TCC HABITAR - caderno final

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HABITAR HABITAÇÃO SOCIAL - PIRACICABA

LUISA LEME SIMONI ORIENTADOR: JOSÉ CLÁUDIO PANEQUE FAUS 2014

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TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS CENTRO DE CIÊNCIAS, ARQUITETURA E ENGENHARIA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO - FAUS ALUNA: LUISA LEME SIMONI ORIENTADOR: PROF. ME. JOSÉ CLÁUDIO PANEQUE DEZEMBRO 2014

HABITAR HABITAÇÃO SOCIAL - PIRACICABA


Agradeço, primeiramente aos meus pais. Pelo amor e apoio todos esses anos. Aos meus irmãos pela parceria. Ao meu orientador Prof. Me. José Cláudio Paneque por embarcar comigo neste trabalho e incentivar sempre novos questionamentos pertinentes ao assunto. Aos professores da FAUS e da WashU que me instigaram durante esses 6 anos. As Tias Ângela e Anne por me acolherem de braços abertos em suas casas durante este último ano de graduação. Ao Mira Arquitetos por proporcionar um ano de intenso aprendizado junto ao escritório. E aos meus colegas de curso e amigos queridos Henrique, Jéssica, Mariane e Renata que mesmo de longe colaboraram de alguma forma para este trabalho.


para minha m達e

Saber n達o basta; devemos Aplicar. Desejar n達o basta; devemos Fazer. Goethe


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 1. PIRACICABA 7 1.1 DESENVOLIMENTO DA CIDADE 8 1.2 ÁREAS DESIGNADAS PARA EXPANSÃO 10 1.3 CONJUNTOS HABITAIONAIS NA CIDADE 11 1.4 CONJUNTOS HABITACIONAIS POR DÉCADA 12 1.5 FAVELAS 13 2. 2.1

HABITAÇÃO NO BRASIL 14 EM PIRACICABA, BOSQUE DOS LENHEIROS 16

3. PROJETOS ANÁLOGOS 17 3.1 FRANÇA 18 3.2 ESPANHA 19 3.3 BRASIL 20 4. ÁREA DE INTERVENÇÃO 21 4.1 ACESSOS 22 4.2 FAVELA SANTO ANTÔNIO 25 4.3 ZEIS 2/G 27 5. PROGRAMA 30 6. ESTUDOS 31 7. PROJETO FINAL 45 8. BIBLIOGRAFIA 72


INTRODUÇÃO

Este trabalho de conclusão de curso é um estudo da produção habitacional nas últimas décadas pelos órgãos públicos, mais especificamente, CDHU e Cohab. Ele tem por objetivo questionar os modelos implantados e, a partir dessa discussão, projetar um conjunto habitacional na cidade de Piracicaba, interior do estado de São Paulo. Os estudos desenvolvidos sobre produção de habitação social no Brasil - e o modo como novos conjuntos e alguns já consolidados se inserem, ou não, nas cidades -foram iniciados durante as pesquisas de Iniciação Científica nos anos de 2011/2012. Entre os múltiplos aspectos do estudo, o foco principal foi direcionado para o questionamento dos espaços públicos gerados, a mobilidade, o acesso ao comércio e serviços e integração com a cidade. A escolha por Piracicaba se dá por diferentes fatores e motivações. Primeiro por ser minha cidade Natal, onde já tive oportunidade de desenvolver vários estudos relacionados à sua história. Segundo por ser uma cidade em desenvolvimento e expansão que tem recebido grandes empresas e, junto com isso, uma população crescente. Inicio o trabalho com uma apresentação da cidade de Piracicaba, suas áreas designadas para expansão e onde estão localizadas as populações carentes. Em seguida, um estudo sobre a produção habitacional no Brasil e seu desenvolvimento em projetos nacionais. Avalio e descrevo três projetos que serviram como base e inspiração. No capítulo 4 avalio a área definida para o desenvolvimento do projeto e a favela escolhida para remoção. Por fim, os últimos capítulos são dedicados ao desenvolvimento do projeto propriamente dito, com estudos e projeto.


