Portfolio Design (Français)

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LUISA BISSONI Portfolio - Design


CV formation académique ÉCHANGE ACADÉMIQUE ÉCOLE NATIONALE SUPÉRIEURE D’ARCHITECTURE DE LYON (ENSAL) 2018 -2019

CONTACT LUISABISSONISOUZA@GMAIL.COM

GRADUATION EN ARCHITECTURE ET URBANISME FACULTÉ D’ARCHITECTURE ET URBANISME DE L’UNIVERSITÉ DE SÃO PAULO (FAUUSP) 2014 -2020 LYCÉE TÉCHNIQUE DE L’ÉTAT CONSEILLER ANTÔNIO PRADO (ETECAP) 2011 - 2013

+33 07 66 13 63 54

EXPÉRIENCE LANGUES PORTUGAIS Langue maternelle

Anglais Avancé: lire, écrire et parler Niveau MAC-3

FRANCÊS Avancé: lire, écrire et parler Certificat DELF B2

STAGE MAISON D’ÉDITION “ABRIL” STAGIAIRE DE GRAPHISME DANS Le MAGAZINE “CASA CLAUDIA” Juillet 2017 - Juillet 2018 • Mis en page d’articles • Récherche des références • Assistant de directeur artistique MEMBRE DU COMITÉ ÉDITORIAL DU MAGAZINE CONTRASTE LA PUBLICATION ÉTUDIANTE INDÉPENDANTE DE LA FAUUSP 2015 - 2017 • Organisation d’activités au cours du processus de création du magazine (exposition de films, sorties photographiques, petites expositions et visites d’architecture) • Événement de lancement de Contraste 4: discussions avec l’ancien maire de São Paulo, Fernando Haddad, à la FAUUSP STAGE LABORATOIRE DE PROJET (LABPROJ) FAUUSP Boursier du projet “Centre de mémoire Cohab Raposo Tavares” ORIENTÉ PAR ANTÔNIO CARLOS BAROSSI Août 2015 - Juillet 2016 • Création de matériel graphique pour divulguer le projet • Création de la maquette de la COHAB lors d’ateliers avec le College Municipal Maria Alice Borges Ghion


ACTIVITES COMPLEMENTAIRES WORKSHOP “HERITAGE AND VERNACULAR ARCHITECTURE” ÉCOLE NATIONALE SUPÉRIEURE D’ARCHITECTURE DE LYON Avril 2019 • Elaboration d’un projet patrimonial dans des installations troglodytiques à Uçhisar, Cappadoce. COMPÉTITION NON ARCHITECTURE AVEC VICTÓRIA AFONSO, ANDREAS LASKARIS, PAUL ANDALI E IVAN KULIFAJ Janvier 2019 • Elaboration de trois pièces graphiques sur le thème “éducation” WORKSHOP “METTRE L’HOMME EN LUMIÈRE” ÉCOLE NATIONALE SUPÉRIEURE D’ARCHITECTURE DE LYON ET MÉMORIAL PRISON MONTLUC Novembre 2018 • Production d’installation pour la Fête des Lumières de Lyon COURS “LE LIVRE ET L’ARCHITECTURE” CENTRE DE RECHERCHE E FORMATION SESC Juillet 2018 COURS DE PRODUCTION GRAPHIQUE industrie graphique PANCROM Février 2018 • Couleurs, test de couleurs, papiers, encres, impression e finitions COURS DE Représentation architecturale COURS {CURA} Février 2018 • Módelisation 3D (SketchUp), Renderization (Vray), Photoshop e Mis en page (Indesign) COURS DE COLLAGE PHOTOSHOP COURS {CURA} Janvier 2018 COURS “LA MODE COMME LANGUAGE” CENTRE UNIVERSITAIRE MARIA ANTÔNIA USP Juin de 2016 WORKSHOP GRAPHIQUE-POLITIQUE AVEC LE LABOATOIRE DE DROITE À LA VILLE (LABCIDADE) FAUUSP WORKSHOP ORIENTÉ PAR PAULA SANTORO E RAQUEL ROLNIK Juin de 2016 • Élaboration d’interventions graphiques et politiques dans le périmètre de l’opération urbaine Tamanduateí

