Revista Radio 001 (Demo)

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Radio EDIÇÃO 01 | NOVEMBRO 2015 | R$15,00 |

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EDITORIAL Desde sua invenção, a música sempre foi admirada pela sua força e sua capacidade de influenciar as pessoas. Uma canção pode mudar um dia, alguém ou até a história. Assim como você, a música possui diferentes estilos e categorias, e aqui você encontrará conteúdo extenso dos mais variados estilos musicais. De 1896 até os dias de hoje, o rádio é utilizado para a apreciação de melodias agradáveis, e a Revista Radio tem o objetivo de trazer de volta esse prazer apresentando álbuns e artistas novos a cada edição. Com nome que também homenageia as canções epônimas de Beyoncé e Lana del Rey (justificando a queda do acento), a Revista Radio é recheada de matérias interessantes e detalhadas, entrevistas e um belo design vintage que além de agradar os olhos, facilita a leitura. Como dizia Madonna, música faz as pessoas se unirem, então una-se à essa onda cultural e aproveite a revista. Boa Leitura! Obs: O conteúdo aqui disposto é uma versão demonstrativa da Revista Radio, contando com cerca de metade do conteúdo da edição completa.

Luccas Emanuel São Paulo, SP. Estudante de Comunicação Visual na Etec Carlos de Campos Taurino um tanto desinteressante, compositor, futuro artista musical e visual; um apaixonado por fotografia com uma porcentagem de loucura que ultrapassa os graus aceitáveis. Pseudo-filósofo que gosta de questionar o óbvio e aproveitar coisas simples da vida. Perfeccionista metódico dual como um eclipse solar e bipolar como as chuvas de verão. Gosta de dias frios com céu limpo e passa a maior parte do dia escutando música, tocando teclado, no celular, escrevendo canções ou diagramando alguma coisa.

EXPEDIENTE Projeto Gráfico: Luccas Emanuel Redação: Luccas Emanuel* *exceto quando citado


SUMÁRIO

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06 REPORTAGEM

Adele também chora com sua música

14 REPORTAGEM

Johnny Hooker: ascensão do artista recifense à fama

16 CAPA

Miley Cyrus deixa o pop pra trás no Miley Cyrus and Her Dead Petz

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24 ENTREVISTA

A Dualidade de Melanie Martinez: O lado fofo e macabro da Arte

36 REPORTAGEM

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Lana del Rey em por que seu estrelato pop “poderia facilmente não ter acontecido”


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ADELE

TAMBÉM

CHORA

COM SUA

MÚSICA

Cantora britânica discute o desafio de seguir com o sucesso de 21, como ser mãe a mudou e porque ela se afasta de ser uma celebridade. Texto: Jon Pareles Foto: Marcus Piggott Tradução: Sabrina Felix

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“Eu não vou chorar” Adele diz. Ela estava ensaiando com a banda no Music Bank Rehearsal Studios, um armazém sem muito glamour no Sul de Londres, e terminou When We Were Yonger, uma das baladas mais calorosas do novo álbum, 25. É uma canção sobre buscar a velha chama, que confessa, “Eu ainda me importo”, e, então, pergunta “Você ainda se importa?”. Adele pode ser desvendada em suas próprias canções, e ela não gostaria de mudar isso. “Pra eu sentir confiança em alguma música, ela realmente precisa mexer comigo. Quando eu sei que escrevi uma boa música pra mim mesma – é quando eu começo a chorar. É quando me derramo em lágrimas na cabine de voz ou no estúdio e preciso de um momento pra me recuperar.” A emoção de ter o coração na mão e, juntamente com uma poderosa voz, fez Adele, agora com 27 anos, uma das mais aclamadas cantoras e compositoras do século XXI. Adele Adkins, ganhou o Grammy de Best New Artist com seu álbum de 2008, o 19. Multiplicando seus fãs com 21, seu álbum de 2011 sobre corações partidos – raiva, arrependimento, solidão, e ser justa -, que usou uma moderna produção envolta em vocais de soul clássico. 21 vendeu 30 milhões de álbuns pelo mundo, 11 milhões só nos Estados Unidos. Além do poder da voz de Adele e da música quase que artesanal, 21 comunicou uma sinceridade palpável e urgente, a sensação de que suas feridas ainda estavam frescas. “Ela tem essa incrível intuição sobre o que é certo, o que é real e como isso a afeta”, diz Paul Epworth, que escreveu e produziu músicas para Adele no antigo e no novo álbum. “Ela é a artista mais afiada que eu já trabalhei. Ela é puro instinto, intuição pura.” A pergunta que pairava sobre Adele em seus quatro anos entre os álbuns era como – ou se – ela conseguiria seguir seu suces-

so de público com algo igualmente impressionante. “Não há nenhuma tentativa de refazer o 21”, disse Ryan Tedder, outro produtor e compositor colaborador tanto para 21 e 25. “Você tem sorte se alguma vez em sua vida você tropeçar em um unicórnio pela rua. As chances de você encontrar um segundo unicórnio são quase nulas, e ela está ciente disso. Eu acho que o 25 será enorme, independentemente de qualquer coisa. Mas esse não era o objetivo. Ela queria colocar para fora a melhor coisa, que era ser a mais honesta possível.” Neste ensaio, com um jornalista no mesmo quarto, Adele era pura música acima de tudo. Ela alternou entre antigas e novas canções, em preparação já para aparições na TV e um concerto no Radio City Music Hall, (e uma gravação na NBC) na terça-feira, 17 de novembro, três dias antes do lançamento mundial de 25 (XL/Columbia). Ela canta a plenos pulmões, capturando a vingativa batida vista em Rolling in the Deep entre o abafado suspense para o refrão da sua nova música, Hello. Seus arranjos de palco ecoam por seus álbuns, ela quer canções suficientes para os fãs poderem cantar junto. Adele tinha em grande parte do tempo mantido silêncio do público durante as gravações do 25. Sua recente volta foi breve, um anúncio anônimo na televisão, exibido pela primeira vez em 18 de Outubro, durante o The X Factor na Grã-Bratanha. Era o início de Hello, apenas os acordes, letra e voz sombrias. –sem nenhuma outra informação. Diferente da maioria dos artistas pop de sua idade, Adele mal usa a mídia social. É um dos muitos aspectos à moda antiga charmosas de sua carreira. Mas ela tem uma conta no Twitter, e ela não pôde resistir à procura on-line para ver se a voz dela tinha sido reconhecida, logo após o anônimo

