Universidade de Brasília
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
BRASÍLIA TORRE HOTEL A REVITALIZAÇÃO e reestruturação de um hotel abandonado
ALUNA: LUÍSA COUTINHO PUNTEL PROFESSOR ORIENTADOR: CAIO FREDERICO E SILVA 02 DE DEZEMBRO, 2015
AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, o Professor Caio Silva, por ser estar constantemente me incentivando e compartilhando seus conhecimentos de maneira engrandecedora; Aos membros da banca, o Professor Daniel Sant’Ana, e a Professora Cláudia Amorim, que contribuíram com comentários construtivos para a evolução e aperfeiçoamento do trabalho; além de terem me auxiliado a perceber que mudanças podem significar um novo caminho de realizações e satisfação; À minha família, pelo apoio, suporte, carinho e paciência; Ao meu namorado e amigo, Guilherme Sampaio que me apoiou com profunda compreensão em todos os momentos; A Deus, sempre presente acompanhando meus caminhos e me suprindo de forças e fé.
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resumo O projeto do Brasília Torre Hotel consiste na revitalização e reestruturação de um hotel
dinamicidade de perfis atendidos nessa quadra e proporcionando que mais
abandonado em Brasília, o Torre Palace Hotel. Desocupado desde Agosto de 2014,
pessoas usufruam de uma região tão privilegiada densificando-a.
atualmente o edifício está bastante depredado e virou ponto para usuários de drogas
2. A adição de uma construção anexa à sobreloja da torre, a lâmina de
e moradores de rua, prejudicando o meio urbano em que se insere pela violência,
embasamento, a qual oferece uma galeria de alimentação acessível e bares
insalubridade e aparência degradada.
voltados tanto para o público interno do hotel, quanto para o externo, suprindo
De maneira a evitar a geração de toneladas de resíduos causados pela demolição e aproveitar o potencial de matéria já incorporada, optou-se por utilizar a estrutura existente para o desenvolver o projeto, integrando novos anexos ao conjunto já edificado.
a carência de atividades apontadas pelos próprios usuários do setor. 3. A relocação do estacionamento térreo para o subsolo de maneira a liberar o solo para pedestres, configurando um espaço público agradável com paisagismo, mobiliário urbano, e paginação de piso indicativa gerada a partir de um estudo de fluxos de pessoas pela Quadra.
Para a definição de premissas do projeto, foi realizada uma pesquisa com levantamentos dos edifícios do entorno e entrevistas com usuários para detectar carências de usos no entorno do edifício, a Quadra 4 do Setor Hoteleiro Norte. Após
Em busca do menor impacto gerado ao meio ambiente, a envoltória da edificação
essa análise foi constatado que os hotéis presentes na área são praticamente todos
foi projetada de acordo com a análise bioclimática local e situação de cada fachada.
voltados para alto padrão, e que há monotonicidade de usos com escassez de opções
Sendo assim, materiais e estratégias foram aplicados ao projeto para evitar o alto
para alimentação acessível e atividades de lazer noturnas.
consumo de energia e de água considerando o conforto do usuário.
Sendo assim, o projeto se configura em três vertentes:
Buscando avaliar as soluções aplicadas, o projeto foi submetido ao cálculo de
1. A reforma e revitalização da torre hoteleira já construída reestruturando as instalações existentes para adaptação à nova proposta de hotel econômico
etiquetagem do Procel Edifica, atingindo como resultando de classificação a etiqueta “A”, representando o menor índice de consumo dentro da escala de classificações.
inclusive com alguns pavimentos de quartos de albergue, visando a
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ABSTRACT Brasília Torre Hotel project’s consists in the revitalization and restructuring of an abandoned hotel in Brasilia, Torre Palace Hotel. Vacant since August 2014, currently the
dynamics of profiles in the area and providing more people to enjoy this privileged region by it’s densification.
building is vandalized and turned into a spot for drug users and homeless people, damaging the urban environment in which it operates because of the increasing
2. Addition of a building attached to the tower mezzanine floor, the blade basis, which
violence, insalubrity and degraded appearance. In order to prevent tons of waste generation caused by demolition and harness the potential of already incorporated matter, it was decided to use the existing structure to develop the project, integrating new annexes to the set already built.
offers an affordable food gallery and bars for both hotel public and external public, supplying the lack of activities pointed out by the sector’s users. 3. Relocation of ground parking underground in order to release the solo for pedestrian, setting a nice public space with landscaping, street furniture, and indicative floor paging generated from a study of flows of people crossing the area.
For the definition of project assumptions, a research was held to raise informations about the surroundings by sitevisits and interviews, detecting shortage of functions in the área. Following this analisys it was found that the existing hotels in the area are almost all geared to high standard, and that there is monotonicity of uses and lack of options for affordable food and evening leisure activities. Therefore, the project is configured in three pillars: 1. reform and revitalization of the hotel tower built by restructuring the existing plant to meet the proposed economic hotel including some hostel rooms floors, targeting the
In search of lower impact caused to the environment, the envelope of the building was designed according to the local bioclimatic analysis and situation of each facade. Thus, materials and strategies were applied to the design to avoid high consumption of energy and water considering the user comfort. Seeking to evaluate the implemented solutions, the project was submitted to the Procel Build labeling calculation, reaching classification labeled "A", representing the lowest consumption rate in the ratings scale.
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8
Sumário I.
Introdução ........................................................................................................................................................................................................................................................................................11
II.
Reforma x demolição ......................................................................................................................................................................................................................................................................15
III.
Edifícios abandonados: um problema urbano .........................................................................................................................................................................................................................23
IV.
Torre palace hotel: história ...........................................................................................................................................................................................................................................................27
V.
Torre palace hotel: o projeto atual .............................................................................................................................................................................................................................................31
VI.
Legislação e terreno .....................................................................................................................................................................................................................................................................43
VII.
Estudo de casos: edifícios abandonados ..................................................................................................................................................................................................................................51
VIII.
Estudo de casos: hotéis ................................................................................................................................................................................................................................................................59
IX.
Planejamento e Programa de necessidades ............................................................................................................................................................................................................................71
X. Brasília torre hotel - o projeto ..........................................................................................................................................................................................................................................................81 XI.
Desenhos técnicos......................................................................................................................................................................................................................................................................125
XII.
Referências bibliográficas .........................................................................................................................................................................................................................................................151
ANEXO I - Mídia ....................................................................................................................................................................................................................................................................................155 ANEXO II - Croquis ................................................................................................................................................................................................................................................................................159 ANEXO III - Memória de cálculo para etiquetagem ........................................................................................................................................................................................................................175
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10
I. Introdução Devido a inúmeros fatores como o descaso com a
Além da problemática causada para todo o espaço
O hotel Torre Palace, localizado em uma das áreas mais
manutenção, a falência de um proprietário, desastres
público e privado circundante, o abandono de um
nobres e centrais de Brasília é um exemplo de edifício
naturais, e guerras; muitos edifícios no meio urbano são
edifício é um exemplo de desperdício do grande
abandonado que vem trazendo problemas para o
abandonados
potencial de utilização do meio urbano já edificado.
meio urbano e desvalorizando o entorno e edificações
esquecidos, resultando em problemas que afetam o
Terrenos
cidades
vizinhas. Abandonado completamente desde agosto
meio urbano ao seu redor, desvalorizando a área e
possuem um enorme valor para uso, já que são áreas
de 2014, ele se encontra vandalizado e um paradeiro
sendo
normalmente densas,
de usuários de drogas.
um
por
anos
agravante
e
para
tornam-se
a
lugares
criminalidade
decadência local.
e
com
localizações
centrais
em
as quais são regadas da
infraestrutura necessária para a vida urbana, como transporte, diversidade de usos, proximidade com outras atividades, entre outros.
Figura 2: Localização Torre Palace Autoria própria
Figura 1: Fachada do Torre Palace abandonado Autoria própria
11
O presente trabalho visa à elaboração de um projeto
conjunto
de reforma intensa e revitalização do hotel vigente,
existentes.
buscando
solucionar
um
problema
cíclico
que
constantemente ocorre em cidades – o abandono de
de
maneira
a
complementar
os
usos
proposta de usos voltados tanto ao público do hotel
- Reformar o edifício existente com adições de
área e vice-versa. Este projeto tem como objetivo a
anexos e novos fluxos para melhor funcionamento e
proposta
adequação às normas;
localização
utilização privilegiada
do
potencial
possui,
que
esta
aproveitando
quanto ao público externo para a dinamização da
Sendo assim, o projeto proposto consiste em:
edifícios no centro urbano e a desvalorização desta de
- Construir de uma lâmina de embasamento com a
área; - Aproveitar o espaço público imediato com um ambiente para uso e fruição de pessoas, evitando a priorização do carro e seus estacionamentos.
a
estrutura do hotel já existente e adicionando anexos ao
1
12
REVITALIZAÇÃO E REFORMA DA TORRE
2
PROPOSTA DE EMBASAMENTO
3
Espaço público tratado para pedestres
ESTUDOS PRELIMINARES
13
14
II. Reforma x demolição BROWNFIELDS X GREENFIELDS Com o crescimento populacional e a necessidade de
impermeabilização
sua
perímetro de acordo com o contexto socioeconômico
expansão, o que muitas vezes ocorre é o constante
penetração e retorno ao lençol freático, poluição
em que viviam. Com isso, muitas acabaram se juntando
aumento
gradual do ar, e danos à fauna e flora local.
e formando grandes conurbações, como por exemplo,
do
perímetro
da
cidade,
resultando
consequentemente no aumento da pegada ecológica e redução de áreas verdes e virgens – chamadas
greenfields– horizontal.
devido O
à
resultado
construção é
o
expansiva
e
desmatamento,
do
solo
dificultando
Dados da NYU Stern Urbanization Project mostram a
o ABC Paulista.
evolução da expansão urbana de várias cidades no mundo, que foram crescendo e aumentando seu
15
Figura 5: Los Angeles Expansão Urbana 1940 x 2000
Figura 5: Paris – Expansão urbana 1900 x 2000
Figura 5: São Paulo – Expansão urbana 1940 x 2000 Fonte: NYU Stern Urbanization Project
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Porém, atualmente são notórios os “efeitos colaterais”
veículos para transporte. Além disso, muitas vezes, as
causa o fluxo unilateral de pessoas seguido do trânsito
do crescimento urbano horizontal, que traz problemas
regiões
intenso de veículos e áreas de uso somente noturno e
de longas distâncias, engarrafamentos diários, redução
habitacionais para aqueles que não podem pagar os
da qualidade de vida, e excessiva emissão de gases
preços do centro da cidade, mas que dependem dela
agravantes ao efeito estufa devido à dependência dos
para o trabalho e atividades básicas diárias, o que
Figura 7: Fluxo unilateral - EPTG Fonte: 25/07/2015
http://www.correiobraziliense.com.br/,
periféricas
das
cidades
abrigam
Figura 6: Engarrafamento em Brasília – Eixo Monumental
áreas
sem movimentação durante o dia.
Figura 8: Fluxo unilateral - Estrutural Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/, 25/07/2015
Fonte: http://noticias.r7.com/, 25/07/2015
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Em vista da consciência a respeito dos problemas
problemas causados pela horizontalidade do meio
tombado e, com isso, suas escalas. Sendo assim,
causados pela expansão horizontal de meios urbanos,
urbano.
surgiram as diversas cidades satélites espalhadas pelo
muitas cidades do mundo estão evitando ao máximo a construção em áreas fora do perímetro já edificado, e algumas
possuem
até
mesmo
planos
para
a
densificação e aproveitamento dos espaços urbanos já existentes e modificados pelo homem, chamados de
brownfields. Baltimore nos EUA e Roterdã na Holanda1,
”Promover o desenvolvimento de áreas urbanas em harmonia com o ambiente natural e o sistema global de assentamentos é uma das tarefas básicas a serem realizadas para alcançar um mundo urbanizado sustentável.” (UN, 1996).
DF com o intuito de suprir as necessidades de moradia a preços tangíveis, mas a uma distância grande do Plano Piloto na maioria dos casos. Consideradas “cidades-dormitórios”, muitas delas são dependentes dos serviços prestados pelo Plano Piloto, não são supridas de infraestrutura adequada, e em geral seus
são exemplos de cidades que estão investindo nestes
No caso de Brasília, o crescimento horizontal se deu,
moradores têm que percorrer um longo caminho
brownfields para proteger áreas verdes e evitar
principalmente, pela alta demanda por habitação
diariamente até o trabalho, escola, ou outras atividades
acessível, e também ao fato de seu conjunto urbano ser
básicas.
1) Gama
11) Samambaia
2) Taguatinga
12) Santa Maria
3) Brazlandia
13) São Sebastião
4) Sobradinho
14) Recanto das Emas
5) Planaltina
15) Lago Sul
6) Paranoá
16) Riacho Fundo
7) Núcleo
17) Lago Norte
Bandeirante
18) Candangolandia
8) Ceilandia 9) Guará 10) Cruzeiro
Figura 9: Mapa do DF com cidades satélites Autoria própria
Tanto Baltimore quanto Roterdã investiram em políticas de “smart growth”, apostando na densificação de áreas urbanas e preservação de terrenos verdes circundantes. O aumento da 1
18
densidade se deu no aproveitamento de terrenos vazios, revitalização de edifícios decadentes, e aumento de altura de edifícios. Para acompanhar esta progressão de densidade,
investimentos foram realizados nos setores de mobilidade urbana, com diversificação de funções (MARYLAND PLANNING, 2010; GEMEENTE ROTTERDAM, 2012)
Por possuir esse caráter de tombamento, a qual
baixo aproveitamento da capacidade de dinamismo
Para evitar este quadro, o ideal é realizar investimentos
impossibilita a intervenção em escalas e densificação
do centro urbano, e descuido para com as edificações.
na área para melhorar as suas condições e revitalizá-la
do meio, as áreas edificadas do Plano Piloto de Brasília
Dessa maneira, com o passar do tempo, por melhor que
antes do agravamento da situação, porém nem
representam
bastante
sejam suas localizações, algumas áreas vão sendo
sempre isso é possível, e é por isso que cada vez mais,
valorizados, e aproveitados intensamente, já que
desvalorizadas e entram em declínio. Com a adição de
são identificados edifícios abandonados nos grandes
representam o repertório urbano restrito da cidade, na
alguns fatores negativos como a crise econômica, a má
centros de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e,
área mais “cobiçada” do Distrito Federal.
gestão, e falta de interesse de proprietários e
mais recentemente, Brasília, como o caso do hotel Torre
autoridades, a tendência é o quadro de abandono de
Palace no Setor Hoteleiro Norte, o objeto de estudo
edifícios, o que acaba intensificando a depreciação da
deste projeto.
espaços
que
devem
ser
Porém, mesmo sabendo do potencial das áreas edificadas de Brasília, ainda há lugares mal utilizados, espaços públicos desvalorizados e mal projetados,
área, e resultando em um ciclo vicioso de degradação e decadência de uma área.
Figura 11: Torre Palace Hotel antes do abandono Fonte: http://www.brasiladentro.com.br/, 25/07/2015
Figura 10: Torre Palace Hotel depois do abandono Fonte: http://www.brasiladentro.com.br/, 25/07/2015
19
de
cidades densamente povoadas (fornecendo políticas
de diversificação e revitalização deste meio, propondo
infraestrutura e serviços, é muito importante aproveitar
de planejamento para manter espaços verdes). A revitalização de um edifício antigo deve ser na verdade
uma oferta de maiores opções de serviços para a Se há ambientes mal utilizados em uma localização
contribuindo para a atratividade local, valorizando o
parte da revitalização de toda a região para garantir a que a oportunidade de melhoraria do bem-estar seja
espaço público para o benefício da própria cidade.
maximizada.” (UCL, 2014)
meio, e não a expansão horizontal pela construção em
“...Há
outros
Portanto, o desperdício e degradação de um edifício
benefícios através de reformas: a retenção de arranha-
em uma área tão intensa do meio urbano devem ser
céus pode deixar área para mais espaços verdes nas
vetados, e este terreno deve ser utilizado como espaço
Sendo
os
centros
urbanos
áreas
irrigadas
ao máximo o potencial que esta localização apresenta, utilizando este solo da melhor maneira possível e
também
oportunidades
para
criar
cidade e dinamizando de maneira positiva o entorno. central, a prioridade deveria ser a revitalização deste
greenfields, aumentando a pegada ecológica da cidade, e ignorando os espaços “esquecidos”.
REVITALIZAÇÃO DO SETOR Como já citado anteriormente, muitas vezes a área em
intervenção
que um edifício se insere pode ser um dos motivos para
significativamente o meio externo nas questões de
que este entre em declínio. A desvalorização de um
segurança, limpeza, valorização local e estética; mas
meio e a situação precária de um edifício estão
que, se persistirem problemas de acessibilidade,
intimamente ligados, e as condições de uma das
mobilidade, monotonia e precariedade de serviços,
variáveis afeta positivamente ou negativamente a
este
outra. Assim, pode-se dizer que o abandono de um
revitalizado e, com o passar dos anos, irá desvalorizá-lo
edifício foi influenciado pelo seu entorno, e seu entorno
novamente.
será influenciado negativamente pelo abandono desde edifício que, por sua vez, pode afetar outros edifícios da mesma região também.
meio
arquitetônica
continuará
pode
prejudicando
melhorar
o
edifício
esfera econômica e social pela capacidade de gerar a economia e empregos, além da apresentação da diversidade de atividades e serviços prestados. Espaços públicos e acessos bem pensados podem também diariamente a área e até mesmo atrair outras pessoas
abandonado deve vir acompanhado de um estudo de
pelo dinamismo de atividades.
melhoria de seu entorno imediato para que os
ambiente edificado possui relevância significativa não
edifício um dia, não persistam no futuro, ou pelo menos
somente para o terreno de intervenção, como também
que estes sejam minimizados. Desta
forma,
o
projeto
“A indústria do retrofit e da descentralização da energia
oferece oportunidades consideráveis para o local de desenvolvimento e do engajamento da comunidade, onde esta manobra pode levar à regeneração local,
para
este
espaço
problematizado tem o potencial de melhorar outros
Neste caso, é importante observar que o contexto
sujeitos do entorno, propondo novas soluções para
urbano está interligado com o edifício, e que a
dinamizar a área, como novos serviços, novos acessos,
20
Esta estratégia pode inclusive ser um ponto positivo na
Portanto, um projeto de revitalização de um edifício
problemas que impulsionaram a desvalorização do
próximas.
novos espaços de convívio, e de trabalho.
aumentar a qualidade de vida das pessoas que utilizam
Sendo assim, a revitalização de uma área e um
atinge o meio urbano circundante, e as edificações
novos espaços de fruição dentro e fora do edifício,
com menores custos de energia, geração de renda local e melhoria na confiabilidade.” (UCL, 2014).
De acordo com a Declaração de Amsterdam de 1975,
população constituindo um benefício social importante
diversidade sociocultural, garantindo assim, a sua
a revitalização de edifícios não é necessariamente mais
na política de conservação.
sobrevivência.
