Manchete Online #1

Page 1

Ano I • Edição 001 • Setembro de 2010

cinema

Os sucessos de Hollywood no primeiro semestre televisão

Os 60 anos da caixinha de sonhos no Brasil

como você nunca viu dossiê

As falhas que levaram ao fim do JB e as perspectivas para o futuro 100% baseado na Internet


ÍNDICE 10 4 - DOSSIÊ MANCHETE “Sessentona com corpinho de 18” - Os 60 anos da televisão no Brasil

10 10 - ATUALIDADES “O homem que acabou com o Jornal do Brasil” - Tanure, sua má administração e as perspectivas para um futuro 100% digital do histórico JB

10 12 - MANCHETE EM CENA “Semestre de sucessos” - Os filmes de Hollywood que fizeram sucesso nos primeiros seis meses de 2010

10 14 - ENTREVISTA ESPECIAL “Tudo sobre Maysa” - As piadas, respostas e saídas com gosto de Domecq da Musa Ébria do Twitter.

Página 2


Carta do Editor

E

por Raphael Diaz

nfim, depois de muito adiar, chegamos aqui...

Não chegamos pra brigar com ninguém, apenas pra mostrar que 3 jovens também conseguem manter uma revista. Temos sim a pretensão de melhorar a cada dia, de crescer e de, se tudo der certo, chegar a perfeição, porém sempre seguindo o nosso lema: o de fazer uma revista pra você! Aos que se perguntam, o nosso nome é uma homenagem a revista de maior circulação que esse país já viu, o carro-chefe das Editoras Bloch. Sabemos e temos a real noção de que estamos infringindo algumas leis de propriedade industrial, mas esse é apenas um grito sem eco na escuridão: uma maneira de todos verem que parte da história do Brasil escoa pelo ralo e ninguém liga. Não temos, nem nunca teremos nenhuma ligação com quaisquer integrantes da família Bloch, sendo todo o nosso trabalho inteiramento uma mera homenagem. Se vierem a nos proibir de fazer tal homenagem, acharemos um jeito de continuar nosso caminho, mostrando assim, que jovens também sabem lidar com isso, vendo sempre as oportunidades e não os problemas... Enfim, sem mais choradeiras e sem ficar falando e falando, vamos ao que interessa: aproveitem e se deliciem com essa primera edição, ela foi feita pensando unicamente em você, leitor da Manchete Online...

Manchete Online Presidente: Raphael Diaz Vice-Presidentes: Luan Borges e Natália Branco ◊ Presidente Executivo: Raphael Diaz ◊ Conselho Editorial: Luan Borges e Natália Branco ◊ ◊ Editor-Chefe: Raphael Diaz ◊ Editores de Arte: Raphael Diaz e Natália Branco ◊ ◊ Editores: Natália Branco e Luan Borges ◊ Diagramação: Raphael Diaz e Luan Borges ◊ ◊ Diretor de Planejamento e Controle: Luan Borges ◊ Gerente: Natália Branco ◊ ◊ Diretor-Geral: Raphael Diaz ◊ Diretora Núcleo Cinema: Natália Branco ◊ ◊ Colaboraram nessa edição: Neto Pereira, Ivan Milani e Tatiana Machado ◊ mancheteonline@live.com manchete-online.webnode.com @MancheteOnline © Manchete Online - 2010 - Todos os direitos reservados

Página 3


DOSSIÊ MANCHETE

Como, um invento dito “sem futuro”, conquisto de que jamais nenhum aparelho substituiria o r começo de setembro, revolucionou nosso mod dia: começou em preto e branco e ao viv da High Definition e

Página 4


ou o mundo e sobreviveu aos diversos ataques rรกdio? A TV, que completa 60 anos de Brasil no do de vida, nossa histรณria e se reinventa a cada vo, evoluiu para as cores e chegou a era e da interatividade.