comercial. Quando ela o fez, conseguiu encontrar apenas três tweets. Ela entrou em pânico. “Era como se eu tivesse perdido minha oportunidade”, disse Adele com uma xícara de chá, alguns dias após o anúncio. “Oh não… É tarde demais. O retorno se foi, ninguém liga.” Mas então, ela tentou de novo, Simon Kenocki, seu namorado, se juntou a ela no computador e lhe mostrou milhares de tweets histéricos. Uma vez que Hello foi lançado em 23 de Outubro, mais de 1,1 milhões de pessoas compraram via lojas virtuais, na primeira semana somente nos Estados Unidos. Somados as dezenas de pessoas compartilhando a música e assistindo o videoclipe. Hello não só introduziu 25; de várias maneiras, ele resume o álbum. No 25 a raiva e mágoa do 21 é superada pela conexão, reconciliação e pelo compromisso de uma vida. Como outras músicas do álbum, Hello é preenchido com pensamentos de distância e a passagem irrevogável do tempo, por desculpas e chegar a um acordo com o passado. Musicalmente, Hello tem versos com apenas voz e piano, seguidos por um forte refrão; da mesma forma, o álbum como um todo é orgânico, com baladas acústicas e o moderno pop atual. Escrevendo o álbum, Adele já não era mais aquela com o coração partido do 21, ela havia se tornado uma estrela internacionalmente reconhecida, aos 23 anos, uma mãe. Em outubro de 2012, ela teve um filho, Angelo, com Simon Knocki. Ela colaborou na escrita de Skyfall, o tema do filme de James Bond, que lhe rendeu um Oscar, enquanto ela estava grávida. Tatuado ao longo de seu dedo mindinho esta escrito Paradise (Paraíso) porque ela diz, “Ele é meu paraíso.” Adele teve tempo para cuidar de seu bebê, enquanto pensava o

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que iria fazer. “Eu estava com medo”, admite. Ela ficou tão fora de controle no último álbum. “Eu estava assustada por um tempo, em como iria voltar pra ele.” Os problemas de saúde, incluindo hemorragia vocal, ameaçaram danificar sua voz permanentemente, e a fizeram cancelar uma extensa turnê em 2011 se submetendo a uma cirurgia na garganta. “Eu não vou fazer menos turnês do que já fiz antes, mas as que eu fiz não foram muitas.” Adele fez seus primeiros esforços para escrever novas canções em 2013. Inicialmente, ela disse: “Eu não acho que tinha conteúdo em mim pra escrever outra música. Eu não sei se deveria. Por causa de quão bem sucedido 21 era, pensei que ‘Talvez todo mundo esteja feliz em essa ser a última parte de mim. Talvez eu deva parar enquanto ainda estou por cima’.” Claro que ela mudou de ideia. “Conforme o tempo passava, percebi que não tinha escolha”, ela continuou. “Eu tinha que escrever mais músicas e não há mais nada que eu queira fazer.” Em uma entrevista antes do ensaio, Adele sentou em uma poltrona de couro preta na Soho House Dean Street, um bairro nobre georgiano repleto de antiguidades, numa sala de estar reservada pelo seu assessor para garantir a privacidade. Como o público de Adele deve ter aprendido, ela é ótima em falar abertamente, confessar suas inseguranças ou ponderar o seu dever para com seus fãs, do que para se gabar. Ela não esconde seu sotaque informal do norte de Londres, e ela alegremente fala palavrões e dá repentinas risadas. Ela estava usando um suéter azul-escuro volumoso, converse preto de cano alto e uma calça preta larga que, admitiu, era um pijama. Eu achei que ela se tornaria moda na Grã-Bretanha. “Isso já é moda”, disse ela, e riu. “Mas para as pessoas magras.” Ela acrescentou: “A forma como

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me sentia quando eu escrevi o 21, jamais quero sentir novamente. Foi horrível. Eu era infeliz, eu estava sozinha, triste, com raiva, amargurada. Achei que eu iria ser solteira para o resto da minha vida. Achei que nunca mais iria amar. Não valia a pena.” Ela reconsiderou por um momento: “Bem, valeu a pena, por, obviamente, tudo que aconteceu. Mas, definitivamente, não estou disposta a me sentir assim novamente para escrever uma canção.” Agora que ela é uma mãe, “não tenho tempo para tristezas”, acrescentou. “Eu sou a base para o meu filho e quero dar suporte à ele. E quero dar

me tem sido oferecido, provavelmente, me tornaria mais famosa do que sou com minha música”, disse ela. “Os comerciais, ser o rosto de marcas, esmaltes, sapatos, bolsas, moda, maquiagens, produtos de cabelo, estrelando em filmes, fazendo propaganda de um carro, projetando relógios, embalagem de alimentos, edifícios, companhias aéreas, contratos autobiográficos. Já me ofereceram de tudo. E eu não quero me afogar. Quero fazer apenas uma coisa. Eu quero fazer algo. Eu não quero fazer propagandas. Todo mundo acha que eu simplesmente desapareci, mas eu não fiz isso, eu só voltei à vida real, pois tive que escrever um

“CONFORME O TEMPO PASSAVA, PERCEBI QUE NÃO TINHA ESCOLHA. EU TINHA QUE ESCREVER MAIS MÚSICAS E NÃO HÁ MAIS NADA QUE EU QUEIRA FAZER.”

suporte ao o meu namorado também e não quero trazê-los comigo para minha arte.” Embora ela tenha aparecido para performar Skyfall no Oscar de 2013, Adele dedicou grande parte do tempo que teve entre seus álbuns para “as coisas mais normais que você possa imaginar”, disse ela. “Eu estive em cada parque, cada museu, em cada shopping center.” Decidida a ser conhecida pela música e somente pela música, Adele também recusou propagandas que a manteria na mira dos holofotes. “Se eu quisesse ser apenas famosa, ser uma celebridade, então eu não faria música, porque é tudo o que

álbum sobre a vida real e porque de que outra forma conseguiria ser relacionável? Se eu escrevesse sobre ser famosa – seria chato (palavrão)”, disse ela. Quando ela tentou iniciar o novo álbum em 2013, Adele estava sem ideias. “Eu não tinha um assunto”, disse ela. Ela estava tentando resistir em escrever sobre o seu filho. “Ele é o amor da minha vida, a pessoa que mais amo, mas ele não é de ninguém além de mim e do seu pai. Então, ninguém conseguiria entender isso. Além disso, nem todos os meus fãs são pais, então eles não gostariam de escutar isso.” Até então, Remedy era uma canção


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sobre amor maternal, que restaurou a confiança de Adele e foi o ponto de partida do 25, segundo ela. Ryan Tedder tinha a palavra Remedy, algumas notas no piano e a ideia de que a música podia se tratar de alguém querido; ele procurou Adele para finalizar a música. “Ela imediatamente disse: ‘Isto é sobre o meu filho’.”, lembrou Ryan. “E isso trouxe toda a letra da música. E estava finalizada, escrita e gravada no mesmo dia”. Adele trabalhou com seus antigos produtores, como Ryan Tedder (Rumour Has It) e Paul Epworth (Skyfall), além de novos colaboradores de alta escala do pop: Sia; Bruno Mars; e os produtores Greg Kurstin (Pink, Sia, Kelly Clarkson), Max Martin (Taylor Swift, the Weeknd) e Danger Mouse (Gnarls Barkley, the Black Keys). Ela estava decidida a não repetir a receita do 21; ela também, pela primeira vez, descartou tantas canções quanto as manteve. “A menina provavelmente descartou facilmente 20 hits do 25 que, em algum momento futuro, irão parar nas mãos de outros artistas”, disse Tedder.“Com Adele, não é sobre ‘Posso fazer um hit? Posso cantar essa nota? Posso ter os melhores produtores?’, trata-se de: ‘Qual é a história?’.” A história de muitas das músicas do 25 fala sobre o que guardar do passado e o que deixar para trás. As músicas mergulham nos medos e incertezas da cantora. Million Years Ago, uma baladinha bem delicada ao som do violão e com uma pegada de Edith Piaf, ela lamenta a juventude perdida e confessa: “Sinto como se minha vida estivesse passando e tudo o que posso fazer é assistir e chorar.” Nos ensaios, Adele cantou Million Years Ago em duas versões: a primeira iniciando sem instrumental, só com sua voz de forma bem exposta. Haviam lágrimas em sua voz, mas não, naquele momento, elas estavam em seus olhos.