Ainda a respeito da Declaração de Amsterdam, as
Sendo assim, a proposta de revitalização do Torre
condições socioculturais, econômicas e históricas
Palace Hotel vai ao encontro de premissas desta
mudam
e
declaração, buscando a manutenção de estruturas
localização. Assim, os edifícios revitalizados devem
urbanas existentes e propondo uma adaptação do
também sofrer mutações de funções se necessário,
edifício antes abandonado com o novo contexto atual,
para adequar-se ao contexto em que se insere,
e colaborando também com a valorização do setor e
promovendo a interpenetração de funções e a
evitando a degradação local.
onerosa do que a demolição e construção de outro edifício, e defende que o reuso de edificações deve ser incentivado por políticas e diretrizes de planejamento locais, buscando evitar demolições contribuindo para a economia financeira e energética e auxiliando na luta contra
o
desperdício
de
materiais.
Além disso, a reabilitação de espaços já construídos contribui para a preservação de terras agrícolas
de
acordo
com
sua
temporalidade
evitando a sua invasão e atenua os deslocamentos da
RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E MATÉRIA INCORPORADA Certamente hoje em dia é possível construir estruturas
energia para montá-los quando foram construídos, mas
de evitar estes impactos negativos.” (National Trust for
extraordinariamente eficientes em termos de energia.
o trabalho já foi feito, e os materiais já estão em vigor.
Historic Preservation, 2008)
Se um edifício for demolido para abrir caminho para um
Ao desconsiderar um edifício existente e impor a
novo super eficiente, não só são adicionadas centenas
construção de um novo é necessária energia para
de milhares de toneladas de detritos para o aterro, mas
demolir a estrutura existente do terreno, transportar os
também é desperdiçada toda a energia incorporada
resíduos do edifício original para um aterro, extrair
daquele empreendimento, que é a energia total
matérias-primas, fabricar materiais de construção, e
necessária
transportá-los para o local de construção, além de sua
Uma vez construídos estes edifícios reciclam a água, possuem telhados verdes, mantém a temperatura interna moderada, e são net-zero (não necessitam de energia da rede elétrica). Ou seja, novas construções que se preocupam com a eficiência energética requerem quase nenhuma emissão de carbono para operar em uma base anual.
eles ainda precisam de matérias-primas (madeira, gesso,
pintura,
vidro,
a
extração,
processamento,
fabricação e fornecimento de materiais de construção
Porém, por mais eficientes que esses edifícios sejam, metal,
para
etc.),
para
serem
construídos. E essas matérias-primas precisam ser processadas, enviadas, embaladas, entregues no local e montadas, o que requer muitos recursos e energia. É por isso a preservação e revitalização de edifícios antigos é uma opção mais sustentável, já que estes necessitaram da mesma lista enorme de recursos e
para o local da construção.
instalação e montagem no local. De acordo com um estudo desenvolvido pelo National
“A percepção comum é que edifícios históricos são
Trust for Historic Preservation, foi constatado que um
peneiras de energia, e que os custos ambientais de demolição e construção nova são compensados pela
edifício existente de aproximadamente 46.000m²,
energia economizada pela operação de mais edifícios
(o equivalente a 640 mil galões de gasolina). A
energeticamente eficientes. Porém, pesquisas revelam que existem grandes impactos ambientais associados à
demolição de tal edifício resultaria em 4.000 toneladas
demolição e novas construções. Reutilizar e reinvestir em edifícios antigos e bairros históricos oferece um meio
representa 80 milhões de BTUs de energia incorporada
de resíduos. Se apenas 40% dos materiais forem conservados e utilizados em um novo edifício, levaria 65 anos para que
21
este recuperasse a energia incorporada perdida,
Um estudo realizado pela UCL em 2014 atesta que 35%
evitada, a emissão de carbono é reduzida, assim como
considerando que ele seja construído com sistemas
do lixo produzido na Grã-Bretanha é advindo do setor
os impactos ambientais e sociais associados ao
eficientes e buscando o menor consumo possível
da construção civil e demolição. E é concluído que a
transporte, uso de aterro sanitário e manufatura de
durante
reforma de edifícios existentes é a melhor maneira de
novos materiais (UCL, 2014).
sua
vida-útil
(National
Trust
for
Historic
Preservation, 2007).
reduzir estes resíduos gerados, já que a demolição é
APROVEITAMENTO DA ESTRUTURA A construção da estrutura de um edifício demanda
embalagem, transporte e montagem. Este processo,
Esta restauração e reforma necessária, muitas vezes
uma enorme quantidade de materiais, tempo, energia
assim como já citado anteriormente, é responsável pela
demandam tempo e bastante planejamento, o que
e dinheiro. Dependendo do edifício, a fundação de um
liberação de enormes quantidades de CO2 na
pode
edifício pode variar de 3 a 7% do orçamento total de
atmosfera, assim como a extração de materiais da
cogitarão a demolição e reconstrução pela facilidade
uma obra, e a estrutura de concreto armado, de 15 a
natureza e degradação do meio ambiente.
de projetos. Porém, deve-se considerar também que
30%. Escavações e preparação de terreno podem variar de 1 a 3% do orçamento. Isso quer dizer que a parte de construção da obra de erguer o “esqueleto” de um edifício pode ser responsável por 19 a 40% dos
Assim, mesmo que a revitalização de um edifício dependa de reformas e mudanças de revestimentos e layouts para a adequação de novos usos, a reutilização
desencorajar
alguns
investidores,
os
quais
após a demolição de um edifício, gasta-se bastante tempo para a limpeza do terreno, preparação do solo, e construção da nova estrutura.
de seu conjunto estrutural e vedações resulta em uma
Neste caso, a reutilização de um edifício seria uma
economia
e
proposta viável e tangível nas questões econômicas e
Além dos custos econômicos da construção da
ambientais. Portanto, dependendo das condições
temporais, e indubitavelmente, uma opção mais
estrutura do edifício, há custos ambientais com a
estruturais
adequada
extração da matéria prima, produção do produto,
restauração e reutilização do conjunto estrutural.
custos de uma obra2.
Valores extraídos da Revista Arquitetura e Construção e outras fontes da web 2
22
significativa do
edifício,
em vale
termos a
financeiros
pena
investir
na
para
reduzir
os
causados pela construção civil.
impactos
ambientais
III. Edifícios abandonados: um problema urbano O meio urbano é um espaço que sofre influências da
Existem ainda, outros eventos que podem provocar o
o edifício esquecido, o qual passa a ser pichado,
situação econômica, social, histórica, e religiosa de
abandono de um edifício. Desastres naturais ou guerras
quebrado, e degradado pelas forças da natureza e do
onde se insere; pode ser praticamente comparado
são
homem.
com um organismo vivo, o qual se molda de acordo
parcialmente obras a ponto de estas serem fechadas e
com o cenário que se instala. Sendo assim, muitos
interditadas por anos, até serem revitalizadas ou até
edifícios e áreas sofrem a ação do tempo e são
demolidas para dar espaço para outros prédios.
marcadas por momentos de altos e baixos, os quais
exemplos
de
sinistros
que
podem
destruir
Infelizmente, quanto mais o tempo passa, mais as edificações vão sofrendo a ação do tempo e, se não forem feitos os devidos investimentos e renovações de
Os fatores que interferem para a não utilização de um
materiais e sistemas, muitos vão ficando desgastados e
meio edificado são diversos e variam de acordo com
obsoletos. Portanto, a tendência é que seja constante a
cada caso. Porém, esta situação de abandono causa
manutenção e os cuidados de espaços para evitar à
Este abandono pode ser causado por uma série de
efeitos comuns em diferentes localizações, como a
degradação, caso contrário, a presença de edifícios
fatores. Um dos mais comuns é a falência da empresa
degradação
abandonados será cada vez mais comum no meio
responsável pela gerência do edifício, causada por
moradores de rua, furtos de materiais e esquadrias e
uma crise na economia, erros de gestão, falta de
etc. Toda essa situação acaba tornando o antigo
investimento necessário, ou até a localização do
edifício e seu entorno e uma área inóspita, onde os
edifício. Muitas vezes, um edifício de difícil acesso, fora
valores estéticos são esquecidos, e a sensação de
Atualmente, o Torre Palace Hotel se encontra em
da rota de pessoas, ou em lugares inseguros, precisa de
insegurança cresce constantemente.
péssimas condições, ferindo todo o meio urbano no
muitas vezes ocasionam na decadência brusca de um espaço e abandono de um edifício.
atrativos
fortes
para
manter
as
suas
atividades
lucrativas.
acelerada,
vandalismo,
invasão
de
Assim, o meio em que este edifício se insere acaba sendo desvalorizado cada vez mais, o que acaba
Outro motivo para o abandono pode ser a idade e
dificultando a situação de edifícios vizinhos e pode ser
conservação dos edifícios. Se não forem realizadas
inclusive a causa da falência de mais um edifício,
manutenções periódicas e renovações de sistemas em
gerando uma reação em cadeia,
edifícios antigos, estes vão se deteriorando com o passar do tempo, e passam a perder mercado para edifícios
construídos
preservados,
com
recentemente acabamentos
conservados e sistemas eficientes.
ou e
bem
materiais
urbano.
qual está inserido. Foi objeto de furtos e invasões, está extremamente quebradas,
pichado,
muitos
com
todas
revestimentos
e
as
janelas
aparelhos
hidrossanitários danificados ou retirados, e se tornou um ambiente de uso de drogas, principalmente o crack, seguido do aumento expressivo de violência no local e
No caso do Torre Palace Hotel, por falta de interesse ou
sensação de insegurança de hóspedes de hotéis
de capacidade de investimentos do proprietário ou até
vizinhos, transeuntes, trabalhadores e taxistas. Por se
do governo, este novo “calo” da cidade passa a ser
configurar como um problema para a cidade, o caso
ignorado por anos. Porém, o que não são ignorados são
já saiu diversas vezes nos noticiários (Anexo I) e, ainda
os problemas inegáveis causados ao meio em se insere
assim, nenhuma atitude é tomada.
23
Figura 12: Imagens do Torre Palace Hotel abandonado Porém, é possível reverter esta situação, como já foi
anteriormente, a decadência de uma área urbana é
Sendo
feito em diversas cidades do mundo, realizando
afetada
o
revitalização e reconstrução do hotel atualmente
intervenções nas edificações, adicionando novos usos,
circundam
estão
abandonado no coração da capital do Brasil, o Torre
revitalizando sua função e aparência, e trabalhando
conectados e impulsionam o sucesso ou fracasso do
Palace Hotel, buscando o aproveitamento do potencial
conjuntamente com seu entorno para tornar o espaço
outro. Por isso, é importante observar que a intervenção
de uma área tão valorizada e o avigoramento do seu
mais convidativo e atraente. Nos casos bem sucedidos,
somente na arquitetura de um edifício pode ajudar o
entorno, o Setor Hoteleiro Norte, o qual atualmente
a
edifício
meio em que ele se insere, mas não necessariamente
carece de diversificação de usos e atividades,
abandonado é acompanhada da revitalização de seu
será um caso de sucesso de revitalização se a área for
tratamento paisagístico e mobiliário urbano adequado,
entorno imediato e, muitas vezes, com a sua conexão
de acesso restrito ou demasiadamente degradada.
resultando na baixa atratividade local que influencia
intervenção
de
revitalização
de
um
com o restante da cidade. Assim como já citado
24
pela e
decadência vice-versa,
dos
ou
edifícios
seja,
ambos
que
assim,
aqui
é
proposto
um
estudo
diretamente na valorização do terreno do hotel.
de
TORRE PALACE HOTEL-– O EDIFÍCIO ATUAL
25
26
IV. Torre palace hotel: história O Torre Palace Hotel foi o primeiro hotel de grande
construção
foi
concluída
em
1973,
quando
foi
Juscelino Kubitschek para empreender em Brasília, o
porte da Asa Norte, e se destacava no Setor Hoteleiro
inaugurado e deu espaço para a estadia de pessoas de
hotel serviu durante anos como chamariz de políticos e
Norte em meio à terra batida e aos lotes vazios. O seu
prestígio da época que visitavam Brasília. Fruto do
celebridades.
projeto inicial foi em realizado em 1970, mas a sua
trabalho do libanês Jibran El-Hadj, convidado por
Figura 13: Torre Plaza Hotel e entorno edificado dos dias atuais
Figura 14: Construção do Torre Palace Hotel em 1973, pioneiro do Setor Hoteleiro Norte.
Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/, 04/08/2015
Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/, 04/08/2015
O hotel funcionou por mais de 40 anos como um dos
Torre Palace foram sendo construídos hotéis mais
considerados de luxo, agora se configuravam como
pontos mais valorizados da cidade e um dos hotéis mais
contemporâneos
padrão intermediário, classificando o hotel com três
conhecidos da capital, mas com o passar dos anos, o
arquitetura deixou de ser o destaque do local, e sem
Setor Hoteleiro Norte foi se desenvolvendo e, ao lado do
modernizações nos quartos, os apartamentos antes
e
de
maior
altura.
Assim,
sua
estrelas.
27
Figura 15 e Figura 16: Torre Palace ainda ativo Fonte: http:// http://www.kayak.com.br/, 04/08/2015
Em 2002 o empreendedor dono do hotel Jibran El-Hadj
(2015) a incorporadora Brookfield alegou que a família
procura pelo hotel diminuiu bastante nos últimos meses.
faleceu e, desde então, o Torre Palace vem sendo
de Jibran interrompeu a venda na metade e não
Os clientes que estão gerando a renda dos hotéis são
administrado pelos herdeiros, assim como restante de
transferiram o imóvel. Mesmo assim, apesar de não
em boa parte moradores fixos, mas muitos deles
seu inventário, que inclui uma construtora, uma
terem permitido a finalização da venda, os herdeiros
também estão abandonando a área e se mudando por
consultoria e um hotel-fazenda em Cocalzinho. Porém,
decidiram pelo fechamento do hotel em maio de 2014,
conta da insegurança. Este quadro preocupante
os 7 novos administradores do hotel acabaram
e ele foi abandonado completamente em agosto de
chama
entrando em desacordo em relação aos rumos do
2014.
constantemente a respeito da insegurança no local e
empreendimento e por fim decidiram vendê-lo.
Completamente desativado, hoje, o antigo Torre
a
atenção
da
mídia,
que
publica
das consequências deste elemento depredado para seu entorno, assim como é exposto no Anexo I deste
O hotel fica às margens do Eixo Monumental e vizinho à
Palace Hotel é habitado por moradores de ruas e
Torre de TV, e por sua localização privilegiada, foi alvo
usuários de drogas. Desde então, o hotel foi sendo
de muitas propostas para compra. Por fim, a família
depredado pouco a pouco por quem entrava no local.
O acesso ao local está livre. Sem portas, janelas ou
aceitou a proposta da incorporadora Brookfield, a qual
Se tornou alvo de invasores, vândalos e ladrões, os quais
barreiras, usuários de drogas e moradores de rua
pretende demolir o edifício e construir um novo em seu
arrancaram
de
adentram o local sem nenhuma dificuldade. Já logo na
lugar assim como foi feito com o Hotel das Nações e o
mármore e granito, pias e até mesmo vasos sanitários.
entrada o cheiro é completamente insuportável. Por
Hotel Alvorada. As negociações resultaram em um
Não restou absolutamente nada, além do esqueleto da
todos os cantos é possível encontrar fezes, entulho,
preço final de mais de R$ 100 milhões, e os planos eram
obra e de seus novos habitantes, que causam medo e
preservativos, restos de drogas e muito lixo. O cenário
que a construção do novo edifício se iniciasse no início
geram insegurança aos hóspedes de hotéis vizinhos.
configura um espaço de completo descaso e de
de 2014, mas até então não há nenhum indício de que isso ocorrerá tão cedo, já que em Fevereiro deste ano
28
portas,
janelas,
vidraças,
pedras
Os gerentes dos hotéis próximos alegam que os hóspedes se sentem inseguros com o vizinho e que a
documento.
insegurança crítica, a qual transcende as paredes do hotel e tocam o meio urbano ao seu redor.
Figura 17: Imagens do Interior do Torre Palace Hotel Abandonado Fonte: http://www.lugaresesquecidos.com.br/, 04/08/2015
29
30
V. Torre palace hotel: o projeto atual O hotel possui sua fachada principal voltada para Sul,
posterior é voltada para Norte, onde se volta para
Leste e Oeste são praticamente cegas com apenas um
de frente para o Eixo Monumental e com uma vista
outros edifícios do Setor Hoteleiro Norte, principalmente
pequeno rasgo central para pequenas aberturas de
fabulosa para a Torre de TV, e toda a esplanada,
o Nobile Suites Monumental, localizado há mais de 30 m
ventilação de serviços.
inclusive os Ministérios e o Congresso. A fachada
do Torre Palace. As fachadas laterais, voltadas para
Figura 18: Orientação Torre Palace Autoria própria (imagem Google Earth)
O Torre Palace Hotel possui dois subsolos e 14 andares,
Para
edifício
os poucos pontos de fragilidade que haviam sido
onde 11 deles são pavimentos de apartamentos, um
abandonado foram realizadas duas visitas no interior do
levantados na visita anterior. Segundo o professor Paul,
deles é o térreo com a recepção, outro é a sobreloja
edifício.
a estrutura está em boas condições, e não haveria
com restaurante e salão para café, e outro é o terraço com piscina. Infelizmente,
verificar
a
situação
estrutural
do
Na primeira visita as vigas, lajes aparentes e pilares foram observados, registrando por meio de fotos as
após
o
seu
fechamento
muito
foi
condições gerais dos acabamentos e estruturas, e
deteriorado, quebrado e roubado, o que exige uma
verificando a existência de armaduras expostas,
reforma intensa para sua reocupação. Por outro lado, a
inflorescências, e outras eventuais patologias.
estrutura do edifício em concreto armado parece não ter sido afetada pela ação dos invasores.
problema
algum
no
seu
reaproveitamento.
Há
situações pontuais que necessitam de reparos, mas nada complexo ou oneroso. A situação atual do edifício
permite
reconstrução
de
vedações
e
acabamentos, mantendo a estrutura e aproveitando a matéria já incorporada.
Já na segunda visita, fui acompanhada de um professor em patologias estruturais, o professor Paul, para verificar
31
Porém, no caso desta reforma de revitalização, o
É importante levantar que esta análise estrutural foi
Por hora, como se trata de um trabalho acadêmico, a
Professor Paul não recomenda que sejam realizados
realizada apenas visualmente e pessoalmente por
observação, a análise visual e o depoimento de um
furos em lajes, para nao comprometer o uso da
toque, e que para a garantia total de estabilidade
professor de engenharia civil foram considerados
estrutura já instalada. Portanto, o ideal seria utilizar os
estrutural seria necessária a apresentação de um laudo
suficientes para o desenvolvimento de atividades.
shafts já existentes para a passagem de instalações, ou
técnico3 a partir de testes e, se necessário, colheita de
a sua passagem externamente à edificação.
corpos de prova para análise, realizado por uma equipe de engenheiros especializados.
