MAITÊ BUENO PINHEIRO
INFRAESTRUTURA VERDE NO CÓRREGO ÁGUA PODRE: MEDIDAS APLICADAS IN SITU PARA O TRATAMENTO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS
Trabalho de conclusão do curso na disciplina AUP 5859 - Estúdio de Infraestrutura Verde, do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU-USP. Docente responsável Paulo Renato Mesquita Pellegrino.
Marcelo Kussunoki, 2015
São Paulo Dezembro de 2015
Infraestrutura Verde no Córrego Água Podre: Medidas aplicadas in situ para o tratamento da qualidade das águas Introdução Infraestrutura verde (IV) é uma rede de paisagens naturais (áreas naturais e assim caracterizadas, áreas de conservação públicas e privadas, áreas trabalhadas com valores de conservação e outros espaços abertos protegidos) e espaços tratatos com tipologias paisagísticas inovadoras integradas a tecnologias naturais capazes de desempenhar multiplas funções ecológicas. São tipologias paisagísticas de alto desempenho os jardins de chuvas, biovaletas, canteiros pluviais, tetos verde, wetlands construídos e flutuantes (floating wetlands) e pisos permeáveis por exemplo. Estas tipologias paisagísticas integradas às edificações e demais redes de infraestrutura atuam como elementos combinados “que emulam e adaptam, aos projetos, os processos e ciclos ocorridos na natureza” (CORMIER; PELLEGRINO, 2008 p. 126). No tratamento das águas urbanas a IV demonsta ser uma potente ferramenta, pois fornece uma organização espacial onde, simultaneamente, ocorrem lugares para o desenvolvimento das atividades sociais e fornecimento dos benefícios da natureza (BENEDICT E MCMAHON, 2006 apud CORMIER; PELLEGRINO, 2008). O Córrego Água Podre, também conhecido como Riacho Água Podre, pertence a Bacia Hidrográfica do Córrego do Jaguaré, sub-bacia do Rio Pinheiros, sendo o Córrego Jaguaré um de seus principais afluentes. A bacia do Jaguaré é formada por 16 córregos e engloba os Distritos Raposo Tavares, Rio Pequeno e Butantã e faz divisa com os municípios de Osasco, Cotia e Taboão da Serra. O Córrego Água Podre é um de seus afluentes e está localizado na parte mediana da bacia do Jaguaré no Distrito Rio Pequeno, região pertencente ao Bioma Mata Atlântica, Floresta Ambrófila Densa (Fundação SOS Mata Atlântica, 2014). O Bairro do Rio Pequeno é uma área ocupada por dezoito favelas formadas por ocupações irregulares cortadas por córregos que funcionam como esgotos a céu aberto. Esta forma de ocupação das bacias urbanas acarreta problemas comuns aos moradores da região como a veiculação de doenças associadas a falta de infraestrutura básica de gestão de resíduos e tratamento do esgoto e riscos de desastres associados eventos de enchentes e enxurradas (PMSP).
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Bacia dp Córrego do Jaguaré, São Paulo – SP. Fonte: PMSP, 2015.
O Água Podre atravessa pelos pequenos bairros que formam o Rio Pequeno (Cidade dos Bandeirantes, Jardim Pinheiros, Vila São Domingos, Vila Tiradentes, Vila Alba, Jardim Santos Dumont e Jardim Maria Luiza) correndo à ceu aberto em quase toda sua extensão que vai da Rodovia Raposo Tavares (onde estão suas nascentes), até a Av. Politécnica, onde desaguá no Córrego Jaguaré. Atualmente o Índice de Qualidade da Água (IQA) do Córrego Água Podre é classificado como péssimo pela Comissão de Moradores do Riacho Água Podre, segundo o relatório do IQA dos Rios do Bioma Mata Atlântica dos anos de 2010 e 2014 (Fundação SOS Mata Atlântica, 2014). O IQA inclui 16 parâmetros dividos em três categorias: Observação - Resíduos sólidos, odor, espuma, material sedimentável; Bioindicadores: Peixes, larvas brancas, larvas vermelhas, toxicidade da água; Físicos químicos e biológicos: OD (Oxigênio Dissolvido); DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), Ph (Potencial Hidrogenionico); PO4 (Fosfato); Coliformes; NHO3 (Nitrato); temperatura e Turbidez. Este estudo tem por objetivo apresentar medidas de IV para tratamento in situ das águas do Córrego Água Podre, ou seja, ações implatadas sobre o córrego e também suas áreas Áreas de Preservação Permanente1 (APPs) – pois considerou-se estas áreas pertecentes ao corpo hídrico – visando a minimização da poluição para promoção da melhora da qualidade da água do Córrego Água Podre. 1 As Áreas de Preservação Permanente (APP) e outros espaços territóriais especialmente protegidos, são considerados instrumentos de relevante interesse ambiental e integram o desenvolvimento sustentável. As APP tem função de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas.
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Esta pesquisa, é parte de um trabalho realizado em grupo, intitulado “Análises e Propostas para Retrofit do Canal Córrego Água Podre e sua sub-bacia Hidrográfica Urbana”, desenvolvido durante a disciplina Estúdio de Infraestrutura Verde (AUP5859). Durante o trabalho, o grupo realizou um estudo de toda a bacia do Córrego Água Podre e teve por objetivo o desenvolvimento de uma metodologia para aplicação de medidas e ações de Infraestrutura Verde (IV) que contribuam à minimização do nível de contaminação das águas por esta fonte e consequentemente para a melhora da qualidade das águas do canal. E o conteúdo dos estudos realizados em grupo, interagem com este a todo momento, apontando o caráter interdisciplinar de um projeto que visa a melhora da qualidade de rios e córregos urbanos. Objetivos Este estudo tem por objetivo apresentar medidas de IV para tratamento in situ das águas do Córrego Água Podre, ou seja, ações implatadas sobre o córrego e também suas áreas de APP visando a minimização da poluição para promoção da melhora da qualidade da água do Córrego Água Podre. É proposito deste trabalho que as medidas estudadas integrem o estudo e projeto realizado em grupo, que considera toda a bacia do Água Podre, para aplicação destas ações. Para realização destes propósitos são objetivos específicos desta pesquisa: a. Identificar os fatores que causam o comprometimento da qualidade das águas do Córrego Água Podre; b. Realizar uma análise ambiental do Córrego Água Podre e de suas Áreas de Preservação Permanente (APP), incluindo a APP das nascentes; c. Identificar as medidas de Infraestrutura Verde para o tratamento in situ das águas que proporcionem a melhora da qualidade das águas; d. Selecionar as espécies de plantas.
