UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE ARQUITETUR A E URBANISMO
LUCILENE BUSS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito para obtenção do grau de bacharel em Arquitetura e Urbanismo. ORIENTADORA:
Profª Dra. Michelly Ramos de Angelo
VILA VELHA 2018
“A cultura de um povo é
o seu maior patrimônio.
Preservá-la é resgatar a história, perpetuar valores, é permitir que as novas gerações não vivam sob as trevas do anonimato.” Nildo Lage
Dedico esse trabalho em primeiro lugar a Cristo, meu Deus e à todos os descendentes de pomeranos que buscam conhecimento constante sobre suas raízes e trajetória do seu povo ao longo dos anos passados. Em especial as famílias pomeranas Eggert e Buss, da qual faço parte.
Agradecimento Primeiramente quero agradecer à Deus, por ser fiel a suas promessas e ser tão presente em minha vida, por ter me dado forças e enchido meu coração de esperança nos dias difíceis. Por ter me amparado nos momentos de tristeza e angustia diante das adversidades e dificuldades que se levantaram, entrando sempre com a providencia. Sendo refúgio e renovado minha fé, permitido que eu passasse por essa etapa com discernimento, superando os obstáculos que surgiram pelo caminho. A minha querida mãe, Guisela Eggert Buss, que me ajudou dentro de suas limitadas condições e nunca me deixou desistir. Aos meus familiares, em especial meus irmãos, que juntamente com ela me deram todo incentivo e amor, que me permitiram ir até o fim. À minha orienta-
dora Michelly Ramos de Angelo, por não ter desistido de mim e pela paciência diante das minhas dificuldades, por seu esforço e perseverança em procurar transmitir seu conhecimento baseada em sua experiência, com muita sabedoria e dedicação. Á minha coordenadora de estágio Andreia Fernandes Muniz e todos meus professores em especial Alexandre Nicolau e Giovanilton Ferreira, pelo apoio, conselhos e transmissão de conhecimentos para meu foco na conclusão dessa etapa. Seus exemplos de profissionalismo e dedicação sempre serão lembrados. Aos meus amigos e colegas de estágio, turma e curso por acreditarem em mim e buscaram me apoiar, agradeço por todos os momentos agradáveis que passamos juntos ao longo de nossa convivência.
Resumo ABSTRACT
Atualmente, muito tem se debatido sobre patrimônio cultural e o que o representa, sabendo que o mesmo pode ser material e imaterial. E a arquitetura é, em alguns casos, o próprio patrimônio em si, mas em outros, se faz necessária para abriga-lo ou representa-lo. Não apenas andando lado a lado, mas se entrelaçando, formando uma unidade expressada através da arquitetura simbólica, e muitas vezes se tornam a própria idealização cultural em um espaço físico. O presente trabalho, apresenta estudos aprofundados sobre a preservação do patrimônio cultural, sua memória e influência sobre a história não só dos antepassados, mas das pessoas na atualidade, destacando-se e provando assim, o quanto é importante que uma cultura tenha a proteção necessária para sua conservação. Além disso, será aprofundado a história dos pomeranos, que colonizaram o interior do estado do Espirito Santo, e cujo isolamento geográfico, permitiu o crescimento e fortalecimento desse povo. O grande número de descendentes pomeranos e o empenho de manter suas tradições culturais na atualidade, pode ter sido uma das razões, de hoje, o município de Santa Maria de Jetibá, ser considerada a maior colônia de descendentes pomeranos do mundo. Todavia, não existem muitos espaços específicos e adequados, que possa reunir acervo e informações culturais de forma a torna-las claras e acessíveis ao leigo e ao próprio descendente pomerano, ou seja, um local amplo, multidisciplinar, cultural, artístico e lazer para todos da região. Sabendo disso, é ponderado aqui, o quanto a arquitetura simbólica é capaz de trazer esse espaço físico adequado e dedicado a esse fim. Um local, que para se tornar a próxima expressão cultural pomerana, precisa ser estudado e planejado com cuidado para que possa atender, não só as necessidades informacionais de um visitante, mas principalmente, a própria população local, cuja história cultural ela representa: A arquitetura na preservação da cultural de um povo.
Currently, much has been debated about cultural heritage and what represents it, knowing that it can be material and immaterial. And architecture is, in some cases, the patrimony itself, but in others, it is necessary to shelter it or represent it. Not just walking side by side, but intertwining, forming a unity expressed through symbolic architecture, and often become cultural idealization itself in a physical space. The present work presents in-depth studies on the preservation of cultural heritage, its memory and influence on the history not only of the ancestors, but of the people today, highlighting and proving how important it is that a culture has the necessary protection for its conservation. In addition, the history of the Pomeranians, who colonized the interior of the state of Espirito Santo, and whose geographic isolation, allowed the growth and strengthening of this people will be deepened. The large number of Pomeranian descendants and the commitment to maintain their cultural traditions today may have been one of the reasons for the municipality of Santa Maria de Jetibá to be considered the largest colony of Pomeranian descendants in the world. However, there are not many specific and adequate spaces that can gather cultural information and information in a way that makes it clear and accessible to the layman and to the Pomeranian descendant, that is, a large, multidisciplinary, cultural, artistic and leisure place for all Of region. Knowing this, it is pondered here, how much the symbolic architecture is able to bring that adequate and dedicated physical space to that end. A place that, to become the next Pomeranian cultural expression, needs to be carefully studied and planned so that it can meet not only the informational needs of a visitor, but especially the local population, whose cultural history it represents: Architecture in the cultural preservation of a people.
palavraS-chave: Patrimônio. Cultura. Arquitetura. Simbolismo. Pomeranos.
K eYwOrdS: Patrimony. Culture. Architecture. Symbolism. Pomeranians.
ZUSAMMENFASSUNG Gegenwärtig wird viel über das kulturelle Erbe und darüber, was es repräsentiert, diskutiert, da es weiß, dass es materiell und immateriell sein kann. Und Architektur ist in einigen Fällen das Erbe selbst, aber in anderen ist es notwendig, sie zu schützen oder zu repräsentieren. Nicht nur nebeneinander gehen, sondern sich verflechten, eine durch symbolische Architektur ausgedrückte Einheit bilden und oft selbst zur kulturellen Idealisierung in einem physischen Raum werden. Die vorliegende Arbeit stellt eingehende Studien zur Erhaltung des kulturellen Erbes, seiner Erinnerung und seines Einflusses auf die Geschichte nicht nur der Vorfahren, sondern der heutigen Menschen vor und zeigt auf, wie wichtig es ist, dass eine Kultur den notwendigen Schutz hat für seine Erhaltung. Darüber hinaus wird die Geschichte der Pomeraner, die das Innere des Staates Espirito Santo kolonisierten und deren geografische Isolation das Wachstum und die Stärkung dieses Volkes ermöglichte, vertieft. Die große Zahl der pommerschen Nachkommen und die Verpflichtung, ihre kulturellen Traditionen beizubehalten, mag einer der Gründe dafür gewesen sein, dass die Gemeinde Santa Maria de Jetibá als die größte Kolonie pommerscher Nachkommen in der Welt gilt. Es gibt jedoch nicht viele spezifische und angemessene Räume, die kulturelle Informationen und Informationen so sammeln können, dass sie für den Laien und den pommerschen Nachfahren, dh einen großen, multidisziplinären, kulturellen, künstlerischen und Freizeitort für alle, klar und zugänglich sind der Region. Mit diesem Wissen ist es gewichtet hier, wie die symbolische Architektur in der Lage ist, dass genügend Platz zu bringen und widmet sich diesen Zweck. Ein Ort, der nächste Pommerschen kulturelle Ausdruck zu werden, muß sorgfältig untersucht und geplant werden, so dass Sie nicht nur die Informationsbedürfnisse eines Besuchers erfüllen können, sondern vor allem den Menschen vor Ort selbst, deren Kulturgeschichte es darstellt: Die Architektur in der kulturellen Erhaltung eines Volkes. Schlüsselwörter: Patrimonium. Kultur. Architektur. Symbolismus. Pommern.
Listas LISTA DE FIGURAS
29 – Varanda principal da casa e suas esquadrias, 51
1 – Frevo é patrimônio imaterial da humanidade, 24
30 – Vista lateral da casa Berger e o corredor (...), 52
2 – Centro Histórico de Paraty / RJ, 26
31 – Projeto 3D da Japan House, São Paulo, 57
3 – Centro Histórico de Ouro Preto / MG, 29
32 – Guia de pavimentos internos da Japan House, 57
4 – Mapa da divisão da Pomerânia após (...), 31 5 – Expulsão do povo da Pomerânia oriental, 32 6 – Mapa de colonização pomerana no Brasil (...), 33 7 – Concentração de pomeranos no Estado (...), 33 8 – A primeira escola construída na região, 34 9 – Culto na Igreja Luterana no centro (...), 35 10 – Dados de Santa Maria de Jetibá / ES, 36 11 – Primeiro dicionário pomerano, 37 12 – Festa da Colheita na Igreja Luterana, 38 13 – Ritual do quebra-louça que são realizados (...), 38 14 – Tocador de concertina, 39 15 – Trajes dos grupos de danças típicas, 40 16 – Mesa com comida típica pomerana, 40 17 – Cartaz de divulgação da festa pomerana, 41 18 – Instalação comercial no pavimento térreo, 44 19 – Casa da família Grulke em fase de (...), 45 20 – Técnica de pau de pique no fechamento(...), 46 21 – Fachada da casa com paredes brancas (...), 46
33 – Salão multiuso com paredes flexíveis (...), 57 34 – Planta baixa térreo, 58 35 – 1º Pavimento, 58 36 – 2º Pavimento, 58 37 – Cobogós e laminas de madeira (...), 59 38 – Painéis de papel-arroz nas formas e matérias. 59 39 – Memória e atmosfera da cultura japonesa, 59 40 – Jadins de bambus, 60 41 – Fachada da Japan House, São Paulo, 60 42 – Centro Cultural Jean Marie Tjibaou, Noumea, 62 43 – Cabanas típicas da ilha Nouméa (...), 62 44 – Planta Baixa do Centro Cultural setorizado, 63 45 – Forma curva trabalhada com madeira (...), 63 46 – Corte esquemático de ventilação natural, 64 47 – Salão de exposição e biblioteca (...), 64 48 – Salão de exposição e museu do Centro (...), 65 49 – Vista aérea do Centro Cultural, 65 50 – Stonehenge, Patrimônio da Humanidade (...), 66 51 – O Centro de Visitantes Stonehenge (...), 67
22 – Fogão a lenha feito de tijolos de barro cru, 48
52 – Vista de Stonehenge antes e depois (...), 67
23 – Forno a lenha feito de tijolos de barro cru, 48
53 – Vista de Centro de Visitantes Stonehenge, 68
24 – A mobília de uma casa típica pomerana, 49
54 – Cobertura ondulada e suspensa, 68
25 – Entorno da casa típica pomerana, 49
55 – 3D do espaço interno do Centro de Visitantes (...), 68
26 – Localização da Casa Berger, 50
56 – Acesso ao Centro de Visitante Stonehenge, 69
27 – Casa Pomerana de Lourenço, 50
57 – Revestimento em madeira, 69
28 – Planta baixa da casa pomerana (...), 51
58 – Pavilhão educacional, 69
59 – Área de exposição externa e estacionamento , 69
89 – Vista interior da biblioteca no CICAP, 97
60 – Espaços de exposições permanentes (...), 70
90 – Localização do Café Colonial (...), 97
61 – Recursos modernos de áudio e vídeo, 70
91 – Planta baixa do Café Colonial do CICAP, 98
62 – Localização de Santa Maria de Jetibá, 73
92 – Vista externa do Café Colonial no CICAP, 99
63 – Mapa de localização do terreno na cidade, 74
93 – Localização do Restaurante no CICAP, 99
64 – Mapa implantação do terreno no bairro, 74
94 – Planta baixa subsolo restaurante no CICAP, 100
65 – Mapa de situação do terreno escolhido, 74
95 – Planta baixa térreo restaurante no CICAP, 100
66 - Terreno escolhido para implantação (...), 75
96 – Vista interior do restaurante do CICAP, 101
67 – Construção abandonada na poligonal (...), 75
97 – Vista externa do espaço de mesas (...), 102
68 – Perfil topográfico AA’ da região (...), 75
98 – Localização do Deck/mirante no CICAP, 102
69 – Perfil topográfico BB’ da região (...), 75
99 – Planta baixa do Deck/mirante no CICAP, 103
70 – Estudo de insolação, sombreamento (...), 76
100 – Vista do Deck/mirante do CICAP, 104
71 – Setorização, 80
101 – Vista externa do pátio de apresentações (...), 104
72 – Complexo completo do CICAP, 83
102 – Planta baixa do bicicletário do CICAP, 105
73 – Fachada do CICAP, 84
103 – Vista aérea da cobertura do CICAP, 106
74 – Estudo de cores proposto, 85
104 – Mapa esquemático do paisagismo (...), 107
75 – Mapa de Implantação, 86
105 – Vista geral do paisagismo do CICAP, 110
76 – Corte Esquemático, 87
106 – Vista do paisagismo em frente ao (...), 111
77 – Planta de Locação, 87
107 – Vista do paisagismo próximo a casa (...), 111
78 – Mapa de fluxo, 89
108 – Fachada frontal do Centro (...), 113
79 - Localização do espaço de informação (...), 90 80 – Fachada da casa pomerana (...), 90
LISTA DE QUADROS
81 – Planta baixa da casa pomerana (...), 91
1 – Passo a passo do método construtivo (...), 47
82 – Vista do interior do Espaço de Informação (...), 92
2 – Síntese do estudo de caso, 71
83 – Localização do Espaço Educacional (...), 92
3 – Síntese do diagnóstico, 77
84 – Fachada do Espaço Educacional e Arte (...), 93
4 – Índice urbanístico de Santa Maria de Jetibá, 77
85 – Planta baixa do subsolo - Gerenciamento (...), 94
5 – Considerações no projeto em relação (...), 79
86 – Planta baixa do primeiro pavimento (...), 94
6 – Setorização com pré-dimensionamento, 81
87 – Vista interior do Museu do CICAP, 95
7 – Quadra de áreas, 88
88 – Planta baixa do segundo pavimento (...), 96
8 – Quadro de Paisagismo, 108
Sumário intrOduçãO .......................................................................................................................................................... 18 Contextualização e justificativa .......................................................................................................................... 19
Objetivos ............................................................................................................................................................. 20 Objetivo geral................................................................................................................................................ 20
Objetivos específicos ..................................................................................................................................... 20
Metodologia ........................................................................................................................................................ 20 Estrutura do trabalho ......................................................................................................................................... 21
1.
capítulO 1
1 Patrimônio cultural ............................................................................................................................................ 23
1.1 Patrimônio cultural brasileiro ....................................................................................................................... 24 1.2 Conjuntos urbanos tombados e turismo ....................................................................................................... 26 1.3 Memória na arquitetura e urbanismo ........................................................................................................... 27 1.3.1 Estrutura da memória e a memória individual e coletiva .................................................................... 27
capítulO 2
2 A história dos pomeranos e cultura pomerana em Santa Maria de Jetibá ......................................................... 30 2.1 Os pomeranos no Brasil .................................................................................................................................. 32
2.2 Os pomeranos no Espírito Santo .................................................................................................................. 33
2.
2.3 Os pomeranos em Santa Maria de Jetibá ..................................................................................................... 34 2.3.1 Aspectos históricos .............................................................................................................................. 34 2.3.2 Panorama atual de Santa Maria de Jetibá ........................................................................................... 35
2.4 Cultura e arte pomerana em Santa Maria de Jetibá ..................................................................................... 37 2.4.1 A língua ............................................................................................................................................... 37
2.4.2 A religião e rituais de passagem .......................................................................................................... 38 2.4.3 As festas de casamentos ....................................................................................................................... 39 2.4.4 Música e a dança .................................................................................................................................. 39 2.4.5 Grupos de dança e trajes típicos .......................................................................................................... 39
2.4.6 Culinária .............................................................................................................................................. 40
2.4.7 Festa pomerana e festa do colono ......................................................................................................... 40
3.
capítulO 3
3 A Casa Pomerana ................................................................................................................................................ 43 3.1Arquitetura pomerana na colonização ........................................................................................................... 43
3.2 Método construtivo e o sistema construtivo ................................................................................................. 46 3.2.1 Interiores e entorno ............................................................................................................................. 48
3.3 Estudo técnico da Casa Berger .................................................................................................................... 49 3.3.1 O projeto .............................................................................................................................................. 51
3.4 Considerações ............................................................................................................................................... 52
4.
capítulO 4
4 Estudo de caso .................................................................................................................................................... 55
4.1 Caso da Japan House, São Paulo .................................................................................................................. 56 4.1.1 Localização da Edificação.................................................................................................................... 56 4.1.2 O Projeto / Edifício ............................................................................................................................ 56 4.1.3 Forma e materiais ................................................................................................................................. 58 4.1.4 Memória e atmosfera da cultura do Japão ........................................................................................... 59
4.2 Caso do Centro Cultural Jean Marie Tjibaou, Nouméa .............................................................................. 61 4.2.1 Localização .......................................................................................................................................... 61 4.2.2 O projeto / edifício .............................................................................................................................. 62
4.
4.2.3 Programa de necessidade ..................................................................................................................... 62 4.2.4 Forma e materiais ................................................................................................................................ 63 4.2.5 Memória e atmosfera de cultura do povo Kanak................................................................................. 64 4.3 Caso do centro de visitantes Stonehenge, Inglaterra .................................................................................... 66 4.3.1 A localização ........................................................................................................................................ 67 4.3.2 O projeto / edifício .............................................................................................................................. 67 4.3.3 Programa de necessidades, forma e materialidade .............................................................................. 68 4.3.4 Memória e atmosfera cultural de Stonehenge ..................................................................................... 69 4.4 Considerações finais dos estudos de caso ..................................................................................................... 70 capítulO 5
5.
5 Análise de implantação projetual ....................................................................................................................... 73 5.1 Localização e aspectos ambientais ................................................................................................................ 73 5.1.1 Relevo ................................................................................................................................................... 75 5.1.2 Insolação, sombreamento e ventos predominantes .............................................................................. 76 5.1.3 Síntese de diagnóstico .......................................................................................................................... 77 5.1.4 Índices urbanísticos .............................................................................................................................. 77 capítulO 6 6 Proposta projetual .............................................................................................................................................. 79 6.1 Considerações e apontamento para a proposta ............................................................................................. 79 6.2 Programa de necessidades............................................................................................................................. 80 6.3 Memorial justificativo ................................................................................................................................. 83
6.
