Magazine 60+

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UMA PUBLICAÇÃO PRINCIPALMENTE DEDICADA PARA AQUELES COM MAIS DE 60 ANOS

60+

magazine Ano I

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Formato A4 | internet livre

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Islândia além do frio página 5 e 6

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S.Paulo, Agosto/2019 - #2


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VEJA TODAS AS ATIVIDADES PARA OS 60+ NESSE PRÓXIMO SEMESTRE


magazine 60+ #2 - agosto/2019

Editorial I

Manoel Carlos Conti Jornalista

Thomas Hobbes (1588-1679), autor do clássico Leviatã, foi o responsável por divulgar a célebre frase “O homem é o lobo do homem”, inserida neste seu mais famoso livro. A frase original, no entanto, traduzida para o latim como “homo homini lupus”, pertence ao dramaturgo romano Plautus (254-184 a.C.). A oração, metafórica, quer dizer que o homem é um animal que ameaça a sua própria espécie. O que a máxima sublinha é a capacidade destruidora do ser

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GENTIL GIGANTE j o r n a l i s m o

USAMOS SOFTWARE L IV R E Fechamento desta Edição

30/07/2019 Periodicidade mensal

Distribuição Gratuíta pela Internet Jornalista Responsável

Manoel Carlos Conti

2 humano contra os seus. Refleti sobre essas frases, assim que as li em um editorial de um grande jornal europeu: Como é que nós, seres humanos, residentes e plenamente dependentes dessa nossa casa, o Planeta Terra, podemos fazer e produzir tanta sujeira, sem ao menos limpá-la, posteriormente! Os jornais e os telejornais acusam feitos impressionantes contra as florestas, o ar que respiramos, os mares, enfim, conseguimos agredir tudo isso de forma tão veemente, que tais feitos acabam por dizimar espécies que são praticamente a continuação da vida no planeta. Fico pensando “que mundo deixaremos para nossos netos e bisnetos, mas, da forma rápida que estamos destruindo o meio ambiente, é provável que nossos filhos já irão sofrer as consequências das nossas más atitudes”. A frase citada inicialmente usa uma linguagem metafórica, isso é, faz uma comparação com o comportamento animal, para ilustrar aquilo que o autor acredita ser a conduta do ser humano, de modo geral. Vejam, isso foi dito e escrito há muitos e muitos anos, no século XVII, então podemos supor que naqueles tempos o ser humano já apresentava um comportamento de ‘auto destruição’ e, o pior, não se corrigiu até hoje. Nossa revista vem crescendo e melhorando seu conteúdo. Novos colunistas entraram e alguns deixaram de escrever por motivos pessoais. Alguns patrocinadores já demonstram interesse em fazerem anúncios de seus produtos e isso é muito bom, uma vez que nossa ideia é de, um dia, fazer essa revista impressa, mais acessível principalmente aos idosos que muitas vezes não lidam com informática e assim, não tem acesso a tudo e todas essas histórias que aqui contamos e contaremos. Tenho fé que esse nosso desejo se realizará. Boa leitura!

Mtb 67.754 - SP Revisão geral

Marisa da Camara *Todas as colunas são de inteira responsabilidade daqueles que a assinam

contato: contihq@hotmail.com cel. (11) 9.88906403


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Editorial II Profª Vera Fritz Presidente do Conselho Estadual do Idoso de São Paulo

O “Sr. Inverno” chegou com força total, trazendo temperaturas baixíssimas e, sem cerimônia, espalhou pelo País afora: geada, cristais de gelo, flocos de neve, chuva forte, chegando, até, a congelar quedas d’água, esquecendo-se somente de um detalhe: Estamos em um país tropical. Não temos lareira, calefação ou aquecedor eletrônico. Assim, só nos resta lançar mão de um par de meias, uma blusa de lã, um velho cachecol, um gorro, um cobertor, para nos protegermos desse frio intenso, mesmo estando dentro de casa. Imaginem como ficamos ao termos que sair de casa...! O Sr. Sol, que nos aquece o ano todo, está lutando, bravamente, e vai nos mostrando que quem reina aqui é ele e, devagar, vai reassumindo o seu papel. As flores, com suas cores, vão suavemente iluminando o nosso dia. Os pássaros, do amanhecer ao entardecer, como dizia o poeta: “as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá”, nos encantam e nos mostram que há vida lá fora, apesar do frio. Quantos invernos ainda viverei no meu envelhecer? Não sou futuróloga, nem vidente, portanto não tenho esta resposta. Vivo cada minuto, cada hora, cada dia, cada mês, cada ano, cada estação, conforme chegam e partem... Sou velha, o caminho até aqui foi longo, feito de amores, alegrias, tristezas, sonhos, desejos, com perdas e ganhos. Sou velha, continuo caminhando e buscando viver estes sentimentos pelo caminho,

magazine 60+ #2 - agosto/2019

não me importando onde chegarei. Vivo o hoje. Sou velha e me pergunto: “Como estamos envelhecendo neste nosso Brasil, onde as velhices são múltiplas, diferentes e desiguais? A velhice de cada um é construída a partir do acesso ou da falta de acesso, ao direito. Como estas diferenças poderão ser diminuídas, amanhã? Quantos idosos deixarão de ler este editorial, porque simplesmente não sabem ler, não tem acesso à internet ou não tem um computador? Quantos idosos lerão este editorial e negarão o seu envelhecer, afirmando “está tudo bem, sou um jovem experiente” ? Quantos idosos lerão este editorial e perguntarão a si mesmos: “o que estou fazendo pelo meu envelhecimento e por aqueles que não tem voz?” Ao pensar nestes idosos, temos um pouco de clareza e percebemos um caminho repleto de muralhas, mas juntos podemos, sim, ultrapassá -las, a fim de termos todos, neste País, um envelhecimento digno e, para começar temos que nos tornar protagonistas do nosso envelhecer. A Constituição “Cidadã” de 88 e o Estatuto do Idoso, Lei Federal n° 10.741 de 2003, estabelecem os nossos direitos. Lembrando sempre que direito e dever caminham de mãos dadas, temos que nos instrumentalizar, buscar conhecimento, participar e opinar. Temos, também, que sermos e estarmos presentes e, assim, nos tornarmos protagonistas. A população em envelhecimento apresenta desafios sociais, econômicos e culturais, para o Indivíduo, Família, Sociedade e o Estado, mas somos nós, os principais interessados em uma transformação dessa realidade, seja qual for a nossa idade cronológica. Cada um deve se reconhecer no velho que é hoje e no velho que será amanhã.

“Velho não é o outro, velho sou eu!” (Goldenberg, 2013)

ESSA REVISTA TEM COMO PARCEIROS


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WhatsApp Entupido? Chame a Faxineira Eletrônica Empreendedor/Tecnologia

Marcelo Thalenberg Empreendedor escreve artigos sobre tecnologia

Tem gente que tem o hábito de acumular mensagens de whatsapp como: “Bom dia!”, filminhos engraçados, de não sei quantos megabytes, foto do cachorro da prima da vizinha, tchauzinhos e outras gracinhas. Logo a seguir, se encontram perdidos, buscando o endereço de um evento ou sua data, pois não dão conta de encontrá-los, em meio a tanto lixo acumulado. Por que isto acontece? · Quem deposita uma mensagem, em um grupo de WhatsApp, presume que todos irão ler sua mensagem. · Quem pergunta não pesquisou as mensagens anteriores. Algumas regras devem ser seguidas, nas redes sociais, como, por exemplo, compreender e respeitar o tempo dos demais. Assim, antes de fazer uma pergunta e usar o tempo dos demais, reflita: Será que a resposta já foi postada? · Role a tela e verifique se a informação desejada já foi postada. Uma forma fácil de encontrar o que busca, num grupo de whatsapp, é clicar no topo, sobre o nome do grupo, e buscar a opção da “lupa”. Lá, você digita palavras chaves e encontra o que procura.

Resultado: Menos posts e menos lixo acumulado. Em casa, diariamente, ou a cada x dias, a casa é limpa e o lixo recolhido pelo lixeiro. Qual a frequência que você limpa as conversas do WhatsApp? Você o faz, preventivamente, ou aguarda o celular ficar lento? Faxinas rápidas e frequentes - tutorial: · Role a conversa, toque na mensagem que deseja manter e marque como >>Favorita. (Uma estrelinha) · Com a conversa fechada toque na conversa e selecione o ícone “Excluir”. · Na tela seguinte selecione >> Apagar todas as mensagens, exceto as favoritas. Antes de contratar uma empresa de faxina, a empresa quer saber qual o tamanho dos ambientes e quão sujo estão. Saiba o espaço que suas mensagens ocupam no Smartphone, antes de chamar a faxineira: · Com o WhatsApp aberto, pressione >>Ajustes, na tela seguinte pressione >>Uso de dados e Armazenamento. · Role a nova tela e pressione >> Uso de Armazenamento. Ali você verá quanto espaço é ocupado por cada conversação ou grupo. Em aparelhos Android, vá na Play Store pesquise WhatsApp Cleaner ou limpeza e escolha o faxineiro que se adapta melhor ao seu estilo. Em aparelhos Apple (IOS) você encontra as opções no AppStore. Observe, sempre, as avaliações dos app’s e se são gratuitos ou pagos, antes de baixá-los.

