PASSOS PARA TRANSFORMAR FOTOGRAFIA EM PROFISSÃO D E S I G N : W W W. B C I C L E TA . C O M . B R
W W W . I I F. C O M . B R
SUMÁRIO Introdução 03 1-A s oportunidades da fotografia profissional
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2-O tripé de conhecimentos fundamentais
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3 - Portfólio: uma ferramenta indispensável
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4 - Sua jornada na fotografia
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5 - Planejamento
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6 - Estrutura e negócio
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7 - Marketing e vendas
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Conclusão 54 Palavras do Diretor
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O IIF
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INTRODUÇÃO Muita gente busca na fotografia a realização da vida que sonhou. E não é para menos: a fotografia é, desde a sua invenção, um dos mais importantes meios de comunicação do mundo moderno, que permite a criação de imagens capazes de transmitir uma carga emocional e uma mensagem àqueles que as observam. Talvez isso possa parecer um pouco abstrato a princípio, mas não é uma das coisas mais comuns querer guardar na memória momentos e pessoas especiais da nossa vida? Ou poder compartilhar com os amigos lugares e ocasiões em que não pudemos estar juntos? E ainda poder ver nos jornais ou pela internet acontecimentos em cantos distantes do mundo, ou ficar sabendo da existência de lugares lindos que iremos visitar? A fotografia nos proporciona isso e muito mais, e por isso
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trabalhar com fotografia é uma oportunidade única de conquistar uma carreira profissional de sucesso com a possibilidade de estar em contato com as coisas mais importantes e plenas vida. O fotógrafo profissional é aquele que vai trabalhar e ganhar dinheiro, produzindo imagens que representam a vida, o afeto e o conhecimento das pessoas do mundo.
E ainda assim, para muita gente, a ideia de ter sucesso trabalhando com fotografia parece algo distante, quase impossível, talvez até mesmo uma questão de sorte. Nós estamos rodeados de fotografia, e as fotografias têm se tornado cada vez mais centrais na produção e circulação de informação pelo mundo. Mas, ainda assim, muitos pensam que trabalhar com fotografia é algo fora dos padrões! Ora, não é! pag. 4
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Como em qualquer outro ramo, com paixão e planejamento, é possível, sim, viver de fotografia. Por ser um campo tão amplo e que envolve a criatividade, a paixão é garantia de satisfação profissional. No entanto, o planejamento ainda é um desafio para muitos. Falta de conhecimento ou de experiência na área tornam-se dificuldades para essas pessoas, mas a procura por uma orientação na área facilita o ingresso nesse mercado ou até mesmo o processo de transição de carreira. Foi pensando nisso que reuni neste e-book um conjunto de dicas, ou “segredos” da profissão, que aprendi nos meus mais de trinta anos dedicados a essa atividade, tanto por experiência própria quanto pela observação e conversa com colegas e outros profissionais da área.
Não vamos focar aqui tanto nos conhecimentos técnicos da fotografia; minha intenção, neste livro, é mostrar a você o que é preciso saber para ter uma carreira de fotógrafo com sucesso, seja essa a sua primeira profissão, seja essa uma carreira para a qual você quer migrar vindo de outro ramo, tanto para trabalhar part time como fotógrafo quanto para mudar de vida e se dedicar exclusivamente à fotografia. pag. 5
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Como veremos, dominar os aspectos organizacionais e de empreendedorismo da profissão são tão importante quanto saber fotografar. Conhecer o funcionamento do mercado é fundamental na sua vida como fotógrafo profissional. Mas, não se preocupe, não é nenhum bicho-de-setecabeças e nem mesmo precisa ser uma parte chata ou penosa do trabalho! Com o conhecimento certo, isso só vem a complementar a satisfação profissional e o sucesso da sua carreira. ENTÃO, VAMOS LÁ, CONHECER OS SETE SEGREDOS PARA TRANSFORMAR FOTOGRAFIA EM PROFISSÃO!
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AS OPORTUNIDADES DA FOTOGRAFIA PROFISSIONAL
Diferente do que muitas pessoas podem afirmar, o grande aumento ao acesso à equipamentos de fotografia e circulação de imagens no mundo contemporâneo não representou qualquer ameaça para o mercado da fotografia profissional. Pelo contrário: a participação crescente das imagens na vida cotidiana aumentou o seu valor social e, consequentemente, a sua demanda no mercado.
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A fotografia profissional tem expandido seus campos de atuação, bem como crescido raízes mais fundas nas áreas em que já estava estabelecida, desenvolvendo-se como um nicho estável e articulado na sua relação com a sociedade. Somente um profissional consegue tirar o proveito máximo de todo o potencial da fotografia, garantindo, dessa forma, o seu lugar nessa busca crescente por imagens na sociedade. Pra você que vai começar na fotografia, é importante considerar que, do ponto de vista comercial, a fotografia se divide atualmente em seis grandes áreas: fotografia de publicidade, editorial, científica, cultural, de eventos sociais e de pessoas. VAMOS CONHECER CADA UMA DELAS.
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1 - PUBLICIDADE A fotografia de publicidade engloba os segmentos de moda, arquitetura, fotos institucionais e de produtos para catálogos ou loja virtual. É todo tipo de fotografia que busca dar visibilidade a um objeto ou instituição de modo a divulgar suas qualidades.
De acordo com Martha Terenzzo, professora de inovação da ESPM, as pessoas têm aprendido a consumir de maneira mais crítica, dando maior importância ao storytelling. Segundo ela, “se o contato com a marca é ruim, o cliente vai passar a punir a empresa”. Ou seja, não é só a utilidade imediata do produto que possui importância para o consumidor, mas também a relação pessoal que ele estabelece com a marca, que passa a representar um modo de ser e agir, e até mesmo uma personalidade. A construção da imagem desses produtos e empresas passa a ser protagonista no mercado, e o fotógrafo profissional encontra aí um enorme campo de atuação com a missão de traduzir em imagens a personalidade dessa marca para seu cliente. Além disso, na superabundância publicitária da atualidade, as pessoas dedicam cada vez menos tempo aos anúncios que lhes aparecem, principalmente na internet, de modo que a fotografia passa a ser mais requisitada como forma de divulgação devido à sua capacidade de transmitir, de uma só vez, um grande número de informações. Ambientação, resolução, tratamento da imagem, cores e relações, tudo contribui para dar uma aura específica àquilo que é divulgado. Segundo pesquisa da Mintel, o valor de mercado estimado do e-commerce brasileiro vai crescer de R$ 102 bilhões em 2017 para R$ 115 bilhões em 2018. Cabe notar que, no e-commerce, o cliente não tem acesso direto ao produto, não podendo tocá-lo, sentilo ou experimentá-lo: isso contribui ainda mais para a importância da imagem, que deve buscar transmitir essa relação pessoal com a mercadoria. Mais uma vez, então, encontramos o papel central que um fotógrafo profissional pode desempenhar na atividade publicitária. pag. 8
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A fotografia de publicidade é um campo muito vasto, que engloba comércio de mercadorias, campanhas, divulgação de serviços, marketing, urbanismo, e participa ativamente da construção da sua participação social. É um setor muito amplo de atuação para o fotógrafo profissional.
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2 - EDITORIAL A fotografia editorial é aquela destinada ao conteúdo de revistas e jornais. Revistas especializadas em, por exemplo, arquitetura, viagens, esportes, natureza ou produtos possuem uma dependência tão grande da imagem quanto do texto, senão maior. Canais de grande porte costumam contratar fotógrafos e encarregá-los de expedições ou serviços, enquanto a maioria trabalha comprando fotografias que os fotógrafos oferecem ou encomendando serviços esporadicamente. Mesmo jornais de notícias trabalham muito com fotografia e, ainda que ali seu objetivo principal seja o de ilustrar uma informação, a imagem não escapa de carregar, em si, uma escolha de enquadramento, ângulo, momento, que lhe conferem uma carga particular de sentido. Saber manejar a fotografia de modo a produzir o efeito desejado é uma característica do fotógrafo profissional, que encontra na fotografia editorial um papel importante a cumprir na divulgação de informação.
