Semana da leitura 2013 ebook

SEMANA DA LEITURA 2013

Figura de Branco, Biarritz, 1906 – Joaquín SOROLLA BASTIDA (1863-1923)

MAR ARTE II

“Mar Arte” é um dos motes escolhidos para a Semana da Leitura 2013 da ESFN. A professora Helena Madureira trabalhou, ao longo do 2º período, esta temática, tendo como referência a visita à exposição “Idades do Mar, que ocorreu na Fundação Calouste Gulbenkian entre 26 de outubro 2012 e 27 de janeiro de 2013”, e o seu catálogo.

Apresentamos aqui alguns poemas que ilustram as pinturas dos alunos do 10º 5ª (turma de Artes).

Na luz oscilam os múltiplos navios Caminho ao longo dos oceanos frios As ondas desenrolam os seus braços E brancas tombam de bruços A praia é lisa e longa sob o vento Saturada de espaços e maresia E para trás fica o murmúrio Das ondas enroladas como búzios.

Sophia de Mello Breyner

Na praia da Areia Branca os búzios não falam só do mar: – falam das pragas, dos clamores, da fome dos pescadores e dos lenços tristes a acenar.

Búzios da praia da Areia branca: – um dia, haveis de falar unicamente do mar.

Sidónio Muralha

Mar Mar! E é um aberto poema que ressoa No búzio do areal...

Ah, quem pudesse ouvi-lo sem mais versos!

Assim puro, Assim azul, Assim salgado...

Milagre horizontal Universal, Numa palavra só realizado.

Miguel Torga

Mar De todos os cantos do mundo Amo com um amor mais forte e mais profundo Aquela praia extasiada e nua, Onde me uni ao mar, ao vento e Ă lua.

Sophia de Mello Breyner

Barcos Dormem na praia os barcos pescadores Im贸veis mas abrindo Os seus olhos de est谩tua E a curva do seu bico R贸i a solid茫o.

Sophia de Mello Breyner

O MAR Ondas que descansam no seu gesto nupcial abrem-se caem amorosamente sobre os próprios lábios e a areia ancas verdes violetas na violência viva rumor do ilimite na gravidez da água sussurros gritos minerais inércia magnífica volúpia de agonia movimentos de amor morte em cada onda sublevação inaugural abre-se o corpo que ama na consciência nua e o corpo é o instante nunca mais e sempre ó seios e nuvens que na areia se despenham ó vento anterior ao vento ó cabeças espumosas ó silêncio sobre o estrépito de amorosas explosões ó eternidade do mar ensimesmado unânime em amor e desamor de anónimos amplexos múltiplo e uno nas suas baixelas cintilantes ó mar ó presença ondulada do infinito ó retorno incessante da paixão frigidíssima ó violenta indolência sempre longínqua sempre ausente ó catedral profunda que desmoronando-se permanece!

António Ramos Rosa, Facilidade do Ar

Dia do mar no ar Dia do mar do meu quarto – cubo Onde os meus gestos sonâmbulos deslizam Entre o animal e a flor como medusas Dia do mar no ar, dia alto Onde os meus gestos são gaivotas que se perdem Rolando sobre ondas, sobre as nuvens Sophia de Mello Breyner

CONCURSOS Embarcar nas palavras A professora Natália Ferreira participou com a turma 1 do 8º ano no concurso Eu Escrevo - Ler o Mar” dinamizado pelo Plano Nacional de Leitura e o Banco Popular e no concurso “Kit do Mar” organizado pela Estrutura Missão para a Extensão da plataforma Continental em parceria com a Portugal Telecom e a agência Ciência Viva. Nos dois projetos, participou ainda a professora Helena Madureira.

Concurso “Eu escrevo – Ler o Mar” Trabalho premiado, 3º ciclo, Inês Ramalhete, Escola Secundária Fernando Namora

Parabéns à aluna Inês Ramalhete, do 8º 1ª, que recebeu das mãos do Senhor Secretário de Estado do Mar, o 1º prémio do Concurso “Eu Escrevo - Ler o Mar” dinamizado pelo Plano Nacional de Leitura e o Banco Popular.

Os alunos do 8º1ª foram contemplados com o 2º prémio do Concurso KIT DO MAR

O Infante Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.

Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já não separasse.

Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente, Clareou, correndo, até ao fim do mundo, E viu-se a terra inteira, de repente, Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.

Do mar e nós em ti nos deu sinal.

Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.

Senhor, falta cumprir-se Portugal!

Fernando Pessoa

Barca Bela Pescador da barca bela, Onde vais pescar com ela.

Que é tão bela, Oh pescador?

Não vês que a última estrela No céu nublado se vela?

Colhe a vela, Oh pescador!

Deita o lanço com cautela, Que a sereia canta bela...

Mas cautela, Oh pescador!

Não se enrede a rede nela, Que perdido é remo e vela, Só de vê-la, Oh pescador.

Pescador da barca bela, Inda é tempo, foge dela Foge dela Oh pescador!

