Retrospectiva da disciplina

Retrospectiva da disciplina: Psicopedagogia comunitĂĄria, violĂŞncia e sociedade 2015

Maria Isabel Maldonado Guimar達es 2015

(IMAGEM: REGISTRO REFLEXIVO, colaboração da aluna Patrícia)

Iniciamos no I semestre de 2015 em maio, com muitas expectativas e um enorme desafio: como tornar os encontros menos pesados, em se tratando de um tema denso e tenso, e que traz à tona muitos sentimentos que denotam aquilo que vivemos, ou não, mas certamente presenciamos e nos implicamos com a dor do outro.

VIOLÊNCIA: é tudo aquilo que fere (Galtung), que deixa marcas nas pessoas. Para o grupo a palavra trouxe os seguintes sentimentos: medo, desrespeito, dor, tristeza, insegurança, fragilidade, injustiça, impotência, silêncio, omissão, exclusão, abandono, medo. Marca de SER HUMANO.

Gradativamente fomos nos conhecendo, estabelecemos um contrato didático, compartilhei o programa com os temas de cada aula, pois avaliei ser necessário fortalecer uma concepção teórica sobre o tema abordado, bem como revisitar alguns conceitos e elaborar outros, para que na atuação futura profissional, as escolhas pelas ações e instrumentos a serem utilizados no tocante ao trabalho com a violência no âmbito comunitário institucional fossem pautadas em um arcabouço teórico que trouxesse solidez nos projetos a serem desenvolvidos.

Instrumentalizar

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Em cada aula solicitei que um aluno realizasse um registro sobre o tema da aula que estarão nos entremeios desse registro e dessa forma construir um panorama daquilo que ficou de mais significativo em cada aula para cada um.

Afinal somos ÚNICOS e durante nosso processo de aprendizagem aquilo que fica de mais significativo para cada um também é ÚNICO, pois a construção do conhecimento é individual e a metacognição vem comprovar a ação do nosso cérebro diante de cada novo objeto de conhecimento. Assim acredito, e a cada aula dada tenho mais certeza disso.

Elaine nos diz da....

Violência na escola da escola e contra escola a desvalorização profissional do professor a ação de grupos externos à escola, violência da escola violência simbólica na perspectiva de Boudieu

PONTO DE REFLEXÃO • Qual a importância de um projeto institucional, que vise a prevenção da violência no contexto escolar e sua relação com os processos de proteção, dentro da abordagem da psicopedagogia comunitária?

• Construção de vinculo, respeito pelo outro não pelo que é, mais por ser seu semelhante

Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada [...]. Dizem-nos que de nós emana o poder, mas sempre o temos contra nós. Dizem-nos que é preciso defender nossos lares, mas se nos rebelamos contra a opressão é sobre nós que marcham os soldados. E por temor eu me calo, por temor aceito a condição de falso democrata e rotulo meus gestos com a palavra liberdade, procurando, num sorriso, esconder minha dor diante de meus superiores. Mas dentro de mim, com a potência de um milhão de vozes, o coração grita - MENTIRA! Eduardo Alves da Costa.

Vanessa nos brinda com um lindo vĂ­deo que utilizou com sua turma de fundamental I, para trabalhar Direitos Humanos. De olho no link: https://www.youtube.com/watch?v=pJ5LjmO9FZ8

Patrícia Acsa contribui com seu registro logo de inicio: Essas duas imagens falam muito comigo, tenho uma amiga que faz missão e ela foi até o Haiti, a imagem do templo (1) onde as crianças são sacrificadas mostra que elas não tem ao menos a chance de viver, de lutar por um mundo melhor, mais justo.

A outra imagem é de uma criança triste (2) que perdeu sua família durante um bombardeio, pra mim isso é sem dúvida uma violência, pois é direito do homem de ter uma vida digna.

Para refletir acho que por mais que a vida esteja difícil, ainda há tempo de lutar por um mundo mais justo.

A igualdade tem que existir...

Beijos.

Templo (1)

Crianรงa triste (2)

Andreia realiza seu registro daquilo que marcou sua aprendizagem na aula sobre conceito e tipologia de violência, com imagens interessantes. E também ressalta a importância da observação e do olhar atento do psicopedagogo frente à situações de violência no âmbito institucional / clínico. Flávio complementa a aula com um vídeo sobre observação e traz um desafio para o grupo.

No dia 18/08/2015, recebemos a visita da Viviane socióloga, com experiência como educadora e coordenadora social, o melhor momento da disciplina segundo avaliação do grupo, pois permitiu ampliar o olhar, tirar dúvidas além de um enriquecimento enorme com a experiência prática trazida pela Viviane no projeto “Meninos e Meninas de Rua”. Neste dia os pontos importantes foram:

•Todo ato de violência/abuso, para ser detectado necessita de escuta atenta e muita sensibilidade.

•Toda denúncia pode ser anônima.

•Família: quebrar o conceito, mudar o paradigma.

•Importância do Estudo de Caso: discussão por equipe multidisciplinar.

•CRAMI: CRAMI – Centro Regional de Atendimento aos Maus-tratos na Infância.

•Conselho Tutelar: sua atuação na rede de proteção integral.

•Respeitar a cultura familiar.

•Manter o foco no trabalho com a criança.

•Omissão da instituição (do responsável): finge que não vê o problema, pois sabe que vai dar trabalho.

•Experiências e Casos que foram compartilhados entre o grupo.

Após esse dia foi elaborado um projeto no qual o grupo tinha um caso muito interessante, que poderia ter melhores desdobramentos nas etapas. Foi utilizada conforme combinado metade da aula para tal elaboração em grupo, envolvendo toda a turma. Foi avaliado que teria tido melhor resultado se tivesse sido elaborado em duplas ou trios. Eu pensei talvez o mesmo caso, com etapas e objetivos distintos em duplas, para posterior socialização em seminário, após a avaliação do grupo.

A avaliação individual com questões reflexivas foi um ponto positivo avaliado pelo grupo. Na leitura ficou explícito o quanto de aprendizagens significativas cada um construiu, nesse percurso. Fiquei emocionada e muito feliz enquanto lia, pois pude perceber o percurso de aprendizagem de cada um e suas elaborações reflexivas pessoais.

Finalizo agradecendo novamente a oportunidade de aprender com cada um de vocês algo único e que levarei comigo na minha trajetória profissional de professora. Deixo um poema de João Cabral de Melo Neto, que para mim traduz o desafio de tratar dos temas Violência e Direitos Humanos, na sociedade em que vivemos, marcada pela desigualdade e por tanta injustiça.

A educação pela pedra Uma educação pela pedra: por lições; para aprender da pedra, frequentá-la; captar sua voz inenfática, impessoal (pela de dicção ela começa as aulas).

A lição de moral, sua resistência fria ao que flui e a fluir, a ser maleada; a de economia, seu adensar-se compacta:

lições de pedra (de fora para dentro, cartilha muda), para quem soletrá-la.

Outra educação pela pedra: no Sertão (de dentro para fora, e pré-didática).

No Sertão a pedra não sabe lecionar, e se lecionasse não ensinaria nada; lá não se aprende a pedra: lá a pedra, uma pedra de nascença, entranha a alma.

João Cabral de Melo Neto