logiciels INDESIGN

PHOTOSHOP

PREMIÈRE

ILLUSTRATOR

AUTOCAD

VRAY

SKETCHUP

RHINO

GRASSHOPPER

PACOTE OFFICE



PROJETS ÉDITORIAL Guide des Antiquités Contraste Guide d’Ubatuba

ILLUSTRATION Non Architecture

scénographie Fête des Lumières


GUIDE D’ANTIQUITÉS Stage Casa Cláudia Orientation: Akemi Takenaka Avril 2018 Au cours de mon stage au magazine Casa Cláudia, j’étais responsable de la mise en page d’un petit guide expliquant comment acheter des meubles de designer dans des magasins d’antiquités. Comme nous n’avions pas de photos de la majorité des pièces citées dans chaque entretien, l’idée était de réaliser un guide illustré comportant des pièces emblématiques du design brésilien. Finalement, le résultat a été une série d’illustrations sur le thème des années 70, une période importante pour le design moderniste (mais également pour la musique, l’art et la littérature) au Brésil. Chaque illustration a été d’abord dessinée à la main, puis vectorisée avec Illustrator.





em casa

dicas de expert

caça aos tesouros

O que fazer antes, durante e depois da compra de uma antiguidade

1 Pesquise antes: os antiquários costumam ser especializados em determinados estilos e épocas. Se você for ao lugar certo, é mais provável que encontre o que procura.

2 Pergunte sobre as características e a origem da peça. Se bobear, além do objeto vintage dos sonhos, você ainda leva uma bela história para casa.

Onde encontrar, como escolher e de que forma restaurar são algumas dúvidas recorrentes para quem se aventura no garimpo de antiguidades. Aqui, um pequeno guia de como se dar bem nesse universo tão fascinante e valioso

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como GARImPAR?

design e ilusTração: luísa bissoni

TexTo helena tarozzo

As opções de lugares são muitas: antiquários, feiras de antiguidades, leilões, vendas de família, sites especializados, brechós e até bazares. Mas o ponto de partida para uma compra certeira é saber exatamente o que você procura. Seja uma cadeira, uma luminária, um par de poltronas ou uma mesa de jantar. Claro, nada impede que você faça o estilo Sherlock Holmes e se jogue em busca de achados aleatórios, mas ter uma wish list em mente ajuda muito. “Num mercado de pulgas, o volume e a diversidade de peças são imensos. Então é preciso manter o foco. Já no anti-

quário, você vai encontrar peças pré-selecionadas e, muitas vezes, reformadas”, explica o arquiteto Michel Safatle. A chance de topar com uma raridade esquecida num depósito, e com preço em conta, diminuiu muito nos últimos anos, à medida que o mercado se profissionalizou. “É algo que, hoje em dia, requer um olhar treinado e sorte”, diz o antiquário Thomaz Saavedra. Móveis, luminárias e objetos assinados estão nas mãos de poucos e na mira de todos. Se esse é o seu desejo, esteja preparado para procurar bastante e desembolsar um bom dinheiro.

Cheque o estado do objeto, mas não deixe que isso impeça a compra. Um item detonado pode ficar ótimo depois do restauro, desde que ele não descaracterize a peça.

4 Quando encontrar algo muito raro ou que faça seus olhos brilharem de imediato, compre. Pode ser que você nunca mais tope com algo parecido por aí.

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oRIGInAl ou não? Para os experts no assunto, está fora de cogitação levar uma cópia para casa. Os motivos incluem desde a segurança que a peça fabricada sob a supervisão de um designer oferece – como ter uma estrutura resistente – até o valor de mercado (veja pág. ao lado). “Uma réplica pode parecer muito com a peça original e, inclusive, ser vendida pelo mesmo preço. Mas será confeccionada de uma maneira mais amadora, sem o olhar do autor e com uma madeira inferior”, explica Thomaz

Saavedra. É preciso ficar claro também que essas cópias produzidas antigamente são diferentes das reedições feitas atualmente por marcas como Etel, Dpot e Passado Composto Século X X, que têm autorização das famílias dos designers e colocam no mercado peças até então esgotadas. Essas empresas reproduzem o desenho e o método de fabricação, mas usam outras madeiras devido à proibição da exploração comercial de espécies como o jacarandá e a imbuia, hoje em extinção.

FavOritOs de tOdOs Os teMpOs

pOLtrONa JaNGada Desenhada por Jean Gillon em 1968 com jacarandá e couro natural.

LUMiNÁria NessiNO De acrílico, criada por Giancarlo Mattioli em 1967.

