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AS LEIS QUE REGEM O
TRABALHO NO CAMPO
Tributação para o homem do campo
E
m sequência à serie de reportagens sobre as leis que afetam as propriedades rurais, a revista Visão Rural, nesta edição, apresenta mais informações sobre os impostos para produtores rurais. Dois são os mais comuns: o Imposto de Renda sobre a receita agropecuária e o Imposto Territorial Rural (ITR). Conforme tabela de 2012, devem declarar imposto de renda todos os produtores rurais com renda bruta superior a R$ 122.783,25. “Para 2013, esse valor terá o reajuste anual. É possível que fique em torno de R$ 130 ou R$ 140 mil”, informa o contador Renério Roecker. Hoje a Receita Federal brasileira tem um dos controles mais modernos do mundo. “Com o cruzamento de informações e análises de declarações de empresas, órgãos públicos e consultas ao CPF da pessoa, é possível saber quem deve e quem não deve pagar imposto de renda”, informa Renério. O contador reco6
menda que os produtores declarem o imposto mesmo que não atinjam o teto. “Quem tem capital (propriedades) acima de R$ 300 mil já deve fazer a declaração anual”, alerta. “Fazer a declaração também é importante em anos que a atividade trouxe prejuízos. Nestes casos, os valores podem ser deduzidos nos anos seguintes”, explica o profissional. Por exemplo, se um produtor teve um lucro bruto de R$ 110 mil (abaixo do teto) e despesas no valor de R$ 120 mil, o prejuízo de R$ 10 mil pode ser compensado nos anos seguintes. Se o lucro líquido ultrapassar o teto, ele pode abater o prejuízo e ser dispensado do pagamento do imposto naquele ano. Para evitar problemas com a Receita Federal, o produtor deve guardar as notas fiscais de todas as despesas com a atividade rural, inclusive os que não declaram imposto. “O ideal é se organizar já no início do ano”, sugere Renério. Todas as notas devem ser registradas em um livro caixa. “A Receita Federal disponibiliza um modelo
"Devem ser guardadas notas fiscais de compra, venda pagamentos de encargos e mão de obra, entre outros" no site (http://www.receita.fazenda.gov.br). O próprio produtor pode utilizá-lo, basta ter um computador com acesso à internet.”, informa o contador. Renério lembra que as notas fiscais devem ser guardadas por cinco anos. “Elas são a prova do produtor, caso a Receita questione as informações”, emenda. Devem ser guardadas notas fiscais de compra, venda pagamentos de encargos e mão de obra, entre outros. Para que tenham validade, devem constar na nota os dados da empresa fornecedora do produto/serviço, além do nome e CPF do contribuinte. São consideradas despesas com a atividade a aquisição de insumos, equipamentos, veículos para a atividade, mão de obra, entre outras. Também podem ser incluídos os dependentes, bem como despesas médicas. As declarações devem ser enviadas à Recei-
ta Federal entre os dias 1º de março e 30 de abril. “Quem não obedecer ao prazo pagará multa de 1% ao mês-calendário ou fração de atraso, calculada sobre o total do imposto devido apurado na declaração, ainda que integralmente pago, sendo que o valor mínimo é de R$ 165,74 e o valor máximo é de 20% do imposto sobre a renda devida”, informa Renério. Para a declaração de imposto de renda para pessoa física, os pontos principais são: a receita da atividade rural, a despesa da atividade rural, e a compensação de prejuízos.
Segundo o Contador Renério Roecker, para evitar problemas com a Receita Federal, o produtor deve guardar as notas fiscais de todas as despesas com a atividade rural, inclusive os que não declaram imposto.
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ITR O imposto Territorial Rural (ITR) é pago anualmente. O prazo para declaração se encerra em 30 de setembro. A declaração é obrigatória para todos os proprietários de terrenos rurais “Em nossa região, paga o imposto que possui mais de 30 hectares”, explica o contador Renério Roecker. “Quem tem menos que isso, e possui uma única escritura em seu nome está isento do pagamento do mesmo”, acrescenta. Ao declarar, o proprietário deve informar o valor estimado da terra nua (sem galpões, casas, reflorestamentos). “É importante que seja informado o valor real terreno. Em
outros estados, produtores foram multados pela Receita Federal porque os valores reais daquelas áreas não conferiam com o que havia sido apresentado”, salienta. O proprietário que deixar de fazer a declaração não pode tirar a Certidão Negativa de Débitos, documento necessário para financiamento agrícola e registro de compra ou venda da propriedade. A declaração é feita somente via internet. O serviço é oferecido também nos sindicatos. Renério explica que para a declaração do ITR, a abordagem terá foco na utilização da área e na valoração da terra nua.
“É importante que seja informado o valor real terreno. Em outros estados, produtores foram multados pela Receita Federal porque os valores reais daquelas áreas não conferiam com o que havia sido apresentado”
Notas do produtor rural A responsabilidade da emissão da nota fiscal de produtor e de responsabilidade do próprio produtor rural, além de ser uma obrigação, ela traz benefícios ao produtor. Por meio dela é possível aumentar a arrecadação do Município, que pode ser revertida em melhorias para o próprio agricultor. Sem a emissão das notas, está arrecadação é destinada para outros municípios.
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Produtores devem ficar atentos às
INSTALAÇÕES
ELÉTRICAS U
ma instalação elétrica em más condições pode causar sérios prejuízos. Instalações apropriadas, proteções e revisões periódicas devem ser preocupação constante para os produtores rurais. Além de evitar a perda de equipamentos, protegem quem os manuseia. O engenheiro eletricista Giusepe Pavei Furlanetto recomenda que ao comprar um novo equipamento, o produtor verifique se a instalação elétrica é adequada para aquele e para os demais equipamentos que já possui. “O que ocorre é que eles pagam valores consideráveis em instalações e equipamentos, mas a instalação ou o uso das máquinas não é feito de forma correta”, relata o profissional. “Há um risco grande, também, de se optar por materiais mais baratos e inadequados para aquele tipo de instalação. É uma economia no presente, mas um gasto certo para o futuro”,
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destaca. O material elétrico no Brasil é o segundo mais caro. Perde apenas para os materiais médicos. É por isso que o engenheiro eletricista recomenda que o produtor se planeje ao fazer uma instalação. “Se ele vai ligar uma bomba, mas pensa em colocar outra mais adiante, já deve investir num padrão para ligar as duas”, aconselha. “Se não fizer isso, amanhã terá que refazer toda a instalação”, acrescenta. De acordo com o engenheiro, a instalação do Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS) é uma proteção para equipamentos. Algumas fornecedoras de energia elétrica já exigem a instalação dele. “Ele funciona como uma espécie de para-raio e ajuda a diminuir a probabilidade de queima de equipamentos”, explica Giusepe. O aparelho custa em média R$ 40 e deve ser instalado um para cada fase de energia. Segundo o
Queimas A queima de motores e bombas pode estar relacionada a falta de proteção e instalações inadequadas. “Mas também podem ocorrer devido ao uso incorreto dos equipamentos, sobrecarregando os motores ou usando os aparelhos para outra finalidade que não a dele”, adverte. “Quando há constantes quedas de energia, é preciso descobrir qual o problema. Se for apenas religada, pode queimar o motor ou diminuir a vida útil do equipamento”, alerta. O ideal é procurar um profissional capacitado. A Cooperativa de Eletricidade Grão-Pará (Cergapa) oferece orientação aos associados. “Nosso trabalho é levar energia até o medidor, mas também ajudamos aos produtores que estão com dúvidas ou problemas”, diz.
engenheiro, o aterramento adequado também já é uma proteção útil e essencial. Outro aparelho, o Disjuntor Residual (DR) é apropriado para evitar danos, ou até mesmo a morte, por choques. “Ele desliga automaticamente quando há um desvio de energia, que pode ser em razão de um choque, por exemplo”, explica o profissional. “Porém, para instalar um DR é preciso ter uma instalação bem feita”, destaca. “Em instalações antigas ele pode não funcionar devido a emendas mal conectadas, ao ressecamento, perda da isolação dos fios ou pela ação de roedores”, informa. Em construções muito antigas, o ideal seria refazer toda instalação elétrica. “O que muitos não sabem é que a instalação tem um prazo de validade, que é determinado por fatores como o desgaste natural e os hábitos de consumo. Uma instalação é feita para durar, em média, de 15 a 20 anos.”, informa.
