Indústria Agronegócio Turismo Comércio e Serviços Meio Ambiente 21 de Setembro de 2015
Parque de Exposições Adolpho Coelho Lemos, Passos - MG
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“Fórum será um canal de discussão” Stefan Salej: “Desenvolvimento passa por união” “O desconhecimento leva a insucessos”
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Cristiano Lopes: “É preciso tornar atrações em atrativos” “A política agroindustrial não pode ser unitária” “Educação fomenta crescimento”
1ª EDIÇÃO - 21 DE SETEMBRO DE 2015
Editorial
Por que fazer um Fórum? Nossas cidades da região do Sudoeste Mineiro representam um mito saboroso. Fazem parte de nosso imaginário ainda rural – um lugar onde a vida digna e tranquila se faz possível. A música popular alimenta esse gosto secreto. Vai de clássicos, como “Casa no Campo”, sucesso na voz de Elis Regina, passa pela sofisticada “Canto em Qualquer Canto” – eternizada por Mônica Salmaso –, culminando em um sem-número de canções de raiz. Pesquisas não desmentem o ditado de que “existe um lugar” para milhões que adorariam fugir. Eles se pegam pensando em como suas histórias seriam diferentes se morassem no interior. Idealizam – teriam amizades, contato com a natureza, respirariam bons ares. A questão, contudo, não funciona assim. O desejo pelas nossas cidades – e o lugar que ocuparão num mundo que se encaminha cada vez mais para o modelo metropolitano – mexe com os administradores, urbanistas, arquitetos, economistas, antropólogos e sociólogos. É um debate da hora, planetário, e incomoda constatar o silêncio e a passividade
de todo cidadão em torno dele, como se esse problema não fosse dele. Até meados do século passado, tudo o que uma cidade queria era uma fábrica, para que ali houvesse empregos, e uma estrada que conduzisse mais riquezas até lá. No mundo globalizado, Londres – exemplo por excelência – não precisa ter indústrias para ser rica. As empresas de todo e qualquer lugar querem que seus executivos morem lá, para fruir da cultura e do empreendedorismo que oxigena a cidade. É por isso que toda e qualquer municipalidade , independente de seu porte, precisa descobrir sua vocação. É fato que as cidades padecem mais nesse processo, mas há exemplos por aí, mostrando que é possível. O próprio Brasil tem inúmeros exemplos positivos – em especial cidades de médio porte do Paraná e do interior de São Paulo. A maior parte das cidades, no entanto, amarga a invisibilidade e a solidão na sua busca por existência. Há casos como minúsculas cidades de até 5 mil habitantes com baixíssimas taxas de analfabetismo e ganhos de cidades grandes.
E também há casos das cidades que encolhem e sucumbem diante da má gestão pública, do crescimento da violência, da falta de incentivo ao empreendedorismo, de tudo aquilo que se chama de progresso... Não é questão sem saída – as políticas para cidades são possíveis, como demonstram inúmeros casos em nossa volta. E foi para apresentar esses exemplos e discutir as muitas e evidentes as possibilidades que o grupo Folha da Manhã idealizou este fórum de ideias. O desafio apontado pela nossa atual realidade é evidente: já é hora de reconhecer a cidade como um “lugar”, um espaço concreto que se alia
Expediente ORGANIZAÇÃO VANESSA BRAZ CASSOLI
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DIRETOR DE REDAÇÃO CARLOS ANTÔNIO ALONSO PARREIRA carlos@folhadamanha.com.br
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O suplemento “Fórum de Desenvolvimento do Sudoeste Mineiro” é veiculado na edição número 9456, de 20 de setembro de 2015, da Folha da Manhã com circulação especial adicional durante o ‘1º Fórum de Desenvolvimento do Sudoeste Mineiro”, promovido pela Folha da Manhã e Clic Folha, no Parque de Exposições Adolhpo Coelho LEMOS, município de Passos-MG.
à grande rede urbana, formando um circuito de boas relações. Fazer esse reconhecimento seria um primeiro passo para puxar a conversa e saber qual o rumo a tomar. “Nossa intenção é a de provocar, dar um empurrãozinho para que possamos nos reinventar, para o que esperamos contar com um pouco de sorte na escolha de parceiros e muita criatividade que alguns já exercitam no seu dia a dia.” É certo que valem os índices que caracterizam cada um de nossos municípios, como o IDH e o da
Firjan, mas sobretudo conta nessa hora a disposição para fazer um mergulho antropológico na personalidade desses municípios. Razões para tamanho esforço não faltam. A conquista da urbanidade – no sentido de desenvolvimento aliado ao conhecimento – vale para todos os núcleos humanos. O urbano é sinônimo de acesso, de participação nos ganhos tecnológicos, de uso do espaço público digital, de atendimento à saúde e educação. Triste a sociedade que estende esse direito apenas a um tipo de grupo, pois se todos não usufruírem desse processo não há desenvolvimento.
