Avaré 93 - Croqui e Projeto

Page 1

AVARÉ 93

CROQUI E PROJETO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

LUIZ HENRIQUE BOSCHI GRECCO ORIENTAÇÃO

FÁBIO MARIZ GONÇALVES ORIENTAÇÃO METODOLÓGICA

KARINA OLIVEIRA LEITÃO

2017 FAUUSP



ÍNDICE INTRODUÇÃO p. 5 CROQUI E PROJETO p. 7 O ARQUITETO GENIAL p. 14 CASA ALABASTRO p. 16 CASA AVARÉ p. 29 CADERNO DE DESENHOS p. 85 BIBLIOGRAFIA p. 101 AGRADECIMENTOS p. 103


“Eu ainda uso lápis e papel para desenhar, pois eu realmente acredito que integra uma maneira de pensar. Através do lápis, vem a emoção. Como se pode tirar emoção por um mouse num computador? Não há nenhuma emoção. É extremamente maçante. Isso é extremamente importante para que se entenda que desenhar é parte integral da descoberta.” Glenn Murcutt


INTRODUÇÃO Durante meu período de intercâmbio acadêmico em Nantes, uma professora de projeto passou a seguinte proposta para nós alunos: toda semana ela gostaria de ver um desenho do nosso sítio de projeto que tivesse sido feito “sem pensar”. A proposta, embora tenha me interessado muito, parecia um tanto quanto louca. A questão não era desenhar, não era nem o questionamento do propósito daquele exercício para o curso. O que me intrigava era a parte do “sem pensar”. Nas primeiras tentativas fiz os desenhos tentando gastar o menor tempo possível. Falhei miseravelmente, assim como todos os alunos da classe. Após aquela primeira etapa decepcionante (mais para ela do que para nós), ela nos explicou que entendia que deveríamos nos comportar como uma impressora, que deveríamos entender como os espaços se levantavam do chão e como os contornos eram construções da nossa cabeça viciada por desenhos animados. O que me ocorreu é que talvez o desenho “sem pensar” fosse um desenho que não fosse baseado em certo ou errado. Talvez fosse uma expressão daquilo que imediatamente víamos e entendíamos do lugar. Nesse aspecto, O Croqui se aproxima muito da ideia do desenho “sem pensar”. Veja, o Croqui é uma ferramenta particular para o arquiteto, fazendo a ponte entre a mente e o papel, entre o etéreo e o humano, o terreno. O tema desse TFG, “Croqui e Projeto” surgiu num primeiro momento de uma inquietação minha como aluno, de não ter me dedicado ao desenho o quanto eu gostaria. E assim como em qualquer processo criativo, esse tema e sua abordagem foram moldados ao longo dos dois semestres devido às leituras feitas e à minha vivência profissional, também orientada pelo Professor Fábio Mariz. Procuro explicitar no texto e nos Croquis deste caderno, o papel do Croqui no decorrer do processo projetual, da concepção ao projeto final.

5



CROQUI E PROJETO “Croqui” é um termo polissêmico e deve ser tratado com muita atenção, considerando que pode tratar de desenhos de estudo, observação ou até mesmo desenhos feitos como breves anotações de ideias. Nesse texto, no entanto, entende-se o croqui como a materialização de um raciocínio arquitetônico sequencial que se transforma com o avançar do projeto, buscando solucionar diferentes questões que surgem com o decorrer do processo projetual. Entende-se também que não necessariamente o croqui é utilizado apenas como ferramenta de projeto. Diversos são os casos em que o croqui serve como uma anotação de algo interessante a ser observado, seja apenas uma forma, um prédio completo ou qualquer coisa que chame o olhar. A prática constante do desenho faz com que o arquiteto acabe por torná-la automática. Devo, antes de aprofundar-me, diferenciar croqui de desenho. Evidente, o croqui é um desenho. Mas acredito que “Desenho”, termo que em arquitetura relaciona-se muito à palavra “desígnio”, pode ganhar uma acepção um pouco mais dura do que “croqui”, relacionando-se frequentemente à ideia do desenho técnico, normatizado, frio. O croqui é obra do artesão, do artífice. Como Schenk pontua (pág. 33, 2010), ele “surge à mão do arquiteto”. E surge da inquietação do arquiteto de materializar o espaço que na sua mente ainda é indizível, livre de qualquer complicação que possa ser um obstáculo para sua existência. Nesse contexto, surgem croquis muito mais livres que não necessariamente são voltados para uma obra que venha a existir um dia. São conceitos. Completamente livres, tradução imediata do onírico, do subjetivo do arquiteto. Portanto, é correto afirmar que o croqui é um recurso ao qual o arquiteto recorre em diversos momentos. Tomando os croquis resultantes da viagem de Le Corbusier para São Paulo e Rio de Janeiro como exemplo, percebe-se neles a expressão livre, porém impregnada pelos ideais do arquiteto, como por exemplo, as autoestradas sustentadas por edifícios que rasgam a topografia paulistana (que num gracejo Le Corbusier chama de “arranha-terras”) ou, no caso do Rio de Janeiro, a autoestrada, irmã dessa pensada para São Paulo, que parte do Pão de Açúcar e bifurca-se em Santa Teresa, em que uma das bifurcações segue em direção ao mar e a outra “sobe” para conectar-se a São Paulo. Seus croquis, então, servem para trazer aquilo que defende da dimensão dos “Espaços Indizíveis” ao material, além de também fundamentarem seu discurso. Nesse caso específico, croqui e projeto constroem-se simultaneamente, coexistem, fundamentando aquilo que o próprio arquiteto coloca no texto sobre essas viagens “A arquitetura age movida pela construção espiritual” (pág 238, 2004).

