Revista luiza2

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Informática

Edição 1 - Ano I

Uma ambiciosa técnica para combater vírus compila um mesmo programa de formas diferentes

Entrevista

Léa Fagundes sobre a inclusão digital

Moto E: tudo sobre o novo smartphone barato da Motorola Mais de 5 dias por ano são perdidos por quem possui computadores lentos A primeira comida barata feita em impressora 3D é deliciosa


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SU MÁ RIO

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Editorial

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Mais de 5 dias por ano são perdidos por quem possui computadores lentos

Segurança com Onionshare

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04

Uma ambiciosa técnica para combater vírus compila um mesmo programa de formas diferentes

Entrevista com Léa Fagundes sobre a inclusão digital

07 Moto E: tudo sobre o novo smartphone barato da Motorola

06 A primeira comida barata feita em impressora 3D é deliciosa

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ED I TO RIA L Não repare na bagunça: estamos preparando uma série de mudanças no Gizmodo Brasil Como sempre gostamos da presença de você, caro leitor, pelas páginas do Giz, prezamos sempre para termos: 1) conteúdo relevante e diferente

e o que esperamos para o futuro.

2) um bom lugar para que você se sinta bem lendo nosso site. Se você nos visita com frequência, já deve ter reparado que nos últimos meses empilhamos algumas caixas, pregamos algumas coisas diferentes, e fomos dando um jeitinho. A boa notícia é que, enfim, teremos uma grande mudança no design do Gizmodo Brasil. E, com um novo desenho, também temos novidades em nossa equipe, em nossas coberturas

Hoje à tarde entra no ar o novo design do Giz. Depois de mais de um ano com o formato atual, decidimos ir para algo maior: fotos enormes, texto mais fluido para leitura, e novos formatos. Assim, queremos valorizar mais nosso conteúdo, que às vezes fica espremido em 640 pixels por pura limitação. Chega de um limite tão pequeno, certo? Por isso mesmo, também teremos versões maiores e menores das matérias, galerias de fotos horizontais e verticais para adicionar as belas matérias de foto que temos produzido, e muitas outras coisas. E, mais do que isso, queremos adicionar profundidade na navegação – para que você não tenha só o dia de hoje para explorar – com um menu inteligente, esperto e nada intrusivo (diferente desse beta que colocamos no ar na semana passada). Mas, bem, todos os detalhes e dicas de navegação nós contaremos quando o site novo estiver no ar. Assim, fique pronto para novidades, destaques, matérias sensacionais e fotos enormes. Prepare-se para o novo Gizmodo. Além disso, a mudança de design marca também uma mudança editorial. Continuamos apaixonados por gadgets, tecnologia e o futuro, mas estamos cada vez mais interessados em todo o universo de cultura em que a tecnologia vive hoje. Mais do que celulares, benchmarks e pixels por polegadas, queremos falar da tecnologia que muda nossas vidas, daqueles pequenos detalhes que costumam passar batidos e merecem mais destaque. E, pensando num contexto maior, queremos ampliar nossa cobertura para além da tecnologia: cultura pop, cinema, quadrinhos, design, arqui-

tetura – todo esse universo que conversa, mesmo que lateralmente, com a tecnologia. Queremos experimentar bastante, mas sem perder nossa veia tecnológica. Acredito bastante que somos capazes de fazer isso. É nesse contexto que anuncio que, infelizmente, nosso sempre esperto repórter Rodrigo Ghedin está saindo do Gizmodo Brasil. O Ghedin decidiu embarcar em um projeto muito interessante (mas quem pode falar mais sobre isso é ele, não eu) e, apesar de saber que estamos perdendo uma grande figura, só posso agradecê-lo pelos tempos de Giz, pelos furos, coberturas e reportagens, e desejá-lo boa sorte. Eu diria que vocês ainda o verão por aqui de vez em quanto, mas vamos por partes… Da parte do Giz, o que importa é que teremos novidades, novas pessoas e novas ideias por aí. Já temos tudo bem desenhado, pessoas trabalhando nisso, e estamos bem empolgados com os próximos passos. Mais do que bater recordes de audiência (setembro foi o melhor mês da história do Giz, batendo… agosto passado!), queremos oferecer as melhores reportagens, reviews e críticas para vocês. E queremos vocês juntos nessa. Ainda hoje traremos todos os detalhes do redesign, e esperamos que vocês curtam. E vamos nessa.

