Arquitetura paisagística: quatro paisagens, quatro narrativas

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GRAMACHO

COSME VELHO

ARQUITETURA PA I S A G Í S T I C A

QUATRO PA I S A G E N S QUATRO NARRATIVAS Adriana Sansão e Victor Andrade (organizadores)

SÃO CRISTOVÃO

MORRO DO PASMADO


ARQUITETURA PAISAGÍSTICA Q U AT R O

PA I S A G E N S

Q U AT R O

N A R R AT I VA S

Adriana Sansão e Victor Andrade (organizadores) Aline Fayer Daniel Arteaga Lara Barreira

Jonas Godinho Maini Perpétuo Úrsula Hernández Vélez

Marcos Moraes de Sá Paulo Siqueira Vinícius Almeida

Flora Fernandez Israel Nunes Taís Alvino

1º edição, 2016. Rio de Janeiro: PROURB - UFRJ Capa: Mapa da Baia de Guanabara com localização das áreas de intervenção Rio de Janeiro, satellite image, LandSat-5, 2011-05-09 A772

Arquitetura paisagística: quatro paisagens, quatro narrativas /Adriana Sansão e Victor Andrade (organizadores). Rio de Janeiro: UFRJ/FAU/PROURB, 2016. 55p.: il., 20 cm.

ISBN: 978-85-88027-31-2 Inclui bibliografia. 1. Arquitetura paisagística. 2. Gramacho (Rio de Janeiro, RJ). 3. São Cristovão (Rio de Janeiro, RJ). 4. Cosme Velho (Rio de Janeiro, RJ). 5. Morro do Pasmado (Rio de Janeiro, RJ). I. Fontes, Adriana Sansão. II. Andrade, Victor. III. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-Graduação em Urbanismo. CDD 712


ARQUITETURA PA I S A G Í S T I C A

QUATRO PA I S A G E N S QUATRO NARRATIVAS UFRJ

Universidade Federal do Rio de Janeiro

FAU

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

PROURB

Programa de Pós-Graduação em Urbanismo

MPAP

Mestrado Profissional em Arquitetura Paisagística

OP I

Oficina de Projeto I

Coordenadores do Mestrado: Cristovão Duarte e Lucia Costa Professores da Disciplina: Adriana Sansão e Victor Andrade Professores Colaboradores da Disciplina: Ana Lúcia Britto, Andrea Rego, Cristovão Duarte, Ivete Farah e Raquel Tardin



Sumário

05 Apresentação 09 Parque Gramacho: Ressignificação de um lixão 21 Campo de São Cristovão: Campo Aberto 33 Cosme Velho: Rio-Rua 45 Experiência Pasmado 54 Créditos 55 Bibliografia


GRAMACHO

SÃO CRISTOVÃO

COSME VELHO MORRO DO PASMADO

Mapa da Baia de Guanabara com localização das áreas de intervenção Rio de Janeiro, satellite image, LandSat-5, 2011-05-09


Ap re se nta ç ã o Adriana Sansão e Victor Andrade

Esta publicação apresenta os resultados da Oficina de Projeto I do Mestrado Profissional em Arquitetura Paisagística do PROURB-FAU/UFRJ, ano de 2015. Essa disciplina tem como objetivo o “desenvolvimento e aplicação de princípios e metodologias de projeto paisagístico, com ênfase na paisagem urbana, explorando as inter-relações entre arquitetura, espaços livres e o sítio paisagístico no projeto da paisagem urbana”. Sobre a Oficina Como abordagem para a Oficina, propomos aos estudantes que se dediquem à construção de uma narrativa projetual que possa dar conta da totalidade das reflexões acerca do sítio e de seu enfrentamento. Para tal, apostamos no trabalho em equipes organizadas ao redor de interesses de pesquisa comuns, sempre tendo como norteadores os temas de suas propostas de dissertação. 5


