Habitação Compartilhada em Vitória Luiza Pimentel Bichi
Projeto de Graduação apresentado no Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do títulodeBacharelemArquiteturaeUrbanismo.
Orientador:Prof.Dr.LuteroProscholdtAlmeida
HABITAÇÃOCOMPARTILHADAEMVITÓRIA
UNIVERSIDADEFEDERALDOESPÍRITOSANTO CENTRODEARTES DEPARTAMENTODEARQUITETURAEURBANISMO
Coorientador:Prof.Dr.JarryerAndradedeMartino
Convidado:ArquitetaAnaCarolinaDiniz Vitória 2022
LUIZAPIMENTELBICHI HABITAÇÃOCOMPARTILHADAEMVITÓRIA
LuteroProscholdtAlmeida UniversidadeFederaldoEspíritoOrientadorSanto Prof.Dr.JarryerAndradedeMartino UniversidadeFederaldoEspíritoCoorientadorSanto ArquitetaAnaCarolinaDiniz UniversidadeFederaldoEspíritoConvidadoSanto
Projeto de Graduação apresentado no Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do títulodeBacharelemArquiteturaeUrbanismo. Aprovado em Vitória, de ___________________ de 2022. Notafinal:________________ COMISSÃOEXAMINADORAProf.Dr.
A g r a d e c i m e n t o s
A todos os profissionais e mestres que contribuíram para a minha formação. O meu muito obrigadapelaoportunidadedeaprender,compartilhareconviver.
Agradeço a todos aqueles que fizeram parte desta minha trajetória. Para que esta pudesse ser finalizada, por mais que o meu esforço tenha sido essencial, vários foram os envolvidos que me deram suporte ao longo desses anos e sem eles eu não teria chegado aonde cheguei. E em vista disso,gostariadefazeralgunsagradecimentos: AoArquitetodetudo,portudo. À minha família, pelo amor, suporte incondicional, inúmeros sacrifícios e lições de vida. O apoio, companheirismo e confiança singular oferecida por eles me nutriram de energia e conforto quando mais necessário. A todos da minha família, que sempre torceram por mim, minha eterna Aogratidão.meunamorado,
Pedro, por me encorajar e acreditar mais em mim do que eu. Agradeço principalmente pelo apoio e amor, com os quais eu pude renovar todas as minhas forças e continuar seguindo e olhando para frente. Sou muito feliz em poder compartilhar esse momento tãoespecialcomvocê. Aos meus amigos que tanto me ouviram, incentivaram e torceram por mim. Todos me agregaram diferentes realidades, inúmeras vivências, momentos memoráveis e principalmente, por serem responsáveis também na construção da pessoa que sou hoje, alguém ainda mais cheia de vida e com boas companhias. Aos que encontrei por aqui e por ali, e que fizeram dessas vivências compartilhadasmomentosúnicoseinesquecíveis.
À minha eterna dupla de todos esses anos, Dayane, onde passamos por muitas noites em claro e grandes dificuldades, mas também por muitos momentos de alegrias. Certamente esse momento nãoteriaomesmobrilho,senossasvidasnãotivessemsecruzado.
Ao meu orientador, Lutero, por ter me acompanhado com excelência profissional. Sou grata também pelos conselhos, pela paciência e principalmente ter ajudado a reconhecer o potencial queeutinhaemmim,poissemoseudirecionamentoeudefinitivamentenãoteriachegadoaonde cheguei. Sempre terá meu carinho e admiração. Além disso, ao Jarryer e Ana Carolina, por concordaremgentilmenteemfazerpartedabancaexaminadora.
Por fim, eternamente grata pelo dom da vida e pela nossa capacidade de ser, criar e conhecer o mundo,osoutroseanósmesmos.
R e s u m o
O mundo contemporâneo tem passado por inúmeras mudanças tecnológicas e socioeconômicas, alterandoconsideravelmenteocontextourbanoquecompõeascidadesdehoje.Considerandoas abordagensarquitetônicasexistenteseacomplexidadedasnovasrelaçõessociaisestabelecidas, esteprojetoapresentareflexõesesoluçõesparaatenderàsnovasnecessidadesapresentadasem relação aos espaços de habitação e trabalho, buscando novas estratégias para gerar encontros, oportunidades de convívio em grupo e qualidade de vida em comunidade. Por meio do estudo do ReferencialTeóricoeProjetual,apesquisadiscutesobreasvantagensdamoradiacompartilhada inserida em um cenário de uso misto, em que a moradia, o trabalho e o lazer do cenário urbano, são repensados e arquitetados em conjunto em uma microescala, em um mesmo local e compartilhados entre seus usuários, em prol da maior qualidade de vida e da possibilidade de se exercermaisvínculos. Assim, procura-se entender como o desenho das novas formas de habitações compartilhadas se diferenciamdehabitaçõestradicionaisecomooprojetodecoabitaçãopoderepensarosespaços da moradia e as relações sociais pela valorização dos espaços comunitários e o pelo estímulo da sociabilidadeentreseushabitantes. Como resultado projetual, se obteve um edifício de uso misto, com uma área comercial juntamente com o coworking interligados à cidade através de uma fachada ativa e a área do coliving com variadas tipologias habitacionais, complementadas com diversos equipamentos coletivos que proporcionam maior relação com o meio urbano e sociabilização entre os moradores,utilizandoosconceitosdeeconomiacompartilhadaeconsumocolaborativo.
As a project result, a mixed-use building was obtained, with a commercial area together with coworkingconnectedtothecitythroughanactivefacadeandthecolivingareawithvariedhousing typologies, complemented with several collective equipments that provide a greater relationship with the urban environment and sociability among residents, using the concepts of shared economyandcollaborativeconsumption.
Palavras-chave: Economia Compartilhada; Espaços Compartilhados; Coworking; Coabitação; Coliving; Comunidade; Convívio; Qualidade habitacional; Compartilhamento; Consumo colaborativo.
Abstract The contemporary world has undergone countless technological and socioeconomic changes, considerably altering the urban context that makes up today's cities. Considering the existing architectural approaches and the complexity of the new social relations established, this project presents reflections and solutions to meet the new needs presented in relation to housing and work spaces, seeking new strategies to generate meetings, opportunities for group living and quality of life in the community. Through the study of the theoretical and design referential, the research discusses the advantages of shared housing inserted in a mixed-use scenario, in which housing,workandleisureintheurbanscenarioarerethoughtandarchitectedtogetherinamicro scale,inthesameplaceandsharedamongitsusers,forthesakeofabetterqualityoflifeandthe possibilityofexercisingmorebonds. Thus, we seek to understand how the design of new forms of shared dwellings differs from traditionaldwellingsandhowtheco-housingprojectcanrethinkthespacesofhousingandsocial relationsbyvaluingcommunityspacesandencouragingsociabilityamongitsinhabitants.
Keywords: Shared Economy; Shared Spaces; Coworking; Cohabitation; Coliving; Community; Conviviality;HousingQuality;Sharing;CollaborativeConsumption.
Figura36-BikeSharing,CineTeatroPresidente Figura37-Lavanderia,OficinadeBikeeBicicletário,CineTeatro Figura38-5ºPavimento,CineTeatroPresidente
Figura39-Áreadevivênciaecoworkingintegrados,CineTeatro Figura40-TerraçoGardeneHortaCompartilhada,CineTeatroPresidente
Figura34-FachadaCineTeatroPresidente Figura35-PavimentoTérreo,CineTeatroPresidente
Figura42-Mapadepontosdeinteresse
ListadeFiguras Figura01-Diagramailustrandojustificativaparaaescolhadotema Figura02-MunicípiodeVitória Figura03-CasadaRuadoAmparo,emOlinda,autordesconhecido
Figura43-Mapafigurafundo Figura44-Mapadeusodosolo Figura45-MapadeMobilidadeeHierarquiaViária Figura46-Localizaçãoterrenoepontosdeinteresse
Figura04-Plantatipodemicroapartamento Figura05-Apartamentodadécadade70com100m² Figura06-Apartamentodadécadade90com72,85m² Figura07-Apartamentodadécadade2010com59,60m² Figura08 -ConjuntoSættedammen,Hillerød(Dinamarca)
Figura09-DesenhoexplicativoCohousing Figura10-FachadaTheCollectiveOldOak Figura11-Áreascomuns,TheCollectiveOldOak Figura12-Terraço,TheCollectiveOldOak Figura13-Living,TheCollectiveOldOak Figura14-Lavanderia,TheCollectiveOldOak Figura15-Bibliotecaesaladeestudos,TheCollectiveOldOak Figura16-Apartamento,TheCollectiveOldOak Figura17-Cozinhacompartilhada,TheCollectiveOldOak Figura18-Acabamentosedecoração,TheCollectiveOldOak Figura19-FachadaCasaGap Figura20-Croquis,CasaGap Figura21-ÁreaComum,CasaGap Figura22-Pátiocentralevarandas,CasaGap Figura23-PátioCentralePlantaTérreo,CasaGap Figura24-PátioCentralePlantaPavimentoTipo,CasaGap Figura25-Escadas,CasaGap 40393938383737363535353434333332272723232222211915
Figura41-Studios,CineTeatroPresidente
Figura47-Fotosterreno Figura48-SíntesedosCondicionantesFísicos
Figura29-Interiorapartamentos,RoamColiving Figura30-CozinhaComunitária,RoamColiving Figura31-Cobertura,RoamColiving Figura32-Bar,RoamColiving Figura33-Vegetação,RoamColiving
Figura26-Áreaexterna,RoamColiving Figura27-Varandasemtodooperímetro,RoamColiving Figura28-Pátiocompiscina,RoamColiving
Figura49-Edificaçõesentorno Figura50-Edificaçõesentorno 55555554545352525148484747464645454443434242414140
ListadeTabelas
92919089888584838281787675747372717067656462605956 ListadeFiguras Figura76-PerspectivaUnidadeA1 Figura77 -PerspectivaIsométricaUnidadeA2 Figura78-PerspectivaUnidadeA2 Figura79-PerspectivaIsométricaUnidadeB1 Figura80-PerspectivaUnidadeB1 Figura81-PerspectivaIsométricaUnidadeB2 Figura82-PerspectivaUnidadeB2 Figura83-PerspectivaIsométricaUnidadeC1 Figura84-PerspectivaUnidadeC1 Figura85-PerspectivaIsométricaUnidadeC2 Figura86-PerspectivaUnidadeC2 Figura87-PerspectivaEdifício Figura88-CortePerspectivado-ConfortoAmbiental Figura89-CortePerspectivado 10610510410310210110099989796959493 Tabela01-DéficitHabitacionalnoEspíritoSanto–Domicílios/famílias Tabela02-DéficitHabitacionaldoEspíritoSanto,RegiãoMetropolitanaeVitória Tabela03-EvoluçãodoDéficitHabitacionalEmVitóriaEntre2017e2019 Tabela04-ÍndicesdecontroleurbanísticoZAR1 56201919
Figura51-MapadeMacrozoneamento Figura52-PerspectivaIsométricaEdifício Figura53-PerspectivaIsométricaVolumetria Figura54-IsométricaSetorização Figura55-PerspectivaEdifício Figura56-PerspectivaEdifício Figura57-PerspectivaIsométricaSubsolo-Garagem Figura58-PerspectivaIsométricaTérreo Figura59-PerspectivaTérreo Figura60-PerspectivaTérreo Figura61-PerspectivaRestaurante/Cafeteria Figura62-PerspectivaLoja Figura63-PerspectivaTérreo Figura64-PerspectivaCoworking Figura65-PerspectivaCoworking Figura66-PerspectivaIsométrica1°Pavimento-GaragemeMezanino
Figura67-PerspectivaIsométrica2°Pavimento-Pilotis Figura68-PerspectivaPilotis Figura69-PerspectivaPilotis Figura70-PerspectivaPilotis Figura71-PerspectivaPilotis Figura72-PerspectivaPilotis Figura73-PerspectivaIsométricaPavimentoTipo Figura74-PerspectivaCozinhaColetiva Figura75-PerspectivaIsométricaUnidadeA1
S u m á r i o 2.1.1Ohabitareodireitoàhabitação 2.1.2ProblemasnahabitaçãoemVitóriaeopapelda arquitetura 2 1 3Astransformaçõesnomododehabitareomercado imobiliário 2.1.4AsGeraçõesdoséculoXXI 2.1.5PúblicoAlvo 2.2Sobreocompartilhamentonaarquitetura 2.1Ocontextodehabitar 2.2.1Ahabitaçãocompartilhadaecolaborativa 2.2.2OCohousing 2.2.3 A Economia Compartilhada e a Habitação como Serviço 2 2 4OColiving 2 2 5AmercantilizaçãodoColiving 2.2.5Aviabilizaçãodoprojeto 3.1TheCollectiveOldOak 3.2CasaGap 3 3RoamColiving 3.5CineTeatroPresidente 3.6Síntese 2ReferencialTeórico 1Introdução 3ReferencialProjetual 18 19 21 24 25 26 27 28 29 30 30 17 14 32 37 41 46 49 31
4.1Localização,potenciaiselimitaçõesdaárea 4 2AnálisesFísicasdoEntorno 4 2 1Morfologiaurbana 4.2.2Usodosoloeatividadesexistentes 4.2.3 MapadeMobilidadeeHierarquiaViária 4.2.4Síntesedoentorno 4.3DiagnósticoTerreno 4.3.1SíntesedosCondicionantesFísicos 4 4CondicionantesLegais Legislação/PlanoDiretor 5.1ConceitoePartidoArquitetônico 5.2Volumetria 5.3FluxoseAcessos 5 4ProgramadeNecessidades 5 5Setorização 5.6PropostaProjetualArquitetônica 5.7Materialidade 5.8Confortoambiental:insolação,ventilaçãonaturaleacústica 5.9CortePerspectivado 5.10Cortes 5 11Fachadas 4.Diagnósticodaáreadeintervenção 5.OProjeto 7.ReferênciasBibliográficas 6.ConsideraçõesFinais 51 52 52 52 53 54 54 55 56 50 59 60 60 61 62 63 104 105 106 107 109 58 114 116
Entretanto,apartirdaeramodernista,observaseuminíciodequestionamentoaessesvalores, dandoorigemanovasconformaçõesespaciais,maislivreseintegradasdoqueassoluções passadas Somamseaissoquestõescontemporâneasrelacionadasàcrisehabitacional,ao superadensamentodoscentrosurbanos,àsmudançasnosnúcleosfamiliares,àcrescentesolidão nomeiourbano,aosavançostecnológicoseànecessidadedeestímuloamodosdevidamais sustentáveis.Assim,peranteestasproblemáticasamoradiacompartilhadavoltaasurgircomo umasolução(TUMMERS,2017).Éimportantedestacarquesefalaemretornodestaalternativa dehabitação,poiselaexistedesdeosprimórdios,emgrupostradicionaisdehumanoseganhou forçanovamenteentreosanos70e80(LUND,2017,pp 1925) Destemodo,viverdeforma maiscoletivanãoénovidadenahistóriadahumanidade,porémmostrasecomoumaalternativa inovadorafrenteaosmodosusuaisdesevivernaatualidade
Ofatosedápormeiodapropostadelocaisdemúltiplosusosquefavorecemoestabelecimentode novasrelaçõesecontatosdiversos,permitindoassimatrocadeexperiênciascompessoasde todoomundoedediferentesfaixasetáriasAlémdeproporcionaraconveniênciademorarperto dolocaldetrabalho,afuncionalidade,areciclagemdosespaçosede,algumasvezes,utilitários compartilhados,oconsumoconscientederecursosnaturaise,principalmente,aconstruçãode umacomunidadeemharmoniaquepodeserestabelecidasemperderaindividualidade
Ocontextosocialatualmostraqueaspessoasestãomaisconscientesecolaborativas,alémde maispropensasacompartilhar.Apardestefato,avelocidadeeaelevadacargadeestímulosda realidadecontemporâneaditamumnovomododevidaemqueoconforto,afuncionalidadeea qualidadedevidadevemserpriorizadosparaqueoessencialnãosepercanoturbilhãodo cotidianoatarefado
Aintençãodestetrabalhosurgiudevidoàsinúmerasmudançasqueoatodehabitarnomeio urbanopassounosúltimosanos,ecomoistoafetadiretamenteavidadetodosnós.Sabeseque oidealde“lar”possuisuaorigemdosideaisburguesesdesenvolvidosapartirdoséculoXV,onde oindividualismoeaobsessãocomaacumulaçãoderiquezaslevaramaumaconcepçãode espaçosbaseadanacompartimentaçãodeusoseseparaçãodeusuários(LUND,2017,pp.15).
Oresgatepelaconvivência,deixadaparatráspeloslaçosdigitais,encontrasucessonainiciativa.
Assim,deformaaatenderasnecessidadesdosestilosdevidacontemporâneos,ondeobservase otamanhodasmoradiascadavezmenores,abuscaporreduçãodecustoseavalorizaçãoda utilizaçãodosserviçosemdetrimentodapropriedade,amoradiacompartilhadaganhadestaque.
