14 minute read
parque curiá
PARQUE CURIÁ Daniele Lira, Elid Frota, Emmanuelle Alencar, Isabela Nunes e Pedro Aquino
FICHA TÉCNICA
Advertisement
Projeto: Parque Curiá Orientador(a): Profª Dra. Karenina Cardoso Matos Tipologia: Parque Institucional Localização: Av. Centenário, Bairro Aeroporto Cidade: Teresina-PI Área do Projeto: 768.683,65 m2 Instituição: UFPI
CONCEITO E PARTIDO
O conceito do Parque Curiá é baseado na ideia de conexão, partindo do pressuposto de que a curiosidade é uma ferramenta essencial para nos conectarmos com o mundo e a ele sermos perceptíveis, portanto sensíveis.
Previamente a elaboração do projeto, foram feitos estudos para se entender aspectos físicos e sociais relacionados ao terreno. A partir dos levantamentos, foi sendo elaborado o conceito, motivado pela memória do aeroporto, sendo consideradas observações como a desconexão entre o perfil médios dos usuários do aeroporto com a população do entorno, que é a principal impactada pelas atividades do lugar, além disso, seu entorno imediato possui ocupações irregulares, onde seus residentes vivem em situações precárias e de risco, o que agrava o fato de que a maior parte da enorme área do terreno é subutilizada quanto à ocupação de solo e seu o cone de aproximação impede o crescimento vertical da Zona Norte, em que está locado, além do Centro e parte da Zona Leste. Também é válido citar os problemas de inundação, causados pelo sistema de drenagem ineficiente, prejudicando o saneamento e trazendo riscos à saúde pública.
Diante deste cenário, observou-se que era viável a criação de um parque institucional público, com espaços de lazer contemplativos e ativos para a comunidade, além da oferta de cursos, tornando a área um polo de capacitação profissional, contribuindo para o desenvolvimento cultural, ambiental e econômico. Para materializar o conceito, trabalhou-se com composições simbólicas identificáveis em várias escalas. O simbolismo manifesta-se tanto aos elementos visuais quanto à funcionalidade, sendo indissociáveis e interdependentes.
Foram abstraídos conceitos de forças atuantes no corpo em voo, representando-as graficamente com as formas previamente propostas, o que gerou o símbolo do parque. formas circulares e de gotas para demarcação de áreas impermeáveis, onde ficam as edificações do parque, além da repetição e articulação harmônica das formas; criação de um circuito de passarelas para conectar todos os setores do parque; Instalação de um bonde elétrico para oferecimento de mais um eixo de integração; demarcação de um traçado linear de canteiros verdes, reforçando o conceito do parque, tanto a nível de escala humana, quanto de continuidade dos elementos visuais ao longo do percurso e a nível de vista aérea com a continuidade visual do todo (figura 01).
02. Masterplan do Parque Curiá.
MASTERPLAN
À seguir serão introduzidas as principais áreas, demarcada no masterplan do Parque Curiá (figura 02): A: Área central (figura 03) onde se encontra o marco zero do parque, conecta as principais entradas do parque, dando acesso ao complexo composto pela mandala em ladrilho hidráulico com o símbolo do parque e pelo conjunto de pavilhões de exposições, sendo alguns cobertos, mas visualmente permeáveis, e outros em estrutura metálica geodésica com cobertura vegetal, todos destinados a abrigar diferentes mídias.
B: Área de Trilhas (figura 04) é uma grande área de massa vegetal onde os caminhos externos se conectam a outros setores do parque, com a finalidade de convidar o visitante a adentrar nos caminhos internos, que apresentam canteiros com grandes variedade vegetal, composto por árvores de colorido abundante, massas de flores e arbustos baixos, que criam poços de iluminação e reduzem a impermeabilização visual. Também são locadas composições como esculturas, totens e coretos, visíveis por quem está na trilha, para atrair o usuário e despertar sua curiosidade para os canteiros.
