Loft - Vila Gaia Chalés

Proposta Arquitetura / Interiores

Florianรณpolis - SC Ponta das Canas Anteprojeto 2020

LOFT VILA GAIA CHALร S

Gabriel Lunardi Eduardo Scopel

Arquitetos Gabriel Lunardi (concepção e representação) Eduardo Scopel (concepção) Metragem quadrada 28 m² Localização Florianópolis - SC - Brasil Cliente Vila Gaia Chalés Ano 2020

O projeto surge da intenção de reorganizar o espaço correspondente ao térreo do Loft de hóspedes da pousada Vila Gaia Chalés. Atualmente é habitado por duas irmãs que residem na pousada e fazem parte da família/equipe que administra o lugar.

A ideia é trazer maior fluidez e interação entre os espaços, bem como criar três cômodos onde antes havia um só. Dessa forma o aumento da noção de privacidade e a transição gradual entre as escalas pública e privada tornam-se os grandes norteadores da proposta.

LOCALIZAÇÃO A pousada Vila Gaia Chalés se localiza em Florianópolis - SC, na praia de Ponta das Canas, no norte da ilha. As acomodações se dão em 6 chalés e no pavimento superior do loft, e concebem hospedagens de curta e longa duração.

O lugar se insere na base do morro que separa as praias de Ponta das Canas, Brava e Lagoinha, e apresenta relevo acidentado com vegetação predominante de mata atlântica.

O loft em questão se localiza na porção superior esquerda do conjunto, já em contato com a mata que se densifica na encosta, e na base da trilha que sobe até o cume do morro - de onde se podem avistar as três praias vizinhas.

Os ventos de maior incidência no local são os de Norte e Sul e o clima característico é o subtropical úmido.

Vista aérea - Vila Gaia Chalés (2019)

EXISTENTE Atualmente a edificação do loft configura dois espaços com entradas por caminhos diferentes: o do pavimento térreo com acesso pela porta de correr lateral, e do pavimento superior com acesso pela escadaria dos fundos.

O projeto se concentra no interior do térreo que, por ter seu acesso na extremidade e portas-janelas em três de suas paredes, acaba caracterizando um espaço alongado que não permite muita variação de usos e composição interna.

A forma contínua e circundada por aberturas acaba automaticamente configurando um espaço de corredor com dois pequenos nichos (correspondentes à região das camas e da bancada). Tal conformação, além de não trazer dinâmica à composição do espaço, torna boa parte dele inutilizável e dedicada exclusivamente a circulação.

Tal característica contribui para o pouco uso e integração do deck, que passa a se configurar enquanto um simples anexo à região central, desconectado das circulações externas e destituído da função de estar.

Ao se configurar enquanto um grande espaço comum, o lugar não dá margem a nuances e usos mais privativos, tão pouco a possibilidade de composição com móveis e divisórias devido à maioria das paredes possuírem aberturas.

PROPOSTA Dadas as intenções e possibilidades de uso do espaço, propõe-se externamente a mudança do acesso para o deck, de forma a criar um lugar de estar e de transição entre a esfera pública e privada.

Tal intervenção também permite a criação de uma janela onde antes se localizava a porta principal de acesso, bem como de artifícios paisagísticos de distanciamento do espaço de circulação e permanência pública do quarto.

A intervenção busca criar três espacialidades distintas, complementares, e gradativas: o deck, a cozinha e os quartos. A ideia é relacioná-las de forma natural e não abrupta, e inserí-las enquanto componentes indissociáveis de um mesmo lugar.

Para criar as divisórias, propõe-se um sistema de armários embutidos sustentados por armações delgadas de barrotes de madeira revestidas com placa cimentícia. A utilização simples dos materiais, acabamentos e objetos busca unificar os espaços sem homogeneizá-los e tirá-los suas características próprias. Ao não impor uma composição material dominante, permitem-se variações e customizações sem que hajam rupturas na composição.

COZINHA Em um arranjo simples é possível organizar um espaço funcional e interessante.

Buscou-se trazer uma paleta neutra de materiais, que traz conforto e unidade aos ambientes da mesma forma que permite a incorporação de utensílios dos mais variados tamanhos, cores e texturas sem distoar no espaço.

O piso tem acabamento de cimento queimado, que também é empregado nas paredes de alvenaria e placa cimentícia. Os armários adotam a praticidade do mdf com revestimento branco fosco, e as bancadas e mesa trazem a presença da madeira clara impermeabilizada (ou compensado) para fazer a transição entre as superfícies brancas e cinzas.

QUARTO Num espaço que prima por aconchego e auto expressão, a neutralidade dos acabamentos e materiais deve vir de forma a suportar as várias manifestações individuais sem formatá-las. Paredes e armários brancos são o que trazem luminosidade e frescor ao espaço, mas são contrabalanceados pelo cinza do cimento queimado do piso.

O equilíbrio entre a expressão dos materiais que compõem o ambiente funciona de forma similar à cozinha, mas aqui busca-se evocar sensações de amplidão, calmaria e pertencimento maiores. Isso é atingido através do uso do espelho na porta de correr, dos tons claros dos móveis e acabamentos e da composição de objetos pessoais como plantas e livros que retratam o universo particular de quem ali habita.

Vista da cozinha

Vista do quarto

A proposta é um apanhado de desejos e intenções que buscam uma expressão material coerente à realidade do lugar e ao modo de vida das moradoras.

Buscou-se conceber o espaço tanto enquanto estímulo aos encontros e à coletividade quanto à vida privada através da transição e interação entre os espaços de cada esfera.

Em um lugar que promove a celebração e união das pessoas nos seus momentos de lazer é importante potencializar os espaços públicos, da mesma forma que é importante garantir a individualidade e os momentos íntimos de cada um.

O equilíbrio entre esses dois cenários é um dos papéis do desenho do espaço, que concebe a sinergia destes enquanto razão fundamental da arquitetura.

Florianรณpolis, 2020