1. PIRACICABA

Localizada a 160 km a noroeste da capital paulista, Piracicaba foi fundada em 1767 ás margens do Rio Piracicaba. Importante parte de sua economia gira em torno da produção de cana de açúcar, mas cada vez mais empresas multinacionais se instalam na cidade e isso tem influenciado seu crescimento e sua população.

A 1.378,501 Km²

385 mil

A

264,47 hab/km²

fonte: http://prceu.usp.br/uspprofissoes/campi/, disponível em 09/06/2014 às 15hrs

Houve um grande crescimento entre as décadas de 1940 e 2000, mais que quadriplicando sua população de 76 mil habitantes para aproximadamente 330 mil em apenas 60 anos. (PLANO DIRETOR, 2003) A cidade tem população estimada de 385 mil habitantes para 2013 em uma área territorial de 1.378,501 km², assim com uma densidade de 264,47 habitante/km². (IBGE, 2010)

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1.1 DESENVOLVIMENTO DA CIDADE, mancha urbana “a cidade de Piracicaba começa a se expandir de forma fragmentada e atingir áreas distantes da ocupação dos 200 anos anteriores de sua história, por intermédio da abertura de novos loteamentos públicos e privados. Este processo foi acompanhado pela extensão progressiva do perímetro urbano, viabilizando legalmente o espraiamento da malha da cidade e favorecendo a especulação imobiliária.” OTERO, E.V. e SOUZA, M.B.S.D, Piracicaba, o rio e a cidade: ações de reaproximação, 2011, p.19

Com o espraiamento da cidade, vazios urbanos foram criados entre os bairros e, em consequência disso, vários desses pontos foram ocupados por favelas e habitações sub-normais. Esses vazios dificultam a mobilidade urbana e o devido abastecimento de água, energia e coleta de esgoto. Hoje a cidade conta com 100% de abastecimento de água, serviço provido pela empresa SEMAE – Serviço Municipal de Água e Esgoto, mas as regiões sul, sudeste e sudoeste ficam prejudicadas em épocas de seca e finais de semana, devido à sua alta densidade populacional, pressão insuficiente na rede e domicílios sem reservatório próprio. (PLANO DIRETOR, 2003)

fonte: PLANO DIRETOR, 2003

Apesar da carência habitacional na cidade, segundo dados do IBGE 2010 existe uma vacância de 8,79% de seus domicílios, totalizando 11.493 unidades.

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EVOLUÇÃO DO PERÍMETRO URBANO

Legenda Área do Perímetro Urbano em 1956 Área do Perímetro Urbano em 1969 Área do Perímetro Urbano em 1975 Área do Perímetro Urbano em 1978 Área do Perímetro Urbano em 1982-83 Área do Perímetro Urbano em 1989 Área do Perímetro Urbano em 1999 fonte: IPPLAP, http://www.ipplap.com.br/acervoin.php?id=36 acessado em 22/05/2014 às 22:43

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1.2 ÁREAS DE EXPANSÃO

fonte: PLANO DIRETOR, 2003

O Plano Diretor de 1991 determinava como eixos de expansão as áreas Sudeste e Nordeste da cidade. Por levantamentos de loteamentos aprovados nas últimas décadas nota-se grande expansão nas áreas sul e sudoeste, onde hoje são as maiores concentrações de favelas, domicílios sub-normais e chefes de família sem rendimento ou entre 0 e 3 salários mínimos. (PLANO DIRETOR 2003)

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1.3 CONJUNTOS HABITACIONAIS

fonte: PLANO DIRETOR, 2003

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1.4 CONJUNTOS HABITACIONAIS POR DÉCADA

fonte: PLANO DIRETOR, 2003

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1.5 FAVELAS

fonte: PLANO DIRETOR, 2003

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2. HABITAÇÃO SOCIAL Na década de 70, com o primeiro período de intervenções da CECAP – Caixa Estadual de Casas Para o Povo - foram desenvolvidos projetos de alta qualidade na área da habitação social. Como é o caso do Conjunto Zézinho Magalhães Prado em Guarulhos, de autoria de João Batista Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha e Fábio Penteado. Nessa mesma época outros escritórios como Abrahão Sanovics; Bonilha e Sancovski; Dan J. Antonio também foram contratados para projetos em Serra Negra, Taubaté e Piracicaba, respectivamente.