C: Área do Pomar (figura 05) é um espaço de massa vegetal próximo a horta composto por dois caminhos, um ao nível do solo e uma passarela suspensa, com 2,8 metros de altura, sobreposta ao primeiro caminho, gerando uma área de sombreamento. Ambos os trajetos foram trabalhados de como que o visitante possa ter uma experiência física e sensorial tanto através de lazer ativo, como prática de caminhada, como através de lazer passivo, desfrutando dos espaços de contemplação e convivência locados ao longo do circuito.
03. Croquí da área Central.
04. Croqui da área de Trilhas.
05. Croqui da área do Pomar.
06. Croqui da área do Playground.
07. Croqui da área externa do Centro de Compostagem.
08. Croqui da área da Horta em mandala.
09. Croqui do “Parcão”.
A calçada (figura 10) delimita todo o perímetro do parque, e representa um importante equipamento pois é composta por uma faixa de cooper, uma ciclovia, um canteiro arbóreo e um calçadão para livre caminhada. Sua existência permite a realização de atividades não propriamente dentro do parque, que somadas à permeabilidade visual do parque, compõe um convite para adentrá-lo. D: O Playground (figura 06) é uma área de grande extensão, com mobiliário sinuoso e dinâmico, destinada a todas as faixas etárias, com o objetivo de alimentar a imaginação de seus usuários, além de incentivar a prática de exercícios físicos. Vale destacar a alusão à memória do aeroporto, trazendo referências, como escultura de um avião em tamanho real, birutas e mobiliário aerodinâmico.
E: Composto por um bloco em forma de gota, uma das formas de identidade do parque, e envolto por árvores, o Centro de Compostagem (figura 07) produz de adubo orgânico, além de oferecer cursos relacionados. Sua área externa possui canteiros com plantas, de maioria aromática, que compõe um ambiente sensorial, apresentando ao visitante as vantagens do uso de adubo.
F: A Horta (figura 08) é um espaço composto por uma estufa central e uma malha de canteiros que são distribuídos radialmente em sua volta, e acessados a partir de caminhos retos que partem da edificação central. Toda a área está locada na cota topográfica mais baixa do parque, o que lhe permite uma melhor drenagem. A horta usa as cores das hortaliças para conversar com as cores do parque, recebendo maior destaque o vermelho, amarelo e roxo.
G: O "Parcão" (figura 09) é um espaço cercado onde é permitida a entrada e livre circulação de cachorros, contando com equipamentos e brinquedos específicos para os cães, proporcionando momentos de brincadeira e exercícios para os pets.
Segue a lista completa de espaços e equipamentos: Academia para Idosos, Aerogeradores, Bonde VLT, Centro Ambiental, Centro Artístico, Centro de Compostagem, Centro de Eventos, Centro Técnico, Estacionamentos, Horta Mandala, Parcão, Parque Eólico, Pavilhões de Exposição, Playground, Pomar, Trilhas e a calçada externa.
10. Corte da calçada externa e via.
11. Zoneamento.
Para nortear o projeto foi a criada a Avenida Angico, que atravessa longitudinalmente o terreno original do Aeroporto, dividindo-o ao meio, assim, utilizou-se para o parque a metade à leste, priorizando o acesso pela Avenida Centenário. Em seguida, definiu-se 5 zonas, a institucional, para os edifícios destinados aos cursos ofertados no parque, a zona de lazer ativo, composta pelo parcão, academia dos idosos e playground, a zona das hortas e pomares, zona de estacionamentos, a zona de lazer passivo, composta pela área central de pavilhões, área de trilhas e demais áreas de livre acesso com massa vegetal e mobiliário de permanência, além do pátio eólico, ao qual se teve o cuidado de locar de modo à aproveitar o potencial dos ventos dominantes.
12, Planta de piso.