Folhas Caídas, Almeida Garrett

Expressive Reading Contest ENGLISH Looking at the sea, dream without having what.

Nothing at sea, except the sea, can be seen.

But if anything to see how much the soul dreams!

I serve the truth and faith?

See course! How many, that fatal err, In the streets or roads or under branches, We have this certainty and always and in all We dream and dream and dream.

Distant trees of the forest Look, by far, be in the party.

How much is because if you do not see!

But than there are or there is the same remains.

If you have love? I don't know if I had.

Who yesterday I was already in me does not live.

Drinks, everything is fluid and answer, And the life dies while being revives.

Reap big wins roses? Who reap big wins, it will be Colorful motifs of die?

But harvest roses. Why not harvest them If you like and everything is not there?

Ana PatrĂ­cia 10Âş 4

Concours de Lecture Expressive FRANÇAIS – 3ème cycle

Dans tes yeux il y a la mer...

Dans tes yeux il y a la mer.

Sur la mer il y a la tempête.

Dans la tempête : une barque.

Dans la barque : une petite fille.

Dans la petite fille il y a ton enfant et je vais me noyer maman Si tu ne cesses de gronder.

Prassinos

TEXTOS PREMIADOS

ESCRITA CRIATIVA

ENSINO BÁSICO – TEXTO PREMIADO

Tema: b) Escreve um texto a partir de uma das pinturas expostas no placar.

Praia das Maçãs de José Malhoa Contava-lhe

tudo,

contava-lhe toda a sua vida,

Rodrigo

de

Carvalho e Melo abriase perante aquela quase desconhecida mas que de alguma forma o fazia confiar naqueles olhos brilhantes cor do céu e do oceano quando se juntam no horizonte. Rodrigo de Carvalho e Mello falava de toda a sua vida, maioritariamente passada no “azul imenso”. Marinheiro valente e altamente condecorado por generais, majores e até o próprio rei.

Joana van Oyen escutava-o e observava-o. Memorizava todos os seus gestos e o seu entusiasmo ao contar a sua história. Sendo ela filha de pai plebeu mas de uma mãe que pertencia a uma das maiores casas austríacas, tinha sido educada pelos melhores professores de Álgebra, Música e Literatura. Também pouco conhecia daquele

homem de grosso gesto e das mãos ásperas de trabalhador mas naquele momento confiaria a sua vida àquele ser humano.

Estavam sentados na varanda da casa de verão da família Van Oyen. Já anoitecia em Sintra, os convidados deixavam a casa, mas aqueles dois mantinham-se. João terminara a história mas a conversa não ficava por aí. Agora limitavam-se a contemplar o pôr-do-sol. Sol que se amedronta por debaixo do profundo azul-escuro do oceano.”

Para quê quebrar o momento? Para quê desviar o olhar de tanta beleza?” Interrogaram-se eles. A lua, tímida, subia no céu para junto das estrelas cintilantes. No mar, Rodrigo e Joana distinguiam as silhuetas dos animais marinhos que refletiam a luz do luar. Rodrigo tornou a cara para mais uma vez contemplar aquela maravilhosa beleza feminina de Joana. Joana reparou que Rodrigo a olhava e envergonhada virou a face para o homem. Agora ambos com as maçãs do rosto encarnadas. Rodrigo sentiu uma atração incontrolável por Joana. Olhava-lhe os lábios vermelhos e carnudos que quase que imploravam para que fossem tocados. Aproximou-se, Joana estranhou mas com uma paixão rebelde por ela desconhecida. Ambos cerraram os

olhos,

aproximaram-se

lentamente.

Com

uma

magia

incompreensível, sob um céu estrelado e com um oceano como pano de fundo, o beijo aconteceu.

Miguel Palma nº 27 9º 3ª

ESCRITA CRIATIVA

Creative Writing Contest

TEXTO PREMIADO

Watch the video on YouTube and, watch the paintings by William Turner, write a creative text about them.

I stare at the sea and the calming waves. I come here so many times that I’m used to the peaceful feeling, but today it’s different. He is next to me, watching the water come and go, looking just as calm as I feel. He is here because I asked him to. This is something that I want to repeat every day, with this beautiful man by my side. The bright colors of the sunset reflected on the sea, giving it orange shades. Sometimes, when I come at night, it is so dark you can only hear the sounds of the waves crashing against the sand. I lay down next to him, expecting him to follow my moves.

“Quite beautiful, isn’t it?” I ask him. It’s a rhetorical question, of course it is beautiful, we both know it. But I happen to know he will take this opportunity to say something witty and romantic. I know him like the palm of my hand. Every quality, every flaw. He knows me just as well, so he chuckles and murmurs: “Not as beautiful as you are”. I smile, like I always do, because even though I am not fond of my smile, he is. He tells me it every day. I look into his brown eyes, and he looks at mine.

“Your eyes, your soul…you are like the ocean, you know? Endless.

