Agosto de 2012 Número 87
Cadernos de Viagem Sri Lanka, a ilha do sorriso Há um lugar no mundo, onde os sorrisos são naturais e estão sempre presentes. Sri Lanka, o antigo reino de Ceilão, é uma pérola no Índico, com muita história, uma luxuriante vegetação tropical, muitos elefantes e muitos macacos, fruta deliciosa, praias orladas de palmeiras, de água quente. Uma ilha, onde nos cruzamos com pessoas com um sorriso sempre nos lábios, onde as pessoas são prestáveis sem serem subservientes, onde o estrangeiro é recebido com toda a naturalidade.
@ M. Margarida Pereira-Müller
A rapariga chegouse ao pé do pai, baixou-se, fez um gesto como se lhe fosse beijar os pés; o pai acariciou-lhe a cabeça e a rapariga partiu a correr como qualquer criança em qualquer parte do mundo. Se a criança a correr é uma cena normal para nós, ocidentais, a saudação da filha ao pai admirou-nos muito. Em Sri Lanka, há um grande respeito pelos mais velhos. Os filhos respeitam os pais — e mostramno publicamente.
O respeito pelo próximo sente-se no modo pacífico como coabitam quatro grandes religiões: budistas, hindus, católicos e muçulmanos têm os seus templos lado a lado, celebram em conjunto as festas religiosas de cada uma das comunidades. Há muitos séculos, um rei budista mandou colocar no templo budista as estátuas de duas divindades hindus porque
a sua mulher era hindu e ele queria orar no templo e têla ao seu lado. Os amigos de Jagath, o nosso condutor, budistas, passaram a noite a ver a perahera hindu em Kataragama. Sorrisos, respeito, harmonia — um paraíso no Índico.
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Pinnawella
Um dos pontos altos do quotidiano do orfanato é a hora da refeição. Querendo, os visitantes podem dar o biberão aos elefantes bebés.
Primeira noite no Jetwings Sea em Negombo, peto de Sri Lanka. Um hotel muito simpático, diretamente na praia, com um pequeno almoço fantástico. Às 9h partimos para a descoberta desta ilha já cantada por Camões, a Taprobana, a antiga Ceilão, famosa pela canela, pelo coco, pela borracha. Começámos por Pinnawell. Um orfanato de elefantes?! Como assim? Mas pensando melhor, percebemos o dilema. O que acontece a um elefante quando fica órfão? Quem toma conta dele? Quem lhe ensina as regras, os direitos e os deveres dum elefante numa manada? Em 1975, o governo de Sri Lanka criou um orfanato para 5 elefantes
bebés que tinham perdido os pais. Três décadas depois, já se encontram em Pinnawella mais de 80 elefantes. A reserva é cortada pelo rio Maha Oya e ocupa uma área de 25 hectares, sendo o maior orfanato de elefantes de todo o mundo. Ao meio dia é hora do regresso do banho: duas vezes por dia, de manhã, por volta das 10h e à tarde por volta das 16h, os mahouts, os cuidadores dos elefantes, levam a manada de elefantes fêmeas e elefantes bebés até ao rio para se refrescarem e tomarem banho. Quando esta manada regressa ao centro, é a vez dos elefantes machos virem ao banho: uma nova manada passeia-se até ao rio e delicia-se brincando na água Cada elefante adulto consome aproximadamente 75 quilos de folhas (de coqueiro, de jaqueira, tamarindo e kitul (açúcar de
palma) por dia, além de 2 kilos de uma mistura de farelo de arroz, sésamo em pó, sementes e minerais. No caminho até ao orfanato, existem várias lojas que vendem diversos produtos ligados aos elefantes. O que chama porém a atenção são os produtos feitos a partir de ... bosta de elefante! E há um pouco de tudo: papel de carta, blocos de notas, e até brincos, pulseiras e colares. Todos os dias de manhã são recolhidas as bostas frescas dos elefantes, postas a secar, desinfetadas, misturadas com papel velho (50% de papel/50% de bosta) e criadas folhas de papel de bosta de elefante com o qual se fazem todos os produtos. Uma ideia fantástica! Trabalho artesanal e ecológico.