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Aterramento e instalação de
para-raios dão mais segurança às propriedades rurais
O
Brasil é o país com maior incidência de raios no Planeta Terra: 50 milhões por ano. As descargas elétricas causam diversas perdas financeiras, como a danificação de equipamentos eletrônicos e a morte de animais. Podem também causar a morte de pessoas. Só em 2012, 130 foram vítimas de raios no Brasil. Prevê-los ou impedi-los ainda é impossível, mas há alternativas viáveis que podem minimizar as perdas ocasionadas por descargas elétricas. O aterramento e a instalação de para-raios em sistemas de pastagem, por exemplo, são uma alternativa para proteger a propriedade e o rebanho das temidas descargas elétricas. Pouco utilizados pelos produtores de leite, o sistema completo tem valor médio de R$ 500. O kit permite que as cargas elétricas sejam absorvidas pelo solo, sem danificar a cerca elétrica e outros equipamentos. Ainda evita incêndios, a morte de animais e até mesmo de pessoas. “O aterramento adequado no eletrificador permite a melhor distribuição do ‘choque’ na cerca elétrica, mantendo a voltagem necessária para que os animais permaneçam nos piquetes, que deve estar acima de três mil volts”, informa o
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engenheiro agrônomo da Epagri de São Carlos (SC), Humberto Bicca Neto. No extremo oeste catarinense, 70 técnicos de escritórios da Epagri e prefeituras foram capacitados para orientar as famílias daquela região a instalar o sistema. A intenção é ampliar o número de propriedades, ainda muito pequeno, com kits instalados. Segundo Bicca, é imprescindível que a cerca tenha isolamento adequado. O para-raio é a segurança. “As cercas elétricas espalhadas pela propriedade conduzem alta voltagem e ionizam o ar no entorno dos condutores o que pode auxiliar a atração de raios, assim é fundamental que o kit para-raio seja instalado com o aterramento adequado, já que a função é desviar os raios da cerca para o solo através do aterramento”, explica. “Isso evita que um raio venha a danificar o eletrificador e demais componentes elétricos da propriedade, bem como evita incêndios em galpões, onde os eletrificadores geralmente são instalados”, acrescenta. O engenheiro ainda reforça que o kit pode evitar a morte de animais e permite maior segurança no trabalho do homem no manejo da cerca elétrica. O kit é composto por um eletrificador de cercas com 2,5 joules de potência, sete hastes de cobre de dois metros, um kit para-raio mais 30 metros de fio rígido de cobre 10mm e 20 metros de fio 2,5mm de cobre rígido. Com a orientação técnica e auxílio dos manuais, que compõem o kit para-raio, o produtor pode realizar a instalação com segurança. “Ele torna mais segura a atividade leiteira com a adequação das cercas elétricas e as centrais elétricas, bem como aumentar a eficiência do ‘choque' na propriedade”, acrescenta o profissional. De acordo com Humberto, a instalação é simples. O primeiro passo é adquirir os materiais adequados. “Após isso, o padrão é instalar o
O primeiro passo é adquirir os materiais adequados. O aterramento do eletrificador deve ficar 15 a 20 metros distante do aterramento de outros equipamentos. Após, é realizada a instalação do kit para-raio na cerca. A partir do kit é realizada a distribuição do “choque” pela cerca elétrica para toda a propriedade.
eletrificador e o aterramento com três hastes de cobre distante de outros aterramentos, como do resfriador de leite e da ordenhadeira”, explica. O aterramento do eletrificador deve ficar 15 a 20 metros distante do aterramento de outros equipamentos. Após, é realizada a instalação do kit para-raio na cerca. A partir do kit é realizada a distribuição do “choque” pela cerca elétrica para toda a propriedade. “É importante lembrar que o kit para-raio deve ficar distante 30 a 40 metros de outros aterramentos”, informa Bicca. De acordo com o profissional, existem outros modos de instalar a central elétrica e o kit para-raios. “Técnicos e produtores devem ficar atentos aos manuais e especificações técnicas destes equipamentos”, salienta.
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Hormônios induzem vacas
à lactação sem parir
P
roduzir leite sem gerar um bezerro já é possível. O protocolo de hormônios de indução à lactação imita a combinação de hormônios que o organismo da vaca produz no terço final da gestação. Importante para evitar perdas financeiras, a novidade é recomendada apenas em casos específicos. A aplicação do protocolo é aconselhável para animais de boa qualidade genética que tiveram aborto e vão produzir pouco leite, ou novilhas com dificuldades para emprenhar, por exemplo. “Deixar a vaca no pasto sem dar leite é prejuízo certo para o produtor”, destaca o médico veterinário Germano Carvalhal Schwanz. A produção de leite com a aplicação do protocolo é semelhante a de um animal no pós-parto. “A vaca produz cerca de 80% do leite de uma lactação normal”, informa o profissional. De acordo com Germano, o produto pode não funcionar
em cerca de 10% dos casos. O custo do protocolo, para cada animal, é de cerca de R$ 400. “Com o preço atual o leite, o produto é pago em um mês de produção”, informa o veterinário. O protocolo de hormônios deve ser aplicado por 21 dias. “É preciso organização do produtor para aplicar todos os dias. Não há como recuperar no dia seguinte”, informa Germano. O protocolo tem uma alta carga de hormônios que, aplicados com moderação, não prejudicam a vaca. “No passado eles eram mais desgastantes para o animal e dificultavam o manejo porque a vaca chegava a ficar 21 dias no cio, o que não ocorre mais”, cita o veterinário. O profissional destaca que o método natural ainda é melhor para a vaca. “Não é um método natural, mas funciona como um bom suporte para o produtor não perder dinheiro”, acrescenta. A aplicação deve ser feita em animais saudáveis e em boas condições corporais. “No caso
“Deixar a vaca no pasto sem dar leite é prejuízo certo para o produtor”, destaca o médico veterinário Germano Carvalhal Schwanz
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de novilhas, deve ser aplicado naquelas que a mãe tem bom histórico de produção de leite”, aconselha o acadêmico em medicina veterinária, Diego Schuelter. A aplicação é simples e pode ser feita pelo próprio produtor. “É recomendado que ele procure um veterinário para avaliar as condições do animal antes de iniciar as aplicações”, aconselha Germano. O produtor também deve ficar atento à qualidade do produto que pretende utilizar. “Um bom profissional dará a orientação adequada”, conclui.
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Empresa do sul de SC começa a vender carne para o
Japão em 2014
A
utorizado desde setembro a exportar carne suína para o Japão, o Frigorífico Notable, de Grão-Pará (SC), deve começar a enviar os primeiros lotes para a terra do “Sol Nascente” no próximo ano. O frigorífico negocia com quatro empresas japonesas. É mais um destino comercial para a empresa, que já exporta para diversos países do leste europeu, além da Ásia e Caribe.