Pรกgina 5


Quem diria que aquele 18 de setembro de 1950 mudaria completamente nossa forma de ver o mundo? Pra comemorar o aniversário dessa “caixinha de sonhos” em terras Tupiniquins, temos que ir muito mais além do que aquela simples segunda-feira... Poucos sabem, mas o Brasil já tinha sentido o gostinho da televisão dois anos antes, mais precisamente no dia 28 de setembro de 1948, pelas mãos do leopoldinense Olavo Bastos Freire. Não que pudéssemos chamar aquilo de transmissão televisiva: aparelhos artesanais, pitorescos e uma transmissão de futebol. Como tudo no Brasil, até essa história é confusa: nossa primeira transmissão aos modos convencionais aconteceu em 3 de abril de 1950, mas oficialmente ela só nasceria cinco meses depois. Em 1946, o então presidente Eurico Gaspar Dutra distribui as primeiras concessões de TV e começaram a construção do primeiro transmissor de televisão do Brasil: uma torre no Pão de Açúcar. No ano seguinte, técnicos americanos vieram inspecionar a obra e descobriram que pelo relevo da cidade, aquele não seria o melhor local da construção. Correndo contra o tempo com o propósito de inaugurar a primeira emissora de televisão da América Latina, o magnata Assis Chateaubriand decide transferir a inauguração para São Paulo. História e enrolos, depois de muito penar, Chatô, Cassiano Gabus Mendes e Dermival Costa Lima conseguem concluir e inaugurar a tão sonhado e esperada PRF-3 TV Tupi de São Paulo. Lolita Rodrigues cantou “A canção da TV” ➲, composta por Guilherme de Almeida. Essa papel era guardado para Hebe Camargo, que preferiu namorar a participar da festa. Assis inaugurou a televisão no Brasil com apenas 200 televisores, alguns distribuídos pelos pontos de maior circulação e outros pela alta nata paulistana, já que não eram muitos brasileiros com condições de comprar uma. No dia 20 de Janeiro de 1951, pouco antes da uma da tarde, o então presidente Eurico Gaspar Dutra aciona o, então reprovado pelo RCA, transmissor situado no alto do Pão de Açúcar e iniciam-se as operações da TV Tupi do Rio de Janeiro, localizada junto à Praça Mauá e com os programas transmitidos dos estúdios da Rádio Tamoio. No mesmo ano, as agências de publicidade McCann Erikson e a J. W. Thompson trazem o know how norte-americano e começam a utilizar

Página 6

a televisão como veículo publicitário no Brasil. Devido a falta de profissionais experientes no novo meio de comunicação, elas passam a decidir o conteúdo de seus programas, criando, redigindo e produzindo, mas adaptando sempre ao modelo brasileiro. No fim de 1951 vai ao ar a primeira telenovela brasilera: “Sua vida me pertence”, escrita por Walter Forster, protagonizando o primeiro beijo televisivo entre os protagonistas Vida Alves e o próprio Forster. É estranho, mas era transmitida ao vivo em apenas dois capítulos semanais, devido a falta de condições técnicas da TV Tupi. Teve o patrocínio da Coty, uma indústria de cosméticos, e era produzida pela agência de publicidade norte-americana J. W. Thompson. Muitos dos programas da TV Tupi foram migrados do rádio. Entre os exemplos, o mais famoso foi o Repórter Esso, programa jornalístico de extraordinário sucesso no rádio e que permaneceu 17 anos na grade da Tupi. Tinha o comando de Gontijo Teodoro que fazia a mais célebre e memorável abertura com a frase: “Aqui fala o seu repórter Esso, testemunha ocular da história” ➲. Em 1953, Paulo Machado de Carvalho inaugura a TV Record Canal 7. Foi ela a responsável pela primeira transmissão oficial de um jogo de futebol. O confronto foi entre Santos e Palmeiras, na Vila Belmiro, com a vitória do Santos por 2 a 0. Começa então o boom das emissoras de TV no Brasil: TV Paulista (Fundada em 1952, sendo a segunda emissora paulista), TV Itacolomi, TV Continental… Até que em 1960 nasceria um canal responsável por revolucionar nosso modo de ver televisão: a TV Excelsior, propriedade do milionário Mário Wallace Simonsen, dono da Panair do Brasil. Com jornalismo ágil e programas cativantes, logo logo conquistou um pedaço dos lares e dos corações brasileiros. Logo nascem a TV Cultura (Canal também pertencente a Assis Chateaubriand, mas que se destinava a programas educativos), a TV Paranaense e a TV Gaúcha. Na minha opinião, canais responsáveis pela integração nacional, sonho idealizado anos mais tarde no Governo Militar. “Vamos brincar de forca?” Era assim que começava o primeiro programa de Silvio Santos, até então um ilustre desconhecido das tardes de domingo da TV Paulista. Em 28 de junho de 1963, Silvio Santos cria o Baú da Felicidade Utilidades Domésticas e Brinquedos, doado por