A Oficina está dividida em dois blocos. No primeiro bloco as equipes trabalham o arcabouço teórico, imersão, problematização e conceituação. Já o segundo bloco é composto pelo refinamento da conceituação e elaboração de estratégias projetuais. O primeiro momento da Oficina está voltado à definição do referencial teórico que fundamentará as discussões e propostas projetuais, e que surge a partir de leituras sugeridas pelos professores, e de aula expositiva preparada pelos próprios estudantes, cujo teor procura articular os autores estudados. Em seguida, dá-se início a imersão nas áreas de estudo, onde as equipes tratam de estruturar a problematização sobre os sítios. É desejável que a narrativa em construção sempre esteja referenciada ao corpo teórico definido por cada equipe, de forma a dar maior consistência ao enfrentamento do problema. A partir da problematização emergem questões que serão debatidas através de respostas projetuais ao longo das próximas fases da Oficina. A partir da delimitação do “problema de projeto”, passa-se à conceituação das propostas, onde as equipes são solicitadas a se expressarem graficamente através de diagramas, desenhos e maquetes físicas ainda abstratas, voltadas à expressão de uma ideia mais do que de um projeto. Cabe mencionar que sempre buscamos estimular a experiência projetual com novos métodos, fundamentos e linguagens de expressão, ao longo do processo de construção da narrativa projetual. Nesse momento encerra-se o primeiro bloco da Oficina, quando os resultados parciais (prancha A1+ maquete conceitual) são apresentados em seminário interno, para discussão com as demais equipes e crítica dos professores.

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O segundo bloco está voltado ao desenvolvimento das propostas conceituais apresentadas. Como método de trabalho para essa etapa, propomos que as equipes definam, a partir dos conceitos principais, estratégias de atuação que ajudem a organizar as ações de projeto sobre a paisagem. Vale ressaltar que a construção da narrativa, embora aparentemente um processo linear, na verdade atende a um percurso em “espiral” onde as decisões são reavaliadas a todo momento, a partir da inserção de novas variáveis que trazem complexidade ao processo. Compreendemos o processo projetual como iterativo. Consequentemente, as equipes revisitam suas questões de projeto e delineiam seus próprios caminhos através das lentes escolhidas por elas próprias para adicionar mais complexidade ao projeto. Ao fim do segundo bloco realiza-se a banca final de avaliação, sempre com a presença de convidados externos ao processo e propositalmente desconhecedores do método adotado no percurso da Oficina.

Sobre os casos de 2015 Em 2015 foram colocadas em discussão quatro diferentes áreas da cidade do Rio de Janeiro, que apresentam distintas problemáticas e lidam com diferentes escalas da paisagem, e ao redor das quais as quatro equipes se formaram de acordo com seus interesses particulares: Gramacho, São Cristóvão, Cosme Velho e Morro do Pasmado. Os quatro capítulos a seguir apresentarão as narrativas acerca dessas quatro realidades.

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PARQUE GRAMACHO: Ressignificação de um Lixão Jardim Gramacho, Duque de Caxias / RJ Aline Fayer, Daniel Arteaga, Lara Barreira


O bairro Jardim Gramacho localizado em Duque de Caxias, baixada Fluminense, abrigou por 34 anos o maior lixão da América Latina. A desativação do lixão em 2012 causou a perda da principal atividade econômica do local e esvaziamento do bairro (que perdeu mais de 60% de sua população). Os principais problemas que encontramos no local foram falta de infraestrutura urbana para população que ali reside e degradação ambiental da Baía de Guanabara e do ecossistema mangue provocada pela contaminação do solo e vazamento de chorume que ainda hoje ocorrem no local. O projeto tem por objetivo trazer um novo significado para o local através da proposição de um parque de caráter metropolitano. O Parque Gramacho buscará ressignificar o bairro integrando dimensões ecológicas, sociais, econômicas e urbanas. Um dos princípios que norteou o projeto foi o conceito de justiça ambiental: A noção de justiça ambiental implica, pois, o direito a um meio ambiente seguro, sadio e produtivo para todos, onde o ‘‘meio ambiente’’ é considerado em sua totalidade, incluindo suas dimensões ecológicas, físicas, construídas, sociais, politicas, estéticas e econômicas. (ACSELRAD, 2009, p. 16)

Como metodologia de diagnóstico a equipe realizou entrevistas com moradores e pescadores locais, visitas de campo com passeios pela Baía de Guanabara, mangue e Rio Sarapuí. As questões levantadas nesse trabalho buscaram abordar toda complexidade sócio-ambietal identificada no local.