6.3.1 Conceito e partido ................................................................................................................................ 84 6.3.2 Composição de cores ............................................................................................................................ 85 6.3.4 Implantação, corte esquemático e locação ........................................................................................... 85 6.3.5 Fluxograma ........................................................................................................................................... 89 6.4.2 Espaço Educacional e Arte Pomerano (Museu e Biblioteca) ............................................................... 92 6.4.3 Espaço gastronômico: Café colonial .................................................................................................... 97 6.4.4 Espaço gastronômico: Restaurante ....................................................................................................... 99 6.4.5 Deck/mirante, pátios externos e bicibletário ........................................................................................ 102 6.5 Paisagismo .................................................................................................................................................... 107 cOnSideraçÕeS finaiS ........................................................................................................................................ 112 r eferÊnciaS ........................................................................................................................................................ 117 a neXOS ................................................................................................................................................................. 123
Introdução
A perpetuação da cultura de um povo só é garantida quando as novas gerações se correlacionam com ela, a tomam como sua e a respeitam. Resgatar a história é redescobrir a si mesmo e preservar a cultura é manter a identidade. Para proteção da cultura é necessário fornecer espaços que comportam tipos de atividade especificas para a promoção da mesma. Sabendo disso, este trabalho propõe, a partir de pesquisas bibliográficas e uma análise de correlatos, destaques de pontos de relevância no que se relaciona ao conceito de patrimônio e memória culturais, o Centro de Informação da Cultura e Arte Pomerana, um complexo que objetiva repasse de informações claras e acessíveis de ordem cultural, social, religiosa, política e econômica da região, de forma dinâmica e contemporânea, respeitando e promovendo a cultura local, abrigando objetos e atividades, permitindo a reprodução de expressões culturais, além de criar espaço educacionais como museu, biblioteca, sala de exposição, para atender turistas, moradores locais e descendentes de pomeranos de outras regiões.
CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA Colônia de imigrantes pomeranos, o município de Santa Maria de Jetibá é um dos núcleos mais populosos de descendentes pomeranos do Brasil (JETIBÁ ON-
LINE,2017). Os pomeranos são um povo germânico, originário da antiga Pomerânia, região do Mar Báltico, que fica localizada entre as atuais Alemanha e Polônia. Língua original é o pomerano. Milhares de pomeranos migraram para o Brasil no século XIX, motivados pelos conflitos e guerra na região de origem. Após a Segunda Guerra Mundial, a Pomerânia teve seu território anexado, em parte, à Alemanha e, em outra à Polônia, fato que contribuiu para que não só a cultura, como também a língua pomerana, deixassem de existir na Europa (RÖLKER, 2016). O Brasil é o único país no mundo onde existem colônias dos descendentes da antiga Pomerânia, que preservam a língua, cultura e tradições vivas. A colônia de pomeranos do município de Santa Maria de Jetibá, Espírito Santo, é uma das grandes responsáveis por esses dados. Mas, no decorrer dos anos, devido ao avanço tecnológico, da modernização e principalmente, por causa de imposições governamentais durante a segunda Guerra Mundial onde não se podia falar língua que não fosse o português ou promover atividades que não fossem considerados nacionais, houve um enfraquecimento na perpetuação da cultura de povos estrangeiros, entre eles, a pomerana em todo o país (midiacidada.org, 2014), fazendo-se assim necessário, não só o resgate e a prática cultural, mas também a criação de espaços para comportar objetos, documentos e manifestações para sua preservação (GLOBORURAL, 2008).
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OBJETIVOS
METODOLOGIA
OBJETIVO GERAL
A metodologia de trabalho se dará em cinco etapas:
O presente trabalho tem por objetivo apresentar considerações fundamentais para concepção do projeto de um Centro de Informação da Cultura e Arte Pomerana no município de Santa Maria de Jetibá-ES. Um espaço arquitetônico, paisagístico, inovador e contemporâneo para valorização, preservação e difusão da memória cultural do povo pomerano, que atende, como ponto de apoio e informações, turistas.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Identificar e analisar a importância do Patrimônio Cultural no Brasil e sua memória; • Verificar a importância da cultura pomerana ao longo da história; • Analisar a origem e as formas de manifestação da cultura pomerana na arquitetura; • Comparar estudos de caso de projetos para valorização e preservação do patrimônio cultural; • Realizar o diagnóstico e caracterização da cidade de Santa Maria de Jetibá sobre os aspectos pertinentes ao trabalho; • Propor um projeto de um Centro de Informação Cultura e Arte Pomerana para o município de Santa Maria de Jetibá.
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centro de informação da cultura e arte pomerana
Etapa 1: Revisões bibliográficas da histórica e cultural sobre patrimônio e memória cultural, a história dos pomeranos e suas tradições culturais; Etapa 2: Analisou-se estudos de caso de projetos que tinham o intuito de representar simbolicamente a cultura local através da forma, técnica e materiais importantes e correlacionados aos aspectos culturais e simbólicos; Etapa 3: Realizou-se visitas a uma casa pomerana, que permitiu estudos de diagnóstico da arquitetura, seus aspectos pertinentes e características representativas, e ao terreno escolhido para receber a proposta, com o intuito de serem levantados dados importantes para a concepção do projeto; Etapa 4: Analisados as bibliografias, os estudos de casos e os diagnósticos, foram considerados e apontados importantes dados que nortearam a elaboração do programa de necessidades para o Centro de Informação da Cultura e Arte Pomerana; Etapa 5: Consolidação do programa de necessidades, proposta projetual e conclusão.
ESTRUTURA DO TRABALHO A estrutura do trabalho está dividida em quadro capítulos - introdução, justificativa, os
objetivos gerais e específicos e a metodologia utilizada para execução do trabalho. O primeiro capítulo aborda os temas de patrimônio cultural, memória na arquitetura, sua definição e importância para a humanidade. O segundo capítulo é destinado ao relato da história dos pomeranos na Pomerânia, no Brasil, no Espirito Santo e em Santa Maria de Jetibá e uma cultura. O terceiro capítulo apresenta o estudo da casa pomerana, seu método construtivo, sua forma, materiais e técnicas que a caracterizam, além do estudo técnico de uma casa existente em Santa Maria de Jetibá. O quarto capítulo apresenta três estudos de casos, com projetos arquitetônicos simbólicos, realizados com o intuito de preservar a cultura de um povo, tendo em vista a semelhança da intenção projetual proposta no trabalho, auxiliando na compreensão e desenvolvimento do mesmo nas etapas posteriores. O quinto capítulo é destinado a apresentação do diagnóstico da área do projeto, com mapas e imagens para facilitar a percepção do terreno e entorno. O capitulo sexto apresenta as considerações relevantes e apontamentos para o programa de necessidades, a proposta projetual para o Centro de Informação da Cultura e Arte Pomerana, e, conclusão.
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CapĂtulo 1
^ ´ Patrimonio cultural e memoria na arquitetura
1
PATRIMÔNIO CULTURAL
Durante décadas praticou-se uma atuação de preservação que priorizava o tombamento de bens de pedra e cal no Brasil, resumidos em igrejas, prédios e alguns poucos conjuntos urbanos, entre outros. Segundo Abreu (2009), esse cenário mudou, após a aprovação do Decreto 3.551 de 4 de agosto de 2000, que instituiu o inventário e o registro do denominado “patrimônio cultural imaterial ou intangível”. Tal ação alterou radicalmente o cenário vivido pela área e desencadeou a discussão e preocupação de valorização do termo intangível, que, segundo Abreu (2009, p.13) “colaborou para que fosse possível a construção ampla de acervo completamente [...] diversificado de expressões culturais, em diferentes áreas: línguas, festas, rituais, danças, lendas, mitos, músicas, saberes, técnicas e fazer diversificados”. No Brasil, o IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional é a instituição federal vinculada ao Ministério da Cultura que tem a responsabilidade de preservar, divulgar e fiscalizar os bens culturais brasileiros, além de garantir a utilização desses bens pela atual e futuras gerações. Sua atuação na atualidade é de suma importância, pois responde pela proteção e conservação dos bens culturais do Brasil há mais de 80 anos. Tal órgão, faz a administração desses patrimônios por meio de diretrizes, planos, instrumentos de preservação e relatórios que informam a situação dos bens, do que está
sendo feito e o que ainda deverá ser realizado. Atualmente, o Brasil registra mais de 20 mil prédios tombados, 83 centros e conjuntos urbanos, 12.517 sítios arqueológicos cadastrados, além de mais de um milhão de objetos, cerca de 250 mil volumes bibliográficos, documentação e registros fotográficos e cinematográficos em vídeo feitos pelo instituto (IPHAN, 2017). O “porquê” e “o quê” preservar sempre esteve em ampla discursão e envolto em grande preocupação. E sabendo que preservar é pôr em abrigo, conservar, livrar, defender e resguardar algo, todas essas providências deveriam abranger a todos os elementos que dizem respeito a patrimônio cultural. Para Lemos (1981, p.29), autor do Livro “O que é Patrimônio Histórico”, pensar em preservar o patrimônio cultural: “[...]não é só guardar uma coisa, um objeto, uma construção, um miolo histórico de uma grande cidade velha. Preservar também é gravar depoimentos, sons, músicas populares e eruditas. Preservar é manter vivos, mesmo que alterados, usos e costumes populares. É fazer, também, levantamentos, levantamento de qualquer natureza, de sítios variados, de cidades, e bairros, de quarteirões significativos dentro do contexto urbano. É fazer levantamentos de construções, especialmente aquelas sabidamente condenadas ao desaparecimento decorrente da especulação imobiliária”.
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Figura 1- Frevo é patrimônio imaterial da humanidade
Fonte: Site Embarque na Viagem, 2012
Segundo Lemos (1981), deve-se garantir a compreensão e preservação da memória social e o que ela significa, não dispensando a ordenação e classificação de todos os bens que compõe o vasto repertório de elementos do patrimônio cultural, de uma forma que é preciso estabelecer regras de como e onde preservar elementos realmente representativos ou a sua totalidade.
1.1
PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO O IPHAN (2017) define patrimônio cultural como sendo o conjunto de todos os bens, manifestações populares, cultos, tradi-
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ções tanto materiais como imateriais que são reconhecidos pela importância de sua ancestralidade, valor histórico e cultural de uma comunidade, localidade ou país, e que adquirem valores únicos, não só materiais, mas simbólico, como danças – exemplo do Frevo (Figura 1). Patrimônio cultural é tudo aquilo que pertence a humanidade, herança do passado que influencia no hoje. Um legado a ser resgatado, preservado e transmitido para as gerações futuras (IPHAN, 2017). Segundo Abreu (2009), no século XX delineava-se a ideia de que havia um patrimônio cultural a ser preservado e que incluía não apenas a arte de cada país, mas o conjunto
de realizações humanas e suas mais diversas expressões. Mas, somente no final do século XX o tópico patrimônio cultural assume um papel importante nas questões referentes a memória coletiva e as identidades nacionais e regionais. O conceito de patrimônio caminhou para uma concepção mais ampla, não apenas centrada no valor de determinados objetos e sim numa relação da sociedade com sua cultura (ABREU, 2009), e a gestão do patrimônio passa a ser efetivada segundo as características especificas dos seguintes grupos: patrimônio material, patrimônio imaterial, patrimônio arqueológico e patrimônio da humanidade. O patrimônio material protegido pelo IPHAN é composto por um conjunto de bens culturais classificados segundo sua natureza, conforme os quatro Livros do Tombo: arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e das artes aplicadas. [...] “O Decreto-Lei nº. 25, de 30 de novembro de 1937, que é adequado, principalmente, à proteção de edificações, paisagens e conjuntos históricos urbanos. (IPHAN, 1937). O patrimônio cultural imaterial é toda e qualquer prática de representação, expressão, conhecimento e técnica transmitido, de geração em geração, e constantemente recriados pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a nature-
za e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. Nos termos do IPHAN (1937), são práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares como ruas, mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas. Segundo a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 216, patrimônio arqueológico é: “todos os bens de natureza material de valor arqueológico definidos e protegidos pela Lei nº 3.924, de 26 de julho de 1961, sendo considerados bens patrimoniais da União: os sítios arqueológicos os locais onde se encontram vestígios positivos de ocupação humana, os sítios identificados como cemitérios, sepulturas ou locais de pouso prolongado ou de aldeamento, “estações” e “cerâmicos”, as grutas, lapas e abrigos sob rocha também são considerados patrimônio arqueológico. Assim como as inscrições rupestres ou locais com sulcos de polimento, os sambaquis e outros vestígios de atividade humana. (IPHAN, 1937). E, para o esforço internacional de valorização de bens considerados patrimônio de todos os povos, por sua importância como refe-
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rências e identidade das nações, a Organização das Nações Unidas para a Ciência e a Cultura (UNESCO) adotou em 1972 a Convenção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural com o objetivo de incentivar a preservação de bens culturais e naturais considerados significativos para a humanidade, como Parati no estado do Rio de Janeiro (Figura 2) (IPHAN, 1937).
1.2
CONJUNTOS URBANOS TOMBADOS E TURISMO
Segundo o IPHAN (2017), os conjuntos urbanos tombados são composto por
imóveis, áreas em regiões urbanas ou cidades que são um legado do passado e constituem a identidade cultural para a região. Constituem a base do Patrimônio Cultural Brasileiro ––e nelas é possível vivenciar os processos de transformação do país, por meio da preservação de expressões próprias. Esses conjuntos urbanos têm cada vez mais, sua imagem de marca, fortemente associada ao setor turístico e a memória de um povo tornada em atrativo e associada a economia local, segundo Arantes (2000, p. 15). Mas, de qualquer forma, a ideia que alimenta a criação deste urbanismo que coloca a cultura no centro da economia ou a economia no
Figura 2- Centro Histórico de Paraty / RJ
Fonte: Site Mundo Gringo, 2016.
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centro da cultura, não nos deixa esquecer do que Arantes (2000) denominou de o “[...]reencontro glamoroso entre cultura e capital”. Já a produção de novas áreas urbanas em locais já consolidados e posteriormente abandonadas tem sido cada vez mais frequente nos dias atuais segundo Paes-Luchiari (2005). São cidades que acumulam capital cultural, ou seja, possuem um modo de poder e acumulação baseados na cultura e, algumas tem recebido investimentos através programas de revalorização das suas áreas centrais. As iniciativas de ‘revitalização’ seguiram, inicialmente, os preceitos contidos nas cartas patrimoniais, com alcance restrito aos sítios históricos, ou parcelas deles, estimulados por políticas de preservação desenvolvidas ainda na década de 1980. Salvo os casos de cidades históricas, a exemplo de Ouro Preto, onde necessariamente o sítio histórico era praticamente a própria cidade, pouco se atingiu, no sentido de conservar a cidade e sua vida (BRASIL, Ministério das Cidades, 2004, p. 73). Os centros históricos e as áreas portuárias abandonadas e degradadas da cidade industrial capitalista são exemplos emblemáticos desse processo. O modelo de Barcelona, inspirado na “cidade-empreendimento de formato americano” (ARANTES, 2000, p.51), reproduzido quase como uma recei-
ta de urbanismo em inúmeras cidades pelo mundo, representa, para muitos estudiosos, um divisor de águas entre o planejamento urbano e regional tradicional, concebido pela racionalidade territorial sob o controle do Estado (LUCHIARI, 2005).
1.3
MEMÓRIA NA ARQUITETURA E URBANISMO
Segundo Maurício de Almeida Abreu (1998), a valorização do passado das cidades na atualidade é uma característica comum, tema cada dia mais debatido e discutido, porém, é um fenômeno recente no Brasil. Com o intuito de preservar ou até mesmo resgatar a memória na arquitetura e urbanismo, atualmente é comum discursos e projetos de restauração, preservação e revalorização urbana dos vestígios do passado.
1.3.1 ESTRUTURA DA MEMÓRIA E A MEMÓRIA INDIVIDUAL E COLETIVA
A memória, segundo Halbwachs (1990), se trata de uma construção individual e social, ao mesmo tempo, é fruto de partilhas, encontros e atos coletivos que lhe propiciam sobrevivência e sentido, mesmo que na elaboração de memórias quem a lembra é o indivíduo. Para Halbwachs (1980) as memórias são um exercício de escolha. Já Antônio Fernando de Araújo Sá, em seu artigo “História e memó-
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ria na era das comemorações” para a Revista Vivência (2005), considera que as memórias estão assentadas também em espaços coletivos, espaços marcados por marcos históricos e simbólicos dos descendentes locais e com o convívio com a região. Está ligada ao lugar, uma construção que a remeta, um marco que identifique a passagem de um grupo no local. Segundo o texto, quando um indivíduo ou povo dispõe-se a conhecer e reconstruir o passado, o faz para redescobrir a si mesmo, suas origens e raízes, fazendo dos antepassados os heróis que proporcionaram essa trajetória até os dias atuais. Abreu (1998) cita que sabendo que memória é a capacidade de armazenagem e conservação de informações na categoria biológica e psicológica, aqui discute-se a memória como elemento essencial da identidade de um lugar. Segundo Zorzo (2015), em seu artigo “Territórios Urbanos e memória coletiva - As lavadeiras comunitárias de Salvador e o caso do Alto das Pombas”, no que diz respeito ao estudo de grupos e de conjuntos urbanos, a memória é um dos meios fundamentais para abordar o problema das formações sociais e das suas transformações no tempo. Para Nora (1993), memória coletiva é a memória de um grupo de pessoas, tipicamente passadas de uma geração para a seguinte, ou ainda a memória compartilhada de um grupo, família, grupo religioso, étnico, classe social ou nação. Ela é definida como “a memória, ou o conjunto de memórias, mais ou menos cons-
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cientes de uma experiência vivida ou mitificada por uma comunidade, cuja identidade é parte integrante do sentimento do passado”, sendo a memória coletiva definida como o que fica do passado no vivido dos grupos e o que os grupos fazem do passado. Tamanha é sua importância que em seu artigo “Sobre a Memória das Cidades”, Mauricio de Almeida Abreu (1998) conclui que: “A revalorização atual do passado tem gerado uma constante demanda pela memória dos lugares, em especial pela memória das cidades. O resgate dessa memória não tem sido uma tarefa fácil, e os resultados obtidos nem sempre têm correspondido às expectativas. Por um lado, muitas memórias coletivas, que são as que alicerçam mais solidamente a memória dos lugares, perderam-se no tempo. Por outros, o trabalho de recuperação daquilo que ainda é possível resgatar tem privilegiado apenas o processo social ocorrido nos lugares e não os próprios lugares. Consequentemente, a memória que vem sendo resgatada das cidades tem sido invariavelmente uma memória capenga, não ancorada adequadamente num de seus pilares fundamentais, que é o espaço.” (ABREU, 1998).
Figura 3 - Centro Histórico de Ouro Preto / MG
Fonte: Portal do IPHAN, 2014.