1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

Manuel de Nóbrega. A empresa se encontrava em difícil situação financeira e Silvio mostra sua capacidade administrativa, revertendo a situação e a transformando em força motriz para anos mais tarde ter seu próprio canal de TV. Durante os anos seguintes muita coisa mudou: Silvio saiu da TV Paulista e foi para o cast da TV Tupi; a Record investiu pesado nos musicais e criou clássicos como “O Fino da Bossa” de Elis e Jair Rodrigues e a “Jovem Guarda” com Roberto, Erasmo, Wanderléia e a turma “brasa, mora!”; a Excelsior leva a maior parte do elenco da TV Rio, prejudicando-a profundamente. São contratados: Moacyr Franco, Chico Anysio, o diretor Carlos Manga, J. Silvestre, Antunes Filho, Heloísa Mafalda e muitos outros; e a Cultura é vendida por Chateaubriand ao governo de São Paulo. Até que no dia 26 de Abril de 1965 é inaugurada a TV Globo Rio, canal 4, empresa de Roberto Marinho, com concessão outorgada ainda no governo do presidente Juscelino Kubitschek ➲, que logo se tornaria rede ao incorporar a TV Paulista Canal 5. O acordo com o grupo Time Life possibilita à TV Globo uma ajuda financeira em que esta se compromete a

Antigos logos de algumas emissoras brasileiras 1. TV Tupi (1950) 2. TV Paulista (1952) 3. TV Record (1953) 4. TV Itacolomi (1955) 5. TV Continental (1959) 6. TV Excelsior (1960) 7. TV Cultura (1960) 8. TV Globo (1965) 9. TV Bandeirantes (1967) 10. TV Gazeta (1972) 11. TVS - Atual SBT (1981) 12. Rede Manchete (1983) 13. Rede TV! (1999) 13

pagar 3,5% do faturamento e 49% do lucro. Isso provoca um diferencial enorme, especialmente técnico, em relação às outras emissoras. Desde o início possui videoteipe e editor eletrônico, coisas impensadas às outras emissoras de TV da época. É enviado o americano Joseph Wallace para dar à emissora uma visão mais empresarial e Boni, até então contratado da TV Rio, vai para a Globo, seguido por Walter Clark. A Globo estava fadada ao fim, pois em pouco mais de oito meses de funcionamento, gerava dívidas catastróficas. Em 1966 o Rio de Janeiro é assolado pela maior enchente que o estado já viu e Walter Clark vê a saída do buraco: envia equipes pra documentar toda a tragédia ao vivo e deixa uma câmera 24 horas por dia ligada no prédio da Globo no Jardim Botânico, câmera essa que era os olhos do Brasil e do mundo sobre a calamidade carioca. Walter Clark acerta em cheio: A Globo conquista o carinho e a admiração nacional e é inundada de novos investimentos ➲. No dia 13 de Maio de 1967 é inaugurada em São Paulo a TV Bandeirantes, emissora do empresário João Saad ➲. Com equipamentos »

Página 7


2

4

1 3 5 7

6

8

10

9 11

Página 8

1. Assis Chateaubriand e Cassiano Gabus Mendes na inaguração da PRF-3 TV Tupi de São Paulo 2. Roberto, Wanderléia e Erasmo: O trio responsável por alegrar as jovens tardes de domingo da TV Record 3. Silvio Santos nas tardes de domingo da TV Paulista 4. Elis e Jair Rodrigues no “Fino da Bossa” na TV Record 5. Paulo Machado de Carvalho, fundador da TV Record Canal 7 6. Walter Foster e Vida Alves em uma cena da novela “Sua vida me pertence” 7. Adolpho Bloch e sua inseparável cadela Manchetinha na festa de lançamento da Rede Manchete 8. Mário Wallace Simonsen, dono da TV Excelsior 9. João Saad, fundador da TV Bandeirantes 10. Roberto Marinho, figura ímpar no comando da Rede Globo 11. Festa de lançamento da TV Digital em São Paulo