Editor-chefe

Prof. Demétrio Soster

Editora

Ana Cláudia Schuh

Subeditora

Yaundé Narciso

Editora de fotografia Andréia Bueno

Editora multimídia Jeniffer Gularte

Subeditora multimídia Débora Kist

Edição de arte

Frederico Silva Carlos Viviane Herrmann

Diagramação

Renan Silva Ana Luiza Rabuske

Capa

Foto: Renan Silva

Edição

FredericoSilva Carlos Viviane Herrmann

Reportagem

Ana Cláudia Schuh Ana Luiza Rabuske Andréia Bueno Débora Kist Ingrid Guedes Jeniffer Gularte Jonara Raminelli Larissa Almeida Marluci Drum Michelli Julich Renan Silva


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Mais de 5 dias por ano são perdidos por quem possui computadores lentos CCleaner Que tal fazer com que seu computador seja iniciado de forma mais rápida? Desatrive a inicialização de aplicações não fundamentais ao seu sistema, remova arquivos temporários e execute a limpeza de seus registros online por meio desta bem conceituada ferramenta.

por Ramon Voltolini

Advanced System Care Responsável também por executar ações semelhantes às ações feitas por ambos os programas listados acima, Advanced System Care é outra opção a quem deseja otimizar o funcionamento de seu sistema operacional. Execute uma varredura em seu software e configure o programa para desligar sua máquina automaticamente após a conclusão do processo.

U

m estudo divulgado pelo portal britânico Huffpost Tech revelou dados no mínimo curiosos: computadores lentos podem fazer com que até 5 dias e meio por ano sejam perdidos por pessoas que aguardam a execução de processos pelas máquinas. De acordo com a SanDisk, empresa responsável por publicar a pesquisa, dispositivos eletrônicos de baixo desempenho deixam cerca de 30% dos usuários de mau humor; 17% dos 8 mil entrevistados chegam a tomar atitudes drásticas quando se deparam com lentidão (como jogar o gadget contra a parede ou esbofetear o aparelho). O chamado “tempo da inatividade digital” é considerado uma das sete experiências cotidianas mais frustrantes enfrentadas pelos cidadãos do Reino Unido ouvidos pelo estudo – a lista em xeque leva em conta, por exemplo, o estressante tempo gasto durante a espera por transporte público e os minutos ou horas perdidos em função da espera de uma mesa em restaurantes. “Os usuários de computadores gastam muito tempo com seus dispositivos lentos – é compreensível que eles queiram recuperar essa perda de alguma forma”, diz Stefan Kratzer, executivo da SanDisk. Mas a lentidão na execução de tarefas simples por máquinas mais modestas não é “luxo” apenas dos entrevistados britânicos. Problemas relacionados ao desempenho de computadores são frustrações enfrentadas por pessoas mundo afora. Quanto tempo você perde por dia em sua casa ou trabalho quando se depara com situações deste tipo? Um fôlego a mais à sua máquina Softwares capazes de transformar um computador de qualidade mediana em uma máquina de alto desempenho não existem – se os componentes do PC não se adequam às especificações mínimas exigidas por deter-

minadas aplicações, o programa em questão simplesmente não será executado. Há, porém, formas de otimizar o desempenho de seu computador por meio de ferramentas destinadas à limpeza e gerenciamento de sistema. Confira abaixo algumas dicas: TuneUp Utilities 2014 Desenvolvido pelos mesmos criadores do

popular antivírus AVG (baixe-o por meio deste link), este robusto programa oferece ferramentas capazes de melhorar de forma substancial o desempenho de computadores. Elimine arquivos duplicados, gerencie as tarefas de seu sistema, execute a limpeza de disco, explore as mais de 30 opções oferecidas por TuneUp Utilities 2014 e dê um fôlego a mais à sua máquina. Além fazer com que seu PC “respire mais liviado”, TuneUp Utilities 2014 conta com mecanismos para a personalização do Windows, permitindo a alteração das preferências da Barra de Tarefas, das animações e efeitos do Windows Explorer, das opções de pastas, do sistema de arquivos, da aparência de ícones e de outros elementos do sistema operacional.