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CapĂtulo 2
´ A historia dos pomeranos e cultura pomerana em Santa Maria de Jetiba´
2
A HISTÓRIA DOS POMERANOS
Nesse capítulo, o livro “Raízes da Imigração Alemã” de Helmar Rölke (2016) será usado como referência para apresentar a trajetória dos pomeranos, sua história e características culturais. Os pomeranos são um povo germânico originário da Pomerânia, um pequeno país localizado as margens do Mar Báltico com uma superfície de 38,409km² bem menor que o Estado do Espírito Santo que possui 45,597km² (IBGE, 2017). A Pomerânia ficava entre as atuais Alemanha e Polônia e a língua original desse povo era o pomerano (RÖLKER, 2016). Dividida em Pomerânia Ocidental e Oriental, seu relevo baixo e muitos lagos proporcionavam abundante cultivo de alimentos e vocação agrícola. No ano de 1530 toda a região se tornou evangélica luterana através dos Duques da Pomerânia que se converteram e obrigaram o povo a segui-los. Sua história foi marcada por guerras e lutas territoriais. As disputas entre Polônia, Dinamarca, Alemanha e Suíça pelas terras eram constantes e se estenderam por séculos. Em 1815, o exército de Napoleão passa pela Pomerânia em direção a Rússia e, novamente, os pomeranos sofrem com a guerra (RÖLKER, 2016). Em 1834, foram os confl itos internos religiosos que causaram as primeiras emigrações, mas a grande razão da imigração europeia foi a crise na Europa. Assim como mui-
tos outros europeus, o povo pomerano saiu de sua terra natal em busca de um lugar em que pudessem ter perspectivas de uma vida melhor, onde pudessem confessar livremente sua fé cristã e ter paz. Cerca de 331.400 mil pomeranos migraram para os Estados Unidos da América e 30 mil para o Brasil (RÖLKER, 2016). Na II Guerra Mundial, a Pomerânia foi completamente arrasada, e no meio dos conflitos, os pomeranos tinham como alternativas: deixar tudo para trás e fugir em busca de refúgio em outros países ou ficar e sofrer as atrocidades. Com a derrota da Alemanha, a Pomerânia foi dividida e teve a sua parte ocidental anexada a Alemanha e a oriental a Polônia (Figura 4). Figura 4 - Mapa da divisão da Pomerânia após a Segunda Guerra Mundial
Fonte: Blog Pomeranos do ES, 2015.
Os sobreviventes à guerra, foram expulsos em 1945, fato testemunhado no livro “Letzte Tage in Pommern: Tagebücher, Erinnerungen und Dokumente der Vertreibung”, de Klaus Granzow e Langen Müller, de 2002, livro conhecido como sendo uma
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coleção de depoimentos. Cerca de 498 mil pomeranos morreram na jornada de expulsão (Figura 5). Equivalente a 29% da população foi obrigada a se retirar da província da Pomerânia oriental, que pertencia a Polônia, e se refugiar em outras regiões da Alemanha. Como consequência, a língua pomerana e as tradições culturais desapareceram da Europa (RÖLKER, 2016). Figura 5 – Expulsão do povo da Pomerânia oriental
Fonte: Site Wikimedia Commons, 2015.
2.1
OS POMERANOS NO BRASIL
Os primeiros grupos de imigrantes pomeranos começaram a chegar ao Brasil a partir de 1824. Apenas as colônias de Dona Francisca (Santa Catarina) ou São Leopoldo (Rio Grande do Sul) estavam autorizadas pelos governos alemão e brasileiro a receberem os imigrantes nesse período e, só posteriormente, a província de Santa Leopoldina no estado do Espirito Santo recebeu essa autorização (RÖLKER, 2016, p.237). No dia 3 de novembro de 1859 foi criado o que se chamou de Rescrito de von der Heydt, que proibia a
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emigração sempre quando fossem propostos empréstimos aos colonos para a travessia e aquisição de terras, pois isso levava o imigrante a viver em regime de semiescravidão no Brasil. Sendo assim, só conseguiam vir as pessoas que podiam pagar sozinhas as despesas de viagem, ou aquelas que conseguiam vir escondidos das autoridades alemãs. Por essa razão, a imigração para o Brasil foi naturalmente dificultada e os Estados Unidos da América recebeu muito mais imigrantes do que o Brasil. O decreto e a fiscalização levaram muitos pomeranos a virem para o Brasil de forma clandestina e que os levou a não se registrarem ao chegarem aqui, com medo de serem presos (RÖLKER, 2016). Na Figura 6 é possível observar em quais as regiões do Brasil os mesmos foram se instalando. No Rio Grande do Sul os imigrantes de origem pomerana também foram numerosos na região de Pelotas, Canguçu, Arroio do Padre, Agudo, Candelária e São Lourenço do Sul (RÖLKER, 2016). Em Rondônia há numerosos brasileiros no município de Espigão do Oeste que são descendentes de pomeranos. No final das décadas de 1960, durante toda a década de 1970 e início da década de 1980, a União promoveu a ocupação do então Território Federal de Rondônia, o qual passou a Estado de Rondônia, em 1981. Segundo o jornalista Gustavo Barretos em seu texto “Os pomeranos: um povo sem Estado finca suas raízes no Brasil” para o Mídia Cidade, milhares desses colonos tinham origem no Estado do Espírito Santo, e milhares destes tinham origem
remota na Pomerânia. Por isso, é comum em Espigão do Oeste, Rondônia, haver pessoas que falam a língua pomerana (ORG, Mídia Cidade, 2014). Figura 6 - Mapa de colonização pomerana no Brasil com pontos em vermelho nos estados colonizados
grupo, trabalho e dedicação. Segundo Granzow (2009), os pomeranos levaram anos para avançarem mata virgem adentro, para chegarem onde hoje é o município de Santa Maria de Jetibá, e outros pomeranos avançaram pelo rio Doce para chegarem a regiões como Itarana e, dali a Laranja da Terra. Figura 7- Concentração de pomeranos no Estado do Espirito Santo abrangem os municípios de Santa Maria do Jetibá, Santa Leopoldina, Pancas, Laranja da Terra, Domingos Martins e Vila Pavão
Fonte: Livro “O povo pomerano no Brasil”.
2.2
OS POMERANOS NO ESPÍRITO SANTO Segundo o livro ”POMERANOS: Sob o cruzeiro do Sul, Colonos Alemães no Brasil”, de Klaus Granzow (2009), os primeiros pomeranos vindos para o Espirito Santo desembarcaram no porto de Vitória em 1859. As 27 famílias de imigrantes que chegaram, seguiram para a colônia de Santa Leopoldina, em canoas pelo rio Santa Maria da Vitória. Em 1870, mais de 2.300 pomeranos se instalaram nas terras capixabas, e esses, desbravaram as terras da região serrana e norte do estado. Reconhecidos pela resistência, força e fé, eles sobreviveram graças a união do
Fonte: Blog Pomeranos do ES, 2015.
Os germânicos do sul da Alemanha vieram primeiro e se concentraram em Santa Isabel, Domingos Martins. Já os pomeranos que eram germânicos do Norte vieram depois e se
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concentraram em Santa Leopoldina, e eram a maioria da população. Nessa ocasião a colônia de Santa Leopoldina englobava os municípios de Santa Maria de Jetibá, parte de Santa Teresa e fazia divisa com a colônia de Santa Isabel. As famílias pomeranas acreditavam que aqui seria fácil encontrar terra, e, de fato, encontraram, mas passaram por muitas dificuldades para se apropriarem delas no meio da mata virgem, locais sem nenhum tipo de auxílio ou infraestrutura, e com topografia e clima desafiadores (GRANZOW, 2009). O Espírito Santo possui atualmente mais de 140 mil descendentes espalhados entre os municípios de Santa Maria do Jetibá, Santa Leopoldina, Pancas, Laranja da Terra, Domingos Martins e Vila Pavão (Figura 7). Apesar do estado ter recebido um número relativamente pequeno de imigrantes em relação as outras regiões, foi o estado que mais preservou a cultura pomerana (GRANZOW, 2009).
subindo a serra e se dirigiram a região que hoje é conhecida como Santa Maria de Jetibá (PMSMJ, 2017). As primeiras famílias a se instalarem em Santa Maria de Jetibá foram as famílias Klens, Henke, Berger, Foesch, Boldt, Hackbart, Bausen, Kosanike, Ruge, Sibert, Holz, Kruger e Seick. A primeira casa construída no centro da cidade foi a do Sr. Frederico Grulke que a fez usando a técnica construtiva de pau a pique. Localizada no centro de Santa Maria de Jetibá, possuía um comércio no pavimento térreo e residência no pavimento superior. Segundo o site do IBGE (2017), assim que se instalaram na região foi providenciada a construção de uma escola (Figura 8), uma capela para a comunidade celebrar os seus cultos e um cemitério. Figura 8 – A primeira escola construída na região
2.3
OS POMERANOS EM SANTA MARIA DE JETIBÁ
2.3.1 A SPECTOS HISTÓRICOS Em 1873, grande parte de uma leva de pomeranos recém-chegados a colônia de Santa Leopoldina, concentrou-se em um altiplano chamado Jequitibá que ficava próximo a colônia. Nessa mesma década, parte desses imigrantes penetraram mata nativa
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Fonte: Rölke, 2016
A capela foi inaugurada em 1882 com a celebração do primeiro culto em Santa Maria na localidade de São Sebastião, mas a igreja da comunidade luterana (Figura 9) só foi inaugurada em 1918, sendo esse um fato
muito importante na vida dos colonos, pois a vida deles era cercada pelas tradições religiosas que sempre foram muito fortes e presentes (RÖLKER, 2016). Figura 09 – Culto na Igreja Luterana no centro de Santa Maria de Jetibá
Estadual n° 4.067, com a participação efetiva do então prefeito de Santa Leopoldina, Helmar Potratz, que atendendo aos anseios da população se engajou na luta pela emancipação. Em homenagem ao rio Santa Maria da Vitória e a localidade de Jequitibá, onde os colonos estavam instalados anteriormente, o município recebeu o nome de Santa Maria de Jetibá.
2.3.2 PANORAMA ATUAL DE SANTA M ARIA DE JETIBÁ
Fonte: Site Portal Luteranos, 2018.
O difícil acesso a região devido ao relevo, a distância e o clima com temperaturas baixas nos meses de inverno, proporcionaram isolamento dos colonos nessa região. A união e vida comunitária de colaboração mútua proporcionava a eles todos os meios necessários para sobrevivência, vivendo basicamente da agricultura de subsistência. Este isolamento e comunhão entre eles fez com que a comunidade pomerana crescesse com fortes raízes culturais na região.
Segundo o IBGE (2016), Santa Maria de Jetibá possui uma área de unidade territorial de 735,267 km² (Figura 10), dado levantado em 2016, e teve a população estimada, para 2017, em 39.928 pessoas. O município está a 80 quilômetros da capital e possui uma altitude variável entre 400 e 1300 metros. Inserir dados do IDH
O livro “POMERANOS: Sob o cruzeiro do Sul, Colonos Alemães no Brasil” de Klaus Granzow (2009, p.64-70), narra detalhadamente, depois de visita ao município em 1970, o dia a dia dos pomeranos.
A economia do município está diretamente ligada à agricultura. Segundo o site Jetibá Online, Santa Maria de Jetibá é o segundo maior produtor de ovos do Brasil, sendo o primeiro produtor de ovos, gengibre e morango do Estado do Espírito Santo, e o maior abastecedor das Centrais de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa/ES) e mercados nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e outros estados da Região Nordeste. Mesmo sendo um município extremamente agrícola, 43% da mata Atlântica ainda é preservada (IPEMA, 2003).
Em 6 de maio de 1988 foi criado o município de Santa Maria de Jetibá, através da Lei
Estudo revelam que, em 2004, a população que era de 29 mil habitantes possuía um
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número estimado de 90% de descendentes pomeranos, sendo que 55% destes falavam a língua - aproximadamente 15 mil pessoas. Hoje, segundo estudos, cerca de 75% da população fala a língua – sendo a razão de Santa Maria de Jetibá ser considerada a maior colônia de descendestes pomeranos do mundo (JETIBÁ ONLINE, 2017).
Hoje, observando os dados e percebendo a prosperidade dos descendentes dos pomeranos comprova-se a importância da memória cultural e da trajetória desse povo, que devido a seu esforço, proporcionou esse quadro de bons índices de PIB e IDH nos dias atuais (IBGE, 2017).
Figura 10 - Dados de Santa Maria de Jetibá, Espirito Santo
Fonte: IBGE, 2017.
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2.4
CULTURA POMERANA EM SANTA MARIA DE JETIBÁ
Aqui são apresentados os aspectos culturais pomeranos praticados no município de Santa Maria de Jetibá. Segundo Cione Marta Raasch Manske, autora do livro “Pomeranos no Espirito Santo: História de fé, educação e identidade” (2015), o fator da comunidade pomerana comunica-se com a população nativa com dificuldade, pois poucos deles falava o português, colaborou para o fortalecimento do relacionamento entre si, e essa união foi essencial para a preservação e fortalecimento das tradições culturais. E esse forte vínculo entre si, proporcionou uma natural resistência à aproximação de novas culturas. Além disso, foi a influência recebida, primeiramente da família, e depois da religião, e o empenho de ambos em manter e cultivar a cultura, que fortaleceu o vínculo dos descendentes pomeranos e sua cultura habitual. Os pomeranos não se consideram alemães, e sempre buscaram deixar isso claro quando são indagados quanto a sua origem. Possuem língua e tradições próprias e se empenharam em difundi-las entre si.
interior do município, principalmente os mais velhos, falam fluentemente a língua e alguns, mal entendem o português, necessitando do auxílio dos mais jovens para se comunicar (GRANZOW, 2009). Na época da colonização as crianças só estudavam até a 4º série, e o idioma ensinado era o português. Outros descendentes nem estudavam só sabiam escrever o nome (GRANZOW, 2009). Por essa razão, por muitos anos, os descendentes falavam e entendiam a língua pomerana, porém não sabiam ler nem escrever em pomerano, pois a escrita se perdeu durante a imigração. O que mudou no início de 2005, com o Projeto de Educação Escolar Pomerana (PROEPO), fruto do esforço de alguns estudiosos, professores, pais e membros da comunidade preocupados com a manutenção da língua. Hoje existe um dicionário que faz a tradução e ensina a escrita, além de outros livros didáticos que são usados nas escolas da região (Figura 11). Em 2016 foi criado um aplicativo, com o intuito de auxiliar no aprendizado da língua e tradução para aqueles que não a conhecem, que está disponível para download gratuito pelo Google Play. Figura 11 – Primeiro dicionário pomerano
2.4.1 A LÍNGUA Segundo Tressmann (2005), a língua pomerana é uma língua pertencente à família linguística Germânica (ocidental) e à subfamília Baixo-Saxão (oriental). Ela era ensinada pelos pais e passada de geração a geração. Os descendentes pomeranos que vivem no
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
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2.4.2 A RELIGIÃO E RITUAIS DE PASSAGEM
Fortemente ligados a religião os pomeranos são predominantemente protestantes luteranos. Para os pomeranos “viver sem religião” era equivale a viver sem Deus, e viver sem Deus significa levar uma vida devassa e sem moral (RÖLKER, 2016).
Os pomeranos também são fortemente ligados a rituais de benzedura e simpatias, a
O ritual do “quebra-louça” no casamento pomerano também é uma cerimônia cultivada pelos pomeranos (Figura 13). Este ritual acontecia na noite anterior ao casamento e consistia em colocar o casal de noivos no centro de um círculo cercados pelos parentes e convidados do casamento e recebiam de uma senhora uma oração para abençoar o casamento. Durante a recitação dos versos dessa oração, a senhora lançava no chão as vasilhas de louça que trazia consigo, quebrando-as e fazendo muito barulho, algazarra e gritaria. Acredita-se que esse ato afugentava maus espíritos que eventualmente pudessem prejudicar a vida conjugal dos noivos que estavam se preparando para a bênção matrimonial. A finalidade do ritual é trazer felicidades para o casal. Em cima dos cacos de louça espalhados pelo salão, começa o baile e no final a louça quebrada era guardada pelos noivos em uma caixa de madeira (RÖLKER, 2016, p.578).
Figura 12 - Festa da Colheita na Igreja Luterana
Figura 13 - Ritual do quebra-louça que são realizados nos casamentos
Fonte: Igreja Confissão Luterana em SMJ, 2016.
Fonte: Site Barra, 2016.
As cerimônias religiosas celebradas tradicionalmente pelos descendentes pomeranos são o batismo das crianças, a confirmação dos jovens, o casamento, as cerimonias de velórios, as festas da igreja como o Natal e Ano Novo, Páscoa, Pentecoste e festa da Colheita. A festa da Colheita é celebrada em todas as igrejas luteranas, todos os anos. Em agradecimento ao ano de trabalho, os colonos traziam o melhor do fruto de suas terras e depositavam no altar (Figura 12). As oferendas eram vendidas, leiloadas ou trocadas e os valores arrecadados ficavam como oferta para mantimento da Igreja.
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qual, fazem parte da cultura e são praticados até a atualidade. Muitos descendentes, ainda acreditam que esses rituais espantavam maus espíritos e doenças (RÖLKER, 2016, p.590).
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2.4.3 A S FESTAS DE CASAMENTOS O casamento pomerano é uma festa toda envolta em rituais, desde o momento de convite, que era feito pelo convidador do casamento, chamado de “hochtijdsbirer”, que leva consigo uma garrafa de vidro pequena contendo cachaça, enfeitada com fitas coloridas, até o vestido da noiva, que trajava preto com uma faixa de cetim na cintura e uma coroa verde de ramos de murta, alecrim ou de cipreste, adornada com flores de laranjeira. As explicações para o traje são diversas, mas segundo Rölker (2016), a cor preta tem a ver com os costumes da Alemanha relacionados ao clima, a sociedade e religião. No Espírito Santo este costume perdurou até 1940, quando as noivas passaram a usar vestido branco (PMSMJB, 2017). As celebrações duravam três dias e eram realizadas pelas famílias dos noivos em mutirão (GRANZOW, 2009). Também era costume dos pomeranos se multiplicar em larga escala e constituir grandes famílias, pois assim, tinham maior mão de obra na atividade agrícola que eles desenvolviam (GRANZOW, 2009).
2.4.4 MÚSICA E A DANÇA A música sempre esteve presente na vida dos pomeranos e seu estilo diferenciado de compor ao som da concertina (Figura 14) sempre anima as tradicionais festas de casamento, batismo e outros bailes. Era cos-
tume sempre que houvesse uma reunião, seja um trabalho ou celebração nos vizinhos, ao término das atividades, se tocava e dançava entre amigos. Além da concertina, também havia os grupos de metais ou trombonistas como eram chamados. Instrumentos tocados principalmente nos cultos acompanhando os hinos, além de festas, e nos momentos solene como enterros (PMSMJ, 2017). Figura 14 - Tocador de concertina
Fonte: Site da PMSMJ, 2017.
2.4.5 GRUPOS DE DANÇA E TRAJES TÍPICOS
No período da colonização os trajes pomeranos eram simples, as mulheres usavam preto e colorido, costuravam suas próprias roupas e usavam lenços para cobrir o cabelo. Os homens usavam calça camisa de manga longa e chapéu. Calçados só eram usados em ocasiões muito especiais (Figura 15). Ao lon-
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go do tempo, foram resgatados os tradicionais trajes típicos pomeranos e reproduzidos pela população para serem usados nas festas comemorativas. Era também tradição as moças bordarem suas blusas e borda dos aventais em desenhos de flores (GRANZOW, 2009). Figura 15 - Trajes dos grupos de danças típicas
era servido o café colonial, uma mesa repleta de café, leite, queijos, doces, brote1 de milho feito com raízes raladas, bolo ladrão2, biscoitos caseiros diversos e bolos diversificados (Figura 16). No almoço e/ou jantar são tradicionalmente servidos, arroz, batata, sopa de macarrão, carne e arroz doce. Pão de milho ou micha brout3 feito com inhame e fubá, comida típica dos pomeranos do Espírito Santo. Figura 16 - Mesa com comida típica pomerana
Fonte: Edson Chagas/ A Gazeta, 2017.