7


Plano de Le Corbusier para São Paulo Fonte: “Precisões” - Le Corbusier, pág. 234 Cosac & Naify, 2004


Plano de Le Corbusier para o Rio de Janeiro Fonte: “Precisões” - Le Corbusier, pág. 237 Cosac & Naify, 2004


Na exposição “Berliner Projekte” realizada no Deutches Arkchitekturmuseum (2017), a curadoria expôs diversos croquis feitos no período entre 1920 e 1990 para a cidade de Berlim. Os desenhos selecionados comprovam que de fato o croqui é uma expressão individual do arquiteto e que muitas vezes, ideias, ao serem concebidas, não possuem escala alguma. O croqui não só auxilia o arquiteto a situar a ideia ao contexto para o qual é pensada, mas também auxilia na adequação da proposta à escala humana. Analisando os dois croquis a seguir, ambos de Hans Poelzig, um de 1920 e o seguinte de 1929 podemos averiguar essa afirmação. Ora, só temos a noção de escala que essa primeira proposta teria devido a essa figura vermelha que se destaca no meio do desenho, já no segundo, por uma associação quase involuntária com nossas referências, entendemos que se trata de um edifício, mas se analisarmos o desenho em si, não há nada que confirme de fato a escala desse volume. Talvez seja uma torre, talvez seja um prego. Essa dificuldade no entendimento desse Croqui especificamente se dá por se tratar de um Croqui feito para que o próprio arquiteto explore a forma que lhe veio à cabeça. Ele não pretende comunicar ou se fazer entender para outras pessoas que não si mesmo. Já Croquis como o de Frei Otto, para um pavilhão de exposições no Tiergarten, ou até mesmo o de Christo, com a proposta de envelopamento do Reichstag, por outro lado, são uma comunicação muito clara das intenções de cada um. Isso não significa que estes sejam desenhos que seus autores tenham feito necessariamente para esse tipo de comunicação, porém, são muito mais autoexplicativos que os croquis de Poelzig.

Das Foyer des Großen - Schauspielhauses Hans Poelzig, 1920 Fonte: Catálogo “Berliner Projekte” Tchoban Foundation, 2017

10


Entwurf für das Messegelände - Varianten des Turms Hans Poelzig, 1929 Fonte: Catálogo “Berliner Projekte” Tchoban Foundation, 2017

Verhüllter Reichstag Christo, 1977 Fonte: Catálogo “Berliner Projekte” Tchoban Foundation, 2017

11


Há ainda os croquis que partem apenas da observação do arquiteto. Ainda que não revelem um raciocínio de projeto, são estudos que poderão servir não só durante o exercício do desenho, mas também para ter que o arquiteto tome para si como referência. Esses croquis podem ser referentes a uma obra existente, uma cena urbana do cotidiano ou qualquer outro objeto que se torne motivo de engajamento para o arquiteto, mas que essencialmente são uma apreensão subjetiva da realidade. O croqui torna-se então a maneira como o arquiteto apreende e traduz a forma. Não se trata necessariamente de registrar em papel aquilo que é fidedigno à realidade, mas aquilo que motiva o ato de desenhar, o que pode revelar o olhar que o arquiteto tem sobre aquilo que observa. Considerando novamente o arquiteto como o artífice, vale a passagem de Paul Valéry (pág.140, 2015) sobre a figura do artista: “O valor do artista está em certas desigualdades de mesmo sentido ou de mesma tendência, que revelam ao mesmo tempo, em uma figura, uma cena ou uma paisagem, a facilidade, as vontades, as exigências, o poder de transposição e reconstituição de alguém. Nada disso pode ser encontrado nas coisas; e não haverá nunca o mesmo em dois indivíduos diferentes”. Para ilustrar esse exemplo, apresento a sequência de desenhos feitos por Danilo Zamboni que acompanham a evolução de um canteiro de obras. É interessante notar o caráter cuidadoso do traço, a preocupação em situar os desenhos em relação à escala valendo-se de variáveis como os operários no canteiro e as casas do entorno. O croqui, embora seja um recurso utilizado para estabelecer e firmar ideias, serve ao arquiteto em diversos momentos. Nele, o grande paradigma é, como já dito, o registrar. Um projeto nasce não só do programa estabelecido, mas também da leitura e estudo dos mais diferentes elementos da cidade, obras e questões preexistentes a serem exploradas e rediscutidas, de modo que o ato de projetar tenda a depurar-se com o passar do tempo.

imagens retiradas de: facebook.com/desenho.daniloz acessado em: 14/11/2017

12


13


O ARQUITETO GENIAL Por vezes o Croqui é o elemento que valida a ideia do arquiteto genial, que com simples gestos torna-se Deus, configurando e reconfigurando espaços conforme sua vontade. Em “Degas, Dança e Desenho”, Paul Valéry faz diversas considerações sobre a importância dos esboços e demais estudos para a expressão máxima do artista. Como pontua, “Terminar uma obra consiste em fazer desaparecer tudo o que mostra ou sugere sua fabricação”. Mais à frente, o próprio autor nota que no caso da pintura, o estudo passa a ser extremamente valorizado afirmando que “O esboço igualou-se ao quadro”. Por alguma razão, no entanto, o que se vê na arquitetura é justamente o inverso. Na esmagadora maioria as vezes o discurso do arquiteto tenta apagar qualquer vestígio do processo. Evidentemente, terminar uma obra de arquitetura é edificá-la, portanto os croquis junto aos desenhos de etapas anteriores do projeto são os únicos indícios que restam de sua criação. Em geral, as publicações de arquitetura mostram croquis extremamente certeiros, limpos, sem hesitação no traço, que provavelmente são feitos após a conclusão da obra, o que contribui para a impressão de que um único croqui dá origem a todo o projeto, reforçando a falsa ideia de que o arquiteto é indivíduo “escolhido” pelo seu talento e habilidades singulares a exercer a profissão, sem esforço, sem angústias. Essa imagem construída do arquiteto genial é prejudicial principalmente aos alunos de arquitetura, ao enfrentarem nas escolas algo completamente diferente disso. Projetar exige uma vasta e contínua investigação. O croqui talvez seja a principal evidência da complexidade de todo o processo.