Figura01 Diagramailustrandojustificativaparaaescolhadotema. Fonte:Tummers(2015) quedadomercadoimobiliário altos jurosinflaçãoajustescustosfiscaisaltaelevados Moradia CrisepobrezavulneráveisabandonodemográficocrescimentoExclusãoEconômicade precariedade envelhecimentodoençasfomeCriseSocial Irresponsabildade CriseesgotamentoAmbientalmudançasclimáticasderecursosnãorenováveis CrisesAtuais EconomiaColaborativa valoressociais qualidadedevida produção ocal compartilhamento derecursos reciprocidade entreajuda SoluçõesBuscadas inclusãosocial proxmidade açõeslocais compartilhamento socal IguadadeCidadã adaptaçãoàs mudanças climáticas reduçãodoimpacto ambiental processosglobas Sustentabilidade Coabitação Responsablidade Acessibildade 1.Introdução 15
1.Introdução 16
Assim, o trabalho aqui proposto tem como tema uma habitação compartilhada para pessoas que buscam por uma vida mais coletiva e acesso a espaços e serviços que supram as suas necessidades diárias, com foco em uma proposta arquitetônica que proporcione uma vida mais sustentável, prática e, principalmente, menos isolada (no contexto pós-pandêmico) potencializando o senso de comunidade e a integração entre os seus moradores, ainda com a viabilidade de residir de forma mais econômica em uma localização central e privilegiada da cidade visto que o empreendimento irá implementar o conceito de sustentabilidade e de economia colaborativa em sua concepção. Para se chegar a este objetivo final, foi necessário primeiramente detectar as necessidades do público alvo, conhecer a realidade do mercado imobiliário local e as edificações existentes voltadas para este público, assegurar condições de confortoambientalepromoverespaçosdeconvivênciacoletiva. Para um melhor entendimento separou-se a justificativa em dimensões sendo elas: social, econômica, ambiental e arquitetônica. Na dimensão social temos como justificativa o fortalecimento das relações de vizinhança, entreajuda cotidiana, compartilhamento de espaços/atividades, cuidado de vulneráveis e mistura social/intergeracional. Na dimensão econômica temos o acesso a moradia de qualidade e baixo custo com menos intermediários, divisão comunitária de custos e economia de escala. Na dimensão ambiental temos como vantagens as soluções ecológicas de proximidade, mutualização de espaços e equipamentos, densificação da moradia e ecoconstrução. E, finalmente, na dimensão arquitetônica temos adequação aos usos/usuários, projeto participativo, inovações arquitetônicas e renovação da residênciamultifamiliar. Este trabalho está dividido em duas partes: a primeira de caráter exploratório e a segunda de caráter propositivo, ou seja, o projeto arquitetônico. As etapas que compõem a realização do trabalho se iniciam pela pesquisa do referencial teórico com apresentação da temática e suas justificativas, nessaetapadotrabalho,éapresentado olevantamento dedadosnecessários para o desenvolvimento do projeto, em seguida o referencial projetual, finalizando com o diagnóstico daáreadeintervençãoeprojetoarquitetônico.
Aprimeiraetapafoifeitaatravésdeestudodereferencialbibliográficopormeiodelivros,artigos,e dissertações, onde foi estudado a evolução das moradias nas últimas décadas e como se desenvolveu as relações das pessoas com essas transformações, ou seja, quais mudanças de hábitos foram identificadas e como isso refletiu na mudança das moradias e questões urbanas referentes à relação dos edifícios e a cidade Ademais, foi pesquisado sobre os diversos tipos de moradia compartilhada e como estes foram ganhando destaque na sociedade contemporânea. A segunda etapa consiste na análise de projetos arquitetônicos que possam ser usados como referência sobre o tema escolhido, estes foram escolhidos mediante aspectos relevantes para o desenvolvimento do projeto final, com enfoque no tema, no partido, na funcionalidade e no programa. Na terceira etapa, foi feito um diagnóstico da área e um estudo sobre a escolha do terreno através de levantamento documental da área e análise da legislação urbana A etapa final, propositiva, foi dividida na montagem do programa de necessidades e elaboração do fluxograma e setorização do projeto; definição do conceito e partido arquitetônicos; pré dimensionamento e estudo de viabilidade; estudo preliminar; e, por fim, o anteprojeto, sendo todo o projeto desenvolvido ao longo da atividade, com definição de todos os itens necessários para a compreensãodapropostaarquitetônica.
R e f e r e n c i a l T e ó r i c o 2
Habitabilidade: a moradia não é adequada se não garantir a segurança física e estrutural proporcionando um espaço adequado, bem como proteção contra o frio, umidade, calor, chuva,vento,outrasameaçasàsaúde.
Por meio desses parâmetros, podemos entender a importância da moradia, para a efetivação dos direitos humanos e a qualificação do bem-estar dos seus habitantes. A sua localização, concepção e métodos de construção, bem como a sua relação com um ambiente social, cultural e económico estável, são fatores que influenciam o quotidiano das pessoas em termos de saúde, segurança e bem-estar. Podemos, portanto, afirmar que essas estruturas desempenham um papel fundamental no desenvolvimento das gerações presentes e futuras, tornando-se o tema fundamental do desenvolvimentosustentávelglobal(ANDRADE,2016).
Economicidade: a moradia não é adequada, se o seu custo ameaça ou compromete o exercíciodeoutrosdireitoshumanosdosocupantes.
7654321.... 2.1.Ocontextodehabitar
18
Disponibilidade de serviços, materiais, instalações e infraestrutura: a moradia não é adequada, se os seus ocupantes não têm água potável, saneamento básico, energia para cozinhar,aquecimento,iluminação,armazenamentodealimentosoucoletadelixo.
Acessibilidade: a moradia não é adequada se as necessidades específicas dos grupos desfavorecidosemarginalizadosnãosãolevadosemconta.
Localização:amoradianãoéadequadaseforisoladadeoportunidadesdeemprego,serviços de saúde, escolas, creches e outras instalações sociais ou, se localizados em áreas poluídas ouperigosas. Adequaçãocultural:amoradianãoéadequadasenãorespeitarelevaremcontaaexpressão daidentidadecultural(UNITEDNATIONS,1991). Desta forma, para um habitar de qualidade, é essencial ter em primeiro lugar acesso a uma moradiaadequada.Paraqueodireitoàmoradiaadequadasejasatisfeito,háalgunscritériosque devem ser atendidos. O Comentário nº 4 do Comitê sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturaisdefineoqueconsideraumamoradiaadequada:
2.1.1 O habitar e o direito à habitação Para iniciar a discussão acerca da temática do trabalho é preciso antes de tudo esclarecer conceitosbásicosacercado“Habitar”.SegundoAndrade(2016,p.16): Quando pensamos na definição de “Habitar”, a nossa imaginação e experiênciaintrínsecaremete nosaumaideiaespontâneadahabitação como um espaço de refúgio familiar Esta primeira abordagem, apesar de possivelmente correta, torna se de algum modo redutora para o verdadeiro sentido da palavra. Esta não nos deve remeter exclusivamente para a nossa habitação, o seu aspeto domiciliar e residencial,massim,paraaformacomooserhumanohabitaeconstrói o seu lugar na sua passagem pelo tempo. Assim todas as ligações e atividades do ser humano entram em função da criação de um Habitar. Específico e singular, cada homem habita o seu espaço de maneira pessoal, condicionado ou caracterizado pelas suas atividades diárias e nasuarelaçãopessoalcomoterritórioepaisagem. Cabe destacar que a definição de habitar traz à superfície a questão da problemática global da habitaçãoedaformaçãopessoal. Nestemundoglobalizado,osnossoslaresestãocadavezmais voltadosparaointerior,criandoumsensodeindividualidadegeneralizadoeconsequentefaltade interação com o ambiente circundante. Ao considerar as tipologias habitacionais tradicionais observa-se que confiando cada vez mais em formas e conceitos pré-definidos, o homem parece ter perdido a capacidade de recriar e qualificar o seu espaço. O que levou a uma perda de identidade e cultura, levando-nos a um mundo homogêneo e descaracterizado. Portanto, esta questãoentraemdebateetorna-seumtemarelevantenocontextodoHabitar,sendonecessário aproximar as pessoas do seu espaço, da sua cultura e potencializar suas relações interpessoais. Desta forma, para um Habitar de qualidade não será necessário somente um bom abrigo que forneça elementos de proteção, saúde e organização interpessoal, este também deverá proporcionaravivênciasocialecultural(ANDRADE,2016). É nesse contexto que entramos no âmbito do direito à moradia, direito humano protegido pela Constituição Brasileira e por Instrumentos Internacionais. Os direitos humanos econômicos, sociais e culturais constituem a reivindicação de indivíduos ou comunidades perante o Estado, sãoreconhecidospelasConstituiçõesdemocráticasmodernasefazempartedalegislaçãovigente da maioria dos Estados Contemporâneos. No entanto, afirmar estes direitos não significa sua realização e concretização para os todos os indivíduos, principalmente os que residem em países emdesenvolvimento(OSÓRIO,2003). Segurança da posse: a moradia não é adequada se os seus ocupantes não têm um grau de segurança de posse que garanta a proteção legal contra despejos forçados, perseguição e outrasameaças.
O desemprego, a informalidade no âmbito trabalhista e os baixos salários dos brasileiros têm destacado outros problemas sociais que existem na história do Brasil há décadas, incluindo os problemas habitacionais, representados por déficits quantitativos e qualitativos em que milhões debrasileirosvivememtodasasregiõesdopaís.
2.1.2
Tabela01 DéficitHabitacionalnoEspíritoSanto Domicílios/famílias
Fonte:IJSN(2019)eFJP(2018) Elaboradopelaautora,2022
Tabela02-DéficitHabitacionaldoEspíritoSanto,RegiãoMetropolitanaeVitória Fonte:IJSN(2019).Elaboradopelaautora,2022. O município de Vitória (Figura 02), capital e sede administrativa do governo, elevada à condição de metrópole em junho de 2020 pelo IBGE, é o quarto município mais populoso (363.140 habitantes)doestadodoEspíritoSanto,commédiade108.515domicíliosemseuespaçourbano. SegundooIBGE(2018)28,7%dapopulaçãopossuirendimentonominalmensalpercapitadeaté ½saláriomínimo,considerandoosdomicíliosnessasituação. 02-MunicípiodeVitória Coabitação RMGVESVitória
Nº % 5277 7,09 1718 2,31 342 0,46 Nº % 942 1,27 369 0,50 54 0,07 Nº % 66929 89,89 32036 43,03 6428 8,63 Nº % 1306 1,75 452 0,61 50 0,07 Nº % 74454 100,00 34575 46,44 6874 9,23 Ano Fonte HabitaçãoPrecária Coabitação comexcessivoÔnusaluguel Adensamentoexcessivo Total 2017 IJSN 5255 821 66427 1667 74170 2019 IJSN 5277 942 66929 1306 74454 Variaçãode2017a2019 +0,42% 14,74% +0,76% -21,66% +0,38% 2.1.Ocontextodehabitar 19
Problemas na habitação em Vitória e o papel da arquitetura
Ônuscomexcessivoaluguel Adensamentoexcessivo Total Estado
Apesar dos esforços de diversas organizações e reformas políticas ao longo dos anos, a falta de moradia continua a ser um problema em todo o mundo, tanto nos países em desenvolvimento quanto nos desenvolvidos. Diretamente relacionado ao ciclo global da pobreza, encontramos a inadequação do espaço de habitação, áreas de conflito e deterioração das relações sociais, levandoaumasituaçãodeexclusãosocialemcertascomunidades(ANDRADE,2016).
Para o cálculo do déficit habitacional, a Fundação João Pinheiro (FJP) leva em consideração quatro itens: habitação precária (domicílios rústicos e improvisados), coabitação familiar (soma das famílias conviventes secundárias que viviam junto à outra família no mesmo domicílio e das que viviam em cômodo), adensamento excessivo de domicílios alugados (número médio de moradores superior a três pessoas por dormitório) e ônus excessivo com aluguel (famílias com renda familiar de até três salários mínimos que despendem mais de 30% de sua renda com Noaluguel).Estado do Espírito Santo (ES), o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) utiliza o Cadastro Único (CadÚnico) para programas sociais para o cálculo do déficit habitacional (DH), utilizando como recorte a faixa de renda de 1⁄2 salário mínimo por pessoa limitada a 3 salários de renda mensalfamiliardomiciliartotal.ATabela01mostraosdadosdivulgadosnosanosde2017e2019. A Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV), formada por sete municípios (Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana, Guarapari e Fundão), concentra quase 50% da população em 5% do território capixaba e 46,44% do déficit habitacional (34.575 famílias) do estado (Tabela 02). Os municípios de Serra (10.567 famílias), Vila Velha (6.711 famílias) e Vitória (6.428 famílias) possuemomaiornúmerodefamíliasemônusexcessivocomaluguel.
Fonte:Elaboradopelaautora(2022)combasenoGoogleEarth Área HabitaçãoPrecária
Figura
Destecontextosurgemdoisfatoresrelevantes:aquedadanatalidadedevidoàpopularizaçãodos métodos contraceptivos, a emancipação sexual da mulher e a sua inclusão no mercado de trabalho e a queda da taxa de mortalidade, devido à melhoria das condições de saneamento básicocomaurbanizaçãodascidadeseaoavançodamedicina(TRAMONTANO,2003).
Atualmente, através da flexibilização dos usos, percebe-se a tendência em usar os espaços íntimos e sociais para realizar atividades variadas como estudo, descanso, trabalho e entretenimento. As mudanças de comportamento causadas por estas novas atividades se refletirão também na configuração interna dos móveis. Por exemplo, no caso do quarto, além da cama, outros móveis, como mesa de estudo, bem como cadeiras ou sofás para descanso rápido ou bate-papo íntimo, serão incorporados ao ambiente. Até a televisão se tornará comum em todos os ambientes íntimos porque cada membro da família terá uma exclusivamente para uso individual(PUTTINI;RIBEIRO,2008).
Figura03 CasadaRuadoAmparo,emOlinda,autordesconhecido Fonte:NovasFormasdeMorar Disponívelem:<http://novasformasdemorar blogspot com/2007/01/casa burguesa no brasil html> Acessoem:15dez 2021 2.1.Ocontextodehabitar 21
Esta situação também serviu para o mercado imobiliário seguir replicando moradias cada vez menores, considerando que este modelo já estava estabelecido no ramo imobiliário, conduzindo paraumadiminuiçãocadavezmaiordaqualidadehabitacionalvistoqueareduçãodoespaçonão era pensada de forma a garantir o melhor aproveitamento do espaço. Desse modo, observou-se que os espaços começaram a ser reduzidos sob a justificativa da máxima flexibilização dos cômodosdacasa,resultandoemambientesinadequadosparaohabitar.
O ambiente de moradia vem igualmente passando por inúmeras mudanças - uma delas é a integração entre os ambientes- e se distanciando cada vez mais da típica divisão tripartida originária das residências burguesas do século XIX (MACHADO, 2019). Este conceito de tripartição burguesa europeia do século XIX, acabou gerando uma excessiva setorização de cômodos com funções rígidas, como sala de TV, sala de almoço, sala de jantar, copa, cozinha e uma infinidade de outros espaços. A figura abaixo exemplifica a divisão da casa construída sobre preceitos da tripartição burguesa europeia, em vermelho está identificada como a área social sendoazonanobreedeprestígio(asala),emverdeasáreasíntimaseprivativas(quartos)eem cinzaaáreadeserviços,sendoazonadeisolamentoeexclusão(banheiros,cozinhaeosquartos dosempregados).
Diante disso, a produção habitacional popular se conteve em apenas reduzir o tamanho das habitações e adotar novas formas construtivas e padrões para executá-las com mais rapidez e eficiência, sendo que isto foi mais intensificado após a Segunda Guerra Mundial, diante da necessidadedereconstruçãodascidadeseaescassezdeterrenosnomeiourbano.Dessaforma, observou-seumamaiorpreocupaçãoemrelaçãoàindustrializaçãoepadronizaçãoemdetrimento dafunçãodasresidências(MACEDO,2018).
2.1.3 As transformações no modo de habitar e o mercado imobiliário A relação dos indivíduos com a sua moradia está em constante mudança e evolução, e um dos motivosparaistoéoprocessodetransformaçãodonúcleofamiliartradicional.Apartirdadécada de 1960, novos grupos familiares começaram a surgir, como famílias monoparentais, casais sem filhos e uniões livres - incluindo casais homossexuais e grupos coabitando espaços sem laços conjugaisoudeparentesco.
Ainda no contexto das transformações no modo de habitar cabe ressaltar a questão do adensamentourbanoapósaRevoluçãoIndustrial,quefoiimpulsionadoatravésdavalorizaçãode áreas mais bem servidas de infraestrutura, e que teve como resultados a segregação urbana, a concentração imobiliária e a periferização (FERREIRA, 2005; MARICATO, 1996 apud DINIZ; FARIAS,2018). Esta segregação social e espacial, juntamente com o crescimento acelerado das cidades industriais, provocaram e intensificaram a crise habitacional. As soluções na época acreditavam quetalproblemaeraprovocadoapenasdevidoaquestõesestruturaisouquantidadedemoradias, nãoconsiderandoaqualidadedasresidências(CASELLI,2007;MACEDO,2018).
