Luiz Carlos Lima
Desamar, Desamor, a brisa nos avisa Precisamos desarmar o desejo de dominar Controlar , Desalmar O mar alivia a alma O ar embala as ondas Ir e vir Eterno fluir Vida amar desamar Ah , o mar No inicio de tudo era água e algas Submersos no imenso infinito Como não amar o mar? Nossa mãe Oxigênio – vida – origem Água -mar – oceano Grande ser vivo nascido há milhares de anos
Nossa mais velha Dela surgimos nós O mar é mãe, protege, alimenta, nutre Aterrar manterá a vida marinha do lugar? Ah, o aterro, a engorda Enquanto muitos caminham sobre o aterro a fim de emagrecer Outros pensam e efetivam sua engorda Paradoxo? Para nada? Para todos? Aumentar a faixa de areia Onde estão os botos cinzas? Os peixes? Corais? Tartarugas marinhas? As sereias? Não as veremos mais?
Poderemos compartilhar o espaço território com o mar Antes de tudo era ela que estava lá Na beira Mar e areia Requalificar, escavar, sugar Isolar termicamente como aconteceu com o polo norte Manter espécies viva será sorte Urge o diálogo com a biodiversidade O que se deseja são caminhos e descaminhos Das pegadas frouxas na areia Sinais de quem sempre correu , caminhou, enamorou Sobre o tapete de conchas, lírios - do -mar, búzios, algas dialogando com a vida que mareia
Sob o olhar atento da guardiã Iracema maquinários, tubos, tratores , escavadeiras dragam... oh Dragão do Mar .oh mamãe Sereia como explicar a sensação de perfuração metálica no seio da onda por cilíndricos tentáculos fincados no subsolo, incessantemente jogando o que dizem ser apenas areia em cima da areia.
A beleza do verde mar, branca espuma a se deitar na fina areia se estende no alargamento da faixa e que alguns acham que haverá emprego de vendedores de din-din, amendoim e cocadeiras, outras já falam em recifes artificiais, maricultura e sequestro de carbono. E o sequestro do banco de areia? É certo a retenção dos sedimentos da praia, da erosão e invasão marítima? Ou são fatores limitantes?
Como limitar o ilimitado?! Indagações nos tomam de sobressalto Tal qual a onda que explode no quebra-mar É o grito incontido contra quem a quer contida, inibida Contorce - se em dor Resultado do desamor Devastar será o seu clamor Lutando por seu lugar em essência Ampliando consciências Enquanto a maré se reequilibra em frenesi, rezo, canto, luto por ti e por mim
Olho em volta, não ignoro os que estáticos contemplam a tudo, sufocando seu poder de agir , apenas observam os fortes espasmos /impactos/dragados, da natureza – mãe – mar pelo direito de existir.