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Aukana A estrada entre Pinnawella e Anuradhapura era má, ou então, éramos nós que não estávamos ainda habituados. Muitos tuk-tuks, os omnipresentes táxis de três rodas, muitas ultrapassagens feitas em plenas curvas, enfim, emoções constantes impróprias para cardíacos… Ainda por cima, o trajeto deste 1º dia era longo. Por isso, as três paragens que fizemos, em Pinnawella, para ver os elefantes, em Kurunegala, para almoçarmos um delicioso deville de cajú, e em Aukana — além de pequenas paragens para ver campos de arroz, comprar fruta ou ver um comboio
— foram muito bem recebidas. O templo budista de Aukana tem a maior estátua de pé de buda de Sri Lanka. Foi mandada construir no século V d.C. pelo
rei Dhatusena A estátua, de 13 metros de altura e 10 de largura de ombros, foi talhada do rochedo, estando só presa ao mesmo por um pequeno pedaço de pedra. As costas servem de parede a um enorme reservatório de água, usada para irrigação. Está
sobre um pedestal de pedra em forma duma delicada folha de lótus, um acrescento do século VIII. A forma como tem as mãos chama-se asiva mudra e significa “dar” ou “abençoar”. Ao estudar a estátua, os investigadores descobriram também numa cavidade abaixo da estátua havia antigamente cinco pequenas estátuas de bronze: uma de Brahma com Indra, Kuvera, Yama e Varuna à sua volta, que terão sido aí co-
locadas no século IX. Além da perfeição com que o manto foi esculpido – todas as pregas do manto têm canais para recolher e guiar a água da chuva para um ponto comum -, a estátua tem outras características interessantes. Por exemplo, quando chove, as gotas de água que caem desde a ponta do nariz caem milimetricamente entre os dois pés do buda. Atualmente, a estátua está ao ar livre, mas terá sido construída dentro dum templo — e que pelo tamanho das pedras ainda restantes, terá sido monumental.
No cima da cabeça do buda está a ketumala, a chama da iluminação
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Anuradhapura
Pernoitámos no Palm Garden Village, um simpático hotel construído numa área de 50 hectares. Mais de 500 árvores gigantes foram trazidas da selva tropical para arborizar o local.
Anuradhapura, uma das cidades mais antigas de Sri Lanka e antiga capital do reino cingalês, é hoje em dia um gigantesco campo de ruínas. Cada pedra conta uma história. Está na chamada zona seca do país que mal se nota graças ao sistema de irrigação instalado há mais de 200 anos. Reinaram em Anuradhapura 119 reis cingaleses durante 13 séculos, desde o século IV a.C. até o início do século XI. Cultural, religiosa, politica e socialmente, a cidade foi muito importante. Foi que surgiram os primeiros templos budistas. Foi aqui que nasceu um estilo ar-
quitetónica que se conta entre os estilos clássicos. Conventos e palácios eram os centros culturais. A cidade, agora Património Mundial da UNESCO, está situada nas margens do rio Malvathu Oya. A antiga cidade, considerada sagrada para o mundo budista, está hoje rodeada de mosteiros cobrindo uma área de mais de 40 km ². Ao escolher a região para capital, o rei tratou de resolver a seca, construindo um sistema de canais ligados a reservatórios de água, assegurando assim a água para agricultura e para o consumo. Foi graças a este sistema que conseguiu cultivar arroz nesta região seca e antigamente árida. Donde vem o nome Anuradhapura? Quando em 380 a.C. o rei Pandukabhaya decidiu tornar o lugar Anuradhagama (gama significa lugar em cingalês) a capital do seu reino, passou
a chamar-se Anuradhapura: pura = cidade, ou seja, a cidade dos Anurad, o nome da dinastia (há várias versões sobre o significado do nome Anuradhapura). No entanto, a verdadeira história da cidade começa somente com o rei Devanampiya Tissa (250— 210 a. C.), que atendeu aos ensinamentos do monge budista Mahinda e o apoiou na divulgação do budismo.
É necessário mais do que um dia para visitar convenientemente todas as ruínas. Nós começámos a nossa visita pelo Museu Arqueológico, donde seguimos para a Sri Maha Bodhi, a árvore mais antiga do mundo. Terá nascido dum raminho da árvore bodhi (ficus religiosa) indiana debaixo da qual Siddharta Gautama atingiu o
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estádio da iluminação. Este raminho terá sido levado para Sri Lanka no ano 230 a. C. por Sanghamitta, a irmã do missionário indiano Mahinda. No século XVIII, foi construído um muro à volta da árvore que lhe tira a grandiosidade. A fachada branca da entrada está decorada com inúmeros baixo relevos de divindades budistas e hindus e elementos florais. À entrada, a pedra da lua habitual. O Sr. Jagath deu-nos umas flores que depositámos junto da estátua do buda. Um sacerdote benzeunos, colocando-nos cinza na testa e pondo uma fita branca à volta do punho. Seguiu-se o convento Isurumuniya, construído na rocha com lindos baixos relevos , dos quais destaca-
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mos os elefantes e o homem com o cavalo. No entanto, a peça mais popular deste convento é o baixo relevo “Os Amantes” do século V ou VI e que representa um guerreiro e a sua amada em grande harmonia. Será o príncipe Saliya e a sua mulher Asokamala? Saliya, o filho do rei Duttha Gamani, ter-se-á apaixonado por Asokamala, a filha do ferreiro, só po-
dendo casar com ela após ter renunciado a todos os direitos ao trono, uma vez que Asokamala era de condição muito inferior. O calor já começava a apertar. As pedras do chão começavam a ficar quentes demais — e ainda tínhamos
muitos templos para visitar. Descalços… As pedras e a areia do pátio à volta da dagoba Ruwanweli estavam tão quentes que nos sentimos a andar sobre o fogo. Estaríamos já em êxtase? O Sr. Jagath mostrou-nos duas características interessantes desta dagoba mandada construir pelo rei Duttha Gamani em agradecimento pela sua vitória sobre o rei tâmil Elara. Se nos juntarmos bem ao muro da dagoba e olharmos para cima, conseguimos ver o cristal no cimo da cúpula. A dagoba mede 91 m de altura e tem um diâmetro de 90 m. A sua nota interessante foi um conjunto de duas pedras brancas, retangulares, no chão, que se mantinham frescas mesmo com o sol a bater-lhes de chapa. Tinham sido colocadas ali pelo próprio rei para poder ir
O feitio das dagobas foi proposta pelo próprio buda. Quando os discípulos lhe perguntaram o que poderia fazer para o venerar depois da morte, respondeulhes: Fazei montinhos de areia como os montinhos de arroz quando vamos comer.