Croqui da Casa no Butantã Paulo Mendes da Rocha Fonte: archdaily.com.br/ br/801304/casabutanta-nil-paulo-mendes-da-rocha acessado em 25/11/2017

14


Além disso, são raras as oportunidades que se tem na faculdade de arquitetura de avançar para além da fase do anteprojeto. Talvez isso também contribua para que o aluno acredite que o croqui é um elemento característico apenas da fase de concepção do partido projetual. Fatores como o volume de matérias cursadas e consequentemente o volume de entregas a serem efetuadas para as disciplinas também contribuem para que o aluno abandone o croqui mais cedo do que o necessário e passe a trabalhar apenas em função dos produtos finais. O que, talvez, não fique claro para os alunos é que o croqui é uma ferramenta de projeto tão essencial quanto qualquer software, visto que além de ser alicerce para a discussão de projeto, também é ferramenta de aprimoramento pessoal do arquiteto. Como coloca Katinsky (pág 15), o croqui “não é um ‘dom’ intrínseco de alguns, mas um exercício continuado e que se aperfeiçoa quando se alimenta com a sua continuada ação”. É inevitável que, em um determinado ponto da vida profissional, projetar torne-se mais fácil. Isso porque o arquiteto passa a estar dotado de diversas referências experiências e vivências que fazem com que algumas hipóteses nem mesmo sejam levantadas, pois a experiência já mostrou suas falhas. Portanto, indo de encontro ao que Katinsky levanta sobre o croqui, o ato de projetar não é um dom, mas sim a experimentação que se lapida.

15


CASA ALABASTRO Ortega (2000, pág. 76) cita o projeto do Museu de Niterói de Oscar Niemeyer como exemplo de projeto que pouco exigiu do arquiteto pois o arquiteto já havia concebido a forma adequada para a situação em que estaria o projeto. Por mais verdadeira que seja essa afirmação, o texto peca em limitar o croqui à concepção projetual, pois é, na verdade, ferramenta constante no processo projetual desde a determinação do partido até o momento do projeto executivo. Durante meu período de estágio com o Professor Fábio e meus colegas Jessica Luchesi e Eduardo Ganança constituímos a equipe de projeto para a reforma de uma casa no Bairro da Aclimação. Nós, estagiários, nos surpreendemos com o uso recorrente dos croquis em absolutamente todas as etapas do projeto. Iniciamos os trabalhos na Casa Alabastro com o levantamento da casa. Nesse primeiro momento, nos valemos do Croqui para que, com as dimensões levantadas, pudéssemos montar a documentação da casa para começarmos a pensar no projeto. Em seguida, após uma reunião com os clientes, começamos as discussões em relação ao partido que adotaríamos. Como o esquema abaixo mostra, o nosso fluxo de trabalho idealizado partia dos croqui, para a etapa de formalização do desenho em CAD, seguindo para a modelagem 3D tanto usando o Rhinoceros para a exportação de imagens em 3D, quanto para o Revit, de onde inicialmente exportávamos a documentação.

Essa estrutura seguiu linear até a reunião em que apresentamos o estudo preliminar para o casal. Após essa conversa, voltamos para a prancheta e até o projeto estar aprovado, nosso trabalho seguiu da seguinte forma:

É importante ressaltar que nesse caderno constam apenas croquis feitos por mim durante o projeto. 16


Croquis do primeiro levantamento da casa 27/2/2017

17


Esses primeiros croquis foram feitos durante as discussões iniciais em relação ao projeto de reforma, onde buscávamos o partido, a partir de uma primeira conversa com os clientes. Nesses desenhos aparecem algumas especulações que logo foram descartadas, como a Sala de Jantar e cozinha integradas com saída para o quintal (figuras 1 e 4). O croqui da escada (ao lado) é referente à ideia de se tirar a parede existente (mostrada na figura 2). Essa ideia seguiu até o momento de início da obra, em que o engenheiro responsável, Plácido Guarizi, sugeriu que a mantivéssemos como estava. A figura 3, por sua vez é um corte baseado na Casa Cayowaa de Francisco Spadoni, em que o volume das edículas préexistentes seria coroado por outro volume, ligado à casa por uma passsarela. Não chegou a ser um conceito explorado pois, além de bloquear a visada para o Parque da Aclimação, o volume não permitiria o uso do quintal como os clientes desejavam. A figura 4 apresenta uma tentaiva tímida e bastante equívocada (em relação à construção perspéctica), mas que já mostra o desejo de se abrir a casa para a área das edículas, transformada em quintal. Esses croquis essencialmente são rápidas anotações de conceitos que seriam discutidos nas reuniões com toda a equipe. Evidentemente, alguns pontos evidenciados nesses desenhos partiram da primeira conversa com os clientes (em que apresentamos as plantas resultantes do primeiro levantamento da casa e também algumas especulações sobre as condições da casa e as primeiras ideias que tivemos com base nesse primeiro contato).