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Devido ao alto custo das taxas de importação, apenas vão seguir para o Japão os cortes de maior valor agregado. “A taxa é mais alta porque eles protegem o produto suíno doméstico, diferente do frango catarinense, por exemplo, que tem isenção de taxa de importação”, explica o gestor de negócios da Notable, Jorge Henrique da Rosa. O profissional demonstra otimismo quanto ao início das exportações. “Hoje o Japão é servido pelos
melhores criadores de carne suína do mundo. Neste momento eles não estão precisando da carne suína catarinense, mas o estado entra para brigar por uma fatia deste mercado”, comenta. “Acredito num crescimento de vendas gradual e firme”, enfatiza. Para conseguir a autorização, uma série de adequações foram necessárias. “O mercado japonês é o mais exigente do mundo”, comenta o gestor. Para comercializar com os japoneses, é necessário comprovar que a carne é proveniente exclusivamente de suínos nascidos e criados em Santa Catarina. Apenas o estado está autorizado a vender o produto. Os cortes ainda precisam obedecer aos padrões de medidas e cores pré-estabelecidos e passar por rigorosos testes sanitários. Para o produtor, foram poucas as mudanças. “Nossos suinocultores já trabalhavam de acordo com o que exigem os japoneses. O que houve foi uma adequação de tabelas de controle dos animais”, conta. A empresa desenvolveu um manual com os procedimentos que deveriam ser realizados e evitados pelos produtores. O material foi aprovado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e distribuído aos produtores interessados. A carne que chega ao frigorífico é proveniente, em grande maioria, de propriedades instaladas próximo à empresa. “Cerca de 90% vem daqui, de propriedades localizadas a 20 ou 30 quilômetros de distância da empresa, o que garante um desgaste menor dos animais durante o transporte”, destaca Jorge Henrique. O anúncio do início das vendas para o Japão reanimou o mercado de suínos em Santa Catarina. Para o gestor de negócios, o mercado interno também passa por um bom momento. “O produtor vem se recuperando de um longo
período de crise. A mão de obra ainda está cara, mas os preços do insumo diminuíram. As expectativas de vendas para este final de ano são boas”, salienta. Jorge acredita que ainda haverá uma queda de consumo e preços, normal para o início do ano. “Mas mesmo assim, a atividade permanecerá rentável para o suinocultor”, destaca. A empresa tem autorização para comercializar com mais de 80 países. A expectativa é ampliar ainda mais o leque. “Estamos em processo de habilitação para o Mercosul, Singapura e China”, adianta Jorge Henrique. A meta da empresa é vender para o exterior cerca de 50% da produção total. A outra metade seria destinada ao mercado interno. Hoje as exportações correspondem a cerca de 20%.
“Hoje o Japão é servido pelos melhores criadores de carne suína do mundo. Neste momento eles não estão precisando da carne suína catarinense, mas o estado entra para brigar por uma fatia deste mercado” explica o gestor de negócios da Notable, Jorge Henrique da Rosa
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Carne suína, que tal?
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Ela está em alta e na mídia. A venda para o Japão deu novo fôlego aos suinocultores e os fez acreditar em dias melhores. A recente campanha da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), “A Carne Suína é 10”, teve como objetivo dar maior destaque ao produto nas gôndolas dos supermercados. Outras ações ainda devem ser realizadas para alcançar a meta da Associação, que a aumentar o consumo de médio per capita para 18 kg (atualmente de 15,1 kg) até o final de 2015. Tradicionalmente, as festas de final de ano impulsionam a venda – e o consumo – da carne suína no Brasil. Mas o consumo da carne suína não precisa se limitar apenas aos pratos tradicionais desta época. Que tal variar um pouco e fazer desta carne, ingrediente em pratos deliciosos? A Revista Visão Rural deste mês traz três deliciosas receitas que tem a carne suína como ingrediente. Confira e mão na massa!
Strogonoff de carne suína
Pastelzinho de carne suína
Para quatro pessoas, 1 kg de carne. Você pode usar tiras fininhas de coxão mole, ou de alcatra, ou ainda do próprio filé mignon suíno. Tempere com sal e pimenta do reino moída na hora. Refogue. Numa outra vasilha, misture 500 ml de creme de leite com 100 ml de ketchup picante. Regule a personalidade do molho com gotas de pimenta de tabasco, experimentando passo a passo o ponto de pimenta adequado. Quando a carne estiver refogada, introduza o molho sem permitir que este alcance o ponto de fervura. Desidrate um pouco de salsinha, picando-a o mais finamente possível. Coloque a salsinha picada no centro do pano, embrulhe como se fosse uma trouxinha e leve para enxaguar em água corrente. Vá espremendo até extrair todo o sumo verde que empresta o tom amargo à salsinha. Salpique sobre a carne e sirva com batata palha e arroz.
Peça ao açougueiro para moer 1 kg de coxão mole, patinho ou alcatra de suíno. Tem que moer duas vezes, depois de eliminar completamente a gordura. Tempere a carne com alho e cebola picadinhos, duas colheres de sopa de molho inglês (Jimmy ou Lea Perrins), pimenta-do-reino moída na hora e uma colher de sopa de erva doce. Deixe descansar por uma hora. Refogue a carne cuidadosamente, numa base de cebola e alho bem picadinhos, em fogo alto, com o cuidado de não deixar gerar água. Mexa constantemente para evitar que se formem bolotas. Quando a carne já estiver bem refogada, acrescente seis colheres de sopa bem cheias de azeitonas pretas portuguesas, cebola fatiada em tirinhas (“jullienne”) bem fininhas, salsinha e cebolinha picadas. Corrija o sal e a pimenta-do-reino. O recheio do pastel está pronto. Compre uma massa pronta e corte-a em quadradinhos pequenos. Deixe o óleo aquecer ao máximo antes de fritar.
uína S e n r a C e d s o h ubin C m o c a r e v a im r ves e saborosos. Fuzilli P atos nutritivos, le pr em s sa as m os as sco, por pelo men ole, transformam Coxão M orégano fre tra Suína, ou de reino e folhas de do ta en m finas de um pi l, Cubinhos de Alca sa , picadinhos, tiras com azeite ro o ic çã m lu la so a bo m ce e nu ho nhos azeite de oliva, al os e ervilhas, ao Mergulhe os cubi levemente cozid flon, refogue em a te ur m no co ce ira de de s gi bo do fri a massa de acor la. Acrescente cu uma hora. Numa tiras finas de cebo rrija o sal. Cozinhe e Co . ce ão do ric va je er an de m de ir. bulbo pequeno a colher de sopa no prato de serv pa de hortelã e um so de er lh bastante azeite já co e a gu re e ho ol lado de um m isture com o do fabricante, m com a orientação
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Aumento da oferta
reduz preço do leite
ao produtor
D
epois de sucessivos recordes nos preços pagos pelo litro de leite, o produto cai e preocupa produtores. A queda é motivada pelo aumento da oferta de leite no mercado nacional, aliado à queda nos preços dos principais produtos lácteos no atacado. A produção brasileira teve boa recuperação com o retorno das chuvas no Sudeste e Centro Oeste do país. A consequência foi a antecipação, em dois meses, do aumento da oferta de leite no mercado doméstico. De acordo com o analista de mercado do Centro de Socioeconomia Agrícola de Santa Catarina (Epagri/Cepa), Francisco Carlos Heiden, nos meses de outubro e novembro Santa Catarina tem um “vazio forrageiro”, o que provoca a queda na produção. “Esse diminuição, em tese, poderia ter man-
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tidos os preços nos mesmos patamares, não fosse a queda no preço dos produtos lácteos”, informa Heiden. Em Santa Catarina, os preços dos principais produtos derivados de leite no atacado tiveram forte redução nos últimos dois meses. Em outubro, os preços médios do queijo (prato e mussarela) e do leite longa vida reduziram aproximadamente 6%, em relação a setembro. Em novembro, os preços médios registrados no dia 19 apresentaram nova queda em relação à média do mês anterior. Os queijos tiveram queda em torno de 6% e o leite longa vida de 12%. O preço médio pago ao produtor pelo mercado, conforme dados da Epagri/Cepa, vinha em crescente aumento desde novembro de 2012 (veja tabela). Em Santa Catarina, o preço médio de novembro/2013 ficou estável, mas nas regiões de Sul Catarinense e Vale do Itajaí, o preço
Preços de referência do leite padrão e preço médio nominal recebido pelo produtor, em Santa Catarina 2012-2013
médio caiu dois centavos. Nos de preços referência do Conseleite/SC, a redução em dois meses chegou a 9%. “O preço de referência do Conseleite/ SC teve queda de fato, mas este preço não é preço de mercado. O preço de mercado pode estar acima ou abaixo do preço de referência, agora voltou a ficar acima”, informa o analista. Na tabela, é possível conferir a variação do valor do litro do leite de janeiro de 2012 a novembro de 2013, conforme valores de referencia do Conseleite/ SC e o preço praticado no mercado em Santa Catarina, elaborado pela Epagri. A redução no valor pago pelo produto nesta época do ano pode ser considerado normal. “O leite tem uma sazonalidade bem definida: a produção brasileira cresce na primavera/ verão e diminui no outono/inverno. Então, os preços são decrescentes na primavera/verão e crescentes no outono/inverno”, lembra Francisco. O analista acredita que os valores pagos podem cair ainda mais nos meses de dezembro e janeiro, visto que a tendência é aumentar a produção nacional e os preços dos lácteos diminuírem no atacado. “O mercado é muito dinâmico, muita coisa interfere, mas penso que o preço deve começar a crescer novamente em fevereiro ou março de 2014”, diz.
