Autoconstruindo o bairro: uma proposta de arquitetura voltada para a autoconstrução

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Porque projeto de arquitetura é mais que desenho, arquitetura é mais que projeto e a realidade é mais que tudo isso


AGRADECIMENTOS Ao Palmital e a toda a gente daqui, que nos lembram sempre da beleza da vida e dão força pra levá-la a se expandir por aí À minha mãe, meu pai e toda a família por terem sido, sempre até hoje, suporte e confiança pra mim e por terem feito tanto do que sou

A todos os seres que estiveram ao meu lado me dando força e fé À Maris, por ter aceito os desafios astrológicos e acadêmicos desse trabalho e entrado nisso com tanto carinho˜

Às crianças do Laranjal, que trouxeram alegria a todos os dias que passei ali e esperança pros que hão de vir

Ao pessoal do Formigas, que me acompanha nessa caminhada A toda a gente que acompanhou meu brilho nos olhos com esse trabalho e esteve comigo dando força pra ele chegar até aqui

Ao Cauan, pelo companheirismo e assessorias que estiveram comigo em toda a graduação Ao Governo, por possibilitar essa graduação

A toda a gente que trabalha com arquitetura em luta e coração e me mostrou que isso é possível


Cresci ouvindo meu pai dizer que gente é gado. É uma maneira de mostrar mais claramente o mundo, mas a versão amarga que a frase traz me fez não esquecê-la, na esperança de um dia poder dela desacreditar. Fui tentando, pelo brilho dos meus olhos jovens e esperançosos, passar meu tempo a enxergar onde é que eu, no mundo, ia poder me colocar pra, numa brecha, tentar criar alguma forma de vida - e de trabalho - que pudesse trazer, pra mim e pras pessoas ao redor, um pouco de felicidade e libertação. Fui me encontrar na arquitetura e, dentro dela, essa frase foi se afirmando, mas meu objetivo de me enxergar e me colocar foi, também, fazendo mais sentido. Fui vendo que a gente é, mesmo, muito gado; que vai ocupando os lugares e vivenciando os dias levada de um lado a outro, direcionada e restringida sem consciência do onde está e dos rumos que se pode tomar, ficando às vezes cercada de incômodos que poderia não haver. No entanto, consegui ver também que mesmo pasto, de qualquer forma, é terra fértil e que, se tem um ‘cado de gente ainda com brilho nos olhos e um outro ’cado com força e vontade de mudança dentro disso, uma vida melhor pode começar a florescer. Esse trabalho é sobre e para essa gente.


SUMÁRIO INTRODUÇÃO

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EMBASAMENTO TEÓRICO A PRÁTICA NO ENSINO de arquitetura ARQUITETURA COMO FACILITAÇÃO como prática profissional AUTOCONSTRUÇÃO como relação de produção MATERIAIS E TÉCNICAS favoráveis considerados no projeto EQUIPAMENTOS DE USO PÚBLICO E COLETIVO O trabalho na comunidade do LARANJAL

10 11 12 13 14 15

O LARANJAL Análises gerais Análises locais Materiais e serviços disponíveis

20 22 26

PROGRAMA DE NECESSIDADES Conhecendo as demandas Resultado-síntese Convertendo as demandas em propostas

30 32 33

ESTUDOS DE CASO Casa de la lluvia [de ideas] Casa Palete Fabrica de tijolos de solo cimento Revitalização Parque CERET Recetas Urbanas Arquitetura na Periferia

34 36 37 38 39 39

PROPOSTAS Alocação da proposta Proposta geral Propostas detalhadas 1. ESTRUTURA FLEXÍVEL de apoio a eventos 2. MOBILIÁRIO FIXO para permanência/ conversas 3. BRINQUEDOS e ACADEMIA ao ar livre da Prefeitura 4. CORREDOR com linguagem visual 5. edifício do CENTRO COMUNITÁRIO 6. ELEMENTO ARQUITETÔNICO de destaque visual

42 44 46 46 48 52 56 58 64

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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CONTINUIDADE

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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INTRODUÇÃO

Esse trabalho de conclusão de curso se iniciou por uma inquietação trazida pela graduação de arquitetura a respeito do modo como se dá a formação sem que sejam trabalhadas diversas questões da PRÁTICA NO ENSINO. Essa ausência leva a desconsiderar muitos aspectos da realidade da construção civil, tantos nas demandas populares nesta área, quanto na própria dinâmica construtiva, e isso vai se refletir na prática profissional, com projetos arquitetônicos que, muitas vezes, não dialogam com quem está nele envolvido. O trabalho foi usado como oportunidade para trabalhar a realidade construtiva, utilizando a demanda de uma comunidade próxima conhecida e visando desenvolver uma proposta de projeto para ela em nível executivo. Questionando também a maneira como costumam ser produzidos e apresentados os projetos de arquitetura, tanto na graduação como na vida profissional, este projeto trabalha numa metodologia de ARQUITETURA COMO FACILITAÇÃO, desenvolvendo-se a partir do diálogo com

as pessoas envolvidas, clientes e construtorxs, esclarecendo e fazendo participativa tanto a parte de processo de projeto quanto de execução deste. A proposta do projeto considera que a relação de produção utilizada será a AUTOCONSTRUÇÃO, como forma de que seja viabilizada a concretização para uma demanda social, numa comunidade da periferia, sem muita assistência pública e com vulneráveis condições sociais e financeiras. Neste caso especial, quando usuárixs são construtorxs e o processo da construção é visto como um todo por essas pessoas, a metodologia usada se encaixa muito adequadamente. Outra questão considerada no projeto é o uso de MATERIAIS E TÉCNICAS FAVORÁVEIS, que consideram facilidades de disponibilidade e manuseio, de maneira a serem também uma ferramenta facilitadora para a execução. Todos esses conceitos vêm, neste projeto, como opção para concretizar a construção de EQUIPAMENTOS DE USO PÚBLICO E COLETIVO, que são espaços de importância dentro da dinâmica social dos bairros, mas normalmente pouco presentes.

O projeto está proposto para a comunidade do LARANJAL, em Viçosa-MG, onde já se conhece e trabalha através de atividade de extensão anterior, sabendo das demandas para esses espaços e dos potenciais existentes no local que poderiam consolidar a proposta através de todas as ferramentas de projeto utilizadas. A proposta é indicada no bairro como um exemplo de aplicação, mas visa ser uma indicação de viabilidade e incentivo a qualquer comunidade que queira atuar na autoconstrução para melhoria dos espaços públicos e coletivos. Para concluir, são questões-chave abordadas nesse trabalho: o PAPEL SOCIAL DA ARQUITETURA presente ao abordar demandas populares, a participação de USUÁRIXS-AGENTES tendo a arquitetura voltada para elxs e a VIABILIDADE DE EXECUÇÃO do projeto a ser considerada nas tomadas de decisões.

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ARQUITETURA COMO FACILITAÇÃO

PRÁTICA NO ENSINO

projeto claro e projeto claro e respaldo técnico condizente para condizente para para iniciativas construtorxs usuárixs próprias

desenvolver desenvolver conhecimento da conhecimento de técnicas construtivas e realidade da construção sua aplicação civil no Brasil

suporte da administração pública

contato com comunidade

LARANJAL

usuárixs com atuação técnica

desenvolvimento da autonomia

PAPEL SOCIAL DA + ARQUITETURA

extensão universitária

demanda por infraestrutura

USUÁRIXS AGENTES

+ VIABILIDADE DE EXECUÇÃO

senso de coletividade

lugares de convívio

AUTOCONSTRUÇÃO

atendimento a grande parte da comunidade

realidade da construção civil no Brasil

ferramenta para suprir necessidades próprias

baixo custo

fácil disponibilidade execução local

MATERIAIS E TÉCNICAS FAVORÁVEIS

EQUIPAMENTOS DE USO PÚBLICO E COLETIVO 9


a PRÁTICA NO ENSINO de arquitetura

arquitetura é para pessoas

O curso de Arquitetura e Urbanismo da UFV inclui como uma de suas diretrizes curriculares o comprometimento dxs profissionais formadxs com as necessidades sociais. "[...] assegurar a formação de profissionais generalistas, aptos a compreender e traduzir as necessidades de indivíduos, grupos sociais e comunidades, com relação à concepção, organização e construção do espaço exterior e

papel social da arquitetura

cumprindo o

interior [...]" (COMISSÃO DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO, 2012)