Um laudo técnico da integridade estrutural do edifício consiste em uma análise aprofundada da situação das fundações, vigas, lajes e pilares, realizado por engenheiros para verificar se há 3
32
corrosão de armaduras, dentes Geber danificados, fissuras, inflorescências, e outras patologias estruturais.
Havia três elevadores no hotel, porém após o
um elemento importante para o partido da obra uma
para o meio externo, a subida ao edifício causa
esvaziamento do prédio, os elevadores foram retirados,
vez que se sobressai da fachada, está sem seu
vertigem e insegurança.
e os vãos que estes ocupavam agora estão vazios e
fechamento original em vidro, já que todas as
abertos. A escada de emergência em concreto, que é
esquadrias foram furtadas. Assim, sem proteção alguma
33
SUBSOLOS No segundo subsolo há ambientes para a caixa d’água
No primeiro subsolo fica a garagem, a lavaderia, a
subterrânea, bombas, depósito, e o poço do elevador.
caldeira, e salas para equipamentos e instalações.
CAIXA D’ÁGUA INFERIOR A= 36,15m²
BOMBAS A= 6,70m²
RECALQUE A= 4,71m²
POÇO ELEVADOR A= 11,29m²
DEPÓSITO A= 53,85m²
1
34
PLANTA BAIXA – 2º SS ESC.: 1/100
35
TÉRREO
No térreo era localizado o salão de entrada, a recepção, a contabilidade e a gerência do hotel, além de três lojas para comércio.
36
Figura 19: Recepção do Torre Palace antes da desocupação Fonte: http://www.trivago.com.br/, 05/08/2015
SOBRELOJA
Na sobreloja era onde se localizavam a cozinha, o bar, e o salão de café da manhã.
Figura 20: Sobreloja do Torre Palace antes da desocupação Fonte: http://www.trivago.com.br /, 05/08/2015
37
PAVIMENTO TIPO
No pavimento tipo há 15 apartamentos, sendo
quatro
deles
de
canto
com
banheiros um pouco maiores, e outros 11 centrais. Figura 21: Apartamentos do Torre Palace antes da desocupação Fonte: http://www.trivago.com.br/, 05/08/2015
38
COBERTURA
CAIXA D’ÁGUA SUPERIO A= 55,26m²
CASA DE MÁQUINAS A= 78,39m²
TELHADO ETERNIT A= 319,46m²
1
VISTA COBERTURA ESC.: 1/100
39
CORTES
40
LEGISLAÇÃO E TERRENO
41
42
VI. Legislação e terreno
O Setor Hoteleiro Norte se enquadra na escala Gregária
promoção
do Plano Piloto, como parte da zona urbana de
cumprimento de suas funções;
conjunto tombado. Segundo o Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal, o PDOT, esta zona urbana tombada deve seguir as seguintes diretrizes: I – zelar pelo Conjunto Urbanístico de Brasília, bem tombado em âmbito federal e distrital;
de
espaços
adequados
para
o
destaca
IV – promover e consolidar a ocupação urbana, respeitando-se
as
restrições
ambientais,
de
saneamento e de preservação da área tombada; V – preservar as características essenciais das quatro escalas urbanísticas em que se traduz a concepção urbana do conjunto tombado, a monumental, a
II – harmonizar as demandas do desenvolvimento econômico e social e as necessidades da população com a preservação da concepção urbana de Brasília;
residencial, a gregária e a bucólica;
criação
e
espaço
urbano
de
qualidade, para questões de fruição, cultura e turismo, ponto este precário na região do Setor Hoteleiro Norte. No
capítulo
IV
do
PDOT
“Das
Estratégias
de
Ordenamento Territorial”, a Seção II trata de estratégias de revitalização dos conjuntos urbanos, e cita a necessidade de fomento de investimentos para a sustentabilidade a
de qual
sítios
urbanos
deverá
ser
de
interesse
promovida
por
como
indicadas no Anexo II, Mapa 3, Tabela 3D, desta Lei
elemento
de
identificação
na
paisagem,
entorno.
mediante
ao
intervenções prioritárias nas Áreas de Dinamização,
turismo
Paranoá,
atenção
VI – manter o conjunto urbanístico da área tombada assegurando-se a permeabilidade visual com seu
lago
pela
patrimonial,
III – consolidar a vocação de cultura, lazer, esporte e do
Dentre estas diretrizes aqui expostas, o item número III se
Complementar.
43
Tabela 1: Áreas de Revitalização indicadas pelo PDOT Fonte: Lei complementar Nº 803, PDOT
Por esta tabela, é possível visualizar que o Setor Hoteleiro
No artigo 112, o Plano dita algumas ações que devem
O Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de
Norte se enquadra na primeira área urbana indicada
ser tomadas para as áreas de revitalização, no qual é
Brasília, o PPCUB, estabelece o Setor Hoteleiro Norte
para revitalização pelo PDOT, a R1. Neste documento,
indicada a recuperação de áreas degradadas por
como escala Gregária e o enquadra na área de
é indicado que haja a diversificação de usos, a
meio de intervenções integradas no espaço público e
preservação 3 (AP3), conforme o mapa abaixo. Dentro
qualificação de espaços, o tratamento dos espaços de
privado; a revitalização, regularização e renovação de
da AP3, há várias subdivisões, as UP’s, onde o Setor
conflito e a revitalização e renovação de edifícios
edifícios; o incentivo às atividades tradicionais das
Hoteleiro Norte é classificado como UP2.
degradados, como é o caso do Torre Palace Hotel e seu
áreas, além da introdução de novas atividades
entorno.
compatíveis com as tradicionais da área.
44
Figura 23: Divisão de Áreas de Preservação do Plano Piloto segundo PPCUB
Figura 22: Divisão da AP3 em UP's segundo PPCUB
Fonte: PPCUB
Fonte: PPCUB
Figura 24: Localização do Torre Palace Hotel na UP2 Fonte: PPCUB
45
Segundo a Planilha de Parâmetros Urbanísticos e de
caracterizam a função de centro urbano tais como
65-K Seguros, Resseguros, Previdência Complementar e
Preservação da UP2, o valor patrimonial do tecido e
comércio, instituições e serviços em geral, neste caso
Planos de Saúde;
desenho urbano dos Setores Hoteleiros está no seu
usos que caracterizam a predominância da função
66-K Atividades auxiliares dos Serviços Financeiros,
enquadramento de escala Gregária, a qual se
hoteleira.
Seguros, Previdência Complementar e Planos de
caracteriza por espaços mais densos, propícios ao
multifuncionais na base dos edifícios (atividades de
Saúde;
encontro, nos quais são permitidos usos diversificados e
apoio ao uso predominante), voltadas para o exterior e
68-L Atividades Imobiliárias;
onde foi prevista a verticalização da paisagem. Porém,
com acesso público.
69-M Atividades Jurídicas, de Contabilidade e de
o seu rígido zoneamento refletido no nome de seu setor resulta na carência de maior diversificação de usos e atividades. E os espaços abertos como praças e vias têm seu uso e vitalidade comprometidos por desníveis, falta de tratamento paisagístico e de mobiliário urbano adequados, além de sistema viário truncado e iluminação
pública
insuficiente.
A
ausência
de
Deverão
ser
estimulados
os
usos
No térreo e embasamento são permitidas várias atividades complementares à atividade da torre e também para atender o público externo e gear maior dinamicidade de serviços prestados no setor em questão. No PPCUB são listadas as seguintes atividades permitidas no lote tratado do edifício abandonado:
Auditoria; 70-M Atividades de Sedes de Empresas e de Consultoria em Gestão Empresarial; 71-M Serviços de Arquitetura e Engenharia, testes e análises técnicas; 72-M Pesquisa e Desenvolvimento Científico; 73-M Publicidade e Pesquisa de Mercado;
atividades de apoio como bares, cafés, restaurantes
74-M Outras Atividades Profissionais, Científicas e
relacionados ao espaço público são influentes na
Técnicas;
degradação.
77-N Aluguéis não-Imobiliários e Gestão de Ativos
Ainda segundo o PPCUB, esta região da UP2 possui problemas graves relacionados à mobilidade urbana,
Intangíveis não-Financeiros;
COMERCIAL
78-N Seleção, Agenciamento e Locação de Mão-de-
47-G Comércio Varejista
Obra;
ausência de atividades de suporte para a atividade
79-N Agências de Viagens, Operadores Turísticos e
predominante, e falta de identidade no que tange à paisagem urbana. Em relação às características morfológicas da área, a predominância de edifícios se formam por torre sobre embasamento com altura variável de no máximo 65 m, na qual a torre se volta para serviços de hotelaria, e a base pode ter uma ocupação multifuncional.
Lucio Costa em Brasília Revisitada sugere “não insistir na excessiva setorização de usos no centro urbano — aliás, de um modo geral, nas áreas não residenciais da cidade, excetuando o centro cívico. O que o plano propôs foi apenas a predominância de certos usos, como ocorre naturalmente nas cidades espontâneas.” Assim, devem ser reforçados nos setores os usos que
46
Serviços de Reservas;
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
80-N
Atividades
de
Vigilância,
Segurança
e
53-H Correios e Atividades de Entrega;
Investigação;
56-I Alimentação;
81-N Serviços para Edifícios e Atividades Paisagísticas;
58-J Edição e Edição Integrada à Impressão;
82-N Serviços de Escritório, de Apoio Administrativo e
59-J Atividades Cinematográficas, Produção de Vídeos
outros Serviços Prestados principalmente às Empresas;
e de programas de Televisão; Gravação de Som e
85-P Educação;
Edição de Música;
91-R Atividades ligadas ao patrimônio cultural e
60-J Atividades de Rádio e de Televisão;
ambiental;
61-J Telecomunicações;
92-R Atividades de Exploração de Jogos de Azar e
62-J
Atividades
de
Serviços
de
Tecnologia
da
93-R Atividades Esportivas e de Recreação e Lazer;
Informação; 63-J
Atividades
Apostas;
de
Prestação
de
Informação; 64-K Atividades de Serviços Financeiros;
Serviços
de
94-S Atividades de Organizações Associativas;
95-S Reparação e Manutenção de Equipamentos de
ii – a melhoria as condições de acessibilidade aos
acesso aos hotéis, salões de convenções, exposições e
Informática e Comunicação e de Objetos Pessoais e
setores;
auditórios. O pé-direito mínimo permitido é de 3,50 m.
iii – a articulação dos espaços de uso público;
Na sobreloja o uso é optativo e pode complementar os
Domésticos; 96-S Outras Atividades de Serviços Pessoais.
iv – o melhor aproveitamento dos imóveis, em particular dos não construídos ou subutilizados;
INSTITUCIONAL 84-0 Administração Pública, Defesa e Seguridade Social.
Os pavimentos intermediários da torre são destinados a
v – a reavaliação do sistema viário e a circulação de veículos no sentido de solucionar conflitos e retenções, bem como disciplinar as áreas de estacionamento.
Já na torre, a atividade permitida é de hotéis ou similares, exceto alojamentos e motéis. É estabelecida
usos do térreo.
Unidades Habitacionais (UH’s), as quais devem ter no mínimo um quarto de casal, banheiro privativo e locais apropriados para a guarda de roupas e de objetos pessoais do hóspede. Todas as UH’s devem ter
Em relação aos estacionamentos deverá ser promovido
aberturas para o exterior para fins de iluminação e
o
ventilação. O pé direito mínimo admitido para os
incentivo
à
construção
de
estacionamentos
subterrâneos e estudada a implantação de áreas de estacionamento tarifado.
pavimentos tipo é de 2,60 m. Em caso de opção da construção do embasamento,
uma área máxima de construção de 118.000 m² para
O PPCUB indica que os dispositivos de uso e ocupação
será permitido o uso de pilotis, no nível do 1ª pavimento
todos os lotes, e é obrigatório o acesso público ao
do solo da Quadra 4, onde está localizado o Torre
de bloco, com serviços de bar, sauna e outros de
interior do lote através de francos caminhamentos.
Palace Hotel, estão determinados na GB 0003/1, a qual
apoio às atividades ao ar livre desenvolvidas na
determina alguns parâmetros para a área que devem
cobertura do embasamento.
Lucio Costa, em Brasília Revisitada, sugere “reexaminar os projetos dos setores centrais (...) prevendo percursos contínuos e animados para pedestres e circulação de veículos dentro dos vários quarteirões, cuja ocupação
ser
seguidos.
Foram
destacadas
aqui
então
as
exigências mais relevantes e que se enquadram melhor
Na
para o caso em questão.
opcionalmente a construção de terraço coberto
Nas questões de espaço público do SHN, o PPCUB indica dispositivos de qualificação urbana apoiando o reforço do caráter gregário do setor, por meio de projeto urbanístico que preveja:
do
bloco
será
permitida
com uma ocupação máxima de 40% da área da
deve, em princípio, voltar-se mais para as vias internas do que para as periféricas”.
cobertura
cobertura, destinado a atividades culturais, de Nas edificações hoteleiras no mínimo um subsolo deve
lazer, restaurante, englobando neste percentual de
ser obrigatoriamente destinado a estacionamento, o
ocupação as caixas d’água e casas de máquinas,
qual deve ocupar no máximo o dobro da projeção da
sendo contudo vedada a sua utilização para
torre do edifício. O estacionamento deve prever no mínimo uma vaga a cada 20 apartamentos e uma vaga para cada 200 m² de construção de comércio
escritórios e/ou salas comerciais. O pé direito mínimo para este nível é de 2,40 m.
destinada ao apoio do hotel, as quais poderão ser
Não é permitida a colocação de letreiros luminosos
i – a estruturação e valorização dos caminhos de
complementadas por vagas em estacionamentos de
sobre a cobertura e/ou casas de máquinas,
pedestres,
superfície.
devendo ser previsto no projeto arquitetônico, sua
No térreo são previstos serviços de recepção, portaria,
composição na fachada, se for o caso. Além disso,
comunicação, sala de espera, administração e halls de
os equipamentos de aquecimento solar não
promovendo
tratamento
paisagístico
adequado e introduzindo atrativos ao longo dos percursos;
47
poderão ultrapassar a linha de coroamento do
do hotel. Seu uso é optativo e transferível a
A
bloco.
terceiros. Na opção de sua construção, caberá ao
desenvolvidas atividades de laser e comércio de
proprietário a obrigação do tratamento urbanístico
apoio, tais como: lojas de revistas e souvenis,
da área livre sob este, preservando o espaço de
boutiques,
domínio público. Poderão ser oferecidos jardins,
agências bancárias ou afins, papelarias, salões de
recantos,
bebedouros,
beleza e barbearia, agências de turismo e/ou de
proporcionando espaços de estar e descanso.
passagens, agências de locação de veículos,
Estes espaços não poderão receber qualquer tipo
serviços de bar/restaurante, boates, salões de
de vedação parcial ou total. Pilares esparsos
convenções, deck, piscinas e outras atividades. O
deverão compor a estrutura. O pé direito mínimo
pé direito mínimo para este nível é de 2,60.
Será
permitida
a
construção
de
torres
de
circulação vertical fora dos limites das projeções, destinados exclusivamente a elevadores, lixeiras, equipamentos
de
incêndio,
prumadas
de
instalações ou ainda escadas de emergência; desde que não interfiram no sistema viário local, nas galerias públicas de água, esgoto, telefone, eletricidade e similares, e distem no mínimo 5 m do limite do embasamento proposto quando este for conjugado frontalmente a outro. O
embasamento
consiste
em
uma
lâmina
horizontal, ocupando um espaço aéreo a nível de sobreloja, apoiada sobre pilotis, que visa a ampliação das áreas de atendimento e de serviços
48
bancos,
calçadas,
e
para este nível é de 3,50 m.
nível
do
piso
(sobreloja),
farmácias,
poderão
joalherias,
ser
pequenas
A nível da cobertura do embasamento poderão se
Recomenda-se que os acessos ao embasamento
desenvolver atividades ao ar livre, como esporte e
desde o térreo se façam de forma distinta com
piscinas. Será permitida a proteção (parapeitos)
acessos privativos aos hóspedes, através dos halls
em todo o perímetro do embasamento, com altura
dos hotéis, e outro independente a este, para uso
máxima de 1,20 m, medida esta não computada
do público em geral.
na cota de coroamento.
ESTUDOS DE CASOS
49
50
VII. Estudo de casos: edifícios abandonados “RECICLAGEM” DO ED. PRAÇA XV
Local: Porto Alegre, Rio Grande do Sul Data de Construção: 1950 Abandonado desde: 1950 (obra não concluída) Novo projeto: Centro Comunitário Autônomo com comércio, instituições de ensino e habitação.
Conhecido como "Esqueleto da Praça XV", o prédio de
A reciclagem da edificação é totalmente viável e
recebeu
recentemente
a
menção
honrosa
no
19 pavimentos, na esquina da Otávio Rocha, com
coerente com a proposta de sustentabilidade, segundo
Concurso Nacional de Projetos de Arquitetura Ópera
construção iniciada em 1950, tem mais de 6 mil m² de
o arquiteto e urbanista Marcelo Gotuzzo, o qual realizou
Prima 2011 – realizado pelo IAB, em parceria com a
área construída.
o Projeto de Retrofit deste Edifício Praça XV, e
Revista Projeto Design.
51
Mestrando em Arquitetura pela UFRGS, Gotuzzo estuda referências de reciclagens de edificações promovidas por comunidades autônomas. E vê potencial para este tipo de uso no prédio, conhecido como esqueleto da Praça XV, que se encontra inacabado há cerca de 60 anos, em pleno Centro Histórico de Porto Alegre. De acordo com o arquiteto, o edifício tem potencial de revitalização nos moldes da participação coletiva, pois possui uma grande estrutura ociosa em local de fácil acesso a todas as comunidades do grande perímetro urbano da capital. Ele explica que a “recuperação proposta é voltada para o uso público, com projetos de inclusão social, e, se viabilizada, trará enorme retorno à cidade, que há 60 anos aguarda o desfecho dos 20 andares da estrutura pronta em concreto armado desta edificação inacabada”. Gotuzzo afirma que a iniciativa é apoiada pelos proprietários da edificação e diversas entidades autônomas consultadas. Gotuzzo intitulou o estudo de Espaço Autogéré, porque propõe um programa arquitetônico flexível a ser adotado pela sociedade, como os que já existem na Europa, onde os próprios moradores são responsáveis pela gestão do local onde vivem. Quanto
ao
uso,
o
projeto
propõe
um
Centro
Comunitário Autônomo com estrutura de uso público, a ser gerenciada e mantida pela própria comunidade – através de associações, cooperativas e ONGs. O arquiteto ressalta que “convivem no projeto de recuperação desta grande estrutura os usos da Figura 25: Antes e Depois da "reciclagem" do edifício abandonado da Praça XV
habitação, cultura, formação, geração de renda,
Fonte: http://portoimagem.com/2011/07/29/urgente-retrofit-doedificio-esqueleto/, acesso em 16/08/2015
enfermaria para assistência médica básica.” O térreo e
autonomia
alimentar
com
terraços
produtivos
e
os primeiros andares seriam destinados ao comércio, que iria gerar subsídios para instituições de ensino e
52
formação inclusiva de alunos carentes, nos pisos acima.
estrutura metálica, com fechamentos leves e pré-
No total, são 10.513 m² de área construída, sendo 6.800
Os andares superiores seriam destinados à habitação.
fabricados.
m² desta área destinada à habitação, e 3.713 m²
Quanto à implantação do projeto, na reciclagem
As adições são conectadas externamente – e de forma
mantém-se grande parte do concreto armado original.
sutil – ao corpo da edificação original. “Este tipo de
Gotuzzo ressalta que “laudo técnico recente atesta a
construção possibilita uma obra limpa, segura e rápida,
viabilidade do uso desta estrutura, o que significa uma
além de fazer uma clara distinção entre o novo e a
redução no custo da obra.” Além disso, explica que se
estrutura pré-existente”, afirma.
destinados a projetos diversos, no Centro Comunitário Autônomo.
somam, a esta estrutura original, novos elementos em
MANOEL CONGO: EDIFÍCIO ABANDONADO REFORMADO PELO MINHA CASA MINHA VIDA
Local: Rio de Janeiro, RJ Data de Construção: Não identificado Abandonado desde: 2000 Novo projeto: Habitação popular – Minha casa Minha vida
53
Palco histórico e cultural da cidade, a Cinelândia
quadrado construído nas redondezas chega a R$ 8,6
século 19. Abandonado há mais de uma década, o
ganhou este apelido pela grande concentração de
mil.
