Diálogo-249(Jan2012)

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Diálogo 1978

ANO XXX – Nº 249 e último – JAN EIRO - 2012

Grupo do Campo de Férias - Seminário Scalabrini - Julho de 2010

Grupo Exodus - Paróquia de Amora


Comunicado:

Finalização das actividades do grupo Êxodus

Esta não foi uma decisão fácil de assumir, porém é a mais ajustada e a mais verdadeira frente à situação presente. Foi assumida com dor, mas de cabeça erguida e é para nós imperativa a necessidade de a tornar clara e conhecida. Assim, e ao fim de 33 anos de presença activa, atenta e actuante nesta Paróquia de Amora, no passado dia 18 de Dezembro de 2011, o Grupo de Jovens Êxodus levou a cabo a sua última actividade: a 20ª Campanha do Brinquedo. Podemos dizer que fechamos com chave de ouro, pois tudo decorreu lindamente e, pelo menos, as crianças foram para suas casa com um sorriso nas faces. Portanto, e a partir desta data, ficam os frutos e as sementes, que essas sim, prosseguem germinando nas vidas onde foram plantadas, com a graça do Senhor. E, é a frase de Jesus Cristo que nos anima e nos faz sentir que tomámos a decisão acertada:

“Só a verdade vos libertará” Êxodus 2


O HOJE DO ÊXODUS “Era uma vez… já lá vai muito tempo…” É assim que começam todas as histórias, verdade? E foi também assim que começou a história do Êxodus. Já lá vai bastante tempo: fez, no passado dia 5 de Novembro de 2011, 33 anos que dois grupos de catequese, que se preparavam para celebrar o Sacramento da Confirmação, se juntaram pela primeira vez, num encontro que já pretendeu ter uma dinâmica juvenil, a pensar num futuro Grupo de Jovens. E, correu muito bem, todos gostaram e ficou logo a pensar-se noutros encontros.

E… foi o primeiro “Passo”. Passou algum tempo com encontros que iam firmando a caminhada e cimentando a amizade, assim como dando mais firmeza à fé que nos unia. Chegou o dia de Pentecostes, Junho de 1980. Foi uma Vigília linda. E o grupo foi baptizado… Êxodus foi o nome que lhe demos e com essa realidade ficámos mais unidos, mais comprometidos entre nós, em Igreja e com o nosso Amigo J. C., conforme carinhosamente Lhe chamávamos. Em Igreja, Comunidade de Vida, sentíamo-nos e achávamos que era bom viver em Festa. Festa da Vida. Festa da Amizade. Festa da Fraternidade. E, foi esse o lema escolhido: “A Amizade é uma Festa. Vamos viver em Festa”. E, em festa e nessa Comunidade de Amora, em que o Êxodus iniciou a própria vida, começou logo a ajudar a animar as Liturgias, dum modo mais profundo e mais dinâmico. Surgiu o Coro, com cantores e músicos. E, vimos que era bom.

E… foi o segundo “Passo”. Seguiram-se Retiros, Encontros, Reflexões. Foram as representações teatrais com mensagem cristão: “Jesus”; “Jesus é Vida”; “José do Egipto”, e outras. Representadas aqui, em Amora, na Baixa da Banheira, na Arrentela, em Ansião… Sucederam-se as Vias Sacras… as de rua e as de interior…. Porém, sentíamos que algo mais era necessário: sair de si mesmo, sair do grupo, ir ao encontro dos irmãos. Surgiu uma ideia…comunicar. E o “Diálogo” foi uma realidade. Realidade que sentimos ser muito boa, 3


pois levava aos irmãos algo de nós mesmos: das nossas actividades, das nossas partilhas, das nossas realidades, da nossa fé. Ele foi um meio de comunicação rica e duradoira. Começou em Dezembro de 1982 e ainda não terminou, embora tenha sido mais escasso, ultimamente o seu aparecimento. No entanto, foi e tem sido algo de muito bom.