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PROBLEMAS

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ESTRATÉGIAS

AÇÕES


REFERÊNCIAS PROJETUAIS NO MUNDO PARQUE DE MORAVIA - MEDELLÍN, COLÔMBIA

Parque de Moravia (CATEDRA UNESCO DE SOSTENIBILITAT, 2004)

O Parque de Moravia na Colômbia é uma importante referência, pois trata-se também de um lixão desativado ao lado de um rio transformado em parque produtivo utilizando sistemas com plantas biorremediadoras para tratar o chorume. A transformação da montanha de lixo em um local de cultivo de flores provocou uma marcante transfomação positiva na paisagem da cidade de Medellín, além de ser atualmente um importante equipamento de lazer.

ESCRITÓRIO TURENSCAPE - PEQUIM, CHINA O escritório Turenscape de arquitetura da paisagem atua em projetos de grandes parques, aplicando o conceito de paisagem regenerativa, com intervenção mínima, mas proporcionando condições para sua recuperação ambiental através da gestão de processos naturais. Jardins Filtrantes (TURENSCAPE, 2016)

Trabalha também com o conceito de gestão de águas utilizando descontaminação com espécies. Em alguns de seus parques também explora o conceito de paisagem produtiva, trabalhando com agricultura urbana em parques públicos. A linguagem de seus parques se destaca pela inserção de caminhos em vários níveis proporcionando diversas perspectivas da paisagem, dando visibilidade aos processos naturais e fornecendo agradáveis passeios para população.

Trilhas elevadas (TURENSCAPE, 2016)

PLANO DE ESPAÇOES LIVRES DE SANTIAGO - CHILE

Parque Cerro Alvarado (SANTIAGOCERROISLA, 2016)

Um dos desafios da gestão urbana da cidade de Santiago é conter a ocupação urbana que para áreas de risco e ambientalmente frágeis devido à sua topografia acidentada. Uma das estratégias adotadas foi a criação de parques lineares que circundam essas áreas que se pretende preservar (Ilhas de montanhas), estabelecendo um limite físico à ocupação urbana e revalorizando aquela paisagem para população, oferecendo atividades de lazer ligadas aos parques lineares. Dessa forma, esses parques também fornecem mais qualidade de vida a população de Santiago.

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PARQUE CAMINHOS DO MANGUE

PARQUE PRODUTIVO DO ATERRO

LAZER NO HORIZONTE ACIMA

Na área do mangue foi proposto um parque para proteção do ecossistema e para dar continuidade ao trabalho de recomposição do manguezal. Foram projetadas novas trilhas para facilitar o acesso da equipe de reflorestamento, caminhos com percursos pedagógicos voltados para Educação Ambiental, dando visibilidade aos processos naturais e orientando a população e visitantes sobre a importância de preservar a vegetação local.

Propomos transformar a antiga área onde funcionava o lixão (e onde funcionam os vazadouros irregulares) em um parque produtivo com cultivo de flores, bambú, espécies alimentícias etc. Como forma de viabilizar o desenvolvimento de agricultura, propomos o plantio em caçambas para isolamento com o solo contaminado. O parque também será um importante equipamento de lazer para baixada fluminense com trilhas e visuais privilegiados.

Na parte mais elevada do parque, propomos uma esplanada de lazer com uma ampla vista de 360 graus da Baia de Guanabara e Rio Sarapuí. Nessa área se concentrarão as principais atividades de esporte, lazer e cultura como quadras esportivas, anfiteatro, centro cultural e amplas áreas livres. Como estratégia de criar sombra nessa área que possui um solo bastante raso, criou-se estruturas de bambú para crescimento de plantas trepadeiras.


CINTURÃO DE BIORREMEDIAÇÃO

PARQUE LINEAR DE CONTENÇÃO URBANA

Em todo o entorno do morro do antigo lixão Gramacho foi proposto um sistema de descontaminação biológico do chorume vazante utilizando plantas filtrantes (wetlands). Contíguo ao sistema de biorremediação propomos uma ciclofaixa e um passeio arborizado que servem tanto para o lazer da população local como para acesso e manutenção do sistema.

