Cadernos de Viagem, nº 98, Torre de Palma Wine Hotel

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Abril de 2014 Nº 98

Torre de Palma Wine Hotel, de ruínas a oásis de luxo

Três anos separam estas fotos. Neste período, as equipas do arquiteto coimbrão João Mendes Ribeiro e da decoradora sintrense Rosarinho Gabriel transformaram as ruínas duma sociedade agrícola num hotel de cinco estrelas.

@ M. Margarida Pereira-Müller infobus Tel.: 00351-214351054 Email: guidapereiramuller@yahoo.com

A antiga Herdade de Torre de Palma da Sociedade Agrícola da família Costa Pinto, de mais de 2000 hectares, esteve durante mais de três décadas ao abandono. Tendo sido ocupada durante a Reforma Agrária, foi sede duma cooperativa agrícola durante nove anos. Começou então uma dura batalha

jurídica entre os antigos proprietários, a família Costa Pinto, e o rendeiro, Dr. Teófilo Duarte, que chegou a ir até ao Tribunal Europeu. A ação foi ganha pelo rendeiro que acabou por vender a propriedade a um casal de farmacêuticos de Vila Fernando, Paulo Barrada Rebelo e Ana Isabel Rebelo, que se

apaixonaram por ela assim que a conheceram. Uma história de amor que deu frutos: uma bela unidade hoteleira exclusiva entre Vaiamonte e Monforte, a 150 m das ruínas romanas de Torre de Palma: a Torre de Palma Wine Hotel. Durante dois anos e dois meses e com um investimento de


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6 milhões de euros, operou-se a transformação de edifícios agrícolas a um hotel, num compromisso muito bem conseguido entre o moderno e o tradicional.

Ementas escritas em papel manteiga penduradas verticalmente de fios de metal servem de divisão do espaço

Foram incorporados quer na arquitetura quer na decoração, tudo o possível. Infelizmente, muitos objetos tipicamente alentejanos desapareceram ao longo dos anos, como por exemplo, a bela mesa dos ganhões, as pias batismais e as cantarias da capela, entre outros. Assim que se passa o original portão de grades, agora recuperado, fica-se numa ampla eira. À frente a antiga casa senhorial com a torre no cimo da

qual um catavento com um orgulhoso galo marca presença. À direita, a sala de

refeições, ampla, e com uma decoração que denota a mão de Rosarinho Gabriel: as paredes das entra-

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das forradas a preto que põe em realce os objetos de porcelana branca, entre os quais bules. As ementas são escritas em papel manteiga pendurado de fios de arame esticados entre as paredes. Noutras tiras de papel manteiga, estão frases relacionadas com a gastronomia, o descanso e ao Alentejo. A cozinha alentejana é privilegiada no cardápio, como seria de esperar. Os ingredientes vêm da horta biológica da proprie-


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rafados no final de 2015.

dade. À esquerda da entrada temos a adega, um projeto que ainda está por terminar. A vinha Terá toneis de inox para os vinhos brancos e de mármo-

re branco para os tintos — uma reminiscência dos antigos romanos e aproveitando a pedra típica da região. O vinho tem a assinatura do seu enólogo: Luís Duarte. Os primeiros vinhos serão engar-

Também aqui na adega irá ser aberta uma loja de produtos próprios (por exemplo, compotas de frutos do pomar biológico do hotel) ou produtos regionais. O hotel Torre de Palma iniciou uma série de contactos com produtores locais que poderão usar a loja do hotel para dar a conhecer e vender os seus produtos quer sejam agrícolas ou de artesanato. Antes de entrarmos na casa senhorial, paramos na pequena capela, à esquerda. Pequena, simples, todas em branco, com um altar de mármore sobre o qual está pendurado um belíssimo Cristo, feito em cortiça pelo artista plástico Pedro Vaza que, com esta obra, mostra mais

uma vez a relação ancestral do homem com a natureza, tão típica do seu trabalho. Entramos então na casa principal e subimos à torre que aprece rasgar o céu. Do seu alto, o cenário não poderia ser mais idílico, com o olhar a perder-se pela imensidão das terras, ainda com algumas searas e vinha. Visto do daqui, o pôr-do-sol é lindo, deixando o horizonte pintado com tons alaranjados dum fim de dia alentejano. Os alojamentos foram inspirados na vivência diária dos romanos. Marcados pela simplicidade e sofisticação, os 19 alojamentos (oito casas típicas alentejanas, um loft rural, cinco quartos no

Um Cristo de cortiça preta realça nas paredes brancas e nuas da pequena capela


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antigo celeiro e casa senhorial) esperam o visitante. As unidades de alojamentos, todas com uma decoração diferente, têm quarto e sala de jantar/de estar, mas não têm cozinha, podendo as refeições serem encomendadas no restaurante. O hotel quer marcar pela diferença no serviço. “Queremos que os clientes se sintam em casa, mas que tenham à sua disposição um serviço de 5 estrelas”. Todos os locais comuns são polivalentes e multifunções. Por exemplo, a Casa do forno pode

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ser adaptada para qualquer função que

assentos. A biblioteca está na Sala da Torre. Na antiga cozinha com uma enorme lareira — aliás no hotel existem 21 lareiras — está a sala de jogos. Para relaxar, o hotel tem á disposição não só duas piscinas (uma interior e uma exterior), como um spa e oferece ainda passeios pedestres, de BTT e a cavalo.

o visitante queira, seja um jantar rústico cozinhado no forno de lenha, seja um brunch requintado ou uma simples reunião de negócios. Nas antigas cavalariças foi instalado o bar, amplo e com baloiços como

Enfim, um leque de atividades para um fim-de-semana ativo ou de total relaxamento para retemperar as forças na magia alentejana.

Simplicidade e sofisticação marcam esta unidade hoteleira


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