E… foi o terceiro “Passo”. A caminhada prosseguiu, cada dia mais forte, mais determinada e mais produtiva. A nossa meta era Jesus Cristo e a Sua Mensagem, mas ela tinha que passar pelos irmãos. Mais velhos alguns: visitávamo-los nos Lares, onde se encontravam. Mais novos outros: crianças entre os 6 e os 12 anos, com quem começámos a partilhar o amor de Cristo, através de actividades lúdicas e de formação quer humana quer cristã. E, iniciámos com os Campos de Férias. Foi em Julho 1988 o primeiro. Durou uma semana: uma semana de amor e carinho, de orientação e de educação, de brincadeira e oração. Ao longo de 23 anos, foram repetidos: um em cada ano, sempre em Julho. Vimos e sentimos que era muito bom.

E… foi o quarto “Passo”. Os Campos de Férias eram bons. Mas sentíamos que era pouco. Sentíamos que era necessário dar-lhes alguma continuidade. Estar com aquelas crianças noutras alturas importantes do ano. O Natal. Época por excelência. Época de apelo a partilhar ainda mais. E, com as crianças começámos a Campanha do Brinquedo. Um passeio, um lanche, oferta de brinquedos. As crianças ficaram muito felizes e nós também. A primeira foi há vinte anos, em Dezembro de 1991. E agora, no passado dia 18 de Dezembro de ano de 2011, foi feita pelo 20º ano consecutivo mais uma dessas Campanhas. Achámos que era bom termos iniciado este actividade.

E… foi o quinto “Passo”. Mas, sentimos que ainda algo mais podia ser empreendido. Havia outra época muito importante para nós à qual nos sentíamos chamados a dar realce em comunhão com as crianças: a Páscoa. E, surgiu, em Abril de 1993, a primeira Campanha da Amêndoa. Uma tarde de convívio, de partilha, de passeio, com oferta de um lanche, amêndoas e prendas. E, também esta e as outras campanhas as sentimos muito boas. 4


Em Abril do passado ano de 2011, foi vivida, pelo 18º ano consecutivo mais uma Campanha da Amêndoa.

E… foi o sexto “Passo”. E estamos agora no sétimo “Passo”.… o “Passo” do descanso. Porque, na verdade, os jovens também perdem a juventude. É algo de normal na caminhada da vida. É uma realidade que é necessário aceitar e viver com serenidade e sabedoria. Pois, o que caracteriza qualquer grupo de jovens ou de não jovens, é as pessoas fazerem caminhada juntas, planearem e decidirem juntas, viverem objectivos comuns, caminharem para uma meta, que em comunhão escolhem viver, é partilhar a vida, as alegrias, os sofrimentos, é ajudar, é escutar…. O Êxodus, há já algum tempo que não é isso. Se não se souber aceitar a realidade da vida, acabaremos por viver na ilusão e na mentira e, isso, não é nem humano e muito menos cristão. Porque o cristão é o homem e a mulher chamados à verdade seja ela qual for, mesmo que dolorosa. Mas, mesmo com dor, é positivo, dizer de cabeça erguida: O Êxodus, como grupo, chegou ao sétimo “Passo”: ao “Passo” do descanso. Podemos e devemos dizê-lo de cabeça bem erguida, pois o Êxodus foi, nesta Paróquia de Amora, um grupo que marcou, que fez caminho, que foi uma presença rica e enriquecedora, que soube conquistar e ocupar o seu lugar, que se virou para si mesmo e se formou humana e cristãmente e que se doou aos outros, pois não esqueceu os irmãos, pois soube para eles trabalhar e com eles partilhar a vida e a fé em Jesus Cristo, Senhor. Todos estes passos vividos pelo Êxodus continuarão vivos e actuantes em quem deles foi beneficiário. Deixaram marcas que continuam e continuarão vivas em quem dele fez parte. E, quem dele usufruiu e nele fez caminhada, prossegue. Porém noutras realidades, mais adaptadas, mais ajustadas ao seu momento e ao próprio compromisso: equipas de casais, catequese, corais, etc... Porque partilho convosco tudo isto, devem estar a perguntar-se. Pois eu digo-o já. Porque não sei viver no irreal, não sei viver na mentira e sinto que se 5