Mês
R$/litro Preço de referência
Preço ao produtor
Var. %
jan/12
0,6512
0,71
9,0
fev/12
0,6525
0,72
10,3
mar/12
0,6559
0,71
8,2
abr/12
0,6701
0,71
6,0
mai/12
0,6617
0,72
8,8
jun/12
0,6573
0,71
8,0
jul/12
0,6626
0,69
4,1
ago/12
0,6622
0,69
4,2
set/12
0,6677
0,70
4,8
out/12
0,6959
0,69
-0,8
nov/12
0,7078
0,70
-1,1
dez/12
0,7195
0,71
-1,3
jan/13
0,7284
0,72
-1,2
fev/13
0,7219
0,74
2,5
mar/13
0,7501
0,74
-1,3
abr/13
0,7989
0,76
-4,9
mai/13
0,8301
0,79
-4,8
jun/13
0,8759
0,82
-6,4
jul/13
0,9058
0,86
-5,1
ago/13
0,9254
0,89
-3,8
set/13
0,9322
0,92
-1,3
out/13
0,8921
0,94
5,4
nov/13
0,8271 (*)
0,94
Fonte: Conseleite/SC e Epagri-Cepa. Elaboração: Epagri-Cepa Preço do leite posto na propriedade e com o INSS incluso. (*) Preço projetado
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Queda preocupa entidades do setor A redução no preço do litro do leite preocupada a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina - Faesc. Depois do valor do produto ter atingido os maiores patamares dos últimos anos – o que incrementou a renda das famílias rurais em Santa Catarina – a acelerada retração revela que os preços estão recuando e retirando a lucratividade do setor, lamenta vice-presidente do Conseleite e da Faesc, Nelton Rogério de Souza. A Faesc está preocupada com a desproteção dos produtores rurais porque, nessas condições de mercado em queda, as indústrias reduzem os valores pagos aos criadores para fechar suas contas, mas o produtor rural fica sem mecanismos de compensação. “Os custos de produção não recuaram e a inflação continua corroendo as margens de lucratividade”, relata Nelton. Em algumas regiões catarinenses essa diminuição é de 20%. Santa Catarina é o quinto pro-
dutor nacional, o Estado gera 2,7 bilhões de litros/ano. Praticamente, todos os estabelecimentos agropecuários produzem leite, o que gera renda mensal às famílias rurais e contribui para o controle do êxodo rural. O oeste catarinense responde por 73% da produção. Os 80 mil produtores de leite (dos quais, 60 mil são produtores comerciais) geram seis milhões de litros/dia.
Nelton Rogério de Souza vicepresidente do Conseleite
*Com informações da Assessoria de Imprensa da Faesc
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Bovinocultura de leite
tem ano positivo
no Vale do AraranguĂĄ Por: Renata Angeloni
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É
positivo o saldo de 2013 para os produtores de leite da regiĂŁo do Vale do AraranguĂĄ, sul de Santa Catarina. Com a base na sustentabilidade da atividade, neste final de novembro os
produtores e a Epagri fizeram um balanço do ano e traçaram os objetivos para o ano que vem. O intuito é incentivar e manter a atividade que a cada dia cresce e se desenvolve. Conforme o engenheiro agrônomo responsável pelo projeto de pecuária na regional da Epagri de Araranguá, Homero Rock Bosch Junior, a pecuária leiteira é uma atividade considerada nova na região, pois ganha força há pouco tempo como alternativa de renda. A equipe da Epagri busca a cada ano trazer tecnologias diferentes e fazer a sequência do trabalho base. Neste ano o foco foi o trabalho com as unidades de referência tecnológica – URT, baseados na silvicultura. Com as árvores como uma fonte de madeira e lenha, há ainda a sombra para o gado e pasto. “Como em qualquer área, as novidades trazem receio, e por isso a unidade de referência é importante. Agricultores que aceitam nossa orientação e estão abertos às novas tecnologias nos ajudam a mostrar as possibilidades que agregarão nas propriedades. Durante as reuniões podemos mostrar qual o resultado daquilo que temos de novo”, explica. Atualmente a Epagri conta com projeto de pecuária em todos os municípios que possuem extensão da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural na regional, diferente de outras culturas que não contam com trabalho em 100% da área. As dificuldades atuais, como mão de obra e econômica, fazem com que os produtores rurais busquem opções, e a pecuária de leite tem sido uma preferência. Um dos empecilhos ainda é a busca pelo setor sem a qualificação e o apoio técnico. Alguns produtores pedem auxílio somente depois de enfrentarem alguma dificuldade. O tempo dedicado a outras culturas e a falta de interessa nem sempre fazem os eventos técnicos da Epagri terem o número de participantes desejados. “A assistência técnica é fundamental. Quando vêem que dá certo pra quem se estruturou é que se preocupam de fazer o caminho certo”, relata o profissional. Homero destaca que os eventos ajudam a repassar as informações para um maior número de pessoas, já que o número de profissionais é pequeno para ajudar individualmente. “A região engloba uma visão ainda bastante individualista. Existem várias técnicas, mas nosso caminho é oferecer uma trilha baseada na sustentabilidade para que o agricultor se mantenha na
As dificuldades atuais, como mão de obra e econômica, fazem com que os produtores rurais busquem opções, e a pecuária de leite tem sido uma preferência. Um dos empecilhos ainda é a busca pelo setor sem a qualificação e o apoio técnico
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atividade e incentive novos produtores rurais a seguir neste caminho”, destaca o engenheiro agrônomo. Para o ano de 2014, ficou combinado que serão implantadas duas URTs, voltadas ao gado de corte, já que a pecuária leiteira tem sido muito mais desenvolvida até então, além de uma unidade de referência, provavelmente em São João do Sul, ligada a parte ambiental, a fim de mostrar que o baixo impacto ambiental também é possível ser minimizado, com a questão de transformar dejetos em adubo. “O potencial poluidor é mínimo da atividade e ainda assim tem como ser transformado”, declara Homero. Na parte organizacional da região, há uma cooperativa leiteira em Turvo, que engloba quatro municípios e mais uma formada no final de novembro em São João do Sul, com mais algumas cidades junto. Ainda existem grupos temáticos que se reúnem e identificam as necessidades que querem focar, como foi abordado neste ano sobre a criação de terneiras, que serão as vacas do futuro. “A abrangência da pecuária é complexa e há as mudanças, conforme se sente a necessidade faz o trabalho focado em cima”.
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Diversificação versus
mão de obra A diversificação nas propriedades é debatida ao longo dos tempos, porém o engenheiro agrônomo da Epagri, Homero Junior, explica que no cotidiano percebe-se a dificuldade em levar adiante este trabalho devido a falta de mão de obra nas propriedades. Na maioria das vezes fica apenas o casal que opta por focar em especialização do que trabalhar várias culturas juntas. A debandada do arroz e do fumo tem levado a investir na cultura do leite, que no decorrer dos tempos trouxe um cenário bastante favorável neste ano. Homero conta que foi visto uma crescente nos preços do leite e na história do Brasil se tornou 2013 um ano de ouro para quem trabalhou com leite. Com uma economia positiva, a demanda de produtos a base de leite tiveram bastante saída. Para ele é interessante esta situação que mostrou que quem quer
"Nosso objetivo é manter e incentivar o trabalho com o gado leiteiro"
migrar ou diversificar tem uma área rentável, porém salienta que como qualquer segmento há suas baixas, e por isso sempre se trabalha que há uma rotatividade de situação. Para não causar maiores dificuldades, o trabalho visa uma preocupação com a qualidade de leite, porque pode gerar a necessidade futura de exportação, além da alimentação baseada em pasto, porque com uma futura diminuição de valores, o produtor não terá uma situação financeira de caos. A estabilidade é essencial no processo. “Nosso objetivo é manter e incentivar o trabalho com o gado leiteiro. Esta é uma área que demanda pouca mão de obra, com prazer para quem gosta de animais que se torna até mesmo uma terapia e uma lucratividade interessante. Gado leiteiro representa um tripé que apostamos: ambiental, social e econômico”, define o profissional.