“Deve-se ressaltar que, em todos os casos acima citados, todos os arquitetos foram contratados pela figura de “notório saber” e faziam parte de uma listagem elaborada pelos dirigentes e arquitetos da CECAP a partir de análise de seu currículum e de sua produção. São modelares os projetos e obras produzidos nesse período por esses arquitetos.” (RUPRECHT, D. pág. 43)

Porém, a partir de 1975 a CECAP passou a elaborar os projetos dentro da própria empresa, por sua equipe técnica. E as tipologias elaboradas passaram a ser repetidas inúmeras vezes em conjuntos pelo interior do estado. Como as casas padrão, projetadas por Djalma Cintra de Andrade e o edifício VI22B de Vitor Augusto dos Santos. (RUPRECHT, D. 2003) Já na década de 90 a CDHU – Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo - também desenvolvendo os projetos dentro da empresa ou contratando escritórios pelo menor preço desenvolveu tipologias que foram repetidas centenas de vezes pelo estado criando a imagem de produtora de grandes monotonias e projetos “carimbo”. (RUPRECHT, 2003)

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PEDREGULHO, RIO DE JANEIRO, AFFONSO REIDY, 1947

fonte: www.archdaily.com.br disponível em 08/06/2014 às 11 hrs

ZÉZINHO MAGALHÃES, GUARULHOS, ARTIGAS, 1967

fonte: www.vitruvius.com.br disponível em 08/06/2014 às 10 hrs

ESTRADÃO, SANTOS, COHAB-SANTISTA, 2009

fonte: arquivo pessoal, 2012

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2.1 BOSQUES DO LENHEIRO, PIRACICABA

O bairro Bosque dos Lenheiros está localizado na zona norte de Piracicaba, a 6 km do centro da cidade e às margens do Rio Corumbataí. É um dos conjuntos habitacionais mais conhecidos e foi um loteamento projetado para abrigar famílias que inicialmente estavam em área de risco e começou a ser construído em 1999. O projeto conta com 1370 lotes habitacionais e 42 comerciais, e é caracterizado como um embrião de banheiro, cozinha, sala e um quarto com possibilidade de ampliação.

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3. PROJETOS ANÁLOGOS

Durante o tempo de pesquisa foram estudados 3 projetos de conjuntos habitacionais, em diferentes países, analisando suas abordagens e concepções.Estes 3 projetos serviram como inspiração e referência para o trabalho a ser desenvolvido. 17


3.1 FRANÇA NIMES, JEAN NOUVEL, 1986

No conjunto Nemausus I localizado no sul da França em área mediterrânea, o arquiteto Jean Nouvel não foi autorizado a construir um estacionamento subterrâneo. Este deveria ocupar o térreo dos edifícios. Devido a esta restrição, foi possível rebaixar apenas meio pavimento para os estacionamentos. Deixando o edifício sobre pilotis foi mantida a visão de um lado a outro do terreno e entre os prédios criou-se uma praça de convivência. O edifício se encaixa em uma estrutura de 5 metros de vão, o que permite o desenvolvimento dos apartamentos acima e o melhor aproveitamento do estacionamento no térreo. O arquiteto queria resgatar os princípios de Le Corbusier de “Espaço, Luz e Ar” que estavam esquecidos nos anos 80. Com isso, projetou os apartamentos com aberturas para os dois lados do edifício. De um lado as varandas são particulares a cada apartamento e de outro são generosas circulações que podem também se transformar em áreas de convivência. Os apartamentos variam de 110m² a 170m² e foram desenhados de dentro pra fora, com o intuito de dar ao morador o maior espaço possível e máximo conforto. fonte imagens: wikiarquitectura.com, disponíveis em 05/06/2014 ás 13 hrs