Onionshare é um software para quem quer compartilhar arquivos com segurança e anonimato Vamos dizer que você tem em mãos documentos confidenciais bombásticos – como os de Edward Snowden – e quer um lugar seguro para enviá-los mantendo o seu anonimato. O Onionshare é um software gratuito exatamente para isso, e foi lançado nesta semana. Criado por Micah Lee, um especialista em criptografia do site The Intercept – criado pelo jornalista Glenn Greenwald após deixar o The Guardian -, o Onionshare envia os arquivos através da rede do Tor para o seu destinatário, e, assim, não cai nas mãos das autoridades. “É basicamente 100% darknet”, explica Lee. Lee teve a ideia de desenvolver o Onionshare após ler um pouco sobre a aventura de Greenwald e os desafios enfrentados pelo jornalista enquanto tentava transportar os arquivos vazados por Snowden de um canto para o outro do mundo. Em certo momento, Greenwald descobriu que seus arquivos estavam corrompidos, e ele precisava recuperar cópias deles com a jornalista Laura Poitras, que estava na Alemanha. Como fazer isso de maneira segura? Usando um drive USB transportado pelo parceiro de Greenwald, David Miranda, para o Brasil. Lembra daquele caso em que Miranda passou nove horas detido em um aeroporto em Londres? Então, ele estava com esses drives USB. O funcionamento do Onionshare é até simples. Quando alguém tenta enviar um arquivo, o software cria um site temporário protegido por senha na rede do Tor. O destinatário recebe a URL e a senha para o site através de mensagens criptografadas e acessa o site – ali, pode baixar os arquivos. Apenas um dos lados precisa do Onionshare: quem quer enviar. Quem vai receber só precisa usar o navegador do Tor. Por enquanto o Onionshare, disponível no GitHub, só roda através de linha de comando no sistema operacional Tails, baseado no Tor e que pode ser usado em máquinas com Windows e Mac, mas a ideia é que ele receba versão que rodem diretamente nos sistemas da Microsoft e da Apple. [Wired]


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Uma ambiciosa técnica para combater vírus compila um mesmo programa de formas diferentes Por que vírus e malware em geral conseguem afetar tantas pessoas ao mesmo tempo? O principal motivo: bilhões de pessoas rodam versões basicamente idênticas de um programa ou sistema operacional. Essa “monocultura” é um alvo enorme para hackers e pessoas mal-intencionadas. Bem, se hackers podem criar diversas variações de um mesmo vírus, por que não usar a mesma ideia para programas legítimos? É o que propõe Michael Franz, professor de ciência da computação na Universidade da Califórnia em Irvine. Ele sugere que nós deveríamos aprender com a biodiversidade: cada indivíduo de uma espécie é geneticamente diferente do outro, e assim uma população inteira não pode ser devastada por um vírus ou bactéria. Da mesma forma, usuários de Windows – ou Firefox, ou qualquer outro – estariam mais seguros se o software tivesse suas próprias variações genéticas. Como? Em vez de compilar o código para criar uma versão única do programa, Franz criou um “multicompilador”. A Economist explica: Este método, que diminui imperceptivelmente a velocidade de execução do código, permite que um “multicompilador” crie bilhões de versões diferentes, mas funcionalmente idênticas, do programa original. Quando um usuário baixa esse programa