Fonte:JornalFolhadeSãoPaulo Disponívelem:< https://www1 folha uol com br/sobretudo/morar/2017/09/1921066 apartamentos com menos de 20 m exigem novo estilo de vida shtml> Acessoem:20dez 2021
Figura05-Apartamentodadécadade70com100m²
Fonte:https://infograficos oglobo globo com/economia/exemplos de plantas de apartamentos de dois quartos ao longo das decadas html Acessoem:20dez 2021 2.1.Ocontextodehabitar
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2.1.3 As transformações no modo de habitar e o mercado imobiliário Nessecenárioondeomercadodetémdeformahegemônicaaproduçãodoespaço,presencia-se a difusão da produção com qualidade mínima (MENDONÇA; VILLA, 2016), visando o máximo lucro. As construções não estão comprometidas com o uso do espaço e com o conforto dos moradores, possuindo área útil e a distribuição do espaço inadequadas, desconsiderando as relaçõesentreopúblicoeoprivado,individualecoletivo,comespaçosqueexpõemosusuáriose sua privacidade. Soluções conhecidas para flexibilizar o uso e o espaço acabam por colocar funções conflitantes muito próximas umas das outras, como a separação do espaço adjacente da cozinhadaáreadedormir. A figura abaixo mostra uma planta de um micro apartamento com área inferior a 20m², demonstrando a redução do espaço de convivência e a integração geral dos cômodos. Assim, observa-se que a área extremamente reduzida do espaço gera um ambiente com qualidade mínimahabitacional. O site do jornal O Globo apresenta diversas plantas baixas - referentes às décadas de 1970 (Figura05),1990(Figura06)e2010(Figura07)-quemostramcomoosapartamentosnacidade do Rio de Janeiro foram projetados de forma diferente ao longo do tempo, principalmente em termos de dimensões. Deve-se destacar aqui, que apesar das plantas abaixo não seguirem necessariamente o padrão de habitação acessível a todos, estas foram utilizadas para efeito de pesquisaecompreensãodatemática.
Figura04-Plantatipodemicroapartamento
quartos ao longo das décadas.html.Acessoem:20dez.2021
Figura06 Apartamentodadécadade90com72,85m² 2.1.Ocontextodehabitar 23 2.1.Ocontextodehabitar
A multiplicidade dos hábitos e a diversidade das necessidades têm levantado questionamentossobreamoradiamassivanomercadoatual,sendoqueessesnovosmodelos familiares e novos contextos sociais deveriam estimular o desenvolvimento de produtos alternativos com estratégias flexíveis para atender a essa demanda Essa flexibilidade pode serentendidacomocondiçãodeadaptabilidadedoespaço,ondeasmodificaçõesnãoalteram o projeto original, podendo estar apenas ligada ao uso, ou ainda como uma característica do sistemaconstrutivo.
2.1.3 As transformações no modo de habitar e o mercado imobiliário Constata-se então, que todas as mudanças que ocorreram ao longo do tempo influenciaram fortemente e ainda afetam a forma como as residências foram setorizadas e projetadas, sendo que muitas das vezes observa-se a redução extrema de sua área e padronização em detrimento dafunção,conduzindoparaumadiminuiçãocadavezmaiordaqualidadehabitacional.
Atravésdestacolocaçãodoautor,pode-seafirmarqueatualmenteomercadonãoacompanhaas verdadeiras mudanças e necessidades dos indivíduos, sendo necessário o desenvolvimento de novas formas de habitação com estratégias mais flexíveis e que se adaptem aos diversos contextossociaisexistentes.
É essencial reconsiderar e atualizar a moradia contemporânea, adaptando-a a novos estilos de vida e novos arranjos familiares. Considerar novas configurações que atendam às necessidades da vida contemporânea, ou resgate modelos tipológicos que foram utilizados com êxito anteriormente, como edifícios com diferentes tipos de unidades muito populares na década de 1960, mas que deixaram de ser viáveis devido à produção em série que era adotada na época, onde a casa passou a ser considerada apenas mais uma mercadoria. Esse tipo de edificação comum anteriormente proporcionava a junção de diversos perfis de famílias pertencentes a diferentesgruposderenda,oquepossibilitaaconvivênciadediferençaseestimulaaunidadeea tolerância. Infelizmente, na atualidade o que se observa é que os edifícios e os condomínios tornaram-se verdadeiras fortalezas reforçando o sentimento de segregação com o mundo exterior, onde os moradores tornam-se alheios às diferenças sociais, econômicas e culturais (TRAMONTANO,2006). SegundoMachado(2019,p.28): de plantas de apartamens de dois
Figura07 Apartamentodadécadade2010com59,60m² Fonte:https://infograficos.oglobo.globo.com/economia/exemplos
Entreascaracterísticasmarcantesdestageração,temos:ocorporativoestáemprimeirolugareo desenvolvimento de carreira está vinculado a empregos duradouros; os indivíduos estão acostumados a trabalhar em equipe, acreditam no poder da hierarquia e seguem as políticas da empresa.Pesquisasmostramquemuitosbabyboomers,deambosossexos,aoseaposentarem, começam a se voluntariar e a fazer contribuições valiosas para organizações sem fins lucrativos, devidoàsuaexperiênciaehabilidadesnomundoempresarial(ANDRADEet.al,2012).
A geração X corresponde a pessoas nascidas entre 1965 e 1979, e hoje têm cerca de 45 anos. As mulheres desta geração foram as primeiras a ocupar posições sociais mais independentes. Influenciada pela TV, foi a geração mais interessada nos apelos do consumidor. Essa geração foi fortemente exposta às inovações tecnológicas, testemunhou o surgimento de videocassetes, computadores pessoais, a Internet e muitas outras inovações tecnológicas, que começaram a prosperar na sua juventude e continuam crescendo em um ritmo acelerado até os dias de hoje (OLIVEIRA,2008).
A geração Y, também conhecida como Millennials, nascida entre 1980 e 1990, está intimamente ligada à capacidade de acesso rápido à informação, estando mais vinculados à tecnologia. Os integrantes dessa geração são flexíveis, individualistas, competitivos, acostumados a fazer escolhas, fazendo questão de produzir conteúdo, não apenas recebê-lo pronto. Eles têm uma atitude questionadora, que vai contra o modelo hierárquico tradicional. Nasceram em época de crescimento, não têm medo do desemprego, têm confiança em si mesmas, dedicam mais tempo aosestudos,paraelasotrabalhoéummeio,nãoumfim(LOIOLA,2009;OLIVEIRA,2010).
2.1.4 As Gerações do século XXI Em relação ao exposto anteriormente, destaca-se que grande parte destas mudanças na forma de habitar estão relacionadas aos novos paradigmas estabelecidos com o surgimento de novas gerações e também às suas insatisfações. Perante isto, é relevante entender como cada uma dessasgeraçõessurgiunaconstruçãodocenáriomundial,reconhecendoquaisinfluênciassociais e históricas que as constituíram. Para entender o processo não se trata apenas de compará-las, porque todas estão relacionadas com ambientes e origens diferentes e vêm de épocas e sociedades diferentes, mas de entendê-las num processo de reconhecimento das diferenças, vivenciadopeladiversidadedegerações.
Inicialmente temos os baby boomers, que são pessoas nascidas entre 1943 e 1963, seu nome deve-se ao fato de terem nascido durante o período do baby boom, sendo a época em ocorreu uma explosão demográfica após a Segunda Guerra Mundial ter chegado ao fim, também foi um período de crescimento econômico, por isto os baby boomers idealizaram suas atuações na reconstruçãodeumnovomundopós-guerra(OLIVEIRA,2008).
SegundooSEBRAE,(2017),essaéafaixaetáriamaisrepresentativa nopodernorte-americano, e no censo de 2010, no Brasil, representava 35% da população economicamente ativa. Impulsionada por certas transformações sociais, este grupo está sempre em busca de novidades para experimentar e é responsável por criar novos modelos econômicos como Airbnb, Uber, Netflixecoworking. E, por fim, temos a última geração: a Geração Z, que é a mais recente das gerações e inclui os nascidos a partir de meados dos anos 2000. Seu mundo sempre esteve conectado à internet, email, celulares e a todas as novas mídias e novidades que surgem da tecnologia da era da informação:avelocidadeditadapelatecnologiaécrucialparamoldarapersonalidadedaGeração Z.Essageraçãopodenãoterexperiênciaprofissionalnocampodomercadodetrabalhodevidoà pouca idade. Os incluídos nesta geração ainda estão na faculdade, e já comprovam que vão se comportar de forma diferente no mercado de trabalho. Conhecidos como individualistas e pensando no futuro, esses jovens podem achar muito difícil trabalhar em grupo (ANDRADE et.al, A2012).partir do exposto, percebe-se as diversas mudanças comportamentais que ocorrem de acordo com o surgimento de cada geração, e como estas afetam e criam hábitos sociais, culturais e econômicos de acordo com os novos paradigmas estabelecidos, o que acaba influenciando diretamentenaformadehabitar.Assim,avariedadedehábitosenecessidadesdecadaumadas gerações pede o desenvolvimento de novos tipos de moradia que sejam mais flexíveis e atendam aestademandadiversa. As mudanças no modo de habitar se devem muito, a duas gerações que não se satisfazem com a maneiratradicionaldeviver.SãoelasosMillennials,eosBoomers.Essasgeraçõessãoformadas por pessoas que buscam algo muito mais sintonizado com seu modo de vida e pensamento. Para os Millennials a busca é por experiências que são valorizadas e cultivadas por eles, e para os Boomers o interesse está ligado ao fato de que eles possuem consciência de que se não mantiverem relações sociais ativas, podem acabar vivendo em lares que não consideram adequados ao estilo de vida que tiveram em outras fases da vida (PAGH, 2018, traduzido pela autora). 24 De acordo com especialistas da área, dentre as principais dos indivíduos da geração X observase: a busca da individualidade sem sacrificar a convivência grupal; a maturidade e seleção de produtos de qualidade; a ruptura com as geraçõesanteriores;abuscaporseusdireitos;o respeitoàfamíliainferioraodeoutrasgerações; eabuscapormaisliberdade.
2.1.Ocontextodehabitar
Além dessas realidades econômicas atuais, é amplamente percebido que os millennials têm a mente muito mais aberta quando se trata de convivência. De certa forma, é natural que uma geração nascida em uma época de grandes avanços tecnológicos e em um ambiente altamente urbanizado busque se conectar de novas maneiras, tendo nos espaços colaborativos a oportunidade de estabelecer vínculos sociais no mundo real (ao contrário do mundo virtual das redes sociais) que foram perdidos ou eliminados no processo de evolução da internet e suas comunidades virtuais. Além disso, com as recentes transformações de ideais, esse grupo tem menos preocupações com os bens materiais, priorizando novas experiências em detrimento do acúmulo de riquezas. Muito conectados ao mundo virtual, os jovens "millennials", como são chamados, têm se queixado paradoxalmente de solidão, e isso é facilmente compreensível quando se observa a quantidade de tempo que passam diante de computadores em ambientes isolados(GREEN,2017;TUMMERS,2015).
Assim, o público-alvo do presente projeto são pessoas que buscam por uma vida mais coletiva, fora do ambiente da habitação privada, e acesso a espaços e serviços que supram as suas necessidades tanto domésticas quanto pessoais. Também são pessoas que buscam uma maior relaçãocomacidade,atravésdeumamelhormobilidadeurbanaecontatocomavizinhança.
Nesse sentido, a moradia compartilhada é muito mais do que eficiência econômica, é também sobreodesejohumanonaturaldecriarcomunidadesgenuínasondeainteraçãofazpartedavida cotidiana. Para muitos, esse talvez seja o elemento mais poderoso que os atrai para a convivência. A sociedade tem interesse em explorar a forma como é possível construir espaços quepromovamsensaçãodebemestar,atravésdacapacidadedevida,acessibilidadeeeficiência de recursos. O compartilhamento permite que as pessoas construam relacionamentos e mudem suacultura(PAGH,2018,traduzidopelaautora).
Público Alvo Dessa forma, é pertinente destacar neste momento o público alvo a que se destina o presente projeto. Como o conceito de moradia compartilhada ainda é novo, principalmente no Brasil, muitas pessoas tendem a pensar que esse tipo de moradia é apenas para jovens, entretanto a moradia compartilhada pode ser utilizada por todas as pessoas que estejam abertas a viver a experiência do compartilhamento. Na realidade, a convivência não é apenas para os jovens, porque outras gerações enfrentam circunstâncias semelhantes que estão alimentando o crescimentodavidaemcomunidade.
25 2.1.Ocontextodehabitar
Inúmeras pessoas se sentem isoladas pela sociedade moderna, e obviamente há um vazio no mundoqueprecisaserpreenchido–anecessidadedecomunidade.
Dentre os principais públicos temos os jovens adultos morando sozinhos ou iniciando famílias, estas novas gerações que ingressam no mercado de trabalho se deparam com dificuldades de acesso à moradia devido aos elevados preços dos imóveis, o que muitas vezes leva as pessoas a recorrer ao compartilhamento de moradia como forma de barateá-las. Estes jovens profissionais têm migrado para as grandes cidades com mercados imobiliários apertados em busca de empregos bem remunerados. Desta forma a moradia compartilhada prospera em áreas onde a habitação é notoriamente inacessível, e a habitação tende a ser mais cara em locais com mercados de trabalho competitivos. Ademais, existe uma demanda recente por flexibilidade devidoapostosdetrabalhoquesetornammóveisetemporários(PUREHOUSELAB,2018).
Entretanto,aacessibilidadedahabitaçãotornou-seumaquestãoimportantenãoapenasparaos millennials, isto porque na grande maioria das áreas metropolitanas em todo o mundo todas as faixas etárias são ativamente afetadas pela inacessibilidade de moradia de qualidade, onde, na maioriadasvezes,ossaláriosnãoacompanharamoaumentodospreçosdosimóveis.Alémdisso, moradores locais, candidatos a emprego de outras regiões, muitas vezes competem entre si por um estoque limitado de moradias nas cidades. Esses fatores econômicos tornam a coabitação umaopçãoatraenteparaaquelesquedesejampermaneceremsuascomunidadesemmeioauma crescentecrisehabitacionalglobal(PUREHOUSELAB,2018). Outrofatorimportantequeimpulsionaaconvivênciaéoenvelhecimentodapopulaçãoemgrande parte do mundo industrializado, onde populações inteiras estão envelhecendo rapidamente. Assim, a coabitação muitas vezes pode ser uma opção atraente, se não necessária, para as pessoas à medida que envelhecem, tendo também como público alvo a atual geração de idosos, conhecida como geração baby boomer, que graças aos avanços da tecnologia na medicina aumentaram sua expectativa de vida em uma década em relação às gerações anteriores. E diferente de seus antecessores, eles não buscam mais refúgio em comunidades de aposentados, preferindo assim permanecerem em bairros urbanizados e com boa infraestrutura para continuaremcomumavidafisicamenteativa,assimcomoosmillennials.Alémdisso,sabe-seque muitas vezes os idosos enfrentam problemas de solidão, seja por problemas familiares, morte de entes queridos ou mesmo abandono. Daí a procura de instalações de alojamento de longa duração, que nem sempre proporcionam um ambiente amigável e estimulante. Assim, a reunião de jovens e famílias através da coabitação pode promover o bem-estar desse grupo, o que também beneficia aqueles com quem convivem: é uma forma de promover a convivência intergeracional, sendo uma qualidade buscada em projetos habitacionais recentes. A troca de experiências entre diferentes faixas etárias, resultante dessa mistura, pode ser saudável e produtiva para todos. No entanto, deve-se notar que o ambiente não será adequado para idosos totalmentedependentes,quenestecasoterãoquebuscarambientesmaisespecializados.
2.1.5
Assim, olhando além dos fatores econômicos que influenciaram profundamente o crescimento da convivência, não se pode descartar as mudanças nas normas culturais que estão influenciando pessoasdetodasasidadeselevando-asaumestilodevidadeconvivência.Emummundodigital onde estamos mais interconectados do que nunca, há uma epidemia generalizada de solidão.
Já no século XX, após a Primeira Guerra Mundial, observam-se casos bem-sucedidos de habitação compartilhada, como é o caso das habitações soviéticas. Durante o período do pósguerraaURSSpassavaporgravesproblemas,dentreelesafaltademoradiadestacava-se como um problema econômico e social, no qual via-se a oportunidade de transformação do modo de vidaemdireçãoaumasociedadesocialista,pelaconstruçãodeummorarcomunal,comumavida domésticacoletivizada(KOPP,1988). As primeiras tentativas de vida comunitária foram as comunas espontâneas, compartilhando apartamentos burgueses de tamanhos variados e coletivizando o modo de vida. Assim, além de compartilharoespaço,haviatambémocompartilhamentodetarefasehábitosdomésticos(como refeiçõesconjuntas).Umdosobjetivosdacoletivizaçãoeraproporcionaraosresidentestempode lazerparasedesenvolveremintelectual,profissionaleatéfisicamente(KOPP,1988). Neste contexto, a procura por novas tipologias habitacionais separa a habitação em duas áreas básicas: o espaço da habitação privada e os espaços comuns. A inovação tipológica envolve a transferência deespaçosinternoseatividadesdomésticasdoespaçoprivadoparaocomunal,de modo que as unidades de habitação sejam reduzidas em tamanho para o sono, descanso e trabalhoindividual(KOPP,1988). As ideias do final do século XIX acabaram por não se concretizar e, com a dicotomia entre socialismoecapitalismo,afastaram-seaindamaisdomundoocidental.Aadoçãodesistemasde socialização de serviços, como cozinha e lavanderia comunitária, sob o modelo socialista estigmatizou o modo de produção comum e essas formas de organização acabaram sendo abandonadas, afastadas das áreas capitalistas. Além disso, após a crise de 1929, para estimular o consumo e a recuperação econômica, fomentou-se um modelo de vida cada vez mais individualizado e orientado para o consumo, que se distanciava cada vez mais da realidade das propostasdoséculoXIX. Atualmente, a coabitação ganhou destaque novamente e evoluiu passando por algumas mudançasmasmantendoosmesmoideaiscitadosacima,emborasejafrequentementeassociada a jovens solteiros e alojamentos estudantis, existem formas de moradia compartilhada que incluem famílias e indivíduos de diferentes idades, como cohousings e colivings, os quais serão discutidoscommaisdetalhesemtópicossubsequentes.
