Berçário das Baleias Franca De Itapirubá à Gamboa
Berçário das Baleias Franca De Itapirubá à Gamboa
Mariana de Medeiros
Meu cúmplice, confidente, assistente, babá, amigo. Antes de tudo, meu pai, Dé. E a todos aqueles que me apoiam, compreendem, toleram, atravancam, suportam, ensinam e amam,
Muito Obrigado.
O litoral sul do Brasil, em especial, Garopaba
e Imbituba, é uma das áreas mais importantes do planeta para a reprodução da Baleia Franca Austral. É aqui que as baleias Franca, que passam o verão se alimentando próxima a Antártida, vêm ter seus filhotes e amamentá-los de junho a novembro. Com o ressurgimento da espécie, muito se fala sobre a sua exploração e preservação, porém o que pouco se ouve falar é sobre esse lugar que elas escolhem para ter e amamentar seus filhotes. A especulação imobiliária da região, os atrativos turísticos, as condições para a prática de esportes, tudo isso é facilmente encontrado em todos os veículos de mídia possíveis, mas que praias são essas escolhidas por essa espécie tão ameaçada? Que ambiente é esse (pouco) conhecido mundialmente como a Capital das Baleias Franca? Baseado nestes fatos, meu livro tem como principal objetivo relatar através de imagens, características naturais e culturais das cidades de Imbituba e Garopaba em relação a migração desses mamíferos que escolheram essas praias para a sua reprodução.
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A Baleia Franca e seus aspectos comportamentais
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As Baleias Franca medem aproximadamente 18 metros e pesam em torno de 60 toneladas, sendo os machos menores que as fêmeas. Uma camada de 40 cm de gordura garante a flutuação dessa gigante dentro d’ água. Seu corpo é negro com uma mancha branca no ventre e suas nadadeiras peitorais são em forma de trapézio e a cauda é longa e pontuda, elas não possuem nadadeira dorsal. Sua cabeça é grande, ocupa 1/3 do seu corpo. No lugar de dentes, as baleias Franca possuem barbatanas, um material queratinoso semelhante as nossas unhas com cerdas para que assim filtrem seu alimento, geralmente o Krill (espécie de crustáceo existente na região antártica). Na cabeça existem calosidades, que é uma característica peculiar dessa espécie. Essas calosidades são espessamentos da pele que já nascem com os indivíduos e são habitados por um crustáceo chamado ciamídeo (piolhos-de-baleia) e são provenientes da pele da própria mãe vivendo com as baleias uma relação de comensalismo. Cada indivíduo possui diferente distribuição dessas calosidades, formando uma “impressão digital” que serve como elemento identificador para que os pesquisadores monitorem o comportamento e tenham uma noção de quantidade populacional.
Características morfológicas
Produzem sons semelhantes a um arroto que servem para interagir com outros indivíduos ou com o ambiente e é provável que possam não só reconhecer-se entre si pelos sons que emitem como também reconhecer locais da costa pelas qualidades da acústica física desses locais.
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As
Baleias podem permanecer submersas por até 20 minutos e quando emergem para a superfície liberam seu borrifo em forma de “V”, outra peculiaridade da espécie. O esguicho na verdade é o ar quente que sai dos pulmões do cetáceo e se condensa ao entrar em contato com a superfície fria. Elas atingem a maturidade sexual com 7 anos. A reprodução entre elas é poliândrica, isto é, ocorre o acasalamento de uma fêmea com vários machos e a gestação é estimada em 12 meses. Elas dão a luz a um único filhote podendo ter um a cada três anos. Seu filhote nasce com cerca de 5 metros e 4 toneladas, cresce 2,8 centímetros e engorda 50 kilos por dia graças ao alto teor de gordura do leite de sua mãe. Sua longevidade é um tanto quanto incerta, estima-se que elas podem atingir 80 anos.
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Comportamento e reprodução Essa espécie realiza grandes migrações anuais e durante o verão elas se distribuem pela Antártida nas zonas de alimentação acumulando energia para o inverno. De julho a novembro as baleias Franca fogem do inverno antártico em busca de águas mais quentes para a reprodução. Mamães tem e amamentam seus filhotes próximas a arrebentação, enquanto grupos de acasalamento nadam festivos em alto mar.