de uma app store na nuvem, o multicompilador na loja gera uma versão exclusiva, tornando quase impossível a tarefa de um hacker. Franz já testou isso em software de código aberto, como o Firefox, Apache e Wine. Em todos os casos, o malware feito para atacá -los não funcionava – no máximo, fazia o computador travar. E, no geral, o desempenho do programa era apenas entre 0% e 10% menor. Em 2012, Franz recebeu a patente nos EUA relativa ao multicompilador. Mas peraí… e os bugs? Multiplicar versões de um mesmo programa significa que a chance de aparecer falhas aumenta – e fica difícil resolvê-los, já que cada pessoa roda um software diferente. Claro que Franz sabe disso. Em um paper apresentado este ano no Security and Privacy Symposium da IEEE, ele explica: Infelizmente, a diversidade de software interfere com o processamento de relatórios de erro… Uma solução inicial seria gerar ou guardar informações de debug para cada variante do programa no servidor dos relatórios de erros… Uma alternativa é esconder os efeitos da diversificação nos relatórios de erro. Eles seriam… combinados ao que uma cópia não-diversificada do programa iria reportar para o mesmo erro. Franz reconhece que adotar uma “biodi-

versidade” em software não será uma tarefa fácil, mesmo que a técnica funcione. Ele diz à Deustche Welle: “A maioria dos engenheiros fica absolutamente horrorizada com a ideia de qualquer coisa que não seja totalmente previsível e repetitiva”, diz ele. “Afinal de contas, estamos dizendo às pessoas para executar programas de software que ninguém jamais executou antes. Isso assusta muitas pessoas.” Vale lembrar, no entanto, que a ideia de diversidade em software não é nova: programas embarcados em aviões, por exemplo, têm código diferenciado para serem menos vulneráveis – é a chamada programação Nversões – só que cada cópia é testada antes. Mas ei, se você não está confortável com a ideia de Franz, tudo bem: as aplicações iniciais devem ser feitas em software do governo americano – o professor já recebeu mais de US$ 11 milhões nesse projeto – e algumas instituições já estão testando o multicompilador. Sim, o custo de desempenho é baixo, mas o processo de depuração talvez seja uma dor de cabeça. No entanto, o custo dos estragos causados por malware não para de aumentar – e só os antivírus não dão conta do recado.


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Entrevista com Léa Fagundes sobre a inclusão digital

Pioneira no uso da informática educacional no Brasil, Léa Fagundes cobra políticas públicas para o setor e defende a ajuda mútua entre professores e alunos

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sala de informática do Laboratório de Estudos Cognitivos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) abriga, entre vários computadores de última geração, alguns equipamentos sucateados. Embora não sejam tão antigos, esses micros parecem pré-históricos perto dos demais. A comparação entre as máquinas ajuda a perceber a rapidez vertiginosa com que a tecnologia se renova. Nesse ambiente hi-tech, instalado no Instituto de Psicologia da UFRGS, a professora Léa da Cruz Fagundes recebeu a reportagem de ESCOLA para esta entrevista sobre inclusão digital. Precursora do uso da informática em sala de aula no Brasil, a presidenta da Fundação Pensamento Digital, de Porto Alegre, tem alcançado resultados animadores com as experiências que desenvolve em comunidades carentes do estado. Elas mostram que crianças pobres, alunas de escolas públicas em que não se depositam muitas expectativas, têm o mesmo desempenho que as mais favorecidas quando integradas no ciberespaço. Segundo a especialista, o caminho mais curto e eficaz para introduzir nossas escolas no mundo conectado passa pela curiosidade, pelo intercâmbio de idéias e pela cooperação mútua entre todos os agentes envolvidos no processo. Sem receitas preestabelecidas e os ranços da velha estrutura hierárquica que rege as relações entre professores e estudantes. Léa defende a disseminação de softwares livres, sem custo e de fácil acesso pela internet. Consultora de programas federais que visam ampliar a inclusão digital nas escolas brasileiras, a professora pede mais seriedade à classe política: "Os projetos são iniciados e interrompidos periodicamente, pois as sucessivas administrações não se preocupam em dar suporte e continuidade a eles".