"se não fosse a Mara ter indicado você, a gente "se não fosse a Mara ter indicado você, a gente

Isso indica a importância de se perceberem, durante a graduação, as necessidades reais pela população, em uma amplitude de grupos sociais, e de buscar atendê-las pela prática profissional. Associado a se conhecer a realidade social, há a importância de se ter conhecimento da prática construtiva no canteiro de obras, para enxergar a relação entre o trabalho da arquitetura enquanto projeto e a prática da construção. A partir disso, pode-se produzir projetos que sejam mais pertinentes e favorecer que sejam realizados em melhores condições. Para ambos, é uma ferramenta buscar conhecer fora das salas de aula. O O aprendizado estáestá centrado, hoje, nas nas aprendizado centrado, hoje, escolas. A experimentação e vivência da da escolas. A experimentação e vivência arquitetura estáestá nas nas cidades e isto faz faz do do arquitetura cidades e isto processo processode deformação formaçãodo doaluno alunoumauma experiência esquizofrênica. O aluno queque passa experiência esquizofrênica. O aluno passa a conhecer os canteiros de obra, comcom o olhar a conhecer os canteiros de obra, o olhar crítico, desnaturaliza-o e passa a refletir sobre crítico, desnaturaliza-o e passa a refletir sobre o seu papel realreal na na construção da da cidade. o seu papel construção cidade. Passa Passaa arefletir refletirsobre sobreos osefeitos efeitose conseqüências de seu desenho. conseqüências de seu desenho. (MINTO, 2009, p. 16) (MINTO, 2009, p. 16)

e

O arquiteto e sociólogo Garry Stevens (2003, apud KAPP; O arquiteto e sociólogo Garry Stevens (2003, apud KAPP; BALTAZAR & MORADO NASCIMENTO, 2007) a partir da da BALTAZAR & MORADO NASCIMENTO, 2007) a partir teoria de Bourdieu, percebeu queque a principal diretriz da da teoria de Bourdieu, percebeu a principal diretriz arquitetura desde suasua concepção no no Renascimento, é é arquitetura desde concepção Renascimento, relacionada ao poder e seeconsolida na forma de projetos relacionada ao poder se consolida na forma de projetos de edificações voltadas parapara a representação deste, no no de edificações voltadas a representação deste, lugar de projetos pensados parapara as pessoas. lugar de projetos pensados as pessoas.

nunca contrataria um um arquiteto. Eu digo issoisso da da nunca contrataria arquiteto. Eu digo mesma forma queque eu eu nãonão entro no no Pátio mesma forma entro Pátio

Apesar do do significado do do termo arquitetura ser ser ainda Apesar significado termo arquitetura ainda muito associado a tala sentido, colocam Kapp, Baltazar e e muito associado tal sentido, colocam Kapp, Baltazar Morado (2007) que há outro sentido que deve ser mais Morado (2007) que há outro sentido que deve ser mais Savassi para comprar um sapato” Savassi para comprar um sapato” observado observadoe etrabalhado: trabalhado:a aarquitetura arquiteturacomo como (NOGUEIRA, 2010, p. 30) (NOGUEIRA, 2010, p. 30) transformação do espaço pelas pessoas, o que confere transformação do espaço pelas pessoas, o que confere caráter de processo, em em vezvez de produto, e considera a a caráter de processo, de produto, e considera presença da população usuária, presença da população usuária, como reforça também Mendonça (2014). Essa é a opinião de uma cliente que foi atendida na como reforça também Mendonça (2014). pesquisa de dissertação de Priscilla Nogueira (2014), que discute como a arquitetura convencional não éPara que a arquitetura possa estar, de fato, acessível a toda Para que a arquitetura possa estar, de fato, acessível a toda e cumprir seuseu papel social, como todatoda adequada para demandas populares e como podem sera população a população e cumprir papel social, como profissão, é necessária uma opção que seja coerente, nãonão profissão, é necessária uma opção que seja coerente, as práticas de arquitetura voltadas para tais. A opinião só só financeira, masmas também tecnicamente, ou ou seja,seja, a a financeira, também tecnicamente, dessa cliente demonstra o grande distanciamento - tão prática profissional da arquitetura deve ser diferente. prática profissional da arquitetura deve ser diferente. comum - das classes mais pobres com a prática da arquitetura TRABALHAR O PROJETO EM ESCALA EXECUTIVA, CONSIDERANDO AS PESSOAS ENVOLVIDAS - USUÁRIXS OU CONSTRUTORXS diretriz para projeto

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definição

ARQUITETURA COMO FACILITAÇÃO como prática profissional

facilitação: capacidade de tornar ou fazer fácil ou exequível (DICIONÁRIO AURÉLIO) "[...]uma forma alternativa de atuação do arquiteto pautada pelo compartilhamento de informações, em vez da convencional oferta de um produto – o projeto" (MENDONÇA, 2014, p.83) “ao facilitador [...] cabe a tarefa de compreender os sentimentos do grupo com o qual trabalha, aceitá-los e construir a partir deles”, sem, no entanto, “tomar para si a responsabilidade da resposta, da solução”. (SOUZA, 2006, apud MENDONÇA, 2014, p. 84) A que visa a autonomia das pessoas e vem possibilitar o conhecimento e a ação pela população usuária, colocando-se como ferramenta entre a produção autônoma e os meios de produção heterônomos. Kapp, Baltazar & Morado Nascimento (2007) o termo usado pelas autoras é de arquitetura como mediação

A arquitetura que atua como facilitadora visa a autonomia e se manifesta, para isso, em formas alternativas. O projeto deve ter sua representação repensada a fim de que possa “informar, não seduzir, nem comandar” (MENDONÇA, 2014, p. 86), questionando os processos formais os quais costuma definir, levando a representações mais simples e mais funcionais para aquele tipo de produção. Isso se faz importante especialmente em casos de autoconstrução. A alternativa apresentada traz a possibilidade de popularização da prática de arquitetura (NOGUEIRA, 2010), o que poderia favorecer tanto profissionais de arquitetura como clientes. O benefício é que seria atendido maior público, com condições de trabalho e resultados mais gratificantes. A metodologia não deixa de ser uma assessoria técnica. Isso se define, pelo grupo USINA (2008), referência indispensável no tema, como uma aliança entre origens diferentes (as e os profissionais técnicos + o povo).

arquitetura também é política "Em suma: o projeto elaborado pelas vias formais, cujo objetivo, direto ou indireto, é a acumulação de capital pelo trabalho de construção, não condiz com as necessidades financeiras, técnicas e de cronograma da autoprodução" (NOGUEIRA, 2010, p. 21), logo, dificulta ele mesmo que seja adotado por essa parcela da população. Atuar na arquitetura de maneira alternativa contribui para uma menor separação entre as etapas da construção – "projeto, obra e uso" – bem como entre os papéis – "arquiteto, construtor e usuário ou morador", como sugere Mendonça (2014, p. 86), o que leva à ideia mais adiante de arquitetura como um mecanismo na separação da luta de classes, de Ferro (apud ARANTES, 2006). Essa ideia defende que os próprios serviços e papéis passam a estar menos divididos dentro do processo e os conhecimentos, antes bem definidos nas restrições a cada classe, passam a estar compartilhados, disponíveis a todas e todos moradores-construtores envolvidas e envolvidos.