O Parque linear foi proposto para criar um limite físico e visual entre ocupação urbana e mangue como estratégia de conter a expansão urbana em direção ao mangue e a Baia de Guanabara. Ao longo do parque foram propostas pracetas com equipamentos de lazer e hortas comunitárias dando vitalidade às esquinas. Com o objetivo de se ter edificações e usos diversos voltadoWs para o parque, propõe-se a concessão de um espaço de ampliação dos lotes. A ciclofaixa e passeios arborizados contribuirião para mobilidade não motorizada e confortável por todo o perímetro do Parque Linear.


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A área de terceira paisagem será um lugar destinado à livre apropriação da natureza e da população inspirada no conceito de ‘jardins movimento’ do paisagista francês Gilles Clement.

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Buscou-se, com esse conjunto de intervenções e gestão do lugar, contribuir para construção de novos significados para o bairro e sua população que ainda hoje, mesmo após a desativação do lixão em 2012, sofre com a presença de vazadouros ilegais de lixo e o chorume que atinge o ecossistema, bem como a problemática econômica devido às pessoas que ainda não conseguiram se inserir economicamente em outras atividades econômicas após o fechamento do lixão. Todos esses problemas identificados na fase de diagnóstico do projeto apontam que o lugar ainda está fortemente ligado ao lixão. A proposta Parque Gramacho foi composta por cinco linhas de atuação: Parques do Mangue, Parque Produtivo do Aterro, Lazer no Horizonte Acima, Cinturão de Biorrediação e Parque Linear de Contenção Urbana. Todas essas ações no espaço urbano pretendem catalisar investimentos públicos para área, ampliando a oferta de infraestrutura urbana para população local e dando visibilidade aos processos e problemáticas ambientais. É importante ressaltar que os resultados desse projeto virão a médio-longo prazo, a consolidação da ressignificação de Gramacho poderá ser percebida num prazo de aproximadamente 30 anos, tempo equivalente ao período do funcionamento do lixão.

Pespectiva Ilustrativa Parque Gramacho da área de Lazer no Horizonte. Acima com anfiteatro com vista para Baía de Guanabara 19



CAMPO ABERTO

Campo de São Cristóvão, Rio de Janeiro / RJ Marcos Moraes de Sá, Paulo Siqueira e Vinícius Almeida


O objetivo do presente trabalho é criar vitalidade através da intensificação do uso, potencializando o papel urbano do Campo de São Cristóvão. Contínuas ações e intervenções fragmentaram o espaço ao longo do tempo tornando-o em grande parte residual. Para recuperar a sua significância para o bairro e para a cidade foram estabelecidas cinco estratégias projetuais visando também criar um processo de contaminação positiva no seu entorno.

ESTRUTURA DA PAISAGEM

MALHA VIÁRIA

QUADRAS

INTERVENÇÕES E CONSEQUÊNCIAS

URBANIZAÇÃO NO INÍCIO DO SÉCULO XX = CENTRALIDADE 22

INSERÇÃO DO PAVILHÃO EM 1960 PERIFERIA = ESPAÇO RESIDUAL


CAMPO

PAVILHÃO

LINHA VERMELHA

INSERÇÃO DA LINHA VERMELHA ENTRE 1978 E 1992 = FRAGMENTAÇÃO

CRIAÇÃO DE CERCAMENTO EM 2003 = ISOLAMENTO 23


ESTRUTURA DO PROJETO Criação de um sistema de identidade visual, iluminação e infraestrutura com postes de 20m de altura posicionados a cada 50m Criação de núcleos para atividades diversificadas em vários pontos para que a vida da feira tranborde para o campo Acessibilidade: - Criação de passarela para vencer os desníveis junto ao colégio Pedro II - Criação de piso nivelado na rua de serviço - Tratamento com speed table nas travessias da borda nordeste Criação de uma trilha urbana sobre a estrutura do pavilhão com belvedere e vista panorâmica para a Baía de Guanabara, Ponte Rio-Niterói e Cristo Redentor