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JOHNNY HOOKER ascensão do artista recifense à fama

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ohn Donovan pode não ser muito conhecido por seu nome de nascença, mas sua carreira artística cresce cada vez mais, atraindo mais fãs. Nascido em Recife em agosto de oitenta e sete, Johnny Hooker começou sua carreira musical como vocalista da banda Caldeia Rock City. Em 2009, viajou para o Rio para participar do reality show Geleia do Rock, do canal da Multishow, com o nome de Johnny e The Hookers. A competição foi suspensa, mas sua banda terminou como uma das vencedoras. Após isso, Johnny teve que lidar com a morte de um dos integrantes de sua banda, o guitarrista Rafael Mascarenhas, e em 2010 lançou seu primeiro disco, intitulado Roquestar, pela Planmusic. O disco é biográfico, conta sobre um garoto que abandona a cidade de Recife para seguir com seu sonho, abandonando promessas de fama, contratos de gravadora e a tentativa de superação da morte de seu amigo. Após isso, Johnny começou a centrar sua carreira artística para a atuação, participando do filme Tatuagem, de Hilton

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Lacerda, em 2013 e da novela Geração Brasil em 2014. Não parando por aí, a canção Alma Sebosa se integrou na trilha sonora de Geração Brasil, a canção Volta foi trilha sonora de Tatuagem e atualmente, Amor Marginal toca na novela Babilônia. Isso tudo só serviu de promoção para seu álbum Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, Maldito!, lançado em 2015, cuja turnê estreou no nordeste brasileiro e agora caminha pelo sudeste. O cantor está em ascensão com seu novo material musical e está

“AXÉ, BREGA, FREVO,

ISSO É O NOSSO POP.” chamando muito a atenção das pessoas, seja por suas canções de letras exageradas (que falam de sexo, vingança, amor e ódio) seja pelo seu estilo visual andrógeno e ousado. Em sua apresentação no programa Altas Horas, Johnny explica a origem de seu nome artístico. O


artista conta que ele era apaixonado por uma garota que era rotulada de prostituta, então assumiu o Hooker em seu nome em defesa à garota, declarando que caso chamassem ela de prostituta, teriam que chamar ele também. Johnny encarna em seus shows e em seus clipes uma verdadeira peça de teatro, trabalhando na produção e na direção da parte artística. Com influências de David Bowie, Madonna, Caetano Velozo, Cazuza e Amy Winehouse, Johnny tenta reencarnar o axé e o frevo característicos da música brasileira. “Axé, brega, frevo, isso é o nosso pop. Não tem mais como o mainstream segurar isso de ‘a gente só pode dar espaço aos artistas que tocam na rádio’. O que toca na rádio é uma merda!”, diz Johnny Hooker à revista Rolling Stone. O cantor também conta que “tem faixas do meu disco que eu me refiro a mim mesmo no feminino. A música é muito machista, mas pra mim não existe outra maneira de agir, de me comportar. Música é resistência, a imagem é resistência, a linguagem é resistência”. Johnny ganhou a estatueta de Melhor Cantor de Canção Popular no Prêmio da Música Brasilei-

ra pelo álbum Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, Maldito! e foi elogiado por Maria Bethânia, Caetano Veloso e Alcione. Isso o ajudou a crescer como artista e ter sua arte mais respeitada. “Foi o que faltava para as pessoas me respeitarem. A música é muito machista e controlada pelo produto, por coisas que dão dinheiro. As pessoas que chegam com apresentação forte, maquiagem, brincadeira com gênero, com personagens, às vezes são recebidas com muita falta de respeito. O mundo está mudando e sempre vai ter essa primeira reação de quem quer empurrar a roda da história para trás. Mas a roda vem com tudo e eu venho com ela”. Na premiação, o cantor apresentou a canção Lama, de Maria Bethânia, acompanhado Alcione e Letícia Sabatella. Trajando suas vestimentas de costume (camisa preta semitransparente com penas nos braços, calça legging colada, botas e colar brilhante), a performance de Johnny não chamou atenção apenas para seu estilo ou seus olhos marcados de delineador, mas para sua voz e seu incrível talento, onde conseguiu mais respeito e visibilidade em sua carreira.

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Miley Cyrus

DEIXA O POP pra trás no

Texto: Jason Lipshutz, Hugh McIntyre Tradução: Lucas Gomes, Paul Araújo Foto: Paola Kudacki

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advento dos lançamentos de álbuns inesperados ao longo da última década, deu lugar ao surgimento de talentos de elite da indústria da música. Há muito tempo existe uma divisão entre as músicas que tem “qualidade de álbum” e músicas que tem “qualidade mixtape” – ou, pelo menos, há uma diferenciação na expectativa geral dos consumidores casuais – mas a estratégia de liberação surpresa deu lugar a um movimento mais substancial do que rappers guardarem suas melhores batidas para seu próprio álbum e as mais estranhas interpolações para a sua mixtape. Vendas de álbuns em declínio fez com que o ciclo de lançamento de comprimento total muito mais flexível, que por sua vez fez alguns grandes artistas questionar a necessidade de uma distribuição em grande escala de um single para rádio utilizado como eixo central para aquele deslanche. Não é coincidência que o álbum auto-intitulado de Beyoncé lançado surpresa foi, de longe, o seu mais exploratório, ou If You’re Reading This, It’s Too Late de Drake caiu do céu no último fevereiro com apenas um gancho pop em sua lista de faixas. A mudança da indústria permitiu a lista de artistas rasgarem a lista de