O que a senhora diria a um professor que nunca usou um computador e precisa incorporar essa ferramenta em sua rotina de trabalho?

Que não tenha medo de errar nem vergonha de dizer "não sei" quando estiver em frente a um micro. O computador não é um simples recurso pedagógico, mas um equipamento que pode se travestir em muitos outros e ajudar a construir mundos simbólicos. O professor só vai descobrir isso quando se deixar conduzir pela curiosidade, pelo prazer de inventar e de explorar as novidades, como fazem as crianças. Como deve ser uma capacitação que ajude o professor a se adaptar a essas novas exigências? É fundamental que a capacitação ofereça ao professor experiências de aprendizagem com as mesmas características das que ele terá de proporcionar aos alunos, futuros cidadãos da sociedade conectada. Isso pede que os responsáveis pela formação se apropriem de recursos tecnológicos e reformulem espaços, tempos e organizações curriculares. Nunca devem ser organizados cursos de introdução à microinformática, com apostilas e tutoriais. Esse modelo reforça concepções que precisam ser mudadas, como a de um curso com dados formalizados para consultar e memorizar. Em uma experiência desse tipo, o professor se vê como o profissional que transmite aos estudantes o que sabe. Se ele não entende de computação, como vai ensinar? Aprender é libertar-se das rotinas e cultivar o poder de pensar! Que competências os educadores devem adquirir para utilizar com sucesso os recursos da informática? Os professores em formação necessitam desenvolver competências de formular questões, equacionar problemas, lidar com a incerteza, testar hipóteses, planejar, desenvolver e documentar seus projetos de pesquisa. A prática e a reflexão sobre a própria prática são fundamentais para que os educadores possam dispor de amplas e variadas perspectivas pedagógicas em relação aos diferentes usos da informática na escola.

por Marcelo Alencar

Onde o professor pode buscar informações sobre inclusão digital? Ele pode visitar sites e participar de grupos de discussão. Consultar revistas especializadas e cadernos especiais dos jornais também ajuda muito. Outro caminho é buscar conhecimentos mais específicos com estudantes de escolas técnicas ou de cursos de graduação em informática e ouvir os próprios alunos. É comum encontrar estudantes que têm mais familiaridade com a informática do que o professor. Como tirar proveito disso? Transformando o jovem em um parceiro do adulto. Quando isso acontece, a relação educativa deixa de ser hierárquica e autoritária e passa a ser de reciprocidade e ajuda mútua. O educador não deve temer que o estudante o desrespeite. Ao contrário, o adolescente vai se sentir prestigiado por partilhar sua experiência e reconhecer a honestidade do professor que solicita sua ajuda. Esse fato é determinante para a criação de um mundo conectado. A senhora coordena programas ligados à inclusão digital em escolas públicas. Que lições tirou dessa experiência? Na década de 1980, descobri que o computador é um recurso "para pensar com", e que os alunos aprendem mais quando ensinam à máquina. Em escolas municipais de Novo Hamburgo, crianças programaram processadores de texto quando ainda não existiam os aplicativos do Windows, produziram textos de diferentes tipos, criaram protótipos em robótica e desenvolveram projetos gráficos. Hoje, encontro esses meninos em cursos de ciência da computação, mecatrônica, engenharia e outras áreas. Na Escola Parque, que atendia meninos de rua em Brasília, a informática refletiu na formação da garotada, melhorando sua auto-estima e evidenciando o desempenho de pessoas socialmente integradas. Alguns desses garotos foram contratados como professores e outros como técnicos. Os alunos da rede pública têm o mesmo desempenho no uso da informática que os de


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Léa da Cruz Fagundes Gaúcha, com 58 anos de magistério, a coordenadora do Laboratório de Estudos Cognitivos do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul dedica-se há mais de 20 anos à informática educacional. Psicóloga com mestrado e doutorado com ênfase em informática e conferencista internacional requisitada, Léa Fagundes preside atualmente a Fundação Pensamento Digital, organização não governamental que dissemina a computação entre populações carentes.