There is always more, waiting to be discovered. I want to discover

you. I want you”. I confess, watching a sea plant finding its way to the shore. When I look back at him, he is giving me such an intense look that I can’t help but look away.

“Look at me”, he says. I do as he tells me, because I hate to disobey him, and because I know what comes next.

He Kisses me. How I adore those soft lips of his! Every kiss we share makes my heart skip a beat and melt a bit.

Every touch of his lips brings us even closer.

Next thing I know the sun is gone, replaced by the grey moon. Time flies when we are in love.

There is not a view more beautiful and breath taking like the ocean and him. I cannot fathom a human being more lovable than this man, nor can I imagine a sea calmer than this one right in front of me.

I am not complete without him. He is a part of me, just as I am a part of him. If our relationship ever ends…it will not be for lack of love and commitment.

I observe the sea again. A couple of miles away there is a group of teens, probably fourteen years old, skinny dipping. As absurd as it may sound, they are reining the serene waves of the sea.

I look at him. “Let’s go home”. He lifts me up and takes me to the car.

The love for him is just kike the ocean. You will never see the end of it.

ESCRITA CRIATIVA

ENSINO SECUNDÁRIO – TEXTO PREMIADO Tema: a) Escreve um texto a partir de um dos seguintes títulos: Profundo como o mar No imenso mar azul Segredos do mar O rap do mar “Segredos naufragados do mar” O mundo não foi sempre como hoje o conhecemos. Não que ele tenha aumentado de tamanho. Apenas, durante longos tempos, o conhecimento permaneceu imutável. Não que a descoberta de coisas novas fosse impossível ou um sonho. Eram apenas viagens ou descobrimentos só com bilhete de ida, nunca de ida e volta. Os contemporâneos da altura também se apercebiam desse facto. Cada vez que algo de novo, por exemplo, uma ilha ou um continente era descoberto, algo catastrófico

acontecia. As pessoas relatavam

tempestades, tão fortes que o céu parecia desabar sobre a terra. Uns diziam que era a ira dos deuses, outros espíritos que bem nunca desejavam. Mas não era nenhum deles. Eram tempestades. Ninguém se apercebia disso. As tempestades não eram ventos intensos misturados com água. Eram pessoas que renegaram o seu corpo para se tornarem ventos e água. Estas tempestades não gostavam de ser desafiadas, principalmente por seres humanos, que eram a principal

razão de eles terem renegado o seu corpo; eram os marginalizados que guardavam essa raiva e ira e depois a usavam no seu objectivo: destruir e o mar tornava-se a sua principal ferramenta. Horeb era uma dessas tempestades. Na sua pequena vida terrestre tinha sido capitão de um barco, ou como ele gostava de dizer, tinha sido um navegador. Numa das viagens de rotina, tinha quase a certeza que tinha descoberto uma ilha, que não estava cartografada. Foi pedir autorização ao Rei para ir procurá-la. Mas o Rei negou. Afirmou que precisava daquele barco para a pesca. Horeb criou uma ira imensurável por dentro. Nessa mesma semana, estando à beira-mar durante uma tempestade, apresentando parte da sua ira, pediu para ser levado. Acordou após ter desmaiado, mas já como vento. Fez uma promessa a si mesmo. Prometeu assombrar e destruir todas as tentativas de novas descobertas.

Nas primeiras vezes, nem sequer deixava chegar os barcos à costa. Libertava a sua ira e os barcos eram destruídos no meio do mar. Mas depois, como começou a ganhar prazer de os destruir, deixava-os atracar, recolher tesouros, partir e só aí é que libertava a sua imensa raiva.

Um dia, decidiu ir ver como andava a sua cidade. Aproximou-se dela, apenas como vento, e foi aí que viu: a cidade em si parecia normal, mas as pessoas andavam cabisbaixas e famintas. Reparou num homem à beira-mar. Passou por ele. Apercebeu-se de que o homem estava à espera da mais pequena brisa para falar. Esse homem tinha-se apercebido de que os ventos faziam as tempestades e as tempestades eram pessoas. Então começou a falar: -

Não reparas tu, Tempestade, que as coisas não vão bem?

Ainda não te apercebeste de que nós, Humanidade, somos sedentos do conhecimento? Ou és assim tão desumano para pensares que és

melhor que os outros e que a tua ira é a tua única salvação? Repara tu no mundo que está à espera que tu nos deixes descobrir. Se a vida fosse só ira e raiva, onde haveria lugar para a paz e para a prosperidade? Por isso te peço, que tu nos deixes ser quem somos e como nós somos.

Horeb nem sabia o que dizer ou o que pensar.

A partir desse dia, mais nenhuma tempestade assombrou nenhum novo descobrimento.

Mas o que ninguém se lembrou foi dos tesouros, dos diários de bordo, das mercadorias e das pessoas que naufragaram no mar.

Há segredos que nunca vão ser descobertos.

Tiago Agostinho 10º 2ª