Programação do Fórum
REDAÇÃO ÉDER FERNANDES NEVES eder@folhadamanha.com.br
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A Folha da Manhã é uma publicação da Emp. Jor. Santa Marta Ltda | Oficinas e Redação à Rua 2 de Novembro, 206, Centro CEP 37900-128 Passos/MG Fone (35) 3529-2750 - Fax (35) 3529-2764. PÁGINA 02
08:00h - Recepção, credenciamento e café. 08:30h - Solenidade de abertura. 09:00h - Palestra Desenvolvimento Regional e suas Parcerias, com Stefan Salej, consultor internacional, ex-Presidente da FIEMG e do SEBRAE Minas. 10:15h - Palestra Desenvolvimento do Agronegócio, com José Gerardo Fontelles, ex-Secretário Executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 11:30h - Palestra Economia e Finanças dos Municípios do Sudoeste Mineiro, com João Batista Rezende, professor e pesquisador da Fundação João Pinheiro.
12:30h - Intervalo para almoço, servido no próprio local. 14:00h - Palestra Turismo: Planejamento e Gestão, com Cristiano Lopes, consultor empresarial e professor universitário. 15:00h - Intervalo para café. 15:15h - Grupos de discussão setorial sobre os temas: • Agronegócio • Indústria • Comércio e Serviços • Turismo • Meio Ambiente 17:15h - Apresentação das conclusões dos grupos de discussão. 18:30h - Solenidade de encerramento e coquetel de confraternização.
FÓRUM DE DESENVOLVIMENTO DO SUDOESTE MINEIRO
“Fórum será um canal de discussão”
FOTO: FÃO TAVARES
“PROPOSTA DO FÓRUM DE DESENVOLVIMENTO DO SUDOESTE MINEIRO, PROMOVIDO PELA FOLHA EM SETEMBRO, PROPÕE TRANSFORMAR O JORNAL EM UM CANAL DE DISCUSSÃO PARA QUE SE LEVANTEM NECESSIDADES E OPORTUNIDADES” A relações públicas Vanessa Braz Cassoli, organizadora do evento, explicou como será o Fórum que está sendo esperado em Passos e região. Ela relatou que foram eleitas cinco áreas para discussão: Indústria, Comércio, Turismo, Agronegócio e Meio Ambiente. Os temas serão explanados por palestrantes e, após, discutidos em grupos setoriais, culminando com um relatório de diretrizes para busca do desenvolvimento regional. Vanessa revelou ainda que o Fórum será realizado anualmente e que após o evento as discussões terão continuidade por meio de site exclusivo, além do próprio jornal Folha da Manhã e Portal ClicFolha. Em sua primeira edição são esperados 300 participantes de aproximadamente 30 municípios da região.
Cassoli também é microempresária e professora da Uemg (Universidade do Estado de Minas Gerais), possui pós-graduação em Marketing e mestrado em Administração de Empresas. “O Fórum de Desenvolvimento do Sudoeste Mineiro é um evento pensado e organizado pelo jornal Folha da Manhã e portal Clic Folha, entendendo que, enquanto veículo de comunicação, é importante fomentar e levar para as pessoas, leitores, empresários, gestores da administração pública a discussão do desenvolvimento regional”, comenta. A organizadora do evento explica que o principal objetivo do fórum consiste em estabelecer mais um canal de interlocução entre Sociedade Civil, Poder Executivo e Poder Legislativo, na região Sudoeste de Minas, e gerar um documento com diretrizes
para o desenvolvimento econômico na região, a ser entregue às autoridades competentes dos setores público e privado, e depois acompanhar a concretização dessas propostas. “ESTE É MAIS UM EVENTO QUE VAI SOMAR COM ESTAS FRENTES JÁ EXISTENTES” Vanessa comenta que o veículo de comunicação se propôs a realizar o fórum no momento em que o próprio governo de Minas está realizando fóruns regionais no estado, e que também existem outras iniciativas, como a da Votorantim e o Sebrae que realizam na região um programa de liderança em prol do desenvolvimento. Ela explica que este é mais um evento que vai somar com estas frentes já existentes e transformar o jornal em um canal de discussão para
“O Sebrae tem como missão ‘Promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos pequenos negócios e fomentar o empreendedorismo para fortalecer a economia nacional.’ O desenvolvimento regional está diretamente ligado ao dinamismo da interação/integração dos agentes regionais, econômicos, sociais e políticos, desde a sua concepção até a execução de um projeto. O Fórum de Desenvolvimento do Sudoeste Mineiro vem ao encontro da proposta do Sebrae e é uma oportunidade para começar ou mesmo continuar a FABIANA RODRIGUES ROCHA discussão sobre as prioridades estratégicas da região. Após Analista técnica do Sebrae o evento os grupos devem dar sequência aos trabalhos, microrregião de Passos defender projetos, monitorar e controlar as ações.”