1

3

18


2

4

19


A discussão com os colegas, baseada nos desenhos, é fácil e fluida. Ora, para o arquiteto, envolvido com o projeto, não há nada mais natural que a discussão feita com lápis e papel. Consequentemente, é natural que nessa etapa surjam croquis que sejam ilegíveis para aqueles que não acompanham a discussão desde o princípio. É natural também que hajam croquis incompletos, interrompidos por uma colocação de um colega ou até mesmo pela mudança no foco do debate. Aparecem também os croquis dos devaneios, das digressões, que não necessariamente tratam do projeto, mas são manifestações espontâneas, quase involuntárias, como respirar. Os croquis abaixo antecedem o estudo preliminar que realmente foi entregue. Neles é possível ver (figuras 5 e 7) a questão do posicionamento da lavanderia da casa, alguma especulação em relação ao projeto paisagístico para o quintal e na figura 6, uma hipótese para a cobertura.

5

7

20


6

21


Em compensação, os croquis que virão a seguir, ainda referentes à Casa Alabastro, diferenciam-se dos apresentados anteriormente pois foram feitos para auxiliar a compreensão do projeto pelos clientes. Esses croquis demandam muito mais tempo para execução e são muito menos livres, pois devem comunicar e elucidar diversas questões referentes ao projeto. As plantas abaixo mostram uma configuração preliminar do layout do mobiliário, já aproximando-se do que os clientes desejavam. Esse tipo de croqui permite que a discussão do projeto se aproxime do cliente e assim, se aprofunde. Ainda assim, é possível que o cliente tenha alguma dificuldade de compreensão da espacialidade do projeto. Por isso, é necessário que sejam feitos cortes e perspectivas que o auxiliem a entender completamente o projeto.

4

22

3

5


1 - Estar 2 - Cozinha 3 - Escritรณrio 4 - Sala de TV 5 - Banheiro 6 - Lavanderia 7 - Banheiro 8 - Quarto

1 2

5 8

8

5

23


figura 13

figura 14

24


figura 15

Figura 13 - estudo da sala de estar com inclusão de uma lareira a gás e com uma das paredes descascadas, evidenciando os tijolos. Figura 14 - estudo de visada da área do quintal, com piscina e churrasqueira. A vista ainda evidencia a solução para o reservatório de água e se aproxima da solução final da cobertura. Figura 15 - estudo de vista do quintal a partir da sala de TV. Posteriormente o ângulo foi repetido para apresentar a nova solução de projeto paisagístico para os clientes. 25


26


Vista a partir da sala de TV para o quintal

Ao lado, são apresentados dois croquis feitos para apresentar a nova proposta do projeto paisagístico para o quintal. Neles já são apresentadas intenções de vegetação. Mesmo que indicadas algumas espécies, o importante era evidenciar para o casal a volumetria gerada por elas. As pedras do piso, seriam pedras reaproveitadas da antiga entrada da casa. Posteriormente, já em fase de execução, foi projetada uma pérgola para a área. Há ainda um tipo de croqui que talvez seja o mais importante para fundamentar a tese de que o croqui é a ferramenta que permeia todas as etapas de um projeto. Esses, são os desenhos auxiliam e orientam o arquiteto em relação a como representar a caixilharia, o método construtivo e os outros elementos que compõem o projeto executivo. Esses croquis representam o estudo mais minucioso e rigoroso do arquiteto. Como tem função comunicativa, também são croquis mais fáceis de serem compreendidos.

perspectiva do quintal para indicar vegetação e destacar continuidade da trepadeira.

Croquis para a primeira versão do caixilho da sala Casa Alabastro

27



CASA AVARÉ O Bairro do Pacaembu é bastante peculiar, pois assim como quase todos os bairros projetados pela companhia city, ainda hoje tem uso exclusivo residencial. A Companhia City inaugura na cidade uma nova forma de se construir, por exemplo, a primeira vez no brasil em que as casas são construídas recuadas do passeio. As regras para ocupação dos lotes permanecem vigentes até os dias de hoje e isso com toda certeza representa um gargalo na discussão do urbano hoje, em que se fala numa cidade mais densa, com diversos usos no mesmo bairro permitindo uma rua viva e mais segura. Além disso, o terreno escolhido tem uma área que assusta, 2429 m². Isso se dá porque ele é resultado da junção de três lotes separados. O desenho disponibilizado pelo GEOSAMPA é de 2004 e mostra justamente essa situação, já o croqui de quadra, também disponibilizado pela mesma plataforma, já apresenta os três lotes como um único. O processo de concepção do projeto não foi nada linear. Os croquis a seguir representam não só a busca pelo partido projetual, mas também a busca por uma linguagem própria, autoral desses. Dada a dimensão do terreno (2429 m²) e ignorando a legislação vigente referente à região, me permiti, influenciado pela casa de Alvar Aalto, pensar numa casa que congregasse também um escritório de arquitetura. A ideia inicial era um bloco, inerme, rente à fachada e cego para a rua (talvez o maior problema dessa ideia). Diferente da casa de Aalto, casa e escritório seriam duas construções distintas, apenas aproximando-se pela linguagem. O fim dessa etapa é marcado no quesito projeto pelo início da exploração da obra de Richard Meier e também por começar a pensar apenas na casa segundo as regras da City. Conforme essas regras, passei a projetar casas mais respeitosas à situação. A ideia do escritório foi reduzida a uma sala de trabalho/biblioteca no programa geral da casa. Foi deveras difícil pensar num projeto que de fato utilizasse a área total do terreno, dessa forma, reduzi o programa para ajustar-se à menor das matrículas originais do terreno. A partir daí, explorei dez possibilidades ainda me permitindo algumas liberdades de ocupação, como a ausência de recuo lateral. Estabelecidas as primeiras diretrizes de partido a partir dessas dez casas, reajustei três delas. Em seguida, partindo dessas mesmas ideias, optei por aumentar o sítio de projeto, em que teria maior liberdade de explorar não só o projeto da casa, mas também o projeto paisagístico. Desta vez, minha preocupação foi a distribuição do programa pelo terreno. Meu intuito, nessa espécie de diário de bordo, não é meramente explicitar as questões que foram levantadas nos textos precedentes, mas provar que todo o processo projetual é criativo e que o croqui é como uma linha que costura todas suas etapas, do estudo preliminar ao executivo. 29