2.4.6 CULINÁRIA A culinária pomerana é composta por uma variedade de comidas tradicionais repletas de significados. Era sempre a parte fundamental das festividades ligadas a casamentos e outros rituais com verdadeiros banquetes. Um exemplo é a noite do pé de galinha que antecede o casamento, em que é servido uma sopa feita com os pés e miúdos das galinhas, sendo as melhores partes delas servidas no sábado no jantar. A preparação das comidas também sempre acontecia em mutirão com amigos e vizinhos que se reuniam voluntariamente nos dias que antecediam a festa; tudo feito com muita alegria e disposição. Também
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Fonte: Site Seturt.es.gov.br, 2016.
2.4.7 FESTA POMERANA E FESTA DO COLONO
O município de Santa Maria de Jetibá, oferece anualmente duas festas culturais de suma importância para a população da região. A festa pomerana, que normalmente acontece no mês de maio, é comemorada no intuito de demostra a cultura e tradições pomeranas, e o evento que ocorre por 6 dias no centro da 1 Brote – é um pão de milho tradicionalmente preparado por descendentes de imigrantes pomeranos. 2 Bolo ladrão – massa de biscoito doce coberto por goiaba 3 Micha brout – é o brote na língua pomerana.
cidade, reúne desfiles, bailes, música, danças, gastronomia, eleição da rainha e princesa pomerana entre outras premiações, história e costumes do povo pomerano. (Figura 17). A festa do colono é realizada em comemoração à imigração. Voltado ao colono, o evento conta com exposições agropecuárias, comida típica, apresentação de grupos de danças folclóricas, dança cultural pomerana e várias apresentações musicais. (PMSMJ, 2017).
Figura 17 – Cartaz de divulgação da festa pomerana
Fonte: Site pmsmj.es.gov.br, 2018.
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CapĂtulo 3 A casa pomerana
3
rência o livro “Raizes da Imigração Alemâ”,
A CASA POMERANA
do autor Helmar Rölke (2016). Segundo o
O presente capítulo apresenta os aspectos construtivos, formas e materiais das edificações pomeranas no município de Santa Maria de Jetibá, com o intuito de entendermos as técnicas e princípios culturais na arquitetura.
imigrantes pomeranos construíam choupanas
3.1
A RQUITETURA POMERANA NA COLONIZAÇÃO
Para compreender a arquitetura pome-
rana e sua história foi utilizado como refe-
autor, ao chegarem a seus lotes indicados os
provisórias cobertas com folhas de palmeira.
As paredes laterais geralmente eram fechadas com troncos de palmito, por serem de fácil
manuseio, pois o trabalho era braçal feito com machado. O piso da choupana era de terra batida, características de uma instalação provisória, pois logo que possível construiriam suas casas definitivas.
Segundo Bianca Aparecida Corona, auto-
ra do livro “Pomerish Huss - A Casa Pomerana
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no Espirito Santo” (2012), os imigrantes re-
pode ter colaborado para a semelhança entre
tos morfológicos e construtivos de sua terra
dessa experiência no ramo da construção civil
produziam na colônia edificações com aspecnatal. Na Pomerânia o povo viveu debaixo
do sistema feudal e, segundo a autora, o estilo feudal arquitetônico foi adaptado no Brasil (CORONA, 2012, p.47). Rölker (2016),
cita que as moradias sofreram mudanças e adequações, mas o modelo na Pomerânia teve elementos significativos reproduzidos
na planta baixa, implantação e no entorno. Com essa adaptação ao clima, topografia,
as construções. Além disso, destaca-se o fato
ter sido passada de geração a geração, per-
petuando, assim, o método e a técnica cons-
trutiva praticada entre eles. Além das casas, eram construídas na época todo tipo de ins-
talações comerciais, cercas de divisas, curais, paióis, estradas e pontes, tudo em mutirão (RÖLKER, 2016), (Figura 18).
Figura 18 – Instalação comercial no pavimento térreo
condições naturais de vivência e aos recursos disponíveis à sua cultura e tradições, surgiu um estilo único de arquitetura entre
os pomeranos da região de Santa Maria de
Jetibá que foi difundida e reproduzida entre eles. Como as casas foram erguidas com a ajuda dos vizinhos e parentes, esse estilo de
vida cultivada entre eles proporcionou também a reprodução de um estilo arquitetô-
nico que deixava claro, que ali residia uma família pomerana.
Todo o processo de extração, transporte,
corte e preparo das peças em madeiras feitas
em encaixe era realizado no local da construção, sob a supervisão de um carpinteiro ou de alguém com alguma experiência neste
ramo e que normalmente era a mesma pessoa que gerenciava todas as casas que eram construídas na região. Este é, outro fato que
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Fonte: Pommerland, 2012.
A primeira casa construída na região, que hoje é o bairro de São Sebastião de Belém, em Santa Maria de Jetibá, ficou conhecida como “Casa de Recepção” e pertencia ao Sr. Fritz Klemps. Já no centro da cidade, a primeira casa construída foi pelo Sr. Frederico Grulke, onde instalou sua residência no 2º pavimento e um comércio no térreo. Ambas as casas foram construídas com a técnica de
pau a pique do tipo sopapo1 (Figura 19). Segundo Rölke (2016), o colono e sua família abriam uma clareira em meio a densa mata do seu lote de terra, em seguida escolhiam no terreno o local ideal para a construção da casa, com um leve declive, pois as casas eram normalmente em áreas mais planas 1 pau a pique do tipo sopapo - consiste no entrelaçamento de madeiras verticais fixadas no solo, com vigas horizontais, amarradas entre si por cipós, dando origem a um grande painel perfurado que, após ter os vãos preenchidos com barro, transformava-se em parede.
ou construídas meio metro ou mais acima do solo. Esse método foi adotado com o intuito de atender a três finalidades: armazenamento, proteção e higiene. Ou seja, era usado para armazenamento de madeira ou algum outro tipo de material importante que pudesse ficar protegido do sol e da chuva; suspensão da casa dificultava o acesso de animais selvagens ou peçonhentos; a elevação do piso evitava umidade, proporcionava ventilação pelas frestas das tábuas e o escoamento rápido da água quando lavado.
Figura 19 – Casa da família Grulke em fase de construção na região
Fonte: Pommerland, 2012.
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3.2
MÉTODO CONSTRUTIVO E
O SISTEMA CONSTRUTIVO
O sistema construtivo das casas pomeranas era o enxaimel feito todo em madeira de encaixe, e o fechamento das paredes com a técnica de pau-a-pique do tipo sopapo que recebia uma espécie de reboco e cal ou tijolo de barro cru aparente (CORONA, 2012, p.59). A madeira foi a matéria prima utilizada, e as espécies ideais e comum em Santa Maria de Jetibá eram as Graúna, Jacarandá e Ipê, pois eram imunes a vermes, brocas e insetos, e que eram resistentes à umidade. Ideais para servir de fundação, os chamados de mourões, enterradas com a própria casca o que as deixava ainda mais resistentes. Apenas as partes que ficavam acima do solo eram trabalhadas. Já as esquadrias, varandas, tábuas para o assoalho e tabeiras do telhado, era utilizado o Cedro. O fechamento das paredes das casas era feito após o encaixe das janelas e as portas em forma de enxaimel. Em seguida era utilizado a técnica do pau a pique: um engradado de galhos finos ou ripas de palmeira, que eram amarrados com cipós ou juçaras (CORONA, 2012, p. 59).
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A técnica, quando bem-feita, tornava-se muito resiste, como é possível observar na Figura 20 uma casa pomerana existente nos dias atuais em Santa Maria de Jetibá de 115 anos. O tijolo cru também foi usado para fechamento das paredes e normalmente ficavam aparente e era usado em construção de escadas, fogão a lenha e fornos. A produção de tijolos necessitava de um tempo maior e grandes quantidade, dependendo do tamanho da casa e eram assentados apenas com barro e na maioria das vezes ficavam aparente (RÖLKE, 2016). O reboco era feito com barro e alisado com réguas de madeira. Após a secagem do reboco, as paredes eram revestidas com cal virgem. Só então instalava-se todas esquadrias e varandas pintadas de azul celeste, como pode-se observar na Figura 21. A casa pomerana tradicional possui as paredes brancas, janelas, portas e varandas na cor azul. Algumas raras exceções, as esquadrias eram pintadas de marrom ou verde. As cores da casa pomerana são inspiradas na bandera pomerana. No Espírito Santo, os pomeranos identificam-se com essas cores e transferem-nas para a arquitetura tradicional (PMSMJ, 2015).
Figura 20 – Técnica de pau de pique no fechamento das paredes
Figura 21 - Fachada da casa com paredes brancas e esquadrias azuis
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
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Abaixo, o quadro 1 resume o passo a passo do método construtivo: Quadro 1 - Passo a passo do método construtivo da casa pomerana
MÉTODO CONSTRUTIVO DAS CASAS POMERANAS
01
Derrubada da mata e escolha do local;
02
Extração e preparo das peças de madeira;
03
Enterramento dos mourões seguindo projeto do marceneiro (fundação da casa);
04
Os mourões enterrados ficavam com parte de suas peças cerca de um metro acima do solo e eram trabalhados para receber a estrutura da casa;
05
As vigas eram colocadas sobre os mourões;
06
Estruturava-se as colunas sobre as vigas e as tramas de pau a pique;
07
Iniciava-se o encaixe das peças em enxaimel, para receber as janelas, portas e outras aberturas;
08
As vigas da cobertura eram assentados sobre as colunas;
09
Construía-se a estrutura da cobertura normalmente em duas águas em estilo enxaimel;
10
A cobertura era de tabuinhas de madeira que eram presas na estrutura da cobertura;
11
Assentava-se o piso e o forro de madeira;
12
Iniciava-se o fechamento das paredes em pau a pique ou tijolo cru;
13
Alisava-se o reboco e fazia-se o revestimento com cal virgem;
14
Instalação do lambrequim no beiral da cobertura e guarda-corpo na varanda;
15
Pintura das esquadrias e varandas da cor azul celeste;
16
Cerca de lascas de madeira com altura entre um metro eram postas ao redor da casa. Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
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3.2.1 INTERIORES E ENTORNO O tamanho e forma das casas pomeranas variavam de acordo com o tamanho da família ou famílias que ali habitavam. Eram normalmente compostas pela área privativa dos quartos e sala grande, considerada o espaço mais importante da casa pomerana segundo Ismael Tressmann em sua tese de doutorado “Da sala de estar à sala de baile: estudo etnolinguístico de comunidades camponesas pomeranas do estado do Espírito Santo”, 2005, e uma área comum e serviços, ou seja cozinha, despensa e anexos. Todas possuíam pelo menos uma varanda frontal. Na área comum e de serviços ficava a cozinha, considerada na cultura pomerana, o principal cômodo da casa, e uma despensa para depósito de alimentos e utensílios de cozinha, segundo Rölke (2016). Normalmente, a cozinha ficava ou separada do restante da casa ou o mais distante possível por questões de segurança, para evitar acidentes com incêndio, pois na cozinha era construído o fogão a lenha com tijolos de barro cru e possuía uma chaminé que saía ou pela parede externa ou pelo teto. E, normalmente, era mantido com brasas acesas constantemente, não só para facilitar o preparo de alimentos, mas também como forma de aquecer a casa (Figura 22). Figura 22 – Fogão a lenha feito de tijolos de barro cru
Fonte: Rölke, 2016.
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Outros alimentos eram preparados e assados no forno a lenha que era construído com tijolos de barro cru e que ficava em um anexo coberto, normalmente próximo a casa principal (Figura 23). Figura 23 - Forno a lenha feito de tijolos de barro cru
Fonte: Rölke, 2016.
Dentro da casa não havia banheiro. Segundo Rölke (2016), por uma questão cultural trazida da Europa, os colonos não se banhavam todo os dias. O banho completo apenas acontecia aos sábados. E as necessidades fisiológicas eram realizadas em uma espécie de “privada orgânica”, um poço fundo coberto com uma casinha de madeira com um orifício no piso que geralmente ficava afastada da casa, chamado de “quartin”. A mobília de uma casa típica pomerana era simples (Figura 24), havia na sala uma mesa, algumas cadeiras ou bancos de madeira, uma máquina de costura e os baús (utilizados para transportar as bagagens dos imigrantes) onde eram guardadas roupas, documentos e dinheiro. As famílias mais ricas possuíam cristaleiras - um armário com portas de vidro - no qual se guardavam algumas louças em porcelana entre outros objetos que
gostavam de expor. Na sala ou na cozinha havia um grande relógio de parede que simbolizada prosperidade (RÖLKE, 2016). Nos quartos ficavam apenas uma cama e o baú. Já nas paredes eram utilizados como enfeites fotografias dos donos da casa, da família e lembranças relacionadas a religião. Figura 24 - A mobília de uma casa típica pomerana
Fonte: Site Qual Viagem.com, 2017.
Ao redor das casas encontrava-se grandes terreiros cercados por um enfileirado de tocos de madeira fina cuja finalidade era de limitar o acesso direto a casa e proteção dos animais (Figura 25). Na parte interna do quintal eram cultivadas flores e aos fundos eram construídas várias edificações secundárias de apoio no dia a dia do trabalho na lavoura (RÖLKE, 2016). Figura 25 - Entorno da casa típica pomerana
Fonte: Site Pictame.com, @heimatland, 2017.
3.3
ESTUDO TÉCNICO DA CASA BERGER
Foram realizadas visitas técnicas a casas pomeranas ainda existentes em Santa Maria de Jetibá para análise de suas características técnicas, sistemas construtivos e como os descendentes utilizam a construção na atualidade. Verificou-se que no interior do município existem muitas casas abandonadas ou transformadas em paióis. Outras, foram vendidas e demolidas para aproveitamento da matéria prima, principalmente da madeira, utilizada na confecção de móveis de madeira de demolição. Porém, constatou-se que algumas famílias ainda preservam suas casas, herança dos seus antepassados, conservando a originalidade da arquitetura e de seus elementos externos e internos, como esquadrias, utensílios e mobília. Algumas delas tem mais de 100 anos e ainda são habitadas pelas gerações atuais – demonstrando o respeito destas famílias por sua história. A casa, objeto de estudo mais específico, é denominada como Casa Berger por ter sido construída e habitada pela família do imigrante pomerano Lourenço Berger. Possui cerca de 115 anos e está localizada numa fazenda no Córrego do Ouro (Figura 26). Tendo sido passada de geração a geração, hoje, ela em ótimo estado de conservação é habitada pela família do neto do Sr. Lourenço Berger (Figura 27).
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Figura 26 – Localização da Casa Berger
Fonte: Google Earth, modificado pela autora 2018. Figura 27 – Casa Pomerana de Lourenço
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
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3.3.1 O PROJETO
Figura 28 - Planta baixa da casa pomerana de Lourenço Berger
A Casa Berger possui todas as características construtivas de uma arquitetura típica pomerana. Composta por duas construções distintas elevadas a 145cm do terreno e ligadas entre si por uma passarela. Ambas possuem formato retangular e de tamanho adequado para comportar a família. Chegou a ter nove cômodos distintos e duas amplas varandas. Segundo a figura 28, em relação a sua divisão, as duas construções têm função distintas. Basicamente, estão separadas em dois setores: setor íntimo e setor comum/ serviços. O setor íntimo, fica na parte frontal da casa. É acessado por uma escada frontal e uma escada lateral que levam à varanda. No meio, fica uma grande sala principal e ao lado da sala, ficavam os quartos, dois de cada lado da sala. Hoje, após sofrer uma demolição parcial, ela tem apenas dois quartos localizados do lado esquerdo da sala. Os dois cômodos internos estão divididos entre si por um painel de madeira e são pequenos, porém o espaço é suficiente para receber uma cama e um baú ou guarda-roupas. Os cômodos estão forrados com tábuas de madeira pintadas de azul, assim como todas as esquadrias do setor íntimo da casa pomerana (Figura 29). Ver detalhes no anexo 1. O piso é de madeira e as paredes internas e externas pintadas de branco. No setor comum, ficam localizadas a cozinha, despensa, uma sala pequena de estar e a sala de jantar, e ainda uma área de serviço atrás. A casa pos-
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
Figura 29 – Varanda principal da casa e suas esquadrias
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
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sui três acessos, sendo um pelos fundos, outro pela lateral esquerda e um acesso frontal. A cozinha possui um fogão a lenha, cuja a chaminé tem sua saída pela parede lateral da casa (Figura 30). Como as demais casas pomeranas, ela não tem banheiro interno, foi construído próximo a casa. Figura 30 - Vista lateral da casa Berger e o corredor coberto que liga o setor íntimo ao social
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
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3.4
CONSIDERAÇÕES Em Santa Maria de Jetibá, assim como em outros municípios do estado do Espirito Santo, a arquitetura pomerana ainda subsisti nos dias atuais, principalmente no interior. Não são mais construídas casas com esses métodos e técnicas construtivas, porém, muitas que foram construídas ainda existem - abandonadas ou preservadas - e necessitam de atenção especial para que não desapareçam, pois depois de visitas a região, estudo e análise, percebe-se que as características descritas no item 3.3.1 são comuns na maior parte delas. Com isso, entende-se que os descendentes dos imigrantes pomeranos mantiveram, cultivaram e reproduziram, não só a língua, religião, dança, música, culinária, costumes, entre outras tradições, mas também o estilo arquitetônico adaptado na colônia, sendo esta uma maneira de preservar a memória e atmosfera cultural de seu povo, de manter vivo o respeito aos antepassados e a própria identidade.
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CapĂtulo 4 Estudo de caso
4
ESTUDO DE CASO
O estudo de caso consiste em utilizar de métodos de abordagem de investigação para recolher informações pertinentes a um tema específico para aprofundamento. É uma maneira de analisar informações, casos de aplicação de metodologia e de técnicas projetuais. Serão analisados projetos distintos de arquitetura, sendo eles a Japan House, o Centro Cultural Jean Mari Tjbaou e o Centro de Visitantes Stonehenge, que foram selecionados por possuírem relação com o conceito de arqui-
tetura simbólica, ou seja, suas características, forma e funções são expressões de determinado comportamento ou atividade cultural. Segundo Plus (2006), os princípios de analogia formal, natural ou subjetiva a algo, não exprime suas ideias apenas por meio da forma, mas por dimensão, por um todo. Uma obra de arte por exemplo, consiste em ser numa matéria na qual um artista expressa uma ideia sobre algo, para um contemplador. Já na arquitetura simbólica, o que ela define seria a manifestação de seu significado universal, um conteúdo que supera o autor e o contemplador, pois o que ela expressa é o conjunto para a coletividade.
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4.1
CASO DA JAPAN HOUSE, SÃO PAULO O Japan House foi construído para ser uma vitrine da cultura japonesa e um centro construído de difusão da cultura oriental (RODRIGUES, 2017). Com a sua inauguração em 2 de maio de 2017, São Paulo ganhou uma casa de cultura para receber mostras de arte, música, moda, design, arquitetura, gastronomia, que tem como foco central expor o Japão contemporâneo para o Brasil. Também foi considerado pelo Cônsul Geral do Japão, Takahiro Nakamae, uma plataforma para negócios e um polo de atenções de investidores no âmbito de mercado e um espaço para intercâmbio de investimento entre os dois países (MALUF, 2017).
