Ao observarmos o cotidiano, paisagens, animais, árvores, flores, o vento, o sol e as pessoas..., percebemos que a vida nos fala e nos manda mensagens sem a necessidade da linguagem verbal. Como um flanêur de Baudelaire, que assim foi definido por ele “uma pessoa que anda pela cidade a fim de experimentá-la”, representante típico da modernidade, que tentar compreender o mundo a sua volta “flanando” pelas cidades, também podemos perceber, e captar, momentos únicos de nossa existência sem que se faça necessária nenhuma palavra. Parte da magia associada à fotografia em seus primórdios, que levou o próprio Baudelaire a questionar seu valor como arte, e que ainda permanece nesse ato já chamado de “aprisionamento da realidade” consiste justamente em poder captar aquilo que as palavras não fazem e assim mesmo se traduzir sem palavras: nossas expressões, nossos sentimentos, gestos, olhares, congelados e eternizados no tempo, capazes de dizer tanto quanto um milhão de palavra