriações inadequadas desses lugares. Além disso, caracterizar e manter esses espaços com atrativos voltados ao usuário do bairro é um ponto positivo para toda a região.

USOS E DIRETRIZES PROJETUAIS

Apesar da importância do projeto se comportar como uma unidade, é notório que cada um desses espaços pussui suas peculiaridades e se comportará de maneira independente dos outros. Esse fator se baseia principalmente nas tipologias de uso que cercam esses locais, e em alguns casos, da maneira como as edificações se voltam para essas áreas internas de suas quadras. A rua 23-A, por exemplo, possui caráter residencial, onde as casas e um edifício residencial se voltam para o espaço em cul-de-sac que configura a parte interna daquela quadra. Em outro exemplo, o beco com desenho em alça que existe na Rua 8, na parte de trás do cinema Cine Ritz, é um espaço que foi enclausurado pelos usos comerciais, os quais o cercam e não possuem acessos voltados para essa parte. Um estacionamento acabou se apropriando da área do beco como um “espaço extra” do mesmo, tornando-o ainda mais inóspito. Em conclusão, as situações da rua 23-A e do beco da rua 8 são muito diferentes, e demandam medidas de projetos que caibam a cada situação. Essas diferenças podem estar em medidas que vão desde um simples mobiliário urbano até na sugestões do remanejo de tipologias de usos presentes na quadra para fins de melhorar a qualidade e o aproveitamento dos espaços dos becos e vielas.

USOS E DIRETRIZES PROJETUAIS

Uma análise minuciosa das tipologias de usos presentes nas quadras estudadas é uma ferramenta de grande importância nas definições de diretrizes projetuais e no diagnóstico do que pode ser melhorado no espaço dos becos. Lugares com tipologias heterogênias costumam ser mais ativos por atraírem diferentes usuários em diferentes momentos do dia. Sendo assim, os usos lindeiros podem potencializar as chances desses espaços serem bem sucedidos e aptos a receber pessoas que transitam setor Central para diversas finalidades do cotidiano.

USOS E DIRETRIZES PROJETUAIS

A preocupação com o respeito à individualidade desses espaços deve ser balanceada com o objetivo do projeto de se portar como uma unidade. Nem todas as áreas dos becos estabelecem uma conexão de proximidade com as outras, e nem mesmo as mais próximas possuem necessariamente um caráter parecido no que se refere às possibilidades de apropriação e aos usuários que frequentarão aquele espaço. Com isso, o projeto contará com o auxílio de ferramentas de desenho para atingir o objetivo de se portar como um só projeto, apesar de abranger 18 localidades diferentes do setor Central. 12

USOS E DIRETRIZES PROJETUAIS

O uso de uma malha ortogonal será uma ferramenta importante para o desenho do projeto. A malha pode ser aplicada em todos os espaços, funcionando como uma guia na disposição dos elementos que esses espaços podem conter, delimitando espaços e organizando a linguagem do projeto como um todo. Por fim,com o auxílio dessa malha como um elemento implícito ao desenho, o conteúdo de cada beco se organizará seguindo uma mesma linguagem, porém respeitando a individualidade que define cada um desses espaços. Outra ferramenta adotada é a criação de marcos visuais que indicam não só a existência do beco, como também permitem ao usuário reconhecer aquele como um espaço agradável e seguro para ser explorado. Esses marcos visuais podem se manifestar de acordo com esses espaços, podendo ser algo sutil como uma paginação de piso diferenciada que demarca o acesso daquele espaço, uma massa de vegetação leve, ou até mesmo um totem que desperte a atenção do usuário para algo nesses espaços. Apesar das possibilidades cabíveis à esses marcos visuais, é importante que eles estejam contextualizados com a linguagem seguida no projeto, e que acima de tudo possam instigar o usuário a descobrir os espaços existentes nos becos. 13

PROPOSTA PARA O BECO DO CINEMA

O beco localizado nos fundos do cinema Cine Ritz, com acesso pela rua 8, é um dos que mais apresenta potenciais para uma proposta interessante. O fato do cinema estar ativo e funcionar diariamente amplia a possibilidades de atividades e pessoas que o espaço pode receber como uma área de permanência. Além da existência do cinema na quadra, alguns lotes possuem residências nas partes dos fundos, sendo os acessos pelo beco. Um antigo sebo de livros também se volta para o beco, concluindo que essas atividades definem um espaço vivo, mas de pouca qualidade arquitetonica.

SEBO DE LIVROS E CAFÉ

O café e o sebo de livros são espaços que podem potencializar a vitalidade do beco e quebrar com a sazonalidade do lugar.

CINEMA

É importante relevar fatores como acessos existentes para manter a acessibilidade e inclusão dos usos lindeiros na proposta. Restringir possibilidades pode ser um ponto negativo para a proposta.