Sendo arquitetura a “ciência da construção”, o papel do arquiteto seria de “ORGANIZAR” esse processo, como define Hannes Meyer (apud LINO, 2011)

PRODUZIR UM PROJETO DE ARQUITETURA EM DIALÓGO COM USUÁRIXS-CONSTRUTORXS diretriz para projeto Foto: Arquitetura na Periferia

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os

conceitos

Na autoprodução, o morador recorre a pedreiros

para

realizar

a

obra.

na

USAR O CONHECIMENTO TÉCNICO PARA CRIAR UM PROJETO QUE FAVOREÇA O PROCESSO DA AUTOCONSTRUÇÃO diretriz para projeto

autoconstrução, ele, além de gerir a obra, também põe a mão na massa. (KAPP, apud RODRIGUES & LAGES, 2009)

“Quando a autoconstrução é incentivada pelo Estado, as contradições se intensificam frente à superexploração do trabalho. Quando realizada autonomamente pelos moradores, a construção acontece de maneira autogestionada, sendo uma forma

potente

e

alternativa

à

produção

hegemônica do espaço urbano”. (SANTOS & MORADO NASCIMENTO, 2014, p.1)

A autoconstrução é uma prática baseada na iniciativa e mão-de-obra próprias, presente em grande recorrência nas construções do Brasil. É usada como estratégia, na maioria dos casos, pela parcela da população em vulnerabilidade social, para tornar possível a execução de projetos de vida. O processo de autogestão, que, neste trabalho, será considerado vinculado ao da autoconstrução, é uma forma de organização pela união entre pensamento, produção e ação, presente em teorias anarquistas e marxistas (USINA, 2008) e, no Brasil, está disseminada nos movimentos de luta de trabalhadores sem terra, mas também está espalhada pelas cidades, nas tantas autoconstruções realizadas pelas classes populares, nas favelas, atuais ocupações ou em tantos bairros.

AUTOCONSTRUÇÃO como relação de produção

força da comunidade+ técnica profissional Os processos de autoconstrução são, antes de tudo, uma iniciativa própria, símbolo de luta de classes sociais para suprir suas necessidades básicas. Merece, assim, receber suporte técnico, especialmente em fornato de capacitação, a fim de que essas lutas sejam apoiadas e fortalecidas. Nos casos de autoconstrução que contam com suporte técnico, a associação da força da população à técnica profissional é meio prático para melhorar a qualidade da obra e também das condições de vida nas sociedades atuais. Através dessa aliança, é gerado fortalecimento mútuo capaz de modificar as dinâmicas de produção e sociais. sobre a pergunta de se ainda se pode salvar o mundo "Tecnicamente é possível, politicamente quase tudo indica que não - exceto se sucedam milagres. Milagres revolucionários" (RIECHMANN, 2015, p. 33) Se sabemos que há conhecimentos e técnicas desenvolvidas para serem favoráveis a diversas possibilidades na arquitetura – inclusive voltada para o favorecimento da autoconstrução, confia-se em Guy Debord com seus votos de esperança a este trabalho:

De fato, não há nada mais a esperar que a tomada de consciência pelas massas ativas das condições de vida que lhes são impostas em todos os domínios e dos meios práticos para combatê-las. Foto: USINA

(DEBORD, 1955, apud FELICIO, 2007, p. 47)

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A construção civil está inserida no mercado de forma que projetos e obras ficam sujeitos a opções restritas de materiais e técnicas, que parecem se repetir, independente das circunstâncias presentes. Esses materiais e técnicas replicados podem ser, muitas vezes, opções inadequadas, seja por questões financeiras, de prazo, de manutenção, térmicas e acústicas, entre outras. Ou podem, algumas vezes, ser mais vantajosos em alguns desses aspectos mas extremamente prejudiciais em outros, especialmente quando os processos de produção são não-convencionais. A alvenaria convencional, que é a opção mais encontrada nas propostas da construção, fica como exemplo de dificultante em alguns aspectos: desperdício de material / dinheiro, desperdício de tempo (retrabalhos e trabalhos não-otimizados), dificuldade de serviço bem executado por mão-de-obra não-especializada ... Como alternativas, é comum recorrer à retomada de técnicas antigas (relacionadas à bioconstrução), ao investimento em novíssimas tecnologias sustentáveis ou a opções simples, como materiais pré-fabricados ou reaproveitados/reutilizados indiretamente, dentre algumas que se destaca.

Neste trabalho, optou-se por trabalhar com

materiais reaproveitados,

devido ao custo zero, à facilidade de execução pela própria comunidade em processo de autoconstrução, visando o aproveitamento de opções disponíveis no local e que fossem familiarizados pela comunidade.

“A reutilização indireta não é uma ferramenta nova, de facto, conscientemente ou inconscientemente, aliada a um pouco de senso comum, ela aparece sem nenhum tipo de esforço” (SILVA, 2011, p. 16)

MATERIAIS E TÉCNICAS FAVORÁVEIS considerados no projeto

em escala manual

barato

reaproveitado autoproduzido

de encaixe

modulado fácil manutenção

fácil execução

o

projeto como ferramenta

Para que o projeto realmente atue como ferramenta a fim de facilitar o processo de autoconstrução, é necessário que sejam considerados, neste, os meios de produção adequados à realidade, ou seja, que o projeto englobe

tempos, preços, materiais e técnicas construtivas

favoráveis à

coerentes e que tudo isso seja transmitido pelo projeto de maneira eficiente ao canteiro de obra, como ensinou Sérgio Ferro (apud ARANTES, 2006). Considerar no projeto materiais pré-fabricados, reaproveitados, de fácil transporte e alocação manual, como, em complemento, ainda sugere Ferro (Ibid., p. 41), é uma maneira de favorecer o processo de execução da construção.

mão-de-obra

“Dependem do projeto muitas simplificações

“Seu doutor

possíveis: o uso de módulos que facilitam

disponível no local

doado

Que responde de longe atrás da arrogância

medições,

o

emprego

de

materiais

de

E se esconde lá onde o tijolo não alcança

construção de dimensões constantes (o bloco de

Quero ver o cimento cortar sua mão

concreto), a padronização dos caixilhos que

Até Sangrar ”

auxilia a produção, as instalações elétricas e

Tiarajú Pablo D'Andrea

hidráulicas

aparentes

e

centralizadas,

a

Música “Seu Doutor”- trilha do documentário Capacetes Coloridos

sistematização de detalhes de acabamento, etc.”

O pedreiro da música fala sobre como as decisões de projeto são tomadas por quem está normalmente longe da obra, mas quem lida e é afetadx diretamente por elas é quem trabalha ali no canteiro. A mão-de-obra deve ser considerada na tomada de consciência de como materiais e técnicas interferem nisso e como há alternativas mais favoráveis que podem ser consideradas no projeto.

PROPOR NO PROJETO A UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS E TÉCNICAS FAVORÁVEIS À AUTOCONSTRUÇÃO E AO LOCAL

(ARANTES, 2006, p. 41)

diretriz para projeto

13


espaços

EQUIPAMENTOS DE USO PÚBLICO E COLETIVO

para

conviver

Espaços públicos que abrangem atividades coletivas, são o ponto de encontro dentro dos bairros e da cidade e favorecem o envolvimento da comunidade em um amplo senso de coletividade. Junto do uso coletivo, quando estes espaços realmente alcançam o interesse das pessoas beneficadas e são bem utilizados, se ainda existir o sentimento de reconhecimento com o lugar, é possível se construir uma relação de pertencimento, onde a população que utiliza passa a zelar pelo espaço e cuidar a fim de que ele se mantenha. Isso acontece ainda mais quando o processo de apropriação e pertencimento se constroi desde a imaginação, proposição e construção do espaço, em processos participativos. Em muitos espaços públicos, infelizmente a realidade que ocorre é a de sua não-apropriação, seguida por degradação e contínua reclamação com demandas locais. Desta forma, o que deveria ser público e utilizado pela população, e onde foi gasto dinheiro público e força de trabalho, fica, muitas vezes, desperdiçado em abandono, sem atingir nenhuma função social. Isso costuma ocorrer devido à maneira com que os bens públicos são ofertados, sem relações de proximidade com a população.