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Mihintale
Nas ruínas do convento podem ainda verse dois reservatórios retangulares de pedra que poderia ter sido usados para guardar as ervas para preparar medicamentos.
O convento budista de Mihintale, um dos mais antigos da ilha, fica no cimo do monte Missaka, perto de Anuradhapura. Os habitantes de Sri Lanka acreditam que é o local onde se encontraram, por volta do ano 250 a.C., o monge budista Mahinda, enviado pelo rei indiano Ashoka à ilha para dar a conhecer os ensinamentos do buda, e o rei Devanampiya Tissa, que inaugurou a presença do budismo no Sri Lanka. Diariamente vão a Mihintale centenas de peregrinos, um número que passa a vários milhares na festa da lua cheia de junho, a poson poya. Mahinda
viveu como eremita durante muito tempo deste local, onde fundou uma sangha, a primeira comunidade budista na ilha. Mais tarde o rei mandou construir neste local um convento e várias dagobas para as relíquias. Começámos a visita subindo os 1840 degraus da escadaria mo-
encontrou com o rei e contem relíquias do monge. Subimos o monte Sila donde se tem uma belíssima vista não só sobre a região como sobre a estátua gigante de buda e sobre a Maha Seya da-
numental. Mais ou menos, de vinte em vinte degraus, estava um rapazito, que recebia um saco de cimento do rapaz que estava imediatamente em baixo e levava para o rapaz que estava imediatamente em cima. No alto, junto à Ambasthala dagoba, no sopé do monte Sila, estavam a ser feitas obras e esta era a maneira mais barata de levar o cimento para cima… Esta dagoba foi construída exatamente no sítio onde, numa noite de lua cheia em junho, Mahinda se
goba, de 21 metros de altura e construída no século X. Esta dagoba alberga como relíquia um cabelo do buda. Ao lado, existe um pequeno templo hindu dedicado a Shiva, Parvati e Ganesha. Voltando a descer a grande escadaria, temos as ruínas do antigo convento, das quais se destaca o refeitório, o antigo hospital e as grutas dos monges. Chegaram a viver aqui 60 monges. Nalgumas das grutas ainda se encontram textos gravados na pedra em letra brahmi.
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Polonnawura
Polonnawura. Mais uma antiga capital, cheia de esplendor por volta do século XII, depois abandonada e tomada pela selva tropical e redescoberta no final do século XIX. Quando os Cholas voltaram a atacar e a destruir Anuradhapura em 993 e tomaram o poder no reiono cingalês, transferiram a capital para Polonnawura. Até 1073, reinaram a partir daqui Sri Lanka que aos poucos passou a ser uma mera
província do grande reino dos Cholas no sul da Índia. Em meados do século XII, Vijaya Bahu I, um príncipe do reino Ruhuna do sul da ilha, conseguiu afastar os Cholas e retomar Anura-
dhapura, tendo mantido porém a capital em Polonnawura. Foi porém o rei Parakrama Bahu I, que subiu ao trono em 1153, que deu todo o esplendor a Polonnawura. Infelizmente, no início do século XII, a capital foi conquistada por Magha, um príncipe Kalinga, que dividiu o reino cingalês em diversos reinos, ditando assim o fim de Polon-
nawura. A área da antiga capital é tão grande que a melhor maneira de a visitar é de carro — ou, para os mais ativos, de bicicleta. No antigo centro da cidade, destacamos o palácio do rei Parakrama Bahu I, um edifício imponente de tijolo, de 46 m de comprimento. A sala de receções tem 31 x 13 m, que teria tido um teto de madeira, apoiado por colunas de madeira e de pedra. Segundo reza a crónica de Culavamsa, este palácio de paredes grossas teria tido 1000 quartos repartidos por sete andares. Outro edifício a ver é a Câmara Legislativa, um edifício igualmente imponente, quadrado, construído sobre uma espé-
Interessante o “duche” existente no mosteiro. As águas eram recolhidas e depois saíam da boca dum urso. Os monges apoiavam as mãos nas “patas” e recebiam a água
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No caminho entre o parque de estacionamento e o templo passamos por uma pequena fonte ali instalada pelos pais dum rapazito de 10 anos que ali morreu desidratado em 2010.