30


As especulações a seguir tratam-se justamente do escritório de arquitetura que ocuparia parte do terreno. Embora pareçam estudos repetidos à primeira vista, os croquis revelam intenções diferentes mesmo que pouco notáveis. Na ocasião, me importava mais o exercício do desenho e da plástica da construção do que a busca pelo partido arquitetônico em si. O desenho ao lado tem uma primeira preocupação com a relação entre o elemento construído imediatamente no limite do lote e o pedestre. A seguir, partindo do mesmo princípio, faço tímidas tentativas de aberturas de janelas do elemento, explorando uma primeira vista interna ao lote. No mesmo conjunto há ainda um pequeno esquema de implantação do projeto integral (casa + escritório) no terreno total (e vale ressaltar que este foi desenhado completamente diferente do que é na realidade). Logo abaixo, há uma tentativa de perspectiva em olho de peixe que conta com o brisamento da fachada oeste do bloco do terreno com ripas de madeira - ideia que aparece recorrentemente nos croquis livres e que depois transforma-se no sombreamento dos quartos e sala de TV do projeto final. Os últimos desses desenhos livres, sem críticas ou autocrítica, são ainda especulações sobre o bloco do escritório. Além do último exercício de perspectiva dessa etapa, especulo algumas questões como elevar o andar do escritóiro em si, de modo a deixar o térreo livre. Ainda nesses desenhos faço alguma especulação de uma possível varanda que se daria a partir do prolongamento da laje do escritório.

31


32


33



A página ao lado e a próxima são irmãs. Mesmo ainda tendo um pequeno croqui do volume do escritório da Rua Avaré como intruso, ambas as páginas são explorações volumétricas e programáticas a partir da leitura da Casa da Praia de Malibu de Richard Meier. As camadas do programa que servem ao quesito social da casa, como sala de estar, cozinha, sala de jantar, área de lazer e garagem permaneceriam no térreo. Já os quartos, bilbioteca/sala de estudos, e sala de TV - área íntima da família - instalam-se inteiramente no segundo andar. O croqui da página seguinte, ainda sob influencia de Richard Meier, apresenta não só uma planta mais consolidada para o programa do térreo, mas tamém explora brevemente algumas questões de fachada. A pequena planta do térreo coloca, ao lado da caixa de escadas, uma área de estar flexível que se abriria para o bloco que abriga a generosa área da cozinha e da sala de jantar. Esse croqui apresenta ainda uma ideia que acabou se repetindo em quase todos os outros testes livres que fize também no projeto final: a cozinha (com o balcão em “L” que marca a divisão com a sala de jantar) que se abre para a área de lazer. Malibu Beach House Richard Meier, 2002 Fonte: https://architizer.com/projects/malibu-beach-house acessado em: 28/11/2017

35




Esse croqui é o último feito considerando a totalidade do terreno (2429 m²). Seria uma casa térrea, com os quartos na face norte, um jardim interno e salas de jantar, TV e escritório na face sul, abrindo-se para um grande jardim na parcela do lote que se abre para a Rua Itápolis. Já a área de lazer e entrada da casa faceariam a Rua Avaré. Não se avançou muito nesse partido e quase nenhuma ideia nele foi reutilizada.



40


Os croquis ao lado, ainda tímidos e inseguros representam a etapa intermediária da busca pelo partido projetual. Até o final dessa etapa, trabalhei com o terreno que era, originalmente, a menor matrícula entre as três que formam o atual, tal como está sendo vendido. A área reduziu-se de 2429 m² para aproximadamente 505 m². Nessas casas menores o exercíco seria mais simples. A fim de buscar um partido definitivo, trabalhei, como disse anteriormente, com bastante liberdade. Busquei explorar sem obstáculo algum as ideias que gostaria de aprofundar quando chegasse ao partido arquitetônico definitivo. O conjunto superior novamente faz referência àquela ideia explorada brevemente durante o processo da Casa Alabastro, em que o programa principal da casa desenvolve-se num primeiro volume e extende-se para um segundo, menor. Esse, poderia abrigar uma parte coberta da área de lazer ou até mesmo a biblioteca da casa. Sua cobertura, no entanto, seria acessível sendo utilizada também para lazer. O segundo conjunto, na parcela inferior da página, apresenta em parte as mesmas ideias exploradas com a leitura da obra de Meier. O térreo, livre receberia cozinha e sala de jantar que também se abririam para o lazer e a circulação levaria para o segundo andar, que abrigaria quartos, banheiros etc. A cobertura desse volume faz referência também ao que estávamos estudando para a Casa Alabastro na época: as duas águas em “borboleta” abrindo um lanternim para iluminar mais o segundo andar. Os croquis a seguir foram todos feitos com uma certa preocupação com escala e conformação das áreas com o terreno. Evidente, tomei a liberdade de explorar diversas escalas ao longo desse exercício.