4.1.1 LOCALIZAÇÃO DA EDIFICAÇÃO A Japan House está localizada no nº 52 da Avenida Paulista, em São Paulo, próximo a Praça Osvaldo Cruz e a Avenida Vinte e Três de Maio. É o primeiro de uma iniciativa global do governo japonês, em trazer um novo olhar sobre o Japão contemporâneo para o mundo.
4.1.2 O PROJETO / EDIFÍCIO O projeto foi concebido pelo arquiteto japonês Kengo Kuma, em parceria com o escritório paulista FGMF Arquitetos (Figura 31).
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Figura 31 - Projeto 3D da Japan House, São Paulo
Figura 32 - Guia de pavimentos internos da Japan House
Fonte: Site Mega Brasil, 2017.
Fonte: Foto divulgação Kengo Kuma and Associates, 2016.
A Japan House tem mais de 2.500m² de área útil e foi abrigada por um edifício existente, que passou por uma reforma com séries de intervenções, incluindo os reforços estruturais para permitir a instalação de elevadores, escadas e grandes vãos (MARQUEZ, 2017). O edifício foi convertido completamente por traços arquitetônicos compostos por características nipônicas e brasileiras. Possui três pavimentos que podem ser acessados por escada ou elevador. O acesso a edificação é feito por uma praça externa descoberta, onde o visitante é direcionado ao hall da entrada com cafeteria. A recepção leva a um grande salão multiuso sem divisórias fixas feito para receber exposições e seminários (Figura 32).
Possui duas grandes portas flexíveis que permitem a abertura total do salão multiuso com o espaço externo descoberto na entrada. As divisórias dos ambientes são feitas através de telas translúcidas e chapas metálicas perfuradas, trazendo simplicidade e sofisticação aos mesmos (Figura 33). Figura 33 - Salão multiuso com paredes flexíveis frontais ao pátio
Fonte: ARCO Projeto DESIGN, 2017.
O térreo possui uma loja com exposição de artesanatos japoneses tradicionais (Figura 34). Também possui um amplo espaço multimídia com 2.000 livros e tablets, sala de segurança, jardim e depósito.
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Figura 34 – Planta baixa térreo
O segundo pavimento também possui um grande salão multiuso (Figura 36), um restaurante para atender o público, um deque com vista para a Av. Paulista, depósitos, banheiros e o setor administrativo do Japan House (MARQUEZ, 2017). Figura 36 - 2º Pavimento
Fonte: ARCO Projeto DESIGN, 2017.
Acessa-se o primeiro pavimento por elevadores ou por escada, e o espaço possui um saguão com lojas e um grande salão multiuso que pode ser dividido em salas menores para seminários. A opção de espaços amplos e divisórias flexíveis para criar ambientes ou ampliá-los quando necessário é uma solução de versatilidade eficiente (Figura 35). Figura 35 – 1º Pavimento
Fonte: ARCO Projeto DESIGN, 2017.
4.1.3 FORMA E MATERIAIS
Fonte: ARCO Projeto DESIGN, 2017.
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Sua forma retangular e pequena atende adequadamente ao programa de necessidade. Na fachada foram utilizados os elementos madeira e cobogó de concreto. Criou-se uma cortina com finas ripas de madeira hinoki, trazido diretamente do Japão e instalados no local por artesãos japoneses e a cortina de lâminas de madeira na fachada funciona como elemento estética e funcional (Figura 37). Ele é um grande brise que proporciona a privacidade e o conforto energético dos ambientes
internos, ventilando e iluminando naturalmente (BARATTO, 2016). Figura 37 – Cobogós e laminas de madeira na fachada da Japan House
Fonte: ARCO Projeto DESIGN, 2017.
O cobogó, que é um elemento comum na arquitetura moderna brasileira, foi usado como elemento estético de composição harmoniosa, um misto da tradição arquitetônica japonesa e brasileira. Internamente, as estruturas das instalações foram deixadas expostas e houve o uso da madeira ora no piso, ora nas paredes e teto. Painéis de papel-arroz, telas translúcidas e chapas metálicas perfuradas foram usadas nas divisórias dos ambientes (Figura 38). As cores claras nas paredes internas passam a sensação de amplitude, simplicidade, sofisticação e serenidade (MALUF, 2017). Figura 38 – Painéis de papel-arroz nas formas e matérias
Fonte: ARCO Projeto DESIGN, 2017.
4.1.4 MEMÓRIA E ATMOSFERA DA CULTURA DO JAPÃO Em homenagem a grande população de imigrantes japoneses que residem em São Paulo, buscou-se em cada detalhe, forma e material usado, transmitir a calmaria, sabedoria, serenidade e minuciosidade do povo japonês (Figura 39). Os materiais que compõe os ambientes se confundem entre estrutura e arte. O projeto tem exatamente essa proposta: misturar obra e arte de dois povos, culturas tão distintas e tão unidas ao mesmo tempo (REVISTA GIZ, 2017). Figura 39 – Memória e atmosfera da cultura japonesa
Fonte: © FLAGRANTE, 2017.
O intuito é de uma interessante proposta, em levar os visitantes a vivenciar essa conexão através das formas, matérias e das diversas exposições permanentes e temporárias de artesanatos e objetos que remetem as raízes japonesas. O aroma da madeira e o jogo de luz fazem um contraponto de serenidade à agitação urbana. Jardins de bambus,
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Figura 40 – Jadins de bambus
uma planta comum no Japão e no Brasil, demonstram esse entrelaçamento de culturas (Figura 40). (BARATTO, 2016) A Japan House, não apenas é um novo centro cultural na Avenida Paulista (Figura 41), mas um espaço de encontro e convivência capaz de atrair tanto o passante casual quanto o visitante assíduo, interessado em acompanhar sua programação de mostras e atividades (BARATTO, 2016).
Fonte: ARCO Projeto DESIGN, 2017.
Figura 41 - Fachada da Japan House, São Paulo
Fonte: Site Mega Brasil, 2017.
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4.2
CASO DO CENTRO CULTURAL JEAN MARIE TJIBAOU, NOUMÉA O Centro Cultural Jean Marie Tjibaou foi construído em 1998 trazendo conceito de sustentabilidade e memória cultural. Recebeu esse nome em homenagem ao grande líder Kanak Jean-Marie Tjibaou, que morreu lutando e defendendo a independência do povo Kanak da colonização francesa. Tjibaou tinha a preocupação que sua comunidade valorizasse e preservasse as raízes e tradições indígenas, mesmo sendo aberto a culturas de outros países (ADCK, 2017). Renzo Piano, autor do projeto, o desenvolveu com consulta à população local. Buscou refletir no projeto a identidade, a memória e as tradições dos Kanaks que são antigas, mas ainda muito presentes na região. Buscou também reproduzir em suas formas e materiais, uma imagem de habitação kanak (RPBW Architects, 2017).
4.2.1 LOCALIZAÇÃO O Centro Cultural Jean Marie Tjibaou está localizado em Nouméa, Nova Caledônia, uma ilha no pacífico sul a leste da Austrália. O complexo foi construído ao longo da costa, dentro de uma reserva natural, cheia de lagos e manguezais e cercado de muita beleza natural. O Centro Cultural está localizado a cerca de 10 quilômetros do centro da cidade, não existindo residências ou outro tipo de atividade próximas às instalações (Figura 42). A cidade tem um
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clima semi-tropical, com temperaturas que variam entre 18ºC no inverno e 34ºC no verão, o que influenciou diretamente nas decisões projetuais do arquiteto (ADCK, 2017). Figura 42 – Centro Cultural Jean Marie Tjibaou, Noumea
trou essa sensibilidade em sua criação, reproduziu esse efeito orgânico e incompletude que os complexos transmitem propositalmente, dando a sensação de obra inacabada ou em andamento (ADCK, 2017). Vemos isso claramente no topo das construções (Figura 43). Figura 43 - Cabanas típicas da ilha Nouméa e o Centro Cultural ao fundo
Fonte: Site RPBW ARCHITECTS, 2016.
4.2.2 O PROJETO / EDIFÍCIO O Centro Cultural é composto por 10 unidades de diferentes tamanhos e funções, variando entre 20 a 28 metros de altura, todas ligadas por uma trilha. A estrutura marca presença ao longo da costa do Pacífico, com 250 metros de comprimento e ocupando o total de 8.550m² de área construída. As cabanas originais do povo Kanak, utilizadas nas construções das aldeias das tribos têm forma circular, e foram levadas em consideração nesse projeto. Renzo Piano também buscou dispor as unidades construídas, agrupando-as lado a lado ao longo da costa como são feitas nas aldeias. As cabanas originais nas aldeias não são permanentes e sempre necessitam de reconstrução ou reforma em decorrência do clima subtropical da região. Percebendo isso, o arquiteto demos-
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Fonte: Site Divisare.com, 2016.
4.2.3 PROGRAMA DE NECESSIDADE O Centro Cultural Jean Maria Tjibaou tem o seu programa de necessidade distribuído em três vilas ou aldeias, com funções distintas, divididos em exposição, espaços pedagógicos e administração. A Vila 1 é o setor cultural do complexo, onde se encontram exposições permanentes e temporárias, cafeteria, auditório e anfiteatro. Esse setor é o maior e ocupada por quatro conchas. A Vila 2 é o setor que possui seus espaços divididos entre administrativo, pesquisas, biblioteca e sala de conferência. A Vila 3 é o setor que concentra outros espaços de estudos, cabines de atividades de música, dança, pintura e esculturas (Figura 44) (LANGDON, 2016).
Figura 44 – Planta Baixa do Centro Cultural setorizado
VILA 1
VILA 2
VILA 3
Fonte: Site ArchDaily, 2016.
4.2.4 FORMA E MATERIAIS A forma e materiais do complexo possuem inspiração ancestral da cultura Kanak, porém, com tecnologia moderna. Foi especificada madeira resistente à cupim, laminada e colada chamada Iyoko (madeira local). Ela é um dos materiais usados na envoltória dos complexos, estruturadas por tubos de aço inoxidável. Com a forma curva e efeito nervurado, a madeira possibilitou a estrutura em concha, que lembra as cabanas Kanak tradicionais (Figura 45). A estrutura foi feita para resistir furacões e terremotos e já chegou a passar imune pelo ciclone Erika em 2009 (BUBBLE MANIA, 2017). Feitas de nervuras e ripas de madeira, a estrutura permite um sistema de ventilação passiva muito eficaz, eliminando a necessidade do uso de ar condicionado (ROSA, 2013).
Figura 45 – Forma curva trabalhada com madeira e estrutura metálica
Fonte: bubblemania.fr, 2017.
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Os brises ajustáveis, foram projetados com ângulos de abertura que permitem a entrada dos ventos provenientes do mar. O fluxo de ar é regulado por claraboias que abrem quando os ventos são baixos e fecham quando são fortes (Figura 46). A cobertura de cada concha possui telhado duplo, com placas de vidro fixadas pela estrutura de aço inoxidável na parte superior e madeira laminada na inferior. O que permite ao ar circular livremente entre as camadas de madeira, proporcionando um método de arrefecimento passivo devido a repartição. A água que circunda a região onde está implantada o complexo também colabora para a resfriamento do ar quente e úmido do local (LANGDON, 2016).
eficaz, também permitiu que uma sociedade indígena com fortes tradições culturais fosse elevada ao mundo e o mundo a eles sem perda de sua memória e cultura, pois o centro equilibra artefato e natureza, tradição e tecnologia, memória e modernidade (Figura 47) (MANEVAL, 2017). Figura 47 – Salão de exposição e biblioteca do Centro Cultural
Figura 46 – Corte esquemático de ventilação natural
Fonte: bubblemania.fr, 2017.
4.2.5 MEMÓRIA E ATMOSFERA DA CULTURA DO POVO K ANAK Considerada uma arquitetura simbólica, o Centro Cultural Jean Marie Tjibaou é um ícone no mundo da arquitetura contemporânea. O arquiteto além de conseguir realizar um complexo arquitetônico funcional e
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Fonte: BLOG ALGARGO ARTE, 2014.
Vemos essa memória representada no nome do centro que homenageia um grande líder kanak que tinha em seus projetos a construção de um centro cultural para seu povo, para que pudessem reunir a herança linguística e artística dos mesmos e cultivar e
preservar viva a memória dos kanaks (Figura 48). Todas as atividades realizadas dentro do complexo têm o intuito de preservação, de estudo, de cultivo e divulgação da cultura kanak. O Centro, de fato, conseguiu reunir tudo isso em proporções diversificadas. Tomou-se o cuidado de não reproduzir fielmente as cabanas Kanak, mas tendo-as como partido, buscou-se uma própria identidade, e é isso que significa uma arquitetura simbólica (Figura 49) (MANEVAL, 2017).
Figura 48 – Salão de exposição e museu do Centro Cultural
Fonte: Site Divisare.com, 2016.
Figura 49 – Vista aérea do Centro Cultural
Fonte: Site Divisare.com, 2016.
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65
4.3
CASO DO CENTRO DE VISITANTES STONEHENGE , INGLATERRA Stonehenge é famosa no mundo todo por se tratar de um monumento pré-histórico de 5.000 anos envolto em muito mistério, despertando curiosidade e fascínio. É composta por uma formação de círculos concêntricos de pedras que chegam a cinco metros de altura e pesam quase cinquenta toneladas (Figura 50). Acredita-se que Stonehenge era usada para estudos astronômicos, mágicos e religiosos, além de servir de cemitério crematório por muitos anos (SBEGHEN, 2014). Figura 50 - Stonehenge, Patrimônio da Humanidade em Amesbury, Inglaterra
Fonte: English Heritage, 2017.
O Centro de Visitantes Stonehenge foi projetado pela empresa internacional de arquitetura Denton Corter Marschall, estabelecida em Melbourne, vencedora do concurso que objetivava a substituição das instalações impopulares existentes no local (SBEGHEN, 2014). O Centro de Visitante Stonehenge foi construído para receber os mais de um milhão
66
centro de informação da cultura e arte pomerana
de visitantes que vem a cada ano conhecer o monumento, que é Patrimônio da Humanidade (Figura 51).
Figura 52–Vista de Stonehenge antes e depois da construção do Centro de visitantes
Figura 51 - O Centro de Visitantes Stonehenge, Inglaterra
Fonte: Site Design Boom, 2013.
4.3.1 A LOCALIZAÇÃO O Centro de Visitante Stonehenge fica no extremo oeste do monumento, localizado em um terreno acidentado nas planícies de Amesbury, afastado a 2,1 quilômetros do círculo de pedras. A razão desse posicionamento distante e fora da vista daqueles que visitam o monumento foi para que o edifício não ofuscasse o patrimônio e, também, pudesse proporcionar um percurso de contemplação, que poderia ser feito a pé ou de ônibus (SBEGHEN, 2014).
4.3.2 O PROJETO / EDIFÍCIO O projeto surge da necessidade de substituir um pequeno centro de visitantes próximo ao Stonehenge, que não contribuía com a visita ao monumento. Não havia informações sobre o local, nem qualquer explicação sobre o que torna o monumento um local tão especial (Figura 52) (SBEGHEN, 2014).
Fonte: Site Archdaily, 2014.
O Centro de Visitantes Stonehenge foi inaugurado em 18 de dezembro de 2013, sendo planejado para causar o menor impacto ambiental e interferência humana na região, pois o local é tombado como Patrimônio Histórico Mundial. A obra possui 2.800m² de área coberta A estrutura foi projetada para ser simples, porém com uma linguagem contemporânea, a fim de não ofuscar a grandiosidade de Stonehenge. Mesmo assim, uma estrutura reversível foi pensada, o que permite que seja desmontada, deixando o mínimo de vestígios possível nesse caso (Figura 53) (MACARTHUR,2014).
centro de informação da cultura e arte pomerana
67
Figura 53 - Vista de Centro de Visitantes Stonehenge
Fonte: Site Design Boom, 2013.
O edifício tem elementos sustentáveis: a cobertura é reciclável, possuindo coleta de água da chuva, que é reutilizada nos sanitários. A água para o consumo é extraída dos aquedutos subterrâneos; e as águas residuais são tratadas nas instalações de tratamento local (SBEGHEN, 2014). O baixo consumo de energia para refrigeração foi alcançado graças ao posicionamento da cobertura acima dos pavilhões, o que proporcionou ventilação natural para refrescar os ambientes quando necessário (Figura 54). Já para o aquecimento do local, foram usadas soluções técnicas de bombas geotérmicas de calor abaixo da edificação, e o isolamento de alta eficiência contra o frio. Também foram utilizados materiais locais, recicláveis e renováveis, quando possível, como madeira cultivada na região e corte de calcário de pedreiras das proximidades (DESIGN BOOM, 2013). Figura 54 – Cobertura ondulada e suspensa
Fonte: Site Design Boom, 2013.
68
centro de informação da cultura e arte pomerana
O edifício consiste na composição de três volumes retangulares, construídos sobre um grande bloco de calcário para que pudesse ser sólido e sem fundações muito profundas (Figura 55). Tudo está protegido por uma cobertura ondulada de membrana única, revestida em painel de zinco na parte inferior, com perfurações nos beirais, sendo moldada para refletir as formas do relevo topográfico da região. Essa cobertura repousa sobre 211 estruturas esbeltas de aço, posicionadas com intervalos irregulares e ligeiramente inclinadas em diferentes direções. O ponto mais alto do edifício tem oito metros de altura e é totalmente autossustentável (DESIGN WEEK, 2013). Figura 55 – 3D do espaço interno do Centro de Visitantes Stonehenge
Fonte: Site Design Week, 2013.
4.3.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES, FORMA E MATERIALIDADE
O Centro de Visitante Stonehenge tem seu programa de necessidades divididos entre dois grandes pavilhões e um bloco pequeno (Figura 56). O acesso principal é feito pela parte central do edifício através de uma rampa que leva ao rol central. Ali, cada pavilhão foi cons-
truído e revestido com um tipo diferente de material. O pavilhão que abriga as exposições permanentes do museu, possui outros espaços para exposições temporárias e sanitários. Ele é o maior, e está revestido com madeira local de castanha doce (Figura 57). Figura 56 – Acesso ao Centro de Visitante Stonehenge
Fonte: Site Design Boom, 2013. Figura 57 – Revestimento em madeira
No pavilhão onde estão as instalações de recursos educacionais, cafeteria e as lojas de varejo, foi construído em estrutura metálica e vidro (Figura 58). E o terceiro bloco, central e menor, é revestido com zinco e serve de bilheteria e informações ao visitante (SBEGHEN, 2014). O Centro de Visitante também possui uma galeria ao ar livre, com uma pedra semelhante as do monumento Stonehenge e uma réplica da vila de casas neolíticas, como pode-se observar na Figura 59. Elas foram construídas baseadas nas evidências encontradas na região, para expor ao visitante como eram as construções daqueles que moraram ali (MARSHALL, 2013). Figura 59 – Área de exposição externa e estacionamento
Fonte: Site Design Boom, 2013. Figura 58 – Pavilhão educacional
Fonte: English Heritage, 2017.
O pátio externo também possui uma área de estacionamento e o percurso que leva ao Stonehenge numa caminhada de 10 minutos. As cores naturais utilizadas foram escolhidas para causar a menor interferência na paisagem natural (MARSHALL, 2013).