JOÃO CARLOS LEITE Presidente da cooperativa de crédito Sicoob Saromcredi
Vanessa Braz Cassoli, Relações Públicas e organizadora do Fórum.
“Parabenizo o Fórum porque será feita uma análise da nossa região e levantará políticas para manter nossos pontos fortes, assim como quais políticas devemos ter para eliminar os pontos fracos, de forma regional e levar isto até os nossos governantes. Assim é a região que define o que quer e mostra a sua linha norte para os políticos e não o contrário como acontece, quando trocar os políticos não se altera os projetos do local, pois a região continua a mesma com direcionamento definido por aquela população. Acredito em soluções planejadas e estratégicas com a participação da comunidade.”
que se levantem as necessidades e oportunidades para o desenvolvimento econômico da região. “Quando pensamos em realizar este evento, naturalmente as cinco áreas foram elencadas por responderem pela produção e geração de renda no Sudoeste de Minas. O agronegócio, um dos principais geradores do PIB da nossa região, representado pelo leite, pelo café, pelo gado de corte, pelos suínos, pelos grãos, pela cana de açú-
HUGO CESAR FERNANDES Diretor executivo do Grupo Objetiva
CÉSAR VILELA DE AQUINO Palestrante - Master Coach e Head Trainer PÁGINA 03
car. A indústria, na forma de manufatura de bens, pode ser incrementada, o comércio e os serviços também são expressivos no nosso PIB. Temos a Serra da Canastra e o Lago de Furnas, dois grandes atrativos turísticos, além do turismo de compras. O meio ambiente é um tema que permeia os outros quatros, não dá para discutir o desenvolvimento econômico sem envolver o manejo sustentável dos recursos naturais”, finaliza Cassoli.
“Acredito que as atitudes de desenvolvimento tem que partir de baixo para cima e não o inverso; as pessoas que moram no local ou atuam no mesmo tem mais possibilidades de levantar as necessidades de desenvolvimento do que outras que não conhecem ou convivem com a realidade do município ou região. O Grupo Objetiva apresentará ideias para questões ambientais e de sustentabilidade e Plano Diretor do município, que tem tudo a ver com desenvolvimento. Outras iniciativas devem ser tomadas para que o Fórum não caia no esquecimento ou fique apenas no papel”.
“A iniciativa do Jornal Folha da Manhã, em promover o Fórum de Desenvolvimento do Sudoeste Mineiro, é de extrema importância, pois, precisamos discutir em conjunto e de maneira ampla as novas diretrizes estratégicas, que darão norte ao desenvolvimento da região. Vivemos a construção de um novo cenário nos negócios, no comportamento humano, na vida sócio-política da região e da nação. Essa iniciativa vem subsidiar o enfrentamento destes novos desafios. Vem dar suporte de forma sustentável a novas ações e decisões coletivas e sócio-políticas, criando uma agenda possível e viável para o crescimento do Sudoeste Mineiro.”
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Stefan Salej: “Desenvolvimento passa por união” Um dos principais palestrantes do Fórum de Desenvolvimento do Sudoeste Mineiro, o consultor internacional e ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e Sebrae, Stefan Bogdan Salej, afirma que o desenvolvimento regional é como um jogo do ganha-ganha: “todos
têm que se beneficiar do desenvolvimento, cujas metas têm que ser consensuais, aceitas pela maioria”. Apesar de hoje já não exercer cargo executivo empresarial, Salej gerencia uma carteira própria de participações minoritárias. Essa capacidade de transitar entre a esquerda intelectual e o empresa-
riado mineiro, majoritariamente conservador, é marca de Salej. Mas em seu discurso, ao invés da tese do ‘estado mínimo’, moda ressurgida entre empresários, ele cobra coerência e eficiência das políticas públicas. “Num país em formação como o Brasil, não se pode prescindir do governo”, afirma.