continuar a contribuir para que algo mais seja feito com o nome “Êxodus”, é nessa armadilha que vou cair: perpetuar o que já não existe. E, eu estou certa que nenhum dos verdadeiros membros do Êxodus querem que ele seja uma realidade virtual. Assim, seria muito importante para mim e não só, pois já falei com alguns dos seus antigos membros-fundadores, que sentem o mesmo que eu, gostaria, estava eu a dizer-vos de sermos nós, aqueles que o começámos e que o fizemos com imensa dignidade, que o déssemos como terminado, com a mesma dignidade, com a certeza do dever cumprido, com a serenidade e a consolação de que, como dizia Paulo, “combatemos o bom combate e foi com o Senhor que o fizemos”. Gostava que fossemos nós para que não consentíssemos que outros o fizessem, pelas razões presentes, e que apontando-nos que já não estamos a ser o que “queremos fazer parecer”, tivéssemos que aceitar essa realidade de cabeça baixa. Porque como dizia o Beato João Baptista Scalabrini: “não percamos o momento, porque se nós não fizermos o que devemos fazer… outros o farão por nós e nem sempre a nosso favor… por vezes até contra nós”. Falando de tudo isto, que me tem andando a invadir a mente e o coração, com o nosso pároco de agora, P. Pedro, ouvi dele algo que muito me confortou. As palavras dele foram: “Maria José, em todos estes anos de experiência sacerdotal e pelos vários lados onde tenho andado, nunca tive conhecimento de nenhum Grupo de Jovens com uma caminhada tão longa e tão profícua como a do Êxodus. Por isso, reconhecer que é altura de parar é sinal de maturidade e de verdade”. Só lhe respondi: “Obrigada, P. Pedro”. E, fiquei serena com a decisão que já sentia como definitiva, mas que se consolidou com aquelas palavras. Fico a aguardar as vossas partilhas, as quais agradeço desde já. Sabem que gosto muito de todos e cada um de vós e que Êxodus será sempre um elo de união entre nós e de nós com o Senhor. Um grande abraço de carinho e amizade que a todos abarca. Sempre amiga, sempre irmã. Maria José

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TESTEMUNHOS Cada coisa tem o seu tempo. Na linha do tempo, o grupo Êxodus situa-se, para mim, na fase da minha chegada à maioridade. Não sou do tempo da fundação do grupo. Entrei a convite de três excelentes amigas, e essa entrada veio responder a uma lacuna que sentia na minha vida. O Êxodus significou para mim, aos 19 anos, um regresso à Igreja da qual eu tinha duvidado aos 14/15 anos. Voltei a aceitar Deus como uma proposta muito interessante de caminho a fazer na vida. Significou um encontro pessoal, em termos espirituais, com Cristo. É um facto que precisamos dos outros para crescer. O EU só existe em relação com os outros (amigos, colegas, companheiros de viagem) e se esses companheiros de viagem nos colocarem em contacto com um companheiro 5 estrelas como J. C., a qualidade da amizade sobe exponencialmente. Foi o que me aconteceu na minha passagem pelo grupo. Aqui deixo o meu “muito obrigada” a um grupo que me ajudou no meu caminho para Deus na minha juventude. A caminhada continua, sob outras formas, porque nada se repete, mas está a decorrer Aqui e Agora, sempre em aliança com Cristo e Maria! Paula Marques *** Não há dúvida que é sábio viver dentro da verdade… e, de facto já não somos jovens e o contexto no qual vivemos limita-nos. É sábio aceitar o que vivemos. O grupo abriu-nos um caminho de crescimento, ajudou-nos a fazer parte dele… agora cada um é responsável pelo próprio caminho espiritual e humano. O mais importante foi termos conhecido Jesus Cristo como o Homem Autêntico e de Verdade que nos mostra permanentemente o caminho interior a desbravar como a verdade de vivermos desde quem somos no mais profundo de nós próprios. Vivendo assim brota de nós, também, a nossa autenticidade e entregando ao outro o que somos sentimo-nos a viver o sentido da nossa vida. A experiência de Deus que partilhámos no grupo foi muito bonita e rica …essa experiência preparou-me para partir em busca de outras experiências que me preenchessem mais e me ajudassem a crescer como pessoa… o crescimento leva à especificidade. Para mim o grupo nunca terminou…apenas se foi transformando em imensas sinergias… e vive hoje nessas sinergias (cada um diferente do outro dando o que lhe é específico em distintos lugares…) Carmo