BaNcO MOcHO Primeira peça importante de Sergio Rodrigues, de 1954.

aNiMais ciNÉticOs Criados por Abraham Palatnik nos anos 1970.

vAle quAnto? O preço desse tipo de peça costuma variar muito e isso depende da autenticidade, da quantidade disponível no mercado, do estado em que ela foi encontrada e do designer que a criou. “Nos últimos 15 anos, a demanda por mobiliário brasileiro, tanto no mercado nacional como no internacional, fez o preço de alguns móveis subir muito, especialmente os que foram produzidos em menor escala”, explica Pablo Casas, diretor da galeria Herança Cultural. Modelos originais criados por Jean Gillon, Joaquim Tenreiro, Jorge Zalszupin, Lina Bo Bardi, Oscar Niemeyer e Sergio Rodrigues entre os anos 1950 e 60 têm alta procura por colecionadores e, consequentemente, preço mais alto. Além da assinatura dos mestres do modernismo, as madeiras brasileiras usadas na época também são muito valorizadas. Isso eleva o preço mesmo de peças sem autoria, desde que a estrutura seja de mogno, jacarandá, imbuia ou pau-ferro.

qUaNdO restaUr ar? Se a peça for original, apenas quando ela estiver impossibilitada de ser usada. Ou seja, com a perna quebrada, as molas do assento para fora, o tampo rachado. Para os especialistas, manter o item como foi fabricado é o ideal.

Madeira

MetaL

estOFadO

Verniz descascado, superfície lascada, pedaços faltando e cupim são os casos que pedem uma intervenção. Se a peça estiver em bom estado, não faça modificações, pois pode se tratar de uma madeira extinta.

Veja se o material perdeu o banho cromado, amassou ou enferrujou. Mas busque o restauro apenas quando a estrutura estiver prejudicada. Há quem ache o desgaste superficial um charme!

No caso do couro, troque somente quando estiver rasgado. Já tecidos em geral, como linho, veludo, sarja e seda, também precisam ser substituídos se estiverem muito sujos ou manchados.

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CONTRASTE Publication Étudiante Indépendante 2016 - 2018 Contraste est une publication indépendante créée par des étudiants de la FAUUSP en 2011. Le comité éditorial est responsable pour tout le processus de création du magazine, du choix du contenu à la définition de l’ensemble du graphisme. Mais la création de chaque Contraste va toutefois bien au-delà de la sélection du contenu. Nous participons à l’impression du magazine, qui se déroule entièrement dans le Laboratoire de Production Graphique (LPG) de la FAU. On organise des expositions lors du lancement de chaque édition et fait plusieurs activités parallèles au cours de la publication, telles que des séances de photo, des projections de films, ateliers au LPG (sérigraphie, typographie, mis en page, etc.). J’ai eu la chance de participer à l’élaboration du quatrième numéro sur le thème “Espace public” et du cinquième numéro du magazine sur le thème “Éducation”.



Contraste 4



mento de Urbanismo - DEURB da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano - SMDU da Prefeitura de São Paulo

FÁBIO MARIZ

FÁBIO MARIZ é professor da FAUUSP e Diretor do Departa-

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O Ç A P S O E ICO L A B T Ú U P P S IPAÇO D EOMES O EM C I L B Ú P A T U P DIS

Até a década de 50 a maior parte da população brasileira ainda era rural. As transformações operadas desde o colapso do café e as guerras mundiais contribuíram para o desenvolvimento das atividades industriais e manufatureiras. O processo de urbanização da população acelerou-se a partir daí. As elites nacionais que por séculos controlaram a sociedade rural e autoritária passaram a ter dificuldades com a gestão das novas forças sociais e políticas e simplesmente encerraram o período democrático que já contava com quase vinte anos, desde a morte de Vargas. As forças que deram sustentação ao regime ditatorial acabam negociando a abertura democrática em 1985, com Tancredo Neves.

Embora tenhamos avançado significativamente nestes trinta anos, nossas cidades seguem espelhando nosso passado de desigualdade e exclusão. Avançamos enquanto sociedade reduzindo significativamente, pela primeira vez, a pobreza e a desigualdade, mas as distâncias e as diferenças ainda persistem como características marcantes da nossa sociedade e das nossas cidades. Os arquitetos e urbanistas brasileiros trabalharam nestas três décadas para viabilizar as cidades sem que estas diferenças precisassem ser resolvidas. Cidades tão desiguais organizaram-se em verdadeiros guetos: condomínios fechados e esparsos ocuparam áreas agrícolas e urbanas; condomínios clube criaram verdadeiras fortificações urba-