Foto: Arquivo


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Capa

Islândia além do frio Dicas de Viagem

Anete Z. Faingold Engª. da Computação

Islândia, um pequeno país nórdico insular, com 350.000 pessoas, uma paisagem incrível, com geiseres (*1), vulcões, fontes termais, geleiras e lava. Com uma área de 103 mil km², é uma república parlamentarista. Um país novo, portanto não existem construções antigas, como na Europa. Decidimos focar nosso passeio, de uma semana, no sul da Islândia. A primeira cidade foi Reykjavik, que, apesar de ser a capital, é uma cidade pequena, porém repleta de restaurantes e lugares charmosos. Caminhamos bastante no centro turístico e pela orla. Parte da história mundial está presente, ali. Descobrimos que ali aconteceu o encontro

magazine 60+ #2 - agosto/2019 Fotos: Anete Z. Faingold

histórico entre os presidentes Reagan e Gorbachev, no ano de 1986, um passo para o término da Guerra Fria. Esse encontro ocorreu na casa Höfõi, construída em 1909, em frente ao mar. Continuando a caminhada, vê-se um edifício moderno chamado Harpa, espaço cultural onde existem vários concertos. Diariamente, é possível assistir um deles, entre às 12:30 e às 13:00 horas. O passeio na “promenade” é agradável e longo. Além da linda vista marinha, vê-se várias esculturas pelo caminho e, ao final, chega-se ao Museu Olafur Eliasson. E a gastronomia? Comidas típicas, deliciosas, como cordeiro, sopas de cordeiro e peixe, dentro do pão, bolinho de carne de porco, misturado com carne de vaca e cordeiro, sopa de lagosta, bacalhau e doce de bolo de cenoura estão presentes na culinária local. Ao sair da cidade, seguimos de carro para “Blue Lagoon”, um spa geotermal natural. O ônibus também é uma boa opção, para aqueles que não querem alugar carro. O lugar é muito bem organizado, inclusive as reservas são feitas online. Após realizar o check-in, no spa,


magazine 60+ #2 - agosto/2019 (o mais barato dá direito a uma toalha e uma pulseira, que aciona os armários dos vestiários), você é convidado a tomar um banho, com sabão, antes de entrar na lagoa. Uma delícia entrar na água quente sulfurosa! O pacote inclui, também, máscara sílica para o rosto e uma bebida. Uma curiosidade: a maioria das pousadas envia um e-mail para seus clientes, com instruções, no ato do check -in. Não tem horário para sair do banho e como não escurece, porque é época das “noites brancas” (*2) você perde por completo a noção do horário. Rumamos para a pousada Lindartún e no caminho avistamos o farol Hópsnesviti, com navios naufragados, e seguimos a visitar a primeira cachoeira da Islândia, Urriðafos. A pousada Lindartún está localizada dentro de uma fazenda, bem silenciosa e com uma linda vista. Após o delicioso café da manhã, recebemos um guia da região Katla Global Geopark e Vestmannaeyjar, ambas protegidas pela Unesco. Com este guia é possível visitar-se 31 lugares e outros três na ilha de Vestmannaeyjar. Escolhemos alguns sitios e começamos nosso passeio pela natureza. Um colírio para os olhos! Dois lugares que se destacam são Reynisdrangar e Reynisfjara, praias de areia preta, com suas colunas basálticas. Nunca tínhamos visto algo assim. Na sequência, dessas maravilhas, visitamos geleiras, flores Lupinas, o deserto de Myrdalssandhur, o canyon Fjaðrárgljúfur, de 2 kms de extensão e 100 ms de altura, além de várias cachoeiras. No outro dia fomos à ilha de Vestmannaeyjar, utilizando uma balsa, e quase chegando à ilha apreciamos a belíssima natureza e centenas de pássaros sobrevoando as montanhas, sendo que alguns deles faziam seus ninhos na parte rochosa. Passamos o dia caminhando na ilha, curtindo os lugares..., as paisagens, pois não há muitos lugares para comer, nem lojas. O campo de golfe, em uma ponta da ilha, tem uma rocha com formato de elefante, duas casas de vikings, construídas recentemente para mostrar como eles viviam àquela época.

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Dormimos em outras duas fazendas, adoramos especialmente uma de nome Àrmot, fazenda de cavalos islandeses, uma especie de pôneis grandes, de crina comprida. O delicioso passeio se consolidou no estábulo, quando acariciei os cavalos. Ficamos no andar superior de uma casa, onde havia uma sala enorme com um telescópio. No horizonte, podiase contemplar uma montanha com neve. No dia seguinte voltando para Reykjavik fizemos o Circulo Dourado e vimos o Almannagjá, a fenda que separa os continentes americano e europeu, a cachoeira Öxarárfoss, a falha geográfica Flosagjá. Nesse lugar foi construído, pelos Vikings, o primeiro parlamento Alpingi. Depois passamos pelos geiseres e a Gullfoss, (a maior cachoeira em volume de água do país) que -segundo os próprios islandeses- supera em força e intensidade a do Niagara Falls. Em Reykjavik, demos uma volta, comemos noodles e dormimos num apart hotel. No dia seguinte passeamos pela cidade e fotografamos a Catedral. Como nossa viagem era de madrugada, fiz reserva no Circle Hostel, limpinho, barato e simples. Chovia muito e resolvemos descansar um pouco no hostel, até a chuva amenizar, e quando saiu o sol, às 17h, fomos passear conhecendo Kaffivagninn, o mais antigo restaurante da Islândia (1935), ainda em funcionamento. Hora de regressar... Nos preparamos para ir ao aeroporto de ônibus, com tickets comprados pela internet. Islândia: continue assim bela, pura e natural.


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Antoni Gaudi Reciclagem

João Alberto J. Neto Analista de sistemas

Existem muitas formas de mosaico pelo mundo, assim como obras de grandes artistas, obviamente. Quem vai a Barcelona, não tem como não conhecer obras de Antoni Gaudi, pois elas estão espalhadas pela cidade catalã. Junto com Eusebi Güell, foram vários projetos e obras pela cidade, como: Parque Güell, A Sagrada Família, La Pedrera, Casa Batló, dentre outras. Em muitas de suas obras o mosaico foi a forma escolhida para confeccioná-las. Com o ótimo exemplo acima, como incentivar um mosaicista iniciante? Como o objetivo dessa coluna é de divulgação de uma forma de arte, é importante conhecer, mas não é importante ficar fazendo comparações. Existem artistas e artistas e todos são valiosos. Os mosaicistas iniciantes, ou mesmo as pessoas que são apresentadas ao mosaico pela primeira vez, quando apresentadas às grandes obras, dividem-se em: “nunca vou fazer uma obra dessas” e “quero fazer uma igual”. O mais gostoso do mosaico é experimentar, aprender, superar nossas expectativas. Para algumas pessoas, fazer quadrinhos, bandejas, vasinhos e outras coisas pequenas já bastam para ocupar o tempo. Há obras em que o artista começa e termina no mesmo dia, em poucas horas, ou, no máximo, em poucos dias. É muito gratificante começar um projeto, mesmo que pequeno, e terminá-lo sem intercorrências. MURAL Alguns artistas dedicam-se a obras maiores e se valem da experiência, onde a técnica e as ideias fazem a diferença.

magazine 60+ #2 - agosto/2019 Fazer um grande painel em mosaico é um trabalho exigente, onde o artista ou os artistas que participam, tem uma preocupação em excesso com a excelência e perfeccionismo, pois, dependendo do material, qualquer peça ou tessela mal encaixada, pode acabar com um trabalho organizado com muito custo de tempo e dinheiro. A técnica é fundamental. Por excelência, o mosaico não é uma arte a ser admirada muito de perto, pois o grande objetivo é se manter a uma certa distância para admirá-lo, levando em consideração o conjunto da obra, mas, por mais engraçado ou trágico que possa parecer, o olhar do admirador procura, nos detalhes, os pequenos ‘erros’ cometidos pelo artista, para depois admirar a técnica e a coragem de se produzir uma obra de porte, onde pequenos deslizes podem fazer parte do contexto, mas existem muitos cuidados a serem tomados no momento da instalação. Um mural em mosaico é uma obra permanente. Atualmente, existem placas apropriadas em fibrocimento, que comportam um painel em mosaico que podem ser deslocados (com cuidado) e manter a obra intacta, apesar do peso. Alguém já reparou em um profissional pedreiro colocando azulejos na parede? Parece fácil? Não, não é. Trabalhar com grandes peças é muito mais difícil do que montar um projeto com pequenas Arquivo

Casa Batlló - Barcelona - Espanha


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8 Foto: enviada pelo colunista

tesselas. O profissional azulejista é, em grande parte, um mosaicista, mas, em grande parte, há muitos mosaicistas que iniciaram como pedreiros e aproveitaram as qualidades e oportunidades dentro da arte, aproveitando a técnica e produzindo belas obras MÉTODOS Um mural de mosaico pode ser feito por dois métodos: - DIRETO, quando as tesselas são colocadas diretamente no local onde devem ficar. - INDIRETO, onde o trabalho é confeccionado em material apropriado (tela, papel, etc), e, depois de pronto, colocado no local planejado, deixando alguns detalhes para depois de completamente instalado. Esse método pode ser executado de duas formas, dependendo da instalação programada: - INVERSA, quando o trabalho (normalmente em pastilha de vidro) é colado primeiramente em papel, com o

desenho invertido, e, depois de instalado, o papel é retirado cuidadosamente com água. - DIRETA, quando o trabalho é colado em telas apropriadas e instalado na posição correta, montando o desenho em partes. Existem cursos apropriados para diversas técnicas, mas não se esqueçam de que grandes ou pequenos projetos, sem distinção, são gratificantes de serem confeccionados. Até a próxima.