FOTO: DIVULGAÇÃO
Stefan Bogdan Salej, ex-Presidente da FIEMG e do SEBRAE MINAS e Palestrante do Fórum.
O senhor virá a Passos falar sobre desenvolvimento regional. Qual a sua definição para desenvolvimento regional? Stefan Salej: Simples: o que traz bem-estar para todos. É o jogo do ganha-ganha. Todos têm que se beneficiar do desenvolvimento, cujas metas têm que ser consensuais, aceitas pela maioria. De quem é a responsabilidade pelo desenvolvimento regional? Stefan Salej: De todos! Líderes naturais são líderes políticos, prefeitos. Mas pode e deve haver outras lideranças que agregam no momento melhor. Há experiências muito bem sucedidas de processos liderados conjuntamente pela comunidade empresarial com os políticos. Os gestores públicos de uma localidade se preocupam em ‘trazer’ indústrias, de origem nacional ou estrangeira, para gerar empregos e fomentar o PIB. Isso funciona? Stefan Salej: Não. Indústria é ‘um’ dos fatores econômicos. E antes de ‘trazer’, tem que fortalecer os que existem. Como avançar da teoria para a prática, quando se fala em desenvolver uma região? Quais as dificuldades para isso? Stefan Salej: Fundamental é o consenso de objetivos e, claro, ter
Participantes do Fórum apontarão diretrizes para desenvolvimento
Durante o Fórum de Desenvolvimento do Sudoeste Mineiro, a equipe de mediadores terá a missão de conduzir os participantes do evento, durante duas horas de trabalho, no levantamento de possíveis ações para o desenvolvimento econômico regional. A equipe convidada se reuniu no início deste mês para mediar os grupos de discussão e para tratar do método a ser usado e dos resultados pretendidos. Serão organizados cinco grupos - Indústria, Comércio e Serviços, Turis-
mo, Agronegócio e Meio Ambiente cada um conduzido por uma dupla de mediadores. A meta dos mediadores, ao término das discussões, é ter em mãos cinco diretrizes para ações em cada eixo discutido. Além disso, cada equipe contará com um relator para gerar, após o evento, um relatório detalhado das discussões, a ser publicado pelo jornal Folha da Manhã. O encontro foi conduzido pelo diretor administrativo da Folha da Manhã, Luiz Cláudio Moraes, e contou com
a presença dos professores da Uemg - Unidade Passos Eduardo Goulart Collares, César Vilela de Aquino, Ricardo Ferreira Godinho e Evandro Freire Lemos; com o professor do IFSul de Minas - Campus Passos, João Marcos Evangelista; com o representante da Ameg Cleber dos Santos Martins; com o gestor do Circuito Turístico Nascentes das Gerais, Kleyber Jorge da Silveira; e com o presidente da Acip Carlos Renato Lima Reis e o gerente da associação Rogério Borges. No dia 21, também PÁGINA 04
sonhos e objetivos que são de todos. É um processo, que leva tempo e esforço. E passsa por união, e não por desagregação e disputas políticas. O acesso ao crédito para investimentos é cada vez mais difícil e a carga tributária continua alta, dentre outras dificuldades para os negócios. Como o empresário pode crescer nesse cenário? Stefan Salej: Seguir o ‘método Salej’: cuidar de caixa, produto ou serviço, cliente, funcionários. Sair do quadrado. Inovar, pensar diferente. Ver o que os concorrentes fazem. O Fórum de Desenvolvimento do Sudoeste Mineiro propõe a discussão sobre oportunidades para cinco áreas: indústria, comércio, turismo, agronegócio e meio ambiente. Como os setores devem se integrar para o crescimento econômico regional? Stefan Salej: Vocês são quem deve saber o que pode ser desenvolvido. As experiências de fora ajudam, mas não são decisivas. Decisiva é a união de todos para desenvolver. Talvez valha a pena pensar também em serviços, tecnologias, inovação. As ideias vão surgir nas discussões e dentro da comunidade. Não há fórmula mágica, além de sangue, suor, lágrimas e vitória. FOTO: FÃO TAVARES
Reunião com a equipe convidada para mediar os grupos de discussão do Fórum.
integrarão a equipe de mediadores o professor da Uemg Olney Bruno da Silveira Júnior e a analista técnica do Sebrae Fabiana Rodrigues Rocha. Além da publicação do relatório completo das discussões, a
Folha da Manhã também providenciará o encaminhamento das conclusões e sugestões obtidas no Fórum às entidades de classe e gestores públicos, para subsídio na formulação de políticas e planos.