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verificação comercial por assim dizer, e experimentar com seus sons de uma maneira que depende completamente o reconhecimento do nome em vez de vendas (insignificantes) de álbuns. Isso nos leva a Miley Cyrus, que não poderia ter feito o álbum Miley Cyrus and Her Dead Petz se a indústria fosse a mesma que era há 15 anos. Ou, ela poderia ter feito este álbum, mas teria sido rapidamente considerado como suicídio de carreira. Na sequência do enorme sucesso de 2013 do Bangerz – um álbum que levantou a ex-estrela da Disney das chamas de seu projeto Can’t Be Tamed e permitiu ela ressurgir, como uma fênix, em estado de estrela da arena – Cyrus fez 23 canções, propositadamente estranhas, com gravação psych-rock com Wayne Coyne e o resto dos Flaming Lips. Há um monte de referências a drogas, trechos abertamente para seu cão falecido e versos como “Eu quero muito/ Que você dedilhe meu coração”, em canções como Bang Me Box. É como se Cyrus estivesse se dirigindo adiantadamente aos seus pais por seu twerk e brincadeiras durante o Bangerz: Você não viu nada ainda! Porque Miley Cyrus and Her Dead Petz é um álbum gratuito, Cyrus lançou de


surpresa e ele não faz parte do seu multi-contrato com a RCA, no entanto, não é visto como o sucessor adequado para o Bangerz e, expectativas de Hot 100 não devem ser colocadas em cima dessas canções. Este é um projeto de paixão, não um projeto pop; esse é um nu frontal de Cyrus, logo depois que ela fez seu Ocean’s Eleven. Então pegue Miley Cyrus and Her Dead Petz com todo o ceticismo possível, e aprecie-o como o trabalho de um artista que, em vez de forma admirável, não será vinculada ao estrelato pós-teen pop que ela herdou menos de dois anos atrás. Com certeza, algumas coisas do álbum são inaudíveis. Os intervalos bobos ajudam Cyrus a declarar que está bêbada e algo mais. Milky Milky Milk soa como se houvesse sido gravada numa versão raio-x de Pee-Wee’s Playhouse, com sons esquisitos acompanhados de estrofes como: “Sua língua me ordenha muito/E chupando seus mamilos/Lambendo leite, estrelas leitosas”. Tem semelhança com uma fluência da isolada tracklist do álbum, mas muitas músicas parecem que foram escritas rapidamente, e muitas vezes Cyrus age como se sua viagem drogada fosse mais picante do que a loucura habitual. É difícil culpá-la por colocar suas mais

desequilibradas ideias em um deliberadamente bizarro álbum gratuito, mas essas ideias são bastante difíceis de digerir. Mas Cyrus é muito habilidosa como artista para não colocar um pouco de beleza nessa loucura, e Miley Cyrus and Her Dead Petz desvia-se para um território pensativo quando menos esperado. Especialmente na primeira metade do álbum, a utilização de Coyne e equipe em umas das melhores músicas dos Flaming Lips desde Embryonic: Karen Don’t Be Sad é uma balada encantadora, com entrega vocal de Cyrus, recordando diretamente a grosa suave de Coyne sobre um arranjo acústico-led. Em Tiger Dreams, Ariel Pink dá uma parada para ajudar Miley a colocar seu melhor traje no estilo Karen O, em uma surpreendentemente efetiva exposição de desespero emocional art-rock. E Mike Will Made-It está de volta ao grupo , após ajudar Cyrus a construir sua volta com We Can’t Stop; suas contribuições aqui são casuais, mas Lighter é uma de suas produções mais complexas até o momento, um pequeno suporte R&B com percussão magistral e um exuberante conjunto de sintetizador. “Quando eu preciso do fogo, você sempre é meu isqueiro,” Cyrus canta, mostrando um dos mais sinceros refrãos do álbum antes de

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passar por mais prolongadas reflexões sobre o amor e outras drogas. Após Bangerz tê-la feito uma das artistas mais procuradas do planeta, Cyrus absteve-se de outro projeto pop grandioso – talvez porque ela simplesmente pode.“Isso é o que eu tenho o luxo de fazer,” ela contou recentemente ao The New York Times. “Eu apenas posso fazer o que quiser e fazer a música que eu quero.” Muito provavelmente, Miley voltará ao enorme mundo da música pop e sairá em turnê novamente, mas a música deste desvio é muito parecida com Miley: desarrumada, imperfeita, provocante e divertida. Essa é sua festa: ela pode fazer o que quer. Miley Cyrus and Her Dead Petz não é propriamente um convite para festas, mas Cyrus permitirá que seus fãs entrem pela porta dos fundos e brilhem ao seu lado. A cantora apresentou o MTV Video Music Awards deste ano e usou a aparição muito pública para anunciar o lançamento surpresa de seu álbum gratuito. A inimizade com Nicki Minaj, os figurinos reveladores, sua performance de encerramento e o lançamento do álbum foram, facilmente, as maiores manchetes da noite. Fazer publicidade é ótimo, mas é realmente ruim dar um álbum inteiro de graça? Miley está em uma indústria onde é preciso lutar para sobreviver, e cada cópia vendida conta. Então, isso foi uma boa ideia da parte dela? Sim, isso foi, e aqui está o porquê. O álbum gratuito da cantora, curiosamente intitulado Miley Cyrus and her Dead Petz, permitiu que ela fosse para fora de uma tangente artística, o que ela claramente queria fazer. Cyrus tem sido clara sobre querer ser mais experimental por algum tempo agora, e este projeto de mixtape gratuito é exatamente o que ela precisava. Mesmo que ela nunca faça um dólar com o lançamento, isso foi um bom investimento, pois é a ruptura do pop que ela precisava. Aparentemente, o álbum custou à Miley apenas 50 mil dólares para ser feito, o que não é muito quando isso vem de uma pop star global. Não só foi o disco relativamente barato, como também

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sua gravadora, RCA, não colocou uma moeda na realização. Em fato, Miley disse que ninguém na empresa teve conhecimento do álbum até que ele estivesse pronto. Tendo Miley escrito, gravado, e lançado o projeto, custou a gravadora nada além de tempo, e ela é bastante produtiva. Executivos da RCA foram espertos em deixá-la dar o Miley Cyrus and her Dead Petz de graça. O disco, certamente, não é ruim, mas não há nada comercial sobre ele (esse era o ponto). Se Miley tivesse insistido em ter isso para servir e seguir o sucesso de Bangerz, isso provavelmente teria falhado, embora a empresa tivesse que gastar milhões divulgando. Não há um hit de rádios à caminho neste álbum, e também está longe de ser amado por sua base de fãs. Miley é mais valorizada pele RCA como uma pop star, e agora que ela tem tempo para trabalhar em seu próprio projeto, ela provavelmente irá se voltar para seu próximo e verdadeiro álbum, o qual é uma dívida em qualquer ponto. Não só o Dead Petz concede à Miley a liberdade artística que qualquer inventor estaria procurando, mas como também mantem o nome dela na imprensa e garante que seus fãs estejam satisfeitos. Aqueles que tem esperado por uma nova música pode ser que não estejam apaixonados com essa coleção do Soundcloud, mas ninguém pode discutir que as 23 faixas gratuitas são um negócio ruim. O mundo do hip-hop tem usado esse marketing por décadas, e agora Miley têm utilizado (ainda outra) sugestão dos sucessos deles. Agora, a RCA Records deve estar entusiasmada com como isso tudo está soando. Uma de suas maiores artistas deu à todos os fãs dela um enorme presente, e isso não os custou nenhum precioso recurso. Enquanto ela está normalmente bastante consistente com os lançamentos dela, será interessante ver quanto tempo Miley leva para dar a volta e lançar um novo single que as pessoas – e não só apenas aqueles que são grandes fãs dos Flaming Lips – possam realmente deixar isso para trás.