Manoel Congo se tornou o lar de 42 famílias antes
cinemas na região entre as décadas 1940 e 1960. Em épocas
mais
recentes,
passou
a
atrair
projetos
corporativos milionários, que revalorizaram toda a área. Segundo dados do Secovi-RJ, o preço do metro
Em meio aos modernos prédios de escritórios está o edifício Manoel Congo, batizado em homenagem ao líder quilombola da região cafeeira de Vassouras no
desabrigadas. Todos estão na ocupação, organizada por trabalhadores despejados de outros dois edifícios na região central do Rio, desde 28 de outubro de 2007.
Figura 26: Localização privilegiada do edifício Manoel Congo Autoria própria (imagem Google Earth)
A maior parte deles pagava aluguel em comunidades
Habitação de Interesse Social. Após a aquisição, que só
R$ 1,6 mil mensais, dentro da faixa 1 do Minha Casa
nas favelas ou vivia de favor na casa de parentes antes
poderia ser feita por um ente federado, o governo
Minha Vida, a única disponível na modalidade
de entrar no edifício, que pertencia ao INSS. Depois de
fluminense passou o seu direito de uso, como habitação
Entidades. A obra, a exemplo do projeto executado no
sete anos de ocupação, com muitas idas e vindas na
popular, ao Movimento Nacional de Luta pela Moradia
Edifício Ipiranga da Avenida São João, em São Paulo,
Justiça, os ocupantes conseguiram, por meio da
(MNLM).
está
Associação de Apoio à Moradia, que o Estado do Rio de Janeiro comprasse o edifício, avaliado em R$ 916 mil pela CAIXA, com financiamento do Fundo Nacional de
54
Com estrutura original formada por 58 salas em dez
entre
as
principais
reformas
realizadas
pelo programa nas regiões metropolitanas brasileiras.
andares, o Manoel Congo está sendo transformado em
Os apartamentos terão cinco plantas diferentes,
42 residências populares para famílias com renda até
variando de 29 a 63 metros quadrados, de acordo com
o tamanho das famílias – os maiores receberão mais de
Todas as 42 famílias estão morando no lado do
o que dá uma média de R$ 75 mil por unidade
cinco pessoas. "Para não ficar quebrando muito e
edifício que dá para a Rua Evaristo da Veiga enquanto
habitacional, dinheiro proveniente do Fundo de
aproveitar a estrutura existente, fomos adequando o
as salas com janela para a Rua Alcindo Guanabara
Desenvolvimento Social
tamanho das famílias às tipologias do projeto", conta
são convertidas em apartamentos. Depois disso,
e aplicado via Minha Casa Minha Vida Entidades.
Lourdinha Lopes, líder do MNLM no Rio de Janeiro, que
operários e famílias trocam de lado. De acordo com a
vive no Manoel Congo com o neto de 15 anos.
CAIXA, o investimento na reforma é de R$ 3,15 milhões,
do Ministério das Cidades
Figura 27: Reforma do Manoel Congo para a reocupação Fonte: http://www20.caixa.gov.br/Paginas/Noticias/Noticia/Default.aspx?newsID=2256, acesso em 16/08/2015
55
SZIMPLA KERK: PUB DE RUÍNAS BUDAPESTE
Local: Budapeste, Hungria Data de Construção: Não identificado Abandonado desde: 1945 Novo projeto: Pub de Ruína e atividades culturais
O distrito VII de Budapeste na Hungria costumava ser um bairro próspero da comunidade judaica, foi abandonado e destruído durante a Segunda Guerra Mundial. Muitos destes edifícios danificados ficaram esquecidos
desde
1945
até
os
anos
2000,
se
transformando em ruínas e, muitos deles, fadados à demolição. Porém, por volta de 2002, um grupo de jovens resolveu aproveitar o espaço transformando-o em um pub, mas mantendo as instalações originais e acrescentando uma decoração alternativa a partir de materiais reutilizados e aproveitados. O pioneiro neste meio de “pub de ruínas” foi o Szimpla Kerk, que iniciou uma onda de
aproveitamento
daquele
distrito
alimentação.
56
dos
para
fins
edifícios de
abandonados
lazer,
cultura
e
Figura 28 e Figura 29: Szimpla Kerk Fonte: http://www.szimpla.hu/
Antes da iniciativa de ocupação e reutilização dos
diferenciados e atrativos para o público externo,
O Szimpla Kerk aproveitou o espaço de uma antiga
edifícios, o antigo bairro dos judeus sofria com a
relembram que aquele lugar faz parte de uma história
fábrica abandonada e sentenciada à demolição, e
negligência e crescente pobreza desde a deportação
importantíssima para o país e que não deve ser
propôs um espaço de cinema ao ar livre, concertos,
de dezenas de milhares de residentes judeus durante a
esquecida.
apresentações de teatro, e outros eventos culturais.
Segunda Guerra Mundial, e este carma continuou pelas
Além disso, também trabalha como incubadora
décadas de 60, 70 e 80.
recebendo
iniciativas
de
apoio
ao
urbanismo
sustentável.
Hoje em dia, o distrito virou uma referência de diversão noturna, com opções de restaurantes, música ao vivo, cinema ao ar livre, apresentações culturais, e bares animados e alternativos. A ideia destes espaços é de manter as características de espaços abandonados, mantendo
as
pichações,
paredes
quebradas,
revestimentos quebrados e inacabados, e mobiliário retro
e
reutilizado.
Além
de
formar
espaços
Figura 30: Szimpla Kerk Fonte: http://www.szimpla.hu/
MELKWEG, ANTIGA FÁBRICA DE LEITE
Local: Amsterdã, Países Baixos Data de Construção: Não identificado Abandonado desde: 1940 Novo projeto: Complexo cultural e de lazer
Antigamente o centro de Amsterdam abrigava várias
menos impostos. Assim, as antigas instalações fabris
novos usos habitacionais, comerciais e institucionais da
fábricas e indústrias, porém com o crescimento e
ficaram abandonadas no centro da cidade, e aos
capital holandesa.
expansão da cidade, estes empreendimentos foram
poucos foram sendo demolidas e dando lugar para
migrando para o entorno da cidade e áreas com
57
Em 1970, um grupo de jovens investidores resolveu
Nos últimos 40 anos de seu uso, o edifício reutilizado já
apostar em um desses edifícios abandonados em frente
sofreu diversas modificações e adaptações, sempre
a um dos canais de Amsterdam e desenvolver em suas
buscando o melhor uso dos espaços de acordo com
instalações existentes um complexo cultural. O edifício
suas novas atividades, e aumentando o tamanho de
histórico costumava ser uma fábrica de açúcar, e
salas e assentos.
posteriormente, virou uma fábrica de leites. Hoje, o
A Melkweg é uma organização sem fins lucrativos: uma
espaço dá lugar a duas salas de concerto, um cinema, um teatro, boates e um espaço de exposições, os quais possuem vedações móveis que permitem a união ou separação de ambientes. Segundo estimativas do próprio site, o complexo chega a atrair mais de 400 mil visitantes ao ano.
Figura 31: Melkweg sala de teatro
fundação
com
objetivos
culturais
e
sociais.
A
Fonte: www.melkweg.nl/, acesso em 17/08/2015
organização é liderada pelo diretor geral e artístico Geert van Itallie, e também pelo gerente executivo e diretor financeiro Erik Backer. Atualmente, o conjunto cultura tem um orçamento anual de 12 milhões de euros, dos quais 7% são subsidiados, principalmente pelo município de Amsterdam. Ou seja, mais de 90% do orçamento é gerada pela própria renda. Além disso, o complexo é responsável pela geração de mais de 200 empregos diretos.
Figura 32: Melkweg e suas instalações Fonte: www.melkweg.nl/, acesso em 17/08/2015
58
VIII. Estudo de casos: hotéis STANDARD HOTEL
Local: Nova Iorque, Estados Unidos Data de Construção: 2009 Projeto: Todd Schliemann, da Polshek Partnership Architects
Projetado pelo arquiteto Todd Schliemann, o Standard Hotel é um edifício hoteleiro com 19000 m² e 337 quartos localizado na Distrito Meatpacking de Manhattan literalmente em cima da High Line, uma linha de trilhos de trem de 75 anos que se encontrava abandonada há anos e recentemente passou por um processo de revitalização e mudança de uso para um parque público linear. A edificação possui 18 andares e possui predominância de concreto e vidros e, no centro do edifício, há como se fosse uma articulação, resultando na inclinação dos blocos e o destaque em relação à malha de edifícios existentes. Por estar em cima da antiga linha de trens, o hotel é elevado 23 m do chão, o que permite um visual privilegiado da área para todos os quartos.
59
A linha de trem abandonada que se transformou em um
Até o final dos anos 90 a vizinhança em volta da High
A realização da primeira parte do parque linear
parque linear foi construída em meados de 1930 para
Line foi negligenciada e usada principalmente para a
revitalizando a linha de trem teve um impacto enorme
isolar o trânsito de mercadorias do nível da rua dos
indústria e casas de depósito, sendo a maioria dos
no crescimento e atividades desenvolvidas no entorno.
carros e pedestres. Em 1950 o sistema de estradas
edifícios formados por dois andares, normalmente
A discussão e desenvolvimento de ideias a respeito da
interestaduais para caminhões começou a substituir o
construções do século XIX e XX para uso industrial e
realização desse projeto começou em 2003, e a
transporte de mercadorias por trilhos, e em 1980, o
produção manufaturada.
medida que os planos foram avançando, o bairro que
último trem passou pelos trilhos da High Line.
acompanha a High Line sofreu mudanças significativas desenvolvendo mais usos residenciais e comerciais.
Figura 35: Construção do Standard Hotel
Figura 33: Localização Standard Hotel Fonte: http://www.ctbuh.org/, acesso em 17/08/2015
Figura 34: Standard Hotel e High Line Fonte: http://www.ctbuh.org/, acesso em 17/08/2015
60
Fonte: http://www.ctbuh.org/, acesso em 17/08/2015
O novo projeto do parque linear foi tão bem executado
nessa variedade de espaços. O térreo privado do hotel
formato da planta com inclinações se assemelha a um
que
e
foi sacrificado de forma a ceder espaço ao ar livre com
livro sendo aberto para a High Line, convidando
descuidada, e agora atrai nova-iorquinos e turistas de
praças públicas, mesas de piquenique, restaurantes,
pessoas para presenciarem aquele espaço e, o vidro
todo o mundo. Desta maneira, o edifício hoteleiro veio
bares e jardins abertos a todos, reforçando o senso de
altamente transparente utilizado nas fachadas unifica o
para suprir esta demanda de acomodação para o
comunidade e fluxo diversificado de pessoas.
interior e o exterior, e permite ao hóspede se sentir na
valorizou
uma
região
antes
esquecida
turismo e também oferecendo atividades e usos que refletem a nova imagem do bairro, agora revitalizado.
A sala de reuniões e o terraço a nível do parque linear são espaços privados e públicos ao mesmo tempo,
O Standard Hotel é um edifício de uso compartilhado
sendo utilizados por vezes como espaços de eventos
com o espaço público, onde os hóspedes do hotel e os
abertos. A sinergia entre público e privado é reforçada
pedestres podem coexistir e interagir se misturando
na forma do edifício e nos materiais utilizados, O
cidade desde o interior. Do exterior, a permeabilidade do vidro passa a imagem de acessibilidade, abertura, e convite.
Figura 36: Standard Hotel, exterior e interior Fonte: http://www.ctbuh.org/, acesso em 17/08/2015
61
ALTO HOTEL
Local: Melbourne, Austrália Data de Construção: 1916; Data de Retrofit: 2002-2006 Projeto: Domain Ramsay Architects
Construído em 1916, o edifício que hoje abriga o Alto
Quando
Hotel já possuiu diversos usos diferentes, se adaptando
empreendedores do Hotel, este não possuía nenhuma
ao seu tempo e às oportunidades do mercado. Em
estratégia sustentável para reduzir o consumo. O novo
1999,
atuais
projeto propôs uma reforma intensa e praticamente sua
proprietários, os quais decidiram em 2005 intervir em
reconstrução, mantendo basicamente a estrutura
suas instalações buscando revalorizar o edifício. Assim,
original e suas características mais marcantes, por ser
a sua seção original passou por um retrofit buscando a
considerado um edifício histórico. Todas as paredes
redução do consumo energético e o conforto dos
internas
o
edifício
foi
vendido
para
seus
usuários, e foi construída também uma nova estrutura de seis andares ao seu note. O novo edifício, agora conhecido como Alto Hotel on Bourke, foi inaugurado em
13
de
características
fevereiro
2006.
arquitetônicas
Embora
muitas
iniciais
das
tenham
desaparecido ao longo do tempo, a construção é considerada significante foi registrada como Patrimônio em 2005.
Figura 37: Hotel antigamente Fonte: https://www.melbou rne.vic.gov.au, acesso em 17/08/2015
o
e
edifício
sistemas
foi
comprado
mecânicos
foram
pelos
projetados
novamente do zero, usando materiais e estratégias para torna-lo mais eficiente energeticamente. O projeto também consta a expansão da edificação em um adicional de 55% sob a área antes edificada. O edifício possuía seis andares cada um com 480 m² e um total de área de 2.800 m². Por suas instalações antigas e precárias, ele gastava muita energia, desperdiçava
água,
e
o
seu
sistema
de
ar
O edifício manteve a fachada neo-barroco com
condicionado era ineficiente. Além disso, as vedações
janelas e terraço característicos da época, assim como
permitiam a passagem de ruídos externos para os
o mármore no hall de entrada que inclui a logomarca
ambientes internos, e também de um cômodo para o
da empresa que ocupava antigamente aquelas
outro.
instalações, a Australian Railways Union.
62
Visando reduzir passagem de ruídos e melhorar o isolamento térmico dos ambientes condicionados, foi aplicado um material absorsor sob o piso existente, feito de pneus reciclados e, sob este um carpete. Os telhados isolamento
também térmico
receberam com
telha
tratamento plástica
para
pintada
externamente com pintura reflexiva, dupla camada de mantas isolantes, e ainda um espaço de ar de 40 cm, onde há ventiladores passivos para a circulação do ar. Os vidros das fachadas Norte e Oeste foram trocados por vidros duplos insulados. As paredes antigas também foram reformadas para receber tratamento acústico que resultou no engrossamento de 10 cm para 21 cm, o que resultou na perda de área útil, mas conseguiu reduzir a passagem de ruídos em 56 decibéis. As paredes novas foram construídas usando steel frame preenchidas com “tijolos Hebel”, os quais são bastante leves, podem ser assentados sem utilizar cimento ou argamassa, e são excelentes isolantes térmicos. Com esses materiais e técnicas, a equipe de projeto Figura 38: Fachada Alto Hotel Fonte: https://www.melbourne.vic.gov.au, acesso em 17/08/2015
conseguiu tornar os ambientes confortáveis para os usuários necessitando muito menos de mecanismos
Figura 39: Interior Alto Hotel - novas instalações Fonte: https://www.melbourne.vic.gov.au, acesso em 17/08/2015
ativos de aquecimento e refrigeração, e reduzindo o consumo de energia.
63
Os sistemas de ar condicionado e de aquecimento
Para a redução do consumo de água, os chuveiros que
foram alterados para central, os quais são otimizados
antes eram de 8L/min foram substituídos por 5L/min, e as
pelo isolamento dos ambientes já mencionados, e são
torneiras
programados para desligarem automaticamente se o
aquecimento
quarto não estiver ocupado. Todas as lâmpadas do
aquecedores instantâneos a gás que trabalham por
hotel foram trocadas e, 95% delas sãos fluorescentes ou
demanda. Os vasos foram substituídos por “dual flush”,
de Led. Dessa forma, adotando sistemas mais eficientes,
com opções de descarga de 6 e 3 litros. Além disso, foi
os equipamentos conseguem gerar melhores resultados
instalado um sistema de aproveitamento de água da
gastando menos energia. Estima-se que a energia
chuva, onde esta é utilizada para descarga em vasos
consumida atualmente seja de 36 megajoules por
sanitários. Assim, o consumo médio por usuários do hotel
hóspede por dia, 78% melhor do que o esperado para
cai para 123 litros por dia, sendo o valor estimado para
um hotel na mesma região.
Figura 40: Ar condicionado central Alto Hotel
para
6L/min. de
água
Os
grandes
foram
tanques
substituídos
de por
hotéis de 240 litros por usuário por dia.
Fonte: https://www.melbourne.vic.gov.au, acesso em 17/08/2015
Todo o lixo produzido pelo hotel é separado para possível reciclagem ou destinação adequada. Os hóspedes são encorajados por lixos diferenciados para resíduos reciclados ou orgânicos, o óleo utilizado na cozinha é vendido para se transformar em biodiesel, o lixo
orgânico
é
destinado
à
compostagem,
as
lâmpadas de mercúrio são destinadas à corporativas de reciclagem, e os produtos de banheiro dos quartos são refis, para evitar materiais descartáveis. Com essas estratégicas calcula-se que o lixo do hotel destinado ao aterro sanitário seja de 3,9 litros por hóspede por dia, o que é quase 60% melhor do que o esperado para um hotel.