nas; shoppings espalharam-se pela cidade construindo o lugar para o consumo e o lazer de cada classe social separadamente. As distâncias, os muros, as oportunidades, os empregos, tudo conspira para que as diferenças se mantenham. Não é à toa que as maiores manifestações desta nova sociedade urbana e democrática tenham ocorrido com a bandeira da mobilidade em 2013. Também não é coincidência que tenham ocorrido nas ruas das grandes cidades. As ruas são a chave para que estas diferenças sejam minadas. John Holloway¹ no livro “Fissurar o capitalismo” apresenta várias experiências de sociedades mais igualitárias. Mostra que os mais recentes e bem sucedidos esforços por mudanças sociais, que questionem as estruturas políticas e econômicas, não se dão mais da mesma forma que no século XX. Ele mostra que não se deseja mais “derrubar” o sistema, nem mesmo esperar pela sociedade que virá depois da “revolução”. Busca-se experimentar e vivenciar a vida que se quer hoje, preferencialmente agora mesmo. O livro conta do trabalho de cooperativas, coletivos, movi-

Contraste 4

1 HOLLOWAY, John. Fissurar o capitalismo. São Paulo: Publisher Brasil, 2013.

mentos sociais mais ou menos organizados, espalhados pelo mundo todo, de Londres a Chiapas, que buscam criar experiências, mesmo que finitas, localizadas e limitadas, que gerem oportunidade de reflexão e mudanças de comportamento imediatas. Criar ruas para todos, conquistar as ruas para todos, é expor as diferenças e os conflitos, é fazer a experiência de fissurar o sistema. Grupos que não são aceitos por toda a sociedade conquistam trechos ou ruas inteiras criando espaços onde a diversidade possa ser externada como na Rua Augusta, na Rua Frei Caneca, na rua lateral da Praça Roosevelt ou na Avenida Vieira de Carvalho. Espaços públicos nos quais diferentes classes sociais e diferentes grupos com diferentes comportamentos possam conviver. Negar as ruas é negar o espaço para a manifestação e convívio entre os diferentes. As ruas seguem sendo o espaço para os que ficam à margem da sociedade, dos que não são aceitos, é o lugar de moradia ou abrigo dos que não tem mais nada, dos que passam fome, dos que bebem e dos que

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CRIAR RUAS PARA TODOS, CONQUISTAR AS RUAS PARA TODOS, É EXPOR AS DIFERENÇAS E OS CONFLITOS, É FAZER A EXPERIÊNCIA DE FISSURAR O SISTEMA.


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consomem drogas. As ruas abrigam as profissões mais perseguidas, o meretrício, o catador de material reciclável, o ambulante e o tráfico. Contudo, são elas que abrigam as passeatas e as manifestações das classes médias, das elites, dos religiosos, dos gays e lésbicas, e dos Black blocs. Para Hannah Arendt² as atividades humanas podem ser entendidas em três tipos: o trabalho, a obra e a ação. O trabalho consistindo nas atividades cotidianas associadas à manutenção da vida e o consumo associado a ela. A obra consistindo no trabalho que gera objetos ou produtos que permanecem. A ação como a mais nobre das atividades, estabelecida na inter-relação entre os seres, a que constrói a vida política. A ação, no sentido estabelecido por Hannah Arendt é o oposto do isolamento, se dá apenas no encontro, especialmente no encontro dos diferentes. Para ela, os espaços onde estas atividades se desenvolvem podem estar na esfera privada ou na esfera pública. Esta distinção, embora não permita a simples substituição do termo “esfera” por “espaço”,

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MELHORANDO E BARATEANDO OS TRANSPORTES PÚBLICOS CONQUISTA-SE A CIDADE E A CIDADANIA PARA TODOS.

2 ARENDT, Hannah, A Condição Humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.

pode muito contribuir para o entendimento do papel dos espaços qualificados pelos mesmos complementos – público e privado. Para Arendt a esfera pública é constituída pelo conjunto de ações que se desenvolvem à vista de todos, o que pode ser visto por todos. É também o mundo das coisas, comuns a todos os homens, o que une e é compartilhado por eles. A disputa pelas ruas como lugar da vida pública é a disputa pela visibilidade e pelo acesso.

Por esta razão a mobilidade urbana foi a pauta capaz de catalisar parte tão expressiva dos jovens que tomaram as ruas em 2013. Melhorando e barateando os transportes públicos conquista-se a cidade e a cidadania para todos. Permite-se o acesso ao trabalho, ao estudo e ao lazer para todos. Questiona-se a capacidade de exclusão e segregação que o valor da terra vem garantindo. Como vender privilégio e exclusividade se todos pudessem chegar a qualquer lugar?