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A DUALIDADE DE

MEL NIE M RTINEZ O LADO FOFO E MACABRO DA ARTE

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ra uma vez uma garota muito triste e sentimental que vivia sempre a chorar, seu nome era Cry Baby. Com um coração tão grande que não cabia em seu corpo, ela vivia em uma conturbada vida digna de boneca: uma atraente fachada que mostra uma família linda e exemplar. No entanto, quando as paredes da casa de boneca se fecham, é aí que inicia o motivo de seu choro. Seu irmão é viciado em maconha, e além de seu pai trabalhar com dinheiro sujo, trai a esposa com uma prostituta. Sua mãe afoga suas tristezas na bebida, estando sempre embriagada. Todos querem manter a vida mascarada, posando para fotos e fingindo perfeitos assim como as pessoas acham que eles são. Cansada de ver seu marido a traindo em sua frente enquanto está bêbada, sua mãe toma uma atitude desesperadora: amarra seu marido e a amante dele em duas cadeiras e os mata com uma faca. Cry Baby observa e convive com a situação em seu quarto, sozinha, pois perdeu todos seus amigos (e disse a si mesma que o problema não é ela, mas sim eles). Sua mãe a envenena para que ela se esqueça de tudo o que ela fez. Em um parque de diversões, Cry Baby se apaixonou por um garoto pela primeira vez. Encantador, loiro do tipo que parece ter saído da tela de cinema, o garoto rouba seu coração de algodão-doce, o inserindo na máquina de moedas. Para ela, amá-lo era se sentir presa em um carrossel que continua a girar e girar. Ela começa a chorar e chorar, como de costume, até perceber que ele não vale a pena. Ela se irrita ao ver que ele se considera mais esperto que ela, e conforme vai crescendo, mostra que ele não é superior. Após um tempo, Cry Baby conhece um novo garoto e se enche de esperança. Ela acaba dizendo que o ama cedo demais e se arrepende disso, pois falou o quanto é sentimental e vulnerável. Ela decide encher a banheira com bolhas e lavar sua boca com sabão, para que ela

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nunca se precipite com um garoto novamente. Eles decidiram recomeçar, mas dessa vez com algo mais lento. Ambos vão se apaixonando e evoluindo no relacionamento, até que Cry Baby deseja dar um grande passo na relação, atingindo a um ponto sexual. O garoto tem medo de se arriscar a esse ponto até que finalmente chega o aniversário de Cry Baby. Ela escreve todos os convites com letra cursiva, prepara uma linda decoração seiscentista, e convida seus amigos além de o garoto pelo qual ela está apaixonada, tomando todo o cuidado para dar a festa perfeita. No entanto, ninguém comparece a festa e isso faz com que Cry Baby comece a ficar completamente irritada. Ela começa a questionar o motivo da ausência de seus convidados, dizendo que se talvez se ela os conhecesse melhor, se tivesse contado da decoração, talvez eles viessem. Ela entra em um estado insano e diz que ela vai chorar até que as velas incendeiam sua casa. Sozinha e vulnerável, ela caminha por um parque onde encontra um lobo que vende algodão doce. Ela é seduzida por ele, que promete muitos doces, e ela acaba sendo sequestrada e levada para a casa desse lobo mau, onde é estuprada e se torna empregada dele. Trancada num quarto, ela planeja uma forma de matar o lobo e acabar com todo seu sofrimento psicológico. O lobo ordena que ela prepare o café da manhã e ela o oferece leite com biscoitos envenenados, que o fazem ter um colapso. Já atordoada e sem sua sanidade mental, ela consegue escapar, e encontra um garoto comprometido. Ela fica com o garoto enquanto sua namorada está longe, e assume que ele a prefere. Ela retorna a sua casa, que não foi destruída pelas velas, e assiste televisão para relaxar um pouco. Estava passando o show da Senhora Cabeça de Batata, e ela começou a observar seu corpo perfeitamente estereotipado, cheio de cirurgias plásticas, onde ela pode trocar o tempo todo a parte de seu corpo que quiser


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mesmo sabendo que padrões de beleza são efêmeros. Ela começa a se questionar o quanto a beleza é comparada com a dor e o quanto as pessoas se sacrificam ao tentar mudar quem elas são fisicamente apenas para ficar com um rostinho ou um corpo bonito sendo que elas não estão felizes consigo mesmas. Ela rejeita essa ditadura que diz que “ninguém vai amá-lo se você não for atrativo”, se revolta e percebe que não há problema em sem quem ela é mesmo sendo imperfeita, insana e excessivamente emocional. Ela se aceita exatamente como é e finalmente se sente segura, satisfeita consigo e não desejando ser ninguém diferente ou mais aceito socialmente. Essa é a história que a cantora nova-iorquina Melanie Martinez pretende contar em seu primeiro álbum de estúdio, lançado em agosto de 2015, intitulado Cry Baby. A cantora de apenas vinte anos se inspirou em sua vida pessoal para escrever o álbum, que estreou em primeiro lugar nos charts de Melhores Álbuns Alternativos da Billboard. O álbum é uma expansão de um EP lançado um ano antes, intitulado Dollhouse EP. Melanie começou a chamar atenção da mídia ao participar da terceira edição do The Voice americano, em 2012. Nas audições às cegas, ela fez uma incrível apresentação de Toxic (canção de Britney Spears) com seus cabelos divididos, tocando violão e com um pandeiro nos pés. Adam Levine, Blake e Cee Lo Green viraram sua cadeiras se impressionando com a voz e o estilo de Martinez. Ela foi a sexta finalista do programa, e após ver seu desempenho a gravadora Atlantic Records assinou um contrato com Melanie onde ela lançou seu EP e posteriormente, seu primeiro álbum. Dollhouse, primeiro single do EP, estourou logo em seu lançamento e Carousel (segunda faixa) fez parte da trilha sonora da série estadunidense American Horror Story: Freak Show, o que atraiu mais fama para a cantora.

Melanie Martinez deu uma entrevista para o portal musical Noisey explicando um pouco mais sobre o álbum, confira abaixo. Qual é sua perspectiva para esse álbum? Você obviamente está muito ligada à ele, você o escreveu, mas eu amaria saber o que você sente sobre cada uma das músicas – como elas se aplicam à você, sua grande história, quem é a personagem. O quanto dela é você? O quanto dela é exagerado? Fale. MM: Eu sou a Cry Baby. É muito difícil me separar da personagem. Ainda é algo que estou tentando entender. Eu sou a personagem que inventei para mim mesma. [Risos.] Eu sabia que queria que o álbum se chamasse Cry Baby desde muito tempo atrás, principalmente porque eu era zoada quando criança, por ser muito emocional e levar sempre as coisas para o lado sério. Acho que esse álbum foi um jeito que achei para superar minhas inseguranças em várias áreas da minha vida. Eu queria transformar a expressão “bebê chorão” em um elogio. Existe uma linha entre a personagem Cry Baby e a Melanie? MM: Sim. Na história do álbum, tem algumas coisas que não vivi. Eu amo histórias e contos de fadas, então eu queria que ele fosse fantástico, se não, não seria legal para mim. Eu olho para música como olho para a arte; é como pintar um quadro. Se eu tivesse um visual forte por trás de uma música, tinha certeza de que iria usá-lo. Era sobre o pacote inteiro. Eu amei. É incrível. Então, a próxima música é Dollhouse. Acho que as pessoas já leram muito sobre ela, mas me conte algo que as pessoas não sabem sobre Dollhouse. MM: Dollhouse foi o que começou tudo, na verdade. Foi a primeira música inspirada por sons de brinquedos. Ela descreve a família da Cry Baby e as pessoas ao redor dela. O conceito é algo com dois sentidos, ela também fala sobre