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3.2 ESPANHA MADRID, FOA, 2007

Carabenchel Housing está em um terreno orientado sentido norte-sul, que tem a oeste um novo parque da cidade e nas outras faces quadras residenciais. A ideia do escritório era compactar ao máximo para que fosse possível que todas as unidades tivessem orientação leste-oeste. Uma estrutura de forma modulada em 13,40 m foi idealizada para que nada interferisse no interior do apartamento, que possui balanços de 1,5m de ambos os lados, que formam as varandas. As fachadas são completamente de vidro e no limite das varandas há um fechamento com placas de bambu que fazem a proteção solar e criam áreas semi-externas em determinadas épocas do ano. O conjunto conta com apartamentos de 1, 2 e 3 dormitórios com diferentes configurações.

fonte: www.archdaily.com e http://www.farshidmoussavi.com disponível em 20/05/2014 às 15:30 hrs

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3.3 BRASIL SÃO PAULO, MMBB e H+F Arquitetos, 2008

O conjunto habitacional Jardim Edite está localizado no bairro do Itaim Bibi, uma das mais importantes áreas de negócios da cidade de São Paulo. Apesar de ser um conjunto em que predomina a alta densidade, foi escolhido para estudo por conseguir abrigar uso misto no mesmo terreno. No térreo, por exemplo, há um Posto de Saúde, Creche e Restaurante Escola, criando uma área pública durante o dia. Marcante no projeto são também as áreas de circulação das torres, em que caracterizam não somente a circulação, mas uma área de convívio para os moradores. O conjunto possui 252 unidades habitacionais de 50m² e 2 dormitórios.

fonte imagens: MMBB em www.mmbb.com.br disponível em 06/05/2014 as 23 hrs

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4. ÁREA DE INTERVENÇÃO

4

5

6

2

1

3

1- Favela Sto. Antonio 2- Córrego e APP 3- ZEIS 2/G 4- Terminal São Jorge 5- Rua Anízio Ferraz Godinho 6- Rua Zulmira Ferreira do Vale fonte: desenvolvido pelo autor

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4.1 ACESSOS

A área de intervenção deste trabalho está localizada na zona sudoeste da cidade de Piracicaba. Com principal acesso pela Rua Anísio Ferraz Godinho que dá também acesso ao Terminal São Jorge, importante ligação de ônibus urbano da área. Em frente ao Terminal de Ônibus esta a chegada da Rodovia SP-147 que liga à cidades como Anhembi e Botucatu.

Rua Anísio Ferraz Godinho fonte: arquivo pessoal

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Rua Anテュsio Ferraz Godinho fonte: arquivo pessoal

Terminal de テ馬ibus Sテ」o Jorge

Rua Zulmira Ferreira do Vale 23


4.2 FAVELA SANTO ANTテ年IO

fonte: desenvolvido pelo autor

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A Favela Santo Antônio esta localizada também na zona sudoeste da cidade, no bairro Jardim Tatuapé. Próximo ao terreno está a Av. Raposo Tavares, que é importante acesso ao comércio e ao terminal de ônibus do bairro Paulicéia. A favela está situada em uma área de preservação, à beira de um córrego, que hoje, apesar de encanado é possível notá-lo em um dos extremos quando passa a ficar a céu aberto. Segundo o Plano Diretor de 2003, na época a favela contava com 261 famílias.

fonte: arquivo pessoal

25


fonte: arquivo pessoal

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4.3 ZEIS 2/G

A ZEIS 2/G (Zona Especial de Interesse Social) está localizada na Rua Zulmira Ferreira do Vale no bairro Novo Horizonte, zona sudoeste da cidade. Possui 45 mil m², 90m de frente para a rua e 500m de profundidade. O bairro ainda conta com várias áreas livres, mas que estão em zona de expansão da cidade com projetos de loteamentos e condomínios em seu entorno.