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cie de pódio de pedra. Este edifício é também conhecido pelo nome de Pavilhão dos Elefantes por causa dos inúmeros elefantes em baixorelevo. À entrada, uma linda pedra de lua. A área sagrada tem diversas dagobas, das quais a mais importante é a Atadage, a casa das oito relíquias onde se guardava o dente do buda. Interessante é Gal Pota, o livro de pedra, um monólito de 8 m x 1.25 m x 60 cm com 72 linhas de texto nas quais se podem ler as crónicas do rei Nissanka Malla. Outra grande atração de Polonnawura é Gal Vihara, o templo no rochedo que também vem referido na crónica de Culavamsa. As quatro figuras de buda esculpidas do rochedo são verdadeiras obras primas da arte cin-
galesa. O templo que as cobria já não existe, exceto alguns restos das paredes que ainda hoje se podem ver. A figura maior é a do buda deitado com 14.1 m de comprimento. Os pés juntos e um dedo debaixo da cabeça e muitas flores de lótus nas palmas dos pés mostram que o buda já atingiu o estado de nirwana. Não se sabe bem quem é a figura de pé que está ao seu lado. Poderá ser Ananda, o discípulo preferido de buda; no entanto, Ananda é normalmente colocado junto dos pés do buda. Poderá também ser Mahinda, o monge
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que trouxe o budismo para Sri Lanka. A posição em que está — de braços cruzados — é muito pouco
usual na iconografia budista, na qual normalmente os braços são apresentados caídos ao longo do corpo.
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Sigiriya
A história de Sigiriya começa com um mal entendido entre dois irmãos. Segundo a crónica de Culavamsa, o castelo foi construído durante o reinado do rei Kassyapa I (477-495 a.C). sobre um rochedo de granito e elevando-se a uma altura de 370 metros. Kassyapa I era o filho mais velho do rei Datthu Sena (459–477) e de uma amante. O seu meio-irmão mais novo, Mogallana, era filho legítimo do rei e da rainha. Migara, o chefe supremos do exécito de Datthu Sena e seu genro, armou uma grande intriga na corte, convencendo Kassyapa que o seu pai iria dar todos os seus tesouros ao seu meio-irmão
Mogallana. Kassyapa usurpou então o trono ao seu pai em 477, obrigando-o a revelar o local onde teria escondido os tesouros. Datthu Sena levou o filho e o genro até ao lago Kala e disse-lhes: “Este, meus amigos, é meu maior tesouro!”. Kassyaoa ficou tão zangado que mandou emparedar o pai vivo. Ao ver o sucedido, Mogellana fugiu para a Índia. Com medo que o irmão regrasse da Índia e o matasse, Kassyapa I mudou a capital de Anuradhapura para Sigiriya e mandou construir, no cimo do rochedo, uma fortaleza em forma de um leão agachado; a entrada era feita pela boca do leão. As patas gigantes são só o que restou da figura do leão mas o seu imponente perfil ainda se impõe em toda a estrutura, com pedras enormes esculpidas e pintadas. No sul da Índia, Mogellana formou um grande exército e, em 495, atacou Kassyapa I. Ao ver que iria perder a batalha, suicidou-se. Mogellana mudou a
capital de novo para Anuradhapura e entregou Sigiriya aos monges. A fortaleza reúne um grande complexo de jardins geométricos, piscinas, fontes e edifícios. No alto do rochedo ainda se pode ver parte da piscina real, o trono e os restos do grande palácio. O jardim das águas é um fantástico exemplo de hidráulica, secagem e controle de erosão. A água necessária para alimentar as fontes é operada pela gravidade e pressão artificial, e funciona até hoje. Famosíssimos são os frescos pintados 12 metros acima da galeria dos espelhos.
Faz parte do complexo um lago artificial, com uma barragem de 12 km, e jardins de águas, cisternas e ilhas artificiais .
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Dambulla
No sopé do monte do templo do rochedo de Dambulla ergue-se uma enorme estátua dourada de buda sentado (século XIX).