especulação para área de lazer

41


Também me valendo do programa da casa térrea e geminando parte da casa nos dois maiores limites do terreno, tentei alocar salas de jantar e estar, cozinha e lavanderia no volume que compõe a fachada principal da casa. A ideia era criar na fachada, uma transparência que permitisse que se enxergasse a área de lazer através da fachada. O volume dos quartos e banheiros também abririam-se para a área de lazer. Além disso, para que o corredor fechado pela parede de divisa do terreno e pelos quartos não se tornasse absolutamente escuro, criei por todo ele uma abertura zenital. Também foram criadas aberturas zenitais para duas das três suítes e para parte da sala. Ao lado, apresento uma modesta perspectiva com algumas intenções de projeto paisagístico e indicação do desejo de fazer o fechamento com os painéis de ripas de madeira. Solução que, novamente, foi retomada no projeto final da Casa Avaré Essa solução depois foi revista no encerramento dessa etapa de exploração livre.

42


43


Esse foi o primeiro projeto que respeitou as questões de recúo lateral e frontal exigidas pela Prefeitura de São Paulo. O diferencial dele foi a tentativa de resolver o programa principal da casa em apenas 100 m², jogando o volume da bilbioteca e parte do “apoio” da área de lazer para os fundos da casa, num único volume, também térreo. Havia uma ideia de elevar a casa cerca de 50 cm do chão para que o observador tivesse a sensação de que a casa era um bloco de concreto flutuante. Esse conceito é reforçado pela fachada, cega, como uma fortaleza impenetrável. Na área de lazer, esse conceito manteria-se. As únicas aberturas seriam nas laterais. A porta da casa abriria-se para a sala de estar, o usuário poderia ver o outro limite do lote e poderia acessá-lo ao cruzar a sala de jantar, que novamente, integrava-se com a cozinha.

44


45


Essa casa Não tem nada de especial em relação às outras. A ideia era essencialmente a ideia de que o térreo inteiro abriria-se para o lazer, voltando à ideia de se ver o lazer a partir da entrada. O volume superior expande-se até os limites do lote, gerando uma área bastante generosa para quartos, banheiros, biblioteca e sala de TV. Os principais problemas desse conceito são, a meu ver, os quartos abertos para a fachada sul e a entrada pedonal não ser separada da entrada de carros. Nesse croqui, há um elemento único e inédito que é a casa para cachorro nos fundos do lote. Esse detalhe foi acrescentado a partir da leitura de um artigo publicado pelo archdaily sobre um garoto que escreveu uma carta para Frank Lloyd Wright pedindo para que o arquiteto projetasse uma casa para seu cachorro. A área então foi pensada com um gramado generoso justamente para poder oferecer um ambiente interessante para um eventual cachorro ou animal. Vale apontar que o projeto da Casa Avaré não foi feito visando ser ocupado por nenhum cliente específico, então isso me deu liberdade para que pudesse acrescentar ou retirar do programa o que eu bem entendesse. Olhando de longe hoje, me arrependo de não ter levado o projeto da casa do cachorro para frente.


A implantação desse projeto foi a que menos me empolgou. O que ainda me encanta nessa ideia é o pátio interno. De certa forma, esse conceito foi em alguns dos conceitos que se seguiram e que foi relido para o projeto final da Casa Avaré. Outra coisa que me agrada é a ideia de ter a escada, que leva para o andar dos quartos, correr ao lado de uma abertura para o páteo interno. Do mais, os quartos são absolutamente mal resolvidos assim como a caixa hidráulica da casa.


O conjunto a seguir apresenta um partido bastante diferente dos demais. Essencialmente, é uma casa composta de quatro volumes únicos, que se conectam por suas aberturas e pela circulação vertical. Nele, a cobertura do volume que abriga a cozinha e sala de Jantar seria acessível pelo andar superior e serviria como área de lazer para a família. Inicialmente os quartos haviam sido pensados para ocupar o térreo desse mesmo volume, como indicado na planta abaixo. Até aventei a possibilidade de jogar os quartos para o andar superior, mas o interesse pelo desenvolvimento da volumetria da casa me interessou mais. A foto abaixo mostra um modelo feito rapidamente usando peças de lego.

48


A casa a seguir se fecha completamente para a fachada (face norte) e para as laterais do lote através do brisamento dos quartos maiores com ripas de madeira (que seriam coloridas) e de empenas cegas. O projeto contaria também com uma abertura zenital generosa o bastante para iluminar sala, cozinha e quartos. Repete-se, nesse partido, a questão da cozinha que se abre para a área de lazer. Aqui ainda existe uma ideia de se criar uma circulação lateral que leva a pessoa da entrada da casa diretamente para o lazer. A projeção do segundo andar faria as vezes de cobertura para a entrada da casa e também cria um percurso sombreado até os fundos do lote.

49


O desenho abaixo é uma tentativa de desenvolvimento das fachadas da casa e uma tentativa de perspectiva da casa. Inclusive é possível ver alguns traços que serviram como anotações para corrigir a perspectiva eventualmente. Usei os marcadores cinza para tentar emular a textura das formas de madeira no concreto. Esse seria um primeiro estudo para os últimos croquis “preliminares” referentes à volumetria final da Casa Avaré. De qualquer forma, a preocupação maior era tentar materializar a ideia para a coloração do brisamento.