escolas particulares e bem equipadas? Sim. A tese de doutorado que defendi em 1986 me permitiu comprovar o funcionamento dos mecanismos cognitivos durante a construção de conhecimentos. Nos anos 1990 iniciei as experiências de conexão e confirmei uma das minhas hipóteses: as crianças pobres consideradas de pouca inteligência pelas escolas, quando se conectam e se comunicam no ciberespaço, apresentam as mesmas possibilidades de desenvolvimento que os alunos bem atendidos e saudáveis. A educação brasileira pode vencer a exclusão digital? Há excelentes condições para que isso aconteça. No Brasil já temos mais de 20 anos de estudos e experiências sobre a introdução de novas tecnologias digitais na escola pública. Esses dados estão disponíveis. O Ministério da Educação vem criando projetos nacionais com apoio da maioria dos estados, como o Programa Nacional de Informática Educativa (Proninfe) e o Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo). Muitas organizações sociais e comunitárias também colaboram nesse processo. O que mais emperra o uso sistemático da informática nas escolas públicas? A falta de continuidade dos programas existentes nas sucessivas administrações. Não se pode esperar que educadores e gestores tomem a iniciativa se o estado e a administração da educação não garantem a infra-estrutura nem sustentam técnica, financeira e politicamente o processo de inovação tecnológica. Como o computador pode contribuir para a melhoria da educação? Inclusão digital não é só o amplo acesso à tecnologia, mas a apropriação dela na resolução de problemas. Veja a questão dos baixos índices de alfabetização e de letramento, por exemplo. Uma solução para melhorá-los seria levar os alunos a sentir o poder de se comunicar rapidamente em grandes distâncias, ter idéias, expressá-las como autores e publicar seus escritos no mundo virtual.

Nossas escolas estão preparadas para utilizar plenamente os recursos computacionais? A escola formal tem privilegiado essa concepção: é preciso preparar a pessoa para que ela aprenda. Mas o ser humano está sempre se desenvolvendo. Assim, as instituições também estão constantemente em processo. Por isso, a escola não precisa se preparar. Ela começa a praticar a inclusão digital quando incorpora em sua prática a idéia de que se educa aprendendo, quando usa os recursos tecnológicos experimentando, praticando a comunicação cooperativa, conectando-se. Mas algumas coisas ainda são necessárias. Conseguir alguns computadores é só o começo. Depois é preciso conectá-los à internet e desencadear um movimento interno de buscas e outro, externo, de trocas. Cabe ao professor, no entanto, acreditar que se aprende fazendo e sair da passividade da espera por cursos e por iniciativas da hierarquia administrativa. Existe um padrão ideal de escola que usa a tecnologia em favor da aprendizagem? Não é conveniente buscar padrões. Como sugeria Einstein, quando se trata de construir conhecimento é mais produtivo infringir as regras. O primeiro passo é reestruturar o espaço e o tempo escolares. Devemos dar condições para que os estudantes de idades e vivências diferentes se

agrupem livremente, em lugares próximos ou distantes, mas com interesses e desejos semelhantes. Eles vão escolher o que desejam estudar. Essa liberdade definirá suas responsabilidades pelas próprias escolhas. Os professores orientarão o planejamento de forma interdisciplinar. Isso tudo é possível com o registro em ambiente magnético, que é de fácil consulta. Toda a produção pode ser publicada na internet, intercambiada e avaliada simultaneamente por professores de diferentes áreas. Qual é sua avaliação sobre a proliferação de centros de educação a distância? Nestes tempos de transição vamos conviver com projetos honestos e desonestos, alguns bem orientados e outros totalmente equivocados. O pior dos males é a voracidade do mercado explorador da educação a distância. Espero que a própria mídia tecnológica dissemine informações para o público interessado ter condições de analisar esses centros. É importante discriminar os cursos consistentes dos que "vendem ensino", ou seja, que reproduzem o ensino da transmissão, fora de contexto, em que o aluno memoriza sem compreender. Quer saber mais? Laboratório de Estudos Cognitivos, R. Ramiro Barcelos, 2600, prédio do Ciclo Básico, sala 5, 90035-003, Porto Alegre, RS, tel. (51) 33165250 e-mail: lec@psico.ufrgs.br