2.2.1 A habitação compartilhada e colaborativa Acoabitaçãonãoéumfenômenorecente.Éumdosmaisantigosmanifestosdohomem,desdeos primórdios da civilização, a vida comunitária tem sido praticada em diferentes culturas e por motivos diversos tendemos a partilhar alojamento, socializar e viver em grupos, formando sociedades e eventualmente cidades. Afinal, somos animais sociais e a vida em comunidade faz parte de nossa história compartilhada. Assim, a coabitação, ou seja, a partilha do espaço de convivência entre indivíduos sem relação familiar é um fenômeno antigo que sempre existiu e, sobretudo, de forma espontânea. No entanto, os modelos de coabitação planejada, nos quais os espaços foram pensados para esse fim, também apareceram de várias formas ao longo da história:dosmosteirosàscomunas. A primeira etapa da vida coletiva teve como contexto a urbanização e as mudanças sociais estruturais causadas pela Revolução Industrial. Socialistas utópicos, ao abolir o papel da "casa" como unidade familiar e privada, e ao propor grandes projetos habitacionais, tinham como objetivo atender às necessidades de uma sociedade em processo de crescimento e desenvolvimento, defendendo a ideia de propriedade comunal, além de uma sociedade mais igualitária e justa. Embora essas comunidades no início do século XIX procurassem se tornar o modelo ideal para viver e coexistir nessa sociedade emergente, seus projetos e propostas mais utópicosegrandiosos,infelizmente,nãoforamserealizaram(ZAN,2020).
coabitaçãovidacomunitáriasocializar sociedadeculturas compartilhar
2.2.Sobreocompartilhamentonaarquitetura 26
2.2.2 O Cohousing O movimento cohousing nasceu na Dinamarca na década de 1960. Insatisfeitos com as práticas individualistas que impactavam negativamente o meio ambiente e a rejeição ao coletivismo, em 1962 e 1966, Jon Gudman-Hoyer e cinco amigos (junto com suas famílias) desenvolveram duas propostas: a unidade Saettedammen e a unidade Skraplanet, ambas constituídas por habitações localizadasemtornodeuma"casacomum",comdiversosespaçosdeusocomum,estabelecendo um sistema habitacional participativo que valorizava e promovia a interação social entre seus ocupantes(VITORINO,2017). DeacordocomMachado(2019,p.39): Figura08-ConjuntoSættedammen,Hillerød(Dinamarca)
27 2.2.Sobreocompartilhamentonaarquitetura
Figura09-DesenhoexplicativoCohousing
Fonte:<https://blog jubilares es/2019/07/23/del primer cohousing en dinamarca a la lucha contra el aislamiento social en massachussets ejemplos internacionales xvi/> Acessoem:05mar 2022 Deformageral,ocohousingécompostoporcomunidadesprojetadasparaajudarumasàsoutras, economizar recursos e fortalecer os laços sociais. Embora as comunidades sejam diferentes de um lugar para outro, elas compartilham algumas características comuns, dentre elas: o processo de planejamento comunitário participativo, o design do ambiente construído que incentiva as relações sociais, a autogovernança e a inclusão de habitação e espaço privado no coletivo (BEZERRA,2015;NUNES;VIEIRA,2019;ROCHA,2018).
Duranteoperíodoentreaintroduçãodestemodelodehabitaçãocompartilhadanasociedade,até os dias de hoje, o conceito se desenvolveu, amadureceu e renovou o ato de viver em conjunto baseado em motivações econômicas, profissionais e pessoais, reunindo um grupo de pessoas com os mesmos objetivos e dispostos a viver em harmonia, surgindo então uma ramificação do cohousing: o coliving. A popularidade desta forma de habitação é explicada por uma série de elementos da sociedade contemporânea, como o espírito empreendedor jovem e dinâmico, que criou espaços comuns de trabalho, a crescente conectividade digital e também as novas profissõesliberais,queabriramumvastocampodeprofissionaiscujotrabalhopodeserrealizado de qualquer ambiente. Estes mesmos profissionais capazes de criar espaços de trabalho em conjunto, também vêem o coliving como forma de partilhar experiências, projetos, atividades, custosetarefasdocotidiano. Nota-se que é muito comum confundir cohousing e coliving, sendo o primeiro um grupo de pessoas que trabalham em conjunto para construir a sua própria habitação e espaço partilhado combaseeminteressescomuns,enquantoosegundoéumainiciativaprivadaempresarial,onde os indivíduos usufruem dos espaços coletivos como se fossem extensões de suas moradias, de forma a obter maior interação social e compensar a pequena área de sua moradia (MACHADO, 2019).
Fonte: Bittencourt,JessicaapudMcCamanteDuret(2011) Deumamaneirageral,oco housingapresentaumaliteraturabastanteconsistenteemrelação aosprincípiosbásicosdedesenhoparaestimularainteraçãosocialnasáreascompartilhadas, asquaisadotamgrandepartedosprincípiosdodesenhourbanoidentificadoscomorelevantes para promover a interação social nas áreas públicas. Assim, observando projetos em co housing podemos notar características comuns entre eles, como a existência de espaços comunitários internos e externos, boa visibilidade e acesso fácil a áreas compartilhadas, transição gradual entre o privado e o público através de zonas semiprivadas, circulação para pedestres e a redução da área privada nas unidades com a intenção de promover atividades sociais fora da unidade, disponibilizando espaços compartilhados, como a lavanderia, a cozinhaeasaladeTVcomunitária.
Tudo isso afeta a criação de novas interações sociais, principalmente devido às mudanças tecnológicas possibilitadas pelo crescimento da internet e dos aplicativos que promovem a conectividade e interação de pessoas em grandes redes de compartilhamento, onde a troca de informações ajuda a fazer uma avaliação mais consciente da qualidade dos bens, recursos e escolhas. Nesse cenário, a economia compartilhada ganha força: a ideia de maximizar o uso ou exploração de um bem ou recurso para aumentar os benefícios obtidos e reduzir o tempo de inatividade(NUNES;VIEIRA,2019). A economia compartilhada é representada por sucessos absolutos em várias partes do mundo, como Uber e Netflix. As empresas que atuam neste setor da economia tornaram-se modelos de negócios de sucesso, demonstrando o potencial de crescimento econômico desse fenômeno. Exemplos de plataformas de economia compartilhada utilizadas no Brasil são: Uber, AirBNB, Couchsurfing, Enjoei, Dog Hero, etc O fenômeno da uberização consolidou empresas que agora intermedeiam a demanda de trabalhadores cada vez mais informais. Se, por um lado, isso fomentaosurgimentodenovosempregos,poroutrohátambémumprocessodeprecarização da mãodeobra—afinal,essestrabalhadorespassamanãotermaisvínculosempregatícios.Assim, nessadinâmica,ocorreumainformalizaçãodasrelaçõestrabalhistas,hajavistaatendênciadese afastar os direitos dos trabalhadores por meio da utilização de meios de telecomunicação e informática e de autonomia ao prestador de serviço. Tal expressão se originou da discussão do vínculodeempregocomaplataformadoUber,ehojeseexpandepordiversossegmentosquese utilizam demodelos similares. Há muitas discussões, emtodo omundo, sobre como regular essa nova relação de trabalho, visando proteger o trabalhador e criando garantias mínimas como jornadadetrabalho,fériaseumaproteçãosocialemvoltadele.
Assim, o espaço compartilhado ganha bastante destaque perante os millennials, visto que é natural que uma geração nascida em um momento de grande avanço tecnológico e em um ambiente altamente urbanizado busque se conectar de novas formas. Sendo isto possibilitado através de um espaço colaborativo com potencial para estabelecer laços sociais que foram perdidosduranteaevoluçãodainternetesuascomunidadesvirtuais.Comisto,observa-sequeo pensamento quevisaoacúmulodeexperiências ecompartilhamento aparecemaisrecentemente aplicado à forma de habitar: a moradia compartilhada e colaborativa, definida também como coliving.
28 2.2.Sobreocompartilhamentonaarquitetura
2.2.3 A Economia Compartilhada e a Habitação como Serviço
Outra questão que influenciou diretamente o crescimento do coliving foi a economia compartilhada e a forma como esta transformou a habitação em serviço, em contraste com a propriedade imobiliária. No coliving, o objetivo é flexibilizar o uso dos espaços, como por exemplo, colocando-os como hospedagem, moradia ou local de trabalho, com redução de custos e facilidades através de uma rede/plataforma de compartilhamento, em detrimento da compra Adestes.economia compartilhada (ou economia colaborativa) é um fenômeno recente e cada vez mais difundido, cujo surgimento resulta da crescente preocupação com a responsabilidade social e ambientalqueasociedademodernatemfomentadoecujaprincipalcausaéoconsumoexcessivo. Nesse cenário, diversos modelos econômicos surgiram a partir da ideia de compartilhamento, troca ou empréstimo. A contínua popularidade desses modelos é estimulada pela crescente demanda por produção e consumo sustentáveis nas empresas e na sociedade” (SILVEIRA; PETRINI;SANTOS,2016). Ao contrário do consumo tradicional, este modelo econômico baseia-se em um consumo consciente e sustentável, em que, o sistema socioeconômico se constrói na partilha de recursos humanos e materiais, incluindo criação, produção, distribuição, comercialização e consumo compartilhado de bens e serviços por pessoas e organizações tendo a tecnologia como veículo principal(SILVEIRA;PETRINI;SANTOS,2016).
Já quando se trata de compartilhamento de espaço físico, temos como exemplo o AirBNB, sua plataforma permite ao usuário alugar casas, apartamentos, quartos ou até sofás de outras pessoas por curtos períodos de tempo. Os proprietários de espaços subutilizados passaram a rentabilizar de forma prática e simplificada o ambiente anunciado, prestando um novo serviço de formadireta aosinteressados ereduzindo custos paraambasaspartes. Emconstante ascensão, a plataforma revolucionou o mercado de hospedagem, conquistando um valor de mercado superioraodealgumasredesgigantesdehotelaria. Agora, o ter e o acumular, tão importantes para a geração anterior, são substituídos pelo estar e obter novas vivências. Os millennials não optam por acumular ou investir em coisas, mas valorizam e exploram experiências, investindo muito dinheiro nelas. É uma geração que se move em números nunca vistos antes, seja para morar, estudar, trabalhar ou simplesmente viajar por diversão.Estesjovensprocuramumahabitaçãotransitóriaemaisdinâmica,consoanteafaseem queseencontram.
2.2.4 O Coliving O coliving pode ser visto como um movimento que questiona o modo de vida nas cidades modernas - que promove o individualismo e afasta o conceito de coletivismo. De acordo com o sociólogo urbano Ray Oldenburg, os espaços em que vivemos e nossos hábitos têm o poder de moldar nosso comportamento. Um estilo de vida mais solitário tende a nos tornar mais individualistas e perdemos um pouco o senso de comunidade. Ao ir além do conceito de família, em um estilo de vida onde todos compartilham coisas e espaços, as experiências compartilhadas podem estimular a reflexão comunitária, bem como uma melhor consciência de comunidade (MORTICE,2017). Trata-se de uma forma de coabitação que busca abordar de forma mais adequada questões e preocupações contemporâneas - entre elas: o alto custo do mercado imobiliário, a crescente solidãoeabuscapormaisflexibilidade.Baseia-seemummododevidamaiscomunitárioemque o espaço e os recursos são compartilhados entre moradores independentes, recriando vínculos perdidos entre o indivíduo e a comunidade, proporcionando um novo sentimento de pertencimento; sendo uma organização intencional: seus moradores necessariamente entendem que estão abrindo mão de um pouco de sua privacidade e independência para viver em uma comunidadedaqualdevemparticiparativamente. Este tipo de habitação consiste em um edifício com espaços privados, englobando desde apartamentos tradicionais a quartos compartilhados, e espaços de uso coletivo com a finalidade de criar um ambiente onde os residentes possam interagir de forma mais ativa e também cumpram a função de ser um espaço complementar às habitações que são na maioria das vezes insuficientes em sua área, formando portanto um estilo de vida sustentável através do compartilhamentodeespaçoserecursos(NUNES;VIEIRA,2019).
Green (2017), em sua pesquisa envolvendo um estudo de caso de dois empreendimentos com diferentesperfisdemoradores,concluiuqueexistemquatrobarreirasparaumaconstruçãodeum coliving bem-sucedida. Em primeiro lugar, a falta de pesquisas nessa área gerou uma compreensão deficiente das necessidades dos usuários, levando à criação de espaços que não atendem às suas necessidades. Em segundo lugar, existem estereótipos negativos sobre o compartilhamento e o medo de que as comunidades não se comprometam ao processo de adaptação ao modelo de coliving. O custo inicial de um projeto e a existência de diversas ferramentas são fatores limitantes, impedindo experimentos mais complexos, como a execução de modelos. Por fim, alguns equipamentos existentes nesses empreendimentos não possuem a qualidade necessária para suportar o uso compartilhado, desestimulando a participação do usuárioe,portanto,sendoinadequadosparaacomplexarededocolivingenãoagregandovalorà experiênciadoresidente. SegundoMachado(2019,p.18): A arquitetura pode potencializar a interação de seus moradores, através de soluções de projeto que estimulam o uso e a permanência mais prolongada nas áreas comuns É importante que projetos de arquitetura para edifícios em co living sejam desenvolvidos com estesfins,buscandominimizarosimpactosdavidacompartilhadaemaximizarasrelaçõeseo sensodecomunidadeepertencimento A partir disto, percebe-se a importância de se trabalhar com a temática da moradia compartilhadavistoasgrandesoportunidadesdecriarespaçosnãoapenasdequalidademasque tambémincentivemocompartilhamentodeideias,conhecimentoseexperiências.
29 2.2.Sobreocompartilhamentonaarquitetura
O coliving também pode ser confundido com a república de estudantes e a residência universitária. O primeiro refere-se a uma comunidade onde a redução nos preços da habitação é a principal razão pela qual a comunidade foi criada. Cada pessoa vive de forma independente e, porrazõesdecusto,compartilhaacozinhaebanheiros.Porsuavez,asresidênciasuniversitárias são acomodações de apoio para estudantes de origens socioeconômicas precárias que são préselecionados por processo seletivo. No coliving, o preço do aluguel não é tão reduzido quanto os dois exemplos anteriores, sendo o seu atrativo a oportunidade de morar em um lugar central, assistido por uma ótima infraestrutura de serviços e com fortes perspectivas de interação social com seus pares, a um preço ainda assim mais atrativo que o comum, possibilitado pelo compartilhamentodoespaço(MACHADO,2019). Assim, o coliving é mais como um hostel, mas seu nível de privacidade e propósito são bem diferentes.Enquantooshostelsfuncionamcomoacomodaçõestemporáriascompartilhadas,onde muitasvezesosusuáriosqueviajamcompartilhamquartos,banheiroseespaçossociaisapreços atrativos, o coliving funciona como acomodação temporária ou não, com uma unidade habitacionalcompletamenteindependentedotodocompartilhado.Nocolivingtem-seaopçãode interagirquandoquiser,pois,nasuaunidadehabitacional,oindivíduopodedesfrutardesuatotal privacidade(MACHADO,2019).
Em outras palavras, a coabitação é vista como uma oportunidade de especulação imobiliária, ao invés de uma questão social, de maneira que se esquece a importância histórica e o principal objetivodessetipodemoradia:odemelhoraraqualidadedevidadasmassas(STEWART,2016). Portanto, os atuais projetos de coabitação são um produto do mercado, de forma que estão desvinculados das questões sociais e políticas, diferentemente dos projetos de coabitação originais. Portanto, esses projetos não apenas não cumprem totalmente o discurso que propõem deincentivarocompartilhamentoeainteraçãoentreosindivíduos,comotambémsãoprojetosde habitação coletiva que não abordam nem tentam solucionar os problemas sociais da maior parte dapopulação,comoporexemplonoBrasil,afaltademoradia.
Diante do exposto, é necessário destacar que a presente proposta de projeto tem como objetivo garantir uma moradia acessível a todos e socialmente mista, de forma a promover a interação de indivíduos com diferentes rendas e classes sociais – uma vez que não se pode ignorar a urgente necessidade de habitações para a população de baixa renda no Brasil. Assim, como já citado anteriormente na definição do público alvo, o projeto irá atender a pessoas que buscam por uma vidamaiscoletivaindependentedesuarendaeclassesocial.