Antes de irmos visitar o famoso mosteiro nas rochas de Dambulla, demos um passeio de elefante em Habarana. Mónica, como se chamava a nossa elefante fêmea começou o passeio pelo mato, mas depois foi refrescarse ao lago Habarana, dando-nos a sensação de estarmos num barco. À nossa volta só víamos água. Seguimos depois para Dambulla para vermos o famoso mosteiro em grutas. Trata-se dum conjunto de cinco grutas todas elas completamente pintadas com murais e com diversas estátuas. Por volta de 102 a.C., o rei Vatta Gamani Abhaya escondeu-se aqui para fugir ao tâmiles que
o tinham expulso de Anuradhapura, tendo reconquistado o seu reino somente em 85 a.C. Como agradecimento aos monges que o acolheram, transformou as grutas em magníficos templos. Mais tarde, nos finais do século XII, o rei Vijaya Bahu I mandou restaurar as grutas, tendo doado diversas estátuas. Na primeira gruta, devaraja-lena, so-
bressai a estátua de buda deitado com 14 metros de comprimento, tendo ao lado o seu discípulo Ananda; na gruta podemos também ver diversas estátuas hindus, entre elas a de Vishnu. A segunda gruta, maghajara-lena, é não só a maior como a mais bela com as suas 66 estátuas de buda, algumas das quais esculpidas a
partir do rochedo, e uma pequena dagoba. À entrada, está uma estátua do rei Vatta Gamani Abhaya e de estátuas dos deuses hindus Vishnu e Rama. A grande estátua de buda de pé está rodeada de frescos que contam as tentações do buda. Na terceira gruta, maha alut viharaya, temos uma estátua do último rei de Kandy, Sri Kiti Raja Sinha. A imagem mais venerada é a de buda sob um arco makara, do século XVIII. A quarta, pachima viharaya, tem cinco estátuas ao estilo popular de Kandy. A quinta gruta, davana alut viharaya, é a mais recente e alberga além duma estátua de buda deitado, diversas divindades hindus.
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Kandy No caminho para Kandy, parámos num jardim de especiarias onde se podem ver todas as árvores das especiarias, desde a canela á aloé vera, passando pelo cardamomo, cravinho, etc. No final da visita deram-nos uma massagem com os óleos essenciais que extraem dessas plantas. O objetivo é puramente comercial… mas nós não comprámos nada, pois era tudo caríssimo.
A seguir parámos numa oficina de batik, onde nos foram explicados todos os passos. O trabalho mais duro é sem dú-
vida o da cozedura do tecido. A loja anexa tinha alguns tecidos bonitos, mas todos MUITO caros. Gostaria de ter trazido um com a representação da Perahera, mas custava um dinheirão. Engraçado é ficarmos a saber quo batik não é típico de Sri Lanka e que praticamente só é feito para os visitantes da ilha. Os srilankeses não usam batik. Chegámos finalmente a Kandy a tempo de irmos ao hotel pôr a tralha e descermos para a cidade. Apesar de ainda faltarem 4 horas para a perahera, jás havia muita gente a marcar lugar nos passeios. Se bem que haja muitas peraheras em Sir Lanka, esta é sem dúvida a mais importante. A relíquia sagrada do dente do Buda que se pensa ter sido trazida da Índia para Sri Lanka pelo Príncipe Dantha e pela Pincesa Hemamala durante o reinado do rei Keerthi Sri Meghawarna(301 — 328 d.C.) rapidamente se tornou propriedade pessoal
do rei com uma component simbólica do poder soberano na ilha. Apesar da perahera em Kandy, como a vemos hoje em dia, vir do period do rei Kirti Sri Rajasinha (1747-1780), sempre houve ao longo da história procissões e festivais de grande imponência, que poderão ser vistos como os precursores da atual perahera. Os primeiros festivais estavam ligados à Dantha Dhatu'(a relíquia do dente do Buda) quando esta ía, uma vez por ano, do Delada Maligawa para o Abhayagiri vihara a pedido do rei Sri Meghavanna . Estes festivais não estavam assim ligados a nenhuma
Sri Lanka é um país verdadeiramente tropical com muitas frutas exóticas e muitas especiarias. A canela de Ceilão é famosa.
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Conta-se que ao ser cremado, caíram quatro dentes do Buda. O canino veio para Sri Lanka e é venerado em toda a ilha.
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divindade. Até 1775, a perahera em Kandy servia exclusivamente para entreter e implorar ajuda às quatro divindades da ilha: Natha, Vishnu, Kataragama e Pattini. Quando a perahera sai do templo Dalada Maligawa, surge em primeiro lugar o grupo dos homens com o chicote que ao bater com ele no chão fazem um gande barulho e assim anunciam a procissão. Segue-se-lhe o grupo dos homens do fogo que purificam o caminho da perahera . Estes malabaristas do fogo têm archotes em forma de roda de
carroça que vão rodando e atirando para o ar. Entre eles, havia um com o archote preso numa madeixa do cabelo e que fazia mexer rodando a cabeça. Antes dos tocadores de tambor, marchavam os portabandeiras com muitas bandeiras budistas. Os tocadores de tambor usam uma espécie de chapéu, o Vestattuwa, e que os protege: uma espécie de tiara semicircular com ornamentos de madeira com banho de prata e com uma tira bordada a cair pelas costas. Após este grupo vem um ou dois elefantes, majestosamente enfeitado, com muitas luzinhas. No cimo, um palanque com um membro religioso importante. Esta constelação repete-se n-vezes. No final da procissão vem o maior elefante macho, com dois grandes dentes de marfim e que transporta o recetáculo da relíquia do dente do buda. Este nunca sai do templo. A perahera dura duas horas, exceto no último dia, em que
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chega a demorar quatro horas para fazer todo o percurso. No dia seguinte fomos visitar o templo Dalada Maligawa, onde também não conseguimos ver a relíquia do dente do Buda. O templo é local de peregrinação de todos os budistas da ilha e assim está sempre cheio, com grandes manifestações de religiosidade. À tarde fomos ao famoso Jardim Botânico de Peradeniya, considerado o melhor de toda a Ásia. Tem uma área de 80 hectares e é delimitado em três lados pelo rio Mahaweli Ganga. Foi começado em 1371 pelo rei Vikrama Bahu I que aqui construiu um palácio rodeado de jardins decorativos.