4.3.4 MEMÓRIA E ATMOSFERA CULTURAL DE STONEHENGE Fonte: Site Design Boom, 2013.
O Centro de Visitante Stonehenge está envolto na atmosfera cultural do local. A for-
centro de informação da cultura e arte pomerana
69
ma ondulada da cobertura faz referência as colinas onduladas da região. A irregularidade do posicionamento das muitas estruturas metálicas verticais refere-se aos troncos das árvores da floresta local. As instalações dedicadas a Stonehenge são para a educação e interpretação do monumento e têm por objetivo trazer essa atmosfera cultural aos seus visitantes. Como verifica-se na Figura 60, o Centro possui um museu que abriga uma exposição permanente com mais de 250 objetos pré-históricos, incluindo alguns usados na construção do monumento e outros ligados a vida cotidiana dos povos que a construíram (SBEGHEN, 2014). Figura 60 – Espaços de exposições permanentes e temporárias
Figura 61 – Recursos modernos de áudio e vídeo
Fonte: Site Design Week, 2013.
Tudo isso prepara o visitante para, em seguida, conduzi-lo ao monumento e possibilitar que esse encontro e vivência sejam ainda mais emocionantes e inesquecíveis (SBEGHEN, 2014).
4.4
CONSIDERAÇÕES FINAIS DOS ESTUDOS DE CASO
Fonte: Site Design Boom, 2013.
Além de ser um ponto de apoio as pessoas que vão ao local, traz exposições de objetos, documentos, fotos, por vezes com o auxílio de recursos modernos de áudio e vídeo, contando a história do local e sua importância, passando para o visitante informações esclarecedoras que ensinam sobre o monumento, o povo que o construiu e as dificuldades enfrentadas para sua construção (Figura 61) (SBEGHEN, 2014).
70
centro de informação da cultura e arte pomerana
O foco nesses estudos foi identificar o simbolismo de cada arquitetura proposta, o efeito que a arquitetura causou e seu impacto através de suas características, formas e funções. Constatou-se através dos estudos de caso que, de uma forma distinta, cada uma delas representou determinado comportamento ou atividade. Através de estudo, análise e pesquisa específicos ao tema verificou-se que é possível construir arquitetura simbólica sem ser folclórica ou pastiche. A partir dos estudos de caso, é importante considerar no projeto os itens constantes no Quadro 2.
Quadro 2 – Síntese do estudo de caso
ESTUDO DE CASO
• Integração com o paisagismo;
• Mínimo de interferência no relevo;
• Afastamento de áreas construída;
• Apoio ao visitante;
• Espaços de museu e biblioteca;
• Lojas e cafeterias;
• Conexão dos fluxos;
• Tecnologia de informação.
CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS
Centro de Visitantes Stonehenge
• Espaço construído a partir de uma obra existente;
CARACTERÍSTICAS FORMAIS
Centro Cultural Jean Tjibaou
• Forma pura e retangular;
• Forma simbólica;
• Forma retangular horizontal;
• Formas geométricas;
• Volumes circulares;
• Formato retilíneo;
• Identidade cultural.
• Horizontalidade e verticalidade;
• Horizontalidade;
• Alinhamento paralelo.
• Ampla área de circulação e permanência.
CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS
Japan House
• Estrutura aparente;
• Madeira e aço na estrutura;
• Construção elevada do terreno;
• Madeira;
• Madeira como revestimento;
• Brises;
• Brise.
• Texturas diferentes como revestimento;
• Integração com o exterior; • Espaços amplos e multiusos; • Espacialidade.
• Adaptação ao terreno.
• Vidro;
• Piso de madeira;
• Estrutura desmontável.
• Painéis perfurados.
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
centro de informação da cultura e arte pomerana
71
CapĂtulo 5
~ ´ Analise de implantacao projetual ,
5
ANÁLISE DE IMPLANTAÇÃO PROJETUAL
Santa Maria de Jetibá é intitulada, por muitas pessoas, como sendo a maior colônia de descendentes pomeranos do mundo, pelo fato de 80% da população ser descendentes de pomeranos e ter grande parte desse percentual falando a língua e cultivando as tradições. É um município em constante crescimento e desenvolvimento urbano e econômico, e apesar de possuir alguns espaços destinados a cultura, ainda é bastante carente em aspectos essenciais para o bem-estar de sua população, principalmente os relacionados ao lazer e à cultura. A intenção desse projeto é criar um espaço público e democrático de convívio e lazer destinado à população e ao visitante, acessível durante todos os dias ou uma boa parte da semana para proporcionar lazer e cultura. Com o Centro de Informação da Cultura e Arte Pomerana o município ganhará também um local para coletar, tratar, armazenar e expor documentos, fotos, livros, objetos e mobiliários doados pelos descendentes de todo estado do Espírito Santo, com o intuito de enriquecer o acervo e colocá-lo a disposição
do público e ao próprio descente pomerano oriundo de qualquer parte do mundo. Um local que possa abrigar as diversas manifestações culturais, de forma que coloque a cidade de Santa Maria de Jetibá no eixo cultural do estado do Espirito Santo. Diante dos fatos levantados e dos estudos da história da migração pomerana, sua importância e o impacto positivo que esse complexo arquitetônico causaria ao público e moradores da região, é que foi escolhido o local da implantação do projeto do Centro de Informação da Cultura e Arte Pomerana em Santa Maria de Jetibá.
5.1
LOCALIZAÇÃO E ASPECTOS AMBIENTAIS O terreno escolhido para a implantação do projeto está localizado na Rodovia Doutor Afonso Swab, rodovia estadual ES-264, dentro do Bairro São Sebastião de Belém, em Santa Maria de Jetibá (Figura 62). Como pode-se visto na Figura 63, o terreno fica aproximadamente 3,5 km do centro de Santa Maria de Jetibá, caminho para os municípios de Itarana e Santa Teresa e é local ideal para se tornar portal de entrada da cidade.
Figura 62 – Localização de Santa Maria de Jetibá
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
centro de informação da cultura e arte pomerana
73
Nas Figura 63, 64 e 65 que são mapas a distância, observa-se a localização, implantação e situação da poligonal no terreno. Figura 63 – Mapa de localização do terreno na cidade
O terreno foi escolhido para implantação da proposta de projeto, principalmente, pelos seguintes fatores: • Para se tornar a recepção da cidade, antes do centro; • Por ser um local de passagem obrigatória por todos aqueles que visitam ou passam pela região seguindo para os municípios de Itarana e Santa Teresa; • Por localizar-se num perímetro urbano, porém sem construções nas proximidades;
Fonte: Google Earth/Elaborado pela autora, 2018. Figura 64 – Mapa implantação do terreno no bairro
• Por fazer a integração entre o bairro de São Sebastião de Belém ao centro da cidade de Santa Maria de Jetibá; • Pela vocação paisagística do lugar cercado por morros, mata, áreas verdes e um vale; • Por ter um platô existente na área que dispensaria grandes cortes e movimentação de terra, colaborando para que haja um menor impacto ambiental no local;
Fonte: Google Earth/Elaborado pela autora, 2018. Figura 65 – Mapa de situação do terreno escolhido
Fonte: Google Earth/Elaborado pela autora, 2018.
74
centro de informação da cultura e arte pomerana
• Pelo local já ter sito alvo de projeto público (sem sucesso de execução) e estar nos planos da administração pública fazer uso do local. O terreno, vide Figura 66, pertence à família Boldt. O munícipe Deley Boldt que é descendente direto de imigrantes pomeranos cedeu uma área aproximadamente de 3.000m², que fica dentro de sua fazenda para construção de um portal de entrada da cidade, mas as obras foram executadas par-
cialmente como pode-se observar na Figura 66 e o projeto abandonado desde 2011, segundo o portal de Notícias Jetibá Online que publicou: A eterna novela de “dois portais e nenhum portal” em Santa Maria de Jetibá (Publicado 11 de novembro de 2016). Figura 66 - Terreno escolhido para implantação do projeto do Centro de Informação da Cultura e Arte Pomerana
montanhas (Figura 68 e 69), o que proporcionou por si só uma área de declive suave e natural, mas que há alguns anos vem sofrendo intervenções humanas de movimentação de terra para a construção da rodovia e um platô. Estudo técnico da topografia da região foi realizado para entendimento do declive e aclive do local. Figura 68 – Perfi l topográfico AA’ da região de implantação do projeto
Fonte: Acervo pessoal, 2017. Figura 67 - Construção abandonada na poligonal no terreno
Fonte: Google Earth/Elaborado pela autora, 2018. Figura 69 – Perfi l topográfico BB’ da região de implantação do projeto
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
5.1.1 R ELEVO O relevo da região de Santa Maria de Jetibá é naturalmente montanhoso, cujo topos são cobertos por vegetação nativa em sua maioria. As encostas e planícies são normalmente cultivadas. O local escolhido para o projeto fica numa espécie de platô, entre duas
Fonte: Google Earth/Elaborado pela autora, 2018.
No perfil BB’ é possível observar do ponto indicado por uma seta, aonde começa o declive acentuado que forma um vale totalmente arborizado.
centro de informação da cultura e arte pomerana
75
5.1.2 INSOLAÇÃO, SOMBREAMENTO E VENTOS PREDOMINANTES
O objetivo do estudo de insolação, sombreamento e ventilação foi avaliar as condicionantes ambientais para melhor propor o posicionamento de cada ambiente na edificação que será implantada no local posteriormente. Figura 70 - Estudo de insolação, sombreamento e ventilação pela manhã
Fonte: Google Earth/Elaborado pela autora, 2018.
O estudo de insolação indica o sombreamento que o relevo da região proporciona ao local do terreno. As informações obtidas, ao serem cruzadas entre si, permitem um enten-
76
centro de informação da cultura e arte pomerana
dimento dinâmico do comportamento do sol e ventos da região (Figura 70). Com essa análise é possível um alcance de maior conforto térmico e lumínico para a arquitetura local. Foi observado que os ventos predominantes são o da face noroeste, e como a região é montanhosa, o vento vindo no sentido noroeste encontra uma barreira física, sendo direcionado a circular entre os dois morros existentes no local. Isso proporciona uma boa ventilação natural, que também é bastante arborizada. Segundo o Caderno de boas práticas em arquitetura: eficiência energética nas edificações: conclusões e perspectivas (2008), aproveitar a luz e a ventilação natural não só ajuda no conforto térmico, mas contribui com a economia de energia que a edificação gastaria sem o aproveitamento desses recursos.
5.1.3 SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO A síntese de diagnóstico pode ser vista no Quadro 3 a seguir.
Quadro 3 – Síntese do diagnóstico
SÍNTESE DO DIAGNÓSTICO POTENCIALIDADES uso do solo
gabarito
FRAGILIDADES • Falta de infraestrutura urbana; • Isolamento; • Insegurança; • Distância.
• Perímetro Urbano; • Espaço construtivo generoso; • Ligação de bairros. • Não existem edificações nas proximidades do terreno • Rodovia principal do município;
hierarquia viária
condicionantes
paisagem cultural
• Prioridade de veículos motorizados individuais;
• Passagem obrigatória pelo local de pessoa que visita a região ou segue para os municípios de Itarana e Santa Teresa.
• Passagem de caminhões de carga.
• Topografia com leve declive; • Platô pronto; • Zona de interesse ambiental; • Arborizado.
• Morros no entorno com grande zona de sombreamento; • Forte incidência de sol da tarde.
• Toda elaboração da paisagem cultural deve ser proposta.
• Visuais para o vale. Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
5.1.4 ÍNDICES URBANÍSTICOS Segundo o Plano Diretor Municipal de Santa Maria de Jetibá (2006), os índices
urbanísticos para a região do terreno podem ser visualizados no Quadro 4.
Quadro 4 – Índice urbanístico de Santa Maria de Jetibá
ÍNDICES URBANÍSTICOS CA
AFAST. FRONTAL
ALTURA MÁXIMA
GABARITO
TAXA OCUP.
TAXA PERMEB.
3m
30m
10PAV.
80%
20%
Fonte: PDM (2006), elaborado pela autora, 2018.
centro de informação da cultura e arte pomerana
77
CapĂtulo 6 Proposta projetual
6
Outros aspectos que também serão incorporados no projeto são:
6.1
• Requalificação de uma casa típica pomerana, que será desmontada do seu local original e instalado no terreno de implantação;
PROPOSTA PROJETUAL
CONSIDERAÇÕES E APONTAMENTO PARA A PROPOSTA
O programa de necessidades aqui apresentado foi definido com base nos estudos de caso levantados no trabalho. Analisados os aspectos relevantes de cada estudo é importante considerar no projeto os itens listados no Quadro 5. Quadro 5 – Considerações no projeto em relação aos estudos de casos
CONSIDERAÇÕES DOS ESTUDOS DE CASOS
JAPAN HOUSE • Uso de simbolismo na arquitetura de uma forma contemporânea; • Integração dos ambientes; • Relação do espaço externo x interno e espacialidade; • Estrutura de restaurante, loja e café.
CENTRO C ULTURAL TJIBAOU • Implantação visando o aproveitamento da topografia, buscando nela o aproveitamento de recursos naturais; • Sustentabilidade das edificações; • Simbolismo na arquitetura, contendo aspectos culturais.
CENTRO DE VISITANTE STONEHERGE • Arquitetura moderna e tecnológica em toda estrutura;
• Incorporação da casa pomerana original envolta à uma forma arquitetônica contemporânea simbólica de forma harmônica com as condições naturais da região; • Concepção de um complexo arquitetônico contemporâneo; • Proposição de uma praça cívica ao ar livre para que o local seja usado para apresentações teatrais, música e danças em eventos sazonais; • Buscar utilizar materiais de grande eficiência, durabilidade e baixa manutenção; • Preferência por uso de materiais de grande eficiência, durabilidade e baixa manutenção; • Buscar permeabilidade e fluidez; • Proporcionar a caminhabilidade da arquitetura; • Projetar em escala humana; • Paisagismo de integração externo x interno; • Projetar um estacionamento externo próximo à edificação, porém, proporcionando o incentivo ao uso do transporte público e não motorizado;
• Forma autônoma envolta em uma atmosfera cultural local.
• Utilizar com eficiência os recursos naturais de ventilação e iluminação naturais;
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
• Conceber uma arquitetura acolhedora, charmosa e segura.
• Programa que repassam informações relevantes do local;
centro de informação da cultura e arte pomerana
79
6.2
PROGRAMA DE NECESSIDADES Não existe uma regra para as funções que um centro de informações, cultura e arte deve abrigar, portanto, ao elaborar o programa de necessidades se faz necessário o uso de bom senso crítico para propor espaços que terão como função informar, manter, preservar e cultivar a cultura local, atendendo todas as necessidades nos parâmetros mínimos de conforto ao usuário, funcionalidade da arquitetura e fluxo. Com isso, cada local dispõe de necessidades diferentes e um espaço cultural precisa estar vivo e coerente com a realidade para transmiti-la ao visitante. Analisados os aspectos relevantes de cada estudo, primeiramente se viu necessário
a setorização do mesmo, sendo assim, o programa foi dividido por setores, que são subdivididos em outros espaços distintos: • Setor público: Espaços destinados a receber o público em geral e de uso comum do mesmo; • Setor expositivo: Espaços com exposição de arte e cultura destinado a receber todo o público em geral; • Setor educacional: Espaços destinados as atividades de educação cultural; • Setor Administrativo: Espaços privados, destinados ao apoio e a fins específicos e restritos somente a pessoas autorizadas. Na figura 71 podemos ver espacialmente a divisão dos setores e no Quadro 6, setorização com pré-dimensionamento.
Figura 71 – Setorização
setor público
setor expositivo
setor educacional
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
80
centro de informação da cultura e arte pomerana
setor administrativo
Quadro 6 – Setorização com pré-dimensionamento
SETORIZAÇÃO DO PROGRAMA DE NECESSIDADES AMBIENTE
R ECEPÇÃO AO VISITANTE LOJA DE VAREJO
QTD 01
01
EQUIPAMENTOS
SETOR
ÁREA (m²) (M ²)
Prateleiras, mapa interativo, TV.
Público
10m²
Balcão, computador, prateleiras expositivas, araras, mesa e cadeiras.
Público
25m²
2,75m²
L AVABO
01
Vaso sanitário e pia.
Privado
A DMINISTRATIVO
01
Mesa, computador, cadeira e estante.
Administrativo
GERENCIAMENTO DE ACERVO
01
Mesa, computador, cadeira, estantes, arAdministrativo mários, outros.
24m²
DEPÓSITO DE ACERVO
01
Armários.
Administrativo
20m²
R ECEPÇÃO DO MUSEU
01
Balcão, cadeira, computador, sofá, mesa de apoio.
Público
20m²
SALA DE APOIO E SEGURANÇA
01
Mesa, cadeira, armário e computador.
Apoio
7m²
ESPAÇO EXPOSITIVO PERMANENTE
02
Todo tipo de objetos relacionados.
Expositivo
60m²
01
Diversos.
Educacional
35m²
ESPAÇO EXPOSITIVO TEMPORÁRIO
01
Todo tipo de objetos relacionados.
Expositivo
90m²
BIBLIOTECA
01
Prateleiras, mesa de leitura, gabinetes individuais, pufes, cadeiras, balcão, computadores, armários.
Educacional
40m²
BANHEIRO PNE MUSEU
02
Vaso sanitário, pia.
Público
4,5m²
SALA MULTIUSO
01
Mesa de reunião, cadeiras e monitor.
Educacional
25m²
SALA GERÊNCIA
01
Mesa, cadeiras, mesa reunião, armário.
Administrativo
10m²
SALA ADMINISTRATIVA
01
Mesas, cadeiras, armários, computador.
Administrativo
9m²
COPA FUNCIONÁRIOS
02
Mesa, frigobar, cadeiras, fogão e armario.
Apoio
10m²
ESPAÇO DE AÇÃO EDUCACIONAL MULTIUSO
6m²
centro de informação da cultura e arte pomerana
81
SETORIZAÇÃO DO PROGRAMA DE NECESSIDADES AMBIENTE
QTD
EQUIPAMENTOS
ÁREA (M²)
BANHEIRO F UNCIONÁRIOS
03
Vaso sanitário, pia e chuveiro.
Apoio
3,75m²
DEPOSITO DE MATÉRIAS DE LIMPEZA
01
Tanque, armários e bancada.
Apoio
5m²
A LMOXARIFADO
01
Armários.
Administrativo
9m²
DEPÓSITO DE ACERVO
01
Armários.
Administrativo
10m²
SALA DE PROCEDIMENTO DE ACERVO
01
Armários, mesa e cadeira.
Administrativo
11m²
BANHEIRO FEMININO PÚBLICO
01
Vasos sanitários e chuveiro.
Público
12m²
BANHEIRO MASCULINO PÚBLICO
01
Vasos sanitários, mictórios e chuveiro.
Público
12m²
L AVABO PÚBLICO
01
Bancada e pias.
Público
12m²
Á REA DE MESAS
01
Mesas, cadeiras, bancos, banquetas e balcão.
Público
55m²
CAFÉ COLONIAL
01
Banquetas e prateleiras.
Público
25m²
BALCÃO DE ATENDIMENTO
01
Balcão, geladeira, pia, computador e caixa. Administrativo
10m²
COZINHA CAFÉ COLONIAL
01
Fogão, geladeira, freezer, forno, bancada, armários.