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O QUE TEMOS ASSISTIDO NA ATUAL GESTÃO MUNICIPAL É O ESFORÇO DO PODER PÚBLICO MUNICIPAL DE RESPONDER A ESTE MOMENTO SINGULAR DA HISTÓRIA DA CIDADE.

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ILUSTRAÇÕES: FLORA MILANEZ

O que temos assistido na atual gestão municipal é o esforço do poder público municipal de responder a este momento singular da história da cidade. Buscar alterar os tipos das construções estimulando edifícios multifuncionais, com térreos voltados para as ruas, com estratégias para implantar unidades de interesse social de forma mais dispersa e misturada, alargar e qualificar calçadas, implantar parklets, permitir o trabalho de músicos de rua, investir no transporte público e nas ciclovias,

criar o transporte público 24 horas, qualificar espaços públicos da cidade, são ações de natureza distinta, de diferentes escalas, mas articulados como conjunto de ações que visam tornar as ruas mais vivas e acessíveis a todos. Este objetivo geral comparece no Plano Diretor de 2014, e no Zoneamento encaminhado à Câmara Municipal este ano. Não sabemos ainda quais destas propostas vingarão, o quanto lograrão alterar a cidade real ou as suas formas de uso e apropriação. Pode ser que só daqui a décadas


Contraste 5: Les couvertures ont été finies avec une couche d’encre grattable, avec 4 modèles différents


Couverture Contraste 5 sans l’encre grattable


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AA RR EECC UU PP EE RR AACÇ Ã ÃOO DDAA CC II DDAA DD EE PPAA RR AA AASS CC RR II AA NN CÇ AA SS Mayumi Watanabe de Souza Lima1 Ilustração: Luisa Kon

Durante a organização do seminário da qual tivemos oportunidade de participar, mudamos vários títulos das palestras para adequá-los melhor ao perfil dos palestrantes, e também pelo exato sentido que queríamos dar a cada tema. O nosso tema é um desses casos e mesmo com duas mudanças não encontramos o termo apropriados, pois “recuperar “ pressupõe que em algum momento a cidade pertenceu às crianças e ela foi perdida. Há aí o perigo de colocações nostálgicas de retorno a um passado supostamente mais feliz e tranquilo, frente a um presente terrível, o que não é nossa intenção. Assim, ao se falar em “recuperar a cidade para as crianças”, cabe colocar duas questões prévias: - Quando e como as crianças se apropriaram do espaço urbano? - Que aspectos positivos deveriam ser recuperados dessa apropriação nos dias de hoje, numa cidade do porte e complexidade de São Paulo? Para responder a estas questões, tomamos como indiscutível que a apropriação do espaço pela criança se faz pelo jogo, pela brincadeira, pela simulação e encenação que ela inventa e vive, e que através deles vai desenvolvendo o seu conhecimento sobre o mundo concreto, a realidade social e seus papéis. Sem qualquer pretensão de abordagem histórica, é preciso lembrar o que eram esses jogos e brincadeiras infantis no passado. Segundo autores como Philippe Aries e Jacques Donzelot, as crianças do século XV e XVI misturam-se aos adultos nos espetáculos de lutas, de corrida de cães, de brigas de galo,

1 Mayumi Watanabe de Souza Lima é arquiteta, nascida no Japão em 1934. Seu trabalho em arquitetura educacional foi, e ainda é, imprescindível para todo o campo disciplinar. Ela faleceu em 1994, mas ainda hoje é referência em arquitetura e pedagogia. Esse artigo é a transcrição de uma palestra dada por Mayumi no Seminário Sesc — Abrinq “A criança, o espaço e o brincar”.