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Análise da Problemática: a Perda de Qualidade das Águas e a Degradação Ambiental na Bacia do Córrego Água Podre
Atualmente a bacia hidrográfica do Córrego Água Podre apresenta problemas relativos à sua degradação ambiental e perda de qualidade das águas, decorrentes do processo de desenvolvimento urbano consequentemente. A degradação do Córrego da Água Podre, não é situação exclusiva, quase toda a rede hídrica que da Região Metropolitana de São Paulo possui seus córregos, rios e riachos poluídos. O intenso processo de industrialização e urbanização ocorrido nos últimos 150 anos, na Região Metropolitana de São Paulo, resultou na degradação de praticamente todos os seus corpos d’água, na ocupação de várzeas e impermeablização do solo (ISA,). A urbanização tem impactos sobre os recursos hídricos e no caso do Córrego Água Podre, observa-se que a falta de infraestrutura básica, as ocupações irregulares e a poluição
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difusa do escoamento pluvial são as principais causas da degradação. A poluição difusa é uma das principais causas de poluição das bacias hidrograficas urbanas, trata da poluição proveniente de atividades que depositam poluentes de forma esparsa sobre a área de contribuição da bacia hidrográfica. Ela é formada por resíduos de origem bastante diversificada, como os provocados pelo desgaste do asfalto pelos veículos, o lixo acumulado nas ruas e calçadas, as decomposições orgânicas, as sobras de materiais das atividades de construção, os restos de combustível, óleos e graxas deixados por veículos, poluentes do ar, etc. (AESABESP, 2008). O escoamento pluvial carrega expressivas cargas de poluição difusa, principalmente no primeiro fluxo de escoamento (first flush), onde a contaminação é muitas vezes maior do que a normalmente encontrada nos esgotos (MOURA, 2013). A perda da qualidade e quantidade das águas em bacias urbanas também está relacionada a degradação ambiental e a perda de formações florestais. Os ecossistemas dependem da água (em quantidade e qualidade) para gerar e prover os serviços ecossistêmicos2 as sociedades humanas. A vegetação e a água são indissociáveis. A vegetação promove a manutenção do ciclo hidrológico e está diretamente relacionada à permeabilidade dos solos, sendo um fator determinante para a regularidade da vazão dos rios. Especialmente a vegetação que ladeia os cursos d’água, denominada mata ciliar, estabiliza as margens, diminui o risco de erosão e assoreamento dos cursos hídricos, minimiza as contaminações químicas e biológicas e são mitigadoras de perdas de água por evaporação (SMA, 2009). Entre os fatores envolvidos na degradação ambiental da bacia da Bacia do Água Podre e associados à perda da qualidade das águas, observa-se que principalmente a pressão sobre as Áreas de Preservação Permanente3 (APPs) por ocupações irregulares, a falta de gestão dos resíduos sólidos, a ausência de rede de coleta e tratamento de esgoto e de medidas para tratamento da poluição difusa levada pelo escoamento pluvial sobre as áreas impermeáveis.
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Os serviços ecossistêmicos são serviços prestados pelos ecossistemas que conferem benefícios à qualidade de vida humana. São divididos em quatro categorias: a. Serviços de suporte, como formação do solo, ciclagem de nutrientes, fotossíntese (SANTOS, 2014); b. Serviços de regulação, como regulação do clima, purificação da água e do ar, regulação de enfermidades, entre outros; c. Serviços de provisão, de alimentos, matéria prima, combustíveis etc.; d. Serviços culturais, recreativos, estéticos, espirituais e religiosos, turísticos, entre outros (AEM, 2005 apud ROSA, 2014). 3 A Área de Preservação Permanente (APP) de um córrego ou qualquer curso de água em área urbana consolidada é medida a partir do nível mais alto de água, e se estende em faixa marginal com uma largura de trinta metros como mínimo em cursos d’água com até dez metros de largura.
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Análise Ambiental do Córrego Água Podre, São Paulo – SP
Para a análise ambiental do Córrego Água Podre este estudo dividiu a área de em dois setores principais – APP Nascentes e APP Córrego – seguimentados em quatro trechos, sendo um no setor da APP Nascentes e os outros três no setor APP Córrego, conforme demonstra a imagem a seguir.
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APP nascentes do Córrego Água Podre Em área urbana consolidada, ao redor de nascente ou olho d’água, ainda que intermitente, a APP constitui o raio mínimo de cinquenta metros de tal forma, que projeta, em cada caso, a bacia hidrográfica contribuinte (Resolução CONAMA n. 303/2002). A APP das nascentes do Córrego Água Podre tem área preservada, trata-se de uma área pública cercada por um muro. Na visita de campo foi possível observar que a área apresenta aspectos de degradação, acúmulo de resíduos sólidos e baixa diversidade de espécies nativas. Em um afloramento de água na calçada da área da APP, a água que vertia apresentava boa qualidade, transparência, ausência de odor e presença de girinos, um bioindicador da boa qualidade da água. Foi possível identificar algumas espécies arbóreas, sendo a maioria exótica, apresentadas na relação de espécies de plantas do Córrego Água Podre (tabela 1).
APP das nascentes do Córrego Água Podre, ao lado, vista do muro, 2015.
Lixo acumulado na APP das nascentes vista do muro, o mesmo da foto ao lado. Por uma passagem no muro observa-se a água de boa qualidade que aflui da APP., 2015.