“É como se as obras públicas fossem uma

crianças

o brincar livre na rua “Distanciadas de participarem da construção e

relações de

pertencimento

da ocupação do espaço da cidade, as crianças ficam destinadas ao espaço da casa, do play, da escola, e cada vez menos freqüentemente

“Nem sempre o problema está na existência ou não

da rua. Espaços que são construídos para elas

de espaços públicos em regiões distintas das cidades,

e não por elas”.

mas na manutenção e investimentos que estes

(CASTRO, 2004, apud NASCIMENTO, 2009, p.

espaços recebem, que faz com que eles sejam ou

56)

não apropriados pela população como espaço de

Vivenciar a natureza e seu ritmo natural através dos espaços ao ar livre é fundamental para qualquer pessoa, em especial para as crianças. Isso permite se reencontrar com sua imaginação e viver a dinâmica da vida criativa.

lazer e permanência” (GATTI & ZANDONADE, 2017, p. 43) esses cuidados, quando não vêm por parte da administração pública, podem acontecer por parte da população, quando há relação de pertencimento e ela própria se responsabiliza e prospera os espaços utilizados

imposição vinda de cima; o homem comum

Hoje em dia, os espaços de brincar ficam normalmente restritos a ambientes fechados, conformados em áreas e usos limitados. Mesmo quando em espaços abertos, o brincar tem acabado ficando restrito, em forma de brinquedos direcionados, produzidos numa lógica, um tanto quanto adulta, com especificadas funções. Brincar faz parte de ser criança e poder usar o imaginário criativo faz parte de brincar.

sente que „não tem nada a ver com ele, e,

“[...] trazer à luz a vida do brincar livre, os

deste modo, o sistema produz um sentimento

objetos daí nascidos e a corporeidade que se

generalizado de alienação” (HERTZBERGER,

1999,

apud

2009, p. 14)

MACHADO,

CRIAR ESPAÇOS DE USO PÚBLICO E COLETIVO QUE SEJAM CONSTRUÍDOS PELA PRÓPRIA COMUNIDADE, INCLUSIVE CRIANÇAS, FAVORECENDO A RELAÇÃO DE APROPRIAÇÃO diretriz para projeto

constitui em narrativa própria da criança. Para que a partir desses elementos possamos encontrar a imaginação em sua pedagogia social da brincadeira”. (AIRES, 2013, p. 35)

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o trabalho na comunidade do LARANJAL A cidade de Viçosa, como muitas brasileiras, passa por carência de atendimento por parte da administração pública. Suas comunidades, especialmente da periferia, encontram-se com várias demandas, desde saneamento básico a equipamentos para uso público e coletivo. Uma delas é a comunidade do Laranjal, onde já se conhece e se sabe da realidade da deficiência de espaços de lazer e convívio e da demanda por eles, tendo sido escolhida para apresentar a proposta presente neste trabalho. A comunidade, conta com grupos autogestionados internos, vinculados à igreja, à escola ou outras instituições, mas não tem um espaço físico que possa receber a integração das pessoas moradoras sem vínculo com estas e isso acaba dificultando o desenvolvimento do senso comunitário amplo.

o Coletivo Formigas O Coletivo surgiu em 2015, pela iniciativa de estudantes de arquitetura e urbanismo da UFV, que buscavam a prática dentro do curso e o exercício do papel social da classe estudantil e da área profissional. Sua base ideológica é a atuação técnica através não do assistencialismo, mas sim da troca de saberes e da capacitação. Durante esses anos de atuação, trabalhou-se com a comunidade do Laranjal, dentre outras, e lá foram realizadas atividades que desenvolviam a percepção e o mapeamento participativo do bairro, a ocupação dos espaços públicos através do lúdico, a autoconstrução de equipamentos neste espaços, o convívio, o trabalho coletivo e a relação entre estudantxs e comunidade. Participei como integrante do grupo desde sua fundação e as vivências através dele tiveram grande importância na minha formação e no que defendo trabalhar aqui, inclusive na escolha do tema e do local a se propor este trabalho.

O Laranjal já é conhecido há cerca de três anos, por meio de projeto de extensão realizado. Esse projeto atuou na área da arquitetura e do urbanismo, discutindo e intervindo nos espaços públicos e na sua apropriação por parte da comunidade. A partir dele, convivi e conheci um pouco da realidade local, tendo visto grandes necessidades, mas também grande potencial que poderia ser utilizado para combatê-las.

Apresentar esse trabalho para a comunidade do Laranjal é um ato de esperança, que demonstra a viabilidade de resolver demandas existentes a partir da força coletiva e de sua aliança com poderes técnicos e públicos.

Mobiliário urbano construído com paletes no Laranjal, em projeto do Coletivo Formigas. Foto: Coletivo Formigas

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as

crianças

nos

processos de autoconstrução

no Laranjal

“[a criança] É uma personificação das forças vitais, que vão além do alcance limitado de nossa consciência, dos nossos caminhos e possibilidades,

desconhecidos

pela

consciência e sua unilateralidade, e uma inteireza que abrange as profundidades da natureza. Ela representa o mais forte e inelutável impulso do ser, isto é, o impulso de realizar-se a si mesmo” (JUNG, 2011, apud AIRES , 2013, p. 31)

Crianças ajudando em dia de manutenção do mobiliário urbano Foto: Coletivo Formigas

As crianças foram figuras presentes nos processos de autoprodução que foram trabalhados, trazendo sempre vivacidade e crença para o que se estava realizando. Às vezes, se fôssemos considerar apenas as opiniões de adultxs

para

realizar

alguma

atividade,

haveria

desmotivação fazendo com que não acontecessem. No entanto, sempre que chegavam as crianças, a disposição e o envolvimento se espalhavam, e lembrávamos porque importava estar ali. Esse trabalho considera, em todas as horas, elas, por sua forte presença no bairro, pela grande necessidade de infraestrutura que têm e, especialmente, por saber que qualquer proposta que seja feita, poderia contar com elas. Elas sempre podem participar de alguma forma e assim vai se construindo seu senso de participação social. Crianças no mutirão de reforma do parquinho na escola do Laranjal Foto: Coletivo Formigas

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Crianças ajudando na busca a ferramentas em dia de manutenção do mobiliário urbano 17 Foto: Coletivo Formigas


O LARANJAL ANÁLISES GERAIS

O bairro dentro da cidade

R. João Ludgero Miranda

R. Conselheiro Lafaiete

R. SebastIão Maria

escala 1 : 6500

R. SebastIão Maria

Vista satélite do bairro do Laranjal, em destaque R. Erminia Izabel

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VIÇOSA PERÍMETRO URBANO

A cidade na região sudeste do estado, na Zona da Mata mineira. O bairro do Laranjal, por sua vez, está localizado na zona noroeste de Viçosa - MG (região Amoras), na proximidade da Barrinha. É uma região nos limites do perímetro urbano da cidade e começa a receber características industriais, abrigando galpões e sedes de empresas. A cidade é conhecida nacionalmente por sua universidade federal, que hoje se encontra na área central urbana, a qual recebe todo o foco de atenção da administração pública, deixando as periferias em situação muitas vezes de descaso, como na lógica da maioria das cidades. Os dados socioeconômicos nos gráficos e as vistas de ruas do bairro deixam ver a falta de infraestrutura e de condições propícias para que a população usufrua de boa qualidade de vida.

Teixeiras MG-120 SILVESTRE LARANJAL

MG-482 Porto Firme

São Miguel do Anta MG-482

BARRINHA

MG-356 Coimbra

CENTRO

UFV

Escrito em cor amarela

NOVA VIÇOSA ACAMARI MG-280 Paula Cândido

Dados fornecidos por regiões de Viçosa. Em amarelo, a região Amoras, onde se encontra englobado o bairro do Laranjal.

!

baixo poder aquisitivo associado à dependência de assistência pública para atender às necessidades básicas

VIÇOSA

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ANÁLISES LOCAIS

para compreender melhor o bairro

HIERARQUIA DE RUAS

rua principal

degradê indicando intensidade de fluxo ruas do Laranjal ’de baixo’ ruas de acesso amoras

ruas sem saída ruas sem saída - para o rio

amoras

ruas de terra via de acesso linha do trem pontos de ônibus pontes

barrinha

Foto: Coletivo Formigas

ribeirão são silvestre

centro

barrinha RUAS EM DECLIVE sentido das setas indicando declive degradê indicando sua intensidade

O bairro se organiza ao longo de uma rua principal, que é a de principal acesso, a mais larga e também por onde passa a abandonada linha férrea, que deixa sua faixa de domínio como grande característica do local. Essa rua acompanha o ribeirão.