*** Tudo tem um início e um fim. Penso que o Êxodus fez uma longa caminhada, com altos e baixos e que marcou a Paróquia de Amora. Porém os tempos e as pessoas não são mais “jovens” ao menos na idade, de espírito não duvido. E o tempo trouxe os seus frutos. Agora é bom deixar, ao menos institucionalmente (Diocese e Câmara) o compromisso assumido com eles. Outras sementes semeadas germinarão e darão fruto a seu devido tempo. P. Vilson *** Uma coisa é certa, agradeço a Deus tudo o que por via do grupo Êxodus, Deus me ajudou e fez crescer. Marcou-me muito e sinto saudades dos tempos em que tínhamos oração cada sexta-feira, sábado ensaio do coro, Domingo animação da Missa e logo de seguida reuníamo-nos todos juntos naquela sala 3. Recordo-me de quase todos os retiros que fiz com o Grupo, partilhando uns com os outros as nossas ideias, opiniões, ideais, mas sempre com a ideia em Cristo Nosso Senhor. Recordo os Campos de Férias. Ainda me lembro do meu primeiro Campo de Férias que foi para mim uma total novidade. Sempre fui amigo de ajudar mas naquele Campo de Férias pus à prova toda a minha entrega para ajudar os outros e consequentemente aquelas crianças que ainda hoje vejo, alguns a passar por mim. Aprendi tanto nestes Campos de Férias que posso dizer que essa aprendizagem ao nível de organização de uma cozinha, ainda hoje se transmite em minha casa (agora já casado) . João Castanho

*** O Êxodus foi uma passagem muito importante da minha vida. Tinha chegado da província, com 18 anos muiiito fresquinhos, acabados de fazer. Encontrei pessoas que me estimaram e me respeitavam. Aprendi coisas muito importantes para a minha vida. Isso deu-me uma melhor compreensão dos outros, o que ainda hoje se reflecte no meu casamento, que já vai com uma caminhada de 20 anos. Aprendi também a viver a auto-estima, que tão útil me tem sido. Obrigado a todos com quem convivi. José Manuel Pimenta ***


No Grupo Êxodus e com a sabedoria dos nossos queridos “guias”, onde saliento a nossa querida e inspiradora Maria José Calqueiro, em vez de cultivarmos tristeza ou dor centrado em cada um de nós, escolhemos celebrar o Amor em Cristo, a nossa fé, a partilha da palavra e do pão, demos música e canção nas celebrações e espalhámos aos 4 ventos alegria, cor, amizade, amor e carinho, orientação, educação, brincadeira e oração... Demos sorrisos e abraços e saímos do conforto do nosso Grupo para levar mais longe a nossa mensagem de Amor a Deus e ao próximo. Levámos a palavra, a alegria, a música e o teatro para lá da nossa pequena “fronteira” e fomos ao encontro de outras vivências. DAR era tudo que queríamos… e fizemo-lo da melhor maneira que soubemos e pudemos… Quando entrei para o Grupo Êxodus, eu só pretendia fazer o Crisma e bazar… mas fiquei… sempre… Eu era uma menina muito tímida com uma auto-estima muito fraquinha. Anos depois... A Maria José costumava brincar comigo e contava aos elementos mais novos - tipo exemplo - que eu antes era tão reservada que “entrava muda e saía calada… mas agora vejam : ponham os olhos na Cristina… vejam a transformação!”. Todos nos ríamos com a evolução óbvia. O Grupo é para mim motivo de orgulho porque me deu a oportunidade de desenvolver as minhas competências pessoais e comportamentais. Aqui nasceram os meus melhores amigos que ainda hoje mantenho bem pertinho de mim. Eles são a música, a cor e a luz do sol, são o que tenho de mais verdadeiro na minha vida. Partilhando dificuldades e alegrias eu fui crescendo e conhecendo-me a mim mesma. No Grupo, através das nossas vivências e experiências que partilhámos em conjunto, todos aprendemos muito sobre cada um de nós. Foram vivências que nos enriqueceram de uma forma muito positiva e todas estas imagens, recordações, sorrisos e lágrimas foram aprendizagens que fizemos ao longo dos anos e que nos ensinaram a olhar para a vida de uma forma mais serena e tranquila. Toda esta riqueza de vida vai ficar para sempre guardada no meu coração. Estou muito Grata por tudo o que recebi de cada um de Vós. O Grupo Êxodus semeou útil semente, que se transformou em planta e que continua a alimentar a nossa alma, e através de cada um dos seus elementos continua a chegar a todos Vós… seres humanos lindos de todas as idades…. à nossa família, aos nossos amigos, colegas, conhecidos, vizinhos … Se alguém um dia disser que o Êxodus nada fez, diremos : - Nada fizemos? Mas... valeu a nossa intenção !? Um abraço cheio de luz, Cristina Martins ***