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APP do Córrego Água Podre A Área de Preservação Permanente (APP) de um córrego urbano ou qualquer curso de água é medida a partir do nível mais alto de água, e se estende em faixa marginal com uma largura de trinta metros para cursos d’água com até dez metros de largura (Resolução CONAMA n. 303/2002), como no caso do Córrego Água Podre. A APP ao longo do Córrego Água Podre em quase toda sua extensão possui área menor do que os trinta metros estabelecidos na Resolução CONAMA n. 303/2002 e atualmente, é local de algumas ocupações urbanas. O limite entre a área urbana e as margens livres do córrego é sempre um viário perimetral que atende à circulação local de veículos. O córrego aparece a céu aberto depois de atravessar pelo terreno do Centro Educacional Unificado (CEU), e para esta estudo foi desconsidero o último trecho do córrego à jusante, pois este, corre em canal subterrâneo ao viário e para facilitar a análise, dividiu-se o córrego em três trechos. O diagnóstico foi elaborado a partir dos dados levantados nas visitas de campo, do Índice de Qualidade da Água (IQA) registrado em 2010 e 2014 pela Comissão de Moradores do Riacho Água Podre, conforme apresentado pela SOS Mata Atlântica e outras fontes bibliográficas. O diagnóstico ambiental de cada trecho foi realizado a partir dos seguintes indicadores ou parâmetros: 1. Largura da faixa marginal; 2. Assoreamento e acúmulo de resíduos sólidos; 3. Tratamento do leito; 4. Levantamento da flora e identificação da vegetação existente; 5. Erosão ou desmoronamento; 6. Aspecto da água observada.
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Trecho 1
Este trecho se inicia logo após a APP das nascentes e inclui a área ocupada pelo equipamento público Centro Educacional Unificado – CEU Butantã, por onde o córrego atravessa. No entanto, só se torna visível em um represamento na área externa do CEU, onde forma-se um pequeno lago com carpas e uma massa de plantas aquáticas da espécie Cyperus giganteus (papiro brasileiro). A água deste lago apresentava-se bastante turva e ao lado do lago (lado esquerdo), há uma área denominada como Área de Preservação de Mananciais que encontrava-se cercada. No gramado próximo a cerca foi possível observa que o solo encontrava-se encharcado e que a área cercada apresenta sinais de degradação.
Lago na área do CEU Butantã, ao lado, inicio do seguimento à céu aberto do Córrego Água Podre, 2015.
APP do Córrego Água Podre, Trecho 1, 2015.
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Diagnóstico Ambiental 1. Possui uma faixa marginal medida na projeção horizontal que varia de 1,50 metros a 0,50 metros, as vezes quase inexistente. 2. Observou-se certa quantidade de resíduos no leito e margens. Em algumas partes, onde há pouca diversidade e presencia de plantas, nota-se um acúmulo de folhas e resíduos. 3. No curso inicial do córrego é possível perceber algum tipo de tratamento do leito com pedras que tem contribuído à minimização da velocidade de escoamento da água, e, em alguns trechos a montante a disposição de blocos de concreto ou pedra como muro vertical de contenção. Mais a jusante, tem sido instalado muro gavião em uma das laterais. 4. Vegetação secundária em estágio inicial de regeneração do Bioma Mata Atlântica4, domínio fitogeográfico Floresta Ombrófila Densa. 5. Os maiores problemas de desmoronamento são observados nos trechos iniciais, bem nas margens mais íngremes sem tratamento e escassa presença de vegetação (as raízes de plantas e árvores atuam na estabilização das margens e encostas), neste trecho ocorre um muro de pedra pouco estável que separa o córrego da rua perimetral. Em alguns pontos onde observa-se maior estabilidade das margens por muro gabião, no entanto, há menor ocorrência de vegetação. 6. A água apresenta-se um pouco turva, com leve coloração cinza no trecho inicial, variando para marrom mais a jusante. Seu mau cheiro também aumenta em direção à jusante. Por último, observamos a presença de material particulado e espuma.
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Caracteriza-se como vegetação secundária em estágio inicial de regeneração: a) fisionomia que varia de savânica a florestal baixa, podendo ocorrer estrato herbáceo e pequenas árvores; b) estratos lenhosos variando de abertos a fechados, apresentando plantas de alturas variáveis; c) alturas das plantas lenhosas estão situadas entre 1,5 a 8,0 metros e o diâmetro médio dos troncos à altura do peito (DAP = 1,30 m do solo) é de até 10 cm, apresentando pouco produto lenhoso, sendo que a distribuição diamétrica das formas lenhosas apresenta pequena amplitude; d) epífitas, quando presentes, são pouca abundantes, representadas por musgos, liquens, polipodáceas e tilândisias pequenas; e) trepadeira, se presentes, podem ser herbáceas ou lenhosas; f) a serrapilheira, quando presente, pode ser continua ou não, formando uma camada fina pouco decomposta; g) no subosque podem ocorrer plantas jovens de espécies arbóreas dos estágios mais maduros; h) a diversidade biológica é baixa, podendo ocorrer ao redor de dez espécies arbóreas ou arbustivas dominantes; i) as espécies vegetais mais abundantes e características, além das citadas no estágio pioneiro, são: cambará ou candeia (Gochnatia polimorpha), leiteiro (Peschieria fuchsiaefolia), maria-mole (Guapira spp), mamona (Ricinus communis), arranha-gato (Acacia spp), falso-ipê (Stenolobium stans), crindiúva (Trema micrantha), fuma-bravo (Solanum granulosoleprosum), goiabeira (Psidium guajava), sangra d'água (Croton urucurana), lixinha (Aloysia virgata), amendoim-bravo (Pterogyne nitens), embaúbas (Cecropia spp), pimenta-de-macaco (Xylopia aromatica), murici (Byrsonima spp), mutambo (Guazuma ulmifolia), manacá ou jacatirão (Tibouchina spp e Miconia spp), capororoca (Rapanea spp), tapiás (Alchornea spp), pimenteira brava (Schinus terebinthifolius), guaçatonga (Cascaria sylbestris), sapuva (Machaerium stipitatum), caquera (Cassia sp) (Resolução Conjunta SMA IBAMA/SP N. 001 de 17 de fevereiro de 1994).