FÓRUM DE DESENVOLVIMENTO DO SUDOESTE MINEIRO FOTO: DIVULGAÇÃO
“O desconhecimento leva a insucessos” Para João Batista Rezende, o desenvolvimento municipal só vai ocorrer quando forem conhecidas e discutidas as disparidades do ponto de vista dos recursos naturais, infraestrutura física, cultura, organização e aspiração das comunidades de cada município. João Batista Rezende, natural de Itaú de Minas, é doutor em Ad-
ministração pela UFLA, mestre em Economia Rural pela UFV e graduado em Ciências Econômicas pela UFSJ. É pesquisador da Fundação João Pinheiro e professor nos cursos de graduação e pós-graduação ‘lato sensu’ na Escola de Governo da FJP. Professor colaborador da UFLA no curso de Mestrado Profissional em
Administração Pública, tem experiência nas áreas de economia rural, economia do setor público, administração pública e finanças públicas e desenvolve pesquisas na área de gestão pública municipal e avaliação de políticas públicas. Nesta entrevista, ele defende a criação de agências de desenvolvimento.
João Batista Rezende, professor e pesquisador da Fundação João Pinheiro e Palestrante do Fórum.
“PARA O PROFESSOR E PESQUISADOR JOÃO BATISTA REZENDE, UM DOS PALESTRANTES DO FÓRUM DE DESENVOLVIMENTO DO SUDOESTE MINEIRO, O EVENTO SERÁ UMA GRANDE OPORTUNIDADE PARA SE CONHECER A REALIDADE REGIONAL” O senhor é um dos palestrantes do Fórum de Desenvolvimento do Sudoeste Mineiro. Como você vê esta iniciativa do jornal? João Batista Rezende: Excelente, pois irá possibilitar uma discussão com a sociedade local sobre importantes aspectos das economias municipais e do território Sudoeste Mineiro. A oportunidade possibilitará, sem dúvida, discutir as fraquezas e potencialidades das economias locais e ainda apresentar propostas. O senhor possui vasta atuação na área de políticas públicas. Quando se fala em planejamento e promoção do desenvol-
JOÃO PAULO DE TOLEDO GOMES Diretor geral do IFSUL de Minas - Campus Passos
EBERTH BERALDO C. LEMOS Diretor Presidente da Associação Cultural, Assistencial e Desportiva dos Estados de MG e SP (ACADS)
vimento econômico, qual sua visão sobre o desempenho dos municípios mineiros e, em especial, os municípios do Sudoeste de Minas Gerais? João Batista Rezende: Em Minas Gerais observa-se uma elevada disparidade entre os municípios, o que também ocorre entre os 34 municípios do território Sudoeste Mineiro. É necessário conhecer e discutir as disparidades do ponto de vista dos recursos naturais, infraestrutura física, cultura, organização e aspiração das comunidades. O desconhecimento desta realidade pode levar a insucessos quaisquer
iniciativas de promoção do desenvolvimento econômico local. Como cidadão natural de Itaú de Minas, qual sua expectativa de vir à região de sua terra natal falar sobre desenvolvimento? João Batista Rezende: Grande oportunidade para contribuir para o desenvolvimento regional. Sinto-me gratificado em estudar, discutir propostas e contribuir para a implantação e sucesso de iniciativas como essa da Folha da Manhã, que possibilitem o desenvolvimento das economias locais. O que o senhor recomenda para que o Fórum no dia 21 de
Temos o dever de estimular processos educativos articulados com o mundo do trabalho e os segmentos sociais, tendo ênfase na produção, no desenvolvimento científico e tecnológico que levem à geração de trabalho e renda, além da emancipação do cidadão na perspectiva do desenvolvimento socioeconômico local e regional. O IFSULDEMINAS pretende difundir seus conhecimentos científicos no suporte aos Arranjos Produtivos Locais (APLs) e em busca de novas técnicas e procedimentos, promovendo a inovação tecnológica.
“Considero o Fórum de Desenvolvimento do Sudoeste Mineiro muito importante para nossa região, pois a participação dos empresários, entidades de classes, instituições de ensino, órgãos públicos, representantes políticos neste evento é criar oportunidades de levantar e discutir o futuro do desenvolvimento socioeconômico de nossa região. Que este fórum não seja apenas um sonho, mas que seja permanente, com propostas visando o futuro e o crescimento sócio-econômico do Sudoeste Mineiro.”
setembro e os trabalhos após o evento sejam bem sucedidos? João Batista Rezende: A participação de representantes da iniciativa privada, da sociedade civil organizada e dos gestores públicos para conhecer os problemas, fomentar a
CARLOS RENATO LIMA REIS Presidente da Acip (Associação Comercial e Industrial de Passos)
discussão e buscar soluções para os problemas regionais. A participação de representantes dos setores econômicos relacionados à indústria, comércio e serviços e da agropecuária será primordial na discussão de problemas e propostas.
