![](https://assets.isu.pub/document-structure/211205223842-646f3c6c5a06286d710a56e36d68a924/v1/8766751d81dbbc3313d90ad45e953d8d.jpeg?width=720&quality=85%2C50)
7 minute read
Sergipe é o estado que mais mata negros no país
from Acontece - ed. 237
by mackmackmack
População negra de Sergipe batalha pela igualdade em uma sociedade marcada pela branquitude
Bárbara Barbosa
Advertisement
Oracismo é uma realidade na vida das pessoas negras do Brasil e do mundo devido à existência de uma sociedade dominada por pessoas brancas. Mas há diversos meios de resistência contra esse sistema, sendo o principal a existência do Movimento Negro. Em 2018, o estado de Sergipe foi classificado como o que mais mata pessoas negras segundo o Atlas da Violência. Outro dado foi que nos primeiros meses do ano de 2020 foram notificados 51 casos de racismo e injúria pela Coordenadoria de Estatísticas e Análise Criminal, mostrando assim o perigo que o estado representa para a população negra. O Movimento Negro é responsável por dar voz para as pessoas que ainda são marginalizadas e que têm suas pautas negligenciadas pelo Estado. Jairton Peterson Rodrigues dos Santos, 36 anos, professor de história e ativista do Movimento Negro em Sergipe, conta que sentiu vontade de adentrar o movimento com apenas 18 anos, quando entrou na UFS, ao ver que sozinho não poderia provocar uma mudança e que é necessária uma atitude coletiva. Aos 26 anos entrou de vez no movimento e decidiu que ajudaria a fazer uma mudança na realidade racista dentro do estado. “Você nasce negro, no entanto numa sociedade racista a última coisa que você quer ser é ser negro. Seu cabelo é considerado ruim, sua cor é considerada exótica, há as abordagens da polícia e muitas outras situações. Quando você faz algo bom, nunca acentuam a sua humanidade e sim a sua negritude”, comenta o professor. Sobre sua atuação dentro do movimento, Jairton fala sobre o projeto “A dois passos de Wakanda”, em que ministra palestras sobre consciência negra, e sobre o coletivo chamado Yibambe, formado totalmente por pessoas negras. Esse coletivo promove diversas ações dentro da comunidade Santos Dumont, em Aracaju, dialoga com a comunidade quilombola do Porto de Areias, na cidade de Estância, discute com a Unegro manifestações sobre a causa negra, faz biografias sobre pessoas negras e desenvolve a primeira biblioteca composta de autores negros e negras de Sergipe e do Brasil, chamada de Beatriz Nascimento. Ele diz que sente-se grato por ter conseguindo perceber uma mudança na vida das juventudes alcançadas pelas suas atitudes, vendo muitos meninos que não tinham esperança sobre seu futuro mudarem essa perspectiva. “De acordo com Joel Rufino, é necessário que se tenha uma organização, uma ideia de onde se quer chegar e por fim, que essa organização seja coletiva nos movimentos sociais. A gente participa a partir da busca da intelectualidade, de sentido educacional para que homens e mulheres negros se potencializem, fomentando nossa força, não a nossa fraqueza”, diz o ativista.
Já está na hora de voltar ao cinema?
Salas reabrem, mas o medo e a preocupação ainda assombram os clientes
Matheus Soares
Apandemia deixou muitos resquícios. No setor de entretenimento, a indústria cinematográfica foi uma das que mais sentiram a falta de clientes. Em 2020, o segmento registrou arrecadação de cerca de 646 milhões de reais, contra 2,8 bilhões em 2019, no Brasil, de acordo com a Comscore. A perda foi grande, mas em 2021, com a vacinação, está mais do que na hora de sabermos como podemos voltar a apreciar os telões com segurança. Aqui no Brasil, a maior parte de pequenos cinemas foram fechados ou estão desligados temporariamente, até mesmo os que oferecem sessões gratuitas, como o CineSesc. Outro exemplo é o Espaço Itaú, que fechou mais de 17 espaços devido à covid-19. A Ancine (Agência Nacional do Cinema) registra que, nas primeiras semanas deste ano, a bilheteria caiu 95% em comparação com o começo da pandemia. O OCA, Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual, monitorado pela própria Ancine, apresenta estatísticas de arrecadação no Brasil até o último mês de setembro. Até agora, foram arrecadados mais de 365 milhões de reais com títulos estrangeiros e brasileiros, sendo 3,46 milhões dos títulos brasileiros, ainda abaixo da média anterior. Como conseguimos apurar, as redes de cinema têm tido uma extrema rigidez em relação à prevenção em suas unidades. Miguel Prado de Lima, 18 anos, estagiário, e Julia Gambaré Pagni, 18 anos, estudante, contaram um pouco sobre sua experiência na volta aos cinemas. Os questionei sobre a compra dos ingressos e ambos me responderam que era necessário ir até um totem, que se localizava na frente do cinema. Perguntei para Miguel se houve o devido distanciamento necessário na hora do filme e ele me relatou que muitas pessoas se aproveitavam de poltronas vazias, e seu distanciamento de uma cadeira para outra, para se juntar com o resto do grupo. Também conseguimos contato com a rede Cinepolis sobre os procedimentos relacionados ao distanciamento. A rede comunicou que tem adotado medidas rigorosas de limpeza e higiene, dando o devido incentivo a compra online e em terminais de autoatendimento. Apesar da reabertura das salas e das medidas de prevenção, o movimento nos cinemas ainda é baixo, principalmente aos fins de semana. Com os últimos lançamentos de grandes produções, entre setembro e outubro, segundo dados do OCA, a partição total de público é somente de 2.299.783, ainda abaixo da alta do ano de 2020, antes do início da pandemia, que era de 7.067.712.