3 - CIENTÍFICA Muito mais ligada às necessidades de outras áreas do conhecimento, e por vezes ao desenvolvimento de novas tecnologias para captura de imagens, a fotografia científica é aquela que se presta ao serviço de laboratórios, pesquisas científicas e análises de terreno. São alguns exemplos de áreas da ciência que necessitam da atuação de fotógrafos profissionais: a arqueologia e a história, para registro de locais e objetos antigos ou para digitalização de acervos; a geografia e a geociência, para mapeamento e registro técnico de características regionais e populacionais; a antropologia visual; a biologia, para coleta e registro de dados acerca das inúmeras formas de vida, desde as microscópicas até os ecossistemas; a física; a engenharia ambiental, florestal ou civil, para análise de terrenos e projetos de grandes dimensões; ou mesmo a medicina, para registro e pag. 10
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divulgação de casos e patologias, em especial na dermatologia, ou a perícia policial, para registro de cenas de crime. A fotografia científica também cumpre o papel de divulgar os resultados de pesquisas, ilustrar livros didáticos e aproximar a sociedade do conhecimento científico, possuindo campo junto a editoras de livros didáticos, faculdades ou acompanhando excursões de pesquisa.
4 - CULTURAL Chamo aqui de fotografia cultural a fotografia que é trabalhada como uma forma de arte. Desse modo, circula comercialmente tanto em exposições quanto através da publicação de livros de fotografia. No Brasil, o mercado de livros e o mercado de arte têm apresentado crescimento constante e estável. E ainda, pesquisas realizadas pela Latitude Platform for Brazilian Art Galleries Abroad em parceria com a Associação Brasileira de Arte Contemporânea (ABACT) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) mostram que há um crescimento internacional no interesse pela arte produzida no Brasil. Algumas referências da área são fotógrafos como Araquém Alcântara, Claudio Edinger, Carlos Moreira, Valdemir Cunha, Cássio Vasconcellos ou Alexandre Urch. O trabalho com esse tipo de fotografia geralmente acontece em parceria com galeristas, que selecionam e agenciam a produção dos fotógrafos, realizando o contato com colecionadores, instituições nacionais e internacionais, feiras de arte e leilões. Vale a pena conferir o trabalho de galerias como a Chroma, a galeria Porão, DOC galeria ou galeria Mario Cohen, e principalmente a SP-Arte/ Foto, a maior feira de galerias de arte e fotografia do Brasil. Atualmente, é preciso notar, essas galerias se concentram nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, mas o desenvolvimento no setor pode expandir o mercado para outras regiões do país. A fotografia também possui a vantagem de ser mais facilmente comercializada através da internet do que outras formas de arte que dependem mais da presença física para fazerem ver sua materialidade, restringindo-as a esses grandes centros urbanos. Podemos concluir, portanto, que a fotografia como forma de arte possui um lugar singular e fundamental na produção cultural contemporânea, e o mercado nacional crescente na área não perde de vista seus desenvolvimentos estéticos e intelectuais.
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5 - EVENTOS SOCIAIS
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Fotógrafos profissionais são requisitados para registrar com melhor qualidade eventos e festas especiais. Festas de formatura ou de debutante, casamentos, eventos de empresas ou eventos culturais patrocinados, feiras e encontros, bailes, coquetéis, shows e festivais são exemplos de eventos nos quais a presença de fotógrafos é garantida.
número de universitários cresceu nos últimos anos, aumentando a demanda por festas de formatura. No país, em 2014, foram realizados 1.106.440 casamentos, sendo a região Sudeste responsável por metade dos gastos com festas e cerimônias, com R$ 8,6 bilhões investidos, seguida pelo Nordeste (R$ 3 bilhões), Sul (R$ 2,9 bilhões), Centro-Oeste (R$ 1,3 bilhão) e Norte (R$ 1 bilhão).
O mercado para esse tipo de fotografia é enorme. Nem mesmo a recente crise econômica abalou o mercado de eventos, que continua crescendo.. Apenas na cidade de São Paulo são realizados 90 mil eventos de negócios por ano, o que dá uma média de um a cada seis minutos. O
Sem dúvida, a fotografia de eventos é um campo de fácil inserção, com grande demanda por profissionais, e ainda garante, além das próprias oportunidades na área, a possibilidade de muitos contatos e aberturas para outros campos de atuação no mercado.
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6 - PESSOAS A fotografia de pessoas envolve os ensaios newborn (que são os de recém-nascidos), fotos de família, casais, noivos, gestantes, debutantes, sensuais e ensaios diversos. Essa é uma área central para a fotografia: o conhecimento e a habilidade técnica com a fotografia de pessoas pode levar você a se desenvolver em qualquer outra das áreas de atuação, pois quase todas elas podem envolver, em algum momento, a fotografia de pessoas. Cabe notar que o contato direto entre fotógrafo e fotografado nesse campo abre muitas portas para a construção de uma fidelização do cliente. Imagine só: um fotógrafo pode, em uma oportunidade, fazer o ensaio fotográfico de uma gestante. Com um serviço bem feito e um processo empreendedor de fidelização, o fotógrafo garante a possibilidade de atender este cliente em novas oportunidades, como por exemplo, em uma série de ensaios para registrar os desenvolvimentos físicos e emocionais da gravidez, ou em um ensaio fotográfico newborn, que tem despontado como uma grande tendência no país. A partir de então há uma série de rituais de passagem que os pais podem querer eternizar com toda a qualidade e sensibilidade que o fotógrafo profissional possa ser capaz de imprimir na imagem, como cerimônias de batismo, o primeiro ano da criança, smash the cake, as festinhas da escola e o novo bichinho de estimação. Com uma presença assim marcante na vida de uma família, não é difícil conseguir indicações e novos clientes do núcleo social. A fotografia cumpre um papel emocional enorme na vida das pessoas, e o profissional da área encontra aqui uma grande oportunidade para desenvolver o seu trabalho e estabelecer uma participação estável em um nicho social.
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O TRIPÉ DE CONHECIMENTOS FUNDAMENTAIS
Independentemente da área de atuação escolhida, a fotografia como carreira deve ser entendida como um tripé de conhecimento: ele é composto por TÉCNICA, CULTURA IMAGÉTICA e EMPREENDEDORISMO.
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TÉCNICA O primeiro aspecto que nos vem à mente quando pensamos em atuar como fotógrafo é a técnica, que compreende o conhecimento dos equipamentos e o modo de trabalhar necessários para se conseguir a fotografia desejada. A técnica inclui conhecimentos básicos, como saber escolher, por exemplo, qual o tipo de exposição, a melhor composição e iluminação para o que se quer produzir. Mas a técnica não é somente o conjunto fixo e fundamental de regras que todos os fotógrafos compartilham: dela que surge também o seu estilo próprio de fotografar e o modo como você se comunica com suas imagens. Nesse sentido, o mais importante não é querer conhecer tudo que há no universo da fotografia - até porque isso é praticamente impossível- mas, sim, dominar os pag. 15
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conceitos técnicos fundamentais como a exposição da foto, os tipos de objetivas e seus efeitos e como iluminar uma cena. A partir deste ponto, é importante procurar desenvolver as técnicas e as competências específicas necessárias para fotografar com o estilo e na área desejados. E saber como direcionar o seu desenvolvimento é um conhecimento que evolui aos poucos, com a experiência, a maturidade e a busca de informação.
CULTURA IMAGÉTICA Quanto à cultura imagética, podemos considerá-la como o repertório de imagens, ideias e conteúdos de referência que nos ajuda a imaginar e projetar o que queremos produzir em nosso trabalho com a fotografia. Como atualmente somos expostos diária e continuamente a imagens (por meio da televisão, internet, propagandas, cinema etc.), não é difícil ter acesso a materiais para se construir um repertório. A questão é, então, saber aproveitar essa exposição e sintetizar os elementos que podem compor o seu estilo. Um exercício que gosto de sugerir aos meus alunos é de, antes de tudo, fazer-se esta pergunta: “porque eu gosto desta imagem?”. A partir dessa questão aparentemente simples, tente observar de maneira objetiva o que o atrai, por exemplo, em uma obra de arte, em um filme, em uma propaganda, na iluminação de ambientes, na produção de outro fotógrafo. Reflita por que isso o interessa ou instiga. A cena é clara e completamente iluminada ou é escura e misteriosa? Tem um intervalo muito grande de tons ou existem só claros e escuros sem muitos tons intermediários? A cena parece real ou surreal? Dramática ou poética? Reconhecendo e listando essas características atraentes, imagine como é possível produzir tais efeitos em uma fotografia em termo de iluminação, composição e registro da cena, e de que forma esses efeitos podem ser construídos na realização do seu trabalho. É importante entender do que você gosta nas outras expressões artísticas e pensar como é possível trazer essas qualidades para a sua pesquisa e realização fotográfica. Esse é um aprendizado que se dá através da reflexão, e também através da prática: assim como para se tornar um bom escritor é preciso tanto ler quanto escrever todos os dias, para evoluir na sua fotografia é preciso tanto fotografar quanto observar e pensar sobre a fotografia todos os dias. É com essa dedicação que o seu senso crítico e as suas potencialidades criativas vão se desenvolver.