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como por exemplo, os jogos de roda em que entram mímicas, adivinhações, simulações e os piqueniques no campo. Ainda mais intensa era a participação das crianças das festas coletivas, sazonais; essas festas constituíam um dos principais meios de que uma sociedade dispunha para estreitar a unidade dos seus membros. As festas da cidade eram várias, correspondendo a inúmeras comemorações; ocorriam entre cidades ou ainda os divertimentos coletivos aglutinavam idades, gênero e procedências diversas. Os jogos e as festas nessas sociedades tinham função social, num certo sentido conservadora, para transmitir costumes, tradições, valores, identidade coletiva. E onde se davam esses jogos e festas? Dado que as habitações eram geralmente escuras e pouco espaçosas, a maioria dos jogos, festas, divertimentos e até mesmo as brincadeiras mais simples das crianças ocorriam nos espaços públicos. A rua, mais ainda do que a praça, era o lugar das crianças, por excelência. As crianças viviam na rua, corriam, brincavam. Os relatos do século XVI e XVII citados por Arlete Farge dão-nos conta dos reclamos que alguns adultos apresentava às autoridades pelos estragos em suas roupas e chapéus, por causa das brincadeiras infantis com bolas de terra, de neve ou baldes de água sobre os transeuntes, ou mesmo quedas de adultos, atropelados por crianças em jogos de pega-pega. Os reclamantes criticavam a excessiva liberdade que, aos seus olhos, davam às crianças na cidade, à educação dita

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“viciosa e despudorada” que se dava aos filhos do povo. Mas esta liberdade —, positiva ao ponto de vista do aprendizado cotidiano da realidade —, era sem dúvida cheia de problemas, principalmente relacionados com o sexo e a moral cristã. É preciso entender que esta nova moral foi se fortalecendo ao longo de todo o século XVII, coincidindo com o deslocamento da população rural para os aglomerados urbanos. As ruas enchiam-se de novas levas de trabalhadores — ou de candidatos ao trabalho — a serviço dos nobres e burgueses que, deixando suas terras, instalavam-se na cidade. As famílias consideravam-se em risco, pelo aparecimento de mães solteiras e de crianças abandonadas, legítimas ou não, e de pobres e mendigos sem certificados de estado civil. Dessa época em diante, até o século XIX, as crianças foram gradativamente sendo alijados do convívio com os adultos e do espaço urbano. As ruas passaram a ser vistas como local de perdição da inocência, de vadiagem e de risco. Por isso, era preciso separar as “crianças das famílias” daquelas “crianças de rua” (ou “menores”). Não eram mais livres, umas e outras, pois o novo preceito de educação infantil evoluía para uma disciplina rigorosa, dentro das habitações e das instituições. A liberdade das crianças punha em perigo a “alma dos pequenos ainda impregnada

Contraste 5

de inocência batismal e morada de Cristo”. Era preciso vigiá-las continuamente. O regulamento para as crianças de Port. Royal, de 1711, é explícito. Diz ele: “é preciso vigiar as crianças com cuidado e jamais deixá-las sozinhas, em nenhum lugar, estejam elas sãs ou doentes”. Esta vigilância, contudo, deveria ser feita de modo a não parecer opressiva: “é preciso ainda” — diz o regulamento “que essa vigilância contínua seja feita com doçura e uma certa confiança, que faça a criança pensar que é amada, e que os adultos estão a seu lado pelo prazer de sua companhia. Isso faz com que elas amem essa vigilância, em lugar de temê-la”. Foi durante esse período que os jogos e as brincadeiras passaram a ser classificados de bons e maus, permitidos aqueles considerados de bom tom ou de disciplinamento do corpo e condenados aqueles que atentam “contra o pudor e levam a decadência física ou moral”. A ginástica e a educação física do 1º grupo e cada vez mais incluídas entre as atividades da vida escolar. Os exercícios físicos são admitidos primeiramente como jogos tolerados para serem, em seguida, reconhecidos como necessidade do corpo humano, em crescimento. Até mesmo os gritos dos torcedores e dos jogadores tinham utilidade para esse crescimento, por exercitar os pulmões.


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Em fins do século XVIII, os jogos de exercícios físicos receberam um outro apoio forte: eles serviam também para a preparação dos jovens para guerra, isto é, para a instrução militar. Na história das relações entre cidade e a população infantil e juvenil, os três séculos haviam introduzido profundas mudanças por influências contínuas de médicos, pedagogos, religiosos, autoridades e militares. As crianças das “famílias” e do “povo” passaram a ter espaços separados especializados, segundo faixas etárias, classes sociais e tipo de atividade, organizados, controlados e vigiados por profissionais igualmente especializados. As áreas públicas privatizaram-se cada vez mais, as cidades também se estenderam para além da visualidade imediata e a sua extensão foi acompanhada não só pela especialização dos espaços, mas pela fragmentação do próprio espaço urbano, através da ocupação especulativa e segregadora do solo, que afasta e separa os moradores da cidade. As crianças constituem o segmento mais frágil da população e por isso mesmo simples e espectadores das mudanças boas ou más que ocorreram à cidade e aos seus moradores, agora transformados em meros produtores e ocupantes. Os jogos e as festas sazonais perderam o sentido coletivo de união para se transformarem em espetáculos vendidos ou oferecidos, trocados entre os que os organizam, os que realizam e os que simplesmente assistem. O espaço das crianças foi se limitando cada vez mais até se tornar esse conjunto de pequenas áreas, existentes em qualquer