sofisticados e um prédio no Morumbi, tem o discurso de João Saad e a presença do então presidente Costa e Silva, do governador e do prefeito de São Paulo, Faria Lima, na festa de lançamento. O evento acontece na porta da emissora onde são montados um circo e um parque infantil. Acontece um show com cantores conhecidos e no palco, gincanas e brincadeiras com distribuição de brindes ao público, sendo que cinco casas foram sorteadas para mães pobres. A Bandeirantes resolve adotar uma grade sem comerciais entre seus programas, uma novidade para a época e um desafio para a captação de recursos. Logo vai ao ar “Os Miseráveis”, primeira novela da casa, adaptação de Walter Negrão e Chico de Assis, com uma inovação: capítulos com duração de 45 minutos. Os brados de 1970 começam a ecoar e logo nasce a TV Gazeta. A Copa do México é transmitida ao vivo e milhões de corações canarinhos torcem, sofrem e comemoram a conquista da seleção de Pelé e Tostão. Em 19 de Fevereiro de 1972 acontece a primeira transmissão em cores, via Embratel, com a Festa da Uva de Caxias, Rio Grande do Sul, para todo o país ➲. A geração da nova imagem fica a cargo da TV Difusora, com a colaboração do caminhão de externas e pessoal técnico da TV Rio, além do apoio das TVs Gaúcha, Piratini e a de Caxias. É apresentado nos intervalos dos desfiles os mais famosos contratados, astros e estrelas das novelas e shows. A Rede Globo é a grande atração do evento. A TV Bandeirantes torna-se a primeira TV a ter 100% da sua programação em cores. Estamos em pleno Governo Militar, e sendo assim, a supervisão é pesada. Vários canais de TVs acabam fechando, seja por dívidas ou por pressão política: São os casos da TV Excelsior e da pioneira TV Tupi, que fecha as portas no dia 18 de julho de 1980. A concessão dos canais é dividida entre a TVS, de Silvio Santos, e a Manchete, do ucraniano Adolpho Bloch, dono de uma revista mais branda que a Veja, da Abril, que era a primeira destinatária dessa concessão. A Rede Manchete inicia suas transmissões com cinco emissoras próprias e uma afiliada, a TV Pampa de Porto Alegre. Os investimentos giram em torno de 50 milhões de dólares, trazendo equipamentos de última geração além de filmes e séries premiadas. Começa com mais de 500 funcionários e Rubens Furtado, que trabalhou por 30 anos na TV Tupi com Assis Chateaubriand, é diretor geral, fazendo uma programação para

a classe A e criando os slogans: “Televisão de Primeira Classe” e “A TV do ano 2000”. No dia 5 de junho, entra no ar a Rede Manchete. Após o comercial do óleo Lubrax-4, Adolpho Bloch faz seu discurso. Em seguida é apresentado um clipe em que uma nave em forma de “M”, eterno logotipo da emissora, sobrevoa as principais cidades brasileiras aterrissando no alto do prédio da Rua do Russel, 766, no Bairro da Glória, sede da emissora no Rio de Janeiro ➲. Logo após o “Mundo Mágico”, primeiro programa a ir ao ar, é exibido o filme “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”, de Steven Spielberg, colocando a emissora na liderança em audiência na capital carioca. Um fato inusitado para o lançamento de uma emissora de televisão, fato apenas repetido em março de 1990, quando a Rede Manchete exibiu Pantanal, novela de Benedito Ruy Barbosa fazendo enorme sucesso por romper com a linguagem tradicional das telenovelas, levando-a a líder de audiência e fazendo o faturamento econômico da Rede Manchete aumentar em 30%. Não adiantaria mais, aquela era a última vez que a Manchete via o auge. Inundada em dívidas incalculáveis, é vendida em agosto de 1999 e se transforma em Rede TV!. Em dezembro de 2007 é instalado, inicialmente na Grande São Paulo, o modelo brasileiro de Alta definição, o SBTVD (Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre), baseado no padrão japonês acrescido de tecnologias desenvolvidas nas pesquisas das universidades brasileiras. A interatividade virá a cargo do “Ginga”, middleware open source resultado de anos de pesquisas lideradas pela PUC-Rio e pela UFPB. O “Ginga” reúne um conjunto de tecnologias e inovações brasileiras que o tornam a especificação de middleware mais avançada e, ao mesmo tempo, mais adequada à realidade do país. Pra terminar, só uma pergunta: você tem interatividade na sua TV Digital? Ou ainda melhor: Você tem TV Digital na sua casa? Pois bem... Esse futuro incerto que nos é dado é o entrave da continuação da TV brasileira. Com isso, não teremos mais comerciais, e as emissoras terão que criar novos meios de gerar lucro e continuarem a serem emissoras abertas. Quando esse “futuro” 100% digital e interativo vai chegar? Fica aí uma boa questão, que dificilmente será respondida, pelo menos, nos próximos 5 anos... •

✔ RAPHAEL DIAZ

Página 9


ATUALIDADES

O homem que acabou com o Rio de Janeiro, 31 de agosto de 2010 | ANO CXIX Nº 144 | Desde 1891 ✔ LUAN BORGES