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EMPREENDEDORISMO Já o empreendedorismo é o que permite você atuar não apenas como fotógrafo amador, mas como fotógrafo profissional qualificado. As pessoas em geral se envolvem com fotografia devido à sua dimensão criativa, intelectual, artística, e se esquecem que para atuar profissionalmente como fotógrafo, e não apenas como um entusiasta, é preciso se envolver também com a dimensão comercial desse trabalho. Tanto para nós, fotógrafos, quanto para a pessoa que se tenha
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fotografado, a fotografia pode aparecer como algo para além de qualquer valor; porém, ela precisa possuir um valor de mercado para que o trabalho se sustente e siga em frente. Essa é a maior dificuldade para uma grande quantidade de fotógrafos: decidir quanto uma fotografia vale comercialmente. E este livro é exatamente para lhe ajudar neste aspecto. Vamos abordar uma série de fatores a serem considerados para estruturar a sua carreira dentro da fotografia.
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PORTFÓLIO: UMA FERRAMENTA INDISPENSÁVEL
Todo fotógrafo profissional precisa de um portfólio. O portfólio é um catálogo de imagens que serve de currículo, é uma amostra do trabalho que o fotógrafo apresenta para um potencial cliente. É através dessa ferramenta que o seu estilo e sua técnica serão apresentados para os seus clientes, seja por meio de um site ou de um álbum impresso.
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É importante ter sempre em mente que a elaboração de um portfólio deve levar em conta o objetivo para o qual ele foi criado, o que inclui considerar por quais critérios ele vai ser avaliado e e para que ele serve. É preciso adequar o seu portfólio ao público-alvo, uma vez que os diferentes interesses dos clientes representam diferentes requisitos para o serviço buscado. Um cliente final, por exemplo, não procura o mesmo que um galerista que quer ver se o seu trabalho cabe no tema de uma exposição. Ou seja, criar um portfólio não significa inserir nele todas as fotos que você já tirou na vida, ou mesmo todas as que você considera as melhores, sem qualquer outra lógica na escolha das imagens. O que é importante é ter consciência do recorte necessário que cada cliente demanda. Como brinca o fotógrafo Alex
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Mantesso, “não adianta eu querer vender festa infantil com um portfólio de fotos de casamento” Um dos passos para determinar essa escolha é ter bem definida a área em que você deseja atuar. No início da carreira isso pode não ser tão claro, por esta razão é útil experimentar as várias áreas do mercado a fim de descobrir aquela com a qual mais se identifica.
COMEÇANDO UM PORTFÓLIO No começo da carreira como fotógrafo profissional, enquanto busca ingressar no mercado, procure oferecer seus serviços em troca da autorização para utilizar as imagens no seu portfólio. Isto é, você oferece, sem cobrar, seus serviços como fotógrafo, em troca apenas da possibilidade de fazer as fotos e as utilizar para construir aos poucos um portfólio. Essa permuta é bastante promissora e pode acontecer em festas de família ou com amigos e conhecidos. Esse trabalho não remunerado é o passo inicial para você aumentar o seu networking,
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somar mais trabalhos ao seu portfólio e chamar a atenção de clientes em potencial. O que sugerimos é que, até ter certeza de que tenha superado os desafios técnicos da fotografia, você fotografe apenas para pessoas conhecidas e que saibam do seu status de aprendiz. Quando se sentir tecnicamente seguro, você poderá começar a oferecer este tipo de parceria com outras pessoas do seu networking. Isso mesmo: você oferece seus serviços e as fotografias, e em troca adquire experiência e também as fotografias, que reúne para montar o seu portfólio.
QUANTAS FOTOS? Mas qual é o tamanho que deve ter um portfólio? Bem, a resposta não é definitiva. Um bom portfólio possui, em média, um total de 40 fotos. A dica que nós damos, para fotografia de pessoas, é que para escolher essas fotos você realize pelo menos dez ensaios fotográficos distintos, com cerca de 12 fotografias finais em cada um, para então, a partir desses resultados, selecionar o conjunto de fotos que vai compor melhor o portfólio pretendido. Saiba que um portfólio sintético mas poderoso é muito mais interessante do que outro repleto de fotos mas que cause pouco impacto, ou que evidencie um estilo pouco coeso, mal estruturado. E não só por esses fatores o número de fotos em um portfólio pode variar: cada proposta de trabalho exige uma quantidade de imagens para produzir a sua ideia de coesão. Por exemplo, quinze fotos são o suficiente para apresentar a sua técnica na área de fotografia de produtos, enquanto na fotografia de eventos poucas fotos não são o suficiente para atrair o seu cliente, uma vez que, nessa área, para dar real demonstração de como você desenvolve a elaboração imagética do evento, é necessário mostrar como aconteceu o ensaio, como era o figurino, o cenário etc. Eventos como casamentos exigem de trinta a cinquenta fotos no ensaio para que se possa ter ideia da dimensão do acontecimento. Para os que fotografam casamentos, há uma boa dica: mostre ao seu cliente um álbum completo de um evento que fotografou anteriormente. Desse modo o cliente conhece melhor o seu trabalho, seu estilo pessoal, e consegue perceber se o seu jeito de construir narrativas através da fotografia condiz com o que ele busca e acredita.
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É extremamente importante, então, se pautar pela objetividade ao criar um portfólio. Como discutido acima, não podemos simplesmente escolher as fotos que mais gostamos, que para nós são as melhores. É preciso considerar, antes, quais fotos estão de acordo com a vontade do cliente, e quais estão de acordo com a própria área que você escolheu atuar. Uma sugestão para que essa objetividade seja garantida é pedir ajuda para alguém do meio, alguém que seja conhecedor de fotografia e que tenha uma imparcialidade ao olhar as suas imagens, não se deixando afetar pelo apelo emocional da ocasião em que as fotos foram tiradas, algo que é fácil de acontecer com quem está avaliando as próprias fotografias. Esse tipo de colaboração, principalmente no início da carreira, pode contribuir enormemente para a formação crítica do fotógrafo e para que se tenha clareza dos rumos e características que o trabalho nos indica.
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Dica: sempre atualize o seu portfólio, deixando ensaios mais velhos de lado e acrescentando trabalhos mais novos, conforme perceba que a qualidade dessas fotografias não está mais de acordo com o que você deseja ou de acordo com o que você pesquisa no momento.
Lembre-se que fotografar o que você gosta é a chave para o sucesso. Conhecer muitas técnicas não é o bastante se não há paixão por aquilo que você captura. Quando fazemos o que gostamos, o que nos instiga e move, conseguimos resultados muito melhores, pois naturalmente nos dedicamos mais, deixando impresso nas imagens o nosso interesse e toda a nossa habilidade. É claro que, ao começar a sua carreira como fotógrafo profissional, você não vai fotografar
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apenas o que gosta. Até poder trabalhar somente com o que lhe interessa é necessário muitos ensaios que não são exatamente a sua paixão. Isso será importante, mas essas fotografias não precisam, nem devem aparecer quando for montar seu portfólio. Eu sempre falo para os meus alunos: no início da carreira, aceitem todos os trabalhos que chegarem até vocês, mas mostrem para os outros somente os trabalhos que são como os que querem fazer.
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SUA JORNADA NA FOTOGRAFIA
Planejar é fundamental em qualquer atividade humana, mas infelizmente não é uma prática comum para todos nós. Algumas pessoas tem isso intrínseco na personalidade outros adquirem esta competência no exercício da sua profissão. Ainda assim, raramente encontrei alguém que tivesse desenhado um plano concreto e preciso para trabalhar com fotografia. Por isso, preparei para você uma planilha com os principais caminhos para trabalhar com fotografia, traçando as tarefas fundamentais para ingressar na fotografia profissional.
