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Prefácio

Sobre som e eco

O propósito deste livro nasceu da necessidade de uma publicação em artes visuais que não fosse um catálogo ou um caderno de artista. A ideia partiu desde o princípio com o objetivo de reunir textos críticos sobre um dado recorte de minha produção. É sabido que este tipo de conteúdo sobre a obra de um artista é comumente produzido postumamente, e que desta forma muito do debate se perde com a ausência do autor.

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Descentralização foi outro ponto importante. Considerar uma crítica que também foge dos nomes comuns da cena nacional e que, quase sempre estão presentes nas comissões dos salões de arte, das galerias ou mesmo à frente de Instituições públicas de renome, transforma este livro em um lugar fora do comum e isto se deve as escolhas que fiz desde o princípio: optar por um livro sobre minha obra que priorizasse textos e não imagens e, sobretudo, a escolha de quem os faria. Tal busca foi pautada, em autores que sempre tiveram alguma relação com a minha obra e, principalmente com a produção local, mas sempre conectada com a realidade de nosso país e do mundo. Também o número de páginas limitou tal escolha, uma vez que o desejo é sempre incluir mais autores.

Cada autor buscou apresentar uma visão plural de meu trabalho a partir do recorte que compreende os anos de 2012 até 2020. São textos lanternas de uma época, tratam de problemáticas atuais que abrange realidades diversas. Não adormecem em um ponto limitado exclusivamente falando do que faço, mas criam pontes, conectando um mundo através de minha obra. Busca o “fora do eixo”, mesmo porque trabalho com a temática dos migrantes, dos invisíveis, do feminino, das questões ambientais e também porque me reconheço como fora do circuito, do sistema de arte, das galerias, feiras, bienais ou coletivas nacionais importantes. São nas entranhas do sistema que artistas como eu, em todo o país atuam, porque é nas bordas que existimos. Mas também entendo que é na periferia do sistema que se abre um intervalo para tensão, debate, criação, posto que, neste lugar a obra cresce e cria um espaço inexistente, um lugar imaginado onde as possibilidades de invenção são infinitas. Portanto, esta obra é sobre som e eco, é sobre eu e você que me lê neste momento, é sobre sonhos e desejos transformados em realidade. Busquei com todo o cuidado montar uma publicação que desse vazão à pesquisa, à informação e à divulgação do que faço e do momento atual.

Assim, com o objetivo de criar diálogos entre artista e pesquisadores dei início a este projeto que teve como ponto de partida uma exposição que ocorreu no Sobrado Dr. José Louren-

ço, localizado em Fortaleza e, que contou com o apoio do VII Edital das Artes da Secultfor – Secretaria de Cultura de Fortaleza. Para tanto convidei o crítico e curador Aldonso Palácio, o arquiteto e urbanista Chico Cavalcante Porto, o fotógrafo e gestor cultural Silas de Paula, o professor e fotógrafo Osmar Gonçalves, a curadora, crítica de arte e jornalista Ana Cecília Soares, a historiadora e pesquisadora Carolina Ruoso e a professora com foco em estudos clássicos, Luciana Sousa. Portanto, o conjunto de textos traz um resultado plural, variando entre ensaios e artigos acadêmicos, um jogo interessante do que cada um vê de si a partir de uma obra.

Maíra Ortins

Uma e outra crítica

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