cidade, restos invendáveis dos parcelamentos comerciais do solo urbano ou, quando maiores, em locais de consumo. Mesmo nas instituições voltadas para as crianças, como as escolas e creches, as áreas livres para o brincar das crianças tendem a ser tratadas como áreas abandonadas, simples terreno de chão batido ou invadido pelo mato. Os parques infantis, utilizando e fechando parte de praças, organizam e constroem seus espaços segundo a ótica disciplinar e de segregação. Fecha-se para e contra o mundo externo, constroem-se instalações que só estimulam os movimentos. Separam-se os ambientes para os exercícios que envolvem o pensar; a fantasia limitase à hora das histórias contadas. O contato com adultos, excetuados aqueles que o fazem por obrigação profissional ou salarial, diminui assustadoramente rompendo o elo de ligação que unia no jogo e na brincadeira conjunta, pais e filhos, adultos e crianças, substituída a função social da festa e do divertimento, pelo trabalho fracionado, como valor absoluto e individual. Os espaços urbanos em São Paulo denunciam bem o que acabamos de apontar. Há uma absoluta urgência de recuperar a cidade, enquanto lugar de encontro, do brincar coletivo, da relação lúdica de adultos e crianças e de crianças entre si. Sem qualquer nostalgia ou equivocada valorização do passado, há que assegurar na cidade e para a cidade os espaços públicos, hoje privatizados pelo automóvel, pelas grades, pela segregação econômica e social que se faz em nome da segurança.

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individualidade de cada morador, mas ao mesmo tempo garantindo os espaços abertos de uso comum. As ruas nesses espaços permitem o acesso e a movimentação seletivas de veículos, porém, em velocidade correspondente a quem manobra dentro do seu terreno, possibilitando, portanto, que as crianças delas se apropriem. As praças e os jardins hoje transformadas em pedaços de terra abandonadas, ou em selva de concreto, ou no máximo em floreiras de acesso proibido, precisam ser conscientemente assumidas pela população como território que pertence aos seus moradores, crianças e adultos. Esta apropriação está vinculada à conquista real dos direitos de cidadania e da responsabilidade que os moradores de uma cidade têm com o seu desenvolvimento. Significa também que todos terão de refletir sobre o compromisso que assumem com as crianças e o futuro delas, na prática cotidiana de lhes mostrar o respeito que tem com o ambiente e com o

A escolha e o tratamento desses espaços públicos por decisões coletivas não são propostas utópicas ou demagógicas. São antes de tudo necessidades não explicitadas, porém concretas, de uma sociedade que inconscientemente destrói o seu patrimônio, implode os elementos culturais que permitiria a identificação dos moradores com a sua cidade e pior ainda, deteriorar o ambiente em que suas crianças vão crescer. Conquistar coletivamente as áreas públicas para as crianças, levando em conta as condições atuais de urbanização segregada e de insegurança, significa a introdução do conceito de habitação e de priorização do interesse comunitário para dentro do bairro em que se mora. As super quadras de Brasília e as quadras japonesas, para citar apenas dois exemplos, mostram que as áreas comuns, nelas incluindo-se as ruas internas, podem criar uma prática social mais coletiva, respeitando-se a privacidade e a

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espaço público através da forma como se desfaz do seu lixo pessoal, do estacionamento em fila dupla, dos dejetos dos seus animais de estimação, da importância que dá aos filhos na atenção e no tempo que a eles dispõem. A recuperação do espaço urbano é, portanto, a construção de uma nova prática social onde todos têm voz e vez e, em consequência, responsabilidade individual e coletiva. Os projetos que decorrem desta concepção voltam-se para estimular e desenvolver justamente esta prática social coletiva, muito pobre em nossa cidade. Os projetos elaborados nestes dois anos pela Prefeitura de São Paulo buscam desenvolver esta forma de ver e viver os espaços públicos. São exemplos o Espaço-Criança que ocupará o lugar da favela Nova República de triste memória, o Jardim São Francisco construído com os moradores, o projeto Arco-Iris de reforma das escolas infantis ou da Praça da Criança em Santo Amaro e das ruas locais, sempre com a participação dos futuros usuários ou moradores da cidade, reconquistando o espaço público hoje, lugar de ninguém, para que se construa o lugar para todos. ⧊