Existem modos distintos de trazer a fotografia para o seu cotidiano: você pode fazer uma transição gradual, ou então fazer a migração total. Às vezes as pessoas ficam muito envolvidas nas próprias dúvidas e incertezas e não conseguem pensar lucidamente, ou ainda não conhecem todas as possibilidades e os pontos a percorrer. Por isso condensei em uma planilha fácil de visualizar possíveis cenários e etapas a percorrer. A planilha está dividida em quatro casos distintos: a primeira linha é para aqueles que não trabalham com fotografia e querem começar na carreira sem se dedicar exclusivamente a ela; a segunda linha é para aqueles que já trabalham part time com fotografia e querem migrar para a dedicação exclusiva; a terceira linha é para os que ainda não trabalham no ramo e querem já ingressar diretamente para atividade profissional em full time; e a quarta linha é dedicada àqueles que já atuam nesse mercado e querem melhorar seus rendimentos. Vamos falar melhor, pag. 25
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nos próximos tópicos, sobre planejamento e estrutura do negócio, e você terá mais clareza do que significa cada orientação descrita na tabela. Não hesite em voltar a ela como uma ferramenta para ajudá-lo(a) a organizar sua lista de tarefas e planejar os passos para a consolidação da sua carreira na fotografia.
MOMENTO ATUAL
OBJETIVO
PLANEJAMENTO 1 – Determinar o tempo disponível para dedicar a fotografia e escolher o público que deseja atender
NÃO TRABALHA COM FOTOGRAFIA
TRABALHAR PART TIME COM FOTOGRAFIA
2 - Definir a área e o estilo que deseja atuar 3 - Realizar ensaios para ganhar experiência e produzir o portfólio. 4 - Levantar o preço para os seus trabalhos fotográficos
TRABALHA PART TIME COM FOTOGRAFIA
TRABALHAR FULL TIME COM FOTOGRAFIA
1 – Definir o valor do investimento para migração, a sua fonte e o impacto da migração sobre sua condição de vida atual 2 – Determinar se o seu posicionamento atual na fotografia é alinhado ao perfil que você planeja para o seu negócio em fotografia e fazer os ajustes necessários. 3 – Definir metas e estrutura do seu negócio em fotografia. 1 – Definir a fonte e o valor do investimento inicial, assim como o prazo para iniciar a atividade profissional
NÃO TRABALHA COM FOTOGRAFIA
TRABALHAR FULL TIME COM FOTOGRAFIA
2 - Definir a área de atuação, o estilo que deseja atuar, o público que quer atender e os preços dos seus trabalhos. 3 - Realizar ensaios para ganhar expêriencia e produzir o portfólio. 4 - Criar sua marca, identidade visual, marketing, definir metas e estrutura do seu negócio em fotografia.
TRABALHA PART TIME OU FULL TIME COM FOTOGRAFIA
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APRIMORAR RESULTADOS DOS SEU NEGOCIO
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1 - Definir a estratégia: aumentar preços, aumentar quantidade de trabalhos, reduzir custos ou combinação entre estas. 2 – Analisar o estado atual do Negócio (Estilo, Público Alvo, Comunição e Marketing, e Estrutura) e determinar se é o mais adepto para a estrategia escolhida.
Um assunto muito importante a ser considerado falando da jornada na fotografia é a Migração de Carreira. Conheço muitas pessoas que abandonaram suas carreiras para se tornarem fotógrafos profissionais e tiveram sucesso e uma das lições mais importantes para aqueles que querem realizar essa migração é ter em mente que é necessário planejar com cuidado a transição de carreira. Seja cauteloso e faça um bom planejamento antes de qualquer decisão brusca, assim evitando grandes frustrações no novo mercado.
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Ir para uma carreira nova e abrir um negócio próprio apresenta um risco duplo, pois você vai não só abandonar a sua antiga renda, como também se arriscar num mercado que ainda lhe é pouco conhecido. Lembre-se que ninguém começa na fotografia (ou em qualquer outra profissão) já como um grande profissional, um grande fotógrafo. A consolidação de uma carreira dá-se sempre aos poucos. PREPARAÇÃO FINANCEIRA Pense a médio e longo prazo, para que a sua escolha seja sensata e sua carreira, promissora. Prepare-se financeiramente antes de sair de seu trabalho atual, cortando gastos e acumulando um capital de investimento e de giro.
Capital de investimento é a quantia que você vai precisar para começar o seu novo negócio, e capital de giro é o montante de dinheiro que você vai precisar para sustentar a sua nova empresa até que ela comece a lhe dar retorno financeiro. pag. 28
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Sabemos que reduzir gastos nunca é uma tarefa simples, uma vez que nos habituamos rapidamente a uma vida mais confortável, com idas a restaurantes, passeios de carro etc. Por isso, ao cortar suas despesas, busque viver essa nova realidade por um tempo significativo, para que se acostume bem a ela antes de decidir largar a profissão em que está atuando e migrar para a nova profissão. Quando você diminui seus gastos sem sair do trabalho, tem a possibilidade de guardar maiores quantias, o que vai te ajudar muita na nova carreira, permitindo que você comece seu trabalho como fotógrafo com mais tranquilidade e dedicação. Quanto mais reservas de caixa, melhor vai ser quando decidir largar o emprego atual. PREPARAÇÃO PESSOAL Mas a preparação financeira não é a única que deve ser feita antes de embarcar nessa jornada da fotografia. Há também uma preparação pessoal, que é de extrema importância. Não é qualquer pessoa que pode ser um bom empreendedor. Para abrir seu negócio e prosperar é preciso ser automotivado. Avalie bem, então, o seu perfil de negócio. Pense objetivamente se é um empreendedor. Se você terá motivação para acordar cedo e sair para fotografar mesmo sem ter, ainda, qualquer proposta de trabalho. Você precisa ter motivaçãopara ir atrás de clientes, enfrentar as adversidades e inclusive para fazer e fotografar algo de que não gosta, o que pode acontecer com alguma frequência no começo.
PREPARAÇÃO FAMILIAR A preparação familiar também é essencial para essa tomada de decisão. Você deve preparar aqueles que vivem com você para essa transição. Todos são parte dessa mudança e vão acompanhar cada etapa desse processo. Essa participação familiar é fundamental para evitar brigas e desentendimentos que podem lhe desmotivar a continuar na nova profissão, impedindo que você desenvolva bem seu trabalho como fotógrafo. Para quem trabalha com eventos sociais, essa questão é ainda mais delicada. Afinal, você vai trabalhar registrando os momentos especiais de outras pessoas, enquanto os seus próprios parentes e amigos vão estar nas suas próprias festas familiares e demais confraternizações. Assim, você não estará mais tão presente quanto costumava estar, o que pode gerar, eventualmente, uma insatisfação pessoal que pode pesar na sua escolha. Quando estamos começando uma carreira não podemos recusar trabalhos, e por isso é quase inevitável não ficarmos mais distantes daqueles que amamos. Por outro lado, há momentos na vida que são propícios a mudanças drásticas, e temos que aproveitar essas deixas que o destino nos oferece. Já vi circunstâncias nas quais a demissão de uma empresa se revelou a oportunidade ideal para realizar a mudança. Em outros casos, jovens mulheres com filho pequeno e o desejo de ficar perto da família optaram pelo trabalho autônomo como fotógrafas como alternativa. Nesses e em muitos outros casos, uma oportunidade deu origem à transição. Apenas ressalto que, também nesses cenários, é importante ser cuidadoso, e que todas as observações anteriores continuam valendo. O planejamento é fundamental mas, a meu ver, nunca temos que ter medo de ir atrás dos nossos sonhos, precisamos somente fazer isso de forma consciente e concreta.
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Para encerrar este tópico, acho importante colocar que essa mudança de carreira não pode ser simplesmente um escape. Com certeza você vai encontrar, na profissão de fotógrafo, diversas dificuldades, desafios e problemas que serão, como em qualquer outra profissão, o “lado ruim” da carreira. Por isso, pondere bem se o que você busca nessa nova profissão vai compensar as dificuldades que ela vai lhe impor. E então, uma vez que a decisão de se tornar fotógrafo estiver tomada, é hora de focar bem nos resultados, pensar bastante sobre onde você quer chegar, ter claro quais são seus objetivos com a fotografia, e então alcançar as suas metas sem se perder no meio do caminho! Vamos pensar agora sobre algumas tarefas fundamentais desses passos.