30 2.2.Sobreocompartilhamentonaarquitetura
2.2.5 A mercantilização do Coliving
Quandoconsidera-setodasasinformaçõesapresentadasacima,verifica-sequeapesardetodos os pontos positivos que o coliving possui, ele pode ter uma limitação de uso para determinadas faixas de renda, pois apesar de possuir um valor menor se comparado a outros edifícios, ainda assim está localizado em uma região que dispõe de grande infraestrutura e por isso é altamente valorizada. É neste contexto que surge a problemática da mercantilização da habitação compartilhada. Os atuais projetos de coliving são voltados para jovens (solteiros) e são justificados por um discurso generalista de que apenas os jovens desejam flexibilidade, conveniência e valorizam experiências em detrimento de bens materiais (STEWART, 2016). No Brasil,grandesprojetosseguemomesmoperfildemoradores,comperfildeclassebemdefinido: jovens de até 35 anos, solteiros ou divorciados, classe média alta, e que priorizam praticidade e localizaçãoprivilegiada.Essenichopareceatrairointeressedeempresasimobiliáriasbrasileiras, quecomeçaramainvestiremcolivings–ouedifíciosquesedizemser-nopaís.
Portanto, embora o trabalho tenha sido principalmente focado no desenho do espaço e sua concepção,umasoluçãoadministrativatevequeserconsideradaparaesteproblemadeexclusão social do público alvo. Para tornar o projeto acessível e mais atrativo às classes sociais menos privilegiadas, inicialmente, o financiamento para a sua construção seria através de uma Parceria Público-Privada (PPP), unindo capital privado e público, de forma a não priorizar apenas os interessescapitalistasmassimtambémgarantirodireitoàmoradiadequalidadeecompartilhada queaquisepropõe. Além disso, pensando já posteriormente em como ocorrerá a gestão administrativa de forma a manter os serviços compartilhados do edifício e sua manutenção, para garantir o acesso ao público menos privilegiado serão oferecidos auxílios nas mensalidades, sendo fornecido um valor adequado à situação financeira de quem comprove renda insuficiente. Assim, como solução administrativa sugere-se que 70% dos usuários tenham este auxílio mensalidade proporcional comasuarendaeosoutros30%commaiorpoderaquisitivotenhamumamensalidadefixa.Ainda nocontextodediminuiroscustosdoedifíciopropõe-seumaotimizaçãodossistemasprediaisde reaproveitamento de águas cinzas e pluviais e o uso de energias renováveis, além do aluguel de lojasnotérreo. A viabilização do projeto
2.4.6
R e f e r e n c i a l P r o j e t u a l 3
3.ReferencialProjetual 32
Figura10 FachadaTheCollectiveOldOak Fonte:http://www.plparchitecture.com/the collective old oak.html.Acessoem:15demar.2022
3.1 The Collective Old Oak Em parceria com a startup The Collective, o escritório de arquitetura PLP Architecture trabalhou para desenvolver uma estratégia para um novo estilo de vida acessível, baseado na alta densidade, na vivência em comunidade e nas experiências compartilhadas. O Collective Old Oak (Figura 10), localizado em West London, Reino Unido, é o primeiro edifício do gênero e um dos maioresedifíciosdecolivingdomundo,comumaáreatotalde16.000m².Oprojetoconcluídoem 2016 faz parte de uma iniciativa de recuperação e reestruturação da área anteriormente subutilizada.
Este capítulo apresentará estudos de referência de projetos realizados com o objetivo de compreender como o tema deste trabalho é aplicado na prática e os diferentes aspectos em que podem ocorrer mudanças de técnicas e conceitos aplicados no projeto final. Buscou-se analisar projetos de diferentes portes, programas, construídos em diversos lugares, no Brasil e no exterior.Duranteapesquisa,percebe-searepetibilidadedeprogramaseestratégiasprojetuais.
Inicialmente será apresentado o The Collective Old Oak, sendo escolhido devido à utilização dos espaços compartilhados de forma bastante funcional e com uma grande variedade destes. O próximo projeto é a Casa Gap, com destaque para o seu pátio central, que além de servir como localdeconvívioentreosmoradores,tambémfoipensadocomoumaboasoluçãoparaaproveitar a ventilação e a luz natural. Em seguida, destaca-se o Coliving Roam, que apresenta uma materialidade baseada na vida vegetal, com a utilização eficiente de materiais e uso abundante devegetação.Porúltimo,oCineTeatroPresidente,escolhidoportrazeraperspectivadocenário brasileiro em relação à temática, e apresentar as plantas dos apartamentos um pouco maiores e comdiferenteslayoutsemrelaçãoaosprojetosanteriores.
3.1 The Collective Old Oak Oprédiopossuionzeandares,contendo550pequenosapartamentosprivativosconhecidoscomo áreaíntima,eambientescompartilhadoscomocozinhas,spas,academias,restaurantes,salasde jogos, cinemas, bibliotecas, lavanderia e um coworking localizados no térreo e demais andares (Figura 11). Uma das características mais marcantes do edifício é o espaço de convivência disposto no terraço de um dos blocos do edifício (Figura 12). O espaço foi pensado para que os moradores possam desfrutar de momentos de descontração e entretenimento ao ar livre com amigoseconvidados.
3.ReferencialProjetual
Figura12 Terraço,TheCollectiveOldOak Fonte:http://www.plparchitecture.com/the collective old oak.html.Acessoem:15demar.2022
Figura11 Áreascomuns,TheCollectiveOldOak Fonte:http://www.plparchitecture.com/the collective old oak.html.Acessoem:15demar.2022
Figura11 Áreascomuns,TheCollectiveOldOak Fonte:http://www.plparchitecture.com/the collective old oak.html.Acessoem:15demar.2022 33
3.1 The Collective Old Oak O primeiro espaço que visitantes e moradores têm contato ao entrar no prédio é o living (Figura 13),umespaçomuitoamplo,compédireitoduplo,ondeatravésdasgrandesjanelaspode-seter contato visual com a rua. Nesse ambiente, várias atividades podem ser realizadas simultaneamente, pois são dispostos sofás e mesas ao longo do espaço, o que contribui para um ambientemaisorganizado,eficienteeprodutivo,sendotambémumlocaldemaiortráfego. Ao analisar as imagens disponíveis (Figura 14), percebe-se que durante o trajeto da entrada até os quartos, todos os ambientes estão visualmente relacionados entre si. Assim, é possível visualizar as atividades e promover a interação entre os usuários, mesmo utilizando espaços de serviço, como lavanderia. Espaços considerados puramente funcionais também podem se tornar pólosdeinteraçãosocialsecombinadoscomoutrasatrações.
Figura13 Living,TheCollectiveOldOak Fonte:http://www.plparchitecture.com/the collective old oak.html.Acessoem:15demar.2022
Figura14 Lavanderia,TheCollectiveOldOak Fonte:Fonte:http://www.plparchitecture.com/the collective old oak.html. Acessoem:15demar.2022
34 3.ReferencialProjetual
3.1 The Collective Old Oak Nota-se que em certas áreas onde o isolamento é necessário para o desenvolvimento de certas atividades(Figura15),ospainéisdevidrofornecemoisolamentoacústiconecessáriosemafetar o contato visual. Percebe-se que a divisão do espaço está claramente definida, pois todos são delimitados por paredes ou outros elementos delimitadores, mas através de determinados elementos, como elementos vazados, transparência e grandes aberturas, pode-se realizar a integraçãoeflexibilidadedoespaço. Quando analisamos a planta do pavimento tipo, observa-se que os espaços comuns, como a cozinha e salas compartilhadas (Figura 16), ocupam a posição central de cada andar da casa e estão ligados aos quartos por um corredor estreito, não oferecendo muitas oportunidades de Ossocialização.apartamentos
Figura17 Cozinhacompartilhada,TheCollectiveOldOak Fonte:http://www.plparchitecture.com/the collective old oak.html. Acessoem:15demar.2022
variam de 10 a 20 metros quadrados (Figura 17) e contam com apenas duas opções de acomodação, uma com cozinha privativa e outra sem. Apesar da pequena área, os espaços estão bem desenhados, com banheiro privativo, cama de casal pequena, TV, roupeiro, um espaço extra para armazenamento e uma mesa com cadeiras, de forma com que a pessoa supra suas necessidades em seu espaço individual, mas que não fique muito tempo isolado e possapartilharconhecimentoseexperiênciascomoutraspessoasnosambientessociáveis.
Figura16 Apartamento,TheCollectiveOldOak Fonte:http://www plparchitecture com/the collective old oak html Acessoem:15demar 2022 35 3.ReferencialProjetual
Figura15 Bibliotecaesaladeestudos,TheCollectiveOldOak Fonte:http://www plparchitecture com/the collective old oak html Acessoem:15demar 2022
Outro ponto extremamente importante do projeto é a forma como se dá a gestão do prédio, há uma cooperação com diversas empresas de Londres que sempre hospedam seus funcionários estrangeiros no edifício. Além disso, uma base de dados contendo as características dos moradores foi criada pelo administrativo do coliving e é atualizada de acordo com a entrada de novos clientes, desta forma, quando um morador precisa de um serviço ou suporte que corresponda às características de outro morador, ambos são colocados em contato para que um possa auxiliar o outro, incentivando ainda mais o espírito de colaboração presente nas moradias compartilhadas.Avinculaçãocomessasempresastambémfacilitaacriaçãodeempregosparaos moradores do Old Oak, pois as organizações têm acesso à base de dados dos residentes, entrandoemcontatocomelessenecessário.
36 3.ReferencialProjetual
Este o coliving tem um prazo mínimo de estadia de 18 semanas e máximo de 12 meses, desta forma os moradores não criam uma ligação perpétua com o local e ainda é possível a rotação e troca de novas experiências. Por estar inserido em uma rede com mais dois outros edifícios do mesmo conceito em Londres, os inquilinos podem se instalar em um dos outros dois projetos e continuar trocando suas experiências com pessoas diferentes. Por fim, outro ponto positivo da rede é que todos os empreendimentos estão muito próximos das estações de metrô e trem de Londres, para facilitar a entrada e saída de pessoas dentro do local, pois as pessoas que não moram no coliving também podem aproveitar os seus espaços de compartilhamento, potencializandooencontroentrediferentespessoasecontribuindoparaatrocadeexperiências. Analisando o edifício, constata-se que existem fatores que contribuem para a criação de uma comunidade harmoniosa emtermos deindividualidade, comrelações consistentes formadas pela relação de proximidade entre vizinhos, onde se espera a integração através de ambientes de propriedade colaborativa. Isso aumenta a qualidade das relações e uma maior afinidade entre os Estemoradores.projeto
3.1 The Collective Old Oak Quantoaopontodevistaarquitetônico, percebe-se queoTheCollective OldOakécompostopor dois volumes estreitos trabalhados com tons neutros e muito vidro e ainda possui colunas diagonais vermelhas que trazem uma atmosfera contemporânea ao edifício. Os acabamentos e a decoração do interior (Figura 18) visam trazer a sensação de aconchego aos ocupantes, utilizando cores vibrantes e materiais de estilo industrial, conferindo-lhe um ar mais moderno e jovem. Figura18 Acabamentosedecoração,TheCollectiveOldOak Fonte:http://www.plparchitecture.com/the collective old oak.html. Acessoem:15demar.2022
foi escolhido como referência principalmente devido ao uso dos espaços colaborativos, onde podemos citar a redução do tamanho dos cômodos, disponibilizando apenas os elementos básicos para que os usuários tenham mais interesse em passar a maior parte do tempo nas áreas colaborativas. Observa-se ainda que a alocação das áreas comuns e do mobiliário que as compõem é primordial para garantir uma boa interação. Também é importante criarespaçoscomvariaçãodeassentosparamaisdeumapessoa,distribuídosaolongodasáreas de circulação e corredores, proporcionando oportunidades de encontro e convívio entre os usuários.Nãodeixandodelado,emcontrapartida,asopçõesparaáreasreservadasparapermitir oisolamento,senecessário.
Figura19 FachadaCasaGap Fonte:https://www archdaily com br/br/780450/casa gap archihood wxy Acessoem:18demar 2022 Recentemente, a crescente demanda por pequenos apartamentos para estudantes e jovens profissionais mudou o caráter do bairro, fazendo com que surgissem edifícios extremamente compactos e com alta densidade de ocupação, sem espaço ao ar livre e comunitários. Os traços característicos das áreas residenciais de alta densidade da capital, com suas unidades monótonas e genéricas - projetadas para o aproveitamento máximo e eficiente do espaço deixaram os moradores com espaços de convivência mal projetados para suportar um estilo de vida ideal. A proposta dos arquitetos (Figura 20) foi de romper com essa sequência de edifícios semelhantes já construídos no entorno e projetar outro edifício que incluísse jardins, varandas, terraçoseáreascomuns,inspirandoassimumnovomododevida. Aideiadoprojetoéacompanharonovoestilodevidadosjovenscompartilhandoespaçoscomuns como sala de estar, cozinha e sala de jantar. O escritório Archihood WXY teve como princípio um projeto que equilibrasse os espaços públicos e privados. O equilíbrio proporcionado pelo espaço externo define o conceito do projeto, um design que traz a natureza para seus habitantes e promoveinteraçãoeharmoniaentreoscompanheirosdacasa. Figura20 Croquis,CasaGap Fonte:https://www archdaily com br/br/780450/casa gap archihood wxy Acessoem:18demar 2022
37 3.ReferencialProjetual
3.2 Casa Gap A Gap House (Figura 19) foi construída em 2015, projetada pelo escritório Archiwood WXY e está localizada na cidade coreana de Bokjeongdong, onde a especulação imobiliária é alta devido à sua infraestrutura e também pela proximidade com a capital Seul, o que a torna uma cidade dormitório. O edifício está localizado em uma área de uso misto com diversas moradias, comércios e serviços, além da concentração de grandes equipamentos educacionais como escolas internacionais e universidades. Há também opções de transporte público que atendem a área,comotrenseônibus.
3.2 Casa Gap Opátio,alémdeservircomolocaldeconvívioentreosmoradores,tambémfoipensadocomouma boasoluçãoparaaproveitaraventilaçãoealuznaturaldasvarandasejanelas-estrategicamente abertas voltadas para o centro do edifício (Figura 22). Estas aberturas com vista para o pátio central foram posicionadas e dimensionadas para preservar a privacidade de cada unidade. Normalmente,umavarandaposicionadanafrentedacasacausasériosproblemasdeprivacidade devidoàsuaproximidadecomosvizinhos.Paraevitarisso,asvarandasforamprojetadasparater umaformamaislineareforamcolocadasdentrodecadaunidadeparaevitarquepessoasdefora olhemparadentro Essasvarandascriamumasensaçãodemaisespaçodevidoàexpansãovisual em direção à cidade. Além disso, devido ao seu posicionamento estratégico, permitem também umarelaçãovisualeespacialcomaunidadeoposta,promovendoainteraçãocomosvizinhos. O edifício possui área total de 596m² divididos em quatro pavimentos, sendo um térreo e três pavimentos tipo, cada um com duas unidades, com três dormitórios cada. Os espaços comuns como sala de estar, sala de jantar e cozinha (Figura 21) são pensados para serem compartilhados,criandoumequilíbrioentreumambienteprivadoeumambientedeusodetodos. Estesespaçosevarandassãoempilhadosalternadamentepormeiodosintervalosdacriação.
Figura21 ÁreaComum,CasaGap Fonte:https://www.archdaily.com.br/br/780450/casa gap archihood wxy. Acessoem:18demar.2022 38 3.ReferencialProjetual
Fonte:https://www archdaily com br/br/780450/casa gap archihood wxy
Acessoem:18demar 2022
Figura22 Pátiocentralevarandas,CasaGap
40
3.2
Outro destaque do edifício são as escadas (Figura 25), que em alguns projetos aparentam ser muitorígidaseapenasutilitárias.Nesteprojeto,comoháapenasdoisapartamentosporandar,a escaladopatamarémaisíntima,issoéaindareforçadopelaadiçãodeumapequenajanelaeum recuoquepermiteaosinquilinosentrarnoapartamentoparalelamenteaocaminhodecirculação, proporcionando privacidade visual e física. Os arquitetos poderiam ter posicionado uma entrada direta pelo patamar principal, maximizando o espaço para o foyer, mas vale ressaltar que a criação desse corredor cria uma sensação de maior intimidade com o local, eliminando a mera sensaçãofuncionalqueumaescadageraria. No geral, este projeto enfatiza a importância das zonas de transição entre os espaços públicos e privados, utilizando nuances de escala para criar referências residenciais e uma lógica clara e legível para o fluxo de espaços, de forma que os moradores respeitem o espaço pessoal de cada um.Alémdisso,destaca-seapresençadopátiocentralcomoelementonorteadordoprojeto,pois além de servir como local de convívio entre os moradores, também foi pensado como uma boa soluçãoparaaproveitaraventilaçãoealuznatural.