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S
empre que o assunto é pastagem, pode se dizer que as estações quentes são o período em que “tudo que se planta dá”. Esta é a época mais propícia para o plantio e rebrota das gramas. Com um tempo estimado de 45 a 60 dias – depois de plantada – para estar no ponto de receber o gado, o ideal é que o produtor comece o plantio nos meses de agosto e setembro, por mudas, e outubro, por sementes. Mas não é tarde, porém, para quem ainda não começou. De acordo com o técnico agrícola Lissandro Herdt, novembro de 2013 foi um mês frio. “As pastagens por sementes exigem um solo mais quente, como em novembro tivemos dias frios, a semeadura deve começar só em dezembro, assim que o solo esquentar”, explica. “Com o solo frio, o desenvolvimento das pastagens por mudas também é mais lento”, informa o técnico. As temperaturas amenas, porém, não impedem o início do plantio das pastagens de verão. “Alguns produtores, in-
clusive, já começaram a plantá-las”, informa Herdt. Investir em pastagens é a melhor maneira de aumentar e melhorar a produção de leite em uma propriedade. Para o técnico, o produtor precisa entender que ele não é um produtor de leite, e sim de pasto. “O leite é a consequência de uma boa alimentação”, enfatiza. Para melhorar as pastagens, é preciso iniciar com a correção do solo. “O primeiro passo é fazer uma análise, para depois corrigir o que é necessário”, destaca. “Gramas melhores são exigentes em termos de fertilidade. Não adianta mudar e não adubar”, acrescenta Lissandro, que recomenda a orientação de um técnico neste processo. A análise deve ser feita a cada dois ou três anos. Nos períodos de intervalos, o produtor deve fazer adubações de correção. A fertilização com dejetos suínos é muito utilizada pelos produtores, mas nem sempre é a mais recomendada. “Há o perigo de contaminar o solo”, alerta Herdt.
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São vários os tipos de gramas específicas para o verão. “A escolha vai muito do gosto do produtor, mas o correto é diversificar”, aconselha Lissandro. Convert, aruana e as branquiárias são espécies que nascem a partir de sementes. O plantio do tifton e da missoneira é feito por mudas. “Dentre todas, acredito que hoje a tifton seja a melhor, a mais rica em nutrientes, mas requer um manuseio especial”, enfatiza Herdt. De acordo com o técnico, a grama chega ao ponto de corte mais rápido que outras espécies. “E se deixar passar, os animais não comem mais”, informa. “Diferente da missioneira, por exemplo, que mesmo depois de passar do ponto, o gado ainda a consome da mesma forma”, diz. Tifton
e missioneiras também são espécies mais resistentes a temperaturas frias. “O desenvolvimento delas só não é tão acelerado”, emenda. A angolinha também tem boa aceitação entre produtores. A preocupação com a pastagem deve ser constante no dia a dia dos produtores. Algumas espécies são rejeitadas pelos animais após o ponto de corte. “Toda grama que passa do ponto perde nutrientes, mas nem por isso o grado deixa de comer”, adverte o técnico. Por ser uma estação em que as pastagens se desenvolvem mais rápido, os produtores também devem cuidar para que os animais as comam o período ideal. Em alguns casos, é recomendado antecipar a volta do gado ao piquete.
Produtores investem em melhorias Os meses mais quentes do ano são o período ideal para a substituição das pastagens nativas por gramas melhoradas típicas desta época do ano. Grandes, médios e pequenos produtores buscam, cada vez mais, melhorar o pasto ofertado aos animais e, com isso, aumentar a produção de leite. Confira os exemplos de produtores que vêm diversificando a pastagem e melhorando o alimento oferecido ao rebanho.
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Edigar Berkenbrock
Na propriedade de Edigar Berkenbrock, na comunidade de Rio Areia, interior de São Martinho (SC), pastagens no verão não faltam. O produtor, que vende cerca de 140 litros de leite por dia, vem investindo em melhorias da pastagem e se diz satisfeito com os resultados. Mais da metade dos piquetes já está com gramas de verão. “A intenção é acabar com toda a grama nativa”, conta. A diferença entre uma pastagem e outra, Berkenbrock nota na quantidade de leite. “Dá bastante diferença quando as vacas estão na pastagem nativa e na melhorada”, conta. Edigar plantou missioneira, aruana e mambassa. “A aruana é disparada a melhor. O gado quando está lá produz mais leite que na missioneira”, conta. A adubação é toda feita com adubos químicos. O produtor conta com a colaboração técnica, que o orienta na correção do solo.
Emanuel Wanderlinde Moraes
Com uma média de 100 litros produzidos ao dia, Emanuel Wanderlinde Moraes, da comunidade de Rio Gabiroba Baixo, em São Martinho (SC), também investe em pastagens melhoradas. Hoje as áreas com grama nativa são poucas e em breve serão substituídas por outras espécies. O trabalho dele – e de muitos outros produtores da região – é dificultado pelo relevo da propriedade. Na maioria das áreas, não é possível chegar de trator e o trabalho é praticamente manual. “Somos obrigados a plantar com a lança”, destaca. Moraes cultiva convert, missioneira e trevo. E diz notar diferença no leite quando os animais mudam de pastagem. “A saída do inverno também é difícil, mas agora já esta melhorando”, conta.
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Cláudio Heidemann
Angolinha e missioneira são as principais espécies de grama de verão à disposição do rebanho na propriedade de Cláudio Heidemann, na comunidade de Alto Rio Fortuna, interior de Rio Fortuna (SC). As melhorias nas pastagens iniciaram há cerca de cinco anos. O produtor ainda cultiva brisanta, além do cameron pioneiro que é considerado muito nutritivo para o gado. A espécie é novidade na propriedade e Cláudio já demonstra interesse em expandir a área de piquetes com a pastagem. O produtor ainda planeja plantar espécies como milheto e tifton. “A pastagem que temos nessa época é suficiente para nossos animais, então procuro melhorar com a variação de espécies e adubação”, destaca Cláudio. O produtor vende cerca de 250 litros de leite por dia.
Donato Effting
Praticamente toda área de pastagens do produtor Donato Effting, na comunidade de Alto Rio Fortuna , em Rio Fortuna (SC), já foi melhorada. Donato foi corrigindo o solo e plantando novas variedades de grama aos poucos. Hoje nota uma pequena diferença entre elas na produção de leite. “Percebi que no convert elas rendem mais”, conta. A produção na propriedade chega a 410 litros de leite por dia. O adubo vem dos dejetos de suínos e bovinos misturados. Nas áreas onde a bomba não alcança, ele usa adubo químico pela primeira vez. O produtor conta que no início tinha problemas com falta de alimento para as vacas no verão. “Troquei a pastagem e aumentei a variedade de gramas. Fui melhorando aos poucos através da troca de experiências. Notei os bons resultados em outras propriedades e trouxe as ideias para a minha”, diz.