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No topo dos postes, cabos de aço dão suporte à iluminação e na sua base há infraestrutura com água e força para usos temporários: pocket shows, feiras, exposições Arborização complementar enfatizando a identidade visual do bairro: plantio intercalado de troncos claros e escuros no perímetro e sapucaias no campo Reorganização e racionalização do sistema viário com criação de rua de serviço na borda noroeste e mão dupla nas bordas nordeste e sudeste

Plantio de impacto visual no topo do viaduto, no trecho residual da alça de acesso ao campo, como sinalização da renovação urbana e identidade local


Perspectiva geral - direção leste

Perspectiva geral - direção sudoeste 25


Plano Geral e de Arborização 26


Cinco estratégias projetuais desdobram-se em diferentes ações: 1: Tornar o Campo um espaço flexível, acessível, contínuo e aberto, propício a diversos usos e apropriações: Supressão das barreiras físicas que dificultam ou impedem o acesso ; Racionalização do sistema viário; Tratamento contínuo na pavimentação; Facilitação da travessia de pedestres ; Ampliação da oferta de equipamentos esportivos; Criação de espaços amplos e com infraestrutura para usos e intervenções temporárias; 2: Criar identidade, valorizar e qualificar o lugar: Criação de um sistema de postes especiais de iluminação; Colocação de vegetação nos espaços “mortos” existentes no topo dos viadutos; Criação de uma trilha urbana e belvederes para ver a paisagem do alto da estrutura do Pavilhão; Ampliação da arborização de um modo intensivo e com espécies com identidade marcante. 3: Criar elementos de sustentabilidade ambiental: Colocação de pisos drenantes; Criação de piscinas de infiltração sob as quadras; Especificação de espécies arbóreas e arbustivas que façam interface ecológica com os núcleos de vegetação dos morros vizinhos; Colocação de vegetação no topo da estrutura do Pavilhão e dos viadutos; Criação de conexões verdes lineares com a arborização intensiva das ruas que interligam o Campo à Quinta da Boa Vista. 4: Tornar o Campo um elemento articulador da renovação urbana : Criação de tratamento especial de pavimentação, arborização e desenho urbano nas ruas do entorno; Criação de uma barreira verde linear junto aos viadutos da Perimetral; Criação de áreas de lazer, estar e convívio no Campo para torna-lo atrativo para os moradores da vizinhança. 5: Valorizar a memória local: Recomposição da fachada e criação de iluminação especial para o Pavilhão; Criação de marcação no espaço do Campo para valorizar a observação da fachada do Educandário Gonçalves de Araújo; Resgate do chafariz do século XIX que foi retirado do Campo; Criação de iluminação especial para a cúpula do Observatório Nacional e para todos os demais bens tombados do entorno; Recuperação e iluminação da murada do início do século XX; Criação de placa/mapa no belvedere do alto do Pavilhão identificando os elementos notáveis da paisagem. 27


Vista apartir do topo do pavilhĂŁo

Vista a partir da base da trilha urbana 28


Vista a partir do topo do pavilhĂŁo

Vista a partir do chafariz 29


30 Seção do sistema de iluminação

Seção intermediária do pavilhão

Seção no eixo tranversal/acesso do pavilhão


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Seção das quadras esportivas

Seção - Passarela Pedro II - Campo

Seção - viadutos linha vermelha



RIO - RUA

Cosme Velho, Rio de Janeiro / RJ Jonas Godinho, Maini Perpétuo, Úrsula Hernández Vélez


O projeto se baseia no eixo “Rio-Rua”. O Rio Carioca atualmente corre praticamente despercebido, canalizado e oculto na paisagem. Nasce nos limites do Parque do Nacional da Floresta da Tijuca, percorre o vale ao longo das ruas Cosme Velho e Laranjeiras, até desaguar na Praia do Flamengo. A Rua Cosme Velho se localiza no bairro de mesmo nome, situada no sopé do morro do Corcovado e do morro de Dona Marta, ocupando a parte mais alta do vale do Rio Carioca. O bairro é extremamente arborizado, envolto pela floresta da Tijuca e constitui-se em ponto turístico importante, com seus muitos monumentos históricos e estação do trem que dá acesso ao Cristo Redentor. 34