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Trecho 2 Neste trecho do córrego onde a APP tem parte de sua área ainda preservada de ocupações e com alguma vegetação significativa, foram diagnósticados fatores pontuais que contribuem para a piora do IQA: degradação da APP, grande quantidade de sedimentos acumulados no leito e calha do canal, riscos associados a topografia acidentada em uma das margens da APP e também das áreas de entorno. A análise da neste trecho, demonstra que se recebe grande volume do escoamento superficial das áreas à montante, sendo esta uma importante fonte de poluição difusa a ser tratada.
APP do Córrego Água Podre, Trecho 2., 2015.
APP Córrego Água Podre, Trecho, 2015.
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Vídeo mostrando o início do Trecho 2 do Córrego Água Podre, feito durante a pesquisa de campo. Fonte: do autor, 2015
Diagnóstico Ambiental 1. Possui uma faixa marginal mais ampla, com interferência viária em um ponto, variando aproximadamente de 3 metros a 8 metros na projeção horizontal. 2. Observou-se acúmulo de resíduos sólidos de naturezas diversas, destacando-se os objetos e material proveniente das atividades de construção e/ou demolição, tanto nas margens como no leito, e ao longo de quase tudo o trajeto. 3· O córrego é tratado com muro gavião em todo o seu curso e seu fundo é de concreto. 4. Vegetação secundária em estágio inicial de regeneração do Bioma Mata Atlântica, domínio fitogeográfico Floresta Ombrófila Densa. A vegetação apresenta espécies nativas de vegetação secundária em estágio inicial, como Psidium guajava (goiabeira) e alguns exemplares de estágios mais maduros, como Peltophorm dubium (canafístula). Abundância de espécies ruderais e também ornamentais (algumas espécies para usos medicinais). 5· Neste trecho, os problemas de desmoronamento foram detectados principalmente no setor intermediário na margem esquerda em seguindo à jusante, onde existe uma declividade mais pronunciada e ausência de raízes de árvores. 6· A água apresenta-se turva, com coloração variando de cinza a marrom e mau cheiro. Observamos também presença de material particulado e resíduos sólidos, e, em algumas partes, de espuma.
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Trecho 3 Neste seguimento do Água Podre identificou-se vários fatores de deterioação da qualidade das águas. A APP apresenta aspectos de intensa degradação ambiental e quase toda área esta ocupada irregularmente. As margens são concretadas e a vegetação quase inexistente. Há lançamento de efluentes de esgoto no córrego pelas ocupações irregulares e a água apresenta péssima qualidade, com forte odor de esgoto, cor escura e com espumas. O acúmulo de resíduos e sedimentos no leito do canal e bastante evidente.
Vista do Córrego Água Podre, Trecho 3. GoogleEarth, 2015.
Início do trecho final do Córrego Água Podre e ao lado vista da Av. Escola Politécnica, foz do Água Podre – Córrego Jaguaré. Fonte: GoogleEarth, 2015.
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Diagnóstico Ambiental 1. Sua faixa marginal no seu primeiro trecho foi ocupada por favelas, de forma que hoje esta variaria de 2 metros a 0,50 metros em projeção horizontal, e se mantém com esta largura ao longo de tudo o trecho. 2. Observa-se acúmulo de resíduos sólidos, provenientes de diversas fontes, construção e/ou demolição, folhas secas, lixo doméstico e plástico. O acumúlo de resíduos pode ser fator de atração de animais transmissores de doenças. Tais resíduoas presentes nas margens, serão arrastados para o córrego com o escoamento pluvial. 3. Trecho canalizado com tratamento do primeiro trecho a montante com muro gavião e último trecho com concreto. Seu leito coberto por concreto. 4. Vegetação secundária em estágio inicial de regeneração do Bioma Mata Atlântica, domínio fitogeográfico Floresta Ombrófila Densa 5. Não foram constatados problemas de desmoronamento, o córrego encontra-se canalizado e os poucos trechos de margens desocupadas apresentam uma declividade suave. 6. A água apresenta-se turva, com coloração cinza a marrom e mau cheiro (característico do esgoto). Observou-se também presença de material particulado e resíduos sólidos, e, em algumas partes, presença de espuma.
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Levantamento das espécies identificadas na Áreas de Preservação Permanente (APPs) do Córrego Água Podre, São Paulo – SP
Durante pesquisa de campo realizada pela equipe em outubro de 2015, foram identificadas as espécies de plantas nas APPs do Córrego Água Podre, sendo a maioria das espécies encontradas exóticas e de acordo com a Resolução SMA IBAMA n. 001/1994, as caracteriza-se a vegetação das APPs como vegetação secundária em estágio inicial de regeneração do Bioma Mata Atlântica, domínio fitogeográfico Floresta Ombrófila Densa. Para este estudo, não foi realizado um levantamento da fauna, no entanto, observou-se durante a visita de campo as espécies da avifauna Vanelus chilensis (quero-quero), Turdus rufiventris (sabiá-laranjeira), garça branca, Columba sp (pomba) e alguns espécimes de anfíbios na forma de girinos na água que aflui da APP das nascentes.
