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Sumário
Introdução
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Regra 3
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Sobre o Autor
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Introdução
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A Bíblia aprisionada Até a idade média, a Bíblia era um privilégio apenas do clero. Muito disso, devia-se ao fato de que as cópias dos textos bíblicos eram feitas à mão, nessa época nos chamados códices. O custo de uma cópia era altíssimo, principalmente com a qualidade que exigia-se dos copistas, que na maioria das vezes ainda utilizava adornos riquíssimos nas páginas e, inclusive, as vezes ouro na composição de tintas, em função da ideia do livro ser sagrado. Dessa forma, era quase inconcebível que uma pessoa comum tivesse acesso a um desses livros. Tudo o que se sabia sobre Deus, obrigatoriamente viria da mensagem comunicada pela instituição religiosa da época. Não é segredo para ninguém o quanto os fiéis sofreram abusos por parte da Cristandade (referindo-me à união da Igreja com o Estado), principalmente durante a Inquisição. Junte a isso a ideia de que a maioria da população não sabia ler, e era um excelente negócio para a Cristandade manter o monopólio e o controle sobre as questões espirituais. Esse jogo começou a mudar, de forma geral, a partir de 1455, com a invenção da prensa de Gutemberg – o embrião do que se tornou a imprensa de hoje. A prensa de Gutemberg, que operava com tipos móveis, precisava de uma grande obra para ser a primeira impressão em escala. Foi assim, portanto, que a Bíblia tornou-se o primeiro livro impresso da história. A impressão em escala começaria, então, a baratear o custo de uma cópia do livro sagrado.
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Outra grande colaboração para que a Bíblia deixasse de ser um privilégio de poucos, foi a Reforma Protestante. Simplificando bem a história, foi no ano de 1517 que Martinho Lutero fixou suas noventa e cinco teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg. Como resultado da Reforma, temos os cinco Solas, sendo um deles o Sola Scriptura: uma expressão em latim que significa Somente a Escritura. Isso quer dizer que, para os adeptos da Reforma, a mensagem de Deus não seria mais um privilégio do clero, mas das Escrituras. Em outras palavras, quem iria determinar qual era a vontade de Deus para a humanidade seria a Bíblia, e não mais os religiosos ou o Estado.
A Bíblia nas mãos do povo e seus efeitos Após o advento da Reforma Protestante e da invenção da imprensa, iniciou-se um processo que levou a Bíblia às mãos do povo. Não há dúvidas de que isso foi uma grande benção para o povo de Deus, caso contrário, basta imaginar que você não teria hoje uma Bíblia em casa se os fatos tivessem guiado a história de uma forma diferente. É possível ver a mão de Deus nisso tudo. Entretanto, não podemos negar os efeitos colaterais dessa nova história. A Bíblia nas mãos do povo também abriu precedentes para que cada um pudesse ter sua própria interpretação, uma vez que, como premissa básica, sabemos que todo leitor é um intérprete. Na verdade, um texto bíblico tem apenas uma interpretação correta, o que mudam são apenas suas aplicações.
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Erros de interpretação são a base para toda heresia e toda falsa doutrina. Uma pessoa mal intencionada, cria facilmente uma religião com base na mentira (ainda que com textos bíblicos em mãos) e, da mesma forma, uma pessoa ainda que bem intencionada mas que não conheça a correta interpretação, certamente levará o povo ao engano. Infelizmente, o que muitas pessoas não sabem é existem regras para se interpretar um texto bíblico. O mesmo se aplica a textos jurídicos. Essas regras, aliás, não foram inventadas por nenhum guru do assunto, mas são baseadas na razão e na lógica. Finalmente, tenho imenso prazer em compartilhar com você logo adiante três dessas regras que considero fundamentais, e tenho certeza que se você compreendê-las, estará preparado para detectar facilmente muitos falsos ensinos que poderão alcança-lo ao longo da vida cristã. Obviamente que essas três regras não compõe toda a hermenêutica (o conjunto dessas regras), mas já são um bom começo.
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A BĂblia interpreta a si mesma
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A Bíblia interpreta a si mesma É muito comum que os falsos ensinos apresentem “bases bíblicas”. Entretanto, apenas um pequeno trecho da Bíblia é apresentado para justificar determinada heresia. Aparentemente, quando analisamos esse pequeno trecho, pode parecer que a Bíblia realmente diz isso, mas não é bem assim. Ninguém pode fazer bandeira daquilo que não é primário na Bíblia, ou seja, para que uma doutrina sobreviva, é preciso estar apoiada também em outros textos distintos. Em outras palavras, um texto só poderá determinar um comportamento ou uma doutrina se outros textos colaborarem com ele. Se não houver esse apoio, há grande chance de estarmos interpretando errado uma passagem isolada, ou ainda de ser algo obscuro demais para se transformar em doutrina. A clareza só vem do apoio do que chamamos de síntese bíblica, ou seja, do conjunto de ideias primárias da mensagem bíblica.