Sabe o que é Tacocracia? Ana Luna Cabelo Branco

ou temos que comer diante do computador ou sobre a mesa de trabalho. Corre, menino! Vai logo!!!! A pressa é nossa companheira, no Ana Luna dia a dia. Graduada em Letras Não há mais Tákhos: rápido tempo para nada, em Cracia: que exprime qualquer que seja a a ideia de poder, auto- área. ridade, força Já ouviram al Tacocracia é guém dizer: -- Ah! uma palavra nova em Queria que meu dia nosso vocabulário, que significa ditadura do rápido. ...a pressa, Tudo hoje tem não é mais que ser pra ontem. A comida é o amiga da fast food ou comida perfeição? rápida, pois o tempo é mínimo para o almoço

tivesse 30 horas! As crianças são quase que arrastadas para a escola, depois inglês, depois natação, futebol e....não para mais. Homens e mulheres correm em busca do futuro, do aperfeiçoamento, do trabalho, de ser o melhor, do progredir, de ser rico, ter mais e mais... Já disse Chico em sua canção, Sinal Fechado: - “me perdoe a pressa, é a alma de nossos negócios...” Essa busca incessante gera estresse, que gera doenças e vale lembrar que a saúde é primordial, até para trabalhar. Quando a saúde é afetada, nada funciona. Quando você tem pressa, precisa resolver tudo ao mesmo tempo e isso gera desconforto, tensão. Cuidado com a Tacocracia ! Fazer as coisas correndo, ser mais rápido, não se dar tempo, querer voar, tem um preço. Repense. Não caia na massificação, no erro comum. Programe seu dia, sua vida. Olhe onde você está. Veja as árvores, os pássaros, as cores da natureza, ouça música, afinal, a pressa não é mais inimiga da perfeição?


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Novos tempos Contos

Malu Alencar Pedagoga e pós graduada em filosofia

Quando criança tinha muita pena dos avós. Eles eram velhinhos, ficavam em casa o dia todo, parecia que viviam em um mundo fechado, no livro do passado. Eram ranzinzas, cansados, cheios de manias, dores, só sabiam mandar: - Menina, pega aquele copo para mim..... - Menino, pare de fazer bagunça.... vá brincar lá no quintal - Já falei que não quero barulho.... - Desligue esse rádio, quero ler meu livro. - Apague a luz do corredor e aproveita e feche a porta, também... - Cadê meu chinelo? Estava aqui! Quem escondeu? Não... eu não queria ser avó.... Pelo menos, não essa avó, que eu conhecia, que mantinha o olhar sempre distante, voltado para um mundo que não voltaria nunca mais. Passei anos com medo de crescer e um dia ter que ser mãe, ter que ser avó...., tendo como companheiro um avô, tão velhinho quanto eu. Não queria e não podia envelhecer. Era um roteiro da vida, à época de meus avós, de meus pais. Que roteirista mudaria essa história? Por sorte, nós a mudamos, a turma que nasceu nos meados do século passado.... Nós, a geração do pós guerra, da segunda guerra mundial do século XX. Homens e mulheres mudaram o mundo. O fogão deixou de ser exclusividade feminina e passou a ser uma profissão de homem também: O “Chef de Cozinha” de grandes restaurantes. A costureira passou a ser estilista, modista, de profissão respeitada. O mundo virou de pernas pro ar.... Mulheres pilotando carros, motos. ônibus, caminhões.... Vestindo farda também, na policia, nos bombeiros...

Homens viraram maquiadores, costureiros, decoradores, cabeleireiros. Casais de mais idade viajando como jovens, com mochilas nas costas, se hospedando em albergues, em vez de hotéis. Aposentados, com a vida mais tranquila, filhos criados, agora buscando novos desafios: estudar teatro, música ou canto, cuidar do corpo, numa academia, fazer cursos de informática, aprender a fazer games, jogos eletrônicos. Mulheres se candidatando para o legislativo, o executivo e judiciário..... Vereadoras, Deputadas, Senadoras, Governadoras, Presidente, Juízas, Promotoras. Mulheres em setores antes de exclusividade masculina: oficinas mecânicas, construção civil, frentistas. E os avós que só sabiam mandar, viraram companheiros e amigos. O que aconteceu com esse mundo? As crianças de hoje tem um chip diferente do nosso... Hoje, avó de um menino de 6 anos e uma menina de quase 3 anos, fico espantada como estão conectados com a tecnologia, um mundo que tateio, que uso, mas não domino. Outro dia andando com eles por nosso bairro, de repente, meu neto parou na calçada e ficou olhando uma moça tentando andar de patinete. Ela tentava, mas o patinete continuava imóvel. O pequeno não se conteve e foi em direção da moça e disse: - “O patinete não vai funcionar”. E ela: “Como você sabe?” E ele, singelamente, disse: “O patinete está sem bateria”. Dia a dia aprendo algo novo e agradeço ter nascido nesse mundo misterioso, ter aprendido a envelhecer, sem ficar virando as páginas do meu passado, mas olhando o futuro e o que ainda posso fazer.

Malu com os netos


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Velho, é trapo! Divã

Sandra Regina Schewinsky

Psicóloga - Neuropsicóloga

Dona Ângela era uma amiga, italiana, com mais de 70 anos, muito animada e amorosa que, todos os dias, ia tomar café com minha mãe e avó. Eu, com meus sete anos de idade, abria a porta e sempre falava, graciosamente: “Oi Velha” e ela respondia: “Velha é trapo”, e eu replicava: “Oi Trapo!”. Riamos muito e seguimos essa mesma rotina, até seu falecimento. O Brasil está grisalho. A sobrevida dos brasileiros equivale aos países de primeiro mundo, mas estamos preparados para essa inversão da pirâmide populacional? Em minha prática profissional, como psicóloga e neuropsicóloga, atendendo várias pessoas na terceira e quarta idade, chama-me a atenção as dificuldades de aceitação sobre o envelhecido. Caro leitor, façamos um teste: O que lhe vem à cabeça com a palavra VELHO? Muitos respondem: “Trapo”, “que humilhação”, “que falta de respeito, perguntar isso”, “eu não sou velho” “não me troco por duas de 40 anos” e assim vai.

10 Velho enquanto adjetivo pode ser obsoleto, antigo, muito usado e antiquado. Como substantivo, aquilo que é antigo, que não constitui novidade. Agora, o que lhe vem à cabeça com a palavra IDOSO? Segundo a Organização Mundial de Saúde, idoso é todo individuo com 60 anos ou mais. Desta feita, vale a pena, diferenciarmos pessoas envelhecidas das joviais. Impossível e infrutífero querer parar o tempo. Mais perigoso, ainda, é não reconhecer as mudanças que os anos trazem para o corpo, em função da negação do envelhecimento, da não aceitação e da luta pela juventude. Temos pessoas que se machucam seriamente, pois se esquecem que não possuem a mesma força, velocidade e equilíbrio. Há jovens, envelhecidos, mal humorados, sem perspectivas. Em contrapartida temos idosos joviais, tolerantes, em consonância com os novos tempos. Assim, ao invés de brigar com a velhice, vamos lutar pela jovialidade. Manter o melhor condicionamento do corpo e principalmente uma mente ávida por novos conhecimentos, alegrias e desafios. Colorir a vida com afetos. Assim, concluo que a querida Dona Ângela tinha toda razão; “Velho é trapo”, MESMO! Contato: srschewinsky@hotmail.com Facebook:Neuropsicologia Sandra Schewinsky

Foto: Arquivo


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Uma breve visão histórica da velhice Contos II

João F Aranha

Cidadão e Repórter

Ao fazermos um passeio pela história, verificamos que o texto mais antigo que se tem conhecimento, abordando a velhice, data de 2.500 antes de Cristo, escrito por Ptah-hotep, filósofo e poeta egípcio. Nesse texto, a velhice é descrita como penosa, face ao enfraquecimento dos sentidos e da capacidade intelectual, as quais vêm sempre acompanhadas de dores. Por volta dos anos 400 e 500 a.C. Buda, Confúcio e Platão dão a sua visão sobre a velhice: Quando o jovem Sidarta, o futuro Buda, saiu furtivamente de seu castelo para dar um passeio pela região, deparou-se com um velho. Sidarta, que havia sido poupado, até então, de uma visão da real condição humana, espantou-se com a figura do velho. Foi dessa forma que Buda travou conhecimento primeiro com a velhice, depois com a doença e, finalmente, com a morte, as causas, segundo ele, do sofrimento humano. Ao retornar ao castelo, Sidarta entendeu então que ele era a morada da sua futura velhice. Dando um salto para a Grécia Antiga, encontramos um texto de Platão, em “A República” que narra o encontro entre Sócrates e o velho Céfalo. Platão, nas palavras de Sócrates, começa dizendo que lhe apraz conversar com velhos “pois são pessoas com as quais devemos aprender e que nos antecederam num caminho que também iremos trilhar, para assim conhecermos como é áspero e árduo ou tranquilo e cômodo”. É ainda pela voz de Céfalo que Platão diz: “Porque é bem verdade que a velhice nos proporciona repouso, livrando-nos de todas as paixões. Quando os desejos diminuem, a asserção de Sófocles revela toda a sua justeza. É como se nos libertássemos de inúmeros e enfurecidos senhores. No que diz respeito aos desgostos, aos aborrecimentos domésticos, estes têm apenas uma causa, Sócrates, que não é a velhice, mas o caráter do homem. Se eles tiverem bom caráter e espírito equilibra-