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Nuwara Eliya Nuwara Eliya é uma mini-Inglaterra em pleno Sri Lanka, num pequeno vale no meio das montanhas—na realidade Nuwara Eliya significa “a cidade sobre as nuvens”. Era para aqui que os colonos ingleses iam para se refrescarem. Foi aqui que construíram mansões como no Reino Unido e que criaram clubes tipicamente ingleses — como o ainda existente Hill’s Club. Foi aqui que plantaram café e depois o chá. É também nesta região que temos o princípio e o fim do mun-
do: o Pico de Adão e o ...Fim do Mundo, em duas versões, a grande e o pequeno. Visitámos a plantação Pedro’s Estate, fundada em 1885 e com a maquinaria do século XIX em funcionamento. O
príncipe de Edimburgo, quando aqui esteve em visita de estado em 1954, plantou uma planta—que ainda existe hoje em dia. A nossa guia Kaleivany disse-nos feliz por ser guia e não apanhadora de chá como a sua mãe, Rajakumarry. “É um trabalho muito du-
ro!” Só se apanham as três folhas de cima das plantas do chá, ou seja, as mais pequenas. Uma apanhadora tem de apanhar 16 quilos por dia — e recebem R515 = € 3.21. Nos dias em que não sai para os campos, como é o caso atual por causa da seca, não recebem… São vários passos por que passam as folhas de chá até chegarem às nossas casas. De duas em duas horas as apanhadoras saem do campo e vêm à fábrica despejar os cestos sobre um tabuleiro onde ficam durante 14 horas até perderam parte da sua humidade (45%). As folhas já meio secas vão para a sala da produção para a máquina de enrolamento onde são enroladas durante 30
À entrada da fábrica está um objeto muito interessante: um sun shine recorder, que antigamente se usava para determinar a humidade do ar.
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A igreja católica de São Francisco de Xavier em Nuwara Eliya estava cheia à hora da missa — e transmiteapor altifalantes para o bairro.
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minutos. Aqui começa a fermentação. Depois são cortadas e peneiradas: as folhas grandes ficam em cima da peneira e as pequenas caem para a peneira de
baixo. As grandes voltam a ser cortadas. O passo seguinte é a
secagem num forno a 88º-113º durante 21 minutos. A fermentação para. No Pedro’s Estate só se produz chá Orange Pekoe com pouca fermentação, de cor muito clara. As folhas passam depois por um rolo estático onde ficam presos os pauzinhos, mantendo-se as folhas de chá no tabuleiro. O penúltimo passo é a separação por tamanho. As folhas passam por três peneiras: na 1ª peneira ficam as folhas grandes e com elas se faz o chá Orange Pekoe. Na 2ª peneira ficam as folhas médias com as quais se faz o chá Broken Orange Pekoe (BOP). Na 3ª peneira ficam as folhas pequenas para o chá Broken Orange Pekoe Fannings (BOPF). No fundo da peneira fica o pó — o chá dos pacotes. Nesta plantação não se embala o chá. Todo o chá é posto em sacas de 50 kg e leiloado em Colombo. Nuwara Eliya está também presente na lenda de Ramanyana, pois era aqui a residência do rei gi-
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gante Ravana para onde raptou a princesa Sita, a mulher do herói Rama. À saída da cidade de Nuwara Eliya não se deve perder o templo hindu dedicado a Sita. Foi construído há poucos anos no local exato onde a princesa Sita foi tomada prisioneira pelo rei demónio Ravana.
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Pottuvil — Arugam Bay Das montanhas para o mar. Dois dias de descanso em Arugam Bay, uma pequena aldeia piscatória na costa leste, ainda pouco desenvolvida turisticamente, nada comparável ás estâncias turísticas da costa oeste e sudoeste.