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PLANEJAMENTO
Planejamento é fundamental para obter sucesso no trabalho. Construir uma carreira demanda um cuidado especial com a própria organização, demanda inclusive um método para poder avaliar os próprios resultados e desempenhos, de modo a conseguir saber em que rumo se está indo, se realmente na direção desejada ou não. É preciso ter claro o que se espera do trabalho, aonde se quer chegar, e traçar
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os passos para chegar até lá. Por isso, não subestime o valor das técnicas de auto-organização, do conhecimento de procedimentos empresariais e da ajuda que pode receber em cursos especializados em fotografia profissional. Eu, pessoalmente, pude testemunhar o sucesso profissional de centenas dos meus alunos durante o este tempo como professor de fotografia.
Não se preocupe se, de início, não souber muito bem como se planejar. Ninguém nasce sabendo. Mas como em qualquer outra atividade na vida, quanto mais você se dedicar a isso, melhor vai conseguir fazê-lo. Portanto, comece a sua busca pelos planos mais gerais. Aonde você pretende chegar na profissão de fotógrafo? Você quer que esse seja um trabalho complementar à sua profissão atual ou quer dedicar a vida ao ramo? Em qual área da fotografia você quer se especializar? Para isso, seus planos são de, um dia, possuir o próprio estúdio, funcionários trabalhando com você, em uma grande empresa? Ou manter-se num empreendimento mais individualizado, focado na prestação de serviços para outras companhias ou para o público final? Você quer, no futuro, estar expondo em galerias, vendendo suas fotografia como obras de arte? Publicando fotos em revistas de viagens? Produzindo álbuns? Dando cursos? Pense quais são seus planos, e estabeleça-os. E depois, considerando essas pag. 32
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metas de vida e os passos que você imagina serem necessários para chegar até lá, idealize seu futuro e o tempo para você chegar a ele. Enquanto você cria as suas metas talvez você não tenha certeza dos detalhes do caminho, porém, o mais importante é ter uma referência na sua idealização, do sonho que você está construindo, dessa forma você não irá se perder nos seus planos e terá sempre a base para tomar suas decisões e dedicar os seus esforços.
Mas o planejamento não é apenas um plano geral de metas, teórico e genérico. Planejamento é algo que vai precisar acompanhar você durante toda a sua carreira, pois é a unidade básica da organização. As metas gerais servem para orientar o traçado das metas mais precisas: onde você quer estar daqui a dois anos? Para isso, em que situação é bom que esteja daqui a um ano? Se daqui a um ano precisa estar assim, então é bom determinar planos mensais a serem cumpridos para alcançar a meta anual. Dentro disso, pelo menos para esse mês e o seguinte, trace planos semanais. E crie, para essa semana, uma lista de tarefas diárias. Esse processo de reduzir a meta geral a uma lista de tarefas pontuais a pag. 33
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serem cumpridas é o que vai fazer você criar e conhecer o caminho que vai lhe levar aos seus sonhos. É muito mais fácil ser automotivado e empreendedor quando nossa missão não é vaga ou imprecisa, uma vez que as tarefas diárias são cumpridas, não existe espaço para o desânimo em relação ao objetivo final. Ao traçar tarefas diárias e cumpri-las, você vai sentir que sabe o que fazer e que está caminhando na direção que deseja. Por isso, nunca subestime a potência de trabalhar com listas de tarefas, de ter o costume de consultá-las e segui-las durante o dia, de planejá-las com cuidado e atenção, adequando-as às suas necessidades e às condições que encontrar pelo caminho.
E, com a mesma importância, não subestime a potência da organização: utilize agendas, seja em papel, seja eletrônica; realmente escreva as suas listas de tarefas e risque os itens cumpridos; não adie a atualização e inclusão de tarefas na lista; e mantenha o seu trabalho em dia. Assim, você mantém o controle sobre os seus planos, otimiza o seu tempo e se mantém próximo das suas intenções. Mas repito: também é preciso estar preparado para imprevistos. Principalmente no começo, o plano de metas serve mais como uma referência do que como um plano de metas real. Conforme você for realmente conhecendo os rumos e possibilidades que está alcançando, você saberá medir melhor a viabilidade das suas metas e quais são os passos necessários para alcançá-las. Sendo assim, não tente traçar planos muito precisos para o longo prazo, será muito difícil acertá-los e realmente se manter com eles. Tenha metas concretas para períodos menores, e tarefas necessárias apenas para a semana e os próximos meses, e apenas um programa geral de mês a mês para conquistar a meta bianual. pag. 34
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Também, conforme formos avançando neste tópico será mais fácil você visualizar o que deve ser levado em consideração na hora de compor essas tarefas e planos. Coisas concretas a serem definidas para a sua carreira: em qual área da fotografia você quer atuar? Dentro dessa área, em alguma especialização? Por exemplo, dentro da fotografia de pessoas, você pretende se especializar em newborn, ou talvez em ensaios sensuais. O que você não quer fazer? É claro que nem sempre você vai poder fazer apenas o que quer, principalmente no começo, mas é possível definir áreas nas quais você realmente não pretende atuar. Por exemplo, um fotógrafo pode se recusar a trabalhar com newborn, por reconhecer que não possui a estrutura material ou pessoal para atuar com recém-nascidos. Em geral, definir com mais precisão a sua área, riscando de fato outros ramos, não só ajuda você a focar seus investimentos e delimitar seu públicoalvo, como também a organizar o seu tempo de dedicação àquilo no que quer se desenvolver melhor.
PÚBLICO ALVO E IDENTIDADE VISUAL: A identidade visual é o design da sua empresa, inclui a logomarca, o design do cartão de visita, do portfólio, do site e de eventuais outras peças gráficas e apresenta a sua empresa para o público. Isso tem a ver, claro, com o seu estilo de fotografia, com o que você sabe e quer fazer. Mas isso também tem relação com o mercado no qual você se insere e com a viabilidade do público que você quer atingir. Existe mercado para todo tipo de foto, o que você precisa é encontrar o seu público e se estabelecer entre ele. Para isso, é importante pensar em estratégias de identificação e divulgação. Não tenha receio de investir em uma boa identidade visual para o seu cartão de visitas, para o seu site (se for o caso de ter um), para o local onde você recebe seus
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clientes, seja um estúdio, seja home office. E lembrese: investir nessa identidade visual não significa simplesmente fazê-la o mais elaborada possível; mas, sim, adequá-la o mais perfeitamente possível ao seu público alvo. Existem fotógrafos, por exemplo, que preferem trabalhar em um mercado mais caro, de luxo, premium. Esse mercado exige um estilo próprio de identidade visual, tratamento exclusivo, ambiente diferenciado, comodidade nas formas de pagamento. Os preços ali são mais elevados, mas os custos também, e as exigências são específicas.
Outros fotógrafos, por sua vez, preferem trabalhar em um mercado mais varejista, de custo mais baixo e preço popular, o que também possui exigências próprias. Uma delas, por exemplo, é que os preços mais baixos exigem um volume maior de trabalho, mas esse é um mercado de inserção mais simples e que exige menos networking. Adequar a sua identidade visual a cada mercado significa atentar para as suas exigências específicas. Um mercado de luxo não vai procurar um fotógrafo que não pareça atender às suas exigências, assim como um mercado mais varejista não vai ter lugar para um fotógrafo que pareça caro. Cada nicho comercial e cada público-alvo, na sua relação com as especificidades do produto que é oferecido, determinam exigências próprias ao trabalho. Por exemplo, pag. 36
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alguém que trabalhe com fotografia de pessoas pode precisar ter contato com maquiadores ou estilistas, ou até mesmo cenógrafos para montar cenários para ensaios. Com fotografia de eventos, pode ser bom ter contato com organizadores de eventos, buffets, escolas, empresas. Quem quer trabalhar com fotografia científica precisa se inserir no meio científico com o qual quer trabalhar. Com a fotografia cultural, é preciso estar por dentro das galerias, galeristas, editais e editoras. Cada área exige um networking diferente, uma rede de contatos e referências para que o fotógrafo marque presença no meio social. E para cada meio social, uma identidade visual se adequa melhor, assim como também o portfólio precisa se adequar, o meio e o canal de divulgação precisam ser acertados, e o trabalho possui exigências específicas.