LISTA DE ESPÉCIES IDENTIFICADAS AO LONGO DO CÓRREGO ÁGUA PODRE ÁRVORES E ARBUSTOS Nome científico Nome popular Origem Família Archontophoenix cunninghamii Palmeira-seafórtia exótica Arecaceae Bauhinia blakeana Pata-de-elefante blackeana exótica Leguminosae Caesalpinia pluviosa Sibipiruna nativa Fabaceae Carica papaya Mamoeiro exótica Caricaceae Coffea arabica café exótica Rubiaceae Delonix regia flamboyant exótica Fabaceae Eriobotrya japonica Ameixa-amarela exótica Rosaceae Erythrina speciosa Eritrina candelabro nativa Fabaceae Eucalyptus sp Eucalipto exótica Myrtaceae Eugenia uniflora Pitangueira nativa Myrtaceae Ficus benjamina Ficus exótica Moraceae Ficus elastica Falsa-seringueira exótica Moraceae Handroanthus heptaphyllus Ipê-rosa nativa Bignoniaceae Leucaena leucocephala Leucena exótica Fabaceae Ligustrum lucidum Ligustro exótica Oleaceae Mangifera indica Mangueira exótica Anacardiaceae Melia azedarach Santa Bárbara exótica Meliaceae Michelia champaca L. Magnólia amarela exótica Magnoliaceae Morus sp Amoreira exótica Moraceae Psidium guajava Goiabeira nativa Myrtaceae Schefflera actinophylla Cheflera exótica Araliaceae Syagrus romanzoffiana Jerivá nativa Arecaceae Tecoma stans Ipezinho-de-jardim exótica Bignoniaceae Tipuana tipu Tipuana exótica Fabaceae Yucca elephantipes iuca exótica Agavaceae
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Conclusão da ánalise ambiental do Córrego Água Podre Durante visita de campo, a água apresenta-se turva em quase todo percurso do córrego, e observou-se certa quantidade de resíduos no leito e margens, assim como folhas e galhos, o odor é característico de esgoto e mais acentuado no trecho final. Toda a APP do Córrego Água Podre encontra-se degrada e praticamente toda ocupada com suas margens parcial ou totalmente impermeabilizadas. Poucos exemplares da flora nativa, arbóreos e arbustivos, são observados nas margens do córrego, sendo a maioria das espécies presentes de origem exótica. Além de resíduos sólidos acumulados as margens apresentam sinais de assoreamento. A rede de drenagem coleta a água do escoamento pluvial, através de bocas de lobo descarta as águas diretamente no córrego, sendo esta, uma importante fonte de poluição difusa.
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Estudo de aplicação de medidas de Infraestrutura Verde para o tratamento das águas do Córrego Água Podre
Para o tratamento da poluição e melhora da qualidade das águas do Córrego Água Podre o estudo em grupo incluiu três eixos de ação: 1. Medidas aplicadas na área de contribuição da bacia hidrografia: tipologias paisagísticas de alto desempenho de manejo in situ das águas do escoamento superficial: biovaleta e jardim de chuva. 2. Medidas aplicadas nas Áreas de Preservação Permanente (APPs) do córrego e nascentes: • Recomposição da cobertura vegetal nativa das APPs do córrego e das nascentes: Cobertura florestal Mata Ciliar nativa Mata Atlântica Floresta Ombrófila Densa; • Técnicas de Engenharia Ambiental para estabilização das encostas e solos das margens: instalação de estacas e cilindros de faxinas; • Tratamento das margens com medidas estruturais: Instalação de muro gabião; 3. Medidas aplicadas no córrego: Tipologias paisagísticas de alto desempenho associadas à fitorremediação: • Muro fitorremediador; • Ilha fitorremediadora (floating wetland); • Alagados construídos. No entanto, o presente trabalho é espécifico aos dois últimos eixos, APP e Córrego, pois trata de medidas para o tratamento in situ das águas do córrego.
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Medidas aplicadas nas Áreas de Preservação Permanente (APPs) do córrego e nascentes
Recomposição da cobertura florestal nativa – Mata Atlântica, Floresta Ombrófila Densa, Mata Ciliar
A Mata Ciliar desempenha papel importante na hidrologia e ecologia da bacia hidrográfica (SMA, 2009): 1 – Manutenção da qualidade da água; 2 – Estabilização do solo das margens e encostas, evitando processos erosivos e assoreamento; 3 – Fornecimento de habita para o desenvolvimento da fauna silvestre aquática e terrestre ribeirinha; 4 – Regulação do regime dos rios através dos lençois. Serviços ecossistêmicos envolvidos (SMA, 2009): • Melhora da qualidade da água; • Conforto ambiental; • Habitat para a fauna; • Sequestro de carbono; • Redução dos riscos de enchente; • Recreação e cultura; • Aspectos positivos sobre a paisagem.
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Técnicas de Engenharia Ambiental para estabilização das encostas e solos das margens: Instalação de estacas
Estacas transversais ao fluxo do rio formam leques, onde o material sólido transportado e os sólidos serão protegidos contra a correnteza. A vegetação plantada se integra as estacas e com o tempo assume esse papel (SEMADS/SERLA, 2001). Técnicas de Engenharia Ambiental para estabilização das encostas e solos das margens: Cilindros de Faxinas
Faxinas de vime preenchidas com material orgânico e plantas, fixadas à base do talude por estacas estacas de madeira que protegem as margens até que as raízes da vegetação assumam essa função (SEMADS/SERLA, 2001).
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Tratamento das margens com medidas estruturais: Muro gabião
No trecho do córrego onde a topografia apresenta alta declividade, pouca presença ou ausência de vegetação, optou-se pela utilização de muro gabião (já existente), como elemento de contenção de encosta. O gabião é uma estrutura que não cria obstáculos para a passagem da água ou mesmo subida de seu nível, e por ser um material inerte se integra à paisagem com o passar do tempo pois a vegetação e pequenas comunidades conseguem se fixar entre as pedras e se estabelecer ali. Medidas aplicadas no córrego
Tipologias paisagísticas de alto desempenho associadas à fitorremediação: Ilhas fitorremediadoras
Ilhas fitorremediadores (floating wetlands), são estruturas flutuantes com plantas macrófitas, usadas no tratamento de efluentes e das águas superficiais. As raízes das plantas
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cresce livre na coluna d’água e a associação da microbiota a rizosfera forma o biofilme que filtra os poluentes da água e a partir dos mecanismos de fitorremediação são eliminados. Tipologia eficiente no tratamento da poluição difusa do escamento superficial: metais, nutrientes (N e P), sólidos suspensos e compostos orgânicos. Processos naturais passivos e ativos: • Evapotranspiração; • Fitorremediação. Serviços ecossistêmicos envolvidos: • Melhora da qualidade da água; • Habitat para a fauna; • Aspectos positivos sobre a paisagem
Tipologias paisagísticas de alto desempenho associadas à fitorremediação: Wetlands construídos
São ecossistemas artificiais projetados para reproduzirem as funções das zonas úmidas naturais, através da utilização de plantas macrófitas flutuantes e emergente. Desempenham as funções: • Detenção e retenção do escoamento pluvial; • Fitorremediação de metais, metalóides, nutrientes (N e P), demanda química de oxigênio, demanda bioquímica de oxigênio. Serviços ecossistêmicos envolvidos: • Habitat para a fauna silvestre, especialmente a fauna aquática e ribeirinha; • Conforto ambiental; • Sequestro de carbono; • Melhora da qualidade da água; • Manutenção do ciclo hidrológico;
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• Redução dos riscos de enchentes; • Recreação e cultura Tipologias paisagísticas de alto desempenho associadas à fitorremediação: Muros fitorremediadores
Os muros fitorremediadores são semelhantes a um jardim vertical, jardineiras dispostas verticalmente que recebem o escoamento antes de atingir o córrego e a água do córrego quando há subida do nível da água. O escoamento que infiltra por fluxo vertical tem parte da poluição retida nas raízes das plantas e sofrem processos de fitorremediação. Assim como, os poluentes dissolvidos nas águas do córrego que alcançam os muros fitorremediadores. Processos naturais passivos e ativos,: Escoamento das água; • Infiltração; • Evapotranspiração; • Fitorremediação; Os serviços ecossistêmicos envolvidos: • Manejo do escoamento superficial; • Melhora da qualidade da água; • Aumento da umidade do ar; • Fornecimento de habitat para fauna; • Aspetos positivos sobre a paisagem.
