OCNCR - Relatório 3

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O Coração na Curva de um rio Relatório 3


Os principais norteadores

A performance foi crida tendo como ponto de partida três fatos norteadores :

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A vinda de Mario de Andrade a Belém – em 1927 O período em que Clarice Lispector esteve em Belém - em 1944 O naufrágio do navio Presidente Vargas – em 1972



No coração, na curva do rio...

"É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. “p.10 Perto do Coração Selvagem” Clarice Lispector

“O Turista Aprendiz” é o livro fruto de duas viagens etnográficas realizadas por Mário de Andrade entre os anos de 1927 e 1929. A primeira delas começa em 7 de maio de 1927 quando sai de sua residência reclamando:

“Não fui feito para viajar, bolas! Estou sorrindo, mas por dentro de mim vai um arrependimento assombroso, cor de incesto. Entro na cabina, agora é tarde, já parti, nem posso me arrepender. Um vazio compacto dentro de mim. Sento em mim” (Andrade: 2002a, 51)


No Fundo

MEIRA FILHO, A. Mosqueiro: Ilhas e Vilas. Belém: Grafisa, 1978

Segundo comentários da época, o Navio Presidente Vargas, teria saído na sexta feira do dique da então ENASA - Empresa de Navegação da Amazônia - onde tinha sido submetido a uma revisão de rotina. O navio havia feito a viagem da sexta feira à noite Belém-Soure-Belém. Fizera a de sábado que, segundo comentários da época, na volta pra Belém. começara "a fazer água". No fatídico domingo, 04 de junho de 1972, tudo aconteceu. O navio o Presidente Vargas não voltou mais pra Belém. Nunca mais! AFUNDOU!. Isso mesmo, AFUNDOU! Em frente ao trapiche de Soure. Não houve vitima, no singular mesmo. Não houve vítima. Felizmente. Aí vêm as perguntas: Por que aconteceu? Como aconteceu? Quem foi ou quais foram os culpados? Por que o navio não foi resgatado? Enfim, essas e outras perguntas ficaram sem resposta até hoje. Lamentamos. BLOG do J LIMA terça-feira, 16 de junho de 2009


A memória : Combustível para a Performance

A memória portanto, é aqui que pretendemos fincar as bases do programa para a realização da ação da Performance, o exercício de regresso minucioso da minha propria memória imagética e sensorial (em 1972 eu tinha 9 anos de idade) , e também ao registro de jornais , fotos e livros sobre os assuntos citados: • Mario de Andrade e Clarice Lispector em suas visitas a Belém, e a Amazônia. Viagens separadas por 17 anos, respectivamente : 1927 Mario de Andrade e 1944 Clarisse Lispector e com subtemas que unirão esses acontecimentos o naufragio do Navio Presidente Vargas ocorrido em 4 de junho de 1972. E a carta escrita por Mario de Andrade para Clarice Lispector sobre seu livro de estréia como escritora Perto do Coração Selvagem, carta que foi enviada para o Central Hotel em Belém e nunca recebida por Clarice.


O processo : Início do Construto

O workshop foi um momento de conceituação sobre imagens e memórias. As informações e todas as discussões estão postadas no blog:http://ocncr.blogspot.com.br/ no site: http://issuu.com/mangifera


A viagem a SOURE


No rio Fotos Leo Bitar


Porto Camarรก Fotos Lenilson Farias


Em SOURE fotos Nando Lima






Relatório - 01 - trecho

• Nossa viagem a Soure foi sinestésica, filmamos, ouvimos e gravamos imagens e sons, eu Nando Lima, Leo Bitar - designer de som, e Lenilson Farias - assistente de produção, passamos alguns dias percebendo a cidade , seus habitantes; pessoas, búfalos que cruzam ruas largas por vezes gramadas, mangueiras enormes, casas antigas e abandonadas, o farol, belo imensa escultura contemporânea na praia do Mata Fome. Encerro esse primeiro relatório começando a processar imagens fotográficas e filmes feitos em Soure, e principalmente envolto em memórias recentes, e principalmente curioso sobre minhas próprias lembranças e sobre o mecanismo interno que tem movimentado meus pensamentos.