3 2

5 6

4

1

7

27


1

2

3

4

6

5

fonte: arquivo pessoal

28


7

7

fonte: arquivo pessoal

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posto de saúde

creche

habitação

parque

térreo público

5. PROGRAMA

Durante os estudos de projetos de HIS produzidos no Brasil e no exterior ficou clara a necessidade da mescla de usos no terreno. Assim o programa deste projeto é constituído por um térreo desenvolvido como um parque linear, áreas de uso público e módulos de comércio e serviço. Uma creche de 565 m², Posto de Saúde com 600 m² e a partir do primeiro pavimento por 732 unidades habitacionais. Sendo essas 183 unidades com 58 m² e 549 unidades de 77 m². Totalizando uma área construída de 63.745 m² e suprindo o coeficiente de aproveitamento de 1,4 delimitado para esta área de Zeis 2.

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6. ESTUDOS

Nessa fase do projeto foram discutidos os princípios, possibilidades de implantação e tipologia a serem desenvolvidas na segunda parte do projeto.

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ESTUDOS DE IMPLANTAÇÃO

33


ESTUDOS

34


ESTUDOS

35


PRÉ BANCA

escala 1/7500 36


escala 1/5000 37


implantação

521.15 519.70

514.40

510.35

510.75

510

504.60 502.90

escala 1/2000 38


recorte da implantação

514.75

511.45

514.65

515.95

511.95

510.35

513.65

planta subsolo

planta tĂŠrreo

planta pavimento tipo

518.65

514.65

511.45

511.95

508.75

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variações apartamento lâmina apartamento 3 quartos: 56.25 m² + varanda

apartamento 2 quartos: 45 m² + varanda

escala 1/200 40


variações apartamento bloco apartamento 3 quartos: 60 m² + varanda

apartamento 2 quartos: 50 m² + varanda

escala 1/200 41


possíveis pavimentos tipos

apartamento 3 quartos apartamento 2 quartos circulação

escala 1/500 42


estudos 3D

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7. PROJETO FINAL Aproximações Terreno escolhido para implantação do projeto está localizado na Rua Zulmira Ferreira do Vale no bairro Novo Horizonte em Piracicaba. A 1 km do Terminal São Jorge, de ônibus urbano, a área esta delimitada como ZEIS 2 (Zona especial de Interesse Social) e inserida em ZAP 1 (Zona de adensamento prioritário 1) segundo Lei Complementar n 246, de 21 de dezembro de 2009. “Art. 2º São parâmetros urbanísticos para todas as Zonas Especiais de Interesse Social 2, elencadas nos incisos do parágrafo único, do art. 1º, retro, os seguintes: I - Coeficiente de Aproveitamento - CA = 1,4 (um vírgula quatro); II - Taxa de Ocupação - TO = 70% (setenta por cento); III - Taxa de Permeabilidade - TP = 10% (dez por cento).” (Lei Complementar n. 246, Piracicaba)

O entorno se caracteriza por uma paisagem ainda pouco ocupada. Com poucas quadras residenciais, está em vista como uma das áreas de expansão da cidade e alguns lotes já com projetos para condomínios de edifícios de 7 pavimentos. A inserção do projeto nesta área visa criar um “eixo-cidade” de conexão entre os bairros existentes e novos eixos com os lotes vizinhos, possibilitando o desenvolvimento do bairro junto à infra-estrutura do projeto.

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Projeto Com um terreno em aclive o projeto busca se acomodar conforme as curvas de nível, sem muita interferência no perfil natural do lote. Buscando o eixo de comunicação entre os bairros do entorno é criada uma rua seguindo o perfil do terreno e margeando seus limites, onde se darão os acessos à infraestrutura projetada. A partir daí, as lajes de cada conjunto de blocos são locadas de modo à melhor se acomodarem ao perfil. Os vazios criados entre o terreno e a laje de cimasãousados para áreas de estacionamento de veículos. Esses estacionamentos, por sua vez, estão meio nível enterrados e são conectados por taludes às praças centrais, possibilitando acesso, ampla iluminação, ventilação, não sendo necessários muros de arrimo. Essas lajes, que se caracterizam como térreos dos edifícios, fazem as conexões entre público e privado. Os módulos podem ser ocupados com unidades de comércio, serviços e creche tendo apenas uma estrutura de vidro envolvendo a circulação que dá acessos às habitações.