do, a velhice não será um fardo insuportável”. Há que se considerar também que a visão da velhice no Oriente se diferenciava daquela do Ocidente, pois na China o respeito aos velhos transcendia a própria família e era clara a correlação existente entre velhice e sabedoria como bem atestam as palavras de Confúcio: “Aos 15 anos, eu me aplicava no estudo da sabedoria, aos 30, consolidei-o; aos 40 não tinha mais dúvidas; aos 60, não havia mais nada no mundo que me pudesse chocar; aos 70, podia segurar os desejos do meu coração sem transgredir a lei moral”. Freud que vivia numa sociedade que considerava velho o indivíduo que beirava os 50 anos, julgava que “na casa dos cinquenta, as condições para a psicanálise tornam-se desfavoráveis” e “pessoas idosas não são mais educáveis...”. Paradoxalmente, Freud só refletiria sobre a velhice quando ela chegou a si próprio e, embora tenha se mostrado capaz, intelectualmente falando, até o final de sua vida, assim se expressou ao completar 80 anos: “...não consigo me reconciliar com a desgraça e o desamparo de estar velho e antecipo a transição para o não ser como uma espécie de anelo”. Sentimentos de baixa-estima decorrentes das perdas do envelhecimento, aliado ao considerável aumento da expectativa de vida, levaram psicólogos e psicanalistas a se preocupar cada vez mais com o que admitem ser possível, ou seja, o envelhecer saudável. Uma contribuição fundamental para a psicologia do envelhecimento surgiu com o conceito de Life-Span, entendido como o desenvolvimento que ocorre ao longo de toda uma vida. Este conceito está intimamente ligado à visão do processo de individuação postulado por Carl Gustav Jung, que defendia a ideia de que todo ser humano tende instintivamente a realizar o que existe nele em potencialidade, a crescer e completar-se durante o processo de sua vida. A noção de Life-Span pressupõe que envelhecimento e desenvolvimento são cursos correlatos e que os fatores biológicos não são limitantes, desde que os processos psicológicos já estabelecidos se mantenham e desde que o ambiente cultural não seja um fator proibitivo. Esta visão se contrapõe a crença de que a velhice inexoravelmente se situa numa posição de crescimento e declínio, pois considera que em todas as fases da vida há ganhos e perdas e é a forma como encaramos e administramos estas situações que poderá levar a um envelhecimento bem sucedido.


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A nova Capital do Brasil Crônicas do Brasil

Heródoto Barbeiro Jornalista/Historiador

Heródoto Barbeiro é âncora e editor-chefe do Jornal da Record News, em multiplataforma

bancado pela estatal. Seus acionistas, ainda que minoritários, querem receber os lucros na forma de dividendos. Quem banca é o tesouro nacional. Assim, é o contribuinte que sustenta os preços mais baixos dos produtos que ele mesmo compra. Quase como o cachorro correndo atrás do prório rabo. Não seria mais justo que a estatal bancasse a diferença de preço do seu próprio caixa e deixasse o tesouro nacional em paz para investir suas sobras em educação, saúde e saneamento básico? Para não perder o rumo, pelo menos três ministros fazem parte do conselho administrativo da petroleira. Seis outros membros são independentes. A escolha do presidente da estatal é feita por uma empresa especializada em descobrir bom gestor, que tem o seu nome aceito ou não pelo conselho. Como a maioria dos conselheiros é independente, nem sempre prevalece a vontade do governo. Há quem afirme que graças a esse tipo de gestão, a estatal tem margem operacional de 32 % e produz 89 barris diários de petróleo por funcionário. À gestão também é atribuída o alto valor de mercado de suas Foto: Arquivo

A empresa estatal é do povo. Uma empresa estatal não é apenas aquela em que o Estado tem cem por cento do capital. Pode haver participação de investidores privados, mas com controle estatal. Assim, o que deve prevalecer não são as regras do mercado, mas o interesse político do governo de plantão. É bom lembrar que empresas estatais que dominam setores estratégicos, como petróleo, por exemplo, nasceram e se desenvolveram nos extremos do espectro ideológico da esquerda e da direita. A diferença é que na esquerda o Estado se dizia representante dos trabalhadores, portanto ela não objetivava lucro, mas fornecer produtos essenciais á sociedade a um preço que o proletariado pudesse pagar. Enfim era um instrumento de melhoria das condições de vida nos países socialistas a caminho do comunismo. No outro extremo, as estatais também sofriam um dirigismo rígido do Estado direcionado para o nacionalismo, a grandeza da pátria e a construção de um reino ou um império de mil anos. A burguesia tinha participação na empresa e até poderia se favorecer com os lucros que gerasse. A estatal nasceu no contexto da Guerra Fria. Única forma de peitar as chamadas sete irmãs que controlavam o petróleo no mundo. Impunham preço e cotas de fornecimento. Eram, como diziam os críticos, um dos braços do imperialismo. O governo reservou para sí o controle de 80 % do capital, e os outros 20 % para o mercado, um modelo portanto diferente de uma estatal “puro sangue”. Ela tem o controle dos preços dos combustíveis e usa essa flutuação como política econômica do governo, contudo entre a diferença do preço do litro de diesel no mercado mundial e a bomba de gasolina não é

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ações em comparações com outras estatais na América Latina. Foco no negócio é outra qualidade da Ecopetrol a empresa estatal colombiana que destina 80 % do faturamento para prospecção de petróleo. Outra é que há forte concorrência no mercado uma vez que petroleiras estrangeiras podem ser donas de até cem por cento dos poços de petróleo na Colômbia. Essas características fazem da Ecopetrol uma avis rara no mundo petrolífero latino americano. Ou seja tem concorrência privada, e seus lucros são destinados aos acionistas, especialmente ao Estado que cuida de aplica-los em iniciativas sociais.


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O Bebê Ariano Ideal “Era Judeu?” Nosso Mundo, Nossa Cultura

Reuven Faingold Historiador

O protótipo de “bebê ariano” apresentado na capa da revista de propaganda nazista “Sonnie ins Hous” em 1935 era, na verdade, judeu. A revelação foi feita pela própria pessoa na foto, Hessy Taft. A mulher doou uma cópia da revista ao Museu do Holocausto de Yad Vashem em Jerusalém como parte da campanha “Recolhendo Fragmentos”, lançada em 2011, estimulando pessoas a doarem materiais ligados ao Holocausto. Hessy Taft, cujo sobrenome de solteira era Levinson, nasceu em Berlim em 1934. Era filha de judeus oriundos da Letônia. A maioria de seus familiares eram músicos e haviam chegado à Alemanha durante a República de Weimar para trabalharem como cantores de ópera. Em recente depoimento, Taft contou que o contrato de seu pai foi cancelado assim que suas origens judaicas foram descobertas. Em 1935, ano da publicação das “Leis de Proteção e Pureza do Sangue Alemão”, (também conhecidas como “Leis de Nuremberg”), a mãe de Hessy e uma tia levaram a menina para ser fotografada pelo renomado fotógrafo Hans Ballin.

Sete meses depois, para surpresa da família, a empregada dos Levinson disse ter visto a foto da pequena Hessy na capa da revista “Sonnie ins Hous” (Raio de sol em casa). Esta fotografia havia sido escolhida em concurso promovido pelo Departamento de Propaganda Nazista, chefiado por Joseph Goebbels. A melhor entre cem imagens clicadas pelos fotógrafos alemães representaria o “bebê alemão ariano ideal” e seria capa da revista. Sem que a família Levinson soubesse, Ballin submeteu a foto de Hessy e de outros dez bebês. A ironia de a fotografia trazer um bebê judeu foi motivo de piada durante muito tempo na família. A foto da menina também foi redistribuída em cartões postais em todo o país e até na Lituânia. Quando perguntada o que diria para o fotógrafo hoje, Hessy respondeu: “Eu diria: Que bom que você teve coragem”. Após fugir da Alemanha para Paris, a família escapou da ocupação nazista da França, migrando para Espanha e Portugal e finalmente de navio para Cuba. Em 1949, os Levinson se estabele-cem nos EUA, lá Hessy formou-se em química na Universidade Columbia, casando em 1959 com Earl Taft. O casal tem dois filhos e quatro netos. Ela ainda leciona química na Universidade de St. John’s. Apesar de sua família próxima ter sobrevivido à Shoá, vários parentes morreram nos campos nazistas.

Foto: arquivo Revista Isto É


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Ruth & Alex (2014) Dia a Dia

Nuria Torrents Artista visual, Escultora e Psicóloga Junguiana Aposentada como Advogada

Foto: Arquivo

Um casamento é feito de várias fases, e aqui vemos uma pequena crise se avizinhando, pelas angustias da esposa em antecipar os problemas que o envelhecimento pode trazer. O apartamento fica na “cobertura”de um prédio sem elevador e eles estão subindo as escadas com dificuldade. Algumas pinceladas de como foi o inicio da relação, como eles foram resolvendo os problemas que apareciam, trazendo à tona a sintonia entre os dois, o que permitia solucionar de forma colaborativa e não competitiva. Afinal, o que mantém duas pessoas, em harmonia por 40 anos? Vemos um casamento de almas, onde até as criticas são construtivas. O cuidado entre os dois, o cuidar um do outro e daquilo que o outro deseja ou necessita. Os percalços na venda do apartamento são vividos pelos dois, em consonância, juntos. E a solução para toda a angustia

também é percebida e encontrada pelos dois, em completa harmonia. Há desavenças mas elas são superadas por algo muito mais profundo que “abrir mão” ou “deixar pra lá”. Através da empatia. Empatia real, não é simplesmente entender o outro; é mais que isso, é se colocar no lugar do outro e ver com os olhos desse outro e, aí, a compreensão do ponto de vista daquele outro é muito mais substancial: aquele outro quer algo diferente de mim, mas não necessariamente contrário à mim. Cada um enxerga algo de acordo com as suas próprias vivências e experiências de vida. O difícil, num casamento, é a compreensão de o que parece bom para um, pode não ser para o outro. sinopse: um casal enfrenta um drama inesperado quando decide vender o apartamento onde moram há 40 anos.