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BRONOWSKI, Jacob - Arte e Conhecimento. São Paulo - Martins Fontes - 1990 CHATEAU, Jean - O Jogo e a Criança. São Paulo - Summus Editorial - 1987 S. LIMA, Mayumi - A Cidade e a Criança. São Paulo - Nobel - 1990 CALVINO, Ítalo - Cidades Invisíveis. São Paulo - Companhia das Letras - 1990 HADJINICOLAOU, Nicos - História da Arte e Movimentos Sociais. São Paulo - Martins Fontes - 1987 COUTINHO, Nelson - A Cidade Como um Jogo de Cartas HARNEY, David - The Urban Experience. Oxford - Basil Blackwell - 1989


GUIDE D’UBATUBA Travail pour l’enseignement Études de l’Urbanisation, avec Ana Clara Fior Franchini, Danilo Ferreira et Olívia Tameirão Orientation: Flávia Brito et Beatriz Bueno 2016 Pour le travail final de l’enseignement d’Études de l’Urbanisation, nous devrions choisir une ville de l’État de São Paulo et développer un produit graphique expliquant et décrivant son mode d’occupation et la manière dont ce processus se reflète dans la conception urbaine de la ville. La ville choisie était Ubatuba et le produit final du projet était un guide touristique. Le guide était basé sur l’idée de “points chauds”, des éléments qui organisent la circulation et l’ordre des maisons et des rues, créant ainsi le flux de la ville. Les points chauds (l’église principale, la prison municipale et la rue Direita) ont été marqués sur une carte élaborée par le groupe, qui fait partie du guide de la ville, avec une brève introduction à l’histoire de l’occupation d’Ubatuba et une explication spécifique de chaque point chaud de la ville. Le guide a été imprimé sur papier couchê blanc, au format A3 et plié au format A5.





NON ARCHITECTURE Compétition avec Andreas Laskaris, Ivan Kulifaj, Paul Andali e Victória Afonso Janvier 2019 Chaque concours Non Architecture propose un thème et le but est de concevoir un dispositif innovant qui répond à une question sur ce sujet, puis de créer 3 images explicatives: une image de présentation de l’idée, une image fonctionnelle et une image technique. Le thème auquel nous avons participé était “Education”. Notre idée est un système de miles d’avion comptabilisé dans la carte d’étudiante. Chaque heure que vous passez à étudier, à travailler ou à rencontrer un étudiant Erasmus, vous gagnez des miles pour le rendre visite dans son pays d’origine et apprendre un peu plus sur sa culture, car nous pensons que l’éducation va bien au-delà d’une salle de classe dans une université .


Image de PrĂŠsentation


Image Fonctionnelle


Image Technique


FÊTE DES LUMIÈRES Installation pour le Workshop ENSAL e Mémorial Prison Montluc avec Jamila Zinelabidine, Suzanne Tan et Samy Laborieux Orientation: Chantal Dugave et Christophe Gonnet Novembre 2018 Pour la programmation de la Fête des Lumières Hors Presqu’île, les étudiants de l’ENSAL ont conçu plusieurs installations sur le site du mémorial de la prison de Montluc. Mon groupe était responsable de l’installation à l’entrée du parcours, divisé en trois étapes: 1- La guérite, où nous avons installé une poursuite lumineuse, qui produit une forte lumière indiquant l’entrée de la route. 2- Un corridor formé par les barrières du chantier de la prison elle-même. Equipé de néons de chaque côté et au-dessus, le couloir a créé un environnement aveuglant, qui prépare les visiteurs à l’expérience immersive lors de chaque installation du parcours. 3- Un tapis de roses formé de petites lumières bordées de calc, où chaque visiteur peut emporter une de ces “roses” pour l’accompagner pendant le parcours.


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ENTRE LES MURS B I S S O N I L U I S A , L A B O R I E U X S A MY , TA N S U Z A N N E , Z I N E L A B I D I N E J A M I L A

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FL’ ÂM

R A N C LO U I S E , R O D R I G U TH OM PSO N J O SI ANE , TH


Folder explicative de chaque installation



Ilustrations de l’installation 1. L’entrée 2- Le corridor 3- Le tapis des roses

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1. L’ENTRÉE


2. LE CORRIDOR

NEON

BACHE


3. LE TAPIS DES ROSES


Merci !


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