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Para a execução desta medida – Recomposição da cobertura florestal nativa: Mata Atlântica, Floresta Ombrófila Densa, Mata Ciliar – e seleção das espécies de plantas adequadas, utilizou-se três referências principais, Semads / Serla (2001), SMA (2009) e:
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Projeto de Infraestrutura Verde no Córrego Água Podre: Medidas aplicadas in situ para o tratamento da qualidade das águas Setor 1 – APP nascentes De acordo com os problemas diagnosticados na analise ambiental as ações neste setor visam: a. A recuperação da Área de Preservação Permanente (APP), buscando devolver as características nativas do anfiteatro das nascentes; b. Manter a boa quantidade e qualidade das águas das nascentes; c. Promover o fornecimento de benefícios ecossistêmicos a população local. AÇÃO PROPOSTA: TRECHO 0 Recomposição da vegetação nativa da Mata Ciliar (Mata Atlântica Floresta Ombrófila Densa).
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Setor 2 - APP Córrego De acordo com o diagnóstico feito para este setor, a poluição difusa trazida pelo escoamento pluvial sobre as áreas impermeabilizadas na bacia e o esgoto sem tratamento, são as principais fontes de poluição da água. Além disso, a pressão sobre a APP por ocupações irregulares e despejo de resíduos também são fatores de deteriorização da qualidade das águas. As ações propostas a seguir, visam o tratamento in situ das águas do Córrego Água Podre a partir de uma rede integrada de IV em toda que compreende toda a sua bacia hidrográfica. No entanto, para a melhora do IQA a contemplação da infraestrutura de coleta e tratamento de esgoto é de extrema necessidade e eliminará uma importante fonte de poluição das águas. AÇÕES PROPOSTAS: TRECHO 1 1. Recomposição da vegetação nativa da Mata Ciliar (Mata Atlântica Floresta Ombrófila Densa); 2. Instalação de ilhas fitorremediadoras nas margens do córrego para o tratamento das águas; 3. Aplicação de muros/terraços fitorremediadores na parede do canal para o tratamento das águas que chegam do escoamento superficial e das águas retidas no canal. O projeto coletivo em sua íntegra, inclui a criação de áreas de lazer e contato com a natureza, a instalação de jardins de chuva nas ruas perimetrais do córrego para tratamento da velocidade, quantidade e poluição difusa do escoamento superficial e Instalação de pavimento drenante onde desembocam as ruas com escoamento atuante, e sempre ao longo das ruas perimetrais onde houver estacionamento. No entanto, este trabalho se atém apenas às ações determinadas para as áreas de APP e sobre o corpo hídrico.
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AÇÕES PROPOSTAS: TRECHO 2 1. Ampliação da largura do córrego onde este adquire traçado curvo favorecendo seu comportamento hidrológico com a diminuição da sua velocidade. 2. Recuperação da APP com a recomposição da cobertura florestal nativa de Mata Ciliar e técnicas de Engenharia Ambiental. 3. Instalação de ilhas fitorremediadoras para o tratamento das águas do córrego, fixadas à estrutura de uma passarela de pedestres que será instalada sobre o córrego; 4. Instalação de alagados construídos (wetlands) na margem de dois pontos estratégicos deste trecho do córrego com função de detenção e tratamento do escoamento superficial das áreas à montante, trazido pelas biovaletas e jardins de chuva. Somado-se à essas medidas, o estudo completo para a bacia do Água podre integra: a instalação de jardins de chuva e biovaletas ao longo das ruas perimetrais do córrego para o tratamento da velocidade, quantidade e qualidade do escoamento superficial das áreas à montante; aplicação de pavimento drenante onde desembocam as ruas com escoamento atuante, e sempre ao longo das ruas perimetrais onde houver estacionamento; e a instalação de equipamentos de esporte e lazer, áreas de contemplação e a aproximação com a natureza.
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AÇÕES PROPOSTAS: TRECHO 3 1. Recuperação do pequeno trecho de APP com a recomposição da cobertura florestal nativa de Mata Ciliar; 2. Instalação de muros fitorremediadores nas paredes do canal (muro gabião) para o tratamento da poluição difusa do escoamento superficial e das águas do córrego quando ocorre elevação do nível. O estudo em grupo, que considera toda a bacia do Água Podre, envolve também o tratamento da paisagem do entorno do córrego com os dispositivos de IV jardins de chuva e biovaletas ao longo das ruas perimetrais do córrego (para o tratamento da velocidade, quantidade e qualidade do escoamento superficial das áreas à montante) e pavimento drenante onde desembocam as ruas com escoamento atuante, e sempre ao longo das ruas perimetrais onde houver estacionamento, além de, propostas para criação de áreas de lazer e contato com a natureza.