distância. Bastou que Tanure a tocasse, para que ele tivesse que vendê-la para a Tim (Telecom Jornal do Brasil, uma escola do bom jornalismo. Italia Mobile). Até a Forbes Brasil nas mãos dele não deu O Jornal do Brasil, símbolo histórico, resistiu a certo. A versão brasileira estava muito aquém da queda do império, a Crise de 29, a ditadura de Getúlio Vargas, a Duas Guerras Mundiais, ao original americana, e passou despercebida no Golpe de 64, a reabertura política, a Fernando mercado. Alguns homens tem o talento de Collor, a explosão da Internet, mas não resistiu a má administração de um único homem: Nelson transformar o nada em tudo: Silvio Santos, por Tanure (foto). No último dia 31 de agosto de exemplo, de um camelô na Lapa construiu um 2010, circulou a última edição impressa do Jornal dos maiores grupos empresariais brasileiros; Assis Chateaubriand, que de Umbuzeiro, no do Brasil. 119 anos jogados fora, disfarçado de agreste paraibano, se tornou o “Cidadão Kane “opção pela inovação”, na nova aventura pela brasileiro”. Já Nelson Tanure é conhecido como internet no JB Online. Na verdade, apenas uma “O quebrador de jornais”. Talvez Tanure tenha uma missão: a missão saída de Tanure para não declarar a falência do de acabar com empresas históricas, como o JB e assinar seu atestado de incompetência. Tanure deixou sua marca de incompetência Jornal do Brasil. O jornal, que durante a ditadura na Gazeta Mercantil. Fundado em 1920, o jornal militar era tido como “os olhos e a boca do Brasil”, financeiro foi publicado durante anos pelas hoje é apenas sombra do que foi. Transgressor, mãos da família Levy. Em 25 de Maio de 2009 inovador, a escola do jornalismo, hoje não passa Nelson Tanure comprou o título do jornal, porém de um punhado de história. • a administração de Tanure durou apenas 4 dias, o que culminou no fim da circulação do jornal. A marca da péssima administração de Nelson Tanure também pôde ser vista na TV. Em 2007, Tanure arrendou a CNT para criar a TV JB. Para tal, contratou grandes nomes como Clodovil Hernandes, que acabara de se eleger deputado federal, Bóris Casoy e Ney Gonçalves Dias. Até uma novela foi comprada: a portuguesa “Segredo”, produzida pela RTP, que por aqui se transformou em “Coração Navegador”. A novela não teve seu final exibido e a emissora durou apenas 5 meses. O motivo, alegado pela CNT, era que Tanure não honrou os pagamentos do arrendamento. Todos conhecem a história do Rei Midas: Tudo o que ele tocava, virava ouro. Já com Nelson Tanure é o inverso: Tudo o que toca, apodrece. Tanure tem o dom para a má gerência. Quando Tanure comprou a Intelig Telecom, a operadora era uma das mais lucrativas na telefonia de longa

Página 10


O futuro do Jornal do Brasil e do jornal no Brasil A passagem do Jornal do Brasil para o virtual reabre o debate sobre o futuro dos jornais e de toda a mídia impressa no Brasil. Com a política de que os jornais são “ecologicamente incorretos”, a administração do JB prevê que num futuro próximo todos os jornais impressos passarão a ser virtuais. De fato, se todos os jornais impressos contarem com a administração ao nível de Nelson Tanure, em três anos não existirão mais jornais e nenhum outro meio de mídia, seja lá qual for. A perspectiva da maioria dos jornalistas e empresários do meio dão conta que em 30 anos o jornal de papel como conhecemos deixará de existir graças ao grande avanço das mídias virtuais. Twitter, Facebook e portais de notícias como G1 e R7 e portais independentes, como o SRDZ e revistas online como essa Manchete que você lê, caro leitor, aliados a gadgets como smartphones e tablet’s como o iPad e o Kindle, suprirão a necessidade de informações novas a todo momento, a mobilidade e a facilidade de obter informação. Mas o novo JB e seu JK às avessas, Nelson Tanure, que fez 30 anos em 5 de má administração, leva toda a morosidade de um jornal impresso para a mídia digital aliado a um portal deficiente, e ainda cobra por uma informação que se obtém gratuitamente e mais detalhada em outros portais maiores, e além de tudo sem o charme do jornal de papel, que proporciona ao leitor aquele momento íntimo de informação. Tanure novamente errou em passar para o virtual tudo aquilo que não deu certo no impresso. Eis aí uma questão: o que passou pela cabeça de Tanure ao pensar que, se esse formato editorial do JB não deu certo nas bancas, porque daria no movimentado mundo virtual?