64
GENERATORS HOSTEL Local: Rede de albergues em diversas cidades Data de Construção: Variável Projeto: Variável
É bastante comum, principalmente no Brasil, haver um
Porém, atualmente há uma enorme diversidade de
Devido à essa diversidade de serviços oferecidos, há
certo preconceito em se tratando de albergues. Muitos
albergues, assim como há de hotéis e, muitos deles
exemplos tanto de albergues bastante simples, quanto
julgam
apresentam instalações bastante agradáveis, com nível
de albergues mais sofisticados, com boas instalações,
altíssimo de satisfação de clientes.
investimento em design, e diferentes tipos de quartos
serem
lugares
sujos,
desconfortáveis
e
inconvenientes, onde somente pessoas que não têm viabilidade financeira se hospedam.
Figura 41: Generatos Barcelona Fonte: https://booking.generatorhostels.com, acesso em 18/08/2015
para atender diferentes perfis de hóspedes.
Figura 42: Generators Londres
Figura 43: Generators Berlim
Fonte: https://booking.generatorhostels.com, acesso em 18/08/2015
Fonte: https://booking.generatorhostels.com, acesso em 18/08/2015
65
O Generators Hostel é uma rede de albergues com várias
localizações
espalhadas
pela
Europa,
e
apresenta bons exemplos de albergues de alto nível de conforto e design. Os seus aposentos incluem áreas como de lazer e leitura, snackbar, bar e cozinhas “do it yourself”, além de todos serem muito bem decorados com design próprio de cada localização.
Os tipos de quartos são bastante variados, havendo opções de aposentos para 14 pessoas, 8 pessoas, quartos quádruplos, duplos e outros. Assim, este tipo de hospedagem é uma mistura de hotel econômico com albergue sem prejuízo para nenhum dos lados. Muitas pessoas que procuram um hotel em preços acessíveis decidem ficar em um quarto duplo de albergue ao invés de um hotel, dependendo das instalações.
66
Outro aspecto que influencia pessoas a escolheres alberques é pelo estilo de vida da pessoa, já que normalmente em albergues há maior interação entre as pessoas nos ambientes de lazer e cômodos, além de ser um espaço bastante descontraído e diversificado.
Figura 45: Generators - tipos de quartos Fonte: https://booking.generatorhostels.com, acesso em 18/08/2015
67
68
Planejamento e programa de necessidades
69
70
IX. Planejamento e Programa de necessidades TRAÇANDO DIRETRIZES... Como já citado anteriormente, a legislação local, o PPCUB, e a lei de gabarito GB0003/1 vigente para a quadra 4 do Setor Hoteleiro Norte, estipulam diversos usos possíveis para o embasamento térreo e sobreloja das edificações do setor em questão. Estes usos possuem o potencial de dinamizar públicos, atividades, e fluxos de pessoas, influenciando na atratividade do local e sua consequente valorização. Além da legislação, duas outras estratégias foram utilizadas para a montagem do programa de necessidades do embasamento e reforma do edifício em questão. A primeira foi o levantamento de atividades que podem aumentar o fluxo de pessoas de diferentes faixas etárias e condições sociais, dinamizando o fornecimento de serviços e de horários de funcionamento. Neste caso, visitas ao local ajudaram a identificar atividades úteis para o Setor, mas que estão em carência. Para esta primeira estratégia foram necessárias diversas visitas ao Setor Hoteleiro Norte, principalmente à quadra 4, onde o Torre Palace Hotel se insere. Realizaram-se visitas em diferentes dias da semana e diferentes horários, de forma que fosse possível perceber o fluxo de pessoas em diferentes turnos e também os perfis de usuários do Setor. Além disso, foi elaborado também um levantamento de todos os hotéis da quadra do objeto de estudo, para identificar quais as atividades oferecidas e o público recebido, identificando assim, atividades e serviços faltantes.
Figura 46: Edifícios circundantes ao Torre Palace Hotel Autoria própria
71
E a segunda estratégia consiste na pesquisa de campo
e quais eras as preferencias, não somente para serviços,
atravessando a quadra para chegar ao Brasília
entrevistando
mas também para a otimização do espaço público.
Shopping e vice-versa.
Nessas pesquisas ficou claro que praticamente todos os
Muitas pessoas reclamaram da insegurança no local
hotéis da quadra 4 do Setor Hoteleiro Norte buscam o
que piorou exponencialmente após o abandono do
padrão de luxo, com apartamentos espaçosos e de
Torre Palace.
hóspedes,
diversos
usuários
recepcionistas,
do
Setor,
seguranças,
como taxistas,
faxineiros, e moradores de flats, para perceber quais serviços e funções se encontram em maior déficit no local, e o que poderia ser feito para melhorar as condições do setor, alcançando maiores níveis de satisfação de seus usuários e transeuntes. Nesta etapa foi utilizado um questionário para que pudessem ser levantadas as questões que causam maiores transtornos aos usuários do entorno, dos hotéis e outras atividades executadas no Setor Hoteleiro Norte. Também foram pedidas sugestões de novas atividades,
alto padrão, além de oferecerem vários espaços para reuniões e conferências, restaurantes caros e atividades de apoio como piscinas, saunas, e academias.
Em relação às entrevistas, os principais problemas levantados foram a falta de opções de alimentação mais acessíveis e após às 22h (horário em que o
Além disso, o fluxo de pessoas é mais presente durante
shopping fecha), pois normalmente os restaurantes dos
o dia, mais para funcionários e transeuntes, durante a
hotéis são caros; e também a carência de atividades
noite praticamente não há pedestres, somente carros
de lazer e noturnas, principalmente bares. Estes
em pouco volume. Durante os fins de semana há maior
levantamentos
fluxo de pessoas a lazer visitando a Torre de TV e
hóspedes, como também funcionários do Setor e transeuntes.
72
levaram
em
conta
não
somente
RESULTADOS DE ENTREVISTAS
RESULTADOS DE PESQUISAS E LEVANTAMENTOS DE HOTÉIS VIZINHOS
73
Após o cruzamento de informações de legislação,
seriam mantidos, mas em uma atmosfera menos rígida
apresenta também com o nome adaptado: BRASÍLIA
observações in loco, e questionários de usuários,
e “classuda”.
TORRE HOTEL.
Segundo o livro Hotel-Planejamento e Projeto, é
Para a lâmina de embasamento é proposta uma galeria
importante diferenciar um hotel econômico de um
de alimentação com opções acessíveis e práticas
hotel que tentou ser de alto padrão, mas que falhou
conectada com um espaço para lazer de bares para
Para diversificar o tipo de hóspedes e de hotéis
pela baixa qualidade de instalações. Um hotel
uso do público do hotel e também do público externo,
oferecidos na área, atingindo diferentes perfis de
econômico é aquele que preza pelo conforto e
atendendo à necessidade de variar o leque de
usuários e variar a atmosfera local, é proposto um hotel
qualidade de ambientes, mas com áreas enxutas e
alimentação oferecido no Setor e também oferecendo
econômico misto, com 50% dos hóspedes para quartos
menor diversidade de serviços oferecidos. Em suma, a
atividades noturnas.
duplos ou triplos, e 50% dos hóspedes para quartos de
proposta é de um hotel que diminui serviços prestados
albergues de 08 a 12 pessoas. A ideia do hotel
e áreas de leitos, mas que continua oferecendo
econômico é de densificar a área e atrair mais pessoas
espaços de qualidade aos hóspedes.
montou-se um programa para o novo hotel, sua lâmina de embasamento, e o espaço público em suas laterais e frente.
para aumentar o fluxo local, e diversificar os tipos de
Já para o espaço público que circunda o lote, é proposta é a substituição do estacionamento por um espaço público de qualidade para as pessoas, com
Como o novo projeto propõe esta adaptação de uso
tratamento
paisagístico,
do hotel para um hotel econômico com alguns
mobiliário
urbano
pavimentos voltados a quartos coletivos, o nome “Torre
convidativo e valorizando o local. O estacionamento
O foco do hotel não seria um hotel luxuoso, como os já
Palace Hotel” se mostrou inadequado, já que o projeto
seria então realocado para o subsolo do terreno,
existentes
econômico
não busca apresentar aposentos luxuosos como o
liberando o espaço público de veículos para o uso de
despojado, para hóspedes um pouco mais flexíveis e
nome “palácio” sugere. Sendo assim, um novo hotel se
todos.
perfis de hóspedes oferecendo opções diferentes das já existentes no local.
na
área,
mas
um
hotel
versáteis, onde o conforto e qualidade de matérias
74
paginação
configurando
de um
piso,
e
espaço
O PROGRAMA E OS DIMENSIONAMENTOS Após a verificação de restrições da legislação,
Para
auxiliar
na
montagem
do
programa
de
internacionais, os autores sugerem dimensionamentos
entrevistas realizadas com diversos usuários do setor, e
necessidades, também foi utilizado o livro “Hotel-
adequados a cada tipo de hotel, assim como sugestões
levando em conta levantamentos in loco relativos às
Planejamento e Projeto”, de Nelson Andrade, Paulo
de serviços necessários para o correto funcionamento
edificações vizinhas, fluxos de pessoas, e serviços
Lúcio e Wilson Edson. Nele há uma vasta exposição de
de uma edificação hoteleira.
prestados; foram traçadas as diretrizes de intervenções
estudos de casos e programas de diversos hotéis com
e novos usos a serem implantados no objeto de estudo
diferentes tipologias no Brasil e no mundo. Com base
buscando dinamização da quadra.
nos exemplos apresentados e em normas brasileiras e
Térreo
Atividade
Administração
9
45
Administração e gerência Sala de reuniões e treinamento
7
40
6
15
Engenharia e incêndio
1
8
variável
15
até 16 3 func.+ hóspedes
30
variável
70
WC PNE fem e masc
2
12
Depósito de malas
-
7
2 func. + até 26
50
Refeitório de funcionários Balcão + Recepção
Snack Bar
Área (m²)
RH e Contabilidade
WC
Recepção
N° de usuários
Foyer
Snack Bar
40
Atividade Alimentação e lazer do ho(s)tel Alimentação acessível
Bares
sobreloja N° de usuários
Área (m²)
Cozinha DIY Espaço de leitura Espaço de jogos e confraternização
variável variável
80 50
variável
100
WC PNE fem e masc Praça de alimentação Cozinha fast food Atendimento fast food Corredor de serviços e abastecimento
variável até 76 variável 3
6 150 70 12
-
45
WC PNE fem
variável
25
WC PNE fem e masc
variável
25
Cozinha bar 1
variável
40
Cozinha bar 2
variável
50
até 90
200
Espaço clientes
75
Atividade
Quartos
Circulação horizontal Circulação vertical
Serviços
(4) Apartamento 8 pessoas
8 por ap.
30x4
(2) Apartamento 12 pessoas (3) Apartamento duplo econômico (4) WC (2) WC 12 p.
12 por ap.
45x2
2 por ap. 8 por ap. 12 por ap.
18x3 12x4 13x2
(3) WC duplo Corredores de acesso aos apartamentos
2 por ap.
6x3 60
-
Corredor de serviço
-
25
3 elevadores sociais
-
3x3
1 elevador de serviço 2 escadas enclausuradas e protegidas
-
3
-
25x2
Expurgo (lixo por tubo)
-
5
-
4 2 0,5 5
Lavabo funcionários DML Tubo para roupas sujas Depósito
Total
76
PAVIMENTO ALBERGUE N° de Área usuários (m²)
62
PAVIMENTO hotel econômico N° de Área Soma de Atividade usuários (m²) áreas (m²)
Soma de áreas (m²)
2 por ap.
20x15
(15) WC duplo Corredores de acesso aos apartamentos Corredor de serviço 3 elevadores sociais
2 por ap.
4*15
-
60 25 3x3
Circulação vertical
1 elevador de serviço 2 escadas enclausuradas e protegidas
-
3
-
25x2
Serviços
Expurgo (lixo por tubo)
-
5
Quartos 356
85
62
(15) Apartamento duplo econômico
Circulação horizontal
Lavabo funcionários
4
DML
2
Tubo para roupas sujas Depósito 16,5
519,5
Total
360
85
62
16,5
0,5 -
5
30
523,5
ANEXO DE SERVIÇOS Área Soma de Atividade (m²) áreas (m²)
Setorizar e organizar fluxos
Expurgo (lixo por tubo) Lavabo funcionários DML Tubo para roupas sujas Depósito 1 elevador de serviço Corredor de serviço
Atendimento à NBR 9077
1 escada enclausurada e protegida
quantidade de hóspedes Números Números de Tipos de ap. de pessoas por repetições ap. Total
5 4
ALBERGUE
2 0,5 5 3 25
25
69,5
Apartamento para 8 pessoas Apartamento para 12 pessoas Apartamento duplo econômico
Total de pavimentos 4 HOTEL Apartamento ECONÔMICO duplo econômico Total de pavimentos 7 TOTAL DE HÓSPEDES
4
8
2
12
3
2
62
248 15
2
quantidade de funcionários Total de Total de 141 apartamentos funcionários
30
210 458 99
77
78
BRASÍLIA TORRE HOTEL - O PROJETO
79
80
X. BrasĂlia torre hotel - o projeto
81
CONTEXTO URBANO I.I.I
LOCALIZAÇÃO
Figura 47: Localização Torre Palace Hotel Autoria própria
82
O edifício do Torre Palace Hotel se localiza na área central de Brasília, no Setor Hoteleiro Norte Quadra 4, de frente para o Eixo Monumental e para a fonte d’água da Torre de Televisão. A sua localização é excelente, mas como em muitas outras áreas de Brasília, o espaço público parece não estar sendo utilizado da melhor maneira possível, sendo o carro o meio de transporte mais valorizado. Assim, os estacionamentos predominam o espaço para pedestres, configurando ambientes de passagem desagradáveis, sem espaços para repouso, fruição do meio coletivo, ou sequer marcações de caminhos respeitando fluxos diariamente percorridos; praticamente resumindo o solo público a bolsões de estacionamentos.
Figura 48: Bolsões de estacionamento
I.I.I FLUXOS Durante as visitas ao terreno observou-se os acessos
problemas para acessar seus destinos, assim como as
tanto de carros, quanto de pedestres, ao terreno em
pessoas que vão de carro ou táxi.
questão e também à Quadra 4. De acordo com as entrevistas realizadas com diversos usuários do setor, a maioria das pessoas não têm problemas com a acessibilidade do local, mas alguns chegam de metrô e descem na rodoviária, que é um pouco longe para ir
Além disso, também há pessoas cruzando a quadra, as quais não têm hotéis com destinos finais, como é o caso de pessoas que vão para o Setor Comercial Norte, o Brasília Shopping, ou para a Torre de TV e sua fonte.
a pé à quadra 4 do Setor Hoteleiro, além de maior parte
Sendo assim, há diversas possibilidades de caminhos
do caminho ser à sol pleno.
percorridos por pessoas que utilizam diariamente o
As pessoas que vão de ônibus normalmente descem na parada da W3 em frente ao Brasília Shopping, e outras descem na parada do Eixo monumental ao lado do Hotel Airam, vizinho do Torre Palace; e não encontram
entorno, vindo de várias direções diferentes e gerando várias possibilidades de fluxos para cortar o setor e chegar ao seu destino final. Figura 49: Possíveis fluxos, Quadra 4
83
CONDIÇÕES BIOCLIMÁTICAS II.I.I ZONA BIOCLIMÁTICA Brasília está localizada na Zona Bioclimática 4, (ABNT,
ano.
2005c) e, segundo estudos realizados com base na
recomendadas para o frio são massa térmica e ganho
carta bioclimática de Brasília, a cidade apresenta
solar passivo, enquanto as estratégias para o calor são
condições de conforto durante 41% das horas do ano,
ventilação,
que
grande
resfriamento evaporativo. O uso de sistemas artificiais,
probabilidade de que as pessoas se sintam confortáveis
como o aquecimento artificial, é necessário apenas em
termicamente sem a necessidade de estratégias de
0,99% das horas do ano, correspondente a um total de
intervenção na edificação passivas ou ativas (BRAGA,
87 horas por ano, e ar-condicionado seria necessário
2005).
por 0,08% das horas do ano, correspondente à 7 horas
são
consideradas
zonas
onde
há
O desconforto térmico por frio é de 36,6% das horas por
No
entanto,
massa
as
térmica
principais
para
estratégia
resfriamento
e
por ano (MACIEL, 2002; BRAGA, 2005).
ano, e o desconforto por calor é de 22,2% das horas por
Figura 50: Carta Bioclimática de Brasília – DF Fonte: Software Analysis Bio
III.I.I RADIAÇÃO SOLAR A carta solar é uma ferramenta de importância
a Fachada Sul do edifício é bastante protegida da
fundamental
projeto
radiação solar direta, sendo inclusive desejável o
arquitetônico e para a análise do tratamento de
aquecimento pelo sol da manhã e tornando o uso de
fachadas e aberturas, já que esta ilustra a intensidade
proteções solares desnecessário.
para
o
partido
de
um
da radiação direta em cada fachada e evidencia quais são as fachadas mais críticas do ponto de vista térmico que devem receber proteções solares, e quais tipos de proteções, em qual angulação e direção. O Torre Palace Hotel está orientado a 17° do eixo NorteSul, e é possível perceber analisando a carta solar que
84
Já as demais fachadas, com maior ênfase as fachadas Norte e Oeste, recebem radiação solar direta intensa nos períodos mais quentes do dia, e devem ser foco de tratamento
especial
buscando
aberturas por brises soleil.
a
proteção
de
IV.I.I VENTILAÇÃO Em relação à ventilação, o vento predominante e mais
Este
desejado de Brasília é o proveniente do Leste. No caso
aproveitamento de ventilação natural, principalmente
do Torre Palace Hotel, não há nenhuma edificação
na proposta da lâmina de embasamento, uma vez que
vizinha para esta orientação que possa barrar o fluxo do
a torre de hotel existente já possui a fachada Leste cega
vento, já que este é um hotel de “quina” da Quadra 4.
e os pavimentos-tipo são fragmentados em vários
é
um
ponto
bastante
positivo
para
o
apartamentos, impedindo o livre fluxo do vento, como é possível no caso do embasamento por exemplo.
EXISTENTE X CONSTRUÇÕES NOVAS COMPLEMENTARES Como já explicado anteriormente, o projeto existente do Torre Palace Hotel consiste em 11 pavimentos-tipo de uso hoteleiro, pavimento de sobreloja, pavimento térreo, subsolo de garagem e instalações e subsolo
Existente
técnico e de casa de máquinas.
Novas construções
Porém, visando adequar a edificação existente aos novos usos implantados, e às legislações vigentes, foram necessárias algumas modificações no projeto original e construções complementares.
85
I.I.I
EDIFICAÇÃO EXISTENTE
i.