“O Fórum será importante não só para cidade, mas também para a região, poderemos criar um cronograma de projetos e crescimento que venham a fortalecer o município e nossa região em todos os aspectos - principalmente na área do comércio e indústria. Vamos levar um grupo grande da Acip, empresários da diretoria que vão participar junto com a gente em todo o processo e isso trará um resultado positivo. É importante estar presente, a diretoria já participou de palestra de crescimento e desenvolvimento na nossa cidade e o fórum trará um acréscimo a este desenvolvimento”.
Considero o fórum uma iniciativa inteligente, abordando aspectos sociais, políticos e profissionais, apontando novos horizontes. O Fórum precisa ser bem focado, os problemas precisam ser discutidos sem tumulto, ter uma produção boa; centralizada. Já participei de outros com a classe rural e foi muito bom; Para dar continuidade após a elaboração do documento tem que ter cobranças e compromissos entre as partes envolvidas. Uma parte cobrando e a outra realizando compromissos, assim tomadas as medidas para LEONARDO DOS REIS MEDEIROS que o Fórum não congele. Presidente do SinRural PÁGINA 05
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Cristiano Lopes: “É preciso tornar atrações em atrativos”
O consultor e professor Cristiano Lopes, um dos palestrantes do Fórum de Desenvolvimento do Sudoeste Mineiro, revela que conhece 30 países e confessa que um dos lugares mais fantásticos que conheceu na vida foram os cânions de Furnas. Mas só essa
“beleza indescritível” não basta para uma exploração turística de fato. Cristiano Lopes é palestrante profissional, consultor empresarial e professor universitário para programas de MBA e Pós-Graduação; com MBA em Gestão Estratégica de Negócios e
Especialização em Gestão Estratégica de Marketing, além de cursos de aperfeiçoamento em Gestão de Empresas e em Planejamento Turístico e Gestão Hoteleira, ambos realizados na Escuela Superior de Las Islas Baleares – Palma de Mallorca/Espanha. FOTO: DIVULGAÇÃO
Cristiano Lopes, palestrante e consultor empresarial, professor universitário para programas de MBA e Pós-Graduação e Palestrante do Fórum.
O turismo é um setor importante para a economia e vem sendo estimulado como oportunidade de negócios. Por que isso ocorre? Cristiano Lopes: Isso ocorre porque o turismo é considerado, desde a década de 90, como sendo uma das três principais economias do planeta. Nos últimos anos o turismo internacional tem apresentado crescimento médio de 4% ao ano, mesmo índice apresentado nos quatro primeiros meses de 2015, de acordo com a OMT - Organização Mundial do Turismo. O Brasil também apresenta crescimento, mas ainda com números irrisórios se comparados ao cenário internacional, representando 0,55% do mercado internacional. Você já esteve anteriormente na região Sudoeste de Minas Gerais, que possui atrativos como o Lago de Furnas e a Serra da Canastra. Sendo um profissional da área de Turismo, como o você avalia o desenvolvimento turístico dessa região? Cristiano Lopes: A região Sudoeste de Minas Gerais é privilegiada em termos de localização geográfica,
recursos naturais e culturais. Conheço 30 países e confesso que um dos lugares mais fantásticos que conheci na vida foram os cânions de Furnas, quando tive a oportunidade de ir de lancha - é de uma beleza indescritível. Além disso, a região já possui outros produtos turísticos já consolidados e inúmeros (infinitos) potenciais turísticos que poderão ser turistificados, como por exemplo, a rodovia MG-050. A região possui outra vantagem competitiva estratégica interessante: o Circuito Turístico Nascentes das Gerais é um importante interlocutor com o Poder Público (Prefeituras e Secretaria de Estado do Turismo), Sistema “S” (Sebrae, Senac) e com os empresários locais. Sempre que participo dos eventos de turismo em nível estadual e nacional percebo que a região está representada e divulgando os seus atrativos Você será um dos palestrantes do Fórum de Desenvolvimento do Sudoeste Mineiro que discutirá, além do turismo, os temas indústria, comércio, agronegócio e meio ambiente. Quais suas expectativas em
relação a esse evento realizado pela Folha da Manhã? Cristiano Lopes: Espero que este evento possa apresentar dados e informações estratégicas relevantes aos participantes, a fim de que possam transformar em conhecimento e estimular atitudes em prol da ampliação ou melhoria do seu empreendimento, formatação de novas ideias ou abertura de oportunidades de negócios. Um evento deste porte e com este formato possibilitam a efetivação da construção de pensamento crítico mais aguçado e relacionamentos de mercado. Sua palestra tratará do planejamento e da gestão do turismo. O que os participantes do evento podem esperar de sua apresentação? Cristiano Lopes: Podem esperar uma palestra diferenciada, marcante e envolvente. As minhas apresentações configuram-se como um blend de teoria e prática, com utilização de recursos variados e com muito dinamismo (como de fato é o mercado), provocando sensações e compartilhando inspiração. PÁGINA 06
