INPE
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
Conquistar o espaรงo para cuidar da Terra
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Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o INPE, comemora em 2011 seu 50º aniversário. Nesse meio século de vida, nossos pesquisadores e tecnologistas têm trabalhado com a missão de produzir ciência e tecnologia de alta qualidade nas áreas espacial e do ambiente terrestre e de oferecer produtos e serviços singulares em benefício do Brasil. Sediado em São José dos Campos (SP), o INPE mantém instalações em diversos pontos do país, desenvolvendo pesquisa nas áreas de Ciências Espaciais e Atmosféricas, Engenharia e Tecnologia Espacial, Observação da Terra por satélites, Meteorologia e Mudanças Ambientais Globais. Nas próximas páginas, você vai conhecer a história do INPE e algumas realizações que marcaram a sua trajetória, inseridas no contexto dos principais acontecimentos em ciência e tecnologia no Brasil e no mundo.
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NASCE O INPE Pouco mais de um ano após a inauguração de Brasília, o então presidente Jânio Quadros nomeia um grupo para organizar as atividades espaciais no Brasil. O GOCNAE seria o embrião do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com atividades nas áreas de radioastronomia, astronomia, rastreio ótico de satélites e comunicações por meio de satélites. Estamos em agosto de 1961.
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m abril do mesmo ano, os soviéticos enviam o primeiro homem ao espaço. Yuri Gagarin faz um voo orbital de 48 minutos a bordo da nave Vostok I e afirma: “A Terra é Azul”. Em 1962, o recém-lançado satélite de comunicações norte-americano Telstar 1 torna-se o primeiro capaz de transmitir sinais de televisão ao vivo e de telefonia entre a Europa e os Estados Unidos e, em 1964, os Jogos Olímpicos de Tóquio entram para a história como os primeiros a serem transmitidos para o mundo via satélite.
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O HOMEM VAI À LUA No Brasil, os projetos de pesquisas espaciais surgem rapidamente. Na segunda metade da década de 60, o INPE embarca cargas úteis em foguetes de sondagem lançados a partir da Barreira do Inferno (RN); começa a receber imagens meteorológicas de satélites; organiza seus cursos de pós-graduação para formar recursos humanos altamente qualificados; lança o Projeto SACI (Sistemas Avançados de Comunicações Interdisciplinares) para estudar a viabilidade do uso de satélites para retransmissão de Programas Educacionais.
Em 1970, é criada a Unidade do INPE de Cachoeira Paulista.
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corrida espacial se intensifica. O norte-americano Neil Armstrong é o primeiro homem a pisar na Lua, em 20 de julho de 1969. No mesmo ano, os Estados Unidos enviam uma sonda a Marte, e os soviéticos, um robô a Vênus. Ainda nessa década, também em 1969, surge o ARPANet, acrônimo em inglês de Advanced Research Projects Agency Network. Desenvolvida pelos Estados Unidos, foi a primeira rede operacional de computadores e precursora da Internet.
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DO ESPAÇO, CHEGAM IMAGENS DA TERRA A década de 70 anuncia o milagre econômico brasileiro e também a crise do petróleo. A Copa do Mundo de 1970, no México, chega em cores no Brasil em transmissão experimental para as estações da Embratel. Dois anos mais tarde, seria realizada a primeira transmissão pública de TV em cores, com programação produzida no Brasil – a Festa da Uva, em Caxias do Sul (RS). Em 1971, é criado o Centro Regional de Natal e Fortaleza, do INPE, no mesmo ano em que o engenheiro eletrônico Ray Tomlinson envia o primeiro e-mail, utilizando o ARPANet, rede precursora da Internet; é inaugurada a primeira linha de metrô do Brasil, em São Paulo.
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o ano seguinte, surge o Odyssey 100, o primeiro videogame, com apenas dois jogos: tênis e hockey.
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Os Estados Unidos lançam, em 1973, a estação espacial Skylab, habitada durante nove meses por três diferentes grupos de astronautas. Nesse período, é implantada a estação de recepção de dados de satélites de sensoriamento remoto do INPE em Cuiabá (MT). O Brasil torna-se, em 1973, o terceiro país a receber imagens do satélite norte-americano Landsat, depois dos Estados Unidos e do Canadá. Em 1974, o Laboratório de Processamento de Imagens de satélites do INPE inicia suas atividades em Cachoeira Paulista. Um ano depois, começa a ser comercializado o primeiro computador pessoal, o MITS Altair 8800.