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Para entendermos melhor, vamos pensar em dois exemplos: 1 – o texto em João 9.31 diz claramente que Deus não ouve a pecadores. Se somarmos isso ao texto de Romanos 3.23, onde diz que todos pecaram, podemos formular a doutrina de que Deus não ouve a humanidade, e de que nada adianta buscá-lo. Está escrito e ponto, alguém diria. Porém, eu te pergunto: essa ideia é bíblica? É claro que não. Há um equívoco de interpretação óbvio, pois o restante da Bíblia não diz isso. É possível compreender os textos do nosso exemplo dentro de seu próprio contexto, mas ainda que não fosse, jamais poderíamos formular uma doutrina em cima disso, uma vez que não há colaboração da síntese bíblica. Um texto só deve ser interpretado levando em consideração o que diz toda a Bíblia. 2 – agora medite no texto em Isaías 55.7, que orienta pecadores a se tornarem a Deus. Esse texto é altamente suportado pelo restante da Bíblia, como por exemplo, em II Crônicas 7.14, na própria parábola do filho pródigo ensinada por Jesus e em inúmeros casos de personagens bíblicos que buscaram a Deus e foram ouvidos. Sendo assim o texto em Isaías pode, sim, ainda em conjuntos com outros textos, suportar uma doutrina.
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O sentido do texto ĂŠ o sentido do autor
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O sentido do texto é o sentido do autor Imagine a seguinte situação: um pai escreve uma carta para três filhos e parte em viagem. Cada um dos filhos faz sua leitura, e posteriormente ao conversarem sobre o tema, percebem que cada um deles entendeu o recado de forma diferente. Há, portanto, três suposições de qual seria a correta interpretação. Pergunta: quem pode esclarecer qual o significado correto? A resposta é que somente o pai, que escreveu, poderá esclarecer com precisão qual a mensagem que queria transmitir.
A esta altura, você já deve ter compreendido que o sentido correto de um texto bíblico, é somente aquele que o autor quis transmitir para seu leitor original. O desafio é: como faço hoje para pedir esclarecimentos ao autor bíblico? Pois é, o texto mais recente da Bíblia foi escrito há pelo menos dezenove séculos, o que torna esse diálogo inviável.
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Sendo assim, quanto mais nos aproximarmos do que seria a intenção do autor, melhor a nossa interpretação. Isso só pode ser feito através de pesquisas no campo da cultura da época e buscando conhecer os contextos histórico, geográfico e literário. Muitas vezes, um termo um pouco obscuro em um texto é também simplesmente esclarecido em outro texto do mesmo autor. Vale lembrar também que a Bíblia foi escrita por cerca de 40 autores diferentes, durante um período de aproximadamente 1500 anos. O bom intérprete, portanto, deve fazer uso da literatura paralela da época (que aliás, é muito vasta para algumas épocas) e até da arqueologia. Essa é a função da Exegese, mas isso é assunto para um próximo estudo.
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O texto significa aqui e agora o mesmo que significava lĂĄ e entĂŁo para o leitor original 14
O texto significa aqui e agora o mesmo que significava lá e então para o leitor original Um texto bíblico tem apenas uma interpretação correta. Esse único significado, deve ser para o leitor de hoje o mesmo que para o leitor cujo texto foi originalmente escrito. A lição de um apóstolo bíblico para um brasileiro do século XXI, deve ser o mesmo que para um judeu do primeiro século, por exemplo. Entretanto, há uma grande distância entre esses dois leitores em tempo, espaço e cultura, e é aí que as coisas se confundem. Veja o seguinte exemplo: No texto de João 13.1-17, Jesus se veste com uma toalha e lava os pés dos discípulos. Automaticamente, entende-se a lição de que nós devemos também lavar os pés dos nossos irmãos, certo? Errado. Devemos primeiramente perguntar o que significava lavar os pés para o leitor da época, e qual o ensino acerca de Jesus e deste fato que o autor bíblico João quis transmitir. Acontece que, na cultura da época, os viajantes sujavam muito seus pés com sandálias nas estradas de terra, além do desconforto da viagem a pé.
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Era um hábito cultural que, recebendo uma visita ou em um festa, o dono da casa colocasse um criado para trazer água e lavar os pés do visitante ou convidado. Jesus não se coloca como o visitante ilustre, nem como o dono da casa, mas sim como o servo, concluindo que devemos imitá-lo. Porém, não podemos esquecer que não temos o hábito cultural de receber visitas da mesma forma, e Jesus não está ensinando um novo hábito cultural.
Nesse registro de João, Jesus nos ensina que veio para servir e que devemos fazer o mesmo, servindo nossos irmãos com a humildade de um servo. Como podemos servir nossos irmãos com a mesma humildade de Jesus? Essa é a lição desse texto para os leitores originais e, da mesma forma, para nós hoje. O texto significa aqui (no Brasil) e agora (no século XXI) o mesmo que significava lá (em Jerusalém) e então (no século I) para o leitor original.
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Sobre o Autor Adriano Gonçales é casado, tem duas filhas e é bacharel em teologia pelo Seminário Teológico Batista do Grande ABC – SP. Há mais de treze anos dedica-se a ensinar a Bíblia. Cristão por convicção e graça, é também pregador e professor por vocação.
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2 TimĂłteo 2.15 Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que nĂŁo tem do que se envergonhar, que maneja corretamente a palavra da verdade.
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