Foto: Coletivo Formigas

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INSTITUIÇÕES, COMÉRCIOS e SERVIÇOS E GRANDES ESTABELECIMENTOS

mercearia igreja católica salão de beleza marcenaria bar creche costureira

Foto: Coletivo Formigas

sede Pif Paf

mercearia

bar

sanduíche

escola retífica sorveteria e bazar mercado loja de utilidades

!

galpão Amantino igreja universal

bar

concentração de estabelecimentos

Foto: Coletivo Formigas

As instituições, comércios, serviços e grandes estabelecimentos são o que define a dinâmica de vida dos bairros. No Laranjal, isso se organiza numa concentrada área.

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ESPAÇOS COM USO DE LAZER O grande espaço de lazer é a rua, especialmente a principal, estando presentes também a escola e a pracinha.

Foto: Coletivo Formigas

USOS MAIS COMUNS observados por faixa etária conversar, caminhar idosas

crianças

adultas conversar, aula de dança, bar

jovens

andar de bicicleta, brincar, correr andar de bicicleta, conversar, namorar

*gráfico de distribuição da população por faixa etária elaboração própria. Fonte: CENSUS, 2013

Foto: Coletivo Formigas

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SETORIZAÇÃO INTERNA

baixo

cima

Analisando a dinâmica de vida no bairro, vê-se que as atividades e, assim, a vida social da comunidade, se concentra na rua principal, em sua região central.

O bairro é dividido, pela própria comunidade, entre a parte ‘de baixo’ e a parte ‘de cima’. As pessoas moradoras da parte de cima, argumentando perigos existentes na parte de baixo, não vão até lá e acabam não dependendo dessa área na dinâmica de seus dias. Já as moradoras da parte de baixo, vivenciam cotidianamente a parte de cima, usufruindo de seus itinerários, espaços livres e estabelecimentos.

ATIVIDADES COTIDIANAS

Andando pelo bairro, percebe-se que na parte ‘de baixo’ há maior presença de pessoas negras.

LAZER/ CONVÍVIO

PERCURSO

VIDA SOCIAL

DEFINIU-SE, ENTÃO, ESTA COMO A ÁREA MAIS INDICADA PARA ABRIGAR O PROJETO

25


A fim de poder propor, no projeto, opções viáveis de materiais e serviços a serem utilizados, foi feita análise de disponibilidade de no próprio bairro, na cidade e na UFV, considerando a facilidade de aquisição e de execução, por meio de doações e produção própria. Encontrou-se e optou-se por tentar utilizar os seguintes:

MATERIAIS E SERVIÇOS disponíveis

LARANJAL

VIÇOSA UFV SERVIÇO produção própria

SERVIÇO fornecimento

MARCENARIAS LOCAIS Seu Ernesto e outras

PREFEITURA Infraestrutura e manutenção

MATERIAL doação PALETES Pif Paf Amantino

Formadosde deripas ripasde demadeira madeirapinus, pinus,os ospaletes paletes Formados são materiais residuais de grandes empresas, são materiais residuais de grandes empresas, usados no no tranporte tranporte de de carga. carga. Ultimamente, Ultimamente, usados têm adquirido poder comercial por estarem estarem têm adquirido poder comercial por sendo utilizados utilizados na na construção construção civil. civil. sendo No bairro há galpões de duas importantes No bairro há galpões de duas importantes empresasda dacidade, cidade,onde ondesão sãoencontrados encontradosem em empresas grandequantidade quantidade grande Sabe-se, devido devido aa atividades atividades realizadas realizadas Sabe-se, anteriormente no bairro, que essas empresas anteriormente no bairro, que essas empresas são favoráveis favoráveis àà doação doação desses desses materiais materiais em em são contribuição a projetos sociais e que se pode contribuição a projetos sociais e que se pode contarcom comeles. eles. contar

MATERIAL/SERVIÇO parceria para tecnologia social

MATERIAL doação

TIJOLOS SOLO CIMENTO Lab. Eng. Civil

CERÂMICAS e CIMENTICÍOS Loja AGS (Laranjal) e outras

Fabricados com com cimento cimento ee terra terra crua crua (em (em Fabricados adequada composição) são tijolos prensados adequada composição) são tijolos prensados ee curados ao ao tempo, tempo, sem sem serem serem levados levados àà curados queima. Podem ser utilizados como estruturais queima. Podem ser utilizados como estruturais se devidamente devidamente dispostos, dispostos, recebendo recebendo se elementos de de concreto concreto na na montagem montagem da da elementos parede. parede. Laboratóriode deEnganharia EnganhariaCivil Civilda daUFV UFVconta conta OOLaboratório com uma prensa desses tijolos disponível, que com uma prensa desses tijolos disponível, que poderia ser utilizada, em acordo e parceria com poderia ser utilizada, em acordo e parceria com Universidade para para uma uma tecnologia tecnologia social social de de aa Universidade produção própria por moradorxs em junção produção própria por moradorxs em junção aa membrxsda daacademia academia membrxs . .

Materiais cerâmicos cerâmicos ee cimentícios cimentícios são são Materiais revestimentos atuantes na impermeabilização revestimentos atuantes na impermeabilização dasobras, obras,podendo podendoficar ficardispostos dispostosem empisos pisosee das paredes e ainda auxiliar na pavimentação de paredes e ainda auxiliar na pavimentação de calçadas. calçadas. Nopróprio próprioLaranjal Laranjalhá háuma umaempresa empresafabricante fabricante No de peças cerâmicas e de cimento, que poderia de peças cerâmicas e de cimento, que poderia fornecer algumas algumas doações. doações. OO material material fornecer cerâmicotambém tambémcostuma costumaser serdisponível disponívelpara para cerâmico doação em lojas de material de construção em doação em lojas de material de construção em pontasde deestoque. estoque. pontas ..

MATERIAL doação PNEUS Retífica Kaleb Car (Laranjal) e outras

Pneus gastos gastos são são materiais materiais residuais residuais que que às às Pneus vezes são revendidos pelas retíficas mas, em vezes são revendidos pelas retíficas mas, em geral, ficam ficam disponíveis disponíveis para para doação, doação, geral, especialmente em caso de projetos sociais. especialmente em caso de projetos sociais. Bastanteresistentes resistentesaaimpactos impactoseeintempéries, intempéries, Bastante podem receber receber diversos diversos usos, usos, inclusive inclusive em em podem ambiente externo. ambiente externo. Nopróprio próprioLaranjal Laranjalhá háuma umaretífica retíficaque quejájáse se No disponibilizou anteriormente com doações disponibilizou anteriormente com doações ee há outros outros pontos pontos na na cidade cidade que que também também há poderiamcontribuir. contribuir. poderiam

26


Uma informação que não pode faltar sobre o Laranjal é o maravilhoso pôr-do-sol que pode ser visto do alto do bairro. Vale a pena ir conhecer!

27 Foto: Coletivo Formigas


PROGRAMA DE NECESSIDADES conhecendo as demandas

mapa de adesivos Outra atividade foi a do Mapa de Adesivos, quando, sobre um mapa do bairro, a população foi convidada a depositar adesivos representando o que era encontrado e o que gostariam de encontrar em cada lugar.

sombra

lixeira

sombra

lixeira

x

brincar

Todas as vivências que se tiveram no bairro e as conversas que aconteciam com a comunidade durante elas deixaram perceber as demandas. No entanto, duas atividades trabalharam especificamente sobre o assunto e levaram à melhor identificação destas.