Turismo regional terá Fórum como aliado FOTO: FÃO TAVARES
Segundo o gestor do Circuito Turístico Nascentes das Gerais, Kleyber Jorge da Silveira, este é um evento importante que consegue integrar vários setores com participação de representatividades regionais, profissionais das respectivas áreas, para a apresentação e discussão de Kleyber Jorge da Silveira, ideias para um desenvolvigestor do Circuito Turístico Nascentes das Gerais mento em conjunto. Para Silveira, a região oferece vários segmentos turísticos - Turismo de Negócio, Turismo de Saúde, Turismo Náutico, Ecoturismo, Turismo Religioso, Turismo Rural, Turismo Gastronômico, Turismo de Eventos e Turismo Cultural, sendo segmentos que trazem a região vasto público em várias épocas do ano. O turismo movimenta a economia regional e traz benefícios à população local. “O evento em si irá com certeza gerar ideais e projetos para aprimorarmos cada vez as ações e trabalhos voltados para a área, para que posteriormente possamos absorvê-las e implementá-las dentro de suas viabilidades”, acrescentou Kleyber. Silveira revelou que neste ano completará 10 anos como gestor do Circuito Turístico Nascentes das Gerais, e que já participou de vários eventos como este, através de fóruns, seminários e encontros. “Todos que participei foram interessantes, pois adquiri mais conhecimentos e pude trocar experiências com outros gestores da mesma área que atuo”, declarou. Segundo o gestor do Circuito Turístico Nascente das Gerais, existe a necessidade de mais atenção ao turismo por parte do poder público. “Acredito que o turismo deveria ser olhado um pouco mais com carinho pelas administrações públicas, pois os investimentos nessa área são muito poucos. É raro a cidade que possui um turismólogo na Secretaria de Turismo, ou melhor, um município que possui um Plano de Turismo. Essas e outras questões são os motivos que às vezes o destino não se desenvolve. O turismo é um sistema, onde todos os seus componentes devem estar integrados e trabalhando da melhor forma possível para que seu desenvolvimento aconteça”, observou. Em relação ao Fórum, Kleyber revelou suas expectativas. “A equipe que está organizando e os profissionais envolvidos já fazem do evento um sucesso. Teremos excelentes palestrantes, o Cristiano Lopes, profissional do setor de turismo, possui amplo conhecimento e experiência desta área, já atuou em ações para o desenvolvimento do Circuito Turístico Nascentes das Gerais e com certeza será um grande colaborador neste Fórum. Estou ansioso para participar e poder contribuir também neste grande evento”, evidenciou.
FÓRUM DE DESENVOLVIMENTO DO SUDOESTE MINEIRO FOTO: DIVULGAÇÃO
“A política agroindustrial não pode ser unitária”
O cearense Fontelles começou a carreira em 1967, como técnico do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), e se especializou na área de abastecimento e preços. Além do Ministério da Agricultura e da Presidência da República, ele já atuou nos ministérios da Indústria e Comércio, do Planejamento e da Fazenda. Formado pela Universidade Federal do Ceará, o engenheiro agrônomo transita com notório conhecimento nas áreas de abastecimento, política agrícola e planejamento, acumulados ao longo de quarenta anos no serviço público federal. Suas qualificações o habilitaram à Secretaria Executiva do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), órgão no qual exerceu vários cargos diretivos. Em sua fala, ele destaca a importância da integração para o desenvolvimento do agronegócio “é importante para o desenvolvimento
do agronegócio a adoção de uma política nacional plurianual observadas as características regionais, com os pertinentes ajustes quando necessário”. O Brasil é visto como um país com vocação natural para a produção agropecuária, devido à abundância de terras e condições climáticas. Podemos (ainda) ser chamados de “celeiro do mundo”? José Gerardo Fontelles: Temos plenas condições de vir a ser um grande supridor de produtos agropecuários para o mundo, diante da grande extensão territorial e da diversidade climática do Brasil. Previsões corroboram o vigor da atividade agropecuária brasileira e a agricultura prossegue batendo recordes. Para ter uma idéia, a CONAB estimou para a safra em curso um total de 209,5 milhões de toneladas no último levantamento de produção de grãos, que representa indicativamente cerca de 10% a mais do que a quantidade da safra anterior, de 188,65 milhões de toneladas.