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caça à Baleia no Brasil colônia permaneceu sistematicamente costeira, estendendo-se da Bahia para o Sul, até Santa Catarina. A instalação das Armações baleeiras na costa catarinense contribuiu em muito na imigração de açorianos a partir de 1746. A Armação de São Joaquim de Garopaba foi fundada em 1795 e logo após a Armação San’ Anna de Imbituba, que era um suplemento da de Garopaba, fundada em 1796, no município de Imbituba.
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Contruções feitas a base de óleo de baleia
O consumo da carne não era o objetivo principal das capturas, o que era realmente aproveitado era a camada de gordura para a produção de óleo para a iluminação pública, lubrificação e fabricação de argamassa. Secundariamente, as barbatanas eram usadas para a fabricação de espartilhos. As Baleias massacradas produziam cerca de 16 pipas de óleo por animal, algo em torno de 6.800 litros. Isto garantia vultosos lucros aos patrocinadores da caça. Em 1973 a captura de um animal medindo 14 metros de comprimento em Imbituba marcou, após 400 anos de matança, o fim da indústria Baleeira em Santa Catarina. Iniciou-se um período onde acreditavam que a Baleia Franca havia sido extinta permanentemente das águas brasileiras. 17
O Berçário Imbituba possui belas paisagens de natureza exuberante em meio a montanhas, praias, lagoas e dunas. As cumplicidades das culturas açorianas, com seu folclore e riquezas gastronômicas são ingredientes que complementam esse cenário. A cidade que já teve sua atividade econômica baseada na pesca da baleia, hoje atrai muitos turistas interessados no turismo ecológico. É considerada «O Berçário das Baleias Franca» onde entre maio e outubro brincam nos lagamares de terra, nas praias sopradas pela brisa do vento nordeste.
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região é privilegiada para a prática de esportes aquáticos como o surf e o windsurf. A praia da Vila é a praia onde rolam as maiores ondas do Brasil e a praia de Ibiraquera é um dos melhores points brasileiros para praticar o windsurf. Localizada ao Sul do estado de Santa Catarina a região de Imbituba é de grande importância econômica para o Estado, já que lá se localiza o Porto de Imbituba, um dos mais importantes do sul do país. Construído em 1870 com a finalidade de escoar o carvão retirado das proximidades do rio Tubarão. O município foi povoado a partir do ano de 1715 por açorianos e somente em 1958 foi desvinculado de Laguna. Antes de sua colonização, Imbituba era habitada pelos índios carijós da Tribo Guarani. O nome da cidade provém do indígena guarani, formado pelo prefixo «imbé» que é o nome de uma planta comum da região. O sufixo do nome «uba», ou «tuba», designa grande quantidade. 19
Itapirubá
Praia da Vila
A Praia do Itapirubá fica ao Sul de
Imbituba, faz divisa com o município de Laguna. Itapirubá é topônimo da língua Guarani. O elemento «Ita» desígna «pedra». Ainda outra variação, significa «conchas». O sufixo “rubá», significa “rolantes».
Canoa baleeira
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Possui esse nome devido a primeira povoação de Imbituba. 21
Praia da Vila
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Praia do Porto
Como próprio nome já diz, é a praia onde fica localizado o Porto de Imbituba.
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Praia D’água Recebe esse nome por causa das muitas nascentes de água na areia da praia
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Ribanceira
Ibiraquera Do guarani, Ibiraquera significa fibra vegetal resistente. Esse ĂŠ o nome de uma das muitas lagoas de Imbituba, e a Praia da Barra de Ibiraquera recebe esse nome devido a barra dessa laguna que abre esporadicamente.
Com as areias molhadas, ĂŠ a encosta de uma ribanceira e por isso ĂŠ chamada assim. 28
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Praia do Luz
Praia do Rosa Homenagem ao antigo morador, Dorvalino Rosa
Recebeu esse nome por causa de uma lenda local, onde dizem que luzes aparecem durante a noite.