O programa de necessidades foi definido a partir de PROCESSO PARTICIPATIVO. O processo foi realizado anterior a esse projeto, mas visava conhecer as mesmas demandas. As atividades foram realizadas pelo Coletivo Formigas por meio de dinâmicas de grupo que incentivavam a participação da população para se manifestar a respeito do que almeja para o bairro.

caminhada

brincar

caminhada

travessia

descanso

encontro

travessia

descanso

encontro

árvore dos sonhos Uma atividade realizada foi a Árvore dos Sonhos, realizada na escola durante um sábado letivo. Em árvores de madeira, as crianças, seus e suas familiares e a comunidade escolar deixavam escritos em bilhetes em forma de folhas quais eram seus sonhos para o bairro.

30 Fotos: Coletivo Formigas


Durante as conversas tidas nos dias passados no bairro, o que mais se percebia era a vontade de haver infraestrutura para atividades coletivas, que apareciam sempre pensadas para acontecer ao longo da rua principal.

Foto: Coletivo Formigas

31


As informações obtidas por escrito e observadas nas falas durante essas atividades foram registradas e permitiram sua utilização para análise neste trabalho. O programa de necessidades final ficou definido o seguinte:

PROGRAMA DE NECESSIDADES resultado-síntese

32


CONVERTENDO AS DEMANDAS EM PROPOSTA DEMANDAS

atividades de exercício físico

espaços para promover

atividades de convívio em geral

espaço arquitetônico CENTRO COMUNITÁRIO

atividades para crianças

ESTRUTURA MÓVEL para eventos ao ar livre

área sombreada

relação com a natureza

espaço ao ar livre MOBILIÁRIO URBANO de conversar

de brincar

de se exercitar

PROPOSTAS 33


ESTUDOS DE CASO referência mais completa

CASA DE LA LLUVIA [de ideias] Arquitectura Expandida Bogotá 2013 Um dos primeiros projetos de autoconstrução coletiva de que tive conhecimento. Ver seus ideiais e seu processo de realização me fez começar a acreditar neste que proponho hoje aqui

Espaço cultural e comunitário em um bairro de ocupação de Bogotá. Apesar dos escassos recursos materiais, a equipe do projeto define o lugar com invaloravéis recursos ecológicos e humanos. Construído por autogestão por moradorxs, como maneira de levar um espaço público e comunitário ao local. Um espaço integral, uma sala de usos múltiplos, que abriga de forma permanente uma biblioteca comunitária.

PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE NO PROCESSO DE PROJETO E EXECUÇÃO AUTOCONSTRUÍDO CENTRO COMUNITÁRIO MATERIAIS LOCAIS (BAMBU) FÁCIL EXECUÇÃO BAIXO CUSTO 60M2 Fotos: Arquitectura Expandida

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apresentação do projeto MAQUETE FÍSICA

solução do programa AMPLO ESPAÇO MULTIUSO + FUNÇÃO FIXA

relação de produção AUTOCONSTRUÇÃO PELA PRÓPRIA COMUNIDADE + ACOMPANHAMENTO TÉCNICO ARQUITETÔNICO

referências para projeto materiais e técnicas FACILIDADE EXECUTIVA

apresentação do projeto DETALHAMENTO CONSTRUTIVO

Fotos: Arquitectura Expandida

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referência técnica

CASA PALETE Núcleo de Extensão UCPel Pelotas 2013

Fotos: Nucléo de Extensão UCPel

PAREDES DE PAINÉIS MODULADOS DE PALETES

similaridades com este projeto

AUTOPORTANTE COM FUNDAÇÃO DE PNEUS

MÃO-DE-OBRA NÃO-ESPECIALIZADA

ISOLAMENTO TÉRMICO E ACÚSTICO

MATERIAIS REAPROVEITADOS

ELEVADA SO SOLO TRATAMENTO DAS MADEIRAS COM ÓLEO QUEIMADO NENHUMA MANUTENÇÃO EM 4 ANOS

principal referência materiais e técnicas PAREDES DE PAINÉIS MODULADOS DE PALETES

Produzida como atividade de extensão da Universidade Católica de Pelotas a fim de propor alternativas para atuar contra o defícit habitacional na cidade. A Casa-Palete é uma proposta de moradia emergencial, que tem durado 4 anos em perfeito estado, sem haver tido nenhuma manutenção, segundo responsáveis pelo projeto. Mesmo com o clima úmido da cidade, estrutura tem se comportado bem, afirmam.

Fica um agradecimento especial a Raíza, integrante do projeto, pela disponibilidade em ter trocado experiências e fornecido informações sobre esse projeto inspirador

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referência técnica

FÁBRICA DE TIJOLOS SOLO CIMENTO Bem Morar Cariacica 2015

Fotos: Bem Morar

similaridades com este projeto AUTOCONSTRUÇÃO TECNOLOGIA SOCIAL

BAIXO CUSTO

AUTOPRODUÇÃO CAPACITAÇÃO TÉCNICA APOIO FINANCEIRO

principal referência

A ONG Ateliê de Ideias atua com responsabilidade social na cidade de Cariacica- ES e criou o fundo colaborativo Bem Morar para auxiliar famílias a construir suas moradias próprias. Dentro do fundo colaborativo, existe uma fábrica de tijolos de solo cimento, dentro da qual as famílias cadastradas produzem o material. Este pode ser vendido gerando renda para ser utilizada na construção ou as famílias podem utilizar elas próprias dos tijolos como material construtivo para suas casas, em processo de autoconstrução.

técnicas TECNOLOGIA SOCIAL DE PARCERIA PARA AUTOPRODUÇÃO

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referência técnica

REVITALIZAÇÃO PARQUE CERET Arte em pneus São Paulo 2015

Fotos: Artes em pneus

similaridades com este projeto MATERIAL REAPROVEITADO MOBILIÁRIO URBANO

FÁCIL EXECUÇÃO

BAIXO CUSTO FÁCIL CONSTRUÇÃO BOA RESISTÊNCIA A INTEMPÉRIES

A revitalização do parque em São Paulo foi feita com a inserção de novos brinquedos e mobiliários e conseguiu revigorar a vida do lugar ao atrair muitxs novxs usuárixs. Dentre outros ítens presentes na revitalização, foram inseridos brinquedos e mobiliário de descanso feitos de pneus pelo grupo Arte em pneus. O grupo se dedica a trabalhar com esse material. e comprovar o uso diverso e eficiente a baixo custo.

principal referência materiais e técnicas PNEUS PARA MOBILIÁRIOS URBANOS E BRINQUEDOS

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vivências referências de ideologia Assim como Arquitectura Expandida, essas duas equipes são exemplos de trabalho de arquitetura que atuam em associação com as comunidades, sendo referência para este projeto. A vivência que tive com elas contribuiu fundamentalmente para minha postura na arquitetura e aparece, assim, bastante no decorrer deste trabalho, sendo inevitável que apareçam aqui.

RECETAS URBANAS Espanha 2016

Um agradecimento especial a Santi e a toda la gente de Recetas, assim como às meninas da Arquitetura na Periferia, por fazerem o que fazem e terem aberto as portas que me permitiram aprender e acreditar nisso tudo.

Fotos: Recetas Urbanas

Escritório de arquitetura que trabalha apenas com projetos que sejam autoconstruídos por seus usuárixs. Atuando na lógica da ‘alegalidad’’, fazem da prática da arquitetura na autoconstrução uma maneira de favorecer a autonomia para alcançar melhores condições de vida. Foi acompanhada a obra de construção de uma escola a partir de peças pré-fabricadas de madeira.

*MENDONÇA citada nas referências é a fundadora do projeto Arq. na Periferia

ARQUITETURA NA PERIFERIA Belo Horizonte 2018

a MADEIRA é mais favorável para a autoconstrução que a ALVENARIA CONVENCIONAL

o projeto de arquitetura deve ser levado para o canteiro em modo ALTERNATIVO AO DESENHO TÉCNICO

principais referências para projeto

Fotos: Arquitetura na Periferia

Dentro da ONG Arquitetas sem Fronteiras, o projeto surgiu para trabalhar na capacitação de mulheres moradoras de ocupações em BH a respeito da construção de suas moradias. Trabalham desde planejamento orçamentário de obra a oficinas de alvenaria. Foi acompanhada uma oficina de construção e visita a algumas mulheres.