Não deixe que as pessoas te façam desistir daquilo que você mais quer na vida. Acredite. Lute. Conquiste. E acima de tudo, seja feliz.

ANUNCIE COM A GENTE - PREÇO BAIXO E UM GRANDE ALCANCE


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A ética no veganismo Vida Saudável

Cida Tammaro Adm. de Empresas

A questão que rege o modo de vida das pessoas veganas não é somente o consumo alimentar. Para essas pessoas, há uma problemática ética, que envolvem o abate, a tortura, e o maus-tratos animais. Os veganos são atentos à maneira de fabricação de cada ítem dos seus consumos diários. Evitam marcas que usam animais para testes ou empresas que fazem maus tratos à espécie animal. A idéia de ser imoral e antiético, se alimentando de carnes animais, vem do fato que, o abate desses animais, produz sofrimentos a eles. Todo tipo de manipulação, confinamento e sofrimento, produzem estress no animal. Para as vacas produzirem leite, tem que mantê-las sempre em gestação, o que diminui a vida útil do animal, além de gerar estress nos mesmos e, nesse caso, sem contar que o bezerro não bebe o leite da mãe, pois tem que ser usado na indústria alimentícia. Isso causa grande tristeza na mãe e filhote uma vez que,

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esses bezerros choram muito para se alimentar, as vacas choram por não poder dar de mamar. Todos os seres vivos, possuem sistema nervoso central, capazes de sentir dor, exatamente quanto os humanos. Há um problema ético no consumo de carne porque o consumidor não vê como os animais estão sendo tratados e consomem sem consciência disso, desta maneira, perpetuam esse tipo de comportamento. Em grau comparativo, considerando-se as proporções, dá-se o exemplo de empresas que produzem com exploração de mão de obra, com o chamado trabalho humano escravo. Uma vez que o processo de produção de alimentos que envolve esses animais causa sofrimento, é eticamente censurado consumirmos. Assim, como seria eticamente censurável consumirmos produtos da empresa que escraviza seus funcionários? É exatamente o que motiva os veganos a não consumir produtos de origem animal. Ficam as perguntas. - Uma vez que humanos, vacas, porcos, cachorros e gatos tem sistema nervoso central, por que humanos se alimentam de uns e tratam outros com tanto carinho? - Como muitas pessoas têm um cachorro por exemplo, na qualidade de filho, e comem baby-beef, sem nenhum constrangimento? Vale refletir... Foto: arquivo


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Os 60+ e as novas tecnologias

David Brandes Engenheiro pós graduado em TI

Pensei a forma que começaria este artigo e acredito que a coisa mais importante é dizer que daqui em diante tratarei os idosos como pessoas “60+”. Acho uma forma carinhosa de sermos tratados e uma nomenclatura mais adequada a atual realidade, das pessoas desta faixa etária. Falando um pouco de minha experiência, tenho 60 anos, sou engenheiro civil com pós-graduação em tecnologia de informação e comunicação. Trabalhei 33 anos, na área de informática, em uma grande empresa, e mais de 90% deste período atuei na área de suporte, resolvendo dificuldades que as pessoas tinham na área de tecnologia. Quando falamos de tecnologia e pessoas 60+ devemos considerar tres públicos: o primeiro é o que nunca usou tecnologia e possui algumas resistências ao modernismo, tem a tendência de acomodação, conformismo, isolamento e tem muito medo que suas experiências de vida e do passado sejam engolidas pela tecnologia; o segundo público são aqueles que aposentaram-se e, por falta de necessidade, não tiveram grande contato com a tecnologia, e por considerarem-se ainda produtivos, querem voltar ao mercado de trabalho e precisam se atualizar: e o terceiro são aqueles que se adaptaram a novas tecnologias. Por vezes, os 60+ mostram-se reticentes e não muito confortáveis quando se fala em novidade, não gostam de conviver com celulares, computadores, etc. Existe uma desconfi-ança, pois pensam que perderão velhas recordações, aquelas recordações e lembranças do que passaram. Ao contrário do que pensam, toda esta tecnologia trará benefícios, não tirará nada que tenham vivido e conquistado. É uma

Ilustraão: enviada pelo colunista

Tecnologia

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forma a mais de independência e ajudará, sobremaneira, na melhoria na sua socialização, pois terão a oportunidade de buscar, encontrar e rever antigas amizades. Por outro lado, existem muitos pessoas, na faixa 60+, que têm a curiosidade, enxergam a oportunidade e estão aguçados em aprender, conhecer, usar e evoluir. Quando deixam o medo, a vergonha e a desconfiança para trás passam a utilizar, e acabam descobrindo um mundo cheio de novidades, ficando maravilhados com esta modernidade, se convencem e utilizam. É importante ressaltar que durante o aprendizado, eventuais dificuldades encontradas para interagir com as novas tecnologias não devem ser limitantes para a continuidade, cada pessoa tem sua habilidade e a curva de aprendizado é absolutamente individual. Precisam ser sempre incentivados, pois pode-se afirmar, com certeza, que o uso de computador, tablet ou celular auxiliará muito no exercício de seu cérebro. Finalizando, vou resumir alguns benefícios que podem ser adquiridos com a utilização das novas tecnologias: inclusão social, melhoria da relação entre gerações, melhoria da capacidade cerebral, autoconfiança, autoestima, mobilidade, independência, cultura, diversão, qualidade de vida, saúde, entre outras. No próximo artigo descreverei as inúmeras atividades que nós, os 60+, podemos fazer com o uso da tecnologia. Aguardem!


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Sobre o Teatro Teatro

Alice Denesacz Tec. Cabeleireira

Não se sabe ao certo a origem do teatro, mas supõe-se que na pré-história, no tempo das cavernas, o homem dotado de inteligência e curiosidade observava o comportamento dos animais, passando a imitá -los. Isso facilitava sua aproximação sem ser notado, para caçar. Depois, provavelmente, passou a encenar para os companheiros as situações que vivenciara, expressando-se, já que não existia, ainda, a linguagem escrita. Era uma forma de teatro. • EGITO Celebrava-se com representação, música e dança, a festa do Deus Osíris, sua morte e seu renascimento. O próprio faraó podia fazer o papel do Deus. O rito se relacionava com a fertilização do solo, pelo rio Nilo. • GRÉCIA Celebrava-se a colheita do vinho, uma vez por ano, na primavera, em grandes festas e rituais que duravam dias seguidos, dedicados a Dionísio (Baco para os romanos) Deus da fertilidade e do vinho. O Culto do Deus Dionísio, que também morria e renascia, deu origem a ritos religiosos e depois a Tragédia Grega, encenação de forma teatral na qual personagens místicos, mas humanos, debatiam se contra as forças do ¨destino¨. Em Atenas construiu se um teatro, ao ar livre, em formato de arena e representava-se ali, uma vez por ano, num festival. Os atores eram todos homens, mesmo nos papéis femininos. Usavam coturnos de sola muito alta, roupas com enchimentos e grandes máscaras, para representar heróis sobre-humanos. Três autores permaneceram até nossos dias: Ésquilo 525- 456 A.C Sófocles 497-406 A.C Eurípedes 480- 406 A.C

magazine 60+ #2 - agosto/2019 • ROMA Diferente da Grécia, o teatro de Roma limitava-se a representar a comemoração das vitórias e batalhas, utilizando milhares de figurantes e animais. Seu realismo exagerado fazia o resvalar da Arte de representar para a luta propriamente dita.Estava mais próximo da violência crua do que da delicadeza da arte, sendo que os atores poderiam acabar mortos em cena. • A IGREJA Quando o Cristianismo se impõe em Roma, a Igreja opõe-se às atividades teatrais pela violência e também pela ridicularizarão do Cristianismo, praticada nas pantomimas (representação gestual/mímica) sobre os ritos e hábitos dos cristãos. Assim, perto de mil anos no ocidente, o teatro quase desapareceu. A partir do Século XII começa-se a representar, dentro das igrejas, a ressurreição de Jesus. Então já não se tratava de uma liturgia, mas sim de representação teatral, posteriormente acrescida dos Mistérios, os Milagres e as Moralidades. No Século XIII, na França e Inglaterra, passou-se a ter também coreografias. No Império Romano do Oriente (Capital Bizâncio) o teatro continuou a existir na tradição Greco Romana, porém os temas passaram a ser cristãos. Após, seguiram-se vários períodos, a partir do sec XV o Renascimento (Shakespeare), Classicismo Frances sec XVII (Molière), Romantismo sec XIX, Realismo sec XIX depois o Naturalismo. No final do século XIX, chegamos ao teatro moderno, com o surgimento da figurando diretor. Entrevista Professor Diretor de Teatro Elton Victor, leciona para vários grupos de idosos. Graduado e especializado em Teatro para pessoas 60+. 1) Sendo um diretor jovem desde quando e porque se interessou pela população 60+? R- Tenho 43 anos não sou tão jovem assim. Trabalho com público idoso desde os 34 anos. Na verdade, comecei por interesse de saber como esse público reagiria às informações, porque acho que essas pessoas têm muita disponibilidade. Nem sei direito qual o termo mais adequado para tratá-los, porque os