O JB ainda falha de não usar o Twitter e Facebook como canais diretos com o leitor, e sim como meros postadores de links para matérias do portal, que sequer é próprio, e usa as notícias do portal Terra, tido como um dos piores no quesito jornalismo. A única coisa que é digna de aplausos breves e um leve sorriso amarelo, é a iniciativa de ser um dos primeiros jornais a investirem na web e ter versões disponíveis para o iPad e iPhone. Porém, O Globo e a Folha de São Paulo também investem bastante nesse segmento, sem deixar de circular com a versão impressa. O JB leva a marca de Tanure até no virtual: deficiente, sem planejamento eficaz e apenas um meio de evitar a falência. Parafraseando o personagem Caco Antibes, do sitcom Sai de Baixo: Por favor, salvem o Jornal do Brasil. •

Página 11


MANCHETE EM CENA

Semestre de sucessos

Nos primeiros seis meses do ano, tivemos filmes empolgantes e surpreendentes para todos ✔ NATÁLIA BRANCO Alice estreou com grande ansiedade pelos fãs de Tim Burton, Johnny Depp, o conto infantil e meninas que só gostam de Alice por seu estilo. Pra quem esperava uma versão sombria e ao vivo do desenho, se decepcionou. O que muita gente não sabe é que Alice no País das Maravilhas é um livro. Na verdade dois livros, lançados por Lewis Carroll. O livro com título já citado e mais conhecido de todos foi lançado em 1865 e teve direito a várias versões para TV, teatro e cinema, inclusive a versão mais famosa, a animação da Disney de 1951. O segundo livro, Alice através do espelho e o que ela encontrou por lá, lançado em 1871, não teve tanta repercussão como o primeiro. Não tive a oportunidade de ler os livros, mas através de comentários e críticas, soube que o filme de Tim Burton é uma mistura dos dois livros. O filme trata, na realidade, da volta de Alice ao País das Maravilhas. Isso se tornou confuso, já que muitas pessoas esperavam a versão da clássica animação de 1951. Esperava-se mais de Tim Burton. O filme se torna um pouco cansativo por ser “paradão” e não ter muitos atributos para passar. O que salva são as atuações de Johnny Depp e Helena Bonham Carter. A protagonista Mia Wasikowska deixa muito a desejar, por não trazer toda a essência da personagem. Para quem gosta de épicos, Robin Hood, Fúria de Titãs e Príncipe da Pérsia são bons filmes para acompanhar. Mais uma versão de Robin Hood, mas desta vez com uma trama e elenco que prendem. O 3D de Fúria de Titãs não empolgou, devido à poucos recursos utilizados dessa tecnologia. Não faz diferença assistir em 2D ou em 3D (confesso que senti mais emoção com os trailers de Shrek para Sempre e Toy Story). Com ou sem 3D, o filme sai da mesmice e mostra um pouco mais da mitologia grega. Depois do sucesso de Percy Jackson e o Ladrão de Raios, pode-se dizer que Fúria é uma versão adulta do filme que foi baseado no livro de Rick Riordan (visto que os personagens principais têm o mesmo nome, Perseu). O ator de Avatar faz jus ao meio-deus, o enredo do filme é ótimo e, certamente, é bem mais empolgante

Página 12


s os gostos.

que a versão de 1981. Espero, ansiosamente, pela continuação. O Ladrão de Raios anima pouco, mas deixou a desejar. Príncipe da Pérsia, jogo ou filme? Não aprovei o ator Jake Gylenhall como o tão famoso personagem dos jogos, apesar do ator ter feito um bom trabalho. As duas figuras não combinam. Ótimo roteiro, elenco, efeitos especiais na medida certa. Destaque para Ben Kingsley. Robert Downey Jr. arrebenta em Homem de Ferro 2, continuando o sucesso do filme anterior. A Ilha do Medo, O Livro de Eli e O Lobisomem fizeram a vez dos suspenses. O Lobisomem tem bom elenco e efeitos especiais. Empolga nas cenas de ação e na maquiagem. O enredo e roteiro ruim de O Livro de Eli transforma-o em um filme arrastado. Cenário, trilha sonora e Denzel Washington salvam a película. Scorcese arrasa na direção de A Ilha do Medo e foge do tom de seus filmes, utilizando um enredo surpreendente. As comédias, dramas e romances tiveram bons títulos. Uma Noite Fora de Série, com Tina Fey e Steve Carell, conseguiu arrancar boas risadas do público com. essa comédia Pode-se considerar a comédia do semestre. As comédias românticas Idas e Vindas do Amor e Caçadores de Recompensa tiveram boas histórias e elenco, mas caíram no clichê do gênero. Cartas para Julieta, Querido John e Lembranças são romances ótimos para quem gosta do gênero. E mais: Lembranças é ótimo para quem gosta da protagonista de Crepúsculo, Kristen Stewart. O primeiro semestre do ano no cinema seguiu bem, deixando algumas ansiedades para o que vem nos próximos meses. No mês das férias, o que já está nas telas é a terceira parte de Edward e Bella, Eclipse. E com muita ansiedade por parte do público, Toy Story 3 e Shrek Para Sempre. É esperar para saber como serão recebidos ao longo do mês. •

DICAS DO MÊS: - O Amor Não Tira Férias - Os Excêntricos Tenenbaums - O Orfanato - Zumbilândia (foto)