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O BRASIL NA ERA ESPACIAL A apresentação do primeiro trabalho sobre o desmatamento na região amazônica a partir de imagens de satélites em 1978, pelo INPE, coincide com a realização da primeira edição do Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto e com o nascimento, na Austrália, de Louise Brown, o primeiro bebê de proveta do mundo. No ano de 1978 os pesquisadores Werner Arber, Daniel Nathans e Hamilton Smith ganham o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina pelas pesquisas que viriam a formar a base inicial da tecnologia do DNA recombinante e, consequentemente, da Engenharia Genética. No ano seguinte, seria aprovada a MECB (Missão Espacial Completa Brasileira), que visava à capacitação do país, de maneira autônoma, em engenharia e tecnologia espacial. Fica estabelecido que o INPE desenvolveria satélites de coleta de dados e de sensoriamento remoto e o CTA, o veículo lançador de satélites e a implantação de um centro de lançamento brasileiro.
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m 1979, a Sony lança seu player portátil de fitas cassete, batizado de Walkman, iniciando uma revolução na indústria de eletrônicos ao mudar a forma como as pessoas ouvem músicas. É inventado o CD, que começaria a ser comercializado a partir de 1982. Na área das Ciências Espaciais e Atmosféricas, o INPE passa a coordenar, em 1980, o Centro de Radioastronomia e Astrofísica Mackenzie. É nos anos 70 que surgem os primeiros movimentos ambientalistas, motivados, principalmente, pelo avanço das pesquisas sobre energia nuclear.
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AS PESQUISAS NA ANTÁRTICA A década de 80 é marcada pela popularização dos computadores pessoais, dos walkmen e dos videocassetes. São desenvolvidas as primeiras interfaces gráficas para computadores (XFree 86, Windows e MacOS). O ônibus espacial Columbia, faz seu voo inaugural em 12 de abril de 1981. O Columbia seria a primeira de uma série de cinco naves espaciais reaproveitáveis desenvolvidas pelos norte-americanos.
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INPE realiza em 1982 a sua primeira expedição científica à Antártica e inicia pesquisas nas áreas de estudo da atmosfera, do ozônio, da radiação solar, do geoespaço e de meteorologia.
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OS RAIOS E SEUS IMPACTOS Em 1985, no mesmo ano em que cientistas do British Antarctic Survey anunciam pela primeira vez a descoberta de um buraco na camada de ozônio sobre a Antártida, provocado por certas combinações químicas de cloro, flúor e carbono utilizadas na indústria de refrigeração e aerossóis, é criado o Laboratório de Ozônio, para estudar os efeitos da distribuição desse gás na atmosfera e de gases associados ao efeito estufa. A ciência identifica o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), que já matou cerca de 1,8 milhões de pessoas em todo o mundo.
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ambém em 1985, têm início as pesquisas sobre a incidência de Raios no Brasil e os seus impactos sobre o meio ambiente e a atividade humana. Hoje, o INPE possui mecanismos de monitoramento e alerta de ocorrência de descargas atmosféricas funcionando 24 horas por dia durante os sete dias da semana, com o intuito de proteger pessoas que exercem atividades ao ar livre. O serviço é disponível para todo o país.
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DE OLHO NAS QUEIMADAS
Na segunda metade da década de 80, a comercialização dos telefones celulares começa a se expandir em nível mundial. Atualmente, existem cerca de 5 bilhões de aparelhos em todo o planeta. O Brasil ocupa a quinta posição no ranking, com cerca de 195 milhões de aparelhos. O Brasil começa a desenvolver grandes iniciativas de preservação ambiental. Em 1986, ano do lançamento da estação espacial MIR, pela União Soviética, tem início o programa de monitoramento de queimadas do INPE.
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986 foi o ano da aparição do cometa Halley. A humanidade tinha 28 anos de era espacial e uma frota de naves espaciais foi enviada para observar o cometa.
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O TEMPO E O CLIMA
Em 1987, é inaugurado o Laboratório de Integração e Testes de satélites do INPE, o único do gênero no hemisfério sul, ainda hoje. No ano seguinte, é assinado o acordo de cooperação Brasil-China visando o desenvolvimento de satélites de recursos terrestres (Programa CBERS). Em 1989, é registrada a taxa anual de desmatamento, referente a 1988, pelo PRODES (Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite): 21.050 km2. A taxa estimada para 2010 é de 6.451 km2, bem abaixo do pico de 27.772 km2 de 2004. No mesmo ano, a implantação do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) agrega uma nova área de atuação do INPE. A Meteorologia se junta às Ciências Espaciais e Atmosféricas, à Observação da Terra e à Engenharia e Tecnologia Espacial.