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Por: Renata Angeloni
Mensagem
doce: abelhas a
serviço da
agricultura
C
omo fonte de renda principal ou auxiliar, a produção de mel é uma doce opção na agricultura familiar. Com reconhecimento internacional, a produção pode ser aumentada que ainda há demanda para atender o mercado externo e interno. Além da rentabilidade, o uso do mel traz diversos benefícios para a saúde. Há mais de dez anos que o casal Eraldo Porto Silvano e Araci Silva do Nascimento Silvano, da comunidade de Figueirinha, em Balneário Gaivota (SC), conheceu a apicultura e expandiu o trabalho na propriedade. Ele foi um dos agricultores que trabalhou com Jovetes Peres da Silva, que explica ser o pioneiro do segmento no município, e aprovou a atividade. Agregou a produção de mel 34
ao trabalho com a plantação de verduras. O que interessou Eraldo foi a pouca mão de obra e um bom retorno orçamentário. “Temos uma base que a cada três anos vimos uma safra média, uma ruim e uma boa. A maioria dos produtores que possuem até 500 caixas de abelhas mantém uma segunda atividade porque há possibilidade de tempo para isso”, analisa o apicultor. Na região, grande parte investe no setor madeireiro. O agricultor expõe que a rotina de manuseamento se baseia nas abelhas migradas em agosto para a serra. As caixas das abelhas são instaladas e ficam 30 dias sem serem mexidas. Após, se faz uma revisão e se está tudo certo se inicia o processo da alimentação das abelhas Há o trabalho do manejo com a florada. Existe um processo de nucleação e produção dos enxames. São duas semanas em casa e mais uma semana na serra na rotina dos cuidados com as colmeias. Por último é a colheita do mel. Com o investimento em exportação do mel regional, a produção tem espaço para aumentar, porém o maior empecilho é a falta de pastagem apropriada. Há pouca flor para muitas abelhas. O furacão Catarina foi um período que houve muitos prejuízos com a queda de muitos eucaliptos. No extremo-sul catarinense, os municípios de Balneário Gaivota e Araranguá desenvolvem a maior produção de mel. Em Gaivota, há a Associação de Apicultores de Balneário Gaivota (AABG), que se reúnem mensalmente e analisam o trabalho da atividade. São cerca de 16 famílias que desenvolvem o ofício. “O apoio do governo é pouco. Através das associações que lutamos porque a apicultura é um setor que não recebe muita ajuda. O incentivo através do novo projeto que foi buscado por empresa da região vai ser de grande valia. Hoje contamos apenas com um técnico regional, que de Tubarão atende de Florianópolis até o extremo-sul. A Alemanha é tida como maior exportador, mas adquire o mel brasileiro, envasa e distribui. É importante mostrar o trabalho de excelência que há no nosso país”, pontua.
Há mais de dez anos que o casal Eraldo Porto Silvano e Araci Silva do Nascimento Silvano, da comunidade de Figueirinha, em Balneário Gaivota (SC), conheceu a apicultura e expandiu o trabalho na propriedade
Projeto Rainha Ações serão desenvolvidas para incentivar os produtores de mel e melhorar a produção estadual. O Governo do Estado vai liberar R$ 80 mil para o projeto Rainha que será desenvolvido em parceria com a empresa Prodapys, de Araranguá (SC), para criação de abelhas rainhas como forma de melhorar a qualidade genética das colmeias em Santa Catarina. Outro incentivo é o kit apicultura com preço mais acessível. O objetivo principal é ter rainhas novas para aumento da produtividade de mel. O projeto Rainha, de acordo com o diretor da Prodapys, Célio da Silva, já tinha sido aprovado pelo governador Raimundo Colombo e faltava apenas a confirmação dos recursos. 35
O secretário da Agricultura e da Pesca, João Rodrigues, diz que os recursos serão liberados no início de 2014 e são próprios da Secretaria da Agricultura. Serão distribuídas dez mil abelhas rainhas para pequenos produtores rurais. A Prodapys patrocinará metade e o governo subsidia a outra metade. Por meio da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) será oferecida orientação técnica para melhorar a produtividade e qualidade genética das abelhas catarinenses.
SC tem o melhor mel do mundo Atualmente, a produção de mel catarinense é de 20 quilos/ano por colméia. No Canadá, por exemplo, chega a 150 quilos/ano. Em 2013, o mel produzido pela empresa Prodapys, de Araranguá, conquistou o reconhecimento mundial. Quatro variedades do produto catarinense – mel claro, âmbar claro, escuro e mel cremoso – ficaram no topo da disputa, na UcrâO mel escuro e a cera de nia, que envolveu abelha receberam medalha 86 países. Na avade ouro, já o mel claro liação individual, o conquistou o bronze mel escuro e a cera de abelha receberam medalha de ouro, já o mel claro conquistou o bronze. Os produtos são da empresa Prodapys. Em 1979, a Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina (FAASC) havia conquistado, na Grécia, o título mundial de melhor mel do mundo. Conforme o secretário de Agricultura João Rodrigues, como Santa Catarina tem o melhor mel do mundo e o melhor lugar para essa atividade, então é necessário incentivar o aumento da produtividade. São mais de 30 mil famílias rurais dedicadas à apicultura no Estado, possuindo um total de 350
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mil colmeias instaladas e uma produção de seis mil toneladas/ano. Tais números confirmam a colocação de Santa Catarina como um dos maiores produtores de mel do Brasil, diz Rodrigues. O empresário proprietário da Prodapys, Célio da Silva, lembra que Santa Catarina exporta três mil toneladas de mel por ano e só não exporta mais
por falta do produto. “Incentivar a apicultura no Estado é estimular também o desenvolvimento rural sustentável. E é este o tipo de produção que queremos fomentar em Santa Catarina: atividades que permitam ao produtor rural ter uma renda extra, com consciência ambiental e fixação do homem no campo”. Para o apicultor gaivotense, Eraldo Silvano, todo o incentivo que a produção de mel tem recebido é através da empresa araranguaense que buscou a parceria do estado para aprimorar os cuidados. “Além de dar emprego a muitas famílias, ajudar na balança comercial com toda a movimentação econômica, a Prodapys, corre atrás de mais conquistas ao setor”.
Prodapys
A empresa nasceu no verão de 1979, quando Célio da Silva teve um enxame de abelha na casa da praia, e precisou da ajuda de um apicultor para a retirada e o farmacêutico-bioquimico, se encantou com o que viu. O empresário chegou a ter cerca de 500 colmeias, que nas décadas passadas era um número bastante alto. Sempre interessado buscou aprimoramento e investiu no setor. A empresa atualmente conta, além da sede em Araranguá, com uma filial no Piauí e outra no Maranhão, onde está a mais moderna unidade de extração do país.
Quatro variedades do produto catarinense – mel claro, âmbar claro, escuro e mel cremoso – ficaram no topo da disputa, na Ucrânia, que envolveu 86 países
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Qualidade do Leite
Fernanda Oenning Engenheira Agrônoma do Laticínios Fortuna
Análises de água O acompanhamento da qualidade da água nas propriedade rurais é muito importante, pois muitas vezes a água é limpa , pura para nossos olhos. Água é vida. Sem água não existiria vida no planeta terra. A água não tem fronteiras. A qualidade e a quantidade de água dependem das condições ambientais de onde ela se encontra. A ação do homem, como desmatamento, produção de lixos, dejetos(fezes), uso de pesticidas, entre outras, influenciam diretamente na quantidade e qualidade de água disponível. A proteção de fonte (olho d’agua, vertente) é uma medida que ajuda a preservar a qualidade da água, mas não é a única. É preciso que a água seja límpida, cristalina e protegida com vegetação ou cobertura, para que a água da chuva infiltre, aumentando assim a quantidade de água naquela área.
Você sabia:
Devemos saber exatamente o que existe na água em que bebemos, e principalmente na água que será usada para lavação dos equipamentos de ordenha, sendo que muitas vezes a analise físico-quimica-(ex: PH, dureza) alterada compromete o uso do detergente alcalino clorado e do det acido, mudando a sua forma de uso; quantidade por litro de água. E outro ponto de mudança é a cloração da água antes do uso, ja na caixa d água para lavação de ordenha, aquelas que precisarem. 38
- Palestra em parcerio a com a Epagri sobre Água, mais coleta e análise de água nos produtores que participaram da palestra feita na casa de Matias Della Giustina, no Rio Pequeno - BN - Treinamento Laticínios Fortuna - parceria com Senar - Programa Leite Legal.