A primeira comida barata feita em impressora 3D é deliciosa Visite o refeitório de um lar de idosos e você verá os residentes aproveitando sua comida amassada como se fosse purê. Isso é necessário para pacientes com dificuldade em mastigar, mas nao é algo muito gostoso. Uma empresa alemã quer mudar isso ao criar comida fácil de ser mastigada feita em impressora 3D e que ainda por cima é gostosa. A empresa por trás do projeto se chama Biozoon Smoothfood. Ela usa ingredientes liquidificados – vegetais, carboidratos, carne – no lugar de tinta ou ácido polilático que uma impressora 3D normalmente usa. Os ingredientes são inseridos nos cartuchos da impressora e, com a ajuda de um agente de ligação, eles saem como comida que praticamente derrete na boca. Por enquanto eles produzem seis alimentos: couve-flor, ervilhas, frango, carne de porco, batatas e massas. Mas mais comida será adicionada ao menu no futuro. A comida pode sair em qualquer formato determinado pelo software. Lembre-se, estamos falando em impressão 3D, então o usuário ganha bastante liberdade. No entanto, a Biozoon está fazendo comida com o formato tradicional, então não é muito diferente do que os idosos gostariam de comer (comida normal em sua consistência normal). No momento, a comida está sendo feita externamente e enviada para os lares. Mas o objetivo é que, no futuro, a Biozoon consiga instalar impressora diretamente nos refeitórios dos lares para idosos. Muitos idosos precisam disso, já que sofrem de disfagia, uma condição que ageta frequentemente vítimas de derrame e causa dificuldade para engolir e pode resultar em asfixia. [Munchies via The Wire]




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Moto E: tudo sobre o novo smartphone barato da Motorola Por Nilton Kleina

Já não era surpresa para ninguém depois dos vazamentos completos, mas a Motorola finalmente anunciou de forma oficial o Moto E, o mais novo competidor do mercado de smartphones de entrada. Isso significa um baixo custo, mas não necessariamente um produto com pouca potência ou qualidade.

para todos”, o aparelho é uma prova de que o Moto G foi mesmo um sucesso de vendas — e que muito mais gente não precisa de um celular de altíssimo desempenho, mas está disposta a desembolsar um pouco mais por um bom nível de conforto.

O lançamento do aparelho já faz parte dos planos da chinesa Lenovo, que está finalizando a compra da Motorola. O público-alvo é o consumidor que deseja um aparelho no mínimo competitivo, mas que não está disposto a gastar mais de R$ 600 por um smartphone. Ou seja, caso seja bem-sucedido, o Moto E pode revolucionar o mercado dos chamados feature phones, que terão que se reinventar para competir.

O Moto E pode ser destinado ao público de entrada e possuir um baixo custo, mas isso passa longe de significar qualidade reduzida. A tela é protegida com a tecnologia Gorilla Glass 3, da Corning, conferindo uma defesa extra contra pequenos contatos com líquidos e arranhões no painel touchscreen. A presença da versão mais atualizada do sistema operacional Android (e com uma atualização garantida) é outra boa novidade – vários modelos de celular bem mais potentes que o Moto E ainda rodam ver-

Sob o slogan “Feito para durar. Acessível

Não é xing-ling

sões Jelly Bean. Já a bateria não chega perto dos valores absurdos de mAh de aparelhos de elite, mas a Motorola garante que ela dura um dia inteiro de uso contínuo sem a necessidade de recarga. O único porém fica por conta do armazenamento interno: dos 4 GB oferecidos, apenas 2,21 GB estão livres para que você insira músicas, apps, vídeos, fotos e outros conteúdos. Felizmente, há a possibilidade de expansão com cartão de memória.