Página 13


ENTREVISTA ESPECIAL

Pรกgina 14


Tudo sobre Maysa Por Luan Borges e Raphael Diaz

Em sua lindíssima casa em Maricá, onde passa a maior parte do tempo, Maysa recebe a Manchete de braços abertos e copo cheio. A diva da MPB, que já recebeu o título de “Rainha da Fossa”, nos contou um pouco de sua vida e suas particularidades, como seu relacionamento com Ronaldo Bôscoli, o que sentiu quando soube que Tânia Mara lhe faria uma homenagem e suas amizades virtuais com @NairBello e @MussumAlive. Perguntas indiscretas e belas fotos nessa inédita entrevista à Revista Manchete

Página 15


A manhã de sábado nunca foi tão animada quanto essa. Logo às 6 da manhã, partimos da redação da Revista Manchete em direção à cidade de Maricá, no litoral do estado do Rio de Janeiro. Depois de uma viagem de cerca de 3 horas pela Rodovia Amaral Peixoto, fomos recebidos por Gabriela, fiel escudeira e assistente de Maysa. A diva da MPB ainda demorou uma hora para nos atender. Segundo Gabriela, Maysa estava “indisposta” naquela manhã, mas que sem falta nos concederia a entrevista. Também pudera: uma linda vista do mar de Maricá é bastante convidativa para mais algumas horas de sono. Depois de alguns aperitivos e algumas bebidas – preparados pela própria Gabriela – Maysa sai de seu quarto mais felina e bela do que nunca, preparada para uma seção de fotos e uma série de perguntas, com seus fieis e inseparáveis cigarro Vogue e copo de Domecq, pronta para a inédita capa da Revista Manchete. Revista Manchete – Maysa, primeiro quero lhe dizer que é uma honra ser recebido por você na sua casa em Maricá. Me diga, o que te atraiu na cidade? Maysa – Conheci Maricá por causa de uma filmagem que fiz, mas me apaixonei mesmo quando descobri que a brisa daqui deixava meu topete mais viçoso ainda.

homem. Foi por isso que fiquei meio avariada das idéias quando ele me deixou.

RM – No seu Twitter (@meumundocaiu), você fala muito do seu relacionamento com o Bôscoli. Ele era bom de cama? M – Meu filho, aquilo era um espetáculo de

RM – E quando ele te chamava de gorda? M – Até me magoava, mas, né, Deus castigou e ele se casou com uma mulher que tinha uma goiabada no lugar da gengiva. RÁ!

RM – Você é uma mulher impulsiva. Como agiu quando o Bôscoli te trocou pela Elis Regina? M – Fiquei mais louca que a Nazaré na época, mas depois passou. Antes me trocar pela Elis do que pela Emilinha Borba, né?

RM – Você acredita que, se estivessem juntos hoje, ele te chamaria de Fail Whale? M – Ah, creio que não. Eu o nocautearia com uma garrafa bem antes disso. INFÂÂÂMIA! RM – Seu relacionamento com o Jayme Monjardim, seu filho, foi mostrado na minissérie como bem distante, por conta da sua carreira. Hoje ainda é assim? M – Hoje é pior. Acho que eu e Jayminho teremos que reencarnar muitas vezes para, talvez, nos darmos bem. Mas é claro que o problema entre nós consiste em apenas duas palavras: Tânia Mara. RM – Falando em Tânia Mara, como você reagiu ao saber que ela vai dar o seu nome a filha dela? M – Eu fiquei possuída pelo ritmo Ragatanga e quebrei todas as louças de casa. NEEEXT! RM – E com o seu neto, o Jayme Matarazzo. Você é o tipo de avó que dá meias ou camisinhas de presente? M – Ah, não, sou a avó prafrentex que prefere andar bêbada de skate com o neto. Adoro emoções fortes!