BLOG - OCNCR


http://ocncr.blogspot.com.br/


Metodologia Fase A - Pesquisa , Fomento, e Instrumentalização • • •

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Leitura de trechos do livro o Turista Aprendiz de Mario de Andrade. Leitura de trechos do livro Perto do Coração Selvagem de Clarice Lispector. Pesquisa de notícias em bibliotecas especializadas (APEP - Arquivo Público do Estado do Pará) e (Biblioteca Pública Arthur Vianna) sobre o naufrágio do navio Presidente Vargas, no ano de 1972 Pesquisa em livros e jornais da época sobre as visitas de Mario de Andrade e Clarice Lispector em Belém Pesquisa sobre a carta de Mario de Andrade para Clarice Lispector , e que foi perdida no Grande Hotel em Belém em 1944. Workshop de vídeo ministrado por Nando Lima , para instrumentalização sobre leitura crítica e memória residual em fotografias e nas imagens em movimento. Viagem a cidade de Soure no arquipélago do Marajó, cidade na frente da qual o navio Presidente Vargas naufragou em 1972 .

Fase B - Exercícios , Edições e Publicações • • • •

Criação do blog com imagens e vídeos sobre assuntos pesquisados. Edição de vídeos. Criação e ensaios do roteiro\programa da performance. Criação de ambiente, figurinos, objetos.

Fase C – Finalização e Resultados • • • •

Apresentação da Performance “O Coração na Curva de Um Rio” em temporada Gravação do vídeo das apresentações da Performance. Publicação online do catálogo “O Coração na Curva de Um Rio” Mostra do Vídeo de registro.


1927 – Jornal A Folha Do Norte



1944 – Jornal A Folha Do Norte



1972 – Jornal O Liberal



Criação de ambiente, figurinos, objetos.

O Ambiente para a realização da performance O coração na curva de um rio, criado dentro do estúdio Reator , consiste em duas partes: •

A Curva – hall de entrada do Estúdio Reator; será um ambiente expositivo que conterá imagens da pesquisa; fotos, frames de vídeo, objetos, que introduzirão o espectador visitante, no universo das memórias, sejam as “reais” de fatos vividos, ou sabidos e pesquisados, ou as construídas, inventadas a partir do que “poderia ser” ou o “advir”.

O Coração – onde acontece a performance com duração de 35 minutos, em que eu Nando Lima recebo os espectadores para juntos com eles mergulhar em um universo criado com luzes, vídeos, sons, objetos, e cenários, que constroem um “rio” sinestésico , um fio tênue de memórias deliberadamente refeitas e arquitetadas, matéria transmutada em pulsar.

Alguns dos objetos (utilizados na ação performática), em sua matéria: madeira e metal opõem-se a fluidez da cenografia: laminas de tecido transparente, mas é essa dicotomia do construto que possibilita a reflexão, e a discussão entre as veracidades, os fatos, os esquecimentos, os pontos de vista múltiplos, que compõem o parecer coletivo ou as certezas individuais.

O figurino encerra o sentido da viagem: “O Marinheiro” quase um clichê do estado fugaz do ser humano de natureza errante, que tenta dominar sua trajetória mesmo quando navega por mares das novidades, as lembranças das trajetórias, tragédias, e alegrias vividas, dos rumos perdidos, e da figura que num remanso, se cola as memórias fugidias sem as quais não é possível habitar-se em si o ser humano.


O Coração na curva de um rio – a Performance Montagem da Cenografia


O Coração na curva de um rio – a Performance Experimentos de iluminação


O Coração na curva de um rio – a Performance Sala expositiva no REATOR


O Coração na curva de um rio – a Performance Cenografia no REATOR


O Coração na curva de um rio – a Performance no REATOR – fotos Alexandre Sequeira


O Coração na curva de um rio – a Performance no REATOR – fotos Alexandre Sequeira


O Coração na curva de um rio – a Performance no REATOR – fotos Alexandre Sequeira


O Coração na curva de um rio – a Performance no REATOR – fotos Alexandre Sequeira


O Coração na curva de um rio – a Performance no REATOR – fotos Alexandre Sequeira


O Coração na curva de um rio – a Performance no REATOR – fotos Alexandre Sequeira


O Coração na curva de um rio – a Performance no REATOR – fotos Alexandre Sequeira


Continua...


BelĂŠm , 17 de dezembro de 2012



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