3.3 Roam Coliving ORoamColiving(Figura26)estálocalizadoemUbud,umaáreaextremamenteturísticadailhade Bali na Indonésia. As áreas utilizadas e ocupadas são principalmente residenciais e de hotelaria, servindo ao turismo; lojas, templos e plantações de arroz também se destacam. A Roam é uma empresa global de desenvolvimento de colivings, com empreendimentos seguindo essa proposta em cidades como Miami, Madri, Londres, Bali e Buenos Aires. O projeto segue um modelo de construção compartilhada e possui as mesmas ideias de outros colivings existentes, no entanto, possui uma diferença interessante: os usuários da rede podem alternar entre as propriedades existentesnosdiferentespaísesondeamarcaestápresente.
Figura25 Escadas,CasaGap Fonte:https://www archdaily com br/br/780450/casa gap archihood wxy Acessoem:18demar 2022
Figura26 Áreaexterna,RoamColiving Fonte:https://www archdaily com br/br/780450/casa gap archihood wxy Acessoem:18demar 2022 Casa Gap 3.ReferencialProjetual
Figura28 Pátiocompiscina,RoamColiving Fonte:https://www archdaily com br/br/780450/casa gap archihood wxy Acessoem:18demar 2022
Alex Dornier é o arquiteto responsável pelo projeto. A visão do projeto foi criar uma comunidade. Ummodelodemicrosociedade ondeaspessoasencontram seusprópriosespaçosíntimos, assim como lugares de encontro, troca, movimento e educação. O complexo de habitações compartilhadas foi construído a partir da reforma de um edifício existente em forma de "U". As passarelas vazadas que contornam a forma do edifício permitem a troca de visão entre todos os recintos, proporcionando maior interação e proximidade entre os moradores do edifício. O pátio do edifício é cercado por três blocos de apartamentos degradados. O recorte foi o ponto de partida para a transformação do antigo edifício existente, novos espaços foram adicionados ao projeto, removendo paredes, abrindo paredes de concreto, acrescentando novos quartos e banheiros e instalando grandes janelas permitindo uma maior entrada de luz, ar fresco e vistas excepcionais para a ilha de Bali. A área de 1500m², conta com 24 compartimentos privados, concluídosem2015.
3.ReferencialProjetual
3.3 Roam Coliving O Roam Coliving é construído a partir de um pátio com uma piscina no centro (Figura 28), esta que quase representa osinal deboas-vindas aos visitantes através darecepção externa. Osdois primeiros pavimentos configuram o espaço de uso privativo do edifício com 24 suítes, e a coberturaconcentraamaiorpartedoespaçocomum. 41
Figura27 Varandasemtodooperímetro,RoamColiving Fonte:https://www archdaily com br/br/780450/casa gap archihood wxy Acessoem:18demar 2022
Figura30 CozinhaComunitária,RoamColiving Fonte:https://www.archdaily.com.br/br/780450/casa gap archihood wxy. Acessoem:18demar.2022
Figura29 Interiorapartamentos,RoamColiving Fonte:https://www archdaily com br/br/780450/casa gap archihood wxy Acessoem:18demar 2022
Osapartamentosdotérreoedoprimeiropavimento(Figura29)estãodispostosemtornodetodo operímetrodoedifícioemformade"U".Osquartossãocompactosesimples,variandode20m²a 32m²,incorporandoaidentidadenaturaldailhadeBali,comesquadriasdemadeira,bancadasde pedra e pisos que lembram espaços ao ar livre, todos em pedra local. Todas as instalações incluembanheiroprivativo,áreacomsofáeumapequenavarandaaoarlivre. Osquartosnãoestãomobiladoscomeletrodomésticos,sendoassim,aúnicacozinhadisponívelé a comunitária no exterior (Figura 30), onde cada morador tem um local pessoal para guardar os seuspertences,sejanofrigoríficoounumgrandearmáriodemadeiradevidamentenomeado.
42 3.3 Roam Coliving 3.ReferencialProjetual
44 3.3 Roam Coliving 3.ReferencialProjetual
A vida vegetal (Figura 33) é a imagem-chave na percepção balinesa, razão pela qual se tornou o material mais importante para implementar no projeto. Os altos bambus, palmeiras e outras árvorestornamolocalmaisfamiliareamigável.Outrosmateriaisforamselecionadosparamelhor se adequar ao uso, se relacionando ao tema da sustentabilidade, e seguindo a lógica da redução de materiais utilizados. É por isso que optou-se por trabalhar com um edifício existente, adaptando-o com o mínimo de materiais e adicionando componentes com uma estrutura de aço ocaesbeltaeeficiente. Figura33 Vegetação,RoamColiving Fonte:https://www archdaily com br/br/780450/casa gap archihood wxy Acessoem:18demar 2022 O espaço reúne todas as características básicas para propor o conceito do coliving. Todas as áreas estão devidamente divididas para as suas respectivas funções no edifício. A parte privada não deixa de incluir a devida privacidade, embora esteja ligada ao restante do complexo com as áreascomunsqueserelacionamdeformafluidaeconstante.Deumaformasimplesediscreta,o Coliving Roam foi trazido para Ubud, Bali, como um evento espontâneo da natureza, usando materiais naturais correspondentes com a ilha ao seu redor. O projeto reinterpreta a arquitetura existente,projetandoambientesesuasrelaçõesespaciais,parainspirareproporcionarinteração social,bem-estar,qualidadedevidaefuncionalidade.
3.5 Cine Teatro Presidente Para análise de um último exemplo de coliving, optou-se por escolher uma edificação em escala menor, próximo da proposta a ser desenvolvida, preferencialmente localizada no Brasil. Nesse sentido, foi escolhido o Cine Teatro Presidente (Figura 34), que é um projeto da incorporadora Wikihaus, que transformou o antigo cinema de Porto Alegre em um edifício residencial sob o conceitodecoliving.Deacordocomositeoficialdoedifício,oprojetofoiimplementadopormeio de workshops realizados com potenciais consumidores e especialistas do mercado imobiliário, paraquepudessempensarjuntosnaconstruçãodeumempreendimentodevivênciacomunitária.
Durante esses encontros, foiestabelecida umadinâmica interativa paraentender oqueopúblico queria e esperava. Localizado no coração de Porto Alegre, o empreendimento está próximo a serviços, comércios, equipamentos em geral e transporte público, permitindo fácil mobilidade e dotadodeestruturaurbana.
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3.ReferencialProjetual
Figura34 FachadaCineTeatroPresidente Fonte:https://wikihaus com br/cineteatro presidente/ Acessoem:15demar 2022
O empreendimento é anunciado como um edifício destinado à partilha, um coliving. No entanto, como pode ser visto na planta do edifício e dos apartamentos, o espaço comum não funciona como o ponto central do edifício, todos os apartamentos são equipados com quartos, banheiros, área de serviço e cozinha individuais, não sendo imprescindível a utilização dos equipamentos compartilhados. Enquanto isso, os espaços comuns buscam minimizar o desconforto dos apartamentos, onde a maioria carece de varandas ou espaços maiores que permitam o relaxamentoeasocialização. Ao analisar a planta baixa do térreo (Figura 35), disponibilizada no site oficial da construtora, nota-se que ao entrar no edifício, o indivíduo depara-se com um pequeno living que não apresenta integração com as outras áreas, além da área dos elevadores, semelhante aos condomínios residenciais tradicionais. Como pode ser visto, as áreas comuns estão localizadas em outros andares do edifício. Além disso, nota-se também que não há fatores que favoreçam e estimulem o contato visual com a rua, o que não favorece a integração dos moradores e usuários comoentorno. Figura35 PavimentoTérreo,CineTeatroPresidente Fonte:https://wikihaus com br/cineteatro presidente/ Acessoem:15demar 2022
Figura37 Lavanderia,OficinadeBikeeBicicletário,CineTeatro Presidente Fonte:https://wikihaus.com.br/cineteatro presidente/. Acessoem:15demar.2022
3.5 Cine Teatro Presidente 3.ReferencialProjetual
O 4º andar distingue-se pela presença de espaços partilhados, onde existem: bicicletário, lavanderia, espaço pet e ferramentas compartilhadas (Figura 37). Todos estes, com exceção do bicicletário, têm uma base comum de compartilhamento e consumo sustentável de itens. Ao analisar os espaços que compõem este pavimento, percebe-se que não há nenhum elemento favorávelàconexãocomoambienteoumesmoumavisãopanorâmica,pelocontrário,osespaços são muito privativos com muros e vegetação densa. Nota-se que esses fatores promovem a desconexãocomoambienteexterno.
Figura36 BikeSharing,CineTeatroPresidente Fonte:https://wikihaus com br/cineteatro presidente/ Acessoem:15demar 2022 Os primeiros quatro andares do edifício são constituídos principalmente por vagas de estacionamento para veículos automóveis, não apresentando nenhuma novidade em relação ao tema. No entanto, o serviço de destaque, disponível no térreo, é denominado de bike sharing, esteserviçopermitequemoradoresquenãopossuembicicletasutilizemasquesãooferecidasno prédio (Figura 36). Assim, além do compartilhamento, também não haverá poluição ambiental, pois as bicicletas não emitem gases poluentes e têm custos de produção e ocupação de espaço menores do que os veículos automotores. Em outras palavras, o compartilhamento de bicicletas também está relacionado à percepção sustentável do uso do transporte. Sendo assim, quanto à setorização,podeseafirmarqueopavimentoanalisadoédirecionadoparaserviçoseapoio.
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3.5 Cine Teatro Presidente 3.ReferencialProjetual
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Figura38 5ºPavimento,CineTeatroPresidente Fonte:https://wikihaus.com.br/cineteatro presidente/. Acessoem:15demar.2022
A partir do 5º andar (Figura 38), inicia-se a parte residencial do empreendimento. Existem diferentes propostas de apartamentos e a área pode variar do mínimo (35,59 m²) ao máximo (79,07 m²). Dos 58 apartamentos, 19 têm varanda e 10 têm espaço garden, que é um espaço verdenoexteriordoapartamento, permitindooplantiodeplantasefolhagens. Este“jardim”nos próprios apartamentos estimula a consciência ecológica e de sustentabilidade entre os moradores. Isso também acontece nos andares sequenciais (do 6º ao 13º). Como pode ser visto nas plantas dos apartamentos, estes contam com um ambiente integrado composto por sala e quarto, além de banheiros, área de serviço e cozinha individuais. Considerando o propósito do coliving, em incentivar a interação social e o compartilhamento dos espaços públicos, esses espaços privados não incentivam os moradores a utilizarem os espaços compartilhados, não favorecendoacoletividadecomoutrosmoradores. O 5º andar também apresenta áreas comuns (Figura 39), sendo destinadas principalmente ao lazer dos moradores. Nele estão disponíveis sofás, televisão e churrasqueira, além de mesas e cadeiras formando um espaço de coworking onde as pessoas podem trabalhar com ou sem seus aparelhos tecnológicos, realizar reuniões e até discutir ideias a partir de esboços utilizando quadrosbrancosjádisponíveisnolocal.
Figura39 Áreadevivênciaecoworkingintegrados,CineTeatro Fonte:https://wikihaus com br/cineteatro presidente/ Acessoem:15demar 2022
Presidente
Paraalémdosapartamentoscomespaçogarden,no6ºpisoexistetambémumespaçoverdeque promove a consciência de sustentabilidade (Figura 40). A área destina-se ao lazer e dispõe de espreguiçadeiras,bemcomodeumahortacompartilhadaparaosmoradores.Apesardopotencial da área, observou-se a presença de muros que impedem a conexão dos espaços comuns com o entorno,considerandoaalturaemqueseencontram.
Fonte:https://wikihaus.com.br/cineteatro presidente/. Acessoem:15demar 2022
3.ReferencialProjetual
3.5 Cine
Fonte:https://wikihaus.com.br/cineteatro presidente/. Acessoem:15demar 2022 Teatro Presidente
Figura40
48
Figura41 Studios,CineTeatroPresidente
Esteprojetofoiescolhidocomoreferênciaportrazeraperspectivadocenáriobrasileironessetipo deempreendimento.Seuprogramadenecessidadesapresentaespaçoscoletivosdiversificadose funcionais, além de plantas de apartamentos que possuem metragem quadrada maior e layouts diferentesdosprojetosapresentadosanteriormente.Oprojetotrazentãoespaçosdemoradiaum poucomaiores,podendoabrangerumpúblicomaior,ofertandoquartospara2e/ou3pessoas. A imagem do apartamento (Figura 41) mostra a distribuição do ambiente e dos móveis, como se já fossem habitados. Com isso, percebe-se que é a própria mobília que divide o espaço em diferentes ambientes, pois o apartamento não possui paredes divisórias, isto contribui para economizar recursos construtivos, bem como os recursos utilizados em sua produção, caracterizando assim senso de sustentabilidade, caracterizando assim uma consciência sustentável.
TerraçoGardeneHortaCompartilhada,CineTeatroPresidente
Elepromoveucondiçõesideaisdesalubridadeemodernidade,desejadasnofinaldoséculoXIX.A antiga estrada de rodagem desempenhou a importante função de ligação da região central e a nova área, além de promover o acesso à antiga Vila Monjardim, atual bairro de Jucutuquara, e à VilaHortícula,quedeuorigemaobairroHorto.
A Avenida fazia parte do projeto do Novo Arrabalde, do engenheiro sanitarista Francisco RodriguesSaturninodeBrito,datadode1896.FoioprimeiroplanodeexpansãodeVitória.
4.1Localização,potenciaiselimitaçõesdaárea
Loteescolhido CentrodeEducaçãoInfantil CentrodeAssistênciaSocial EquipamentoEsportivo EscoladeEnsinoFundamental Fábricadeideias GuardaMunicipal Mercado Núcleoescolinhasdeesportes Órgãoedepartamentopúblico RestaurantePopular SecretariaMunicipal Quadras
51
O presente projeto, a ser implantado na cidade de Vitória, se trata de uma moradia compartilhada, onde de uma forma geral se tem pessoas que buscam maior interação com a cidade e fácil acesso à mobilidade urbana. Logo, se faz necessário a inserção do equipamento arquitetônico em uma área bem servida de transporte público, além de possuir em sua proximidadepontosdeinteressedamassapopulacional,comoinstituiçõesdeensino,shoppings, supermercados e demais equipamentos de lazer, comércio e serviço. A vista disso, se buscou inserir a moradia compartilhada ao longo da Avenida Vitória, uma das vias mais importantes da cidade e que se liga diretamente aos pontos de interesse levantados, além de fazer parte do trajetodamaioriadaslinhasdeônibusmunicipaiseintermunicipais.
Foi escolhido então o terreno localizado na Avenida Vitória, no Bairro de Nazareth. No mapa abaixo (figura 42), é possível observar que em um raio de 2km (partindo do terreno) se tem acessoaequipamentospúblicosquesãopontosdeinteressedeumgrandenúmerodepessoas.
A avenida Vitória possui um papel fundamental no direcionamento da expansão e do crescimento da cidade de Vitória. Quem passa pela avenida hoje não imagina que ela é uma via histórica e cheia de curiosidades. Ela era a antiga "estrada de rodagem" da capital. Foi a primeira via que ligou o Centro, que até o início do século XX correspondia a “toda cidade”, até as praias ao leste da Desdeilha.sua criação, a avenida é popularmente conhecida como Vitória. Mas houve uma tentativa de mudança no logradouro. Em 1960, a Câmara de Vitória chegou a aprovar o nome de “avenida MinistroEuricoSalles”,maselenãofoiaceitopeloscapixabas,quecontinuaramausaronomeda Considerandocidade.estefato,em2006,foiaprovadanovalei(6633/06)queoficializouonomedaviade “avenida Vitória”, com a justificativa de que é a denominação usada pelos moradores. A via de ligaçãopossuiumpapelfundamentalnodirecionamentodaexpansãoecrescimentodacidadede Vitóriaeconstituiatéosdiasatuaisemimportanteeixodamalhaviáriadacapital.
Contratado pelo então presidente de Estado, Muniz Freire, ele planejou uma área seis vezes maiorqueoCentrodeVitórianaregiãodosbairrosPraiadoCanto,BarroVermelho,PraiadoSuá, SantaLúciaepartedeItararé,queerasemi-alagada,dificultandoaocupação.
4.Diagnósticodaáreadeintervenção F F
Nestecapítuloserãoapresentadosaspectospertinentesdoterreno,brevehistóricoecontextoda área de intervenção, os mapas de análise morfológica, do uso do solo e mobilidade urbana, síntesedoscondicionantesfísicos,legislaçãoeplanodiretor.
4.2.1
Morfologia urbana Início:DadosAvenidaPrincesaIsabel Término:AvenidaCézarHilal Bairros por onde ela passa: Forte São João, Jucutuquara,Nazareth,MonteBelo,Consolação,Horto,BentoFerreiraeConsolação. Hoje, o traçado da Avenida Vitória perpassa moradores.Afragmentaçãodamalhaurbananolocalesuasinterligaçõeséperceptívelatravésdo mapadecheiosevazios.Observa-seumaconsolidada eixo estruturante, com a presença de construções privilegiada localização para construções deste uma boa infraestrutura urbana, o que influencia devidoaoprocessodedesenvolvimentodamancha comumplanejamentourbanoadequado,cominfraestrutura localização de destaque. Observa-se também, do eixo estruturante, as edificações retomam proporções compoucoslotesvazios.