Respeito à edificação existente
Pesquisou-se muito à respeito da edificação existente
presentes em várias cidades do mundo, e vão tirando o
Sendo
tanto na web como em jornais, entrevistando pessoas e
espaço de exemplares de arquitetura local. Não há
marcação de pilares aparentes, as fachadas laterais
buscando o projeto original. Porém, nenhuma fonte
dúvidas de que a arquitetura de diferentes regiões irá
cegas e o uso de cores neutras, de maneira que o
disponibilizou informações sobre o autor do projeto,
influenciar outras espaços, mas é importante analisar se
conjunto mantenha relações com o edifício já
tampouco interesses como de patrimônio histórico. Nas
estas influências são adequadas à determinadas
construído.
entrevistas e pesquisas não houve registros de pessoas
situações econômicas, culturais e sociais antes te
que se identificam com o edifício ou pensam que ele
implantá-las.
representa algum símbolo ou identidade de um período
assim,
na
fachada
buscou-se
manter
a
Outras características marcantes são as varandas de lineares na Fachada Sul e a torre de escadas na
No caso, como o projeto se trata da revitalização de um
Fachada Norte, as quais também foram mantidas.
edifício abandonado, mesmo sem encontrar registros
Porém, a torre de escadas teve de sofrer modificações,
Nem todas as obras arquitetônicas são exemplos
de valores sejam eles históricos, culturais ou de outras
já que estava fora de norma (NBR 9077) e precisava se
marcantes de um ciclo temporal, ou possuem valores
esferas
adequar para servir de saída de emergência.
históricos excêntricos que devem ser mantidos, porém
características marcantes do projeto para que o
toda obra arquitetônica teve seu autor, e merece
edifício existente não sofresse total descaracterização.
ou até mesmo do próprio setor.
respeito ao seu partido inicial.
patrimoniais,
foram
levantadas
algumas
Uma das características mais marcantes da fachada do
Atualmente é bastante comum presenciar obras de
edifício é a marcação vertical provocada pelos pilares
reformas de fachadas ou até mesmo estruturais que
aparentes, os quais dão a impressão de “alongamento”
modificam completamente o visual do edifício. Muitos
do conjunto arquitetônico.
deles
estão
passando
por
um
processo
de
envidraçamento, onde todas as fachadas recebem peles de vidro. Isso quando o edifício não é demolido e dá lugar para um completamente novo e, novamente, envidraçado. Esse tipo de atitude contribui para a falta de identidade de cidades e regiões, vindo de encontro com a teoria de “cidades genéricas” de Rem Koolhaass.
teoria
discorre
sobre
como
bastante comum dos edifícios construídos na primeira fase de Brasília seguindo o modernismo. Além de também ser uma característica marcante na fachada, também é uma estratégia bioclimática para reduzir o aquecimento pela radiação solar intensa do Oeste.
a
No conjunto da fachada as cores utilizadas também
globalização e a busca pela "modernização" estão
podem mudar completamente a percepção do
tornando as cidades cada vez menos únicas e sem
edifício. Atualmente o edifício apresenta coloração
características próprias. Ruas com edifícios espelhados
neutra em tons pastéis, por isso, deve-se evitar colocar
e lojas de grandes grifes mundiais são cenários já
tons muito abertos ou de cores muito vibrantes.
86
Essa
As fachadas Leste e Oeste são cegas, característica
Além disso, a escala do edifício também foi mantida, uma vez que o número de pavimentos ou o pé-direito não foram alterados.
ii.
Estrutura e shafts circulações verticais e, por isso, os shafts, escadas e rasgos para elevadores devem ser
Para viabilizar a utilização do conjunto já construído é necessário levar em consideração a estrutura e os shafts de instalações existentes buscando adequar a nova proposta à essa malha. Como já citado anteriormente, a situação estrutural do edifício é considerada em bom estado e pode ser tranquilamente reaproveitada após alguns reparos pontuais. Porém, não é aconselhado realizar novos furos nas lajes para passagens de instalações ou
aproveitados em suas devidas localizações. No caso de necessidade de aumentar o número de passagens de instalações ou de adicionar circulações verticais, estas devem ser feitas externamente ao conjunto já construído. A estrutura existente se configura em pilares de concreto e lajes maciças também em concreto. A maioria dos pilares é em formato “U”, e os shafts são criados junto à eles, aproveitando a cavidade que o próprio formato do pilar forma para se alongarem.
Pilares existentes em concreto armado Shafts existentes para
passagem de instalações
87
II.I.I
CONSTRUÇÕES NOVAS COMPLEMENTARES
Buscando a adequação do conjunto edificado com o novo programa, o melhor aproveitamento das áreas do lote até então não edificadas, e a adequação às legislações vigentes; algumas adições construtivas foram sendo incorporadas ao novo Torre Palace Hotel, que agora se torna o Brasília Torre Hotel.
Torre existente - hotel Serviços e escada 2 Lâmina de embasamento iii.
Subsolo
Anexo de serviços
- Escadas de emergência Por ser uma edificação da década de 70, o Torre
De acordo com a NBR 9077 vigente, a edificação
Sendo assim, a edificação existente que antes possuía
Palace Hotel foi projetado seguindo normas que hoje
hoteleira se classifica como B-1 e, para suas dimensões
somente
em
foi
e distâncias até as saídas de emergências, seria
enclausurada, não é considerada adequada à Norma.
necessária a verificação das instalações existentes para
necessária somente uma escada de emergências.
Para corresponder a norma vigente, a escada existente
análise de adequação às normas vigentes, como a de
Porém, a torre possui 40 metros de altura, o que pela
teve que sofrer modificações para se tornar à prova de
acessibilidade (NBR 9050) e a de saídas de incêndio
norma é considerada “edificação alta” (“O”, para
fumaça, e ainda outra escada precisou ser inserida ao
(NBR 9077).
edifícios com 30 metros de altura ou mais) e, por isso, a
projeto.
dia
estão
desatualizadas.
Sendo
assim,
norma exige duas escadas de emergências, e também que sejam à prova de fumaça (PF).
88
uma
escada
e
que
não
era
sequer
-Divisão de fluxos – serviços Outro aspecto que não estava funcionando de maneira satisfatória no edifício existente eram os fluxos de hóspedes e de serviços, os quais não se distinguiam. O elevador de serviços era logo ao lado dos elevadores sociais, e a sala de serviços em cada pavimento tipo se localizava ao final do corredor de apartamentos, sendo uma só e com dimensões muito pequenas. De acordo com os estudos de casos e o livro “Hotel-Planejamento e Projeto”, o ideal em edificações hoteleiras é separar os fluxos entre hóspedes e visitantes, e os serviços de limpeza e abastecimento. Além disso, Faltava na edificação existente salas como expurgo, e lavabo para funcionários.
Sendo assim, buscando o melhor funcionamento do Brasília Torre Hotel, o conforto dos usuários, e também a sua segurança, foi proposto um anexo de serviços conectado à fachada Oeste do edifício existente. Este novo anexo adequa a edificação à norma de saídas de emergência por apresentar a segunda escada à prova de fumaça; separa os fluxos de serviços de hóspedes por apresentar o elevador de serviços, depósito e expurgo separados dos elevadores sociais; apresenta maior conforto aos funcionários por implantar um lavabo em cada pavimento; e apresenta também uma solução de sala de condensadoras no caso de implementação do sistema de condicionamento de ar multi-split.
Massa arborizada já existente Radiação intensa Oeste
Este anexo de serviços foi implantado ao lado Oeste da torre porque auxilia a proteção da radiação solar intensa no período da tarde diretamente na lateral da edificação hoteleira onde há os dormitórios, provocando sombreamento à esses ambientes de permanência prolongada. Além disso, se colocado na lateral ao Leste da torre, esta construção resultaria na retirada de algumas árvores que ali se encontram.
89
iv. Lâmina de embasamento Como já mencionado anteriormente, a lâmina de
O objeto deste estudo, porém, até o momento não
noturnas no Setor, como bares e outros pontos de lazer.
embasamento é um anexo a nível da sobreloja
apresenta
embasamento,
Como não há opções de atividades noturnas no Setor,
permitido por legislação em algumas quadras do Setor
desperdiçando este potencial construtivo. Porém, o
ele fica “morto” durante a noite, e isso reflete na
Hoteleiro. Esta lâmina deve se dispor sobre pilotis,
novo projeto do Brasília Torre Hotel aproveitará esta
atratividade local para hóspedes e inclusive na
liberando o solo para o espaço público.
oportunidade para acrescentar mais usos ao edifício
segurança local.
Praticamente todos os edifícios hoteleiros da Quadra 4, onde se localiza o Torre Palace Hotel, possuem embasamentos, mas a maioria deles acaba realizando
esta
lâmina
de
hoteleiro, diversificando as atividades oferecidas e suprindo carências do Setor apontadas por usuários em entrevistas e visitas locais.
Sendo assim, o embasamento conectado à sobreloja da torre de hotel oferece tanto para o público do próprio Brasília Torre Hotel, quanto para o público de
algum fechamento no térreo, mureta, ou obstáculos
Segundo a pesquisa em campo, a maioria das pessoas
outros hotéis e público externo, uma galeria de
delimitando o espaço logo abaixo da lâmina de
entrevistadas sentiam falta de alimentação variada,
alimentação e bares, abrindo o leque de opções para
embasamento, o que na verdade não é permitido, por
acessível e em horários não comerciais, já que as
todos que circulam por ali.
dificultar a livre passagem de pessoas que querem
opções de restaurantes de hotéis são mais caras e
cruzar o setor.
restritas. Outro ponto levantado foi a falta de atividades
90
A primeira ideia era de locar a lâmina de embasamento na lateral Leste da torre existente, de maneira a valorizar o Eixo Monumental que faceia o hotel em questão. Porém, como já citado ao falar da torre de serviços, há uma massa arborizada neste espaço, e esta teria que ser
desmatada
para
que
a
construção
do
embasamento se sucedesse. Por outro lado, segundo o planejamento inicial desse setor, havia a ideia de que todo o embasamento deveria se voltar para o edifício paralelo seguinte, de forma que os embasamentos dos dois prédios se interligassem e que o espaço passasse a ser fluido tanto no nível das sobrelojas, como no nível térreo de pilotis. Por isso, a implantação mais comum e incentivada para as lâminas de embasamento é sempre no sentido Norte-Sul. Sendo assim, a proposta de embasamento é localizada na Fachada Norte da torre de hotel, se configurando como “elemento surpresa” e convidativo para quem passa pela Quadra.
91
v.
Espaço público e paisagismo
Atualmente, todo o espaço público entre o Torre
O novo projeto proposto visa liberar o espaço público
com os acessos da torre de hotel e da nova lâmina de
Palace Hotel e o edifício que fica logo atrás dele (o
para
de
embasamento, convidando os hóspedes à entrada e
Nobile
de
descompressão e desfrute do meio urbano com
transeuntes a usufruir dos serviços oferecidos no
estacionamento, mais um entre inúmeros que existem
paisagismo e mobiliário urbano, incentivando o uso
embasamento. Este incentivo ao pedestre tende a
no setor. O pedestre acaba realizando seus percursos
deste ambiente para todos; além de marcar caminhos
aumentar o fluxo de pessoas no local, o que também
sem conforto algum, em um caminho quente, sem
por paginações de pisos baseadas no estudo de fluxos
ajuda na maior atratividade e maior senso de
sombreamento, espaços de repouso, paisagismo, ou
de pessoas vindas de diferentes direções citadas no
segurança do ambiente.
sequer caminhos específicos para pedestres.
tópico de “fluxos” em “contexto urbano”.
Mais uma vez o carro é posto antes do pedestre no
O espaço então apresenta caminhos demarcados
planejamento urbano, tendo o seu uso incentivado.
conectando os edifícios vizinhos e calçadas do entorno
92
Suites)
é
tomado
por
um
bolsão
pedestres,
elaborando
um
espaço
vi. Subsolo Uma vez que o espaço público térreo deixou de ser estacionamento em prol de um novo meio de qualidade urbana para pedestres, é proposta uma nova opção de estacionamento de carros: a garagem do subsolo, assim como sugere o PPCUB para o setor em questão justamente pelo excesso de bolsões de estacionamento e carência de espaço urbano para pessoas. O projeto atual do Torre Palace Hotel já apresenta subsolo, porém somente com espaços para instalações, lavanderia, e carga e descarga. A nova proposta é de realizar uma garagem logo abaixo do estacionamento atual, com 68 vagas para carros e 7 para motos, sendo 2 vagas para deficientes (2% de acordo com a norma de acessibilidade- NBR 9050), e 4 vagas para idosos (5% de acordo com o estatuto do idoso). Atualmente, o bolsão de estacionamento térreo existente possui 52 vagas, ou seja, 30% a menos do que as propostas atualmente sem contar com as vagas para motos. Além disso, o novo espaço de subsolo também abriu espaço para salas extras de instalações antes não existentes, já que posteriormente será explicado que o novo projeto
utiliza
painéis
fotovoltaicos
para
geração
de
energia
e
também
aproveitamento de águas pluviais para irrigação e vasos sanitários; novas funções que também necessitam de espaço extra para equipamentos de baterias e reservatórios.
93
NOVO ESQUEMA ESTRUTURAL A estrutura da torre que será reaproveitada é toda em concreto armado, e esta mesma lógica estrutural de pilares, vigas e lajes em concreto armado se seguiu para as novas construções do anexo de serviços e do subsolo. Porém, o embasamento apresenta vãos maiores, pois representa um espaço bastante aberto voltado ao público sem muitas divisões internas. Por isso, optou-se por pilares metálicos e lajes nervuradas. Unindo a estética à funcionalidade estrutural, os pilares metálicos das extremidades do embasamento marcam as fachadas com a dinamicidade de suas diagonais. As fundações do novo conjunto construído são previstas como estacas, mas é necessário uma análise de solo e avaliação de um engenheiro para confirmar este tipo de estrutura ou, se for o caso, sugerir outra tipologia mais adequada.
Pilares existentes Novos pilares
CIRCULAÇÕES VERTICAIS Atualmente há uma escada na torre de hotel, dois elevadores sociais e um de serviços na edificação existente. Porém, visando otimizar os fluxos do Brasília Torre Hotel, o elevador que antes era de serviços também se tornará elevador social, já que no anexo de serviços criado foi alocado um novo elevador de serviços substituto ao anterior. Para a adequação da NBR 9077, a atual escada teve que sofrer alterações para que se tornasse à prova de fogo, e também se fez necessária a construção de outra escada igualmente à prova de fogo, a qual se fez no anexo de serviços. Totalizando então 3 elevadores sociais e uma escada PF junto à torre e um elevador de serviços com outra escada PF no anexo à Oeste. Além disso, também foram acrescentadas circulações verticais para acesso do novo subsolo e embasamento. Ambas no mesmo alinhamento, configuram um conjunto de elevador com escada helicoidal.
94
DIVISÕES INTERNAS, ATIVIDADES, AMBIENTAÇÃO E LAYOUT III.I.I
SUBSOLO Além de fornecer uma opção de estacionamento de carros que não interfere no meio público para
pedestres,
o
Subsolo
também apresenta mais espaço disponível para as salas técnicas e de instalações.
Conexão ao hotel restrita
O tubo de queda de roupas
Novas salas de instalações
Aquecimento de
Os
sujas cai diretamente no SS e
para reservatórios de água
água
acrescidos
as roupas são levadas para a
pluvial e baterias de energia
complementar
lavanderia
gerada por fotovoltaicos
ao solar
à
gás
vestiários para
foram maior
conforto dos funcionários
95
No subsolo há algumas saídas de ar para a ventilação.
que são intercaladas com um espaço vazio gramado
Uma se localiza entre a via compartilhada e as
para aumentar o espaço de ventilação e permitir
calçadas próximas à fachada Norte do Embasamento
trocas de ar (vent. 1).
(vent. 4). Outros dois rasgos se localizam abaixo dos bancos do mobiliário urbano do térreo (vent. 3).
Como na garagem se localizam carros que emanem calor, o que ocorre em maior frequência é a exaustão
Além disso, a circulação vertical que conecta o
do ar do subsolo. Sendo assim, o vento predominante
subsolo, o térreo e o embasamento também conforma
que vem do Leste pode ajudar a impulsionar a saída
um rasgo que funciona como exaustão do subsolo
do vento.
(vent. 2). Assim como a entrada e saída da garagem,
Vent. 1 Vent. 2 Vent. 3 Vent. 4
Corte esquemático da ventilação do subsolo
96
IV.I.I
O
TÉRREO
térreo
caminhos
apresenta possíveis
diferentes
demarcados
pela paginação de piso. É também o caminho mais comum de
acessar
o
hotel
e
o
seu
embasamento.
Via compartilhada
Por ser voltado tanto para o público externo quanto interno do hotel, o bicicletário
embasamento
possui
acesso
exclusivo e separado do hotel no
lombada
térreo.
Paisagismo e mobiliário
Acesso de carros
urbano
O tubo de queda de lixo
Lobby amplo e convidativo
Atrás do balcão
O refeitório é voltado para
terminando
térreo,
para hóspedes juntamente
de recepção se
conforto e uso exclusivo
próximo ao acesso de
com o snack bar. Os dois
concentra
dos funcionários
serviços,
são separados por parede
área
de
administrativa
no
facilitando
encaminhamento
o
para
destinação adequada.
cobogó
permitindo
permeabilidade visual
a
do hotel
97
Para marcar o acesso ao hotel e facilitar a compreensão de caminhos, realizou-se um avanço na entrada com testeira e diferenciação de cor nos pilares antes inexistente. Para pessoas que chegam de carona ou táxi, há uma via compartilhada de baixa velocidade causada por curvas e lombada (tracejado em verde na planta baixa), onde podem trafegar bicicletas, carros e pessoas. Esta via permite que pessoas que venham de carro
sejam
deixadas
próximas
à
entrada do hotel e em ambiente já totalmente embasamento.
98
coberto
pelo
V.I.I
SOBRELOJA E EMBASAMENTO
A lâmina de embasamento criada no nível da sobreloja oferece serviços de
Espaço
disponível
para música ao vivo
Jardim interno com vegetação atravessando
Corredor de
Conjunto de circulação vertical:
alimentação e lazer com opções de
o nível do teto por rasgo em cobertura
serviços
elevador e escada helicoidal
restaurantes acessíveis e bares. Além do acesso exclusivo conectando o térreo e subsolo à esta galeria, também há o acesso diretamente pelo
Projeção cobertura embasamento
hotel, facilitando o uso dos hóspedes. Para
evitar
problemas
com
a
segurança do hotel, a passagem sentido embasamento-hotel deverá apresentar controle automatizado por senha ou até pelo mesmo cartão que permite acesso aos quartos. A
nova
construção
apresenta
adequação de fachadas segundo suas orientações, e oferece cobertura estendida para sombreamento nas fachadas Leste, Norte e Oeste, e brise soleil nas últimas duas.
Passagem conectando
Balcão
Espaços da parcela Sul da
Ilhas de cozinhar - cada um prepara
diretamente o anexo
do bar
sobreloja destinados ao lazer
sua refeição, já que se trata de um
dos hóspedes
hotel econômico com opções de
de
serviços
com
o
embasamento para seu
apartamentos coletivos
abastecimento
99
Buscando aproveitar a ventilação e a iluminação
direta também venha a esquentar demasiadamente
também são regadas pela iluminação natural, uma vez
natural, procurou-se evitar a interrupção do espaço
estes ambientes de cozinhas, foram aplicados os brises
que possuem janelas altas voltadas para o corredor de
livre por divisórias, de maneira que se conformasse um
em toda essa fachada, servindo como proteção solar e
abastecimento.
espaço amplo e coletivo. Dessa forma, o vento
também
predominante do Leste pode penetrar pelo interior do
fachada. Ademais, o espaço entre os brises e a parede
embasamento e atravessar o espaço arrefecendo a
de fechamento das cozinhas serve também como
temperatura interna.
corredor de serviços e abastecimento.