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como eu acho que as pessoas olham para as celebridades e artistas. Você tem que ser perfeito para ser um bom exemplo, o que não é muito realístico. Sippy Cup é a segunda parte para Dollhouse. Entrei no estúdio dizendo “estou obcecada por água, quero alguns sons de água”. Eu sempre tive uma lista de títulos no meu celular, e era assim que toda sessão começava. Os títulos eram conceitos. Sippy Cup é um olhar mais fundo sobre Dollhouse. É como se fosse o lado sem censura, e eu também continuei a história. Em Carousel , eu queria que ela fosse mágica, para capturar aqueles primeiros sentimentos de amor, mas ainda assim expressar o lado obscuro do relacionamento, como ele era tóxico e não recíproco. O mais interessante da sua visão é que você consegue pegar esses tópicos obscuros e emocionais, e então fazer essas cenas claras e fantásticas para se juntarem. MM: Esse era o ponto do álbum. Eu queria que ele tivesse contraste. A próxima música é Alphabet Boy, que a música de término de namoro minha e da Cry Baby. Eu queria que o título fosse esse porque eu estava fazendo faculdade de música e costumavam tentar me ensinar a escrever músicas, como se tivesse uma fórmula, e eu não estivesse escrevendo minhas músicas corretamente. Sentia-me furiosa, e queria desenvolver isso. A próxima canção é Soap. Soap é sobre a Cry Baby estar machucada depois de o seu coração ter sido partido, e ter muito medo de dizer como ela se sente sobre o garoto que conheceu. A música depois de Soap é Training Wheels, uma canção de amor. Eu tive essa ideia sobre tirar as rodinhas de uma bicicleta e continuei com ela. Escrevi essa música em 20 minutos. Sempre foi difícil escrever músicas com acordes felizes, mas por algum motivo, como eu estava muito feliz e apaixonada, foi muito rápido.

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Qual é a próxima depois de Training Wheels? MM: Pity Party é sobre a vez que a Cry Baby convidou seu novo amor e todos os seus amigos para sua festa de aniversário, mas ninguém aparece. Seu coração fica partido pela segunda vez. Acho que Pity Party é um grande ponto de transição para a Cry Baby. A próxima é Tag, You’re It. Cry Baby está solteira e os lobos estão à solta. Ela é sequestrada por um “lobo”, que é parte do conto de fadas. Eu amo escrever histórias. Depois de Tag, You’re It vem Milk and Cookies. É quando ela envenena o lobo com leite e biscoitos, e depois escapa. Depois disso ela se transforma numa pessoa diferente, onde ela aceitou o fato de que ela é louca. Completamente insana. Depois vem Pacify Her, que é basicamente ela sendo uma destruidora de lares. Ela agora não acredita que o amor existe. Ela para de se importar nesse momento. Depois disso vem Mrs. Potato Head. Ela está mais confidente agora, e começa a formar opiniões. Eu tive a ideia para Mrs. Potato Head muito tempo atrás, e o visual na minha cabeça era o fato de que você pode colocar pedaços do brinquedo [cabeça de batata] no rosto dele, o que poderia representar as cirurgias plásticas. Não é sobre eu criticar as mulheres que fazem as cirurgias, é mais algo como “por que você está fazendo isso se você é bonito sem cirurgias?”. A última música, e a última história do álbum, é Mad Hatter. É muito lírica, muito hip-hop. Eu queria que fosse sobre a transição da Cry Baby passando a aceitar quem somos. Pessoas loucas. celebrando eu estar mais confortável na minha própria pele do que estive minha vida toda. A mesma coisa para a Cry Baby.


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Fale sobre seu estilo e quando você começou a pintar seu cabelo de duas cores diferentes. Acho que comecei a pintar meu cabelo quando tinha 16 anos. Minha mãe nunca me deixou descolorir o cabelo quando era menor; ela era muito contra. Então um dia eu estava assistindo 101 Dálmatas e disse pra minha mãe que eu ia pintar meu cabelo igual a Cruella de Vil, e ela disse “não, você não vai você não vai fazer isso.” Ela achou que eu estava brincando. Então fui no salão e liguei pra ela antes de pintar e ela não acreditou. [Risos.] Depois eu fui pra casa e ela deu a louca e parou de conversar comigo por uma semana. Meu pai não se importou, mas ele também não estava falando comigo só porque minha mãe não estava, foi hilário. [Risos.] Fale um pouco sobre seu estilo. MM: Acho que é tudo baseado no tema infantil. É como a música. Ainda tentando deixá-lo mais adulto, mas ainda sim inspirado em algo tipo enfermeira. A música inspirou tudo. Quando Dollhouse aconteceu, eu me interessei muito naquilo. Queria que tudo fosse coesivo, então foi natural quando comecei a me vestir desse jeito, porque eu gostava de misturar cores pastéis e penas de marabu com vestidos infantis. Eu usava cores mais escuras antes, mas também usava laços e vestidos com colares estilo Peter Pan. Minha preferência de cores definitivamente mudou. Eu amo cores pastéis agora. Estou obcecada por elas. Ainda não enjoei. Sinto-me estranha usando preto. Qual a música do álbum que é mais importante para você, e por que? MM: Provavelmente Mrs. Potato Head ou Training Wheels. Mrs. Potato Head pois foi a música mais difícil para escrever e isso me tomou um tempo para finalizar e me sentir satisfeita sobre o conteúdo lírico. Training Wheels pois é a única canção de amor no álbum. Eu estava feliz quando a escrevi e muito apaixonada. Essa é uma emoção muito rara em mim.

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S “SE ELES TE OFERECEREM UMA NOVA PÍLULA VOCÊ VAI COMPRAR. SE ELES TE DISSEREM PARA SE MATAR VOCÊ VAI TENTAR. TODA MAQUIAGEM DO MUNDO NÃO VAI FAZER VOCÊ MENOS INSEGURA” Martinez está trabalhando na videografia do álbum, e pretende criar videoclipes para todas as canções do álbum. Ao ser perguntada sobre um possível segundo álbum, Melanie disse que está trabalhando nisso e que será conectado com o Cry Baby de alguma forma. A cantora conta que está planejando o conceito e revela que além de todos seus álbuns se conectarem, o próximo provavelmente será sobre o local onde Cry Baby vive e sua perspectiva sobre ele, adicionando novos personagens. Em sua arte, podemos ver claramente a dualidade de Melanie Martinez, que supera as cores de seus cabelos. Ela colocam situações opostas no mesmo plano, como um parque de diversões e um show de horrores, uma vida de boneca exemplar e uma realidade obscura, uma festa de aniversário e uma tragédia (entre outras); e tudo isso flui numa harmonia tão perfeita que quando acabam os quarenta e seis minutos do álbum dá vontade de ouvir cada vez mais. Atualmente, a cantora está em turnê com seu disco Cry Baby e vai se apresentar no Brasil no final de novembro.