52
Fonte:GoogleEarthelevantamentodecampo(2022)
Figura47 Fotosterreno
Entretanto,mesmocomessealtofluxodepessoas,foiobservadonolevantamentodecampoquena
54
4.2.4 Síntese do entorno Assim percebe se que a área possui um fluxo muito alto de pessoas devido à Avenida Vitória ser uma das principais vias da cidade, a diversidade de equipamentos levar à um alto número de pessoas que frequentam o local diariamente ou semanalmente e a enorme variedade de linhas de ônibusquepassampelolocal,tendoparadasbastantemovimentadas
4.2AnálisesFísicasdoEntorno
4.3DiagnósticoTerreno
Figura50 Edificaçõesentorno Fonte:GoogleEarth(2022)
Finalmente é importante destacar a questão do ruído ambiental, visto que a Avenida Vitória possui um tráfego intenso, e os veículos geram uma grande quantidade de ruído, assim torna se essencial sugerir maneiras de atenuarestaquestão,visandoproporcionarumamelhoranoconfortoambientalparaosmoradoresepedestres quecirculamnolocal
RuídoAvenida AvenidaVitória
Em relação à ventilação do terreno, os ventos predominantes são provenientes de nordeste, variando para norte e leste de acordo com a época do ano ou com a hora do dia Um ponto positivo é que não existem edifíciosextremamentealtospróximosdoterreno,nãoapresentandoemtesealgumaalteraçãosignificativana trajetória dos ventos Observa se através das Figuras X e X que o gabarito das edificações do entorno possui emmédiade2a3pavimentos,existindoalgumasexceçõesquechegamaos6pavimentos.
Fonte:Elaboradopelaautora.
55 Soldatarde Solda VentomanhãNordeste Vento
Para se ter uma edificação eficiente no que tange ao conforto ambiental, é necessário analisar as condicionantes climáticas do local e utilizar os elementos arquitetônicos para potencializar e amenizar estas condicionantesembenefíciodoedifício
Figura48 SíntesedosCondicionantesFísicos
Em relação à incidência solar, como se pode observar, tanto a testada frontal do terreno quanto a fachada lateral orientada para su sudoeste, que fica para sudeste, não recebe insolação em nenhum momento do dia. Já a face lateral do terreno, orientada para nor nordeste, recebe insolação ao longo do período da manhã, predominantementevindadoleste Enquantoafachadaposterior orientadaparanoroeste recebeinsolação durantetodooperíododatarde
Figura49 Edificaçõesentorno Fonte:Elaboradopelaautora,atravésdoprogramaArchicad(2022)
4.3.1 Síntese dos Condicionantes Físicos Tendo em vista todas as constantes analisadas, pode-se afirmar que a edificação proposta deve buscar orientar seus principais ambientes para o sentido leste-sul, com o propósito de receber o sol matinal, que é mais ameno, e a ventilação predominante. Também é importante o uso de elementos de proteção e sombreamento nas aberturas que recebem insolação no período da manhãetarde. Sul
ndice que determina o potencial construtivo máximo do ossui o coeficiente de aproveitamento básico no valor de e projeto, que possui 2363,77 m², poderá ter uma área eficiente de aproveitamento máximo é no valor de 2,8, aáreadeaté6 616,4m² e obtém após dividir a área de projeção horizontal da ndoessevalorultrapassar60%daáreadoterreno.Desta mo1 417,8m²dolote xima (H) medida entre o meio fio e o último elemento ãohálimitedealtura. ue se obtém através da divisão da área que permite a otal do lote Esse valor não pode ser menor que 10% da mínimo236,3m²deáreapermeávelnaproposta. cessária entre a divisa do terreno e o limite externo da cada um de seus pavimentos, não sendo considerado as te caso o afastamento frontal é de 6m, os afastamentos 75m. tesprescriçõesurbanísticas: ZAR1 56
O P r o j e t o 5
59
5.OProjeto Neste capítulo será apresentado o desenvolvimento projetual da moradia compartilhada, através detodooprocessocriativoaliadoaosobjetivosespecíficosegeral,aoquefoivistonoreferencial teóricoenosestudosdereferência. Assim, projeta-se a combinação de espaços, e a integração do externo com o interno permitindo a penetrabilidade visual no local. A criação de espaços abertos e fachadas ativas são elementos inseridos de modo a gerar interesse público do uso da edificação por pessoas residentes e não residentes.Pensandoemtermosdeintegração,oprojetolevaemconsideraçãooacessoirrestrito para pedestres, ciclistas, usuários de transporte público e pessoas com necessidades especiais, tendoacessibilidadeemtodososacessosdolocal.
5.1 Conceito e Partido arquitetônico Para definir o conceito do projeto destacou-se inicialmente uma palavra: compartilhamento. Dessa forma, o conceito em sua essência, é a criação de um edifício capaz de gerar experiências que promovam o compartilhamento entre os moradores além do compartilhamento do edifício com a própria cidade. Dessa forma, prioriza-se a interação entre os indivíduos, de forma que estes não precisem deixar suas individualidades de lado mas sejam capazes de vivenciar uma trocadeexperiênciascomocoletivonoqualestãoinseridos. Assim,propõe-seainstalaçãodeumanovacentralidadenaregião,apartirdeumanovalógicade ocupação pautada pela mobilidade, usos múltiplos e configurações de permeabilidade espacial.
Paraisso,foiconsiderada umanovaformadeviver,habitarecompartilharondeatividades como morar, trabalhar, comprar, entreter-se estivessem cada vez mais integradas. Dessa forma, o projetovisaaproximarosindivíduosatravésdeespaçosdinâmicos,livreseacessíveis.Oobjetivo é criar espaços que promovam tanto integração, funcionalidade e entretenimento, bem como a privacidadedosmoradores. Já o partido arquitetônico são os espaços compartilhados, onde o projeto busca aplicar os conceitos de moradia compartilhada em um edifício de uso misto de forma a proporcionar aos seus moradores habitações que, embora reduzidas, correspondam às funções básicas da habitaçãoepossuamumaaltafuncionalidade, proporcionando flexibilidadeparaatenderàsmais diversasnecessidades.Tambémhaverá,comocomplementaçãoeextensãodasmoradias,árease equipamentos coletivos que facilitem a dinâmica do dia a dia, além de promover maior sociabilidade entre os moradores - como por exemplo a inserção de lounges, lavanderia, academia,etc. Ademais, busca-se oferecer uma maior conexão com o meio urbano, disponibilizando espaços públicos no térreo que possam ser utilizados por qualquer pessoa, seja morador ou não, além de pontos comerciais para atrair os indivíduos que circulam nas proximidades do edifício. Desta forma, entende-se que um edifício não seja apenas um espaço físico com a finalidade de trabalhar,compraroumorar,masquetambémfuncionecomoumespaçodinâmicoparaacidade, onde as pessoas podem interagir ativamente com o edifício e entre si. Para isto, o edifício deve focar em usos alternativos à moradia, como: comércio, espaços de trabalho (coworking) bem comoespaçosdepermanênciacomacessoatodos. Figura52 PerspectivaIsométricaEdifício Fonte:Elaboradopelaautora.
PerspectivaIsométricaVolumetria
afas integ ruap dem espa 5.OProjeto
Como um dos conceitos mais importantes deste trabalho é a interação entre as pessoas, propor edificações muito altas não era o propósito Segundo Jan Gehl, no livro “Cidades para pessoas” (KARSSINBERG et al 2015), no capítulo “Os sentidos e a escala”, o contato entre os edifícios e a rua somente é possível nos primeiros cinco andares, a partir disto, a visão se dissipa para uma interface focada em vistas, nuvens e aviões. Assim, para não perder esta proximidade e para não criar barreiras para os ventos predominantes, estabeleceu se que os blocos teriam no máximo 10 andares.
Figura53 PerspectivaIsométricaVolumetria Fonte:Elaboradopelaautora o torre nom 10a 60 edifício linear afastamento
Já o acesso à parte comercial e de serviços será pela Avenida Vitória, que é onde será a fachada ativa do edifício O formato alongado do terreno e sua maior parte voltada para a Avenida Vitória possibilitou a criação de um projeto voltado para a rua, com lojas, co working e cafeteria voltados paraopúblico.Aáreaverdeeabertaaopúblicoidealizadaaolongodaavenidagerapermeabilidade urbananostrajetosdospedestres,poisamesmapartedaruaeseinserejuntoaoedifício Importante destacar que ambos acessos de pedestres foram pensados para serem bem fluidos, de maneira que as pessoas, sejam cadeirantes ou não, possam entrar no conjunto por onde acharem maisadequado
O volume e a implantação do conjunto arquitetônico são determinados pelo formato do terreno associado às normas de ocupação e à modulação do pavimento tipo previamente estabelecido. Como resultado dessa combinação chegou se a um edifício linear A partir disso, como estratégia para dinamizar o volume obtido, optou se por separá lo em dois blocos. A disposição das torres resulta em um afastamento considerável entre as mesmas, fazendo com que os espaços tenham umaventilaçãoeiluminaçãoadequada,alémdegarantirmaiorprivacidadenosdormitórios
5.3 Fluxos e Acessos Quanto aos acessos da edificação, haverá diferentes entradas de acordo com a atividade do local, por terem controles diferentes de acesso e segurança. A moradia compartilhada terá seu acesso pelaRuaGilbertoPaixão,assimcomooacessodeveículos,porserumarualocal,demenorfluxode formaanãoatrapalharafluidezdotrânsitorápidocomamanobradoscarros
PlantadeFluxoseAcessos 5.2 Volumetria A concepção volumétrica segue o conceito do projeto de integrar, de promover encontros e de estimularasrelaçõespessoaisesuastrocas.Foramrealizadosestudosdemassacomasopçõesde usodoespaço,levandoemconsideraçãoascondiçõesdoentornoedopróprioterreno
5.OProjeto Fluxograma ProgramadeNecessidades Áreaadministrativa/Técnica ÁreaPrivativa/Comum ÁreaPrivativaÍntima ÁreaPública/Serviços/Lojas Área(m²) 5.4 Programa de Necessidades e Fluxograma Com base nos projetos de referência e norteado pelo conceito do projeto foi desenvolvido um programa de necessidades dividido em áreas públicas e privadas compatível com o público usuário jádefinidoanteriormente O programa caracteriza se como um complexo de uso habitacional e comercial, partindo da premissa de que o conjunto funcionará 24h por dia, sendo dividido entre áreas de acesso público e deacessocontrolado Apartirdoprogramadenecessidadeestabelecidoparafuncionamentodamoradiacompartilhadafoi desenvolvidoofluxogramaparaidentificaraproximidadedosespaços 61 UnidadeA UnidadeB UnidadeC 32,48 32,32 64,68 Área (PavtoPrivativa/ComumTipo) CozinhaColetiva(ÁreaMultifuniconal) 67,80
62 ZoneamentoPrograma
Destaca se aqui o tipo de ambiente relacionando o com sua funcionalidadeeseunível de acesso. No subsolo encontra se toda a área de estacionamento residencial e área técnica, com acessosomentepelosmoradoresdoedifício
5.OProjeto 5.5 Setorização
Figura54 IsométricaSetorização Fonte:Elaboradopelaautora
Já no térreo observam se as diversas unidades de lojas e serviços, além do coworking, sendo todos de acesso livre para qualquerindivíduo,ouseja,umaáreapública Oacessotorna se restrito para moradores somente para acessar os pavimentossuperiores No pilotis encontram se a maioria das áreas comuns dos moradores,sendotodoopavimentodedicadoaestasáreas.
Finalmente no pavimento tipo surgem as áreas mais privativas com acesso somente pelos moradores de cada unidade, entretanto, garantindo a premissa do projeto, existirá uma áreacomummultifuncionalemcadapavimento
ÁreaTerreno 2363,77 ÁreaConstruída Total 3 755,13 ÁreaComputável Residencial 4 718,25 ÁreaComputável SalasComerciais 700,68 ÁreaPermeável 237,95 Coeficientede Aproveitamento 2,29 Taxadeocupação 0,60 Taxade permeabilidade 0,10 5.OProjeto Quadro de Áreas (m²) 63 5.6 Planta de Implantação e Cobertura
Figura55 PerspectivaEdifício Fonte:Elaboradopelaautora 64
5.OProjeto 5.6 Subsolo Garagem As vagas residenciais foram todas contempladas em um subsolo, que conta com espaço para reservatório inferior e capacidade para 63 vagas de carro livres, 7 vagas vinculadas e 64 vagas para bicicleta. Além de possuir 2 vagas para P.C.D, 1 vaga para idoso e 4 vagas de bicicleta dispostas no térreo, conseguindo assim, suprir a demandaexigidapelalegislação. VagaBicicleta Residencial VagaCarro ResidencialVaga Vinculada Residencial 76364 VagasSubsolo-Garagem 66
01 03 04 01 02 03 04 03 01 02 01 01 02 02 04 IsométricaSubsolo Garagem 5.OProjeto 5.6 Subsolo Garagem Figura57 PerspectivaIsométricaSubsolo Garagem Fonte:Elaboradopelaautora Elevador EscadaProtegida GaragemResidencial ReservatórioInferior 67 02
Térreo Seguindo as diretrizes do arquiteto e urbanista dinamarquês Jan Gehl, transcritas no livro "A cidade ao nível dos olhos" (KARSSINBERG et al. 2015), a arquitetura do térreo necessita de funções que convidem o público local, garanta um mínimo de quatro metros de pé-direto para disponibilizar espaço para atividades públicas, possuir boa arborização para diminuição dos ruídosdoscarros,dispordemobiliáriourbano,entreoutros.Esteespaçoabertofuncionarácomo catalisador da comunidade da região do projeto, atuando como um espaço de transição harmonioso do âmbito público para o âmbito privado. Com o objetivo de manter essa área interessante, movimentada e valorizada com diversidade econômica, será proposto estabelecimentoscomerciaisvariados,comolojas,serviços,livrarias,caféserestaurantes. Opavimentotérreoécompostoprincipalmenteporcomércio,serviçosdiversosedealimentação, criando fachadas ativas que destacam e incentivam a relação do pedestre com a rua. O projeto é caracterizado por áreas verdes em diferentes escalas pela sua implantação. Onde esses espaços servem não só para tornar os passeios e acessos mais agradáveis, como os torna espaços de convívioecontemplação,permitindoquecadaindivíduoseapropriedoespaçocomolheconvém.
68 5.OProjeto
5.6
Outroelementodedestaquenotérreoéocoworking,sendoumespaçodeproduçãocoletiva,que ganhou destaque no mercado atual devido à pandemia. Sabe-se que o ato de trabalhar remotamente implica muitas vezes no isolamento do trabalhador dentro de seu espaço de moradia, assim, a criação de um ambiente como este permite a existência de um espaço específico para o ato de trabalhar sem o isolamento social dos trabalhadores, possibilitando a criação em conjunto, a troca, cooperação e cumplicidade entre pessoas que trabalham em diferentesáreas. O espaço contará com estações de trabalho individuais e coletivas, sala de reunião, copa e sanitários acessíveis. E atenderá a diferentes públicos como empreendedores, startups, trabalhadoresliberais.Sendoodesigndoespaçopensadoparacriarconexõeseestimularatroca decriatividadeentreosusuários. Alémdoselementosdafachadaativaecompartilhamento,foramdistribuídosnopavimentotérreo a guarita juntamente com o hall de entrada da moradia compartilhada e a área administrativa do prédio,alémdoacessoaoestacionamentonosubsolo.
Paraconcretizaroidealanteriormente exploradodopotencialdoespaçodacalçadaemfrenteao terreno,foicriadoomobiliáriourbanoparaaárea,umaplantabaixaqueconectaoedifíciocomo espaçoexternoeimplementavegetaçãoparacriarsombraeconfortoparapedestres. Em relação à vegetação esta é é mais concentrada no piso térreo, permitindo acesso irrestrito à área e também melhorando o microclima local, criando também um ambiente sustentável onde a maiorpartedosoloépermeável,favorecendooescoamentodaágua. Osjardinseárvoresforamescolhidoscomaintençãodeterespéciesfloridaspraticamentetodoo ano, esses jardins com formações são jardins de chuva. As espécies que os compõem garantem que a água da chuva fique retida no jardim e seja parcialmente (ou totalmente) absorvida pelo solo,evitandoassimasobrecargadosistemadedrenagem.