Parque do Flamengo

Localização da área no contexto urbano

Via arterial Via principal Via secundária Via Local Estrada de ferro Estações de bonde Estação Corcovado Estações de metrô

35


O binômio, que dá nome ao projeto, ganha força quando passamos a analisar os seus principais fluxos e camadas: 1 Rio _ fluxo natural restringido, oculto._ paisagem ignorada 1

2 Rua _ fluxo antrópico _ caótico _ encaixado no vale 3 Dilatações e Compressões _ no percurso _potencialidades no espaço 4 Relevo e Vegetação _ o vale que verte até a rua _ floresta densa

2

3

4

Síntese conceitual

A força do fluxo Rio-Rua que desce em um movimento contínuo pela gravidade do vale.

Camadas de leitura da paisagem 36

Os ritmos do percurso geram tensões entre compressões de atividades aceleradas e dilatações onde a velocidade diminui e o espaço se expande.


Fluxo Rio - Rua

Retirar os ônibus de linha da Rua Cosme Velho Conectar o bairro ao Largo do Machado por linha de bonde e ciclovia Ampliar calçadas e melhorar a acessibilidade para pedestres Fechar o acesso veicular do Túnel Rebouças aos domingos e feriados

Compressões

Dilatações

Amenizar o conflito entre veículos e pedestres Repavimentar vias e passeios com novos materiais Incorporar trecho da Rua Efigénio de Sales à Praça São Judas Tadeu Qualificar os espaços livres públicos Possibilitar usos múltiplos e não programados dos espaços Arborizar a via criando continuidade e fluidez

Converter o terminal de ônibus em equipamento de lazer e uso coletivo Remover barreiras entre a Estação do Corcovado e a Praça São Judas Tadeu

Ativar o elemento água na paisagem Vincular as pessoas ao rio pelo uso da água como elemento de significância Reativar a Bica da Rainha e remover suas grades

Qualificar paisagisticamente o rio nos trechos de canal aberto

Potencializar o patrimônio cultural e ambiental Revelar visadas ocultas na paisagem Incentivar usos coletivos nos imóveis históricos

Diagrama de estratégias e ações projetuais

Dobrar e elevar a superfície, criando novos planos de contemplação da paisagem

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Túnel Rebouças

Largo do Boticário

Rua Cosme Velho Rio Carioca Praça / Estação Terminal do Bonde Ciclovia

Estação de Trem do Corcovado Igreja São Judas Tadeu Praça São Judas Tadeu

Linha de Bonde

Bica da Rainha

Plano de intervenção RIO-RUA 38


Vias locais confluindo para o eixo principal e o túnel como elemento de ruptura transversal

As vertentes do vale descendo para o eixo principal

Compressões e Segregação entre a Praça São Judas conflitos entre Tadeu e a Estação do Corcovado veículos e pedestres

Percepções da paisagem/ Diagnóstico da mobilidade

A rua Cosme Velho apresenta trechos com calçadas muito estreitas, e escala muitas vezes incompatível com o grande fluxo de veículos, especialmente no trecho próximo ao Largo do Boticário e acesso ao Túnel Rebouças. No intuito de melhorar a acessibilidade para pedestres e diminuir a velocidade do trânsito de veículos, foi proposta a redução do leito carroçável da via, com a substituição dos ônibus por linhas de bonde (tipo VLT), implantação de ciclovia, e alargamento das calçadas, priorizando os passeios e assim humanizando as relações com o bairro. Reforçando esse conceito, foi proposto o fechamento do acesso ao Túnel Rebouças aos domingos e feriados.

Seção Largo do Boticário

Seção Bica da Rainha 39


A Praça São Judas Tadeu, localizada ao lado da Estação de Trem do Corcovado, recebe um grande número de pessoas, tanto de turistas, quanto de moradores do bairro. O projeto prevê a remodelação desta praça, com a remoção de muros e barreiras entre a praça e a estação, além da mudança dos níveis dos pisos, possibilitando a integração entre estes equipamentos. Como memória do rio, foi proposta uma fonte de água, com funções paisagísticas e recreativas.