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LANA DEL REY EM POR QUE SEU ESTRELATO POP “PODERIA FACILMENTE

NÃO TER ACONTECIDO” Texto: Bruce Wagner Foto: Neil Krug Tradução: Cristiane Sol

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Lana Del Rey e eu fomos apresentados pela primeira vez em uma impressionante mansão, no estilo da Architectural Digest (revista sobre design de interiores) fora da estrada da Costa do Pacífico durante uma festa oferecida, estranha o suficiente, por Werner Herzog e seu amigo, o físico Lawrence Krauss. (Del Rey, 30, já havia falado do seu interesse em ciência e filosofia). Nessa noite, ela usava um vestido de blusa Polo não marcado com uma vibe personal-old-fave. No desglamouroso modo “estrelas sem maquiagem”, ela estava despretensiosa e suavemente sociável, com um inocente olhar arregalado, como uma mal vestida recém-chegada na cidade. Eu estava na mesma mesa e ela me pegou encarando o horizonte. Del Rey estava ironicamente em sintonia, cutucando seu namorado, o fotógrafo e diretor italiano Francesco Carrozzini, para dar uma olhada no clichê: os homens calados e melancólicos. Seu aconchego me tirou de si. O quarto álbum de Lana Del Rey, Honeymoon, estreou em segundo lugar na Billboard 200 em setembro, mas quando eu perguntei se ela planejava cair na estrada para promover isso, ela balançou sua cabeça “Eu faço tudo ao contrário. Isso já aconteceu – na verdade, eu já acabei a turnê mundial que eu comecei quatro anos atrás, quando eu precisava estar por fora. Eu realmente precisava estar lá fora cantando”. Esse êxodo nasceu, em parte, da necessidade de curar a sequência de uma apresentação em 2012 no Saturday Night Live que provocou uma tempestade de massacre do cordeiro de escárnio sobre a futura estrela em ascensão parecendo estar fora de área em um amadorismo. Ela foi ridicularizada como uma poser – parte Edie Sedgwick, parte O Vale das Bonecas, uma Never Will Be Ready for Prime-

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time Player – mas acabou que Del Rey estava apenas no final do Ato 1 em um todo-americano Nasce Uma Estrela, a encenação da paixão, a crucificação e ressurreição da celebridade. Nascida como Lizzy Grant em Lake Placid, Nova York, Del Rey se mudou para Manhattan com 18 anos. “Por sete anos eu escrevi músicas sexy sobre amor”, ela disse. “Esse foi o tempo mais divertido da minha vida”. Ao invés da tela em que tantas personagens fofoqueiras foram projetadas (ricas, suicidas antifeministas, mórbidas superficiais), transformou-se em um ícone de um painel quase religioso de sedução fantasmagórica. Ela é um fenômeno global, parte da conversação nacional e do ambiente sonoro cultural. Nielsen Music coloca seu total de vendas de álbuns nos EUA em 2,5 milhões e seus vídeos já foram vistos centenas de milhões de vezes. Del Rey está agora poucos anos em sua volta do deserto, tendo chegado a um misterioso trem com ares de Santa Ana, medo existencial e soft ice cream (“sorvete macio”, para citar a canção Salvatore, que é singularmente sua). Eu a encontrei para a entrevista numa casa de John Lautner que ela aluga em Los Angeles. Lautner era um inaugural arquiteto da Califórnia do Sul e Del Rey diz que sua escolha de hospedagem foi intencional. Ela produz e projeta sua vida. Ela me cumprimenta no percurso – curiosa, amigável e atenta. Por um momento ela parece Elvis e Priscilla, tudo em uma só. O cabelo é old-school Clairol escuro, os olhos sedutores verdes, o castanho avermelhado, o castanho-avermelhado é a coisa que mais a faz. “Você amaria meu pai”, ela diz. Ela acabava de estar no telefone com ele; seus pais estão visitando. Ele é um corretor de imóveis, e mamãe é uma professora de inglês

cuja paixão é ler livros de história. Del Rey vive com sua irmã mais nova, Caroline Grant, uma fotógrafa que atende por Chuck. (Del Rey me diz que sua irmã estava tão chocada com a força da emoção dos fãs durante os shows que ela não tira mais fotos deles). “Meu pai é um cara com perfeitas blusas havaianas e shorts combinando”, diz Del Rey. “No outro dia ele disse, ‘Nós deveríamos pensar sobre pegar um Rolls vintage’. Eu disse ‘Hum, é um pouco chamativo. ’ E ele disse, ‘Uh, yeah’.” O que você faz consigo mesma agora que não tem nada no seu cronograma? L: Eu dou longas caminhadas, longos passeios. Eu entro no carro e dirijo pelas ruas, sentindo os


lugares. Eu vou para o Big Sur. Eu amo o Big Sur, mas se tornou tão turístico. Eu fui para o General Store e tinham multidões. Em uma segunda! Mas eu sou atraída por lá. Às vezes eu vou escrever. Eu tenho pensado que talvez fosse hora de fazer um vídeo longo, um vídeo de 40 minutos. Eu estava assistindo The Sandpiper e estava trabalhando em algo baseado nisso. Você já pensou em escrever algo para si? Atirar no helicóptero dos paparazzi no vídeo de “High by the Beach” foi sua ideia, não? L: Sim, foi. Eu gostaria de escrever um livro um dia. Mas você precisa de um começo, um meio e um final! Eu posso lidar com quatro minutos – mas eu não tenho

certeza sobre um livro. Sua canção “God Knows I Tried” se encaixa entre “God Only Knows” do The Beach Boys e “Hallelujah.” de Leonard Cohen. Eu estou pensando em Cohen por causa dessa linha “Mesmo que tudo desse errado” L: Eu amo Leonard – porque ele é todo sobre mulheres. Mulheres e Deus. Tudo deu errado? L: É difícil, às vezes, para mim pensar em continuar quando eu sei que nós vamos morrer. Algo aconteceu nos últimos três anos, com meu pânico... Mas eu sempre estive propensa a isso. Eu me lembro de ter 4 anos de idade, eu acho, e eu tinha acabado de ver um show

na TV onde a pessoa foi morta. Eu virei para os meus pais e disse: “Todos nós vamos morrer?”, eles disseram “Sim” e isso foi totalmente perturbador! Eu caí em lágrimas e disse: “Nós temos que passar!” Como você lida? L: Eu vejo um terapeuta – três vezes. Mas eu realmente estou mais confortável sentada na cadeira no estúdio, escrevendo ou cantando. O pânico não vai durar para sempre. L: Eu não acho, mas... às vezes eu queria só ser capaz de aproveitar a vista. Eu acho que eu sou realmente como a minha mãe, no sentido de que eu faço pequenas listas. Para me acalmar, eu me recompenso. Você sabe, “Se você termi