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O PRIMEIRO SATÉLITE BRASILEIRO Os anos 90 trazem grandes avanços científicos e o desenvolvimento tecnológico mais rápido da história, tornando popular e aperfeiçoando tecnologias inventadas na década de 80. São detectados os exoplanetas (planetas fora do sistema solar). O telescópio Hubble é lançado, revolucionando a Astronomia; a sonda Galileu orbita Júpiter, estudando o planeta e suas luas; astrônomos confirmam a existência de um buraco negro no centro de uma galáxia. É a década da popularização das máquinas fotográficas digitais, do Microsoft Windows, mas também do lançamento do sistema Linux, um dos exemplos mais proeminentes de software livre, lançado em 1991. Dois anos mais tarde, o INPE apresentaria seu Sistema de
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Informações Geográficas, o software livre SPRING, no estado-da-arte com funções de processamento de imagens, análise espacial, modelagem numérica de terreno e consulta a bancos de dados espaciais. Em 1993 é lançado o SCD-1, primeiro satélite brasileiro de coleta de dados, totalmente desenvolvido no INPE. O evento é considerado o marco mais importante do Programa Espacial Brasileiro, que colocou o Brasil entre os dez países no mundo com capacidade de produzir o seu próprio satélite. No ano seguinte, seriam inauguradas as instalações do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do INPE, em Cachoeira Paulista. Ainda em 1994, as brocas odontológicas de diamante CVD, desenvolvidas pelo INPE, ganham o prêmio de melhor trabalho da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica. É criada a Agência Espacial Brasileira. Em 1995, seria criado do DVD; o e-mail e a Internet começam a se expandir no Brasil, e com eles, o comércio eletrônico.
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A URNA ELETRÔNICA Em 1996, a nave Pathfinder da NASA aterrissa em Marte e deixa o veículo Sojourner, que analisa a geologia e astronomia marciana. No Brasil, é realizada a primeira eleição com a urna eletrônica, desenvolvida por engenheiros e pesquisadores do INPE e do CTA. Em 1997, o cometa Hale-Bopp passa pelo Sol depois de 4.200 anos.
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A reciclagem e os biodegradáveis tornam-se mais difundidos, na medida em que aumenta a consciência da necessidade de preservação ambiental. Os jogos para computadores acompanham a popularização dos PCs; tem início o download de músicas em MP3.
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ambém em 1996, a clonagem da ovelha Dolly e o anúncio do primeiro rascunho do Genoma Humano são destaques no campo da genética. A identificação pelo DNA torna-se bastante utilizada na área criminal. Alimentos geneticamente modificados passam a ser produzidos comercialmente.
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O SATÉLITE CBERS Em um período de cinco anos, o INPE coloca dois satélites em órbita: em 1998, é lançado o SCD-2 – Satélite de Coleta de Dados, da base de Cabo Canaveral, nos Estados Unidos, e em 1999, o CBERS-1 – Satélite Sinobrasileiro de Recursos Terrestres, desenvolvido em cooperação com a China, da base de Taiyuan. Com o Programa CBERS, iniciado em 1988, o Brasil obtém uma poderosa ferramenta para monitorar seu imenso território com
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década se encerra com a chegada do novo milênio e o grande “bug” que não aconteceu.
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satélites próprios de sensoriamento remoto, buscando consolidar uma importante autonomia neste segmento. Em 2000 se inicia o desenvolvimento da TerraLib, biblioteca de código aberto para suportar aplicações inovadoras em Geoprocessamento.
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COMEÇA UM NOVO SÉCULO O século 21 começa com a rápida expansão da Internet, via banda larga. O disquete cai em desuso, sendo substituído pelo CD, DVD e pelo pen-drive. Os cartões de memória ficam sempre menores e com maior capacidade de armazenamento. Os celulares se tornam cada vez mais populares, assim como os notebooks e as câmeras digitais. Em 2001, tem início o programa de satélites do INPE baseados em uma Plataforma Multimissão, que pode carregar diversos tipos de carga útil. No ano seguinte, Brasil e China assinam novo acordo de cooperação para o desenvolvimento e lançamento de mais dois satélites da família CBERS. Ainda em 2002, o INPE divulga o primeiro mapa de incidência de raios no país. Dois anos depois, o monitoramento de descargas elétricas em tempo real seria disponibilizado na Internet. O CBERS-2 (Satélite Sinobrasileiro de Recursos Terrestres) é lançado com sucesso em 2003, produzindo uma valiosa coleção de imagens do território brasileiro, com aplicações em diversas áreas, dentre elas o monitoramento de florestas, agricultura e planejamento urbano.