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idosos têm, normalmente, mais disposição, mais vida, mais energia do que muitos jovens e por isso decidi trabalhar com os 60+, pois o teatro exige disponibilidade . 2) Você tem sido feliz na convivência com os 60+, ganha experiências nas trocas com eles, ensina e aprende? R- Na verdade, nem chamo meu trabalho de aulas, chamo de encontro, pois trata-se de um trabalho de muita percepção, troca de informações. São pessoas que trabalharam em diferentes profissões e trazem diferentes experiências, fazendo com que haja um espaço de troca e empatia. Aprendo muito com o que os 60+ me trazem a cada encontro. Aprendo com aquilo que eu ouço e também com o que vou percebendo, entendendo os limites de cada pessoa, o tempo de cada um, aperfeiçoando a empatia pelo outro. 3) Um curso de teatro traz benefícios à vida das pessoas 60+? Sou suspeito... O teatro é uma arte coletiva, não acontece sozinho. Até mesmo num monólogo, tem o ator no palco e mais um direElton Victor

Professor e Diretor de Teatro

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tor, um dramaturgo, uma pessoa que cuida da luz, outra do som, além da plateia. Então ele não está sozinho. Penso que o teatro traz benefícios de socialização , de memória, de autoestima , de comunicação, de superação de timidez,de criatividade, de convivência e acho que possibilita esses desenvolvimentos, porque a ferramenta principal é o ser humano, com suas emoções ,seu corpo, sua voz. Esse é o instrumento do ator. Meus alunos ,as pessoas com quem eu lido, diariamente, trazem elas próprias para o teatro. Eu acredito que ele traga, sim, muitos benefícios. 4) Seus alunos o surpreendem com os resultados ? R-Sim, o tempo todo, em todas as aulas. Nunca tive uma experiência negativa. Às vezes, há divergências de opiniões, o que também enriquece o discurso, o grupo, e torna-se material pedagógico, fazendo parte da peça. 5) Há alguma coisa que gostaria de acrescentar? R- Gostaria de dizer que o teatro é muito mágico. Tenho alunos desde 55 anos até 103 anos e tanto os de 55 quanto o de 103 continuam mostrando a capacidade humana em criar, sonhar e acreditar na vida. Essa mensagem para mim é muito importante: ¨que a gente nunca deixe de acreditar nas nossas capacidades e nos nossos sonhos¨. Se a gente acreditar, a gente consegue fazer tudo que quiser, mesmo acima dos 60 anos.

Foto: arquivo

Teatro Greco Romano de Taormina Sicilia - Itália


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Café, o que ele nos proporciona? Nosso cafézinho

Cida Castilho Barista

Essa bebida de aroma inigualável, tem o poder de aproximar as pessoas. O café está sempre marcando presença, à tarde, nos passeios que quase sempre terminam em uma cafeteria, com o intuito de se degustar um café espresso. Visitas queridas, quando chegam em nossa casa, sempre encontram um cafezinho fresco e, muitas vezes, com bolo de fubá. Uma combinação muito agradável e deliciosa, lembrando as tardes na casa dos avós. Outro momento delicioso é aquele final de festa, em que um saboroso café está a nossa espera. É assim que o café nos atende com toda elegância, seja ele um café tradicional, superior, gourmet ou especial. O importante é que ele tem o poder de nos envolver com seus aromas e sabores inconfundíveis e nos unir, em diversas situações. O paladar do brasileiro vem se aperfeiçoando para apreciar o que há de melhor nesse mercado, e alguns já reconhecem bons grãos de café, os que são moídos de forma correta e um café de qualidade. Hoje temos a nossa disposição, em mercados e casas especializadas, cafés de várias regiões produtoras do Brasil e cada

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um com suas características de bebida. Falando em regiões vamos falar o que é um café gourmet. O café gourmet tem um processo de limpeza dos grãos, eliminando a maioria dos defeitos que pode danificar a bebida, além de terem tamanhos de grãos uniformes para que a torra também seja igualada. Tudo isso finalizando com a torra, que é um momento mágico e poderoso, pois o torrador poderá estragar todo trabalho que foi feito desde a lavoura até o ensacamento do café, se não torrá-lo com maestria. Quem gosta de café, pode visitar algumas fazendas, para ver como é o processo deste produto, tão apreciado no mundo inteiro. Como há regiões produtoras de excelentes cafés, tomei a liberdade de trazer um grande amigo (veja na próxima página) que foi também meu aluno, para descrever, um pouco, sobre o café gourmet da Bahia. Apaixonado pelo que faz, professor do Senac, faz consultoria em cafeterias, treinamentos, enfim...., um mestre. Apreciem sem moderação. Nota: A palavra espresso, usada na Europa, vem do italiano e sua raiz guarda relação com o verbo latino que, em português, deu origem a espremer. Não há registro de espresso nos dicionários de língua portuguesa. ... Expresso significa rápido e um café “espresso” (de espremido em português), feito sob pressão. Costumo adotar o termo “espresso”, com “s”, porque ele não é rápido. Ele é feito de forma especial, para você.

Foto: espressoart.com.br


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Bahia dos Encantos ao Café Nosso cafézinho II

Anderson Pinto Barista

A Bahia é conhecida por suas belas praias, por ter o melhor carnaval do mundo, pessoas alegres e hospitaleiras. Quem poderia imaginar que, além de tudo isso a Bahia é também produtora de café e de altíssima qualidade, sendo o quarto maior produtor do país, atrás apenas de MG, ES e SP. O Estado está dividido em três regiões: oeste baiano (cidades como Luiz Eduardo Magalhães e Barreiras), que subdivide-se na Chapada Diamantina. O Planalto (cidades como Vitória da Conquista e Barra do Choça) e o Atlântico Sul (cidades como Itabuna e Itabela). O Oeste e o Planalto produzem cafés arábica e o Atlântico, conillon ou robusta. Em 2018, cerca de 46% dos cafés premiados no Cup Of Excellence 2018 (concurso mundial de café, realizado pela BSCA- Brazil Specialy Coffee Association) foram colhidos em fazendas da Chapada Diamantina. No total, dezessete produtores de Piatã (cidade de grande destaque pela qualidade) e um de Barra do Choça estavam na lista dos melhores cafés. Esse resultado consolida a Bahia como produtor dos melhores cafés entre

os melhores. Mas o que é que a Bahia tem? Os agricultores de Piatã apontam o clima diferenciado da região como um dos principais fatores do sucesso. Características advindas de fatores geográficos e de manejo. A maior parte dos produtores do município mantém fazendas com até quatro hectares. São pequenos produtores familiares que praticam a coleta seletiva, onde só se colhe os grãos maduros (ponto ideal da colheita). Dos 300 cafeicultores, 120 produzem cafés com atributos especiais, com sabores e valores diferenciados, que chegam a custar três vezes mais que os cafés de commoditie. Além do reconhecimento internacional e a valorização de toda a safra, os preços que podem chegar a 500% a mais do que o valor de mercado, os cafeicultores ganham com os lotes premiados. Esse café é tão apreciado que é exportado para o Vaticano e já virou o café oficial do Papa Francisco. Grandes cafeterias pelo mundo compram cafés da Bahia e os oferecem a seus clientes, nos mais requintados métodos de preparo, tornando a bebida ainda mais valorizada e apreciada. Portanto, quando vier a Bahia, além de curtir todos os seus encantos tradicionais, que essa terra oferece, não esqueça dos cafés de origem baiana, pois certamente irá levá -los na memória e no paladar e lhe asseguro: tomar um café nunca mais será a mesma coisa. www.ibicoara-chapada-diamantina.com


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Como não resistir a Lisboa? Destino Portugal

Marisa da Camara Consultora Imobiliária Brasil - Portugal

Dias claros, muito sol, boa comida, muita cultura e povo acolhedor. Vista uma roupa confortável e um tênis, porque vamos fazer um pequeno passeio pela capital portuguesa. Lisboa é altamente atraente. Banhada pelo Rio Tejo e geograficamente bem instalada, no que diz repeito a clima, proximidade do Algarve e regiões com praias, é a cidade mais populosa e também o centro político de Portugal, além de ser um dos principais centros econômicos do continente europeu. Com um aeroporto que movimenta aproximadamente 28 milhões de pessoas, ao ano, Lisboa atrai muitos turistas, principalmente no verão. Vamos começar a caminhar a céu aberto, logo pela manhã, antes do sol for-

Monumento: Padrão dos Descobrimentos Belém -Lisboa

21 Fotos: Marisa da Camara

te, pelos monumentos históricos, no bairro de Belém, à margem do Tejo: A torre de Belém, o Padrão dos Descobrimentos, o Mosteiro dos Jerônimos e a Igreja de Santa Maria de Belém ficam próximos e demandam tempo, de acordo com seu interesse, claro. Antes de nos dirigirmos à Baixa, não podemos deixar de comer os tradicionais Pastéis de Belém, bem próximo ao Mosteiro dos Jerônimos, onde nasceu essa delícia, em 1834. (Nas demais regiões de Portugal, eles são conhecidos como Pastéis de Nata). Desfrutando de Lisboa, a pé ou de carro, vamos de Belém à Baixa de Lisboa. A Baixa é a região construída após o terremoto de 1755. Nela estão o centro histórico e comercial, com ruas exclusivas para pedestres, com muitos restaurantes tradicionais e lojas. É lá que quase tudo acontece. Caminhar pela Praça do Comércio, passar pelo Arco da Vitória, andar pela Rua Augusta e comer um pastel (bolinho) de bacalhau, saboreando um bom vinho, na Casa Portuguesa, é quase que obrigatório. Não menos obrigatório é, com apenas mais dois kilômetros, conhecer o Chiado, bairro reduto de artistas, escritores, poetas e intelectuais de Lisboa. Tomar um café, à tarde, na Livraria Bertrand (aberta em 1732), entrar em várias boutiques descoladas e descer o ladeirão, para ver o pôr do sol, às margens do Tejo, dá vontade de segurar os ponteiros do relógio e fazê-lo parar, para respirar, com calma, e sonhar acordado por horas. Anoitece... É hora de se perder pelas ruelas do bairro de Alfama, ouvindo os fadistas do lado de fora das Casas de Fado e decidir onde a noite deve terminar com chave de ouro. Há que se sondar com os nativos sobre onde ouvir um bom fado, para evitar pagar-se caro, por um jantar ruim e cantores com pouca qualificação. Às vezes, acontece. É muito tocante a ligação entre brasileiros e portugueses, que transcende ao tempo. As músicas brasileiras tocam em bares e restaurantes, tanto por cd’s, como por cantores, em shows ao vivo. Grandes nomes da música portu-