As EPAGRI na região, está coletando a análise de água, no valor de R$50 a completa ou R$20 a básica. Os laboratórios Biovita e Santa Isabel em Braço do Norte também analizam, é so ir pedir orientação. LIMPEZA E DESINFECÇÃO DE CAIXA D’AGUA LIMPEZA DE CAIXA D’AGUA ( CADA 6 MESES) Eliminar as caixas de cimento amianto (comprovadas- cancerígenas) -Fechar o registro -Amarrar a bóia e esgotar a caixa -Fazer a limpeza com panos, escovas e baldes -Nunca use sabão, detergente ou outros produtos -Retire toda a água suja -Encher a caixa d’água -Colocar 1 litro de água sanitária, para caixa de mil litros de água -Deixar agir por 2:30 minutos -Depois abra todas as torneiras o chuveiro para desinfetar os canos por dentro, até esvaziar a caixa -Encher novamente e pode ser usada -Anote a data ao lado de fora da caixa LIMPEZA DE POÇOS (UMA VEZ POR ANO) -Esgotar o poço. Tirar o lodo. Pulverizar com cal virgem (mais ou menos 3 kgs.) -Deixar encher até a altura normal da água. Depois ESGOTAR o poço novamente e esta pronto.
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Gado catarinense ganha destaque em feira nacional
O
O gado Jersey criado em Santa Catarina foi destaque na Interlactea, na cidade de Avaré (SC). A vaca da Raça Jersey Campeã em 2013 é do criatório de Casemiro Marin, de Lages, e foi vendida para a Cabanha Terra Santa (RS). A vaca Reservada Campeã da Raça Jersey da Interlactea 2013 foi do criatório de Décio da Fonseca Ribeiro, de Lages, vendida para Cabanha Maya (RS). Para a presidente da Associação Catarinense de Criadores de Bovinos (ACCB), Maria Rosinete de Souza Effting, ter animais premiados fora do estado é motivo de orgulho para
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criadores catarinenses. “Como somos um estado livre de Febre Aftosa, não podemos expor nosso gado fora de nossas fronteiras, mas nossa genética vem sendo muito bem representada em feiras de outros estados devido à comercialização de nossos animais”, destaca. Rosi comenta que essa representatividade é muito importante pelo reconhecimento do trabalho e dedicação que cada criador tem com seu rebanho. “Todos os olhares ficam voltados para nós, trazendo cada vez mais poder comercial para nosso gado e cada vez mais divulgação de nossa genética, a qual particularmente considero uma das melhores de nosso país”, finaliza.
Comitiva visita
A comitiva visitou propriedades rurais situadas na cidade de Hamilton, na ilha do norte da Nova Zelândia, que possuem alta produção leiteira
propriedades australianas
P
ara aperfeiçoar os conhecimentos na bovinocultura de leite em Santa Catarina, uma comitiva de técnicos da Epag r i lid e r a da pelo presidente da Empresa, Luiz Hessmann, esteve por 15 dias na Nova Zelândia. O país é conhecido por produzir leite de excelente qualidade com alto teor de sólidos (proteína e gordura), o que garante um rendimento de indús-
tria muito maior. A comitiva visitou propriedades rurais situadas na cidade de Hamilton, na ilha do nor te da Nova Zelândia, que possuem alta produção leiteira, uma das mais importantes do mundo, com a produção de leite feita exclusivamente à base de pasto. “Importante destacar o alto poder de organização do produtor e sua disciplina”, informou Hessmann. O presidente destacou, ainda, que
na época de cobertura são feitas na central de coleta de sêmen que abastece todo o país, mais de 100 mil inseminações por dia. O rebanho é preferencialmente Holandês, Jersey e Kiwi Cross, esta última, raça da Nova Zelândia, é o cruzamento de Jersey com Holandês. Hessmann informa também que, ao contrário do Brasil, o pagamento da produção é feito por teor de sólidos e não por volume de leite.
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Safra de grãos 2013/2014 em SC deve chegar a 6,4 mi de toneladas
S
anta Catarina deve contribuir com 6.471.599 milhões de toneladas de grãos no levantamento da safra brasileira de grãos 2013/2014 divulgados nesta terça-feira, dia 10, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) com previsão de crescimento da produção em 4,8% em relação à última estimativa. Pelos cálculos, o país deve produzir 195,9 milhões de toneladas de grãos, com crescimento de 3,6% na área plantada, que deve passar de 53,2 para 55,2 milhões de hectares. 42
De acordo com o Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola Institutos de Economias (Cepa/ Epagri), o milho foi o principal destaque do levantamento em Santa Catarina – com produção estimada em 3.225.284milhões de toneladas. Apesar de Santa Catarina ter 1,13% do território nacional, é o quinto produtor de alimentos, destaca o secretário de Estado da Agricultura e da Pesca, João Rodrigues. O milho catarinense, que ainda não atende a demanda interna, representa 4% da produção nacional. O arroz catarinense, que repre-
senta 9,6% da produção nacional, tem uma estimativa de produção de 1.104.950 milhão de toneladas. A área usada para o cultivo de soja também registrou crescimento, com avanço de 6,99%, passando de 521.339 para 557.760 de hectares, com uma expectativa de produção de 1.766.568 milhão de toneladas. Culturas como o feijão e trigo apresentaram aumentos em relação à área plantada. Dados da agricultura catarinense podem ser acessados pelo link http://cepa.epagri.sc.gov. br/Publicacoes/Sintese_2013/sintese-2013.pdf.
Programa Juro Zero – Agricultura/Piscicultura beneficia mais de dois mil agricultores em 2013
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Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca divulgou, no fim de novembro, os resultados do Programa Juro Zero – Agricultura/ Piscicultura em 2013. Por meio do Programa foram financiados R$ 52.830.307,45, sendo que os juros pagos pelo Governo do Estado foram de R$ 4.754.262,86, atendendo 2.362 agricultores catarinenses. Os recursos foram investidos em projetos de captação, armazenagem e uso da água, além de iniciativas que buscam aumentar a renda e criar oportunidade de trabalho para as famílias rurais. O Programa Juro Zero subvenciona com bônus de capital equivalente a 100% dos juros previstos em relação aos contratos de investimentos.
Um dos objetivos do Juro Zero é minimizar os efeitos da estiagem em Santa Catarina, incentivando os investimentos em captação, armazenagem e uso da água para usos múltiplos. Nesses projetos foram investidos R$ 9.024.461,16, com juros pagos da ordem de R$ 817.197,63, atendendo 408 produtores rurais. As estiagens são um problema frequente e recorrente no estado, principalmente em 132 municípios localizados nas regiões do meio-oeste, oeste e extremo-oeste. Nos últimos 10 anos, a agricultura catarinense registrou perdas significativas em sete safras devido à estiagem, gerando prejuízos econômicos e sociais severos. Iniciativas que contribuam para o aumento da renda familiar também são beneficiadas pelo Programa, como projetos de produção de carne e leite a pasto,
aproveitamento de dejetos da produção intensiva de animais, fruticultura, olericultura, flores e plantas ornamentais, piscicultura de água doce e mecanização agrícola. As condições de financiamento, via Juro Zero – Agricultura/ Piscicultura, são de acordo com o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf e os agricultores têm prazo de até oito anos para pagar. O Governo do Estado, através do Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR), concede bônus de capital equivalente a 100% dos juros previstos para as operações de crédito dos produtores enquadrados no Pronaf, com juro de até 2% ao ano. As condições de pagamento são de acordo com as normas do Pronaf, do agente financeiro e do projeto técnico.