Com o posicionamento de cada conjunto de blocos são criadas praças públicas, como pátios, e cada uma com sua característica: - A primeira, na cota 513,9 está protegida da rua e junto da área destinada à creche, portanto seu foco é o uso e recreação infantil, com playgrounds, áreas molhadas com fontes e uma gama de árvores frutíferas. - A Segunda praça, que varia entre as cotas 516,5 e 518,5, cria um eixo perpendicular ao projeto, cortando o terreno na sua menor dimensão e criando conexões com os lotes vizinhos. Esta é destinada aos esportes e tem área disponível para agregar um maior público, com quadras poliesportivas e de bocha. Uma massa verde envolve a praça criando uma barreira sonora entre as habitações. - Por fim, a terceira praça na cota 521,9 é projetada como um Pomar e está junto à rua, criando uma diferente conexão entre os edifícios. Estes podem ser acessados pela laje que se conecta a calçada na cota 523,9 ou por meio de decks elevados, que permeiam o pomar em diferentes caminhos até chegar ao térreo da mesma cota 523,9 onde está localizada a biblioteca.

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Edifício O edifício possui uma estrutura de concreto em modulações de 5 x 6m. Esta estrutura tem sua base no nível do estacionamento e eleva-se aos demais pavimentos. Assim os apartamentos são projetados em módulos de 2,5 x 3m podendo ter 6 ou 8 módulos. Anexo aos apartamentos são os módulos da varanda de 1,75 x 3m que também têm a função de servir como principal barreira de iluminação direta. Cada apartamento conta com o mesmo módulo hidráulico de 1,75 x 7,75m, contendo sanitário, cozinha e lavanderia, junto à varanda. O sanitário com dimensões livres de 1,6x2,4m pode ser em módulo acessível ou com o lavatório externo. O apartamento tem apenas o módulo hidráulico definido, sendo o restante dos módulos uma planta livre. As divisórias de drywall dão a possibilidade de diferentes configurações entre 2 ou 4 dormitórios.

Nas varandas um fechamento com painéis metálicos funcionam como brises, filtrando a incidência direta de sol e mantendo a ventilação cruzada. Mas que podem ser abertos por completo dependendo da necessidade. A circulação vertical, com estrutura em concreto, está solta do bloco de apartamentos e essa conexão é feita por uma malha de vigas metálicas que com stell deck formam as passarelas, conectando a circulação a dois blocos de apartamentos. Na cobertura dos edifícios existem áreas designadas para plataformas de suporte para painéis fotovoltaicos capazes de suprir parcela do consumo de energia do edifício.

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eixos de conexão

parque linear

uso público do térreo

unidades habitacionais

corte esquemático dos usos

48


1 - Acesso 2 - Rua principal 3 - Posto de Saúde 4 - Edifícios Habitacionais 5 - Praça infantil 6 - Área de esportes 7 - Pomar 8 - Novo viário

2

1 3 7 6 8 4

5

escala 1/750

D

C

B

A


1 - Acesso 2 - Rua principal 3 - Comércio 4 - Posto de Saúde 5 - Creche 6 - Praça Infantil 7 - Ponto de ônibus 8 - Quadras 9 - Bocha 10 - Pomar 11 -Biblioteca 12 - Novo viário 13 - Salão de Festas

7 7

514.9

511.4

2

520.4 521.9

523.9 510.9

10 523.9

13

4

3 521.9

9

8 517.2

1

3

12 516.5

514.9

502.9

518.5

3

509.9

523.9

514.9

13 513.9

6

503.55

5 13

A

escala 1/750

D

C

B

11


1 - Acesso 2 - Rua principal 3 - Comércio 4 - Acesso às habitações 5 - Acesso estacionamento 6 - Estacionamento 7 - Posto de saúde 8 - Ponto de ônibus 9 - Praça infantil 10 - Quadras 11 - Bocha 12 - Pomar 13 - Novo viário