Apoio
15m²
Á REA DE SERVIÇOS
02
Tanque, máquina de lavar.
Apoio
6m²
COZINHA RESTAURANTE
01
Bancada, pias, geladeiras, freezer, fogão, armários.
Apoio
30m²
Á REA DE ALIMENTOS
01
Fogão a lenha, bancada.
Público
22m²
R ECEPÇÃO/CAIXA
02
Balcão, cadeira, computador e caixa.
Administrativo
3,8m²
SALÃO DE MESAS
02
Mesas e cadeiras.
BANHEIRO PNE RESTAURANTE
02
Vaso sanitário, pia.
Público
4,5m²
DECK /MIRANTE
01
Bancos, pergolado e pufes.
Público
115m²
BICICLETÁRIO
01
Paraciclos e bebedouro.
Público
18m²
VESTIÁRIO BICICLETÁRIO
02
Vasos sanitários, pias e chuveiros.
Público
8,5m²
ESTACIONAMENTO
02
Vagas de estacionamento.
Público
500m²
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
82
SETOR
centro de informação da cultura e arte pomerana
40m²
6.3
MEMORIAL JUSTIFICATIVO O objetivo dessa proposta é desenvolver um projeto de um Centro de Informação da Cultural e Arte Pomerana (CICAP) para o município de Santa Maria de Jetibá (Figura 72), buscando a criação de um novo espaço público para a população que pode ser acessado de diversas modalidades de transporte, ter uso multidisciplinar, ser voltado a preservação, divulgação da cultural pomerana e enriquecer a vida cultural da cidade, oferecendo espaço inovador e interativo que seja condizente com a realidade do município e da cultura local.
Para a viabilidade de uma proposta projetual como essa, faz-se necessário a parceria entre a Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo, com a ACE (Associação Comercial de Santa Maria de Jetibá), a Associação de Agricultores e Agricultoras de Produção Orgânica Familiar de Santa Maria de Jetibá (Amparo Familiar), Igrejas locais e a Secretaria de Estado da Cultura – Secult, pois uma estrutura cultural como a do CICAP beneficiária a todos e colocaria o município com maior destaque na rota cultural e turística do estado Espírito Santo.
Figura 72 – Complexo completo do CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
centro de informação da cultura e arte pomerana
83
6.3.1 CONCEITO E PARTIDO O conceito do Centro de Informação da Cultura e Arte Pomerana é resgatar, acolher e promover a cultura e arte pomerana na região de Santa Maria de Jetibá a turistas e moradores locais, buscando reunir informação, cultura, arte e gastronomia num mesmo espaço físico. O partido arquitetônico do projeto foi o uso de uma casa típica pomerana, desmontanda de uma localidade da região e reloca no terreno da implantação, requalificando o espaço em um centro de informação turísticas e
loja de acessórios de lembranças da cultura e produros regionais (Figura 73). Pátios livres e descobertos com usos interessantes convidarão as pessoas a ali permanecerem e promover encontros. O espaço do complexo contemporâneo ao redor da casa pomerana foi pensada em formas geométricas retilíneas, remetendo ao treliçado do guarda-corpo das varandas pomeranas, tijolo aparente, vidro e concreto. A escolha dos materiais em cores monocromáticas foi uma busca ao destaque a casa pomerana no centro do complexo.
Figura 73 – Fachada do CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
84
centro de informação da cultura e arte pomerana
6.3.2 COMPOSIÇÃO DE CORES Uma composição de cores em um projeto é feita intencionalmente visando um objetivo específico em cada proposta, sendo capaz de harmonizar ou destacar algum elemento de acordo com sua importância no contexto. A proposta projetual objetiva destacar o elemento principal (qual?) de cores azul e branco que está centralizada no complexo e encontra-se totalmente envolta pelos elementos coadjuvantes que foram pensados nas cores de tons de terracota e cinza. A terracota é uma mistura de laranja queimado com vermelho. É uma cor forte, que pode deixar o ambiente rústico, elegante e aconchegante, dependendo da intensidade que for utilizada. É uma cor associada a criatividade e comunicação, além de trazer vitalidade, energia e alegria ao ambiente. A combinação com tons frios é a mais indicada por realçar esses elementos, e sob a cor verde remete ao frescor da terra e à natureza. Já o cinza tem como característica ser uma cor neutra e democrática, capaz de permitir uma infinidade de composições e aplicações, deixando e destaque para outros elementos, como é proposto aqui. Com isso, a composição alcançou seu objetivo de uma forma har-
moniosa e simplista, como podemos observar na Figura 74. O principal elemento nas cores azul e branco, sobre o contexto verde, recebeu um destaque por si só, e o conjunto envolto a ele, nas cores terracota e tons de cinza puderam compor esse visual trazendo o destaque do elemento sem ofusca-lo. Figura 74 - Estudo de cores proposto
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
6.3.4 IMPLANTAÇÃO, CORTE ESQUEMÁTICO E LOCAÇÃO
Localizado em um platô existente, o terreno com área de 3.637,24m² é cercado por morros e mata nativa. O projeto propõem afastamento de 3m nos fundos, que é um barranco, para proporcionar acesso restrito destinado aos serviços do complexo e ventilação e iluminação naturais. Os fundos e laterais do terreno são área arborizadas. De frente à rodovia preve-se calçada de 3m de largura, além de amplo jardim. O projeto
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prevê duplicação das pistas no sentido centro da cidade e bairro São Sebastião de Belém,
com a implantação de duas faixas elevadas
para redução de velocidade e acessibilidade plena do estacionamento ao complexo. Uma
rotatória foi proposta em frente ao complexo que proporcionar um acesso seguro ao esta-
cionamento ou retorno do condutor. O local pode ser acessado por automóvel individual, ônibus, bicicleta ou caminhando para aqueles
que moram nas proximidades. Foi proposto uma ciclofaixa ao lado da calçada que leva o condutor do bairro São Sebastião de Belém
até o centro da cidade e vice versa, que tem
o apoio de um biclicletário com estrutura de
banheiros, duchas e bebedouro para os ciclistas, e um ponto de ônibus ao lado do esta-
cioamento para quem preferir este modal. O complexo, dispõe de dois estacionamentos
públicos e um privado. A implatação do edifí-
cio e seu programa acontece ao longo de todo o compriento do terreno, sendo acessado em quatro pontos diferentes que levam a espaços distintos e diversificados, mas todos levam ao pátio interno central que foi pensado para ser um espaço cívico, para apresentações de manifestação cultural imaterial. O complexo tem dois acessos principais, um feito pela escada da casa pomerana requalificada e ao lado dela uma rampa que conduz o visitante ao pátio interno descoberto, e dois acessos secundários, um feita pela escada que leva diretamente ao deck-mirante e a rampa lateral em frente ao restaurante que leva ao pátio. O pátio foi pensado para ser um espaço cívico, de apresentações de manifestação cultural não material, como danças típicas, teatro, forró de consertina entre outros. Pelo pátio interno descoberto é possivel acessar todos os setores públicos do complexo (Figura 75).
Figura 75 – Mapa de Implantação
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
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centro de informação da cultura e arte pomerana
Todo o complexo foi construido em nível elevado, como as casas típicas da região, o que proporcionou o mínimo de intervenção no relevo do terreno. A 1,45m do nivel do
terreno, o complexo esta todo nivelado o que o torna totalmente acessivel, independente da declividade do terreno em ambas as direções do complexo (FIGURA 76).
Figura 76 – Corte Esquemático
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
Tirando partido do declive, foi possivel a construção do pavimeto semi-subterrâneo para o local de procedimento de acervo e as dependências de apoio ao restaurante. No centro da rotatória foi implantado um obelisco de pedra,
com a cravação dos nomes das primeiras famílias pomeranas que chegaram na região, um monumento memorial às famílias pomeranas que residem na região (Figura 77). Mais informações disponiveis nas plantas em anexo 2.
Figura 77 – Planta de Locação
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
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Um quadro de áreas (Quadro 7) foi elaborado para permitir a análise das informações técnicas de ocupação e área fi-
nal de cada espaço proposto, para melhor compreensão da situação da proposta no local.
Quadro 7 – Quadra de áreas
QUADRO DE ÁREAS Área total do terreno
3.637,24m²
Área total edificada
1.118,06m²
Área total de circulação pública
449,33m²
Área total de ocupação
1.567,39m²
Estacionamento
1.119,32m²
Área permeável
2.039,85m²
Taxa de ocupação
43,10%
Espaço de informação/loja (casa pomerana)
76,14m²
Espaço de gerenciamento de acervo sub solo
60,27m²
Espaço de cultura e arte térreo
334,62m²
Espaço de cultura e arte 2º pav.
260,25m²
Café colonial
60,36m²
Café colonial mesas externas
56,26m²
Restaurante subsolo
97,35m²
Restaurante térreo
176,35m²
Bicicletário
23,46m²
Total:
1.118,06m²
Deck / mirante
114,28m²
Pátio interno e playground
142,86m²
Pátio descoberto
82,70m²
Passarela
57,00m²
Rampas
42,27m²
Escada
10,22m²
Total:
449,33m² Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
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6.3.5 FLUXOGRAMA Elaborado com o intuito de expressar com clareza o passeio na arquitetura e o percurso ao longo de todo o complexo, o mapa de fluxo (Figura 78) apresenta como todo o trajeto é feito e as opções de percurso que o público terá no local, assim como o acesso dos funcionários. Começando com o ponto (1) o público tem acesso pela rampa; (2) acesso a recepção do museu; (3) entrada do museu; (4) acesso a escada para o 1º pavimento; (5) corredor de fotografias; (6) salas multiusos; (7) saída do museu (8) acesso aos banheiros públicos; (9) acesso ao pátio de mesas; (10) café colonial (11) acesso ao playground; (12) entrada do centro de informação pelo pátio interno; (13) entrada e saída do centro de in-
formação pela escada; (14) saída do centro de informação para o playground; (15) acesso ao restaurante; (16) acesso ao deck/mirante; (17) rampa de acesso secundário ao complexo. Já o fluxo do acesso de funcionários e serviços foi pensado para acontecer de uma forma mais restrita. A área de pátio privativo fica do lado direito do complexo e é acessado por um portão. Os funcionários são conduzidos ao complexo da seguinte forma: O ponto (A) acesso das carga e descarga de acervo; (B) acesso de carga e descarga de acervo e materiais; (C) acesso dos funcionários ao museu; (D) rua interna de serviços; (E) acesso ao restaurante no subsolo; acesso do subsolo ao restaurante; (F) acesso a cozinha do café colonial; (G) caminho de acesso a área de tratamento de aguas residuais do complexo.
Figura 78 - Mapa de fluxo
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
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6.4
CICAP 6.4.1 ESPAÇO DE INFORMAÇÃO AO VISITANTE (CASA POMERANA) O CICAP é composto por três edifícios interligados que formam, juntamente com o espaço público, um complexo estruturado tendo como edifício destaque a Casa Pomerana (Figura 79), que é a porta de entrada para o conhecimento da vida, história e arte do pomeranos, se tornando a recepção do complexo e direcionando os visitantes para os demais setores.
tual para esse espaço tem por finalidade a requalificação de uma casa pomerana típica da região, mantendo todas suas características construtivas originais, porém, com novo uso completamente acessível. Essa decisão tem por intuito expor ao público a arquitetura típica pomerana, seu valor histórico e beleza (Figura 80). Figura 79 - Localização do espaço de informação ao visitante no complexo CICAP
Acessado frontalmente por uma escada e lateralmente por duas rampas, a proposta proje-
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
Figura 80 – Fachada da casa pomerana – espaço de informação ao visitante no CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
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O visitante tem à disposição dos visitantes mapas digitais e interativos, óculos de realidade virtual e som que proporciona ao visitante a experiência de estar no meio do desfile tradicional pomerano ou de um casamento típico e aguça os sentidos como estratégia de visitação. O espaço também terá à disposição panfletos informati-
vos sobre todos os assuntos relevantes a região, acesso à internet e ao aplicativo de tradução linguística, além de uma loja de presentes, lembrancinhas culturais, artesanatos relacionados a cultura pomerana. A planta baixa (Figura 81) e vista do interior da casa pomerana (Figura 82) ajudam na compreensão.
Figura 81 – Planta baixa da casa pomerana - Espaço de Informação ao visitante e loja do CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
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Figura 82 - Vista do interior do Espaço de Informação ao Visitante e Loja do CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
6.4.2 ESPAÇO EDUCACIONAL E A RTE POMERANO (MUSEU E BIBLIOTECA) Localizado ao lado direito da casa pomerana (Figura 83), o Espaço Educacional e Arte Pomerano é acessado pelo pátio externo, cuja parte central do piso tem pintura do brasão da cultura pomerana. O local recebe apresentações de manifestação cultural imaterial - danças folclóricas e típicas, apresentações de teatro entre outras.
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Figura 83 – Localização do Espaço Educacional e Arte Pomerano no CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
O edifico tem formas geométricas retilíneas (Figura 84), composição homogênea e os materiais empregados foram o tijolo aparente, concreto, aço e vidro. A envoltória foi criada e composta por formas que remete ao guar-
da-corpo da casa pomerana em elemento de aço treliçado que traz ritmo à obra proposta. O treliçado possui, em partes, fechamento em vidro fosco jateado que funciona como
barreira para iluminação direta do local; em outras, é vazado o que proporciona ventilação natural, uma vez que a estrutura se encontra afastada da parede de tijolo aparente.
Figura 84 – Fachada do Espaço Educacional e Arte Pomerano
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
O edifício possui um subsolo (Figura 85) acessado na lateral direta, destinado a receber carga e descarga de acervos, além de dois pavimentos, sendo que o 1º pavimento (Figura 86) foi projetado para ser um espaço cultural de exposição de objetos, coleções de arte e história da cidade e cultura po-
merana. Também possui um espaço amplo para criação de salas multifuncionais com o auxílio de portas flexíveis, onde também é possível receber outras exposições relevantes ao crescimento cultural da população. Mais informações disponiveis nas plantas em anexo 3.
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Figura 85 – Planta baixa do subsolo - Gerenciamento de acervo
Fonte: Elaborado pela autora, 2018. Figura 86 – Planta baixa do primeiro pavimento do Espaço Educacional e Arte - Museu e Espaço Educacional
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
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O intuito é oferecer uma programação gratuita ou a preços acessíveis, como espetáculos de teatro, dança e música, eventos voltados à literatura e à poesia, mostras de artes visuais, projeções de cinema e vídeo de pequeno porte,
oficinas, ateliês, debates e palestras, proporcionando diversidade cultural à população local e visitantes, principalmente para as pessoas que nunca tiveram acesso a essas atividades. A Figura 87 retrata o interior do Museu.
Figura 87 - Vista interior do Museu do CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
O segundo pavimento é acessado por escada ou plataforma elevatória. Ambas levam ao mezanino superior, espaço criado para receber exposições temporárias. Nesse pavimento tam-
bém fica o setor administrativo do complexo, além de biblioteca com acervo multidisciplinar e arquivo para receber livros e documentos relacionados a cultura pomerana (Figura 88).
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Figura 88 – Planta baixa do segundo pavimento - Biblioteca / exposição / administrativo
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
Sabendo que a cultura é um agente transformador socialmente, a biblioteca (Figura 89) foi pensada para proporcionar acesso à informação que constrói a cultura e a cultura que transforma a realidade, ambos funcionam como elementos cognitivos
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e de cidadania para alunos e pesquisadores. O principal papel é o pedagógico - oferecer elementos (informação) que possibilitem ao usuário ser agente independente e construtor de cultura. Ver mais informações nas plantas em anexo 3.
Figura 89 – Vista interior da biblioteca no CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
6.4.3 ESPAÇO GASTRONÔMICO: CAFÉ COLONIAL O espaço gastronômico localiza-se (Figura 90) após a saída do fluxo de público do museu. Um local pensado para oferecer permanência e alimentação ao visitante após seu percurso pelo complexo (Figura 91). O local é agradável e arejado, tendo a área de mesas externa com vistas para o pátio cívico, espaço de informação e playground. Neste espaço o público terá a oportunidade de apreciar a culinária pomerana e capixaba, degustar de bebida típica pomerana, além de poder desfrutar grande diversidade de doces, conservas e alimentos
Figura 90 – Localização do Café Colonial no complexo CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
produzidos na região ou simplesmente tomar um bom café acompanhado de biscoitos e guloseimas típicas pomeranas (Figura 92). Foi pensado para constituir parte da renda ao complexo, o espaço do Café Colonial pode ser arrendado para empresa privada, sem nenhuma ligação direta ao museu após estudo prévio de espaço disponível para atividade desejada.
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Figura 91 - Planta baixa do Café Colonial do CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
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Figura 92 – Vista externa do Café Colonial no CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
6.4.4 ESPAÇO GASTRONÔMICO: R ESTAURANTE Localizado ao lado do Café Colonial e frontalmente ao pátio cívico (Figura 93), o restaurante é âncora (Figura 94 e 95) do complexo oferecendo ao visitante a oportunidade de apreciar a culinária pomerana e capixaba, degustar bebidas típicas pomeranas, além de trazer um novo local de alimentação no município de Santa Maria de Jetibá. Tem a proposta semelhante ao Café Colonial, podendo ser arrendado ou alugado, e parte de sua renda destinada ao CICAP. O restaurante tem o intuito de atender a uma ampla gama de clientes – visitantes e população local. Podendo oferecer desde comida caseira, saladas e frios no horário de almoço,
Figura 93 - Localização do Restaurante no CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
como também servir outros pratos a noite e nos fins de semana, como petiscos, pizzas e lanches acompanhados por cervejas especiais, caipirinhas das mais variadas frutas e vinhos produzidos na região. Nas plantas baixas (Figura 94 e 95), é possível observar o fluxo e programa do restaurante, sendo no subsolo do restaurante o acesso de funcionários e carga e descarga, além da cozinha e depósitos. E no pavimento superior, o restaurante, mesas, churrasqueira e dependências comuns.
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Figura 94 - Planta baixa subsolo restaurante no CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018. Figura 95 - Planta baixa térreo restaurante no CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
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centro de informação da cultura e arte pomerana
A proposta para o último edifício do complexo se mantem com a tipologia dos demais espaços e o nível da rodovia e, ao mesmo tempo, criar vazios necessários para formar dois espaços, um interno e outro externo no edifício, combinando com a área natural e
dando visibilidade ao espaço externo. A principal estrutura de suporte consiste em tijolo, concreto e aço, assim como o restante do complexo. Mais informações sobre o espaço gastronômico estão disponíveis nas plantas em anexo 04.
Figura 96 – Vista interior do restaurante do CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
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Figura 97 – Vista externa do espaço de mesas do restaurante do CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
6.4.5 DECK /MIRANTE, PÁTIOS EXTERNOS E BICIBLETÁRIO São oferecidos pelo CICAP amplos espaços de permanência, contemplação, convívio e interação social em pátios abertos, cobertos e descobertos, playground, decks com mesas e cadeiras e também deck-mirante voltado para o vale com espaço suficiente para realizações de pequenas manifestações sociais e religiosas para pessoas de todas as idades como podemos observar na localizado ao final do percurso (Figura 98). Acessado por uma passarela elevada ou pela escada lateral, tem três pergolados cobertos que oferece proteção e apoio (Figura
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Figura 98 - Localização do Deck/mirante no CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
99), o deck foi construído envolvendo árvore existente, no meio de um espaço arborizado, se integrando a natureza o que proporciona sombra e frescor ao local (Figura 100). O elemento estrutural é madeira e aço. Elementos facilmente desmontáveis, caso haja necessidade de retirar o espaço do local.