"Não é possível falar da minha existência sem falar na minha passagem pelo Êxodus, foi neste grupo, onde permaneci dos 16 aos 29 anos, que encontrei um espaço onde pude desabrochar como pessoa, amada por Deus e por isso crente. Ser Êxodus faz parte da minha identidade, pois só na medida em que saio de mim, para ir ao Encontro dos outros e de Deus é que me descubro, mais e mais. Neste espaço muitas sementes foram lançadas e em mim hoje dão flor, hoje também lanço por onde passo as sementes que em mim germinaram e espero que deêm fruto. Muitas foram as experiências vividas em grupo que me marcaram e identificam até hoje, foi uma possibilidade de lançar rede ao mar, vencer medos, obstáculos, fazer caminho com outros que procuravam o mesmo que eu. Recordo com muita saudade os retiros e as orações em que recuperava energias e ganhava coragem para Ser mais instrumento de comunhão, de conciliação, e mais capaz de crescer na capacidade de amar. Exodus foi espaço, foi semente, são amigos é vida que continua em mim, onde quer que eu vá sei que darei testemunho das grandes lições que colhi. Sou profundamente grata a todos os que contribuíram para a minha formação humano -cristã. Durante 13 anos de um modo muito activo e comprometido, vivi este modo de ser Igreja, hoje continue a servir a Igreja de Jesus Cristo, como leiga onde a única verdade que conta é Amar." Geninha

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Sou “Êxodus”, estou a caminho… Nós, cristãos católicos, somos pobres, podemos não ter fome de alimentos e sede de água, mas temos fome e sede de paz, de verdade e de justiça; podemos não ter falta de roupa, mas falta-nos capacidade de reconhecimento da dignidade humana, falta-nos a vestimenta do respeito; podemos não ter falta de casa, mas falta-nos um coração alegre, solidário e empático; podemos não sofrer de doenças terminais, mas ainda assim, falta-nos sempre uma mão amiga, um sorriso acolhedor, uma mente aberta… O Êxodus foi um caminho que percorri durante um largo período da minha vida, um caminho fundado na mensagem do Evangelho e no exercício da amizade, do respeito e da boa convivência, um caminho muito formativo que ajudou a construir a pessoa que hoje sou. Tudo na vida tem uma génese, um desenvolvimento e uma conclusão, só o amor de Deus é eterno. O Êxodus passou por este ciclo, cumpriu a sua missão, deu frutos e respostas adaptadas às circunstâncias do seu tempo. Os jovens de há 30