Fotomontagem da proposta para a Praça São Judas Tadeu e Estação de Trem do Corcovado

Seção Transversal da proposta para a Praça São Judas Tadeu e Estação de Trem do Corcovado 40


A principal intervenção do projeto situa-se na área que funciona atualmente como terminal de ônibus de linha. A proposta é que essa área se transforme em uma praça e equipamento de uso público, onde seriam instalados a estação final das linhas de bonde, cafés, lanchonetes, quiosques para turistas, entre outros. Um edifício que se dobra e se eleva sobre o terreno da praça, possibilitando novas visadas da pedra da Dona Marta e do Cristo Redentor. A descanalização deste trecho do Rio Carioca, seu taludamento e tratamento paisagístico, permitiriam o acesso e o contato com o curso da água.

Fotomontagem da proposta para a Praça / Estação Terminal do Bonde

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Seção Transversal da proposta para a Praça / Estação Terminal do Bonde 42


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EXPERIÊNCIA PASMADO

Morro do Pasmado, Botafogo, Rio de Janeiro / RJ Flora Fernandez, Israel Nunes, Taís Alvino


1

Mirante do Pasmado

2

Mirante Dona Marta

3

Parque Lage

4

Paineiras

5

Parque da Catacumba

6

Caminho do Leme

7

Pista Cláudio Coutinho

8

12

8

Forte Duque de Caxias

2

Urca

Parque das Ruínas

1

Museu Castro Maia

9

Parque da Cidade

10

Parque Dois Irmãos

11

Parque Garota de Ipanema

12

MAM

13

Museu do Açude

4

7

3 6 5

9

10

11

“A paisagem do Rio de Janeiro representa o mais valioso bem da cidade” Plano diretor da cidade do Rio de Janeiro

O Morro do Pasmado está situado no bairro de Botafogo e faz parte da cadeia de afloramento rochoso do Rio de Janeiro. Até o início do século XX, o mar alcançava o morro. Devido à geografia da cidade do Rio de Janeiro é possível identificar vários outros locais com características semelhantes ao Mirante do Pasmado. 46

Locais com posição privilegiada em relação à diversidade de visuais da cidade em situação de relativo abandono e/ou pouco aproveitamento do espaço. Em 1953, o túnel corta o morro de forma a facilitar a conexão de automóveis do Centro para Copacabana. Em seguida, o morro é ocupado por uma favela que posteriormente foi incendiada

e removida, em 1964. Após esses acontecimentos, o morro foi reflorestado e transformado em Mirante do Pasmado. A partir dos anos 2000, o Mirante se insere em um novo contexto de transformação urbana. Inicia um processo de apropriação do espaço pelo uso público com eventuais festas e encontros.


CHAVES, Marcos. 1995

Atualmente, é frequentado por turistas - para apreciação de alguns dos cartões postais da cidade, por taxistas e motoristas - para descanso e por sua localização estratégica e por alguns moradores - para passear com seus cachorros - e por casais de namorados. O Mirante do Pasmado é formado por vias de acesso,

estacionamento, playground e a praça mirante. O único acesso à praça mirante é feito a partir da Rua General Severiano próximo ao túnel, entre duas praças com playground e academia ao ar livre. Esse acesso ocorre por meio de uma ladeira exclusiva para automóveis. No topo do mirante encontrase um espaço comum com estacionamento e precários

quiosques nas quatro extremidades e uma praça de contemplação, bastante arborizada e cercada por um guarda-corpo que age como limite do acesso às outras áreas do Mirante. As condições de infraestrutura são precárias pela ausência de sistema de água e esgoto, e pela energia elétrica somente a partir das 17 horas.

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A experiência, aquilo que nos comove, que nos transforma, que nos modifica, foi o conceito do projeto Experiência Pasmado. Esse conceito foi alcançado após o entendimento do Mirante do Pasmado como um lugar de pausa, de interrupção do cotidiano. O Mirante se caracteriza como uma ilha de vegetação dentro da malha urbana: a base do morro é ocupada por prédios altos ao longo do seu perímetro que o torna escondido e consequentemente uma espécie de ilha secreta com potencial de contemplação, e com momentos de introversão e extroversão.