8 8

514.9

511.4

2

520.4 521.9

506.4

523.9

5 5

5

511.4

4

520.4

7

6

12

521.9

11

511.4

10

4

13 4

4

517.2 518.5

6

510.9

4

516.5

4

502.9

506.4

6

A

9

D

C

B

4

escala 1/750

3

503.55

520.4 513.9

1


1 - Acesso 2 - Rua principal 3 - Habitação 4 - Posto de Saúde 5 - Praça infantil 6 - Ponto de ônibus 7 - Esportes 8 - Pomar 9 - Novo viário 6 6

2

8

4

3

1

7 9

3 3

3

3

3

5

3

3

escala 1/750

D

C

B

A


521.9

510.9

503.5

POSTO DE SAÚDE

COMÉRCIO

RUA PRINCIPAL 502.9

LIMITE DO TERRENO

514.9

CRECHE

PRAÇA INFANTIL 513.9

QUADRAS POLIESPORTIVAS 516.5

QUADRAS POLIESPORTIVAS 517.2

BOCHA 518.5

HABITAÇÕES

POMAR

LIMITE DO TERRENO 523.9

NOVO VIÁRIO 523.9


523.9

521.9

520.4 503.9 511.4

509.9 506.4

CORTE BB

escala 1/750

CORTE CC

CORTE DD




MADEIRA

CRECHE

CONCRETO

A

BORRACHA

ACESSO ESTACIONAMENTO









pavimento tipo

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

a

b

c d

e

f

0 1

5

65 escala 1/250


0 1

5

escala 1/250

apartamentos tipo 0

1

5 escala 1/125

66


esquema de ventilação a

escala 1/250

b

c

d

e

f

67


c

b

a

detalhe

GUARDA CORPO ESTRUTURA METÁLICA

PLACAS FOTOVOLTAÍCAS

STEEL DECK

BASCULANTE BLOCO DE CONCRETO

ESTRUTURA DE CONCRETO PAINEL METÁLICO DESLIZANTE PISO ACABADO PISO FLUTUANTE MANTA ACÚSTICA

escala 1/75

68





8. BIBLIOGRAFIA

BONDUKI, Nabil - Origens da Habitação Social no Brasil: arquitetura moderna, lei do inquilinato e difusão da csa própria - 4 ed. - São Paulo: Estação Liberdade, 2004 DRUOT, Frédéric, LACATON, Anne e VASSAL, Jean-Philippe - plus La vivienda colectiva Territorio de excepción - Barcelona: Ed. Gustavo Gili, 2007 JACOBS, Jane - Morte e vida das grandes cidades - São Paulo: Martins Fontes, 2000 OTERO,Estevam V. BOLOGNA, Sabrina R. SOUZA, M.B.S.D(org) - Piracicaba, o rio e a cidade: ações de reaproximação - Piracicaba: IPPLAP, 2011 PÓLIS - Revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento de Piracicaba - Piracicaba: Instituto Pólis, 2003 SAMPAIO, Maria Ruth A.(org) - A promoção privada de habitação econômica e a arquitetura moderna, 1930/1964 - São Carlos: RiMa, 2002 SCHERE, Rolando H. - Pasajes - Buenos Aires: Colihue, 1998 TEDESCHI, Altamir (org) - Sustentabilidade e Inovação na Habitação Popular: o desafio de propor modelos eficientes de moradia - São Paulo, Governo do Estado de São Paulo. Secretaria de Estado de Habitação, 2010. TESES RUPRECHT, Denise G.C. - Conjunto Habitacional Jundiaí-A: dois modos de arquitetar. São Paulo, 2003. 294f. Tese - Universidade Mackenzie, 2003 PERIÓDIOCOS Monolito: Habitação Social em São Paulo. São Paulo: Editora Monolito, 7. ed., 2012. Bimestral SUMMA+: Vivienda Colectiva. 134 ed., 2014 IMAGENS Grafites usados nas imagens 3D são de autoria de Tom Simoni.

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UNISANTOS - FAUS - DEZEMBRO 2014

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