O hotel, New Tri Star Hotel, era mauzito com quartos minúsculos e muito básicos mas com uma localização fabulosa: em cima da praia! Os nossos quartos estavam a 10 metros da água. Aproveitámos para descansar, brincar, nadar e… tirar um curso de surfe. Demos longos passeios na praia, observado locais e estrangeiros. Engraçado a vinda à praia todos os dias por volta das 16h dum
grande grupo de adolescentes, em uniforme escolar. Primeiro vinha o grupo dos rapazes e depois o das raparigas. Chegavam, iam até à rebentação, molhavam os pés, brincavam por ali uns 10 minutos e depois iam-se embora. Comemos no restaurante de praia Freedom Cabanas o melhor caril de toda a viagem, bebendo “café”: em dias de lua cheia, durante os quais é proibida a venda de álcool, e nos restaurantes
sem licença para vender álcool, pode na mesma beber-se uma — ou mais —
cerveja. Os em-
pregados trazem um copo de plástico baço com desenhos de chávenas de café e pedem para se colo-
car a garrafa debaixo da mesa. Simples… Mas também não nos faltou cultura e visitámos o templo budista Modu maha Vihare com mais de 2000 anos de existência mas que só veio à luz do dia após o maremoto de 2004. Foi mandado construir por um rei que ofereceu a sua própria filha ao deus do mar, colocando-a num barco, para que abrandassem as grandes tempestades que por vezes varriam a terra por completo. A filha
Nem os muitos ataques terroristas dos tâmiles nem o maremoto de 2004 que destruiu quase totalmente a região tiraram a alma a Arugam Bay
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Kataragama
Kataragama é o principal centro hindu de Sri Lanka, para onde peregrinam milhares de tâmiles para a grande perahera da lua cheia de Agosto.
Voltámos para o interior para a região de Kataragama. Conta a lenda que foi aqui em Kataragama que estava instalado o quartel general da casta guerreira Kshatriya a quem o rei Devaampiya Tissa pediu que platassem a árvore bodhi em Anuradhapura. No ano 181 a.C., o rei Duttha Gamani vei a Kataragama pedir ajuda ao deus guerreira Skanda antes de partir para Anuradhapura para expulsar os Chola. Segundo a lenda, Skanda, o segundo filho de Shiva e Parvati, que vivia no monte sagrado Kailasa no Tibete, ouviu falar na beleza de Valamma e decidiu possui-la. Disfarçou-se de pedinte e declarou-lhe todo o seu amor nas margens do rio Menik Ganga. Valamma desprezou-o. Então, surgiu Ganesh, o irmão de Skanda, na forma dum elefante selvagem. Valamma assustou-se tanto que procu-
rou refúgio nos braços de Skanda eo aceitou. Skanda e Valamma foram então viver para o Pico de Kataragama. Assim, todos os anos por altura da lua cheia de julho/agosto, reúnemse na cidade milhares e milhares de hindus e budistas para participarem nas procissões e nos ritos da famosa perahera, onde não faltam elefantes ricamente decorados, malabaristas do fogo, tocadores de tambor, etc. Esta festa dura nove dias, durante os quais os peregrinos acampam nos parques da cidade e junto ao rio; todas as cerimónias começam com um banho dos crentes no rio Menik Ganga — que por acaso tinha muito lixo nas margens e não estava muito convidativo… Em Maha Devale, o templo mais sagrado de Kataragama, os
crentes — maioritariamente mulheres vestidas de encarnado, a cor preferida do deus Kataragama — começam por atirar ao chão um coco
que, abrindo-se ao meio, indica que o desejo citado será realizado. Depois, dançam e cantam até entrarem em êxtase.
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Galle Em Kataragama fizemos ainda um safari no Parque Nacional de Yala que não nos agradou muito e que não recomendamos, seguimos para Mirissa, na costa sul, não longe da — para nós portugueses — ilha
da Taprobana, uma ilhota pequeníssima tão perto da costa que se consegue lá chegar a vau na maré baixa. Depois de nos recompormos do susto que era a primeira cabana que nos deram no Paradise Beach Club — uma cabana com uma janela pequeníssima e com fortíssimo cheiro a mofo– e de termos mudado para um espaçoso quarto no 1º andar com varanda e uma bela vista sobre o palmeiral e sobre a praia, pudemos começar a admirar a zona.
A caminho de Galle, vimos algumas das varas espetadas no meio do mar, que são usadas pelos pescadores ao nascer do sol. Ali ficam quais flamengos de pé sobre uma só perna, pescando peixe que é abundante na zona da rebentação. À tarde, quem está nas varas são “atores” à espera dumas moedas dos turistas que queiram tirar fotos… Ao chegarmos a Galle sentimo-nos em casa, num dos mui-
tos fortes que temos na marginal entre Cascais e Lisboa. A forte influência portuguesa está bem presente.
Em 1505, os Portugueses chegaram a Galle por mero acaso: uma tempestade empurrou-lhes o navio para este porto. Porém, não ficaram aqui, só tendo voltado em 1518 com a intenção de fixar na ilha. Em 1543, fundaram uma feitoria e construíram uma pequena igreja. Em 1587, o rei cingalês entregou toda a cidade aos Portugueses. Construíram um forte, a que deram o nome de Santa Cruz, três bastiões e uma fortaleza. Em 1640, os holandeses tomaram a cidade, tendo aumentado o forte. No século seguinte, em 1796, o governador entregou a cidade ao comandante britânico. Assim se compreende a atmosfera colonial europeia que se vive em Galle e que lhe dá um grande charme.