39


PROPOSTAS

ruas secundárias calçamento com pedras

alocação da proposta

TRÁFEGO DE VEÍCULOS

TRÁFEGO DE PESSOAS leve

leve rua principal via em asfalto TRÁFEGO DE VEÍCULOS

escala 1 : 1750

TRÁFEGO DE PESSOAS leve

intenso

escolhida por abrigar maior VIDA SOCIAL

ÁREA DE PROJETO

rua principal trecho em terra TRÁFEGO DE VEÍCULOS igreja igreja escola

leve

TRÁFEGO E PERMANÊNCIA DE PESSOAS

intenso durante eventos

sorveteria bar

escola

rua principal trecho concretado sorveteria

bar

mercado costureira mercado

ponto de ônibus

ponto de ônibus costureira

TRÁFEGO DE VEÍCULOS

leve c/ estacionamento

TRÁFEGO E PERMANÊNCIA DE PESSOAS

intenso

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rua principal trecho com vegetação ribeirão são silvestre

antigo mobiliario urbano de paletes

sede Pif Paf sede Pif Paf

TRÁFEGO DE VEÍCULOS

leve c/ estacionamento

TRÁFEGO E PERMANÊNCIA DE PESSOAS

intenso

terreno doado e vias de acesso VISIBILIDADE TRÁFEGO E PERMANÊNCIA DE PESSOAS

pouca

leve

A partir das análises locais, identificou-se uma área de maior importância social no centro do bairro. Para receber a demanda de espaços de uso público e coletivo, a área de maior interesse é que já está inserida na dinâmica social da comunidade e faz parte de seu cotidiano, pois é ali que as pessoas se encontram naturalmente e sentem falta de infraestrutura para tal. A própria comunidade, durante processo participativo, apontava a área como aquela onde se inseriam suas demandas. Por esses motivos, optou-se pela área identificada para abrigar a proposta. A área conta com um trecho na rua principal de grande movimento de pessoas, o qual propiciará destaque para o terreno incluso na proposta, que fica em uma área pouco visível. Esse terreno foi doado pela Prefeitura para uma ONG no bairro a fim de que nele se fornecessem atividades para a comunidade. Atualmente, a ONG não mais existe e o terreno está abandonado. Foi considerada uma opção coerente fazer a proposta para este local. Ao longo desse trecho na rua principal, há diferentes tipos de piso, que determinam diferentes usos. Isso foi considerado para alocar as propostas detalhadas.

43


PROPOSTA GERAL

construir um CIRCUITO DE ESPAÇOS DE USO PÚBLICO E COLETIVO AUTOCONSTRUÎDOS conectados entre si

construir um CENTRO COMUNITÁRIO E SEUS ACESSOS com visibilidade e coesão com a rua principal

criar ELEMENTO ARQUITETÔNICO de destaque visual

criar edifício do CENTRO COMUNITÁRIO

criar CORREDOR com linguagem visual

NA RUA DE ACESSO área de visibilidade ao edifício e ao rio

6

construir MOBILIÁRIO URBANO para lazer e convívio na faixa de domínio da linha do trem

1

2 NO TERRENO DOADO doado pela Prefeitura para servir à comunidade, atualmente em desuso

NA TRAVESSA DE ACESSO percurso curvo que gera visibilidade para seu interior, com paredes em fachadas cegas

5 4

!

Este trabalho visa propostas viáveis de serem executadas por iniciativa própria. Não é objetivo propor intervenções que necessitem grandes atuações externas, como redesenhos urbanos.

3

NAS PROXIMIDADES DAS INSTITUIÇÕES trecho de terra área de eventuais atividades na rua para grande quantidade de pessoas da comunidade

NAS PROXIMIDADES DOS LOCAIS DE ENCONTROS DIÁRIOS trecho concretado área de movimento frequente, incluindo pausas para conversas na rua

NO TRECHO COM VEGETAÇÃO área em desuso, tranquila em frente ao muro da empresa

criar ESTRUTURA FLEXÍVEL de apoio a eventos

criar MOBILIÁRIO FIXO para permanência/ conversas

criar BRINQUEDOS e alocar ACADEMIA ao ar livre da Prefeitura

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COMO SERÁ QUE ‘PODIA FICAR SE A GENTE SE JUNTASSE E CONSTRUISSE UNS ESPAÇOS AQUI

?!

Fotos: Coletivo Formigas

45


1

ESTRUTURA FLEXÍVEL de apoio a eventos

MESAS COM COBERTURA

apoiada em muro ou grade

escala 1 : 300

acessos

1,10

Dimensão definida a partir da medida dos paletes (há paletes de 0,90, 1,10 e 1,20m) .

solta para apoio no chão MADEIRAS DE PALETE

As mesas flexíveis podem ser abertas para dar apoio nos eventos que são feitos pela escola e pela igreja na rua. Poderão ser usadas tanto em seu suporte vertical ou soltas para serem transportadas para locais mais indicados para o evento.

46


47


2

MOBILIÁRIO FIXO para permanência/ conversas escala 1 : 300

BANCOS E MESAS propor concentrar estacionament o apenas nesta área

CERÂMICA

0,60

1,20

Dimensões estimadas. Deverão ser melhor definidas para se seguirem as medidas dos tijolos .

0,40 0,4 0 0,40

Mobiliários com formas simples, mas que favorecem a interação entre usuárixs. Foram dispostos de acordo com o uso de cada área, sendo de maior ou menor socialização em grupos. O piso concretado preexistente favorece a durabilidade do solo cimento. O mesmo com o revestimento cerâmico proposto.

TIJOLO SOLO CIMENTO

dispor mobiliário de maior socialização nesta área

dispor mobiliário de menor socialização nesta área Os mobiliários foram dispostos nas áreas com menor tráfego de veículos .

48


49


2

MOBILIÁRIO FIXO para permanência/ conversas

BANCOS E MESAS

CERÂMICA

TIJOLO SOLO CIMENTO propor concentrar estacionamento apenas nesta área

Como a área é uma das únicas disponíveis para estacionamento e bastante usada para tal fim, propôs-se a manutenção do uso, mas concentrando em determinado trecho e deixando outro livre para ocupação de usuárixs com mobiliários.

dispor mobiliário nesta área escala 1 : 300

50


51


3

BRINQUEDOS e ACADEMIA ao ar livre da Prefeitura MANILHA

AMARELINHA NO TRILHO DO TREM

2,50 1,20 4,80

PNEU

PALETE

PALETE

1,20

Dimensão definida a partir da medida do trilho do trem e dos paletes (há paletes de 0,90, 1,10 e 1,20m) .

CANTEIROS PARA HORTA E JARDIM

escala 1 : 300

(apenas algumas possíveis conformações)

1,20

PALETE

PALETE

PNEU

Os brinquedos têm formas que permitem diversos usos, incentivando a o imaginário das crianças nas brincadeiras. A simplicidade no manuseio dos materiais usados permite que a construção possa contar com a participação delas próprias.