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Visita a empresa de Presunto Bogatto de San Daniele, um dos mais famosos da Itália que deverá desenvolver parceria com SC
SC vai fechar termo de cooperação técnica com regiões da Itália para valorização de produtos agrícolas
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anta Catarina, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca, vai assinar termos de cooperação técnica com observatório de produtos agro-alimentares das regiões de Veneto e de Friuli Venezia Giulia, no Nordeste da Itália, para promover cursos de certificação da qualidade dos produtos da agricultura familiar. O intercambio entre as duas regiões e o Estado, que tem como objetivo ampliar a valorização dos produtos característicos da agricultura catarinense, foi firmado pelo secretário da Agricultura e da Pesca, João Rodrigues, durante a visita da missão técnica à
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Itália e Espanha. Após os primeiros contatos realizados nas duas regiões, a intenção, segundo o secretário João Rodrigues, é de formalizar um documento que deverá ser assinado nos próximos dias possibilitando o recebimento de produtos de origem controlada da Itália no Brasil e ao mesmo tempo promover cursos para técnicos, agricultores e industriais de valorização dos produtos regionais característicos de Santa Catarina. A Secretaria vai analisar qual o centro de treinamento da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) que poderá receber investimentos para instalação
Visita à fazenda social que busca inserir no mercado agrícola pessoas com necessidades especiais com cursos
de equipamentos e cursos para fabricação de presuntos e embutidos em geral. Além deste termo de cooperação técnica, foi definido que haverá a assinatura de um intercambio entre a Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) e a Escola Alberghiera, um centro de treinamento hoteleiro instalado na região de Friuli Venezia Giulia, na área de hotelaria e gastronomia. As duas iniciativas visam aumentar a credibilidade, valorização e diferenciação da produção da agricultura familiar, em função das características de seu local de origem, destaca João Rodrigues. A comitiva ainda esteve na Província da Galícia, Espanha, onde visitaram instituições governamentais e privadas com atuação na certificação de produtos alimentares da agricultura familiar, como a Indicação Geográfica Protegida. De acordo com o secretário João Rodrigues, a Itália e a Espanha possuem, juntamente com a França, as melhores certificações da qualidade dos produtos agropecuários do mundo, conferindo-lhes credibilidade, valorização e diferenciação da produção da agricultura
familiar, em função das características de seu local de origem. No primeiro dia de visita da comitiva à Itália foi apresentado uma fazenda social que trabalha com treinamento de pessoas deficientes para produção de produtos agrícolas com qualidade na região de Castelfranco, depois foi promovida uma reunião com a diretora de produção agro alimentares da Secretaria da Agricultura da região de Veneto, Alessandra Scudeller, e em seguida visitado a empresa de Presunto Bagatto de San Daniele. As indicações geográficas são instrumentos que identificam um produto como originário de um determinado país ou região, onde a reputação do produto é atribuída às suas raízes geográficas relacionadas a características da matéria-prima e às condições particulares de produção. Em Santa Catarina a única Indicação Geográfica de Procedência pertence à Uva Goethe, em Urussanga, com o selo dos Vales da Uva Goethe, mas, existem outras possibilidades a exemplo do Queijo Serrano, salames e outros embutidos, queijos tradicionais, espumantes, entre outros produtos.
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Giro Agropecuário
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Diogo Schotten Becker Gestor em Agronegócio e Acadêmico de Agronomia diogoschottenbecker@hotmail.com
o final de 2013, podemos dizer que este foi um bom ano, para a maioria das atividades desenvolvidas em nossa região, talvez algumas com alguns altos e baixos, mais podemos dizer sim, que este foi um bom ano. A suinocultura a alguns meses vem trabalhando com preços estáveis, ou seja, sem grande oscilações de preços, o que ajuda a equilibrar o fluxo de caixa da propriedade. A bovinocultura de leite, que atingiu recordes históricos em preços, e agora com o mercado se ajustando, mais com preços ainda atraentes. Enfim era preciso um ano deste para que colocássemos a casa em ordem, se não completamente, pelo menos em partes. Mais nem bem o ano termina, já esta na hora de pensarmos o que vamos fazer a partir do 1º dia do próximo ano. A muito que fazer, talvez devemos começar por organizar o fluxo de caixa da propriedade, trocar a grama de um piquete, colocar água nos piquetes, melhorar uma cerca ou uma instalação. Ou quem sabe, aproveitando os bom ventos, começar uma nova atividade. Entretanto, o que realmente precisamos fazer é, mais com menos. Ou seja maximizar nossos lucros, diminuir nossos custos. Inúmeras vezes quando falamos em redução de custos, pensamos apenas em não comprar para não gastar, pois isto representa aumento de custos. Vejamos um exemplo simples. Aquele que não utiliza inseminação artificial no seu rebanho, não gasta com semêm, nitrogênio e outros acessórios, este no curto prazo possui um “ganho”, o de não gastar com inseminação, mais no longo prazo, perde em qualidade de rebanho e produtividade. Acompanhando um pouco o mercado estabelecido entre produtores (de suínos, leite, fumo, madeira entre outros) e a indústria beneficiadora (frigoríficos, laticínios, madeireiras e outros) percebo que existe uma certa oposição. Onde um vê o outro como inimigo e que existe pouca vontade de cooperação entre ambos, o que acaba tumultuando e perdendo o significado de sermos parceiros. Pois a cadeia produtiva só é forte quando ambos os lados ganham. Não existe a menos possibilidade de desenvolvimento, quando um lado da cadeia esta fraco ou a beira da falência. Gostaria de desejar a todos, um feliz natal e uno novo repleto de realizações.
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Homeopáticos são alternativa no tratamento de doenças
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ratar uma doença e evitar a presença de resíduos no leite ou na carne é possível com o auxílio dos produtos homeopáticos. Eles ainda causam desconfiança nos produtores, principalmente por possuírem formulações consideradas simples, podendo ser manipulados pelos próprios. A homeopatia pode tratar qualquer doença animal ou vegetal, sendo doença física ou desequilíbrios psicológicos ou emocionais. Diferente dos fitoterápicos, que tem como principio as plantas medicinais, os homeopáticos podem ter sua origem vegetal, mineral ou animal ou até mesmo a própria moléstia do organismo afetado. De acordo com o médico veterinário especialista em homeopatia, Lucio Teixeira de Souza, se o animal sofre de mastite, por exemplo, o leite infectado pode ser utilizado como essência para o medicamento homeopático. O profissional relata que esses produtos, para certas doenças e em alguns casos, podem funcionar até certo ponto, mas a cura muitas vezes ocorre só depois que é feito
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com o material do próprio animal. “Em muitos casos, o que o produtor tem na propriedade é mais eficaz do que o que vem de fora”, destaca Lucio. O processo para fazer o homeopático é simples. “Mas deve ser feito com a orientação de um médico veterinário com conhecimento em homeopatia. Depois que recebeu a orientação, o produtor pode ele mesmo manipular”, explica Lucio. O profissional, por meio da Epagri, realiza cursos para ensinar aos produtores como usar corretamente medicamentos homeopáticos. Segundo Lucio, enquanto os antibióticos e antiinflamatórios possuem substâncias que vão agir contra a doença, os homeopáticos agem com substâncias semelhantes à moléstia do animal. “As pessoas não entendem como isso é possível. É por isso que também desconfiam da eficácia os homeopáticos”, relata. Durante o tratamento, o animal, na maioria das vezes, precisa ingerir o produto. “Algumas gotas são pingadas sobre a ração”, explica. Em alguns casos, pode-se pulverizar
sobre a área afetada. Lucio destaca que muitos produtores têm experimentado e gostado dos produtos homeopáticos. Porém, o profissional sugere que se evite o uso prolongado. “Eles também podem provocar reações adversas, apesar de não terem efeitos colaterais tão fortes quanto em outros medicamentos”, esclarece. É por isso que o profissional se diz contrário ao uso, sem orientação correta, de rações e sais minerais homeopatizados. “Depois de certo tempo, eles podem perder o efeito sobre animal ou até mesmo desequilibrar a saúde do animal”, defende. De acordo com o veterinário, os medicamentos homeopáticos são mais baratos que os medicamentos convencionais. “Porém, exige mais mão de obra no processo de manipulação”, adverte. O veterinário fornece produtos homeopáticos em caráter de pesquisa. “Eles fazem parte de um projeto do Aqüífero Guarani, que tem por objetivo divulgar e pesquisar a homeopatia”, informa. Para o profissional, tanto os medicamentos comuns, quanto os homeopáticos, devem ingeridos pelos animais somente para a cura da doença. “Mas eles sozinhos não são suficientes. É preciso também descobrir a causa do problema e corrigir o manejo”, destaca. “Os produtores gastam muito com medicamento sem necessidade”, opina. Para Lucio, a propriedade ideal seria aquela em que o animal não recebesse nenhum tipo de medicamento. “As doenças surgem do manejo inadequado, por isso é preciso corrigi-lo para que o gado não volte a ter os mesmos problemas”, enfatiza.
De acordo com o veterinário, Lucio Teixeira de Souza, os medicamentos homeopáticos são mais baratos que os medicamentos convencionais. “Porém, exige mais mão de obra no processo de manipulação”, adverte
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