O estilo continua As capinhas coloridas e intercambiáveis apresentadas no Moto G parecem ter feito sucesso: a Motorola repete a estratégia aqui, agora com uma variedade muito maior de painéis traseiros para que você deixe o celular com a sua cor favorita – ou com a que você está a fim de usar no dia. Ao todo são nove capinhas coloridas e a possibilidade de comprar alto-falantes sem fio que também estão disponíveis nas cores personalizáveis do celular. Já o aparelho em si vem nas cores branca e preta, outra diferença em relação ao Moto G. O design do Moto E não difere muito dos antecessores, o Moto G e o Moto X. O aparelho possui uma câmera circular, a carcaça cheia de curvas e a logo da fabricante em uma concavidade, logo abaixo da lente. Mas isso não significa que o aparelho não apresenta novidades: o fabricante apresentou com o aparelho o serviço “Motorola Alert”, um app de segurança que envia alertas a outras pessoas com a sua localização, caso você saia de determinado lugar. Já o “Modo de Emergência” permite a você fazer uma chamada ou enviar uma mensagem de forma rápida e urgente.


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Desempenho e Software Seguindo o que fez com seus outros dois smartphones da linha Moto, a Motorola deixou o Android 4.4 KitKat praticamente intocado, e isso é excelente. O sistema do Google é muito bom na forma como o Google idealizou e em hardwares mais baratos, quanto menos coisa for adicionada para atrapalhar, melhor (sim, estou falando com todas as skins). Alguns apps desenvolvidos pela Motorola, que também aparecem no X e no G, estão no E: o Moto Assist, para configurações automáticas; a Migração Motorola, para transferir dados de outro smartphone; e o BR Apps, com dicas de apps nacionais para download. O Moto E ganhou dois novos softwares além desses três: o Ajuda, para suporte, e o Alerta, que permite enviar uma mensagem de texto para outra pessoa para avisar que você está (ou não está) em determinado lugar. Tirando isso, temos o Android do Google, com todo o pacote de softwares e quase nada de bloatware. E essa versão “limpa” do sistema contribui muito para o ótimo desempenho do smartphone: sem animações desnecessárias, mudanças toscas de interface e outras coisas, o Moto E roda liso. No meu teste, ele não travou, não apresentou lentidão nem nada, e isso alternando entre apps pela multitarefa. Os apps abrem rapidamente e em segundos você consegue entrar em algum site pelo Chrome, ou checar o Twitter, Facebook, mudar de algum app para o Instagram. Para o uso básico de um smartphone, o Moto E tem um desempenho fantástico e oferece uma experiência semelhante à encontrada em alguns mode-

los mais caros. A bateria de 1980mAh, diz a Motorola, dura o dia inteiro. De fato, mesmo usando o Moto E intensivamente durante um dia, percebi que, à noite, a bateria ainda não estava perto de acabar – ela ainda tinha cerca de 40% da carga. Então, o Moto E tem uma bateria competente e aguentará facilmente um dia inteiro sem que você se preocupe com ter de carregá-lo. Um ponto positivo para a Motorola, que já vem há algum tempo acertando a mão nesse quesito – desde o Razr MAXX e sua bateria imortal, passando muito bem por Razr D1, D3, Moto X e G.

Conclusão A Motorola diz que o Moto E foi pensado

para ser o primeiro smartphone de uma pessoa, e nisso ele é excelente. Desempenho que não deve nada aos grandalhões do mercado, tela bonita e com cores vivas, bateria que aguenta muito bem um dia agitado e bem, uma câmera (fraquíssima, mas uma câmera). Ele recebe muito bem quem está entrando no mundo dos smartphones, e dificilmente alguém vai se arrepender de comprar um.

Disponibilidade O Moto E será vendido a partir de amanhã (14) e deve estar disponível em mais de 40 países no lançamento inicial. No Brasil, ele custa R$ 529 na versão dual-chip e R$ 599 em uma versão dual-chip que acompanha ainda TV digital.


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