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“A Experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça requer um gesto de interrupção, [...] requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar [...] suspender a opinião, suspender o juízo, suspender o automatismo da ação [...] calar, ter paciência e dar-se tempo e espaço.” (BONDÍA, Jorge L., 2002). Portanto, o Mirante do Pasmado como suspensão é propício para possibilitar experiências. 0

50

100

150


CONEXÃO

Criar novos percursos Compor praças de acesso a partir das existentes Conceber acesso desde a praia de Botafogo

Gerar ritmo descontínuo Propiciar diferentes transposições -caminhar, pedalar, escorregar Proporcionar ambiência introspectiva e extrovertida Ampliar as possibilidades de visuais Aproximar o pedestre à vegetação DIVERSIDADE

Valorização da visual para o Corcovado

Elevação Morro do Pasmado

CONSCIENTIZAÇÃO

Indicar espécies notáveis Enriquecer as espécies nacionais Expor a história da cidade e do Pasmado através das visuais e das ruínas da favela 50

Intervenção nas ruinas valorizando a memória do Pasmado


Percursos a partir dos caminhos da água

Integração da praça-mirante com o morro do Pasmado

Retirar as barreiras físicas Criar espaços multiuso Utilizar arte como suporte da paisagem Relacionar vegetação, percurso e arte

SURPRESA

Valorização da visual para o Pão de Açucar

0

50

100

150

A concepção do “Experiência Pasmado” teve como principais aspectos norteadores a condição topográfica, a vegetação existente, a arte como suporte da paisagem e as possíveis visuais da cidade a partir da percepção individual e investigativa. Esses aspectos atuaram de forma associada na intenção de Percursos exlplorando as diferentes articulação entre eles para a promoção da experiência global densidades de vegetação do espaço. 51


A vegetação existente permite a confirmação de diferentes ambiências, em alguns momentos introspectivos e em outros extrovertidos, por meio da sua densidade ora rarefeita e ora densa. Porém essa característica provavelmente não seria experienciada pelo transeunte convencional devido à linearidade constante proposta pelo percurso de acesso. Sendo assim, a vegetação associada à condição topográfica foram elementos direcionadores na determinação dos novos percursos e também das intervenções artísticas nesse percursos. Essa associação ocasionou a determinação de espaços de maior amplidão, nos quais seriam exploradas as visuais e as atividades com maior necessidade de espaço livre (como por exemplo picnic) e espaços mais intimistas, nos quais seriam voltados para contemplação e/ou descanso. Além disso, a vegetação ainda teria papel definidor no enquadramento das visuais de maior interesse da cidade. Ela funcionaria como moldura, de forma a direcionar o visitante é assim ampliar o número de visadas. Aliado a isso, a topografia tem o papel de reforçar as diferentes ambiências citadas anteriormente, a partir das possibilidades de perspectivas distintas do Pasmado, ora expansiva com o vislumbramento das visuais da cidade e ora introspectiva com o contato com vegetação local. 52


A arte como suporte da paisagem tem como intenção convidar artistas contemporâneos para criarem intervenções, buscando um diálogo entre arte, arquitetura e paisagem. Nesse diálogo, a exploração de outros sentidos além das ações pragmáticas de qualificação e adequação funcionais dos novos percursos e praças, potencializando a relação do visitante com o lugar numa aproximação da natureza e arte, de forma a constituir um ambiente vivo e suas relações de transformação. Em resumo, arte não como simples elemento decorativo, mas com valores artísticos autônomos fazendo parte integrante da paisagem.

Passarela do Eduardo Coimbra Museu do Açude,2008

Walk away do Ernesto Neto Parque infantil no Parque Lage,2013

Para o silêncio das plantas do João Modé Cavalariças no Parque Lage,2011 53


Foto: Naylor Vilas Boas

Fotos: Taís Alvino

Aline Fayer Daniel Arteaga Lara Barreira Gramacho

Adriana Sansão Victor Andrade Organizadores

Vinícius Almeida Marcos Moraes de Sá Paulo Siqueira São Cristovão

Maini Perpétuo Jonas Godinho Úrsula Hernández Cosme Velho

Taís Alvino Israel Nunes Flora Fernández Morro do Pasmado 54


Bibliografia

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