Por fim, na escolha do pisos considerou-se, para cada área do parque, os públicos que eles iriam receber, suas necessidades, limitações e segurança. Foram escolhidos 3 tipos de grama resistentes, rústicas, de profundo enraizamento e de crescimento demorado, reduzindo a necessidade de poda. Também foi escolhido o piso grama para drenagem pluvial eficaz, o piso plastfloor, por sua fácil manutenção e montagem, preenchido com granitina ou grama, o piso permeável drenante em concreto poroso, seguindo norma ABNT NBR 16416, e o piso em madeira jatobá em régua, com verniz marítimo e o piso emborrachado especialmente escolhido para a segurança do playground.
Teresina-PI
trabalho final de
graduação
Perspectiva da fachada do Mercado Público Municipal
FICHA TÉCNICA:
Título: Mercado Público de Picos: uma proposta de requalificação e ampliação Orientdora: Ana Rosa Negreiros Tipologia: comercial Localização: Travessa Benedito Reinaldo, nº 328, Centro, Picos, Piauí Área do terreno: 5.981,13 m² Área construída: 3.573,65 m² Instituição: Universidade Federal do Piauí Renders: David Alisson da Silva A proposta de requalificação de toda a área da Feira Livre de Picos, no interior do Piauí, teve como principal condicionante beneficiar tanto quanto possível os usuários e trabalhadores do local. Desse modo, buscou-se contemplar os 221 permissionários e feirantes que atualmente exercem suas atividades no Mercado Público Municipal, Praça Matias Olímpio e Beco da Raposa, estendendo-se também pela Rua Padre Cícero.
O foco do projeto é a requalificação e ampliação do edifício do Mercado, construído em 1924. Apesar de sua relevância patrimonial, cultural e econômica para a cidade para a população, o bem não se encontra amparado por nenhum instrumento de proteção legal. Logo, foram adotados, quando possível, conceitos contemporâneos no que se refere a intervenções em bens históricos, como a reversibilidade, distinguibilidade e compatibilidade de materiais, a fim de preservar a integridade formal e visual do Mercado.
A intervenção estende-se também para o espaço urbano no entorno imediato da construção, onde tem lugar a Feira Livre de Picos. Para tanto, foi proposto um novo edifício para abrigar a feira de hortifrútis da Praça Matias Olímpio, entendido como um anexo do Mercado em si, e a consolidação das bancas localizadas no Beco da Raposa e na Rua Padre Cícero, criando um grande calçadão coberto. Objetiva-se com isso, tornar a atividade comercial de troca e o ato de caminhar pelo espaço urbano mais agradável, priorizando o pedestre.
Implantação do projeto
O edifício do Mercado passou por uma grande intervenção em sua estrutura; para ampliar a sua capacidade espacial, foi inserido um pavimento subterrâneo no seu interior. Para tanto, a atual cobertura do pátio central e os boxes sob ela, assim como os boxes Localizado no ponto focal do Bairro Centro, uma área bastante densa e consolidada, o projeto baseia-se na articulação de seus três componentes principais: o Mercado, o edifício da Feira Livre, que ocupa o local da Praça Matias Olímpio, a sul do Mercado, e o calçadão formado pelo Beco da Raposa, pela Rua Padre Cícero e parte da Praça Justino Luz, a norte e leste do Mercado.
As calçadas existentes são estreitas, o que dificulta a acessibilidade a esses espaços. Isso foi solucionado ampliando o platô do Mercado para toda a área do projeto, elevando o Beco da Raposa e parte da Rua Padre Cícero ao mesmo nível, criando unidade espacial entre as
Diagrama de demolição
edificações do conjunto. do perímetro interno do mercado foram removidos. O novo térreo permanece nivelado com os boxes mantidos, assegurando a continuidade do espaço e a conexão entre o exterior do Mercado e o pavimento abaixo.
No prédio do Mercado foram adotados dois eixos principais e perpendiculares para articulação da nova estrutura, partindo das entradas principais já existentes na edificação. A malha estrutural da intervenção segue uma modulação baseada na aparente modulação dos antigos boxes e sua estrutura de aço é independente da estrutura de alvenaria já existente. O uso do sistema de laje em steel deck possibilitou a criação de vãos generosos, contribuindo para a sensação de amplitude do espaço interno.