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ESTRUTURA E NEGÓCIO À parte de todos os detalhes do seu negócio, sobre os quais falamos no tópico anterior, outros aspectos devem ser consideradas igualmente por todos os fotógrafos profissionais. São escolhas referentes à estrutura do negócio, ao nome ou marca da empresa, enquadramento fiscal, pesquisa de fornecedores, preço e venda dos produtos. Neste tópico, vamos falar das questões referentes à estrutura da empresa, e no próximo, sobre a parte referente a vendas.
NOME DA EMPRESA Uma das primeiras decisões a serem tomadas é sobre o nome da sua empresa. Você pode utilizar o seu próprio nome, em uma referência direta à sua pessoa como fotógrafo, ou criar um nome fantasia, uma marca a qual você representará. Cada alternativa tem suas vantagens e desvantagens. Por exemplo, usar o seu próprio nome torna mais fácil para o público se lembrar do seu trabalho, uma vez que o contato com o cliente passa a impressão de ser mais pessoal. Ao mesmo tempo, essa relação também tende a exigir a sua presença em todos os passos da relação comercial; isto é, dificilmente um cliente vai se sentir contemplado se não for atendido por você, ou se você precisar enviar um fotógrafo substituto para uma sessão agendada. pag. 38
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A marca, por outro lado, possibilita essa dinâmica maior na empresa: o cliente não se sentirá distanciado se for atendido por um funcionário, se o fotógrafo presente não for necessariamente você, ou se não for com você que ele vai retirar as fotos da sessão. No entanto, a impessoalidade do nome empresarial torna as relações comerciais mais frias, mais distantes, o que pode dificultar ligeiramente a fidelização do cliente ou a recomendação do serviço. Novamente, tudo depende de como é o mercado no qual você está atuando, já que cada mercado se adequará melhor ao formato de relacionamento que você oferece.
NOME PRÓPRIO
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MARCA
PONTOS POSITIVOS
- Maior facilidade de divulgação - Pressupõe trabalho autoral - Em certas áreas é melhor aceito
- Permite expansão do negócio - Pode-se ter funcionários diferentes para cada área (atendimento, produção, tratamento) - Maior longevidade
PONTOS NEGATIVOS
- Negócio encerra-se em você - Cliente costuma demandar sua presença em todo o processo - Dificulta a utilização de equipes - E xpansão ou mesmo venda do negócio é dificultada
- Maior investimento em reforço de marca - Alguns mercados privilegiam o pessoal/autoral
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ENQUADRAMENTO FISCAL Outra parte indispensável é o seu enquadramento fiscal. Em geral, fotógrafos autônomos se registram como MEI (microempreendedor individual). O registro nesse enquadramento tem a vantagem de ser gratuito e, caso a sua Receita Bruta anual não ultrapasse R$ 60.000, seus impostos limitam-se a aproximadamente R$ 42 ao mês. Nesse módulo você não pode ter sócios, como o próprio nome já indica (trata-se de um empreendimento individual), mas é possível ter até um funcionário. Caso sua renda anual ultrapasse esse valor, você será automaticamente enquadrado como Simples Nacional. Você também pode se registrar diretamente como Simples Nacional, caso sua Receita Bruta anual seja maior que 60 mil e menor que 240 mil, e seus impostos serão de aproximadamente 6%. No Simples Nacional é possível ter sócios e mais de um funcionário na empresa, mas o registro nesse enquadramento exige ter um contador para escrever e registrar um contrato social da empresa, e isso possui algum custo. É muito importante se informar sobre as condições fiscais do seu empreendimento, para não ter problemas depois. Se você resolver trabalhar informalmente, não poderá emitir nota fiscal, e isso reduzirá bastante seu mercado. Você não poderia, também, trabalhar com cartões, e no fim acabaria pagando mais impostos do que se declarasse sua renda como empresa. Sugiro que regularize sua situação, pelo bem do seu próprio empreendimento. Existe ainda o enquadramento como profissional autônomo mas é um formato que não aconselhamos devido às alíquotas maiores e ao fato que a empresa contratante pagará 20% de INSS sobre o rendimentos pago a este profissional, o que ocasionará uma restrição para a sua contratação.
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MEI CONSTITUIÇÃO
NÍVEL DE FATURAMENTO PERMITIDO CUSTO DE IMPLANTAÇÃO CUSTO MENSAL IMPOSTO SOBRE VENDA
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SIMPLES NACIONAL
Individual. Um CPF só pode gerar um CNPJ MEI e não existe a possibilidade de sócios.
Permite a constituição com mais de um proprietário.
Até R$ 60.000,00 por ano, ou média de R$ 5.000,00 por mês
Diversos, sendo que a primeira faixa vai até R$ 240.000,00 por ano.
Não há
Cerca de R$ 1.200,00.
Cerca de R$ 42,00
Cerca de R$ 600,00 entre contador e INSS
Não há
6% na primeira faixa
Uma dica extremamente importante para a administração de uma empresa é: separe sua pessoa física da sua pessoa jurídica. Isto é, não misture suas contas bancárias, não se sinta no direito de tirar dinheiro da empresa para proveito próprio sempre que quiser. Na organização das suas contas, atribuase um salário fixo, e tire para si apenas esse salário, todos os meses. Se sua empresa lucrar mais, esse lucro deve ir para os fundos da empresa, garantindo a ela uma estabilidade financeira, uma reserva de segurança, e talvez uma possibilidade de investimento e crescimento. Já vi muitos empresários perderem o controle das suas empresas por não separarem suas
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contas e acharem que sua renda pessoal devia acompanhar os lucros da empresa. Se sua empresa estiver indo muito bem, estiver segura e você achar que está na hora, talvez possa se dar um aumento. Mas nunca misture a sua renda pessoal com a renda empresarial.
FORNECEDORES Outra parte importante da sua empresa é a sua relação com seus fornecedores. Dependendo da sua área de atuação e da estrutura física da sua empresa, você vai precisar de fornecedores de materiais, revelações fotográficas, álbuns, maquiadores, moldureiros etc. Faça sempre uma boa pesquisa de mercado, descobrindo o que cada fornecedor pode lhe oferecer e por quanto, e então cruze e armazene os dados de forma organizada para uma eventual necessidade. Para decidir um conjunto preferencial de fornecedores, considere não apenas o preço, mas a qualidade do serviço prestado e a relação que eles têm com prazos. Pois lembre-se: se você passar um prazo de entrega para seus clientes e se atrasar por culpa do fornecedor, isso será desvantajoso para você tanto quanto para o fornecedor.
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Sempre trabalhe com pelo menos dois fornecedores de cada produto ou serviço desse modo, você evita que imprevistos atrapalhem o seu trabalho, assim como, mantendo a competitividade entre eles, garante um melhor atendimento para si e o crescimento mútuo das empresas. Também é importante sempre fazer um teste com o fornecedor antes de contratá-lo para um serviço real. Não deixe para revelar as fotos de um cliente com um fornecedor quando o estiver contratando pela primeira vez! O primeiro serviço contratado com um fornecedor deve ser um teste pessoal. Revele, por exemplo, fotos para o seu portfólio, e garanta que você realmente conhece a qualidade do serviço antes de envolver um cliente nessa relação. Vamos falar agora de uma das partes mais misteriosas para aqueles que estão ingressando na profissão: como atribuir preço ao seu produto, e como vendê-lo.