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O DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA NA INTERNET Em 2003, as taxas de desmatamento da Amazônia Brasileira passam a ser disponibilizadas na Internet. O INPE ganha um Miniobservatório Astronômico, com fins didáticos. A partir de 2004, o INPE possibilitará o acesso gratuito, pela Internet, às imagens do satélite CBERS e, posteriormente, Landsat. Ainda nesse ano, o INPE instala em Cachoeira Paulista um supercomputador, colocando o Brasil entre os oito países
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com alta capacidade de processamento em previsão numérica de tempo e clima. Começa a produção dos primeiros cenários de mudanças climáticas regionais para a América do Sul. Em 2005, os dados do DETER, sistema de detecção de desmatamento da Amazônia em tempo real, são colocados na Internet. É criado o CANASAT, sistema de mapeamento das áreas de plantação de cana-de-açúcar em regiões do sudeste, sul e centro-oeste do país. O telescópio do Miniobservatório Astronômico é o primeiro a ser operado à distância (via Internet) no Brasil.
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MUDANÇAS CLIMÁTICAS: UM NOVO DESAFIO Em 2006, os planetas do sistema solar voltam a ser 8, depois que os cientistas deixam de considerar Plutão como um planeta. Nesse ano, o INPE inaugura o Centro Regional de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. O mundo se surpreende com o design arrojado de seus iPods, iPhones e iPads. Surgem os netbooks. As pesquisas do INPE em Clima Espacial ganham impulso a partir de 2007, com estudos da atividade solar e sua influência
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na Terra. No mesmo ano, é lançado o satélite CBERS-2B e inaugurado o Centro Regional da Amazônia, em Belém. O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), que tem a participação de 12 brasileiros, sendo 4 do INPE, ganha o Prêmio Nobel da Paz. Em 2008, é criada a mais nova área do INPE: o Centro de Ciência do Sistema Terrestre, voltado para pesquisas na área de mudanças ambientais globais e seus impactos.
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era virtual se consolida em todo o planeta. É tempo de Google nas buscas, nos mase encerra écom a chepasdécada e nas pesquisas, tempo das gada do novo milênio o granredes sociais, ou seja , daeWeb 2.0 de “bug” que não aconteceu.
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CENÁRIOS CLIMÁTICOS PARA O FUTURO Em 2009, o INPE passa a sediar e liderar programas e projetos na área de mudanças ambientais globais, dentre eles a Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas. O INPE atinge a marca de 1 milhão de imagens de satélite cedidas gratuitamente (70% do CBERS e 30% do Landsat). Em 2010, no mesmo ano em que é assinado o memorando que torna global o Programa CBERS, em que Brasil e China proporcionarão a países em desenvolvimento os benefícios do uso de dados de satélites, entra em operação no INPE o mais poderoso supercomputador do hemisfério sul para pesquisa climática e meteorológica. Em 2011, o INPE começa a produzir o primeiro cenário climático global futuro, em colaboração com o Centro Hadley Britânico, a ser fornecido ao IPCC.
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Instalações do INPE no Brasil
Belém-PA São Luís-MA Euzébio-CE
Natal-RN
Cuiabá-MT
Venha visitar o INPE! Peça para a professora agendar uma visita: mirian.vicente@dir.inpe.br Tel. (12) 3208-6979 (12) 3208-7071 Visite o nosso site: www.inpe.br
Brasília-DF
Cachoeira Paulista-SP Atibaia-SP São Paulo-SP
São Martinho da Serra-RS Santa Maria-RS
São José dos Campos-SP
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50 ANOS DO INPE Conquistar o espaço para cuidar da Terra Cartilha ilustrada sobre os 50 anos do INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Realização: Gestão de Comunicação Institucional – GCI Coordenação: Maria Virgínia Alves Consultoria: Comissão Organizadora das comemorações do 50º aniversário do INPE Textos: Ana Paula Soares Projeto gráfico: Magno Studio Ilustrações: Jean Galvão Supervisão gráfica: Carlos Vieira
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www.inpe.br Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE Av. dos Astronautas, 1758 – Jardim da Granja 12227-010 – São José dos Campos – SP Tel. (12) 3208-6000