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A digital militar

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Fedeu!

Fedeu!

instrumento para demandar militarização”.

É notório que os militares são “os engenheiros do caos” – título do livro do italiano Giuliano da Empoli sobre o papel instrumental das redes sociais para a expansão da extrema-direita.

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Jeferson Miola

O8 de janeiro condensa aspectos centrais da guerra fascista contra a democracia.

Não há paralelo na história de atentado assombrosamente ousado, violento e destrutivo contra os Poderes da República e o Estado de Direito. A fúria da horda fascista tinha endereço certo: o coração do poder civil e a institucionalidade democrática.

Um ataque tão esperado quanto anunciado. Apesar de previsível, impressionantemente surpreendente, devido ao rastro de terror e destruição.

No 8 de janeiro não teve improviso. Tampouco falha involuntária da PM, perda de controle da situação, ou insuficiência “ocasional” de tropa do Batalhão da Guarda Presidencial do Exército para impedir a invasão do Palácio do Planalto.

Tudo foi metodicamente arquitetado para acontecer tal como aconteceu.

PM’s fazendo selfies enquanto terroristas saídos do QG do Exército invadiam o Congresso, o STF e o Planalto evidenciam a aliança criminosa de policiais e militares – sobretudo do Exército – com o caos.

Caso os atentados tivessem sido perpetrados ainda durante o mandato do governo fascista-militar, hoje o Brasil estaria nas trevas.

Bolsonaro e seus generais-mentores teriam decretado uma GLO “para que algum general assuma o governo”, como resumiu o presidente Lula em 10/1 ao explicar porque rechaçou a inconveniente proposta levada a ele pelo seu ministro da Defesa José Múcio.

O professor Odilon Caldeira Neto/UFJF aporta uma interessante hipótese sobre o “Capitólio de Brasília”.

Para ele, o 8 de janeiro foi “um evento apoteótico de deslegitimação das lideranças políticas e instituições democráticas. O plano é cercear o governo pelo centro e beiradas para tornar insustentável o exercício de poder. O caos é um

O general Rego Barros, ex-porta-voz de Bolsonaro, enaltece o domínio, pelo Exército, das tecnologias digitais: “mergulhar de cabeça no ‘submundo’ das mídias sociais e se tornar o órgão público com maior influência no mundo digital no Brasil exigiu sangue frio na interlocução sem rosto, típica da internet, suor à frente do teclado e lágrimas de emoções pela conquista do cimo”.

O empenho em fazer do Exército a instituição “com maior influência no mundo digital” é coerente com a estratégia militar de guerra híbrida para gerar caos e desestabilizar a democracia.

A militarização das instituições e da sociedade – e, em consequência, a tutela da democracia e a interferência ilegal das Forças Armadas na política – é uma chave explicativa essencial para identificarmos os atores centrais deste processo e os complexos desafios a serem enfrentados.

O presidente Lula impôs uma derrota estratégica aos militares na batalha do 8 de janeiro. A coesão nacional em defesa da democracia criou uma oportunidade histórica inédita para o poder civil enterrar em definitivo o delírio militarista do Poder Moderador.

A democracia venceu esta dura batalha, mas ainda é preciso vencer a guerra fascista contra a democracia. Para isso, o enfrentamento urgente da questão militar será crucial.

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