5.OProjeto 5.6 Térreo 69 VagaBicicleta Comercial VagaBicicleta ResidencialVagaCarro ComercialVagaMoto Comercial 12 42 2 VagasPavtoTérreo
Guarita HalldeEntrada Lixo Lounge Administração CopaFuncionários CasadeGás QuadrodeMedidores 01 02 03 03 04 05 02 03 02 04 06 07 08 09 10 05 01 05 06 06 07 08 09 09 10 10 08 11 11 11 12 12 13 13 12 13 14 14 15 15 16 16 14 15 15 15 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 IsométricaTérreo 5.OProjeto 5.6 Térreo Figura58 PerspectivaIsométricaTérreo Fonte:Elaboradopelaautora Depósito DML Subestação WCPCD CopaCoworking Coworking SalaReunião Comércio/Serviço 70
Figura59 PerspectivaTérreo Fonte:Elaboradopelaautora
Figura60 PerspectivaTérreo Fonte:Elaboradopelaautora
Figura61 PerspectivaRestaurante/Cafeteria Fonte:Elaboradopelaautora
ivaLoja Fonte:Elaboradopelaautora
Figura63 PerspectivaTérreo Fonte:Elaboradopelaautora
Figura64 PerspectivaCoworking Fonte:Elaboradopelaautora
Figura65 PerspectivaCoworking Fonte:Elaboradopelaautora
5.OProjeto 5.6 1° Pavimento Garagem e Mezanino 78 O primeiro pavimento conta com a garagem comercial contendo as vagas das lojas do térreo e coworking Além disso, o pavimento possui os mezaninos das lojas e do coworking de forma a garantir um melhor aproveitamento do espaço Destacam se ainda os grandes vãos que possibilitam um pé direito duplo nohalldeentradaecoworking VagaBicicleta-Comercial VagaCarro-ComercialVaga Moto-Comercial 12124 Vagas GaragemeMezanino
Garagem Comercial Mezanino Comercial Mezanino Coworking 01 02 03 01 02 02 02 02 02 02 01 03 02 02 02 02 02 02 Isométrica1°Pavimento-GaragemeMezanino 5.OProjeto 5.6 1° Pavimento Garagem e Mezanino Figura66 PerspectivaIsométrica1°Pavimento GaragemeMezanino Fonte:Elaboradopelaautora 79
Assim como em outros espaços do projeto, este pavimento é amplo e projetado de modo a deixar o usuárioseapropriarcomomelhorlheconvém.Omobiliáriodestedesseespaçofoipensadodeforma que pudesse ser facilmente reorganizado de acordo com seus usuários. A criação de espaços como lavanderia coletiva e cozinha coletiva permitem que os apartamentos não contem com esses ambientes ou que sejam reduzidos como no caso da cozinha Além dessas áreas, cria se também terraçosparacontemplação,refeiçõeseoutrasatividades,emqueasmesaspodemserorganizadas para pequenos ou grandes grupos, de forma a fortalecer o sentimento de comunidade Além de mobiliário,oterraçopossuiespaçosparaatividadeseaulasaoarlivrecomoyogaepilates
5.OProjeto
80 O terraço também conta com uma horta comunitária para os residentes As hortas comunitárias inserem no projeto uma relação entre a arquitetura e o urbanismo do espaço, além da proposta dinâmica e coletiva, se trata de uma requalificação urbana, ou até mesmo de uma reeducação social,abordandoquestõescomocoletadeáguaecompostagemderesíduosgeradospelospróprios moradoresdocomplexo.
5.6 2° Pavimento Pilotis Opilotispossuigrandesespaçoscoletivosdelazeredescansoparausoexclusivodosmoradoresdo edifício.OpavimentocontacomtrêsáreasdeVivênciaparadescansoelazer,umaÁreadeVivência Interna com uma cozinha coletiva e espaço de refeições, Área de Vivência Externa com um grande terraço e Área de Vivência com sala de jogos, além de um lounge gourmet, lavanderia coletiva, academia,saladeestudoseTV.
Osespaçosseconformamapartirdedivisõesfísicasentreassuasfuncionalidades Aconexãovisual presente entre todos os recintos, estabelece um vínculo constante e senso de comunidade entre os usuários desta arquitetura que passam a se comunicar, mesmo que indiretamente, pelas grandes aberturas,vedaçõestranslúcidasepelosgenerososvãosqueinterligamerelacionamosambientes
Jáapiscinafoiposicionadanaslateraisdoterrenoquemaispossuemhorasdesolduranteoano,e seuformatopermiteummelhoraproveitamentodosollevandoemcontaassombrasdaedificação.
01 02 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 03 04 05 06 06 05 04 03 02 07 07 08 08 09 09 10 10 11 11 12 13 12 13 14 14 Isométrica2°Pavimento Pilotis 5.OProjeto 5.6 2° Pavimento Pilotis Figura67 PerspectivaIsométrica2° Pavimento Pilotis Fonte:Elaboradopelaautora Academia Área de Vivência 1 Área Interna Área de Vivência 2 Área Externa Área de Vivência 3 Jogos Área Gourmet Horta Comunitária Lavanderia Lounge Externo Piscina Sala de Estudos Sala de TV Vest. Fem. Vest. Masc WC PCD 82
Figura68 PerspectivaPilotis Fonte:Elaboradopelaautora
Figura69 PerspectivaPilotis Fonte:Elaboradopelaautora
Figura70 PerspectivaPilotis Fonte:Elaboradopelaautora
Figura71 PerspectivaPilotis Fonte:Elaboradopelaautora
Figura72 PerspectivaPilotis Fonte:Elaboradopelaautora
5.6 Pavimento Tipo Já em relação ao compartilhamento, o projeto propõe nos pavimentos tipos, apartamentos individuaisquegarantemaprivacidadedosmoradoresecomoextensãodestestemososespaços comunitários, compostos por uma cozinha comunitária e espaço de estar e convivência. Dessa forma, a privacidade de cada morador é respeitada e ao mesmo tempo seus desejos de vida comunitáriatambémsãorealizados,sendoformadaspequenascomunidadesemcadapavimento.
A fim de atingir os objetivos conceituais do projeto, os espaços de habitação serão definidos como unidades. Buscando o máximo aproveitamento do espaço interno privado dentro dos apartamentos, as unidades terão cerca de 30m², podendo haver junção de duas unidades. É importante ressaltar que uma das estratégias utilizadas para gerar mais interação entre os moradores é a criação de espaços individuais compactos, oferecendo funcionalidade e conforto, mas priorizando os espaços coletivos. Dessa forma pode-se observar que as unidades possuem pequenascozinhas,jáqueosambientescoletivosdecozinhaelavanderiadãoumsuportemaior. Todas as unidades são equipadas com mobiliário para maior comodidade dos moradores, com espaçoparapreparoderefeiçõeseespaçodedescanso.
Foram criados seis tipos de layouts das unidades, sendo pensadas três plantas e duas variações de layouts para cada. Teve-se como objetivo não apenas atender a diferentes necessidades e conformações familiares, como também flexibilizar ao máximo os layouts para as condições cambiantes dos moradores. Assim, existem opções para casais ou duplas de solteiros, com mais ou menos privacidade. Além destas possibilidades pensou-se também na ocupação por arranjos familiaresmaiores,ondefez-senecessáriopensarumanovaconfiguraçãounindoduasunidades, comoobjetivodecriarvariaçõesnolayouteatenderaosvariadosperfisfamiliares. Com relação ao mobiliário, optou-se pela simplicidade, as unidades contam com guarda roupa, uma cama, mesa de estudos, bancada para refeições, banheiro, cozinha, sala de tv e uma varanda.Ascamasterãogavetasparaoarmazenamentodeobjetospessoais.Algumasopçõesde quartos possuem escrivaninhas, porém, como os espaços comuns são prioritários, suas dimensõessãobastantereduzidas.
Área compartilhada posicionada no centro enquanto que as unidades habitacionais se posicionamemsuaórbita; Unidadeshabitacionaiscomáreasreduzidaseitensessenciais,deformaqueousuáriopossa minimamentesuprirsuasnecessidadesemseuespaçoindividual,masestimulandoousodos espaçoscompartilhados,eassim,aumentaraschancesdeintegraçãodeseususuários; Visibilidadetotaldoespaçocompartilhadodevidoainexistênciadebarreiras; Oespaçocentralémultiuso; Cada pavimento possui a sua área compartilhada fazendo com que a distribuição seja mais homogênea, e sua visibilidade poderá ser convidativa também para usuários de outros Opavimentos;mobiliário escolhido apresenta um mix de itens que são de fácil mobilidade e que apresentampossibilidadesdenovoslayouts. A circulação vertical, centralizada do edifício está de frente para a cozinha colaborativa, assim, umgrandeespaçomultiusocentral,envolvendoumacozinhacolaborativafuncionacomocoração de cada pavimento proporcionando maior permeabilidade dinâmica entre os pavimentos e convidandoosmoradoreseusuáriosausufruirdatrocadeexperiênciasedeserelacionarcomas pessoasdeformacolaborativa.
Pode-se observar alguns parâmetros estabelecidos anteriormente para que uma área compartilhadapossuaumaltopotencialagregador,dentreelespodemoscitar:
654321. 88 5.OProjeto
5.OProjeto 5.6 Unidades (Apartamentos) Figura75 PerspectivaIsométricaUnidadeA1 Fonte:Elaboradopelaautora. 92 AunidadeA1possuicomopúblicoalvoalvoalguémqueprefiradividirahabitaçãoouumpaisolteiro com filho, possuindo duas camas de solteiro no quarto. A habitação é voltada para pessoas que buscamporumpoucomaisdeprivacidadeeporissopossuiumacozinhacomilhaemesajuntodela sendoindicadaparaindivíduosqueapreciemoatodecozinhar,alémpossuirumasaladeestarpara descansointegradaàcozinha.
Figura78 PerspectivaUnidadeA2 Fonte:Elaboradopelaautora
5.6 Unidades (Apartamentos)
AunidadeB1diferencia sepelasubstituiçãodasaladeestarporoutroquarto,alémdareduçãoda cozinha, substituindo a geladeira por um frigobar e a mesa de refeições é fixa na parede com possibilidade de dobrar para ganhar espaço Esta é uma unidade voltada para pessoas que necessitem ou prefiram dividir a unidade com mais indivíduos, podendo ser do mesmo conjunto familiar ou não. Destaca se ainda a extensa varanda como um possível espaço de lazer ou estar, funcionandocomoumaextensãodoquarto.
Figura79 PerspectivaIsométricaUnidadeB1 Fonte:Elaboradopelaautora 96 5.OProjeto
Figura80 PerspectivaUnidadeB1 Fonte:Elaboradopelaautora
5.OProjeto
Figura84 PerspectivaUnidadeC1 Fonte:Elaboradopelaautora
5.OProjeto
Figura86 PerspectivaUnidadeC2 Fonte:Elaboradopelaautora
5.7 Materialidade Madeira Vidro CimentoQueimado Vegetação Figura87 Perspectiva Edifício Fonte:Elaboradopelaautora 104 FachadaFachada 5.OProjeto
Já em relação à materialidade, o projeto busca trazer diferentes materiais que criem a interlocução entre o ambiente interno e externo Foram utilizados como principais materiais a madeira, no mobiliário, revestimento e nos brises; o cimento queimado como revestimento interno e externo; grande utilização de vidros para permeabilidade visual; e a utilização de vegetação tanto externa quantointerna Alémdisso,osbrisestambémproporcionamumamaiordinâmicanafachadaatravés dousoquepodeserfechadoouaberto.Asjanelaseportasquecompõemasfachadasdaedificação possuem um tamanho diferenciado, sendo elas um pouco maiores em relação às medidas tradicionais, com o intuito de uma maior entrada de ventilação e iluminação natural nos cômodos Estas possuem película, para proteção solar e privacidade e sua esquadria é de alumínio na cor branca, com vidro laminado. Nas varandas e no terraço do segundo pavimento foi utilizado um guarda corpocomvidrolaminado As esquadrias de vidro proporcionam uma permeabilidade visual entre os ambientes, auxiliando na representação do conceito de reverberar na edificação O térreo, o primeiro e segundo pavimento sãocompostosemsuamaioriadepeledevidro,comjanelasmaxim arparaumamelhorventilação Ospisosdecimentoqueimado,asparedescomrevestimentosdeconcretoouembranco,amadeira claraeosvidros,elementossuavesenaturaiscompõeaestéticadasformaspurasdoespaço
Das soluções aplicadas a todas as tipologias temos as portas das unidades com uma parte fixa com uma basculante na parte superior, permitindo que possam abrir e fechar dando à esquadria um maior dinamismo e eficiência, e principalmente um controle sobre a ventilação no local, proporcionando ao ambiente maior conforto, sem perder a garantia de privacidade no local, pois mesmo que aberta parcialmente, quem está do lado de fora do ambiente não consegue visualizar o ambienteinterno. Devido ao extenso uso de peles de vidro em toda a fachada comercial do edifício para a conexão e visibilidade, foi necessário pensar em soluções projetuais para amenizar a incidência solar nos ambientes, pensando tanto no conforto térmico quanto acústico. Dessa maneira, foi previsto um brise na parte superior de toda a pele de vidro, servindo como um anteparo preliminar contra a incidênciadiretadosol Comistoobserva seasmedidasadotadasparagarantiroconfortoambiental: brisese marquises ventilação cruzada vegetação CortePerspectivado ConfortoAmbiental Fonte:Elaboradopelaautora CortePerspectivado-ConfortoAmbiental
Figura88
Utilizaçãodevegetaçãotantonosespaçosexternosquantonosespaçosinternosaumentandoa sensaçãodebem estareconforto. Utilizaçãomáscarasdesombra,comobrisesemarquises Utilização de materiais para conforto acústicos como drywall e esquadrias com tratamento acústicoeadesivo. Ventilação cruzada → Esquadrias principais com basculante para ventilação e aberturas em ladosopostosdaedificaçãoparamelhoraracirculaçãodeventos
Conforto ambiental: insolação, ventilação natural e acústica
A busca pelo conforto ambiental através de elementos naturais é de suma importância para todo e qualquer tipo de edificação e projeto. Hoje em dia, com a pauta de sustentabilidade, questões ambientais, eficiência e economia em alta, não se pode deixar esse tema para trás Nas áreas coletivas foram consideradas grandes aberturas para garantir boa incidência de luz e ventilação naturalnolocaldetrabalho.Jánopavimentotipo,foramtomadasprecauçõesmaioresporsetratar demoradiaeterambientesdemaiorpermanência.
105 5.OProjeto
Estas precauções têm como base os levantamentos realizados a partir do estudo com a carta solar, constatando o cuidado que cada fachada precisa ter para prover boa iluminação natural e conforto térmiconosinteriores
5.8
Considerando o clima da cidade de Vitória, a utilização de grandes aberturas se torna algo imprescindível,permitindoapresençadegrandeventilaçãoportodooedifício Emcontrapartida,as grandes aberturas permitem a grande entrada de raios solares, por isso os vidros contam com adesivos que diminuem a área de entrada de raios solares, criando um bloqueio parcial da luz e privacidade para os ambientes. Além disso, são propostos brises móveis, elemento que permite o controle do morador para a incidência de luz, raios solares e ventilação natural dentro de sua habitação.Emrelaçãodailuminaçãoartificial,estáligadaàsplacassolaresinstaladasnacobertura, permitindoqueoedifíciotenhaumaautossuficiênciaenergética.
5.9 Corte Perspectivado Figura89 CortePerspectivado Fonte:Elaboradopelaautora 106 5.OProjeto
5.10 Corte AA 107 5.OProjeto
5.10 Corte BB 108 5.OProjeto
5.11 Fachada Frontal 109 brisedecorrer emmadeira revestimentoem cimentoqueimado jardineira guarda corpoepelede vidroemalumínionatural comvidrolaminado pinturabranca janelaseportasemalumínio brancocomvidrolaminado 5.OProjeto
5.11 Fachada Lateral Esquerda 110 brisedecorrer emmadeira revestimentoem cimentoqueimado jardineira guarda corpoemalumínio naturalcomvidrolaminado pinturabranca janelaseportasemalumínio brancocomvidrolaminado 5.OProjeto
5.11 Fachada Posterior 111 brisedecorrer emmadeira revestimentoem cimentoqueimado jardineira guarda corpoepelede vidroemalumínionatural comvidrolaminado pinturabranca janelaseportasemalumínio brancocomvidrolaminado 5.OProjeto
C o n s i d e r a ç õ e s F i n a i s 6
Aolongodoprocessoderealizaçãodotrabalhoprocurou-sepormeiodeespaçoscompartilhados, repensaramoradiaeasinteraçõessociaiscriadasnasesferascoletivaseprivadas.Paratanto,a base de pesquisa bibliográfica e projetual, tanto histórica quanto contemporânea, foi essencial para a análise e compreensão das distintas formas de habitação compartilhada hoje existentes e para a definição do escopo do projeto e os partidos adotados. Observou-se que diante da diversidade vivenciada na contemporaneidade, onde observam-se modos de vida, dinâmicas de trabalho e núcleos familiares variados, as tipologias de habitações tradicionais não são adequadas, sendo necessário a busca por novas tipologias, sendo neste trabalho apresentada a moradiacompartilhada. Assim,presume-sequeosobjetivosestabelecidosnoiníciodotrabalhoemrelaçãoàpropostade habitaçãocompartilhadatenhamsidoalcançados, equeosconceitosanalisadosforamrebatidos na proposta arquitetônica. Resultando assim, em uma edificação que se insere de forma complementar ao meio urbano, proporcionando serviços comerciais e vitalidade à região; promove ainteração social entre moradores enãomoradores emdiferentes níveis deintimidade; complementa as habitações através de espaços coletivos que respondem às necessidades domésticas, pessoais, sociais e de lazer dos usuários; promove o contato com áreas verdes e o meio urbano; proporciona habitações que atendem as necessidades básicas humanas através de ambientes funcionais, e que ainda possibilitam novos arranjos para atender a diversidade de diferentes grupos familiares e usuários. Por fim, entende-se que a elaboração deste Projeto de Graduação,doqual buscarelacionarocaráterteóricodeumapesquisaacadêmicacomasolução prática de um projeto arquitetônico, foi possibilitada através de todo o conhecimento interdisciplinaradquiridonaformaçãoemArquiteturaeUrbanismo.
115
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