50


O conjunto a seguir foi o último pensado na lógica dos desenhos livres. Já cansado, não procurei pensar em função da planta, mas em função do corte e da volumetria. Novamente, registrei a ideia de uma casa que teria a estrutura evidenciada pelo método construtivo, onde a leitura de vigas, lajes, pilares e vedações seria quase intuitiva. Logo abaixo da perspectiva principal, há um breve croqui comparando uma volumetria genérica à volumetria anterior.

51


Nas próxinas três páginas procuro evidenciar os partidos que fecharam o ciclo intermediário desse trabalho, resumindo em desenho, algumas das soluções que mais me agradavam. Nesse primeiro, os cômodos seriam estruturados por planos. Também há a solução da abertura zenital que ilumina o segundo andar e o térreo. A escada é isolada por uma jardineira interna. A casa inteira seria aberta para jardins. O diferencial do projeto é que o muro da fachada seria recuado e a casa não contaria com garagem interna. O volume dos quartos projeta-se para fora da casa, criando uma cobertura por cima da porta de entrada. A cozinha abre-se para o lazer e o lavabo serve lazer e áreas internas. A abertura no segundo andar garante pé direito duplo para a sala de jantar. Novamente, as laterais são cegas e os quartos abrem-se para norte.


A casa a seguir é completamente térrea. Na verdade, esse é uma revisão do partido de um dos primeiros ensaios realizados. Em relação àquele projeto, mantive a abertura zenital para os quartos e a transparência da fachada para o quintal. O que muda essencialmente é o posicionamento do volume dos quartos. Nesse projeto, esses estão orientados a leste, recebendo a luz nascente.


Essas duas páginas compõe o mesmo conjunto. Nessa primeira, o croqui explora a volumetria da casa propriamente. Esse projeto é recuado lateral e frontalmente, conforme as normas da prefeitura. Sua conformação permite que o recúo lateral torne-se garagem. O portão de entrada da casa também é recuado em relação ao lote. A solução da cobertura faz referência à Casa Alabastro, com uma calha que serve como viga e permite maior segurança na hora da manutenção do reservatório e das telhas. Os quartos novamente são orientados para leste, e a sul, a casa se abre completamente cirando um ambiente de estudo/trabalho, etc. Ao lado, o corte feito conta com um detalhe de instalação de caixilho e um croqui incompleto que seria um estudo da fachada dos quardos. Como se nota pelo corte, o corredor dos quartos contaria com janelas que seriam a solução para sua iluminação. Solução esta que foi repetida no projeto final da Casa Avaré.

54


55


56


Os croquis nessa página marcam o início da última etapa desse trabalho. Tendo explorado diversos partidos anteriormente, obtive com uma certa facilidade um programa definitivo: Três quartos; Sala de TV junto aos quartos; Sala de Jantar integrada à cozinha, que por sua vez também serviria à área de lazer; Uma biblioteca com vista para a área de lazer e jardim lateral. Nos croquis ao lado explorei livremente a composição da planta sem muita preocupação em alocar o programa. Foram algumas ideias rápidas de implantação que precisei registrar na hora. Da mesma forma, o desenho abaixo é o registro de uma ideia que me passou pela cabeça um dia pela manhã, anotei de qualquer jeito, na folha que estava a meu alcance. Com essa ideia de fachada em mãos, voltei ao caderno para explorar os últimos partidos e enfim concluir o projeto.

57


58


Ao lado, exponho os croquis sequenciais ao da página anterior, que fiz não só com objetivo de explorar a linguagem de desenho com caneta hidrográfica, mas também com a intenção de explorar soluções para a área de lazer da casa e as fachadas que o compõe. Abaixo, há a apresentação de um dos partidos. Ele aproxima-se da implantação final cruciforme, no entanto, nesse conceito, os quartos são face norte, alocando-se na fachada da casa. O volume adjascente torna-se parte da área de estar. Seu térreo, livre, seria fechado apenas por painéis pivotantes de madeira enquanto o seguno andar serviria como área de estar íntima.

59


Nesse segundo conceito, mantém-se a ideia do volume dos quartos ocupar o andar superior da casa. No entanto, lazer e estar são um único volume fechado, no térreo, interligando-se ao bloco da cozinha e da sala de jantar através da projeção do segundo andar. A pérgola que está presente nos dois croquis volumétricos serviria de cobertura da garagem. Nesse croqui também repete-se o conceito da laje acessível no nível dos quartos, criando uma espécie de solário na casa. Esse modelo trata-se de um projeto muito mais tímido, contido, fechado e foi justamente o que me motivou a explorar um terceiro partido que acabou se tornando o do projeto final.

60


61


Essas duas páginas contém o último ensaio e mais importante. A partir deles, consegui tirar o partido final (apresentado nas páginas seguintes). Abaixo consta um primeiro estudo de planta que fiz, já prédeterminando o módulo de estrutura de 6 x 6m, bem como o princípio da conformação de espaço através do traçar de planos. Porém, nessas primeiras plantas, há uma indicação de que o volume dos quartos “pousaria” sobre a casa cobrindo apenas sala de estar, TV e bilbioteca. Imediatamente à direita desse desenho, há um segundo que já indica a intenção de levar o volume dos quartos até a porta de entrada. Nessa conformação, a cobertura da cozinha e sala de jantar não teria outra função que não fosse essa. Na sequência, mais satisfeito com o partido, faço algumas especulações sobre a estrutura e também sobre a fachada externa, fechada, com um rasgo que iluminaria o corredor dos quartos. Avento também a possibilidade de o fechamento frontal (face norte) ser feito com um brisamento em madeira. Nas páginas seguintes apresento os croquis que nasceram desses primeiros e resultaram no projeto final, neles constam anotações feitas antes e durante os atendimentos, bem como algumas listas de dúvidas para tirar com meu orientador.