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Projeto de Infraestrutura Verde no Córrego Água Podre: Seleção das espécies de plantas
Para a seleção das espécies de plantas consultou-se a bibliografia específica: Lorenzi (1949-1992; 1999; 2003), Resolução Conjunta SMA IBAMA/SP N. 001 (1994), Tunner (1995), EPA (2000), SEMADS/SERLA (2001), Pilon-Smits (2005), SMA (2009), Moura (2013), a Lista de Espécies da Flora do Brasil (2015), Lasdislas et al (2015), SALATI (s/d). A consulta visou atender a cada uma das medidas propostas e os estudos específicos culminaram no memorial apresentado a seguir. INFRAESTRUTURA VERDE NO CÓRREGO ÁGUA PODRE: SELEÇÃO DAS ESPÉCIES DE PLANTAS APLICAÇÃO NA IV CLASSIFICAÇÃO
FUNÇÃO
Nome científico: Heliconia psittacorum Linn.f. Nome popular: helicônia papagaio Família: Musaceae Origem: Nativa
TIPO II - Espécies para solos temporária ou permanentemente úmidos, sujeitos a inundações periódicas. TIPO III – Espécies de boas condições hídricas, mas sem excesso de água.
FUNÇÃO VI: Fitorremediação Função VII: Recomposição da Mata Ciliar.
Nome científico: Eugenia hiemalis Nome popular: goiabeira do mato Família: Myrtaceae Origem: Nativa
TIPO III – Espécies de boas condições hídricas, mas sem excesso de água.
Função VII: Recomposição da Mata Ciliar
TIPO III – Espécies de boas condições hídricas, mas sem excesso de água. TIPO I: Espécies para solos permanentemente úmidos. TIPO II - Espécies para solos temporária ou permanentemente úmidos, sujeitos a inundações periódicas. TIPO III – Espécies de boas condições hídricas, mas sem excesso de água.
Função VII: Recomposição da Mata Ciliar
Nome científico: Bauhinia forficata Nome popular: Patade-vaca Família: Fabaceae Origem: Nativa
Nome científico: Euterpe edulis Mart. Nome popular: Palmito juçara Família: Arecaceae Origem: Nativa
TIPO DE PLANTA
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Função VII: Recomposição da Mata Ciliar
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Nome científico: Salix humboldtiana wild. Nome popular: Salgueiro, chorão Família: Salicaceae Origem: Nativa
TIPO I: Espécies para solos permanentemente úmidos. TIPO II - Espécies para solos temporária ou permanentemente úmidos, sujeitos a inundações periódicas. TIPO III – Espécies de boas condições hídricas, mas sem excesso de água.
Função IV: Estabilização das encostas Função V: Estabilazação de solos e margens. Função VII: Recomposição da Mata Ciliar
Nome científico: Jacaranda micranta Nome popular: Caroba Família: Bignoniaceae Origem: Nativa
TIPO III – Espécies de boas condições hídricas, mas sem excesso de água.
Função VII: Recomposição da Mata Ciliar
Nome científico: Chroisia speciosa Nome popular: Paineira-rosa Família: Malvaceae Origem: Nativa
TIPO III – Espécies de boas condições hídricas, mas sem excesso de água.
Função VII: Recomposição da Mata Ciliar
Nome científico: Peltophorum dubium Nome popular: Canafístula Família: Fabaceae Origem: Nativa
TIPO III – Espécies de boas condições hídricas, mas sem excesso de água.
Função VII: Recomposição da Mata Ciliar
Nome científico: Schinus terebinthifolius Nome popular: Aroeira vermelha Família: Anacardiaceae Origem: Nativa
TIPO III – Espécies de boas condições hídricas, mas sem excesso de água.
Função VII: Recomposição da Mata Ciliar
Nome científico: Syagrus romanzoffiana Nome popular: Jerivá Família: Arecaceae Origem: Nativa
TIPO II - Espécies para solos temporária ou permanentemente úmidos, sujeitos a inundações periódicas. TIPO III – Espécies de boas condições hídricas, mas sem excesso de água.
Função IV: Estabilização das encostas Função VII: Recomposição da Mata Ciliar
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Nome científico: Cecropia pachystachya Nome popular: Embaúba-branca Família: Cecropiaceae Origem: Nativa
TIPO II - Espécies para solos temporária ou permanentemente úmidos, sujeitos a inundações periódicas.
CLASSIFICAÇÃO
Nome científico: Duguetia lanceolata Nome popular: Pindaíba Família: Annonaceae Origem: Nativa Nome científico: Handroanthus ochracea Nome popular: Ipêamarelo-do-cerrado Família: Bignoniaceae Origem: Nativa
Nome científico: Bauhinia forficata Nome popular: Patade-vaca Família: Fabaceae Origem: Nativa
TIPO DE PLANTA
FUNÇÃO
TIPO III – Espécies de boas condições hídricas, mas sem excesso de água.
Função IV: Estabilização das encostas Função VII: Recomposição da Mata Ciliar
TIPO III – Espécies de boas condições hídricas, mas sem excesso de água.
Função IV: Estabilização das encostas Função VII: Recomposição da Mata Ciliar
TIPO III – Espécies de boas condições hídricas, mas sem excesso de água.
Função IV: Estabilização das encostas Função VII: Recomposição da Mata Ciliar
CLASSIFICAÇÃO
Nome científico: Ctenanthe setosa Nome popular: Maranta-cinza Família: Marantaceae Origem: Nativa
Função IV: Estabilização das encostas Função VII: Recomposição da Mata Ciliar
TIPO DE PLANTA
TIPO II - Espécies para solos temporária ou permanentemente úmidos, sujeitos a inundações periódicas. TIPO III – Espécies de boas condições hídricas, mas sem excesso de água.
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FUNÇÃO
Função IV: Estabilização das encostas Função V: Estabilazação de solos e margens. Função VII: Recomposição da Mata Ciliar.
Estúdio de Infraestrutura Verde – 2015 Infraestrutura Verde no Córrego Água Podre: Maitê Bueno Pinheiro Medidas aplicadas in situ para o tratamento da qualidade das águas
Nome científico: Inga edulis Nome popular: Ingácipó Família: Fabaceae Origem: Nativa
TIPO I: Espécies para solos permanentemente úmidos.