Segundo ranking de 2010 do MAPA, nosso país está entre o 1º e o 4º lugares mundiais na produção e exportação de vários produtos, com destaque para o café, o açúcar e a laranja. Porém, na maioria dos casos, a exportação é de commodities, o que não agrega valor. Como gerir a cadeia de um produto, com vistas ao mercado externo? José Gerardo Fontelles: De fato, a ênfase brasileira foi sempre fornecimento de produtos primários principalmente no caso do café, sendo o maior produtor e exportador do grão. Para a reversão desse cenário, é imprescindível a integração de todo complexo no Brasil, em decorrência da própria concepção produtiva implementada no País. O dólar atinge o maior patamar desde 2003. Que impactos (negativos e positivos) o câmbio tem para os agropecuaristas e como lidar com isso?
José Gerardo Fontelles, ex-Secretário Executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e palestrante do Fórum.
José Gerardo Fontelles: A situação das moedas decorre de fatores conjunturais, afetando diversos países. Esse quadro acredito seja transitório, em vista da adoção de políticas para contornar os impactos. Quanto ao setor agroindustrial já se dispõe dos instrumentos legais necessários para uma adequada negociação. O Fórum de Desenvolvimento do Sudoeste Mineiro, evento proposto pelo jornal Folha da Manhã, pretende fomentar
a discussão sobre as necessidades e oportunidades para o crescimento econômico da região. Como o senhor vê esta iniciativa? José Gerardo Fontelles: Considero esta iniciativa extremamente importante para realizar o desenvolvimento harmônico do setor agroindustrial, fixando os fundamentos necessários para obter essas mudanças através da integração com diferentes setores.
“Educação fomenta crescimento” “O ENSINO SUPERIOR TAMBÉM PODE CONTRIBUIR COM O DESENVOLVIMENTO REGIONAL, ATRAVÉS DE PESQUISAS ACADÊMICAS E INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA PARA OS ESTUDANTES, PODENDO AQUECER A ECONOMIA REGIONAL”
Com a estadualização da Fundação de Ensino Superior de Passos (Fesp), que desde novembro de 2014 se tornou Unidade Acadêmica da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), estima-se que o número de universitários no município passe de quatro mil para oito mil nos próximos anos - crescimento estudantil que gera possibilidades para alavancar a economia da região. O Fórum de Desenvolvimento do Sudoeste Mineiro, apresenta em um dos seus objetivos o fomento e a discussão acerca do desenvolvimento econômico da região Sudoeste de Minas, em que o desenvolvimento educacional está inserido.
Para a diretora acadêmica da Uemg Unidade Passos Tânia Maria Delfraro Carmo, a expectativa de aumento da população de universitários traz a possibilidade de aquecer a economia, já que os estudantes investirão em moradia, alimentação e serviços. Numa outra vertente está o crescimento do IFSul de Minas, que já no próximo ano elevará para cinco o número de cursos de nível superior. O Fórum O Fórum discutirá demandas regionais com o intuito de fomentar o crescimento econômico e a educação vai colaborar neste processo, via profissionais que vão trabalhar no local e também através da pesquisa.
“Além da formação dos profissionais que poderão atuar localmente, a contribuição efetiva da Universidade para o desenvolvimento local e regional se dá na forma da pesquisa científica e da extensão. É nosso papel desenvolver projetos que vão ao encontro das demandas da comunidade. Para isso, a Uemg está ligada às principais instituições de fomento do país, a fim de trazer recursos para a pesquisa e a extensão”, informa a diretora. Tânia Delfraro comentou que a Uemg terá docentes e discentes participando do evento e que a Universidade possui projetos que podem ser apresentados no Fórum. A diretora finalizou revelando que já PÁGINA 07
Tânia Maria Delfraro Carmo, diretora acadêmica da UEMG Unidade Passos
participou de eventos semelhantes e que acredita na iniciativa. “As discussões e soluções não são atingidas em um único evento, ou em eventos isolados, por isso é importante a
manutenção desse ambiente de discussão e de interação entre os atores locais, que somos todos nós, responsáveis pelo desenvolvimento do lugar onde vivemos”.