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LX Factory Feira de Arte e Artesanato Lisboa guesa gravam em parcerias com grandes nomes do cenário musical brasileiro. A admiração pelo estilo, repertório e talento brasileiros se faz notar em uma viagem a Portugal. Já o Fado é um capítulo à parte. Ele é considerado patrimônio cultural e imaterial da Humanidade, pela UNESCO e tornou-se conhecido após 1840, em Lisboa. Os brasileiros das décadas de 40 a 60 cresceram ao sucesso da grande e famosa fadista lisboeta, Amália Rodrigues (1920-1999). Músicas como “Coimbra”, “Uma casa portuguesa” e “Foi Deus” foram sucessos internacionais, de Amália, que produziu 170 álbuns musicais, em sua carreira, que rendeu-lhe o título de A Rainha do Fado. De lá para cá, o fado se modernizou. Cantoras como Mariza, Ana Moura ou Carminho valem a pena serem ouvidas e ganharem um cantinho em seu coração. Impossível visitar ou falar sobre tudo o que há de bom em Lisboa, mas, ainda em Alfama, há diversos passeios para se fazer durante o dia, como conhecer a Catedral

da Sé e o Castelo de São Jorge. No bairro de Alcântara, ao lado de Belém, tem a imperdível LX Factory, conhecida como a Ilha da Criatividade, que é um enorme complexo de prédios, que abrigavam uma Cia de Fiação e Tecidos, desde 1846, e que viraram uma enorme feira de arte, com lojas, restaurantes e escritórios. Para os brasileiros, Lisboa está entre as cidades preferidas para se viver, tanto pelo clima, como pelo seu desenvolvimento. Por tratar-se de uma metrópole, tem seus imóveis com preços mais elevados, trânsito acentuado e elevado número de turistas. Lisboa tem uma história muito interessante. Vale conhecê-la: https://www. lisboa.net/historia Na próxima edição falaremos sobre Cascais, Sintra e Cabo da Roca. Não percam! marisa.camara11@gmail.com +5511 99947 7622


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A terapia artística na linha antroposófica - Linha do tempo

A terapia artística é uma ferramenta que pode ajudar-nos, em diversos momentos de nossas vidas, tanto na saúde física, como nos problemas de comportamento, depressão, ansiedade e outros. A partir da próxima edição, vou descrever sobre as formas de atuarmos com ela, os materiais usados, para quais casos ela é indicada , enfim todas as possibilidades e procedimentos do seu uso. Nesta edição, vamos compreender o histórico da Terapia Artística, desde seu princípio na Europa e até sua chegada ao Brasil. Então vamos lá: Essa modalidade terapêutica foi desenvolvida por Ita Wegman (1876-1943) e Rudolf Steiner(1861-1925), ela médica e ele filósofo, educador e artista, na qual a pintura era, às vezes, prescrita como parte de tratamento médico. Em 1925 a médica, Dra. Margarethe

Hauschka(1896-1980) ao visitar uma clínica na Suiça, para estudar Euritmia Curativa, encontrou-se com duas artistas alemãs, que trabalhavam com os pacientes, praticando a pintura. Nesse mesmo ano, até dois anos depois, ela trabalhou com pintura e cerâmica com pacientes da clínica do Dr.Husemann ,em Gunterstal, na Alemanha. Após dois anos, atendendo ao pedido da Dra.Ita Wegman, ela foi incumbida de cuidar terapêutica e culturalmente, de um número limitado de pacientes, em Lugano (Suiça), numa clínica antroposófica. Com essa experiência teve a oportunidade de desenvolver o elemento artístico de varias maneiras. De volta a clínica de Arlesheim, em 1929, paralelamente ao seu trabalho médico, Margarethe foi responsável pelo ensino de arte, nos cursos anuais de enfermagem e medicina antroposóficas, por 12 anos consecutivos, até que a 2ª.guerra colocou um fim temporário nessa atividade. Em 1940, ela foi para a Áustria, onde durante 22 anos trabalhou e deu cursos no país e exterior. Com base nessas experiências, contruiu as bases práticas e teóricas da terapia artística para fundar a primeira escola de terapia artística, em 1962, em Bad Boll, na Alemanha. Mais tarde surgiram outras escolas

“Em dias longínquos...

Aquela língua pela qual

O Espirito de tudo que é

O coração do mundo

terreno foi ter com

Fala ao coração do Homem.

o Espírito do Céu,

Foi então que o bondoso

e foi assim que ele falou:

Espírito Celeste

Eu sei falar

Deu ao Espírito Terrestre

Com o espirito humano,

A Arte!”

Terapia Artística

Lais Herrera Terapêuta Artística

Mas peço-te dar-me

Rudolf Steiner


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24 Foto: enviadas pela colunista

1969, em Bad Boll e teve como mestra a própria Dra. Margarethe Hauschka. Ada foi responsável pela Terapia Artistica na clínica Tobias por 20 anos. Em 1986 junto à Sociedade Brasileira de Medicina Antroposófica e com o apoio da Associação Beneficiente Tobias, Ada Jens iniciou, com entusiasmo constante, o primeiro curso de formação de terapeutas artísticos antroposóficos, que teve como sede o Centro Paulus de Estudos Goetheanísticos, em Parelheiros, São Paulo. Hoje existem no Brasil duas escolas de Terapia Artística , uma em São Paulo(SP) e outra em Florianópolis (SC). Na próxima edição falaremos do olhar que o terapeuta artístico antroposófico tem que também deram contribuições próprias para o seu paciente e como é feito o acolhimento. ao desenvolvimento dessa nova terapia. No Brasil , a terapia artística sur- Aguardem... giu graças ao impulso dado por Ada Jens Lais Herrera - Terapeuta Artistica (1921-1994), primeiro por meio de sua herrera.lais@gmail.com prática, na Clínica Tobias, São Paulo, e dewww.espacoclaraluz.com.br pois pela criação do curso de Terapia ArCel/Whatsap: (19) 99 648 77 20 tística. Enfermeira e fisioterapeuta, fez a formação em terapia artística no ano de

Você já ouviu falar em Idadismo? Longevidade

Juliana Acquarone especialista no mercado da longevidade

Idadismo, etarismo, ou até ageísmo, em uma versão aportuguesada do “ageism” em Inglês, são diferentes nomenclaturas para um tipo de preconceito muito presente em nossa sociedade, mas de que se fala pouco: o preconceito contra a idade. O termo pode ser pouco conhecido, mas a presença desse tipo de preconceito é facilmente percebida. Ele se manifesta na forma de estereótipos e discriminação, sobretudo em relação aos mais velhos, e tem consequências importantes tanto nas relações sociais quanto na própria saúde dos idosos. Sempre que achamos que alguém é

“muito velho” para fazer algo, ou partimos do pressuposto de que uma pessoa mais velha tem mais dificuldade em aprender novas tecnologias, por exemplo, estamos diante do idadismo. Premissas como essas, baseadas em estereótipos, acabam resultando em discriminação e as possibilidades que se abrem para experiências pessoais ou profissionais ficam limitadas pela idade. Este tema, felizmente, vem se tornando mais visível e debatido em diversas esferas. A ativista Ashton Applewhite fez uma apresentação bastante contundente sobre o idadismo em uma conferência TED em 2017, em que, entre outras coisas, alerta para o fato de que o preconceito contra a idade é o preconceito contra nós mesmos, já que todos estamos envelhecendo. Esta, aliás, é uma das muitas facetas perversas desse tipo de preconceito. Quando acreditamos que a idade determina nossas habilidades, que limita nossas experiências e possibilidades, passamos a enxergar o envelhecimento como algo negativo, que deve ser combatido ou até cura-


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do. Adotamos, muitas vezes sem perceber, atitudes de negação da idade, valorizando as pessoas que não aparentam a idade que têm ou que conseguem manter-se jovens por mais tempo. Mas, se as experiências que estamos vivendo aos 50, 60 ou 70 estão ao nosso alcance e são prazerosas, por que precisamos fingir que somos mais jovens para nos sentirmos “autorizados”? Esse é um reflexo do auto preconceito, que podemos e devemos combater. Uma iniciativa recente da Organização Mundial da Saúde está reunindo estudos sobre o idadismo através do trabalho de 4 grupos de pesquisa espalhados ao redor do mundo. Os resultados preliminares indicam que programas de combate ao idadismo geram resultados muito favoráveis, especialmente quando combinam atividades de educação sobre o preconceito e suas diversas formas ao incentivo à convivência em grupos intergeracionais. Atividades comunitárias que aproximam os mais jovens dos mais velhos diminuem o preconceito e a discriminação. Certamente, a maior visibilidade que o tema vem ganhando nas esferas midiática e acadêmica contribui para a consciência e combate ao idadismo. E, individualmente, cada um de nós pode assumir uma postura mais ativa diante desse tipo de preconceito, identificando e questionando suas manifestações cotidianas. Da próxima vez que você ouvir alguém falando no diminutivo

com uma pessoa mais velha, por exemplo, não se intimide e pergunte “por quê?”. É possível que você provoque uma reflexão transformadora. Mino bio: Juliana Acquarone é especialista no Mercado da Longevidade. Executiva com mais de 20 nos de experiência em insights sobre o comportamento do consumidor brasileiro, estuda as implicações da longevidade para o mercado de consumo e apoia marcas na construção de relações bem-sucedidas com o público de maior poder de compra da atualidade. É fundadora e Diretora Executiva da Mercado Sênior e professora nas disciplinas de Consumer Insights e Mercado da Longevidade na pós-graduação da ESPM/SP