Figura 99 - Planta baixa do Deck/mirante no CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
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Figura 100 – Vista do Deck/mirante do CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
A proposta de amplo espaço de pátios externo, cobertos e descobertos, foi pensada com o intuito de oferecer um local novo e diversificado de convívio e lazer a população local. (Figura 101), um espaço que
também pode ser usado para manifestações culturais de dança e teatro por exemplo, o que o público pode assistir das circulações ou sentado da mesa no café colonial ou restaurante.
Figura 101 – Vista externa do pátio de apresentações culturais do CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
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Com a proposta de tornar o local um ponto turístico e um atrativo para a população local foi pensando um ponto de apoio ao ciclista profissional que costuma visitar a região para treinamento, assim como os ciclistas amadores, pois a população local também faz
uso da bicicleta com frequência. Local assim incentiva a população a usar este modal com mais frequência. O bicicletário está instalado no estacionamento em frente ao CICAP. Uma ciclofaixa ao longo da pista direciona o ciclista ao local (Figura 102).
Figura 102 – Planta baixa do bicicletário do CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
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6.4.6 COBERTURA DO CICAP Na vista aera da Figura 103, é possível observar as platibandas, coberturas embutidas e calhas internas do complexo, com exceção da cobertura da casa pomerana que teve sua cobertura original requalificada mantida em duas águas de telhado colonial, e sobre o Espaço Educacional e Arte, exatamente onde fica o mezanino, é proposto uma claraboia para iluminação e ventilação naturais do local. A água da chuva coletada pelas calhas é direcionada a um reservatório inferior, lo-
calizado entre o museu e a rua de acesso de serviços nos fundos, para serem reaproveitadas na lavagem das circulações, pátios e irrigação do paisagismo. O abastecimento de água do complexo é feito pela concessionária responsável pelo serviço no local e o armazenamento é feito sobre os banheiros públicos. Já no deck/mirante, mesmo sendo um espaço ao ar livre com contato direto com a natureza, foram instalados três pergolados no local cobertos com policarbonato que garante iluminação, mas protege de chuvas.
Figura 103 – Vista aérea da cobertura do CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
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6.5
PAISAGISMO O paisagismo do CICAP ocupa maIs de 50% da área total do terreno, proporcionando uma área permeável generosa para um bom projeto de paisagismo que complementa o cenário de mata nativa nos fundos do terreno e arborização do entorno (Figura 104). Para destacar o empreendimento o paisagismo acompanha paralelamente a edificação e
a pista de rolamento, com vegetação rasteira e de pequeno porte, pontuada por canteiros de pedrisco na parte frontal do complexo, assim como três canteiros de flores de diversas espécies nativas da Mata Atlântica, que são objetos de apreço, cultivo e renda dos descendentes dos pomeranos de Santa Maria de Jetibá e região. As espécies escolhidas estão no quadro abaixo (Quadro 8), onde também constam as pavimentações adotadas.
Figura 104 – Mapa esquemático do paisagismo do CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
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Quadro 8 – Quadro de Paisagismo
QUADRO DE PAISAGISMO NUMER AÇÃO
IMAGEM
DESCRIÇÃO
Grama Esmeralda
Resistência a aridez e a sombra (péssima para sombra), será usado para revestir a maior parte do terreno. Permite pisoteamento.
02
Grama Amendoin
Herbácea rasteira nativa, folhagem verde-escura e flores amarelas. Suporta bem stress hídrico, áreas sombreadas e exige pouca manutenção.
03
Lavanda
A lavanda tem grande resistência ao frio e ao calor
04
Azaleias
Bonitas e resistentes a exposição intensa ao sol
05
Hortência
Atingem 90 a 120 cm de altura, ideal para clima subtropical e temperado. Comum nos jardins pomeranos
06
Perpétua-roxa
Ama receber calor e a iluminação do sol e prefere solo argiloso. Comum na pascoa dos pomeranos.
01
108
NOME
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QUADRO DE PAISAGISMO NUMER AÇÃO
NOME
IMAGEM
DESCRIÇÃO
07
Orquideas
Plantio nas árvores existentes próximas ao deck
08
Palmeira jerivá
Nativa da região, plantada ao longo da calçada para destacar acessos do complexo.
09
Murta
Para ser um barreira fisica e visual próximo ao deck
10
Bouganville
Boa para ser cercas viva florida e nativa.
11
Piso drenante da calçada
Alto poder de drenagem, contribuindo para não haver acúmulo de água e baixa manutenção.
12
Piso cimentício pintado
Acabamento da superfície do piso é concreto simples pigmentado
13
Piso intertravado
Pavimentação com blocos pré-moldados, baixa manutenção e boa capacidade de drenagem.
Fonte: Elaborado pela autora, 2018. centro de informação da cultura e arte pomerana
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A escolha das espécies de flores proposta no paisagismo tem todo um significado simbólico para o CICAP. A lavanda é uma espécie comum na região da Polonia, aonde situava o pais dos descendetes de pomeranos (Figura 105), que tem o intuito de., atravez do perfume, lembre a região de origem desse povo. As hortências eram flores comum nos jadim
pomeranos, e usa-las em frente e a o lado da casa pomerana remete ao lar (Figura 106 e 107). Já a perpétua-roxa, era utilizada para decoração na pascoa, ritual importante para os pomeranos. As orquideas, nativas da região, serão afixadas nas árvores existentes ao redor do deck/mirante, para que na época da floração das mesmas possam ser mais um atrativo aos visitantes.
Figura 105 – Vista geral do paisagismo do CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
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Figura 106 – Vista do paisagismo em frente ao playground do CICAP
Fonte: Elaborado pela autora, 2018. Figura 107 – Vista do paisagismo próximo a casa pomerana
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
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Considerações Finais
Sabendo que Patrimônio é o conjunto de bens materiais e imateriais que conta a história de um povo e sua relação com o meio ambiente, credita-se à cultura, o papel de agente transformador da sociedade e, a preservação dela, é essencial para a humanidade. A valorização do histórico-simbólico do edifício, seu entorno e a criação de espaços voltados para atender esta preservação é um dos papéis da arquitetura. Porém, apesar
do crescimento desse seguimento a cada dia, ainda é muito exíguo. A importância do papel da arquitetura na preservação da cultura de um povo está relacionada não apenas à educação, formação da cidadania e produção de conhecimento, mas ao turismo de entretenimento e lazer, fonte de emprego e lucro que se estende a todos na localidade direta ou indiretamente (Figura 108) e é isto que o CICAP propõe.
Figura 108 – Fachada frontal do Centro de Informação da Cultura e Arte Pomerana
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
centro de informação da cultura e arte pomerana
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Figura 14 - Tocador de concertina e trombonistas.
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Figura 15 – Trajes dos grupos de danças típica pomerana. Disponível em:< https://www.es.gov.br/ Noticia/28a-festa-pomerana-anima-santa-maria-de-jetiba>. Acessado em 26/04/2018.
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Figura 17 - Cartaz de divulgação da festa pomerana. Disponível em:< http://www.pmsmj.es.gov.br/ portal/festapomerana/>. Acessado em 05/06/2018.
Figura 18 – Instalação comercial no pavimento térreo. KERCKHOFF,Ervin. Pommerland, Saga Pomerana no Espírito Santo, 2012.
Figura 19 – Casa da família Grulke em fase de
construção na região. KERCKHOFF,Ervin. Pommerland, Saga Pomerana no Espírito Santo, 2012.
Figura 20 – Técnica de pau de pique no fechamento das paredes. Acervo pessoal, 2017.
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Figura 19 – Fachada da casa em paredes brancas e esquadrias azuis. Acervo pessoal, 2017. Figura 22 – Fogão a lenha feito de tijolos de barro cru. RÖLKE, Helmar. Raízes da Imigração Alemã: História e cultura alemã no Estado do Espírito Santo / Helmar Reinhard Rölke. – Vitória (ES): Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, 2016. Figura 23 – Forno a lenha feito de tijolos de barro cru. RÖLKE, Helmar. Raízes da Imigração Alemã: História e cultura alemã no Estado do Espírito Santo / Helmar Reinhard Rölke. – Vitória (ES): Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, 2016. Figura 24 – A mobília de uma casa típica pomerana. Disponível em:< http://www.qualviagem.com. br/viva-a-verdadeira-experiencia-pomerana-em-santa-maria-de-jetiba/>. Acessado em 28/09/2017. Figura 25 – Entorno da casa típica pomerana. Disponível em:< http://www.pictame.com/tag/culturapomerana>. Acessado em 02/10/2017. Figura 26 – Localização da Casa Berger. Disponível em: Google Earth e modificado pela autora, 2018. Figura 27 – Casa Pomerana de Lourenço. Acervo pessoal, 2017. Figura 28 – Planta baixa da Casa Pomerana de Lourenço Berger. Elaborado pela autora, 2017. Figura 29 – Varanda principal da casa e suas esquadrias. Acervo pessoal, 2017. Figura 30 – Vista lateral da Casa Berger e o corredor coberto que liga o setor intimo ao comum. Acervo pessoal, 2017.
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Figura 33 - Salão multiuso com paredes flexíveis frontais ao pátio. Disponível em:<https://www. arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/kengo-kuma-e-fgmf-arquitetos-japan-house-sp>. Acessado em 24/10/2017. Figura 34 – Planta baixa térreo. Disponível em:<https://www.arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/kengo-kuma-e-fgmf-arquitetos-japan-house-sp>. Acessado em 24/10/2017. Figura 35 – Primeiro Pavimento. Disponível em:<https://www.arcoweb.com.br/projetodesign/ arquitetura/kengo-kuma-e-fgmf-arquitetos-japan-house-sp>. Acessado em 24/10/2017. Figura 36 – Segundo Pavimento. Disponível em:<https://www.arcoweb.com.br/projetodesign/ arquitetura/kengo-kuma-e-fgmf-arquitetos-japan-house-sp>. Acessado em 24/10/2017. Figura 37 – Cobogós e laminas de madeira na fachada da Japan House. Disponível em:<https:// www.arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/ kengo-kuma-e-fgmf-arquitetos-japan-house-sp>. Acessado em 24/10/2017. Figura 38 – Painéis de papel-arroz nas formas e matérias. Disponível em:<https://www.arcoweb. com.br/projetodesign/arquitetura/kengo-kuma-e-fgmf-arquitetos-japan-house-sp>. Acessado em 24/10/2017. Figura 39 – Memória e atmosfera da cultura japonesa. Disponível em:<https://www.archdaily.com. br/br/872655/japan-house-sao-paulo-de-kengo-kuma-e-fgmf-pelas-lentes-de-flagrante>. Acessado em 24/10/2017. Figura 40 – Jadins de bambus. Disponível em: <https://www.arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/kengo-kuma-e-fgmf-arquitetos-japan-house-sp>. Acessado em 26/10/2017.
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Figura 61 – Recursos modernos de áudio e vídeo. Disponível em: < https://www.designweek.co.uk/ issues/december-2013/a-look-inside-the-27m-stonehenge-visitor-centre/>. Acessado em 29/10/2017. Figura 62 – Localização de Santa Maria de Jetibá. Elaborado pela autora, 2018. Figura 63 – Mapa de localização do terreno na cidade. Disponível em: Google Earth e modificado pela autora, 2018. Figura 64 – Mapa implantação do terreno no bairro. Disponível em: Google Earth e modificado pela autora, 2018.
Figura 77– Planta de Locação. Elaborado pela autora, 2018. Figura 78 – Mapa de fluxo. Elaborado pela autora, 2018. Figura 79 – Localização do Espaço de Informação ao Visitante no complexo. Elaborado pela autora, 2018. Figura 80 – Fachada do Espaço de Informação ao Visitante. Elaborado pela autora, 2018.
Figura 65 – Mapa de situação do terreno escolhido. Disponível em: Google Earth e modificado pela autora, 2018.
Figura 81 – Planta baixa da casa pomerana - Espaço de Informação ao visitante e loja do CICAP. Elaborado pela autora, 2018.
Figura 66 - Terreno escolhido para implantação do projeto do Centro de Informação da Cultura e Arte Pomerana. Acervo pessoal, 2017.
Figura 82 – Vista Interior do Espaço de Informação ao Visitante e Loja do CICAP. Elaborado pela autora, 2018.
Figura 67 - Construção abandonada na poligonal no terreno. Acervo pessoal, 2017.
Figura 83 – Localização do Espaço educacional e Arte Pomerano. Elaborado pela autora, 2018.
Figura 68 – Perfil topográfico AA’ da região de implantação do projeto. Disponível em: Google Earth e modificado pela autora, 2018.
Figura 84 – Fachada do Espaço Educacional e Arte Pomerano. Elaborado pela autora, 2018.
Figura 69 – Perfil topográfico BB’ da região de implantação do projeto. Disponível em: Google Earth e modificado pela autora, 2018. Figura 70 - Estudo de insolação, sombreamento e ventilação pela manhã. Elaborado pela autora, 2017 Figura 71 – Setorização. Elaborado pela autora, 2018.
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Figura 76 – Corte Esquemático. Elaborado pela autora, 2018.
Figura 85 – Planta baixa do subsolo - Gerenciamento de acervo. Elaborado pela autora, 2018. Figura 86 – Planta Baixa do primeiro pavimento do Espaço educacional e Arte – Museu e Espaço educacional. Elaborado pela autora, 2018. Figura 87 – Vista Interior do Museu. Elaborado pela autora, 2018.
Figura 72 – Complexo completo do CICAP. Elaborado pela autora, 2018.
Figura 88 – Planta Baixa do segundo pavimento Biblioteca / exposição / administrativo. Elaborado pela autora, 2018.
Figura 73 – Fachada do CICAP. Elaborado pela autora, 2018.
Figura 89 – Vista Interior da Biblioteca. Elaborado pela autora, 2018.
Figura 74 – Estudo de cores proposto. Elaborado pela autora, 2018.
Figura 90 – Localização do Café Colonial no Complexo. Elaborado pela autora, 2018.
Figura 75 – Mapa de Implantação. Elaborado pela autora, 2018.
Figura 91 – Planta Baixa do Café Colonial do CICAP. Elaborado pela autora, 2018.
centro de informação da cultura e arte pomerana
Figura 92 – Vista externa do Café Colonial. Elaborado pela autora, 2018. Figura 93 – Localização do Restaurante no Complexo. Elaborado pela autora, 2018. Figura 94 – Planta Baixa subsolo restaurante do CICAP. Elaborado pela autora, 2018. Figura 95 – Planta Baixa primeiro pavimento do restaurante. Elaborado pela autora, 2018. Figura 96 – Vista interna do restaurante do CICAP. Elaborado pela autora, 2018. Figura 97 – Vista externa do espaço de mesas do restaurante do CICAP. Elaborado pela autora, 2018 Figura 98 – Localização do Deck-mirante no CICAP. Elaborado pela autora, 2018. Figura 99 – Planta Baixa do Deck/mirante do CICAP. Elaborado pela autora, 2018. Figura 100 – Vista do Deck/mirante do CICAP. Elaborado pela autora, 2018. Figura 101 – Vista externa do pátio de apresentações culturais do CICAP. Elaborado pela autora, 2018. Figura 102 – Planta Baixa do bicicletário do CICAP. Elaborado pela autora, 2018. Figura 103 – Vista aérea da cobertura do CICAP. Elaborado pela autora, 2018. Figura 104 – Mapa esquemático do Paisagismo. Elaborado pela autora, 2018. Figura 105 – Vista geral do paisagismo do CICAP. Elaborado pela autora, 2018.
LISTA DE ELEMENTOS DE COMPOSIÇÃO:
Capa: CICAP (Centro de Informação da Cultura e Arte Pomerana). Elaborado pela autora, 2018. Pág. 1: Brasão Pomerano. Disponível em: <https:// de.wikipedia.org/wiki/Datei:POL_wojew%C3%B3dztwo_zachodniopomorskie_COA.svg>. Acessado em 20/08/2017. Pág. 2 e 3: Antigo mapa da Pomerânia. Disponível em: <https://www.flickr.com/photos/94791180@ N06/32839689215/>. Acessado em 20/08/2017. Pág. 8 e 9: Família em Frente de sua casa. Foto do Livro: Pommerland, Saga Pomerana no Espírito Santo, 2012, de Ervin Kerckhoff. Pág. 18: Casal de pomeranos com seu filho. Foto do Livro: Pommerland, Saga Pomerana no Espírito Santo, 2012, de Ervin Kerckhoff. Pág. 22: Casa Pomerana. Foto do Livro: Pommerland, Saga Pomerana no Espírito Santo, 2012, de Ervin Kerckhoff. Pág. 30: Expulsão do povo da Pomerânia oriental. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/ wiki/File:Bundesarchiv_Bild_146-1985-021-09,_ Fl%C3%BCchtlinge.jpg>. Acessado em 26/09/2017. Pág. 42: Família em frente sua casa nova. Foto do Livro: Pommerland, Saga Pomerana no Espírito Santo, 2012, de Ervin Kerckhoff. Pág. 43: Esquadrias da Casa Pomerana da Família Berger em Santa Maria de Jetibá. Acervo pessoal, 2017.
Figura 107 – Vista do paisagismo próximo a casa pomerana. Elaborado pela autora, 2018.
Pág. 54: Paiol de taipa de sopapo com um forno de tijolo. Disponível em:< https://ape.es.gov.br/Not%C3%ADcia/fotos-doadas-ao-apees-registram-cotidiano-de-familias-pomeranas>. Acessado em 23/04/2018.
Figura 108 – Fachada frontal do Centro de Informação da Cultura e Arte Pomerana. Elaborado pela autora, 2018.
Pág. 55: Estudos de caso Japan House, o Centro Cultural Jean Mari Tjbaou e o Centro de Visitantes Stonehenge.
Figura 106 – Vista do paisagismo em frente ao playground do CICAP. Elaborado pela autora, 2018.
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Pág. 55: Acesso da Japan House. Pág. 61: Centro Cultural Jean Mari Tjbaou Pág. 66: Circulação do Centro de Visitantes Stonehenge. Pág. 72: Casa Pomerana existente nos dias atuais. Disponível em:< http://mapacultural.es.gov.br/ agente/22654/>. Acessado em 23/04/2018. Pág. 78: Casa pomerana da família Berger. Acervo pessoal, 2017. Pág. 112: Vista lateral do Centro de Informação da Cultura e Arte Pomerana. Elaborado pela autora, 2018. Pág. 129: Brasão Pomerano. Disponível em: <https://de.wikipedia.org/wiki/Datei:POL_wojew%C3%B3dztwo_zachodniopomorskie_COA.svg>. Acessado em 20/08/2017. Pág. 130 e 131: Antigo mapa da Pomerânia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Pomer%C3%A2nia>. Acessado em 21/08/2017.
LISTA DE ANEXOS:
Anexo 1: Planta baixa da casa pomerana da Família Berger; Anexo 2: Planta baixa de implantação CICAP; Anexo 3: Espaço educacional de cultura e arte; Anexo 4: Espaço gastronômico.
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