Baixa temperatura afeta de forma muito mais severa aqueles que não têm casa
Enrico Dardé e Henrique Bley
Enrico Dardé
Oinverno de 2021 ficou marcado por temperaturas extremamente baixas na cidade de São Paulo. De acordo com a meteorologista Daniela Freitas, 42 anos, do Climatempo, tivemos a temperatura mais fria dos últimos cinco anos, com mínima de 3 graus. As pessoas que mais sofrem com essas frentes frias são os moradores em situação de rua, muitas vezes invisíveis para o restante da sociedade. O governo de São Paulo abriu novos abrigos provisórios para suprir a demanda dos quase 25 mil moradores em situação de rua do estado. “Passaram umas pessoas (assistência social) falando para a gente ir para abrigos naquela noite. Fiquei até assustado. Fui para uma estação de metrô e passei duas noites lá”, comenta Arnaldo Pereira, 58 anos, que vive no bairro de Higienópolis. Além dos abrigos provisórios do governo, ONGs também disponibilizam espaço para abrigar os mais necessitados. Pesquisa do Movimento Estadual da População em Situação de Rua afirma que 13 moradores de rua já haviam morrido por conta do frio nas ruas de São Paulo somente neste ano (dados atualizados até o início de outubro). Arnaldo relata que poucas vezes passou tanto frio: “Em São Paulo faz muito frio de noite, mas não lembro de noites tão geladas iguais a deste ano”. Segundo um levantamento da campanha Inverno Solitário, cerca de 2,3 mil casacos, 83 mil cobertores e 23 mil pares de meias foram doados, e a iniciativa privada também doou cerca de 2,3 mil agasalhos e 23 mil pares de meias. A Cruz Vermelha também forneceu cerca de 5.000 pratos de sopa e 3 toneladas de agasalhos. Rodolfo Carrer, 19 anos, estudante de direito e voluntário da ONG Anjos da Cidade, diz que nas noites mais frias o grupo vai até as ruas para ajudar com doações. “Muitas vezes nós fazemos o papel que o governo deveria exercer. Ajudamos os moradores como podemos, porém é impossível somente as ONGs suprirem as demandas dos moradores em situação de rua da cidade de São Paulo”, afirma. A pandemia que vivemos também é um grande agravante para a situação de abrigos, pois auxiliar centenas de moradores de rua sem causar aglomeração é quase impossível, “É muito complicado, já que muitos moradores de rua ainda não entendem muito bem o que é o coronavírus e por isso raramente utilizam máscaras. Quando vamos distribuir alimento, levamos junto centenas de máscaras descartáveis para distribuição, e tentamos informar um pouco sobre o vírus”, relata Rodolfo. Muitas vezes os moradores de rua optam por não irem para os abrigos devido às rígidas regras impostas para o acolhimento. Arnaldo Pereira relata que conhece diversos amigos que não podem ir para abrigos por conta de seus cachorros, e acabam passando as noites de frio na rua. “Me contaram que não deixaram entrar por conta dos animais e ficaram na rua.” Como a maioria dos espaços são organizados por gêneros, muitas vezes as famílias também optam por não se separar. Outros motivos são: falta de liberdade, vício em drogas e horário marcado para o fechamento. Rodolfo também relata que as doações devem ser feitas o ano todo e não somente em momentos de extrema necessidade. “Quando temos notícias de entrada de frente fria as doações explodem, e isso é ótimo. Porém precisamos de ajuda o ano inteiro e não somente quando as coisas apertam”, diz. O morador de rua Arnaldo também comentou sobre isso: “quando o frio realmente aperta, algumas pessoas começam a se preocupar. Podia ser assim o ano todo”. A Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo prometeu abrir 2 mil novas vagas de acolhimento. O investimento desse projeto tem o valor de quase R$ 4 milhões. “Torcemos sempre para o governo cumprir suas promessas. Tivemos algumas melhoras neste ano em relação ao investimento governamental para ajuda aos moradores de rua, porém ainda falta muito”, acrescentou Rodolfo.
Morador em situação de rua enfrenta as baixas temperaturas