Página 16


RM – Pra você, qual é o cúmulo da INFÂÂÂÂMIA? M – O professor que alfabetizou a Luciana Gimenez ainda não estar preso. RÁ! RM – Sua amizade com a @NairBello é muito forte. Conte-nos, como a conheceu? M – Eu admiro a nonna desde que descobri as fugas espetaculares que ela fazia de bingos clandestinos. Achei super prafrentex e, assim, formamos uma dupla de entidades mais impressionível do Brasil! RM – Agora, uma pergunta sobre o cotidiano. Qual é a melhor: Bruna Surfistinha ou Geisy Arruda? M – As duas são ótimas porque uso o papel de suas revistas pra limpar o cocô dos meus cachorros. RM – Se você me permite, vou entrar um pouco no seu particular negro: já fumou um Derby vermelho? Maysa – Como ousa me perguntar um ultraje desses?! Má nem que fosse inteiramente de grátis! RM – E Nova Schin, já bebeu? M – Você realmente quer que eu saia arremessando meus sapatos por aí, né?! Má nem que fosse o último birináite da Terra! RM – Deixando esse momento pobreza de lado, vamos falar da sua carreira. Como foi a experiência de fazer novela? M – Tirando a parte de decorar as falas, era tudo ótimo. Você sabe que memória de bêbado é uma coisa muito relativa... qual era mesmo a pergunta que você fez? RM – E a apresentação no Japão? É verdade que eles queriam que você cantasse “Mamãe Eu Quero”? M – Olha, eles até queriam, mas já cheguei lá calibrada e não tinha como equilibrar fruteira nenhuma na cabeça. A melhor parte é que parte do meu cachê foi em saquê. Isso sim que é pagamento, Brasil! RM – O que você acha da Maisa do SBT? É uma versão pocket sua? M – Aquilo é, no máximo, uma macumba mal feita e que resultou num demônio-mirim histérico. E não existe versão pocket minha, beuabor. Minha grandiosidade não permite. RÁ!

Página 17


RM – O que você achou da minissérie que a Globo fez em sua homenagem? Sua vida realmente foi aquilo ou exageraram? M – Achei a minissérie uma riqueza. Elenco, figurino, maquiagem, tudo um luxo. Acho que o Manoel Carlos até foi muito bonzinho e omitiu muitos outros micos memoráveis que paguei. Um beijo, Maneco! Me chama pra tomar um birináite no Leblon!

RM – Agora, um bate-bola bem ao estilo Marília Gabriela: um filme? M – O meu! Estão falando que vai sair desde o final da minissérie e, até agora, NADA. Acho uma INFÂÂÂMIA!

RM – Conte-nos, o que o André Matarazzo tomava pra não envelhecer? M – André era meio múmia, né? Não envelhecia por não ser pé-na-jaca feito eu. Mas era um bom rapaz, gostei muito dele. Ah, são tantas emoções...

RM – Uma música? M – Atualmente, bailo loucamente “La bamba” porque estou aprendendo a brincar de bambolê. Acho instrutivo!

RM – Durante um tempo, você foi contratada pela TV Record. Se fosse nos dias de hoje, que tipo de Mutante você seria? M – Eu queria ser a Mulher-Alambique! Serve pra apoiar a vitrola e ainda tem drinks para distribuir a valer. Isso sim é mutante que se preze! RM – Maysa, você está no time dos póstumos do Twitter, ao lado do intrépido @MussumAlive e da nonna @NairBello. O céu tá virando uma Lan House? M – Ah, não. O wireless celeste é uma beleza e as nuvens tão confortáveis quanto almofadas. É por isso que tem tanto artista, bom e ruim, morrendo. RÁ! RM – Mas, mudando de assunto, o que você acha da Lady Gaga? Veio pra ficar ou daqui a alguns anos vai sair de moda? M – Acho que Lady Gaga morre cedo, vítima de asfixia, ou coisa que valha, causada por algum figurino muito louco. Gosto da moça, até acho simpática e é talentosa, mas, né, é feia feito o demônio. Deus que me proteja.

Página 18

RM – Uma frase? M – “QUANDO EU ESTOU AQUI, EU VIVO ESSE MOMENTO LINDO!”

RM – André Matarazzo? M – Pai do Jayminho e primeiro marido. NEEEXT! RM – Uma dor? M – A do acidente da Brasília azul. Sinceramente, Brasil, eu só queria escutar minha fitinha! RM – Twitter? M – A infâmia mais deliciosa desde que desencarnei! RM – Tânia Mara? M – NEEEXT! RM – Jayme Monjardim? M – Não é a garota de Ipanema, mas é a coisa maaais linda que já vi passar! RM – @NairBello? M – Minha nonna, melhor amiga, companheira de conhaque e baralho, nonna e piu bella! RM – @MussumAlive? M – Meu musis inspiradoris forevis e companheiris de butequis. RM – Pra encerrar a nossa entrevista: Maysa por Maysa? M – Uma delícia com olhos felinos, voz ronronante e coração tigresa. Ó que eu te arranho, hein? RÁ! • @MeuMundoCaiu é uma personagem e possui uma coluna semanal no blog Bebida Liberada http://bebidaliberada.com.br


Maysa e seu humor ácido aprecia seu Vogue enquanto nos dá a entrevista. No detalhe, cena da novela “O Cafona” de 1972, onde trabalhou ao lado de Francisco Cuoco

Página 19



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.