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Garopaba
C
om nome indígena em guarani, Garopaba significa “lugar de barcos” onde ygara = embarcação e paba = lugar. O município foi fundado em 1793 , sua colonização é de origem açoriana e suas maiores atrações são as belíssimas praias, muitas lagoas e dunas. Com ondas fortes e grandes, Garopaba é frequentada por surfistas e amantes da natureza. Sua infra-estrutura turística é boa, contando com muitas pousadas, centenas de casas para alugar e bons restaurantes com comida boa e barata. No centro de Garopaba podese encontrar diversos serviços, lojas, pousadas, lavanderias, imobiliárias, bancos e ótimos restaurantes. De noite ou de dia, a praia da Ferrugem é o maior agito de Garopaba, com bares e casas noturnas ao longo da rua principal. A lagoa no caminho que leva até a Ferrugem é perfeita para o windsurf. Nas dunas do Siriú e da praia da Barra, podese praticar o sandboard (surf nas areias). 32
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Ouvidor
Ferrugem
Praia da Ouvidoria Imperial
Possui esse nome devido a รกgua avermelhada da Barra. 34
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Praia do Silveira Abund창ncia do capim Silva
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Praia de Garopaba Praia do Centro de Garopaba.
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SiriĂş Do guarani , muito siri.
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Praia da Gamboa Em guarani significa pequenos poços d’água.
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Com a proibição da caça, acreditava-se que a espécie havia sido
dizimada por completo. Porém atualmente essa proibição parece estar surtindo efeito na recuperação populacional da baleia franca austral. Porém, fatores como poluição química, emalhamento em redes de pesca, interações com embarcações e a degradação do habitat hoje ainda a tornam vulneráveis. Como em várias outras partes do país, várias dessas belezas naturais que vimos nesse livro estaria condenada a desaparecer graças à especulação imobiliária e atividades extrativas desordenadas. A presença das Baleias Franca veio então oferecer uma ferramenta para que as comunidades possam buscar o desenvolvimento e a qualidade de vida sem degradar o meio ambiente. Essa ferramenta foi a Decretação da Área de proteção da Baleia Franca, em 2000 que abrange desde o Pântano do Sul em Florianópolis até Balneário Rincão. Essa APA garante o manejo, exploração, ocupação de tudo que engloba a região dessa área de forma ordenada e sustentável, para que não haja danos a todo o ecossistema da região de berçário das Baleias Franca.
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"Nofuturo, as baleias francas que aqui vieram criar seus filhotes poderão estar passeando distraídas sobre as ruínas das mansões de ignorantes que outrora grilaram dunas, restingas e praias na vã esperança da permanência de suas posses... Mas enquanto isso não acontece, cabe a nós lutar para que os ambientes naturais do presente sejam preservados, acreditando que através da proteção dos ambientes naturais e da mudança dos paradigmas de desenvolvimento poderemos reverter a marcha insana do aquecimento global acelerado artificialmente ". (Projeto Baleia Franca, 25 anos de Pesquisa e Conservação)
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Mariana de Medeiros, 26 anos, nasceu e foi criada na beira do mar da praia da Vila em
Imbituba. Ambientalista por natureza decidiu estudar Oceanografia até quase concluir o curso. Em 2008 teve seu primeiro contato com a fotografia e em 2010 entrou para o curso Tecnológico em Fotografia. Adepta da filosofia de que apenas conhecendo é que podemos cuidar, acredita que através de suas imagens, pode compartilhar com as pessoas a sua maior paixão, a natureza, e assim levar o conhecimento a respeito da mesma para todos os cantos possíveis promovendo a preservação e consciência ambiental. 50
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Ficha Técnica Fotografia e Produção: Mariana de Medeiros Orientação: Robson de Souza Revisão: Jusselen Maria Nunes Tratamento de Imagem: Mariana de Medeiros Diagramação: Max Yan Scoz Impressão e acabamento:
Medeiros, Mariana de Berçário das Baleias Franca , de Itapirubá à Gamboa/Mariana de Medeiros – Itajaí – Univali/SC, impressão, 2011 1. Baleias 2. Caça 3. Imbituba 4. Garopaba 5. Preservação 52
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