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L: Eu não acho, mas... às vezes eu queria só ser capaz de aproveitar a vista. Eu acho que eu sou realmente como a minha mãe, no sentido de que eu faço pequenas listas. Para me acalmar, eu me recVocê pensa que ter crianças te relaxaria? Você pensa em ter filhos? L: Eu pensei nisso. Realmente penso nisso ultimamente porque eu acabei de fazer 30. Eu amaria ter filhas. Mas eu não acho que seria uma boa ideia ter filhos com alguém que não estivesse... na mesma sintonia. Alguém que não fosse exatamente... como eu! (Risos). Apesar de que talvez fosse melhor ter filhos com alguém que seja… normal. Quando foi a última vez que você foi destruída por um caso de amor? L: O último – antes do namorado com quem eu estou com agora – foi muito ruim. Não foi bom estar nele, mas não foi bom para sair

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dele, também. Ele era como um irmão gêmeo. Não é um gêmeo fac-símile (uma cópia), mas um irmão gêmeo real. Então talvez procurar a mesma pessoa não funcione. Relacionamentos são difíceis pra você? L: Para alguém como eu – e isso não é uma coisa subordinada – eu apenas gosto de ter alguém. Eu estive sozinha, e estava tudo bem. Mas eu gosto de chegar em casa e ter alguém lá. Você sabe, dizer “Oh, ele está aqui.” E essa outra coisa (faz mímica apontando a mesa) está aqui. E isso (faz mímica colocando um objeto na mesa) está aqui. (Risos). Eu sou muito metódica. Eu tenho que ser. Eu também sou assim no estúdio. Mixagem e masterização podem levar mais quatro meses depois que já acabamos – três para mixar e um para masterizar. Eu gosto de ter um plano. Embora eu deixe espaços para improvisação no estúdio quando eu escrevo.

Você se importa se eu escrever tudo isso? Porque eu não quero chatear Francesco. L: Oh, ele vai ler isso! Mas ele vai ter coisas a dizer de qualquer maneira. Ele é muito… agressivo. (Sorrisos). E, além disso, eu não disse que ele não era exatamente como eu. Há algo estranhamente xamânico sobre o seu trabalho. Você canaliza Los Angeles de maneira que eu não tinha visto ninguém fazer, pelo menos não em um longo tempo. Lugares agora extintos, ruas e sentimentos que você não tem direito de ser capaz de evocar por causa de sua idade. E isso é tão improvável que você seja a única a ser a ser o oráculo dessa maneira. Mas é real. L: Eu sei. Eu sei disso. Eu amo essa palavra, xâmanico; eu leio energia, eu sempre tenho. Um dos


livros que eu amo – além de Hollywood Babylon de Kenneth Angers – é The Autobiography of a Yogi. E Wayne Dyer... Eu fiquei tão triste quando ele morreu! [Dyer, parte budista, parte do novo palestrante de pensamento motivacional, foi mais conhecido pelo seu livro Your Erroneous Zones. Ele morreu em Agosto]. Ele me deu tanto nos últimos 15 anos. Eu fui ver uma clarividente. Ela me pediu para escrever quatro coisas em um cartão antes que eu entrasse, coisas que eu talvez estivesse pensando, e ela acertou todas as quatro. Eu perguntei sobre o homem que eu estava vendo – aquele, antes desse de agora. E ela disse “Eu realmente não gosto de ir nessa parte, mas… Eu não o vejo presente.” Eu então disse “Ugh”. Ela está vendo o futuro e não o vê presente. Oh, não! Você está ciente do seu efeito nos homens? L: Só recentemente eu me tornei

ciente dos homens heterossexuais que estão na minha música. Eu lembro quando eu tinha 16, eu tinha um namorado. Eu acho que ele tinha... 25? Eu achava que ele era a melhor coisa. Ele tinha uma picape F-150 e me deixou dirigir uma vez. Eu estava tão chapada! Eu entrei em pânico e estava preocupada de talvez matar alguém – atropelar uma freira ou algo assim. Eu comecei a tremer. Eu estava gritando e chorando. Eu o vi olhando por cima e ele estava sorrindo. Ele disse, “Eu amo que você está fora de controle”. Ele viu o quão vulnerável eu estava, com tanto medo, e ele amou isso. O balanço mudou a partir daí. Eu tinha vantagem – até então. Você quer estar em filmes? L: Bem… Eu estou aberta a isso. James Franco me pediu para estar em três filmes que estavam sendo dirigidos por um diretor espanhol e eu estava hesitante. Eu acho que ele ouviu minha hesitação e ficou

com medo. Alguém queria que eu fosse Sharon Tate. E eu pensei “Isso é tão certo”. Nessa hora, tinham três filmes do Manson sendo falados, mas nenhum deles foram feitos. Então talvez essa seja a resposta. Você já foi a voz da razão para um amigo em crise? L: Eu fui – eu posso ser. É mais fácil fazer isso as vezes... para alguém que está observando meio de fora. Ou seja, você. L: Sim. (Pausas.) Você sabe, eu estava morando no Hancock Park uma vez e pensei sobre uma ideia de filme. Eu estava alugando essa casa cujas paredes altas tinham sido adquiridas, então claro que eu continuei as fazendo mais altas e altas. Eu tinha uma ideia de escrever algo sobre uma mulher morando lá, uma cantora perdendo sua mente. Ela tinha essa fortaleza, com um sistema de segurança instalado, câmeras em todo lugar.

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Um dia ela ouviu um jardineiro murmurando essa música que ela escreveu. Ela entra em pânico e pensa “Oh, meu Deus. Eu estava cantarolando essa música alto assim ou apenas para mim? E se foi em voz alta, não era às 4 da manhã? Isso significa que ele estava do lado de fora da minha janela?” Então uma tempestade vem, aquelas tempestades de L.A., e a luz vai embora, com exceção das câmeras que estão em uma fonte diferente. E a piscina, esteve vazia por meses por causa da estiagem. E ela vai para fora, no meio da noite, porque ela escuta algo – e tropeça na enxada do jardineiro e cai na piscina vazia e morre de bruços como William Holden no final da Sunset Boulevard. Para mim, uma das coisas mais interessantes sobre você e sua história – e claro, sobre seu trabalho – é que você rompeu. E isso acabou bem. L: Eu penso sobre isso, e sou tão grata. Eu estou ciente que isso poderia facilmente não ter acontecido. Isso poderia ter se tornado… um pesadelo americano. Eu vejo ela – Lana – e escuto ela, vejo ela, e eu sou... protetora. Vamos terminar com o Big Sur. Você pensa que seu interesse é por conta da sua afinidade com The Beats? Seu fascínio com Kerouac? L: Big Sur me desafia a me entregar. O que me atrai são… as curvas. Eu realmente sou atraída por curvas. Lana mandava demos para gravadoras desde 2006 em busca de um contrato. Em sua história ela se referia à canção Video Games, a última tentativa da cantora. Video Games foi lançada em 2011, que finalmente atraiu os olhos de todos para o talento de Lana del Rey.

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RED VALLEY

CAMP & MUSIC FESTIVAL

16,17 E 18 DE JULHO



viva o lado

da vida


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