CLASSIFICAÇÃO
Nome científico: Chrysopogon zizanioides Nome popular: Capimvetiver Família: Poaceae Origem: Índia
TIPO DE PLANTA TIPO 0: Espécie de planta tipo macrófita TIPO I: Espécies para solos permanentemente úmidos. TIPO II - Espécies para solos temporária ou permanentemente úmidos, sujeitos a inundações periódicas. TIPO III – Espécies de boas condições hídricas, mas sem excesso de água.
CLASSIFICAÇÃO
TIPO DE PLANTA
Função IV: Estabilização das encostas Função V: Estabilazação de solos e margens. Função VII: Recomposição da Mata Ciliar. FUNÇÃO
Função IV: Estabilização das encostas. Função VI: Fitorremediação. FUNÇÃO
Nome científico: Cordyline terminalis Nome popular: Dracena vermelha Família: Laxmanniaceae Origem: Ásia
TIPO II - Espécies para solos temporária ou permanentemente úmidos, sujeitos a inundações periódicas.
Função VI: Fitorremediação.
Nome científico: Monstera deliciosa Nome popular: Costela-de-adão Família: Araceae Origem: México
TIPO II - Espécies para solos temporária ou permanentemente úmidos, sujeitos a inundações periódicas.
Função VI: Fitorremediação.
Nome científico: Aspargus densiflorus Nome popular: Aspargo-pluma Família: Asparagaceae Origem: África do Sul
TIPO II - Espécies para solos temporária ou permanentemente úmidos, sujeitos a inundações periódicas.
Função VI: Fitorremediação.
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Nome científico: Brassica juncea (L.) Cern. Nome popular: Mostarda da Índia Família: Brassicaceae Origem: Naturalizada
TIPO I: Espécies para solos permanentemente úmidos. TIPO II - Espécies para solos temporária ou permanentemente úmidos, sujeitos a inundações periódicas. TIPO III – Espécies de boas condições hídricas, mas sem excesso de água.
CLASSIFICAÇÃO
TIPO DE PLANTA
FUNÇÃO
Nome científico: Cyperus giganteus Nome popular: Papiro brasileiro Família: Cyperaceae Origem: Nativa
TIPO 0: Espécie de planta tipo macrófita TIPO I: Espécies para solos permanentemente úmidos. TIPO II - Espécies para solos temporária ou permanentemente úmidos, sujeitos a inundações periódicas.
Função VI: Fitorremediação.
Nome científico: Typha latifolia Nome popular: Taboa Família: Typhaceae Origem: Nativa
TIPO 0: Espécie de planta tipo macrófita TIPO I: Espécies para solos permanentemente úmidos. TIPO II - Espécies para solos temporária ou permanentemente úmidos, sujeitos a inundações periódicas.
Função VI: Fitorremediação.
Nome científico: Zantedeschia aethiopica Nome popular: Copode-leite Família: Araceae Origem: África do Sul
TIPO 0: Espécie de planta tipo macrófita TIPO I: Espécies para solos permanentemente úmidos. TIPO II - Espécies para solos temporária ou permanentemente úmidos, sujeitos a inundações periódicas.
Função VI: Fitorremediação.
Nome científico: Cyperus alternifolius Nome popular: Sombrinha chinesa Família: Cyperaceae Origem: Madagascar
TIPO 0: Espécie de planta tipo macrófita TIPO I: Espécies para solos permanentemente úmidos.
Função VI: Fitorremediação.
CLASSIFICAÇÃO
Nome científico: Eichhornia crassipes Nome popular: Aguapé Família: Pontederiaceae Origem: Nativa
Função VI: Fitorremediação.
TIPO DE PLANTA
TIPO 0: Espécie de planta tipo macrófita
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FUNÇÃO
Função VI: Fitorremediação.
Estúdio de Infraestrutura Verde – 2015 Infraestrutura Verde no Córrego Água Podre: Maitê Bueno Pinheiro Medidas aplicadas in situ para o tratamento da qualidade das águas
Nome científico: Myriophyllum aquaticum (Velloso) Nome popular: Pinheirinho-d´água Família: Haloragaceae Origem: Nativa
TIPO 0: Espécie de planta tipo macrófita
CLASSIFICAÇÃO
Nome científico: Juncus effusus Nome popular: Junco Família: Juncaceae Origem: Nativa
TIPO DE PLANTA
TIPO 0: Espécie de planta tipo macrófita TIPO I: Espécies para solos permanentemente úmidos. TIPO II - Espécies para solos temporária ou permanentemente úmidos, sujeitos a inundações periódicas.
Função VI: Fitorremediação.
FUNÇÃO
Função VI: Fitorremediação.
Referências bibliográficas CORMIER, N. S; PELLEGRINO, P. R. M. Infraestrutura verde: uma estratégia paisagística para a água urbana. Revista Paisagem e Ambiente. São Paulo: FAUUSP, 2008. n 25. FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA. Observando os Rios. O Retrato da Qualidade da Água em rios da região Sul e Sudeste do Bioma Mata Atlântica. 2014 Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2015. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. LORENZI, H. Árvores Brasileiras – Manual de identificação e cultivos de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 1992. 368p LORENZI, H.; SOUZA, H.M. Plantas ornamentais no Brasil – arbustivas, herbáceas e trepadeiras. 2ed Nova Odessa: Instituto Plantarum, 1999. 1118p LORENZI, H.; SOUZA, H.M.; TORRES, M.A.V.; BACHER, L.B. Árvores exóticas no Brasil – madeireiras, ornamentais e aromáticas. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2003. 384p LADISLAS, S; GÉRENTE, C; CHAZARENC, F; BRISSON, J; ANDRÈS. Floating treatment wetlands for heavy metal removal in highway stormwater ponds. Ecological Engineering. N. 80, 2015. p. 85–91 MOURA, N. C. B. de. Biorretenção: tecnologia ambiental urbana para manejo das águas da chuva. São Paulo, 2013. Pilon-Smits (2005)
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