Ao ler a viagem fantástica de Marco Polo pelo império chinês contada por Ítalo Calvino, não podia deixar de lembrar-me de minhas viagens. Entrei, então, num jogo com o texto impresso apagando a escrita do autor substituindo-a pela minha narrativa desmaterializando “minhas” cidades com recortes, a ausência da substância física do papel oferecendo-se ao reconhecimento na transparência. O leitor, agora, é instigado a identificar “meus” lugares ou reconstituir seus próprios deslocamentos pela Terra, podendo chegar a um mundo labiríntico formado pelo entrecruzar das novas ruas, pela “ausência” de quarteirões, pela superposição de esquinas, nortes e épocas. Alguns trechos de Calvino-Polo foram preservados e nessa conurbação megalopolitana, fundem-se as cidades do escritor, da personagem, do artista e do leitor.