ATRIBUIÇÃO DE PREÇO A primeira coisa que você precisa saber é que o preço do seu produto não é subjetivo, ele não é determinado pelo o que você acha que ele vale, mas pelo mercado. O preço deve cobrir as despesas que você tem ao confeccioná-lo, para que a sua empresa se sustente, mas a sua margem de lucro não pode deixar o preço acima do que o mercado está disposto a pagar pelo o que você vende. Então determinar o seu preço é uma decisão que deve considerar seu público-alvo, seus gastos com o produto e uma pesquisa de mercado. O seu serviço envolve dois tipo de custo: o custo fixo e o custo variável. Custo fixo é aquele que você precisará pagar independentemente dos serviços que prestar. Por exemplo, se você tem um estúdio, precisará pagar o aluguel e as contas do estúdio, precisará pagar o seu próprio salário e o salário de seus funcionários, se tiver, etc. Já o custo variável é aquele gasto que você tem apenas a cada serviço prestado. A sua câmera, por exemplo, possui uma vida útil. Algumas marcas especificam, para pag. 44
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cada modelo, quantos cliques se prevê para a câmera antes que ela precise de reparos. O mesmo vale para flashs, assim como para o motor e os pneus do seu carro, caso o utilize para se deslocar até o local da sessão de fotos, isso sem contar o combustível. Em uma sessão que dure várias horas, pode ser interessante oferecer um lanche para os clientes, o que também aumenta o custo variável do serviço. Se contratar maquiadores, por exemplo, ou auxiliares, também precisará pagá-los. Todos os gastos envolvidos em um serviço devem ser considerados quando for calcular o preço dele, pois esse preço deve cobrir todos esses gastos, inclusive os impostos, e ainda lhe render algum lucro que será usado para cobrir os custos fixos no final do mês e, se possível, gerar caixa para a empresa. Uma dica é que você guarde à parte a compensação pelos gastos com câmera e flash, pois isso fará com que você nunca seja privado dos seus equipamentos básicos. Quando sua câmera ou flash atingirem a marca de disparos previstos para eles, você já terá dinheiro suficiente em reserva para repará-los ou comprar novos equipamentos.
PAGAMENTO Outra coisa a ser considerada é a forma pela qual você vai receber seus pagamentos. Você pode trabalhar com dinheiro, cheque, boleto, cartão de débito ou de crédito, ou formas de cobrança online. Cada modo de recebimento possui as suas vantagens, assim como facilitar para o cliente sempre ajuda a ser bem visto. pag. 45
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Quase todas as formas de pagamento, com exceção apenas do dinheiro e do débito, permitem parcelamento, mas cada um exige uma taxa distinta para isso, sendo que a cobrança online é a mais cara delas. A vantagem da cobrança online é a facilidade para o cliente, e o fato de não haver risco de inadimplência. O cartão de crédito possui as mesmas vantagens, mas as taxas são apenas um pouco menores que as da cobrança online, e os prazos para recebimento são longos. Os boletos também são cômodos, mas também cobram taxas por operação e apresentam maior risco de inadimplência, assim como os cheques. O dinheiro é a forma mais simples e direta de pagamento, mas não costuma ser desejada para valores mais elevados. Atenção! Todas as taxas envolvidas na forma de pagamento combinada também devem ser consideradas como custo variável do serviço, e devem ser incluídas quando for calcular o preço do serviço.
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MARKETING E VENDAS Até agora já trabalhamos com vários aspectos importantes da parte empreendedora da carreira em fotografia, e todos eles vão resultar no momento da venda. Marketing e venda são parte fundamental do trabalho com fotografia porque de nada adianta produzir um belo trabalho se ele não é visto pelas pessoas, se não é reconhecido e se não consegue sustentar a própria continuação desse trabalho. Não é raro as pessoas terem preconceitos com essa parte da profissão, por considerarem que ela desmerece ou banaliza a parte sensível e valorosa da fotografia. Mas nós precisamos olhar para além disso, e entender que é justamente na presença social que seu trabalho tem, e na relação que você estabelece com aqueles que têm interesse na sua fotografia, que todo o sentido e valor da sua produção realmente se constroem.
É preciso que o seu trabalho participe da vida ao seu redor, que ele gere desejos, que construa relações entre você e seus clientes em potencial. Não pense que o dinheiro, em meio a isso tudo, é uma banalização do sentido do que você faz. Saiba que, ao vender o seu trabalho, você está oferecendo algo a alguém que tem interesse e desejo pelo seu trabalho e estilo. Não sinta vergonha nem rejeite esse momento como se ele fosse alheio ao sentido do que você faz. A parte financeira e comercial também constrói o sentido e o valor da sua profissão. Para melhor compreender de que forma levar adiante esse elemento da carreira, divido-o em três partes: a primeira, chamaremos de atrair o cliente; a segunda, de venda; e a terceira de fidelização. 1 – ATRAIR O CLIENTE Já falamos muito sobre o planejamento necessário para você delimitar o seu público-alvo, o investimento necessário para a inserção no mercado e a construção da própria imagem. Todo pag. 47
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esse mecanismo de nichos comerciais, no qual você seleciona em que mercado quer atuar e adequa seus serviços e estilo a esse objetivo, leva-nos à uma questão: como marcar presença no meio social, tornarse conhecido e reconhecido, e atrair clientes para o seu espaço de circulação. A seguir, dou-lhe mais algumas dicas de como se desenvolver nesse quesito. Uma dica importante neste ponto, que vale a pena reforçar, é que, ao delimitar um público-alvo, acaba-se delimitando também o que é que você não faz. Quero dizer: a verdade é que você não vai trabalhar para qualquer um. Pode parecer que realizando qualquer tipo de serviço você estará ampliando seu públicoalvo e consequentemente suas oportunidades de negócio, mas na verdade, não é bem assim que acontece:. Sem um estilo e uma identidade bem definidos, dificilmente você vai conseguir aparecer dentro do mercado mais amplo. No fim das contas, mais vale um mercado mais reduzido em que você aparece do que um mercado amplo em que se dilui: o primeiro vai te garantir contatos, indicações, clientela, estabilidade, enquanto o segundo vai te deixar à mercê de movimentos de mercado fora do seu domínio, e bastante enfraquecido diante das concorrências bem definidas. Sendo assim, defina o seu preço, seu estilo, o reconhecimento da sua qualidade e a sua posição no mercado, para delimitar o seu público.
PARCERIAS Dentro desse nicho social, busque os locais nos quais é possível construir networking e uma boa divulgação. Por exemplo, você pode fazer parcerias com academias, cabeleireiros, pediatras ou pet shops, dependendo de qual é seu público-alvo, de modo a circular no meio que lhe interessa. Busque formas de oferecer vantagens a todos os envolvidos. Você pode talvez combinar com um salão de cabeleireiros para, um dia, ficar no salão produzindo um retrato gratuito a cada um dos clientes dali, e, junto com o retrato, um pequeno desconto para um ensaio pessoal. Ou ter parcerias de descontos, em que os clientes de um empreendimento ganham vantagens no empreendimento do outro. Você pode oferecer brindes, como fotografias dos animais que vão tomar banho no pet shop. E tudo isso poderá servir para divulgar o seu nome e o seu trabalho, e atrair clientes que se interessem pelo que você pode oferecer, e que queiram fazer um orçamento.
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REDES SOCIAIS Outra forma de ser visto é por meio das redes sociais da internet. São um instrumento poderoso de divulgação e presença social para você e sua empresa. Para os fotógrafos, o Instagram© é particularmente interessante, por ser uma plataforma voltada especialmente para imagens e que permite o seu perfil a ser seguido por aqueles que gostem de acompanhá-lo. O Pinterest© também é uma ferramenta poderosa de organização de núcleos de interesse que pode lhe dar bastante visibilidade entre aqueles que têm mais chance de apreciarem o que você faz. Além disso, o uso do Facebook© se mantém indispensável como forma de divulgação e de contato dos clientes com você.
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Duas dicas importantes sobre o uso de redes sociais: uma, é que você não misture assuntos pessoais com a página da empresa. Essa página deve servir para construir a imagem da empresa e representá-la, e nada ali deve se desviar das intenções da empresa. Portanto evite comentários pessoais ou descuidos nesse ambiente. Outra dica é que, se você vai manter uma página do seu negócio na internet, trabalhe para deixá-la sempre atualizada e bem cuidada. Se não for assim, não só ela será de pouca utilidade, como também páginas abandonadas passam uma impressão ruim, como se a empresa também estivesse com pouco zelo. Aqui eu falei apenas de algumas possibilidades de parcerias, divulgação e redes sociais. O importante é ter criatividade e encontrar as melhores formas de se fazer conhecer e marcar presença no meio social onde você quer circular! Busque as formas mais eficientes para o seu negócio, e invista nesse reconhecimento público!
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2 - VENDA
O processo de venda é melhor compreendido se o dividirmos em cinco partes:
Como disse anteriormente, não se esqueça de que o cliente quer o seu produto, e por isso não faz sentido ter receio ou vergonha de vender o seu trabalho. Tenha confiança no que você faz!
a) Pedido de orçamento: quando um cliente pedir o orçamento por um trabalho, seja atencioso, dê uma resposta formalizada e bem feita, mantenha um padrão de qualidade, passe segurança e uma boa impressão. Não diga o orçamento como se não soubesse muito bem o que está fazendo, ou informalmente. Tenha um modelo padrão de orçamentos, e mostre como o seu trabalho é bem ordenado. Não passe o orçamento pelo whatsapp, pelo messenger nem pelo facetime. Valorize o seu trabalho!