62


63


proposição final de partido

64


ensaio de perspectiva a partir dos fundos do lote

65







estudos para o projeto paisagĂ­stico


ensaio para detalhamento do caixilho e sombreamento


ensaio de perspectiva a partir da escada

ensaio de perspectiva a partir da sala de jantar


ensaio de perspectiva a partir da piscina

74


ensaio de perspectiva a partir da biblioteca

75










estudo para gabinete/balcĂŁo da cozinha


CADERNO DE DESENHOS

85



790

790

DESENHO

IMPLANTAÇÃO ESCALA

1:500

785


5,00 3,00

+0,00

+0,51

2

1

+0,00 5

24,00

3

+0,00

4

24,00


7

6

5

+0,51

DESENHO

IMPLANTAÇÃO ESCALA

1:200 Jantar - 1 Cozinha - 2 Estar - 3 Biblioteca - 4 Banheiro - 5 Lavanderia - 6 Dispensa - 7

3,20

0

3

6

12


8,20

8 +4,05

27,10

9

9

9

16,10

10


DESENHO

IMPLANTAÇÃO ESCALA

1:200 Sala de TV - 8 Suíte - 9 Solário - 10

0

3

6

12


1,90 1,10 1,20

0,85

3,00 0,51

4,05 DESENHO

CORTES 1 E 2 ESCALA

1:100


1,33

0

3

6

12


2,88

CORTES 3 E 4 ESCALA

1:100

4,05

2,68 DESENHO


0

3

6

12

3,88

4,05


ESCALA

1:100

3,22

2,88

CORTE 5

3,88

2,68 DESENHO


0

3

6

12


DESENHO

FACHADAS ESCALA

1:100


0

3

6

12



BIBLIOGRAFIA AALTO, Alvar. ALVAR AALTO: Obras 1963 – 1970. Barcelona; Editorial Gustavo Gili SA, 1971 ALMEIDA, Marilia Santana de. O DESENHO DO ARQUITETO. São Paulo, 1984 ARRUDA, Maria Teresa Amaro da Silva. O BAIRRO DO PACAEMBU: 1930 - 1980, Volumes 1, 2 e 3. São Paulo, 1992 ARTIGAS, Rosa. VILANOVA ARTIGAS. São Paulo; Terceiro Nome, 2015 BERLINER PROJEKTE – ARCHITEKTURZEICHNUNGEN 1920 – 1990. Tchoban Foundation, 2017 COTRIM, Marcio. VILANOVA ARTIGAS: Casas Paulistas. São Paulo; Romano Guerra Editora, 2017 HESS, Alan. OSCAR NIEMEYER HOUSES. New York; Rizzoli International Publications INC, 2006 ITO, Ren. ALVARO SIZA DESIGN PROCESS: Quinta do Bom Sucesso Housing Project. Lisboa, IST Press, 2016 LAHTI, Louna. ALVAR AALTO 1898 – 1976: Paraíso para Gente Comum. Koln; Taschen GmbH, 2005 LAMPRECHT, Barbara Mac. NEUTRA Compete Works. Colônia, Alemanha; TASCHEN GmBH, 2010. LEVINE, Neil. THE ARCHITECTURE OF FRANK LLOYD WRIGHT. New Jersey; Princeton University Press, 1996 MORSE, Richard McGee. FORMAÇÃO HISTÓRICA DE SÃO PAULO: de comunidade à metrópole. São Paulo, 1970 ORTEGA, Artur Renato. O PROJETO E O DESENHO NO OLHAR DO ARQUITETO. São Paulo, 2001 SCHENK, Leandro Rodolfo. OS CROQUIS NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA. São Paulo; ANNABLUME editora, 2010 VALÉRY, Paul. DEGAS, DANÇA E DESENHO. São Paulo; Cosac Naify, 2003 VILANOVA ARTIGAS, João Batista. CADERNO DOS RISCOS ORIGINAIS: Projeto do Edifício da FAUUSP na Cidade Universitária. São Paulo; FAUUSP, 2007 VILANOVA ARTIGAS, João Batista. CAMINHOS DA ARQUITETURA. São Paulo. Cosac & Naify Edições, 1999 101



AGRADECIMENTOS Neste final de ciclo, gostaria de agradecer: Ao Fábio pela presença gigantesca na minha vida no último ano como chefe, orientador, amigo; Ao Eduardo e a Jessica, por tudo. Schindler, Alabastro, Paisa 3, crises no intercâmbio, frango à passarinho, torresmo e tudo mais que a gente passou junto; Ao Greg, Sorocaba, Delio e todos os outros amigos do Rugby FAU por terem me ensinado o valor e o poder do trabalho em equipe; Ao Chico Spadoni e à Maria Cecília Loschiavo por terem me acolhido e me acompanhado em toda minha jornada nessa casa; Ao Daniel, Enrico e Kevin que estão sempre no lugar certo, na hora certa; A todos os amigos da FAU que deixam em mim um pouco de si e levam consigo um pouco de mim; Ao grupo da mesa 6, da AUP608 de 2015; Por fim, gostaria de agradecer aos meus Pais por todo apoio. Por não deixarem a peteca cair nas horas de aperto, e principalmente por serem o tapa que bota a peteca de volta no ar. Obrigado.

103



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.