As armas e os Barões assinalados / Que da Ocidental praia Lusitana / Por mares nunca de antes navegados / Passaram ainda além da Taprobana, / Em perigos e guerras esforçados / Mais do que prometia a força humana, / E entre gente remota edificaram / Novo Reino, que tanto sublimaram. Camões, Lusíadas, Canto I
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C a d e r n o s
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V i a g e m
Ambalangoda
A nobre ilha também de Taprobana, / Já pelo nome antigo tão famosa / Quanto agora soberba e soberana / Pela cortiça cálida, cheirosa, / Dela dará tributo à Lusitana Bandeira, quando, excelsa e gloriosa, / Vencendo se erguerá na torre erguida, / Em Columbo, dos próprios tão temida. Camões, Lusíadas, Canto X
Último dia. En toute chose il faut considérer la fin. Os portugueses chegaram Ceilão em 1505 com Lourenço de Almeida e em 1517 fundaram a cidade de Colombo. Ceilão era conhecida pela canela que Camões chama no Canto X “cortiça” - de córtex, já que a canela é obtida da parte interna da casca do tronco, como tivemos oportunidade de ver ao visitarmos a plantação RASN Spice, Cinnamon Supploer & Exporters, de Batapola, a caminho de Colombo. A segunda paragem foi em Ambalangoda, vila famosa pelo fabrico artesanal das máscaras que são usadas em todos os ritos, festivais e celebrações. O principal centro é
o da família Wijesooriya, que faz máscaras há já várias gerações e que tem um pequeno museu. Anexo ao museu, está a fábrica onde observámos os artesãos
a esculpir e a pintar as máscaras. De Ambalangoda seguimos pela única autoestrada do país para Colombo — um paraíso para o Sr. Jagath que pôde conduzir sem ter de estar constantemente em alerta para os tuk tuk que se atravessam na estrada sem avisar. O paraíso terminou porém a uns quilómetros da capital, voltando ao caos
já conhecido. Colombo já era um centro muito ativo mesmo antes da chegada dos Portugueses. Por volta de 1500, Kolontota, como era conhecida então a cidade de Colombo, era um entreposto comercial cosmopolita e multireligioso onde se transacionavam as principais mercadorias de Ceilão (canela, areca, pedras preciosas, elefantes) em troca de numerosos bens de importação (tecidos e arroz, entre outros). Foi Lopo Soares de Albergaria que criou a fortaleza-feitoria de Santa Bárbara de Colombo em 1518. Implantada no extremo norte da ponta rochosa de Galbokka controlava a baía de Colombo e destinavase ao despacho das especiarias, especialmente canela que os reis de Kotte se comprometeram a forne-
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Colombo cer à coroa portuguesa. A presença portuguesa, muito atribulada, terminou a 12 de Maio de1656, após um cerco holandês de vários meses depois de uma épica resistência dos Portugueses. Aliás, a tomada do forte só foi conseguida graças à traição dum Português a quem nada serviu o ato pois os Holandeses emparedaram-no vivo…
ra integrado na sede da polícia e só é passível de visitas ao domingo. Demos uma volta pela cidade, parando no Galle Face, a marginal de Colombo, muito popular
Visitámos ainda a Sri Lankan Foundation, um edifício cujas fachadas têm a mão de Toni Müller, o pai do HansJürgen, que nos anos 70 aqui esteve a trabalhar durante alguns meses para a empresa Brenig de Bona.
Colombo passou a ser a capital dos territórios marítimos da Companhia Holandesa das Índias Orientais até 1796, quando a cidade foi conquistada pelos britânicos, que a converteram-na em capital da nova colónia de Ceilão. Da presença dos Portugueses há poucas vestígios. Queríamos visitar o “PadrãoGarden”, pois calculávamos que estivesse lá um padrão, mas este jardim está ago-
Na zona estão não só os melhores os hotéis da cidade, mas também os principais edifícios: a casa do presidente, o antigo Parlamento, a Torre do Relógio e o Memorial Khan; não muito longe, está a nova e A presença portugueantiga Câmara Musa reforçou-se no segundo quartel do sénicipal.
entre os habitantes da capital que para vão passear, lançar papagaios, namorar e brincar na praia.
Passando ainda por Pettah, o grande bairro comercial de Colombo, regressámos a Negombo, ao nosso primeiro hotel, o Jetwing Sea, onde jantámos e tomámos um banho antes de iniciar o longo voo de regresso.
culo XVI. A comunidade portuguesa, um conglomerado de soldados cresceu muito. A zona desabitada a Oeste do antigo núcleo de Colombo viu nascer um novo bairro português com um convento franciscano, uma alfândega e vários arruamentos de habitação.
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