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b) Acompanhamento do pedido: não deixe o orçamento ficar no ar! Se o cliente não der resposta dentro de uns dois dias, entre em contato com ele para confirmar se recebeu a avaliação, se possui prazos para o serviço, o que pensa do orçamento. c) P ergunte: mostre preocupação com os desejos do cliente. Pergunte o que ele está buscando, se está claro para ele o que você oferece, quais são os seus diferenciais e quais são as angústias e vontades do cliente. Construa a relação entre vocês e tenha a certeza de que o seu cliente entendeu perfeitamente quais são os seus serviços. Talvez você não seja o que ele procura, mas se esse for o caso isso deve ser claro, e não ser um mal entendido.
d) Q uebre as objeções: se o cliente tiver problemas com o seu preço, é porque ele não é o seu público-alvo. Você deve ter segurança daquilo que faz, e não ceder a pedidos de descontos que desvalorizem o seu trabalho ou o desviem do que ele realmente é. Você pode querer compensar a vontade de vantagem do cliente oferecendo melhores condições de parcelamento, ou então serviços extras, como mais tempo de ensaio, ou algumas fotos ou revelações a mais. Faça o cliente entender que o preço não é subjetivo e variável, mas que é objetivo e justo. Não barganhe preços, apenas ofereça condições melhores, se o cliente pedir. pag. 51
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e) Fechamento: tudo acertado entre vocês, realiza-se o serviço. Se algo não ficou claro para você durante o processo de venda, converse com o cliente, de modo a conhecerem bem o que se espera que seja realizado. Saiba escutar o cliente mais do que falar, pois é importante para você saber o que ele quer, e é importante que ele sinta que pode conseguir o que realmente quer, com você.
ALGUMAS TÉCNICAS DE VENDA Deixo aqui algumas dicas de como elevar a sua lucratividade. Um dos conceitos que utilizamos é o de up-selling. Isso significa tentar vender mais do que o encomendado. Por exemplo, um cliente quer um ensaio com dez fotos. Ao invés de apenas vender-lhe as dez fotos, você pode lhe mostrar trinta boas fotos, e tentar fazê-lo comprar mais do que as dez fotos encomendadas de início. Outro conceito é o cross-selling: é quando buscamos vender mais produtos para o mesmo cliente. Por exemplo, ao sermos procurados para fotografarmos um casamento, oferecemos também um ensaio do casal, ou, ao invés de apenas as fotos, um álbum completo etc. pag. 52
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Uma das dicas mais importantes é a de fidelização do cliente: se o cliente gostar do seu trabalho, provavelmente ele vai querer trabalhar com você de novo no futuro. Não é todo dia que as pessoas se casam, mas, como já indicado como exemplo neste livro, por um processo de fidelização do cliente você pode se tornar também o fotógrafo da gestante, das fotografias newborn do bebê, das suas festas de aniversário etc. O importante é marcar presença na vida dos clientes, não esquecendo o sentido que o seu trabalho possui para eles: o de registrar momentos importantes da vida, com a melhor carga emocional possível.
3 – PÓS-VENDA Essa é uma parte tão importante do processo de venda, e ainda muitos fotógrafos não investem nela! A melhor forma de sustentar o seu negócio é fidelizando os seus clientes e garantindo que eles o procurem sempre que precisarem, e além disso, que eles recomendem os seus serviços para outras pessoas. O que sugiro é que você surpreenda seus clientes, lembrando-se de datas importantes para eles. Por exemplo, se fizer um ensaio de casamento, guarde as
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datas e os nomes para pesquisar, dali a alguns anos, se é viável oferecer-lhes uma sessão comemorando o aniversário daquela união. Se souber a data de aniversário de algum deles, deseje-lhe felicidades, e quem sabe lhe ofereça um desconto para um retrato especial de aniversário. Se fotografar uma grávida, apareça algum tempo depois, oferecendo ensaios newborn ou das festinhas de aniversário do bebê. Novamente, seja criativo, e faça seus clientes se surpreenderem com o cuidado e as possibilidades que você oferece a eles! Faça, por exemplo, épocas de descontos para quem levar um amigo, comemore o seu próprio aniversário convidando seus clientes para a oportunidade de receberem brindes. O importante é manter um relacionamento com o cliente. Não incomodá-lo, mas ter uma presença marcante dentro do seu meio social.
CONCLUSÃO Chegamos agora ao final deste e-book, e espero que eu tenha ajudado você, que quer viver de fotografia, a conhecer o que é preciso para ingressar nesta carreira, e que eu tenha lhe auxiliado nessa jornada no mercado de trabalho. Você já conhece os passos, agora, siga motivado a realizar os seus sonhos com ainda mais paixão e determinação. Como já foi falado aqui, todo começo de carreira ou mudança radical são sempre desafiadores, com altos e baixos. Mas você, como eu e todos nós, já enfrentou diversas dificuldades. Tornar-se um fotógrafo profissional não precisa ser um desafio se você seguir esse sonho de forma objetiva e trabalhado com paixão, sem dúvida alguma, você terá um resultado de sucesso, próspero e feliz. pag. 54
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Este e-book é o seu guia de orientação, ele foi escrito para lhe ajudar a construir o seu negócio no ramo da fotografia. A partir dele, é possível traçar o seu plano e buscar ainda mais referências e informações para complementar as suas competências. Acredite, você não está sozinho nessa empreitada! Como você, conheci muitas outras pessoas que buscavam viver de fotografia e que já atingiram esse objetivo com sucesso.
mais tempo com a família, a felicidade de atingir a realização profissional e pessoal de uma vez! Todas essas motivações levam ao sucesso.
Viver de fotografia é o sonho que eu já realizei, e ajudei centenas de outras pessoas a realizar. A alegria e satisfação de se trabalhar com o que ama, a possibilidade de ter um horário flexível e passar
DANILO RUSSO
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Agora, mãos à máquina! Afinal, o mundo da fotografia está à sua frente. Boa sorte! E eu estarei por aqui, para o que precisar.
Fotógrafo Profissional e Diretor do IIF (Instituto Internacional de Fotografia)
PALAVRAS DO
DIRETOR Uma vez me perguntaram por que eu me preocupo tanto com a formação de bons profissionais na fotografia. A resposta é bem simples na realidade. A fotografia me permitiu alcançar tudo que eu já desejei na vida. Quando eu era jovem, a fotografia me deu a oportunidade de viajar, conhecer o mundo, eu estive em mais de 10 países como assistente, e depois como fotógrafo. Com a fotografia tive a chance de conhecer e me conectar com pessoas, a fotografia me deu uma carreia. A fotografia também me acompanhou quando mudei de vida, sai da Europa e vim para o Brasil. A fotografia é o meu meio de realização. Quando migrei para o ensino, eu estava buscando uma forma de ajudar as pessoas a encontrarem na fotografia tudo aqui que eu encontrei. A fotografia pode ser um meio de transformação, um novo rumo para muitos; ou pode ser a paixão de jovem que quer fazer da fotografia uma carreira, como aconteceu comigo no começo da minha vida profissional. Transmitir essa paixão, e os conhecimentos adquiridos na minha carreira para um mercado cada vez melhor e mais dedicado à fotografia, passou a ser minha paixão, e o meu porquê.
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O Instituto Internacional de Fotografia é uma escola de fotografia que preza pelo melhor ensino aos fotógrafos. Com seu crescimento, o IIF hoje é um grupo que reúne cursos presenciais e online, organização de eventos, e gera conteúdo em seus canais para apaixonados pela fotografia.
Escola de fotografia presencial localizada em São Paulo. Oferece Cursos e Workshops Profissionalizantes, para Aperfeiçoamento de Fotógrafos e para Amadores, com professores atuantes no mercado e didática no ensino.
A Revista Eletrônica do Instituto Internacional de Fotografia disponibiliza artigos e matérias do interesse dos fotógrafos, sempre trazendo conteúdo interessante aos leitores e as novidades do universo da fotografia.
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