anos são adultos, e acredito que tenham a semente do “espírito do êxodus”, da mensagem de Jesus, na sua vida. Relembro aqui, como singela homenagem, todos os que passaram e viveram o Êxodus, incluindo os que já partiram para a Casa do Pai, a todos, o meu “obrigado” por fazerem parte da minha experiência de vida. Neste caminho que trilhámos juntos, caímos muitas vezes e outras tantas nos levantámos, refiro-me a tudo o que não fizemos bem, a tudo o que não fomos capazes de fazer e de ser na altura certa, mas graças aos nossos monitores, supervisores, orientadores espirituais, conseguimos seguir em frente, com dignidade, focalizados na alegria da relação humana e na abertura à comunidade, bem como, focalizados na nossa formação humana cristã. Assumidamente não vou citar nomes pois considero todos, cada um à sua maneira, importantes; não vou nomear atividades, pois todas foram trabalhosas e gratificantes; não vou expor dificuldades, pois todas foram formativas, também não vou exaltar momentos especiais, mas sublinho que esses ajudaram-me a dar valor às pequenas “coisas”, a chegar à essência da vida, a criar laços, vínculos, a estar atenta, a estar em constante aprendizagem. Hoje, continuo a rezar pela força da juventude que há em cada pessoa, e pelos jovens, para que cada um colabore urgentemente na construção de relações humanas edificantes, capazes de energizar positivamente os ambientes, entusiasmar os que os rodeiam, mobilizar para a ação significativa na sociedade e criar empatia. Foi este o desafio do Êxodus, é este o desafio que permanece … Bem-haja a todos e a toda a comunidade de Amora que sempre nos acolheu. Até sempre. Natália Viseu *** O Exodus foi a melhor parte da minha adolescência e entrada na juventude. Ajudou-me a crescer, tornar-me mais humana, definir e aproximar a minha relação com Deus. Durante muitos anos e até começar a trabalhar era a ele, as actividades e à Catequese que dedicava a maior parte dos meus tempos livres. Recordo com muita saudade os Campos de Férias, e as Campanhas da Amêndoa e do Brinquedo. Era maravilhoso trabalhar em equipa, todos juntos, para proporcionar o melhor que pudéssemos àquelas crianças que tinham tanto para nos dar. No final de cada dia, tinha sempre a certeza de que tinha recebido mais do que tinha dado. No final de cada dia, junto do Senhor agradecer o bom e o menos bom, pedindo forças para o dia seguinte. Com o Exodus aprendi a verdadeiramente ter momentos de oração com o Senhor, prendi a partilhar. Do Exodus saíram grandes amizades, algumas permanecem até hoje. Outras,


embora longe estão sempre dentro do meu coração. É com muita tristeza que vejo terminar um grupo que tanto tinha para dar às novas gerações, que terminam "fresquinhas" a catequese e que tanto necessitam de alguma orientação para que a chama do crisma não se apague. Rezo para que se consigam integrar nos movimentos e grupos que permanecem e que se apercebam que o caminho ao lado do Senhor faz-nos sentir tão cheios de vida.

Cristina Borralho ***

O Êxodus hoje… Como tudo na vida existe um princípio, um meio e um fim, assim se passa com o nosso grupo. Nasceu, teve o seu crescimento, o seu auge e agora chegou à sua “velhice”. Muitos foram os momentos de alegria, conhecimento, confraternização, troca de experiências, criatividade, ansiedade e tristeza também. Muita foi a luta para desempenhar as tarefas tendo na base e no coração a mensagem de Cristo. A dedicação de todos os membros que passaram ao longo destes 33 anos para manter este grupo activo, presente na comunidade, foi inesgotável. Este grupo começou a fazer parte da minha vida há 12 anos, foi lá que cresci interiormente, conhecendo mais a Jesus Cristo, pois até à data apenas tinha realizado a 1ª comunhão e mais nada. Ajudou-me a saber comunicar mais com os outros, pois até então era muito fechada na minha “concha”. Permitiu que realizasse várias experiências na doação aos outros, quer através das nossas actividades quer através dos nossos encontros dominicais e também retiros. Permitiu-me conhecer inúmeras pessoas e querer ajudar ainda mais. Permitiu o convívio entre jovens de várias faixas etárias. Permitiu marcar presença na comunidade de Amora e além fronteiras através do seu carisma e da sua acção na sociedade. O ÊXODUS mudou a vida de muitos, marcou-os profundamente, permitindolhes olhar para o seu interior e para o próximo, não apenas como uma simples pessoa, mas como um irmão a quem Cristo estende as mãos. Andreia Freire


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