As
cozinhas
balcões
da
O espaço da sobreloja (dentro do conjunto da torre) também
supre
parcialmente
a
lâmina
de
embasamento, com a cozinha do segundo bar e os banheiros. O seu restante é destinado ao uso de
abertas do embasamento, mas também pelo rasgo
convívio e jogos. Ainda na sobreloja, há duas ilhas de
embasamento, liberando o espaço central para mesas
zenital entre os bares e a galeria de alimentação, o qual
cozinhas onde os hóspedes podem fazer suas próprias
e cadeiras e barrando as radiações diretas para este
se alinha com um jardim interno com vegetação
comidas com seus ingredientes no método “Do It
espaço. Como maneira de evitar que esta radiação
ascendente saindo pelo rasgo no teto. As cozinhas
Yourself”, ou DIY.
extremidade
LÂMINA DE EMBASAMENTO - OESTE
100
foram
marcante
do
na
atendimento
estético
hóspedes exclusivamente, com espaços de estar,
todos
de
elemento
A iluminação natural chega não só pelas laterais
concentrados
e
como
Norte
SOBRELOJA - ESPAÇO PARA ALIMENTAÇÃO DE HÓSPEDES
VI.I.I
De acordo com a pesquisa preliminar,
PAVI MENTO TI PO - ALBERGUE
90% dos hotéis existentes na Quadra 4 do Setor Hoteleiro são de alto padrão, e os outros 10% tentam ser de alto padrão
mas fracassam
por
suas
instalações deficitárias. Seguindo outra corrente, a proposta do Brasília Torre Hotel é de possibilitar a diversidade de públicos para a região como um hotel econômico, com suítes de tamanho reduzido, e opções
de
albergue,
apartamentos
mas
de
mantendo
a
qualidade dos espaços. A proposta de hotel econômico juntamente
com
apartamentos
coletivos vai de encontro com outra premissa do projeto: densificar a área, aumentar o fluxo de pessoas, e tornar a área mais atrativa; já que essas estratégias acomodam um número maior de pessoas por m² quando comparado
a
um
hotel
com
apartamentos duplex com até 60m² como ocorre em outros hotéis da mesma quadra.
Anexo de
Apartamentos
Escada
adaptados
para
Circulação
serviços
adaptada para se
deficientes físicos
social (separação de
adequar à norma,
(5%
fluxos – os serviços
agora à prova de
são concentrados no
fumaça
anexo à Oeste)
obrigatório
pela NBR 9050)
vertical
101
Tendo em vista que atualmente o hotel já foi bastante vandalizado e furtado, e que os
em estadias e abrem mão do luxo, mas não de instalações de qualidade, podem
primeiros pavimentos foram os que mais sofreram pela acessibilidade facilitada, estes
também desfrutar dessa possibilidade. É dado espaço no Setor para um novo perfil de
apresentam maior liberdade para mudanças de layout já que as alvenarias foram
hóspedes!
bastante danificadas e precisarão ser refeitas. Isso ocorre principalmente nos pavimentos térreo, sobreloja, e nos primeiros pavimentos-tipo de hotéis. A partir do sexto pavimento, aproximadamente, as alvenarias estão melhor conservadas e podem ser reaproveitadas.
Em muitos albergues os banheiros são concentrados em um local só isolado dos quartos, mas muitos hóspedes consideram este tipo de instalações incômodo e desconfortável. Ademais, como se trata de um edifício já construído, estas novas instalações têm que se adequar aos shafts e estrutura existentes, assim como é feito no
Sendo assim, foram propostos novos tipos de apartamentos antes inexistentes para os
subsolo, térreo e sobreloja. Portanto, cada quarto possui seu próprio banheiro e espaço
4 primeiros pavimentos da torre: apartamentos para 8 e 12 pessoas, possibilitando que
de banho. Dessa forma as instalações existentes são respeitadas e ao mesmo tempo é
mais indivíduos possam se hospedar em uma localização tão privilegiada e por um
proporcionado maior conforto para os hóspedes.
preço acessível. As pessoas de maior poder aquisitivo já têm inúmeras opções de hospedagem nesta mesma quadra, porém agora os que não pretendem gastar tanto
102
VII.I.I
PAVIMENTO TIPO - HOTEL
Este pavimento-tipo se repete pelos últimos sete andares da torre de hotel, e
foi
o
que
sofreu
menos
modificações de layout (conforme planta de demolição e construção no Anexo II), uma vez que configura os apartamentos de hotel respeitando a maioria das divisões existentes. Algumas
alterações
se
fizeram
necessárias para a adaptação ao novo
anexo
apartamentos
de
serviços
adaptados
e para
deficientes físicos (de acordo com a NBR
9050
no
mínimo
5%
dos
apartamentos devem ser adaptados para pessoas com deficiência PcD).
Apartamento
Apartamentos
Varanda
adaptado
enquadrados no
mantida – elemento
apartamentos
deficientes físicos
padrão
marcante da atual
em
(5%
supereconômico
fachada
econômico
para
obrigatório
existente
Demais padrão
pela NBR 9050)
103
Segundo o livro “Hotel – Projeto e Planejamento”, as
outros
dimensões de um apartamento enquadrado em
enquadram em quartos supereconômicos.
padrões econômicos vai de 16 a 22 m², e de um hotel “supereconômico” vai de 10 a 16m². Sendo assim, o este
pavimento-tipo
é
predominantemente
de
apartamentos de padrão econômico, uma vez que 13 dos 15 aposentos possuem aproximadamente 18 m². Os
104
2
apartamentos
possuem
15,5
m²
e
se
É importante ressaltar que mesmo a estrutura e a maior parte das alvenarias estejam sido mantidas nesses pavimentos, que a maioria dos acabamentos e revestimentos já estavam em estados precários mesmo
antes do abandono do edifício devido ao pequeno investimento em manutenção e cuidados. Portanto, é necessário um tratamento especial para revestimentos, trocando eventuais peças quebradas e restituindo o conjunto para se enquadrar ao novo projeto.
VIII.I.I
COBERTURA
Vegetação do jardim interno do embasamento que atravessa o telhado verde por rasgo na cobertura, o qual permite a entrada de iluminação e ventilação natural
Telhado verde para auxiliar no arrefecimento embasamento,
do além
de
proporcionar visual agradável aos hóspedes e aumentar a retenção de águas pluviais
Reservatórios
separados
para
água potável, de aproveitamento Novas salas de instalações para novas
estratégias
pluvial e de aquecimento solar
utilizadas
como a geração de energia por painéis fotovoltaicos
Na cobertura, uma das maiores preocupações foi a respeito do isolamento térmico
cobertura da torre, e o telhado verde na cobertura do embasamento, o qual além de
para evitar o aquecimento excessivo dos ambientes internos do último pavimento e do
evitar o aquecimento excessivo da radiação direta, ainda embeleza o visual de
embasamento. Para isso, foi utilizada a telha termo-acústica (metálica com
hóspedes da fachada Norte, e auxilia na drenagem da água da chuva, reduzindo
preenchimento de poliuretano) sobre laje impermeabilizada de concreto maciço na
assim a necessidade de escoamento de água.
105
ESTRATÉGIAS DE SUSTENTABILIDADE É evidente que qualquer tipo de ambiente construído
Dessa forma, é importante pensar em como cada
energéticos para que este hotel cause o menor
causa determinado impacto ao meio ambiente, já que
atitude tomada na fase de projeto pode alterar o
impacto ao meio ambiente possível.
é uma intervenção que altera ciclos naturais. Porém, a
impacto gerado durante a construção, vida útil,
cada dia estudos avançam no campo de como tornar
manutenção do edifício, e descartes por ele gerados.
este impacto o menor possível, tornando viável a implementação de estratégias sustentáveis para reduzir por exemplo o consumo energético e de água pela edificação, assim como diminuir resíduos gerados, e promover o uso de materiais reciclados e recicláveis.
IX.I.I
Sendo
assim,
o
Brasília
de energia por fachadas, a captação de águas pluviais
implementação de algumas destas estratégias tanto no
pelo meio urbano para seu aproveitamento, entre
conceito do projeto quanto em seu desenvolvimento,
outras soluções, foram estratégias adotadas para que o
abordando
novo
ambientais
Hotel
e
busca
orientação para adequação de fachadas, a geração
a
questões
Torre
A escolha de não demolição, o estudo de cada
de
gastos
projeto
se
enquadre
nos
princípios
da
sustentabilidade ambiental.
REAPROVEITAMENTO DE ESTRUTURA E VEDAÇÕES
Como já exposto anteriormente, optou-se pela não
Além disso, toda essa massa construída já resultou em
Sendo assim, o reaproveitamento do edifício existente
demolição da edificação já construída e reutilização
um altíssimo gasto energético com a extração da
evita a geração de resíduos e usufrui da matéria
de sua estrutura existente, uma vez que se encontra em
matéria prima, transformação em materiais construtivos,
incorporada reduzindo gastos energéticos na fase de
estado de bom funcionamento. Dessa maneira, evita-
embalagem, transporte e montagem; o que seria
construção.
se o descarte de toneladas de resíduos, os quais
desperdiçado
provavelmente teriam o lixão da Estrutural como
necessário novamente para a construção do novo
destinação (considerado o maior lixão à céu aberto da
edifício.
América Latina).
106
no
caso
da
demolição
e
ainda
X.I.I
GERAÇÃO DE ENERGIA RENOVÁVEL
No Brasil, a incidência solar é bastante intensa durante praticamente todo o ano e por longos períodos todos os dias. Isso significa que há um enorme potencial de utilização desse recurso para a geração de energia solar, tanto em larga escala, como em pequenas escalas de geração em edificações para uso próprio e redução do consumo de energia da rede pública, ou até autonomia energética no caso de conseguir produzir tudo o que consome como nos edifícios “Net Zero”. No caso da produção de energia através de painéis solares na cidade de Brasília, o ideal é o posicionar as placas para a fachada Norte, que é a que recebe incidência solar intensa por mais horas do dia, à uma inclinação de 10° acrescidos de sua latitude. Como a latitude de Brasília é de 15,86º, no caso a inclinação ideal é de aproximadamente 25º. O Brasília Torre Hotel possui suas fachadas principais voltadas para Sul e Norte e, como já citado, a fachada Norte deve receber proteção solar para evitar a radiação direta nos ambientes internos pelas aberturas. A inclinação de 25° proporciona um ângulo de sombreamento de 45º até o início da janela (ângulo α), o que significa que as aberturas são protegidas da radiação direta até aproximadamente 16h nos meses de verão. Ao mesmo tempo que este ângulo de sombreamento barra a radiação direta, ele não é extensivo o suficiente a ponto de barrar a iluminação natural, como é possível perceber pela carta solar (a parte branca significa o fonte de iluminação incidência solar).
107
Sendo assim, surgiu a ideia de aproveitar o potencial
Como a edificação existente não apresentava o este
solar e consequentemente energético da fachada
uso de energia fotovoltaica, não havia espaço
Norte e, ao mesmo tempo, proteger as aberturas do
reservado
calor intenso do sol. Para isso, é proposta a fixação de
armazenamento da energia por baterias. Sendo assim,
painéis fotovoltaicos inclinados funcionando com brises
na reestruturação do edifício, espaços para essas
para os vidros.
funções foram reservados tanto no Subsolo quanto na
A fixação desses painéis pode ser realizada na própria alvenaria e nas laterais dos pilares que se sobressaem
para
as
instalações
desse
sistema
e
cobertura, as chamadas “salas de instalações” já apresentadas nas plantas baixas de cada pavimento.
nas fachadas, já que os painéis serão implantados exatamente entre os pilares, onde se concentram as aberturas.
Além dos painéis solares fixados na fachada Norte, a iluminação
pública
proposta
também
apresenta
Para manter a continuidade estética dos painéis com a
painéis acoplados para geração de energia, assim
fachada e auxiliar na fixação destes, são propostas telas
como a cobertura reservada para taxistas. Dessa
metálicas unindo as pontas em balanço dos painéis
maneira, esta cobertura e os postes de iluminação
com princípio do painel do andar subsequente. Estas
captam e armazenam a energia durante o dia para
telas evitam o ofuscamento de iluminação natural para
que esta possa iluminar o meio urbano durante a noite.
o
interior
mas
possuem
alto
percentual
de
permeabilidade em torno de 70% para evitar o bloqueio de ventilação natural e da visão para o exterior.
108
XI.I.I
PROTEÇÕES SOLARES
vii.
Torre
Como se pode observar na carta solar, as fachadas Sul e Leste não apresentam grandes preocupações do ponto de vista bioclimático, uma vez que recebem a radiação direta mais pelo período da manhã, a qual em Brasília é inclusive desejada por não ser intensa e também acrescida ao fato de que durante a madrugada há queda expressiva de temperatura, esfriando a envoltória. Sendo assim, o foco de tratamento de fachadas para proteções solares é voltado para as fachadas Norte e Oeste. A proteção solar da fachada Norte já foi aqui apresentada, que condiz no conjunto de painéis fotovoltaicos e tela metálica. Já na fachada Oeste, foi mantido o tratamento de fachada cega já existente, e acrescido o anexo de serviços para ajudar a sombrear a vedação vertical dos quartos do hotel, reduzindo o seu aquecimento.
viii.
Embasamento
A lâmina de embasamento tira proveito das proteções solares de suas fachadas Norte
Norte o espaçamento entre os brises começa mais largo de cima e vai diminuindo a
e Oeste para configurar o seu conjunto estético juntamente com os pilares de aço em
medida que se aproxima da laje de piso do embasamento. Isso ocorre pois a laje de
diagonal.
cobertura já proporciona sombreamento sobre as aberturas das cozinhas, e
Como as cozinhas estão no alinhamento da fachada Norte, e foi implantada janela alta para conferir iluminação natural para estes ambientes, a própria laje de cobertura do embasamento se alonga para proporcionar sombreamento à esta abertura e servir de apoio para os brises que nela são fixados. No Oeste o mesmo ocorre: a laje de cobertura se estende e nela são fixados os brises horizontais. Para se adequarem a cada situação e proporcionarem dinamismo à fachada, os brises
sombreamento excessivo não é desejado nesta área para que a luz natural indireta consiga alcançar os ambientes internos. Conforme o sombreamento da laje de cobertura vai perdendo alcance na fachada, a distância entre os brises vai diminuindo para suprir a proteção solar da parede de fachada. Já na fachada Oeste, o contrário ocorre, a distância entre os brises começa menor e vai aumentando enquanto o brise vai “descendo”, para que a proteção solar seja
do embasamento não apresentam um padrão fixo de espaçamento. Na fachada
109
efetiva e concentrada próxima à laje de cobertura, liberando o visual das pessoas para
solucionando o fechamento de salas que precisam de ventilação e abertura
o meio externo, já que neste lado do embasamento se configuram as mesas dos bares.
permanente para o funcionamento dos equipamentos.
Como já citado, estes brises fazem parte da identidade do embasamento e, para
Outro aspecto estético marcante provocado pelo brise é o seu desmembramento que
conectá-lo com a edificação principal, o mesmo brise foi utilizado no anexo de
ocorre na fachada Norte a medida de a laje de cobertura se estende para Leste de
serviços como “vedação” vertical para as salas de condensadoras de equipamentos
maneira a cobrir a circulação vertical (escada helicoidal e elevador), indicando que
de ar condicionado, relacionando a torre hoteleira com o embasamento e
ali é um espaço de transição do público com o privado, abrindo espaço para o meio urbano.
110
A imagem ilustrativa ao lado representa o conjunto de proteções solares proporcionado pelas estratégias adicionadas como brises, paineis fotovoltaicos, e avanços de cobertura. Com a máscara acinzentada é possível visualizar a radiação direta
evitada , o que resulta no maior conforto dos usuários e, no caso de
implementação do sistema de ar condicionado,
menor consumo e gastos
energéticos. As condições biclimáticas da cidade de Brasília não são extremas, o que permite que estratégias passivas de controle solar e ventilação atinjam na maioria dos casos, o conforto térmico dos ambientes externos de uma edificação bem estudada em fase de projeto.
.
XII.I.I
MATERIAIS DE FACHADAS
Antes da revitalização, as paredes do Torre Palace Hotel eram compostas por alvenaria
maxim-ar com abertura de 90°, que proporcionam uma área efetiva de ventilação de
cerâmica e reboco de ambos os lados, compondo uma transmitância térmica de 2,46
80%, enquanto janelas de correr de duas folhas apresenta percentual de apenas 45%
W/m²K, a qual é considerada uma boa transmitância térmica para a região,
e as de 3 folhas com percentual de 60% (segundo anexo no RTQ-R, 2013).
apresentando massa térmica que retarda a entrada de calor no edifício e dificulta o aquecimento dos ambientes internos.
Além disso, a área envidraçada deve ser escolhida com cautela para evitar vidros de desempenho indesejado, como os de alto fator solar. No caso do Brasília Torre Hotel, o
Porém, buscando ainda melhores resultados de conforto térmico, foi proposto um
vidro especificado é duplo de 6mm SuperNeutral 68 de aparência Clear da Guardian,
revestimento externo sobre o reboco de porcelanato para aumentar a esta massa
o qual apresenta bom equilíbrio de transmissão luminosa com ganho de calor solar,
térmica da envoltória, com uma nova transmitância térmica de 2,22 W/m²K.
com reflexão externa de 11%, transmissão de luz visível de 69%, e fator solar (FS) de 0,38.
Como todas as esquadrias foram furtadas, estas terão que ser repostas. Então, aproveitou-se a oportunidade para implantar janelas com vidros de desempenho satisfatório e maior área de ventilação. Para isso, são propostas aberturas modelo
111
Outro aspecto de fechamento de fachada que influencia no ganho térmico é a coloração destas, uma vez que dependendo da tonalidade, a superfície externa irá absorver mais ou menos calor. Por essa razão, para vedações verticais de ambientes de permanência prolongada, foi utilizado um porcelanato claro, de cor “areia”, para evitar altos valores de absorção. Para marcar algumas partes da edificação como o coroamento, a torre de escadas, e a varanda existentes, foi escolhida uma coloração mais escura para dar maior destaque, porém, é importante observar que estas áreas cobertas por este porcelanato escurecido são de permanência transitória e pontuais.
112
XIII.I.I
VEDAÇÕES DE COBERTURAS
As vedações da cobertura visam o isolamento térmico para proteger os pavimentos subjacentes do calor intenso que incide sob essa superfície horizontal. Por essa razão, optou-se por um fechamento altamente isolante para a cobertura da torre: a telha termoacústica com enchimento poliuretano (PUR) que, juntamente com a laje de cobertura em concreto maciço e a camada de ar entre eles, confere uma transmitância térmica de apenas 0,6 W/m²K, evitando a penetração do calor nos quartos de hotel do último andar da torre.