CARRINHO DE ROLIMÃ NO TRILHO DO TREM

BRINQUEDOS DESFORMES PULA-PULA 52


53


3

BRINQUEDOS e ACADEMIA ao ar livre da Prefeitura

ACADEMIA AO AR LIVRE FORNECIDA PELA PREFEITURA

CANO PVC

CAMPINHO DE FUTEBOL

A academia ao ar livre é um pedido antigo da comunidade. Em conversa com a Prefeitura, foi dito que haverá a implantação. Fica aqui a proposta para a alocação desta. Já o futebol, acontece naturalmente no espaço, mas faltam as traves. Estas estão nesta proposta incluídas. No extenso muro da empresa Pif Paf, que marca de forma dura a paisagem do bairro, propõe-se arte visual com pintura e grafite feito por moradorxs.

escala 1 : 300

54


55


4

CORREDOR com linguagem visual

As pinturas aproveitam a grande quantidade de fachadas cegas que há na travessa. Elas serão feitas à mão com técnicas simples, desenhos livres e grafites, que podem ser realizadas por próprixs moradorxs de todas as idades. Como a travessa faz leves curvas é possível visualizar desde a rua principal grande parte das paredes do corredor, chamando atenção para um acesso convidativo ao terreno e criando nele próprio um espaço interessante no bairro.

escala 1 : 500

TERRENO DO CENTRO COMUNITÁRIO

TRAV. MARIA IZABEL

TERRENO DO CENTRO COMUNITÁRIO

56


57


5

edifício do CENTRO COMUNITÁRIO escala 1 : 500

RUA TIETA

escala 1 : 200

TRAV. MARIA IZABEL

espaço para Conforme Lei de Uso e Ocupação do Solo de Viçosa, foram seguidos os afastamentos mínimos (o terreno pertence ao zoneamento municipal ZR1)

O terreno doado em desuso poderá receber o espaço do centro comunitário, abrigando diversas atividades coletivas conforme as demandas. O acesso a duas vias, será aproveitado propiciando melhor comunicação com o ambiente externo.

usos coletivos construído a partir de

força coletiva A forma do edifício foi pensada para facilitar sua execução por meio dos materiais e técnicas utilizados e pela autoconstrução.

Sua ocupação tira proveito no terreno a fim de criar ampla tira áreaproveito não-construída de contato Suauma ocupação no terreno a fim de interno-externo, que se relaciona com o espaço criar uma ampla área não-construída de contato urbano e se abre ao fluxo de pedestres ruas. interno-externo, que se relaciona comdas o espaço urbano e se abre ao fluxo de pedestres das ruas.

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SALÃO MULTIUSO

CIRCULAÇÃO VERTICAL

ÁREA DE CONVÍVIO EXTERNA

O amplo salão multiuso é o principal espaço do centro comunitário, capaz de abrigar as diversas atividades em grupo demandadas (reuniões, exercícios físicos, eventos). Poderá ser organizado em um só ambiente ou dividido em dois para abrigar atividades simultâneas. Sua área total é de 50m2.

Propicia relação do centro comunitário com as ruas de acesso, criando ambientes convidativos, e amplia os espaços de uso para além da área construída. Vincula-se, por meio da entrada, ao salão multiuso, criando um ambiente de uso interno-externo.

A circulação se dá por uma escada e uma plataforma vertical para acesso de pessoas com necessidades especiais. Sua localização visa que o acesso ao mezanino se dê de forma a não influenciar nas atividades que estejam ocorrendo no térreo.

SERVIÇOS (cozinha e banheiros) A cozinha é fundamental para dar suporte aos eventos que serão realizados. Por isso, se dispõe em interação ao salão. Os banheiros são dois acessíveis, um para cada gênero, conforme normas. A localização de ambos favorece a distribuição das paredes hidráulicas. A área total dos ambientes é de 26m2.

SALA DE ESTUDOS E BIBLIOTECA Atua como função fixa do centro comunitário, estando aberta para receber a comunidade como suporte para essas atividades de estudo. Localiza-se mais isolada dos outros ambientes para menor inteferência de ruídos entre as atividades. Sua área é de 26m2. térreo +0,20

mezanino +3,00

PROGRAMA E SETORIZAÇÃO 59


escala 1 : 65

S RUA TIETA

TRAV. MARIA IZABEL PLANTA BAIXA térreo +0,20m

60


S

escala 1 : 65

PLANTA BAIXA mezanino +3,00m

61


PAREDES DE PAINÉIS MODULADOS DE PALETES

A dimensão das paredes seguiu a modulação de 0,90m, de acordo com a medida dos paletes (como há paletes de 0,90m, 1,00m e 1,20m, optou-se por usar a dimensão mínima para maior aproveitamento dos paletes doados, considerando a opção de cortar aqueles que foram maiores). Cada módulo de 0,90m corresponde a um painel construído a partir de paletes desmontados e remontados (ver estudo de caso Casa Palete).

As paredes serão construídas algumas por painéis modulados de paletes e outras por tijolos de solo cimento

Uma vantagem da construção da parede a partir de painéis é a montagem por etapas, que é uma facilidade para o processo de autoconstrução.

painel portas

painel janelas

painel paredes

As madeiras deverão ser previamente tratadas para proteção de umidade e cupim. A disposição das ripas e seu isolamento do solo também serão adequadamente planejados a fim de favorecer a durabilidade.

PAREDES DE TIJOLOS DE SOLO CIMENTO O solo cimento será utilizado nas paredes que lidam com maior umidade (divisa com o muro vizinho e em áreas molhadas), por responder melhor a esse fator que a madeira.

Os tijolos também deverão ser tratadas contra intemp[eries e devidamente isolados do solo.

SISTEMA CONSTRUTIVO

O encaixe entre os dois materiais, bem como a estrutura da edificação serão melhor estudados na continuidade.

62


FOTO MONTAGEM

63


6

ELEMENTO ARQUITETÔNICO de destaque visual escala 1 : 500

RUA TIETA

TERRENO DO CENTRO COMUNITÁRIO

PALETE

O pórtico autoportante que sai do edifício do centro comunitário e atravessa a rua funciona elemento arquitetônico de destaque para ser visto desde a rua principal. Ele atua sendo sinalizador convidativo no acesso ao centro comunitário e enquadramento para o ribeirão, que está no final da rua. mas não é muito reparado pela comunidade.

64


65


CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho foi desenvolvido a partir de demanda e de condições existentes reais da comunidade do Laranjal, mas o processo de busca e implementação de propostas retratado aqui não segue algo que está se dando pela população no momento. Sendo assim, o projeto fica exclusivamente pensado como estudo para fins deste trabalho, sem perspectiva de ser construído, pelo menos nas circunstâncias atuais. Apesar do trabalho abordar processos participativos, por esse motivo do processo de execução não estar se desenvolvendo na realidade, escolheu-se não envolver a comunidade em novas atividades presenciais que expusessem o projeto. O objetivo é evitar expectativas ao redor dele. Os dados utilizados no trabalho foram frutos de atividade de extensão realizadas anteriormente ou adquiridos por meios não-presenciais. Este projeto fica, então, apresentado para o Laranjal apenas na forma de demonstração de viabilidade e sugestão para uma possível futura execução ali, servindo, além disso, de exemplo e incentivo para outras comunidades.

66


CONTINUIDADE Para dar continuidade a este trabalho, será elaborado Trabalho de Conclusão de Curso 2, no seguinte semestre. Nele se visa desenvolver o detalhamento construtivo dos elementos arquitetônicos aqui indicados, em forma de manual construtivo que possa ser aproveitado durante o processo de autoconstrução.

CRONOGRAMA FAZER REAJUSTES INDICADOS A PARTIR DO TCC1

DEFINIÇÃO DOS ELEMENTOS A SEREM DETALHADOS CONSTRUTIVAMENTE

ESTUDO E DEFINIÇÃO DA ESTRUTURA DO CENTRO COMUNITÁRIO

ELABORAÇÃO DE MAIOR DETALHAMENTO CONSTRUTIVO

agosto 1/2 agosto 2/2 setembro 1/2

setembro 2/2

DO CENTRO COMUNITÁRIO

ELABORAÇÃO DE MAQUETES FÍSICAS COM DIDÁTICA CONSTRUTIVA

CONSTRUÇÃO DE PROTÓTIPO DE ELEMENTO DEFINIDO

ELABORAÇÃO DE MATERIAL GRÁFICO A SER ENTREGUE

outubro 1/2

outubro 2/2

outubro 2/2

novembro 67


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MENDONÇA, Carina Guedes de. Arquitetura na Periferia: Uma experiência de assessoria técnica para grupos de mulheres. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo). Escola de Arquitetura da UFMG, Belo Horizonte, 2014. Disponível em: < http://www. mom.arq.ufmg.br/mom/biblioteca_novo_2/arquivos/Diss_Carina_FINAL.pdf> Acesso em: 30 mar. de 2018.

ARANTES, Pedro Fiori (org.). Sérgio Ferro: arquitetura e trabalho livre. São Paulo: Cosac Naify, 2006.

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