Já a iluminação e ventilação do pavimento subsolo são possíveis graças a quatro grandes vãos no pavimento superior e à cobertura em vigas-calha, que alterna seus fechamentos entre planos de vidro laminado translúcidos e policarbonato alveolar opaco. Essa cobertura eleva-se acima do volume original do Mercado, de modo a proporcionar uma ventilação higiênica do interior.
De modo semelhante, o edifício da Feira Livre é bastante aberto, com grandes vãos, pé-direito elevado e poucos fechamentos. Isso foi possível graças ao sistema estrutural utilizado, com pilares metálicos e cobertura de vigas-calha, que possibilita grandes aberturas e transpassa leveza. Essas soluções, além de contribuírem na ventilação e iluminação natural, e consequentemente, no conforto de seus usuários, materializa no espaço características da atividade ali exercida, no sentido da palavra, ao passo que faz um contraponto com os aspectos atuais da Feira Livre, compacta e enclausurada.
O interior do edifício é reversível: os boxes, por serem desmontáveis, podem dar lugar a algum evento cultural ou de qualquer outra natureza, quando necessário, o que proporciona dinamicidade e diversidade para o espaço. Na parte externa foram propostos canteiros arborizados e algumas áreas de estar contemplativo para os usuários.
Já no Beco da Raposa e na Rua Padre Cícero a primeira medida tomada foi elevar o nível do solo para igualá-lo ao nível da calçada do Mercado Municipal. Com isso se conseguiu uma unidade espacial e evidencia a distinção de uso do espaço: apenas para pedestres e eventualmente ciclistas. Dois eixos foram traçados, um ao longo de cada via, para implantação da cobertura e locação dos mobiliários.
O sistema da cobertura consiste em vigas invertidas assentadas sobre pilares retangulares. O fechamento dessa estrutura dá-se por planos de membrana de poliéster tensionados, como releitura das tradicionais coberturas das barracas de feira.
O mobiliário consiste em bancas para o comércio, bancos e vasos. Os materiais das bancas são a madeira e o metalon, para que seja possível desmontá-las facilmente quando necessário. Duas tipologias de bancas foram projetadas, de acordo com os produtos a serem comercializados nelas.
As fachadas do Mercado foram mantidas quase que integralmente, com poucas modificações. As intervenções visam manter a autenticidade do invólucro do edifício. Escolheu-se manter a paleta de cores atual, em tons de branco, azul bebê e azul royal. A identificação das lojas no perímetro externo será feita por meio de pequenas placas pendentes padronizadas, ao invés de grandes marquises como é feito atualmente.
No edifício da Feira Livre buscou-se tratar as fachadas discretamente; logo, as fachadas leste e oeste são cegas. Nelas, optou-se pelo revestimento em concreto aparente, com relevos esculpidos a partir da abstração de um corte topográfico da região central de Picos, numa alusão ao relevo acidentado que deu origem ao nome da cidade.
Nas fachadas norte e sul foi utilizado o sistema de fachada têxtil microclimática, que permite a ventilação natural ao mesmo tempo em que reduz a incidência de raios solares no interior do edifício. A membrana também faz uma alusão à cobertura geralmente utilizada nas bancas de feira.
No calçadão formado pelo Beco da Raposa e pela Rua Padre Cícero o destaque fica por conta da própria cobertura e do paisagismo proposto. Para os calçadões foi desenvolvida uma paginação de piso que alterna quatro tipos de pavimentos de placas de concreto nas cores cinza claro, cinza médio e cinza grafite, e o citado piso-grama.
Foram criados pequenos canteiros em determinados pontos, que compartilham o espaço com o piso-grama para formar bolsões de área permeável. A vegetação escolhida inclui arbustos e árvores de médio porte para sombreamento, já que a maioria dos canteiros está associada a locais para permanência e descanso dos usuários.
Vista do calçadão entre o Mercado Municipal e o Edifício da Feira Livre
Vista do Edifício da Feira Livre
Vista do calçadão da Rua Padre Cícero