Para o embasamento foi proposta outra solução, o telhado verde sob laje maciça também de desempenho bastante eficiente, com transmitância térmica de 0,96 W/m²K.
113
XIV.I.I
VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO NATURAL NO EMBASAMENTO
A ausência dos fechamentos laterais opacos nos sentidos Leste e Oeste do embasamento possibilitam a fluidez do vento desejável e predominante proveniente do Leste pela galeria de alimentação e bares, auxiliando no arrefecimento da temperatura e consequente conforto térmico dos usuários deste espaço. Esta permeabilidade construtiva também auxilia a penetração de iluminação natural nos ambientes internos, tanto pelas “fachadas abertas”, quanto pelo rasgo na cobertura onde a vegetação do jardim interno atravessa.
I.I.I
APROVEITAMENTO DE ÁGUA PLUVIAL
Como o terreno apresenta grande parte do solo impermeabilizada (agora causada pelo
Subsolo
implementado,
mas
antes
já
apresentada
pelo
asfalto
do
estacionamento existente), é possível aproveitar esta área como uma grande superfície de captação de águas pluviais para uso em irrigação de jardins e vasos sanitários. A captação funciona da seguinte forma: o laje de cobertura do subsolo é impermeabilizada e recebe piso elevado sem rejuntamento, permitindo a passagem da água das chuvas por suas pequenas frestas. O contrapiso da laje apresenta inclinação mínima de 0,5% e “veios” como reentrâncias para ajudar na condução da água até esta chegar às linhas de recolhimento e drenagem da água, que são como calhas que direcionam a água até filtros para evitar que elementos indesejados sejam armazenados e, em seguida, seguem para seus reservatórios clorados.
114
Além do térreo, a cobertura da torre também funciona como fonte de captação de água, assim como o excesso não utilizado pela vegetação e substrato do
Captação de água pluvial Armazenamento
embasamento. Para adaptar a edificação existente à nova função de aproveitamento de água pluvial, uma sala no subsolo foi destinada para o reservatório de água pluvial, e a área da cobertura já existente para reservatórios foi ampliada visando a colocação do reservatório superior não-potável.
II.I.I
AQUECIMENTO DE ÁGUA SOLAR
Painéis solares de aquecimento
Para reduzir o consumo energético com energia elétrica para aquecimento de água para os chuveiros,
Reservatório de água aquecida Aquecimento à gás
foram implantados na cobertura diversos painéis solares. Dessa forma, a primeira fonte de aquecimento se torna o aquecimento solar, mas quando este não puder
suprir
toda
a
demanda
seja
pelo
seu
dimensionamento, seja no caso de dias frios e nublados, o aquecimento à gás é então responsável pela complementação deste aquecimento.
115
ETIQUETAGEM DA EDIFICAÇÃO O documento que rege o processo para a etiquetagem de um hotel é o Regulamento Técnico de Qualidade para Edificações Comerciais, de Serviços e Publicas, conhecido como RTQ-C. Este documento estabelece diretrizes para alcançar o nível de consumo energético da edificação por meio de atendimento à prérequisitos, e análise de três focos de grande influência no consumo energético: a envoltória, a iluminação e o ar condicionado. Desta forma, o projeto proposto foi submetido à um estudo de levantamento de dados e estratégias A etiquetagem de uma edificação é uma maneira de classificar não somente se se um edifício é eficiente ou não em relação ao seu consumo energético, mas também o quão eficiente este é.
III.I.I
projetuais segundo o RTQ-C, buscando determinar a sua eficiência. Como trata-se de uma avaliação de soluções arquitetônicas e de partido do projeto, somente serão considerados os pré-requisitos e o cálculo de envoltória para a análise.
PRÉ-REQUISITOS ESPECÍFICOS
ix.
Transmitância térmica da cobertura
Para o atendimento deste pré-requisito, as áreas
transmitância térmica são diferentes, sendo o
analisadas devem ser divididas em ambientes
primeiro de até 1 W/m²K e o segundo de até 2
condicionados
W/m²k.
(AC)
e
ambientes
não
Para a Zona Bioclimática 4!
condicionados (ANC), já que os limites de
a) Torre Na torre de hotel foram utilizados dois tipos de
Em alguns locais a cobertura é somente em laje
térmica de 3,2 W/m²K (fechamento de ambientes
vedação horizontal.
maciça de concreto impermeabilizada e pintura
técnicos da cobertura como coixas d’água, salas
externa branca reflexiva, com transmitância
116
de baterias de células fotovoltaicas, e casas de
concreto
com
máquinas).
termoacústica (metálica com pintura branca
Já sob as áreas de apartamentos de hotel, a
reflexiva
cobertura é configurada por laje maciça de
transmitância térmica de 0,6 W/m²K.
e
camada
recheio
de
de
ar
e
poliuretano),
telha com
Ponderando as áreas de cobertura de acordo com seu ambiente subjacente (condicionado ou não), tem-se os valores: AC= 0,6W/m²K
ATENDE AO PRÉ-REQUISITO!
ANC=1,16W/m²K
ATENDE AO PRÉ-REQUISITO!
b) Embasamento A cobertura do embasamento é composta por
resultando em uma transmitância térmica de 0,96
laje maciça, substrato, e vegetação de forração,
W/m²K.
x.
ATENDE AO PRÉ-REQUISITO!
Transmitância térmica de paredes
O limite de transmitância térmica para paredes da zona bioclimática 4 é de 3,7 W/m²K.
a) Torre Adicionando
o
novo
revestimento
de
porcelanato nas fachadas, foi atingido um valor
de transmitância térmica equivalente a 2,22 W/m²K.
ATENDE AO PRÉ-REQUISITO!
b) Embasamento As paredes do embasamento são compostas de
constituindo uma transmitância térmica de 2,46
alvenaria cerâmica e reboco de ambos os lados,
W/m²K.
ATENDE AO PRÉ-REQUISITO!
117
xi.
Absortância da cobertura
O valor de absortância para coberturas deve ser de no máximo 0,5.
Para a Zona Bioclimática 4!
a) Torre Será utilizada pintura branca sob a cobertura da torre, portanto a absortância é igual a 0,2.
ATENDE AO PRÉ-REQUISITO!
b) Embasamento A cobertura do embasamento é em telhado
requisito de absortância por cor, e é considerado
verde, o que se configura como exceção ao pré-
item atendido.
xii. Absortância das paredes O valor de absortância para paredes na zona bioclimática 4 deve ser de no máximo 0,5.
a) Torre e embasamento Há quatro tipos de superfícies absortivas nas fachadas da torre hoteleira e lâmina de embasamento: 1. Parede com porcelanato cor areia (absortância = 0,34) 2. Parede com porcelanato cor concreto (absortância = 0,72) 3. Parede branca com pele de vidro sobreposta (absortância = 0,38) 4. Parede na cor branca (absortância = 0,2) Ponderando os valores de absortância com suas áreas, o valor de absortância é igual a 0,4.
118
ATENDE AO PRÉ-REQUISITO!
ATENDE AO PRÉ-REQUISITO!
IV.I.I
CÁLCULO DA ENVOLTÓRIA
Após conferir a adequação dos pré-requisitos, é necessário realizar o cálculo de
Para isso, é preciso levantar diversos valores para completar a equação de equivalente
acordo com diversos dados do projeto para verificar de fato o nível de eficiência da
numérico, o qual determina a classificação energética na qual o edifício se enquadra.
envoltória da edificação.
Para tal, foram levantados os seguintes dados: 1. Área total da edificação (Atot): 8126,99m2 2. Área da projeção da cobertura (Apcob): 1405,04m2 3. Área de projeção do edifício (Ape): 1225,37m2 4. Volume total da edificação (Vtot): 26788,37m3 5. Área da envoltória (Aenv): 7948,28m2 6. Fator solar (FS): 0,38 (vidro laminado, referência SuperNeutral da Guardian) 7. Percentural de área de abertura na fachada total (PAFt): 0,16 8. Percentual de área de abertura na fachada Oeste (PAFo): 0,018 9. Ângulo vertical de sombreamento (AVS): ponderação igual a 20,65graus 10. Ângulo horizontal de sombreamento (AHS): só há brises horizontais na edificação
119
Após registrados, os dados são inseridos na plataforma webprescritivo, um site elaborado pelo Labeee, da UFSC, o qual recebe os dados e calcula automaticamente a etiqueta da edificação segundo o método prescritivo descrito no RTQ-C.
120
Descarregando os dados na plataforma, obteu-se o
adequadas e à zona bioclimática em que se insere. Este
resultado de etiqueta "A" para a envoltória, o que
resultado, portanto, é reflexo de um projeto que teve
significa que o projeto conseguiu alcançar seus
em suas premissas a preocupação com a redução do
objetivos, apresentando baixo consumo energético por
consumo energético e pelo impacto por ele causado
meio de estratégias passivas de vedação, forma, e
ao meio ambiente.
sombreamentos
adequadas
às
orientações
A B
C D E
121
122
DESENHOS técnicos
123
124
XI. Desenhos técnicos 1.
Situação
2.
Implantação
3.
Planta Subsolo
4.
Planta térreo
5.
Planta Sobreloja e embasamento
6.
Planta Pavimento-tipo Albergue
7.
Planta Layout Albergue
8.
Planta Pavimento-tipo Hotel econômico
9.
Planta Layout Hotel econômico
10.
Planta de demolição e construção do pavimento-tipo albergue
11.
Planta de demolição e construção do pavimento-tipo hotel econômico
12.
Planta de cobertura
13.
Vista de cobertura
14.
Corte AA
15.
Corte BB
16.
Fachada Norte
17.
Fachada Sul
18.
Fachada Leste
19.
Fachada Oeste
20.
Detalhe painéis fotovoltaicos e tela metálica
21.
Detalhe telhado verde
22.
Detalhe capitação de água pluvial pelo piso
125
126
127
128
129
130
131
132
133
134
135
136
137
138
139
140
141
142
143
144
145
146
147
148
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
149
150
XII. Referências bibliográficas ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15220-1 Desempenho térmico de edificações. Parte 1: Definições, símbolos e unidades. Rio de Janeiro, 2005a. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15220-2 Desempenho Térmico de Edificações. Parte 2: Método de Cálculo da Transmitância Térmica, da Capacidade Térmica, do Atraso Térmico e do Fator de Calor Solar de Elementos e Componentes de Edificações. Rio de Janeiro, 2005b. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15220-3 Desempenho Térmico de Edificações. Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. Rio de Janeiro, 2005c. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9077: Saída de. Emergência em Edifícios. Rio de Janeiro, 2001. ANDRADE, NELSON; BRITO, PAULO LUCIO DE; JORGE, WILSON EDSON. Hotel – Planejamento e Projeto. 10ª Edição, São Paulo, 2013. BRAGA, D. K. Arquitetura Residencial das superquadras do Plano Piloto de Brasília: aspectos de conforto térmico. Dissertação de Mestrado para FAU-UnB, Brasília, 2005. BRASIL. Estatuto do idoso: Lei federal nº 10.741, de 01 de outubro de 2003. Brasília, DF: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2004. CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL. Lei complementar nº 803, de 25 de abril de 2009, Aprova a revisão do Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal – PDOT e dá outras providências. Lei complementar, Brasília, 2009. COSTA, Lúcio. Brasília Revisitada. Brasília: GDF, 1987. DORNELLES, K A. Absortância solar de superfícies opacas: métodos de determinação e base de dados para tintas látex acrílica e PVA. 2008. 160p. Tese (Doutorado) - Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008. GEMEENTE ROTTERDAM. Rotterdam, people make the inner city – Densification + Greenification = Sustainable City. estudo da prefeitura para os planos de desenvolvimento sustentável da cidade, Roterdão, Países Baixos, 2012. GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL. Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília – PPCUB. Relatório diagóstico. Brasília, 2015. GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL. Uso, Gabarito e Normas de Edificação, GB 0003/01. Setor Hoteleiros Norte e Sul RA1. Brasília, 1982. INMETRO, ELETROBRÁS_ Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifício Comercio, de Serviço e Público, RTQ-C, 2013.
INMETRO, ELETROBRÁS_ Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Residenciais, RTQ-R, 2013. KOOLHAAS, Rem; MAU, Bruce. The generic city. Nova Iorque, 1995.
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Disponível
http://www.preservationnation.org/information-center/sustainable-communities/green-lab/lca/The_Greenest_Building_lowres.pdf> Acesso em 10/05/2015. NATIONAL TRUST FOR HISTORIC PRESERVATION. Building Reuse - Finding a Place on American Climate Policy Agendas. Washington, EUA, 2008. NYU STERN URBANIZATION PROJECT. Atlas of Urban Expansion Maps, pesquisa publicada no Fórum Urbano Mundial, Medelín, Colômbia, 2014. UCL – UNIVERSITY COLLEGE LONDON. Making Decisions on the Demolition or Refurbishment of Social Housing. UCL Public Policy Briefing, Londres, Inglaterra, 2014. UN – UNITED NATIONS. The Habitat Agenda: Chapter IV: C. Sustainable human settlements development in an urbanizing world. General Assembly, NGO Committee on Education, 1996.
V.I.I FONTES DA WEB: http://portoimagem.com/2011/07/29/urgente-retrofit-do-edificio-esqueleto/ http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=116&Numero=176&Caderno=14&Noticia=272600 http://www20.caixa.gov.br/Paginas/Noticias/Noticia/Default.aspx?newsID=2256 http://renatocinco.com/teste/?p=862 http://www.ctbuh.org/LinkClick.aspx?fileticket=KfS%2BUs7vm8E%3D&tabid=749&language=en-GB https://www.melbourne.vic.gov.au/1200buildings/CaseStudies/Documents/Alto_Hotel_(636_Bourke_St)_29_7_11_pdf.pdf
152
em
<
ANEXOS
153
154
ANEXO I - Mídia ABORDAGEM DA MÍDIA SOBRE A PROBLEMATIZAÇÃO DO TORRE PALACE ABANDONADO 17/04/2013 - CORREIO BRAZILIENSE
19/11/2014 - GLOBO
19/11/2014 - JORNAL REGIONAL
155
07/12/2014 - DESTAK JORNAL
10/02/2015 - CORREIO BRAZILIENSE
12/02/2015 - CORREIO BRAZILIENSE
22/02/2015 - GLOBO
156
22/02/2015 - CORREIO DO LAGO
04/05/2015 - CORREIO BRAZILIENSE
04/05/2015 - JORNAL DE BRASÍLIA
157
04/05/2015 - R7 NOTÍCIAS
05/05/2015 - JBR ONLINE
29/07/2015 - DIÁRIO DO PODER
158
ANEXO II - Croquis CROQUIS DE DESENVOLVIMENTO DE PROJETO ESTUDOS DE CONDICIONANTES EXTERNAS
159
160
ESTUDO DO ESPAÇO URBANO, CAMINHOS E ACESSOS
161
162
163
164
165
ESTUDOS DO EMBASAMENTO
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167
168
169
ESTUDOS DE FACHADAS
170
171
ESTUDOS DE DIVISÕES INTERNAS - RESPEITANDO ESTRUTURA E SHAFTS EXISTENTES
172
173
174
ANEXO III - Memória de cálculo para etiquetagem PRÉ-REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA ENVOLTÓRIA TRANSMITÂNCIA TÉRMICA DE COBERTURA
1) Cobertura verde: 0,96 em uma área de 800,67 m²
3) Telha termo-acústica: 0,6 em uma área de 325,69 m²
Fonte: projeteee.ufsc.br Fonte: projeteee.ufsc.br
2) Laje maciça: 3,2 em uma área de 78,11 m²
Fonte: projeteee.ufsc.br
175
As áreas condicionadas são os quartos de hotéis, onde está a cobertura de telha termoacústica de transmitância 0,6 W/m²K. As áreas não condicionadas são o embasamento e os ambientes térmicos da cobertura, cujas transmitâncias dos dois fechamentos horizontais devem ser ponderados de acordo com a área: 0,96 x 800,67 x 3,2 x 78,11
= 1,16
878,78
TRANSMITÂNCIA TÉRMICA DAS PAREDES
1) Parede da torre: Argamassa + tijolo cerâmico furado + Argamassa + Porcelanato a) reboco+argamassa+reboco+porcelanato Densidade do porcelanato = 2500, então λ=1,10
R = 0,025 + 0,2321 + 0,025 + 0,03 = 0,3029 1,15 1,15 1,10
Espessura do porcelanato = 3 cm = 0,03 m λ ,do reboco = 1,15 Espessura do reboco = 2,5 cm = 0,025 m
Resistência total ponderada da parede: Rt = 0,0049 + 0,0512 0,0049 + 0,0512
λ da argamassa = 1,15 Espessura da argamassa = 10 cm = 0,1m
0,15771
= 0,2812
0,30285
Rt = Rsi + Rt + Ser R= 0,025 + 0,1 + 0,025 + 0,03 = 0,15771 1,15
1,15 1,15
1,10
b) reboco+tijolo+reboco+porcelanato Resistência do tijolo já ponderada (partes dos furos e maciças) = 0,2321 Resistência do tijolo com rebocos e porcelanato:
176
Rt = 0,13 + 0,02812 + 0,04 = 0,4512
Transmitância total da parede: U= 1 Rt
1 0,4512
= 2,216
Fonte: NRB 15520-2
2) Parede do embasamento: reboco + tijolo cerâmico + reboco
Fonte: projeteee.ufsc.br
ABSORTÂNCIA DAS COBERTURAS Com exceção do telhado verde que não entra no cálculo de pré-requisito para absortância, as demais coberturas são pintadas de branco, portanto a absortância é de 0,2.
ABSORTÂNCIA DAS PAREDES Ponderação da absortância da parede: - Porcelanato cor areia: 0,34 em uma área de 1981,94 m²
Fonte: DORNELLES
- Porcelanato cor concreto: 0,72 em uma área de 803,94 m² - Parede de trás do vidro (em térreo e sobreloja): 0,38 x 0,2 = 0,076 em uma área de 106,32 m² - Parede branca (embasamento): 0,2 em uma área de 115,34 m² Área total: 3966,12 m²
Ponderação: 0,34 x 1981,94 + 0,72 x 803,24 + 0,76 x 106,32 + 0,2 x 115,34 3966,12
= 0,3988 ~ 0,4
ILUMINAÇÃO ZENITAL Não há aberturas zenitais envidraçadas.
177
LEVANTAMENTO PARA CÁLCULO DA ENVOLTÓRIA
LEVANTAMENTO REALIZADO NO AUTOCAD
178
LEVANTAMENTO REALIZADO NO AUTOCAD
179
180
â&#x20AC;&#x153;A menos que modifiquemos a nossa maneira de pensar, nĂŁo seremos capazes de resolver os problemas causados pela forma como nos acostumamos a ver o mundoâ&#x20AC;?
Albert Einstein
181