Terapia Floral

destreza dos movimentos é algo que pode assustar. Contudo, se não podemos controlar o processo natural, somos capazes de administrá-lo, nos apropriando do que temos de melhor, além de criar novas perspectivas. No entanto, para outros, esta fase está relacionada a condições de plenitude, o que faz qualificar as pessoas maduras, como aquelas que lidam com benevolência aos infalíveis desencantos da vida. Os indivíduos que conduzem seu estágio de envelhecimento com sabedoria abrem novas portas, descobrem outros caminhos, onde possam exercitar toda sua rica experiência. Onde, então, entra a questão dos Florais? Afinal, sabemos que nem tudo são flores. Há os que nesse momento da vida entram em depressão, seja por solidão, por

juliana.acquarone@mercadosenior.com.br

+55 11 94131-5055

Foto: portaldoenvelhecimento.com

Como os Florais podem ajudar

Ione Almeida Terapêuta Floral

Maturidade, para alguns, remete a velhice e decadência. Isto porque a associam com os estágios naturais do processo biológico, de envelhecimento. De um modo geral, esta etapa é considerada triste, humilhante, chata e até dolorosa. Claro que perder o viço, o brilho juvenil do olhar, a


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equilibrando as emoções. No caso do medo, por exemplo, a essência encoraja a pessoa a enfrentá-lo. Para o Dr Bach, os nossos aspectos emocionais precisam ser tratados para nossa saúde ser restabelecida. A falta de saúde ocorre quando há um desequilíbrio na percepção consciente de nossa identidade, o que faz com que nos distanciemos dos outros ou percamos o contato com nossa alma e nosso propósito de vida. Para ele a doença é uma mensagem que nos conscientiza para mudarmos nossas atitudes, um excelente ensejo para aprendermos com as lições da vida, pois é próprio do ser humano resistir às mudanças e as essências vem auxiliar a abdicar dessa resistência. Voltando à relação do processo de envelhecimento com os florais, certamente ficou mais claro entender como as essências podem ajudar nessa etapa. Para cada indivíduo, este ciclo de vida traz sentimentos, sensações e mesmo sintomas diferentes. Nem sempre a pessoa apresenta-se equilibrada, pela própria mudança de vida: aposentadoria, síndrome do ninho vazio, perda do parceiro, entre outras coisas. Nesse sentido, os florais podem ajudar, e muito, a equilibrar essas emoções e, desta forma, auxiliar as pessoas a atingirem com maior facilidade o estado de maturidade plena, desfrutando dessa fase com muito mais alegria e sabedoria! Tirando partido de todo conhecimento e experiência adquirida ao longo da vida. IONE ALMEIDA Terapeuta Floral 11 99639 3383 almeida.ione@terra.com.br Foto: portalgaia.com

não aceitar os limites físicos, por carência afetiva, medo do futuro ou, sobretudo, falta de sentido na vida. Edward Bach (1886-1936) foi um médico inglês que tinha um interesse genuíno pela natureza e, já naquela época, buscava a prática da medicina natural, portanto, um médico à frente do seu tempo e que desenvolveu o sistema de cura por meio das essências florais. Ele acreditava que o bem-estar emocional era o que determinava a boa saúde física e, por intermédio de seus estudos, observou que o mesmo tratamento não curava a mesma doença, em pessoas diferentes. Percebeu, também, que a personalidade e as atitudes das pessoas afetam seu estado de saúde, ou seja, a personalidade do paciente influenciava no tratamento e era mais importante que os sintomas da doença. Assim, concluiu que: “ não era a doença que precisava ser tratada, mas o doente e suas características de personalidade”. Ele criou 38 florais que cobrem todos os aspectos emocionais da natureza humana, divididos em 7 categorias: para os que sentem medo, para os indecisos, para os que sentem falta de interesse pelas circunstâncias atuais, para os que sentem solidão, para a sensibilidade excessiva, as influências e opiniões, para os que sentem desalento ou desespero e para os que têm excesso de preocupação com o bem-estar alheio. Cada categoria dessas abrange uma série de diferentes estados emocionais e mentais. O medo, por exemplo, envolve desde o terror mais profundo até o medo específico, como os de animais, avião, entre outros. E, para cada emoção, ele desenvolveu uma essência floral própria. Portanto, automedicação é um problema, simplesmente diagnosticar um sintoma de medo, por exemplo, não é suficiente, daí a importância do terapeuta para o diagnóstico adequado e acompanhamento do processo de cura. Mas o que vêm a ser as essências florais? De um modo geral, são extratos líquidos e ingeridos oralmente. Eles atuam

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Grupo de trabalho 60+ 22ª Edição do Festival do Japão

Foi uma conjunção de astros a favor... Um final que veio depois de uma semana escandalosamente fria, mas que escancara o sol para o sábado do evento Festival do Japão, na sua 22ª edição. Com a temática “cultura sem fronteiras” veio até nós, do Trabalhos 60+, na marca dos pênaltis. A organizadora, Beth Hong, nos visitou na 2ª feira da semana do evento e, mesmo sem a adesão maciça do grupo, em função de viagens e compromissos, posso dizer: fizemos bonito. É bom ressaltar que o Festival representado nas 47 províncias, com 15 mil voluntários, e que recebeu mais de 200 mil visitantes, distribuídos nos 3 dias de Festival da última edição, teve uma organização logística impecável. Com o tamanho da “responsabilidade” foi um garimpo diário de 2ª a 6ª, mas com adesão e prontidão do Guerreiro do Bambú Sagrado, Beneh Mendes; a postura High Tech da animada Cecília Faipó;

27 por: Lilian Shibata Eduardo Meyer

o Grupo Fantástico da Terapia da dança da Aclimação, do qual faço parte, sob a batuta de Virginia Ramos. Pinturas com bases de molhos, e é claro o Shoyu, tradicional molho japonês, com o artísta Rogério Vicari; música circular com a criação sonora da Liria Inomata e exercícios restaurativos, com Matilde Vilar. Ah! E o Grupo Trabalho 60+, com Eduardo Mayer e Lilian Shibata, que apresentaram o Propósito e Identidade e contaram com o apoio do Grupo. Podemos dizer que conquistamos mais olhares e ouvidos atentos para esse movimento inclusivo, colaborativo e prazeroso.

Fotos: enviadas pelo grupo

Shibata e Meyer no evento


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O Cangaceiro romântico ‘Causos’ do Nordeste

Tony de Souza Cineasta

Jesuino Alves de Melo era agricultor e pequeno criador de gado no interior do Rio Grande do norte em meados de 1800. Na época, havia duas forças políticas que se revezavam no poder: os liberais e os conservadores. A família de Jesuino era do Partido Liberal. Eram brancos (“aloirados”) de olhos azuis. Na região havia também uma comunidade de negros, os Limões, que apoiavam os conservadores e eram protegidos por eles. Certo dia desapareceu uma cabra da propriedade dos Alves e foram encontrá-la no território dos Limões já pronta para ir para panela. Os Alves acusaram os Limões de ladrões e um dos Limões, Honorato Limão, encontrando um irmão de Jesuino na rua, Lucas Alves, deu-lhe uma surra. Jesuino imediatamente procurou Honorato, que bebia numa bodega, se gabando do seu feito e o mata. A partir desse episódio, passou a usar o pseudônimo de “Brilhante” em homenagem ao tio José Brilhante, famoso fora da lei, de quem ouvia histórias desde criança, dentre elas a descoberta de uma fortaleza natural apelidada de “casa de pedra”, ali na região. Jesuino forma um bando de cangaceiros e vive foragido por quase dez anos sem que nenhuma força policial consiga detê-lo. Tinha um código de honra que qualquer um que entrasse para o bando tinha que seguir: não tocar no alheio e respeitar a casa das famílias honestas. Conta-se alguns casos de moças “desonradas” que acabaram se casando na marra com o sujeito que a “desonrou” por interferência de Jesuino. Mas a história aqui narrada é dos últimos dias do “Cangaceiro Românti-

co”, quando já parecia cansado da vida que levava, desentendendo-se com seus companheiros, tendo inclusive matado um deles por querer descumprir o código de honra. Jesuino agia cada vez mais por impulso, sem ouvir os que o acompanhavam. Parecia desafiar a própria morte em manobras cada vez mais arriscadas. Uma dessas ousadias foi ir sozinho visitar a família no sítio Tuiuiú, quando as forças policiais da Paraíba e Rio Grande do Norte não viam a hora de conseguir surpreendê -lo e efetuar sua prisão. E ainda prometeu à família que voltaria em breve. Jesuino precisando de uma sela nova para seu cavalo exalação, vai encomendá-la a um conhecido seleiro chamado Zé Inácio. Esse seleiro o trai avisando à policia de Caraúbas o dia e hora que ele irá pegar a sela. Precavido, Jesuino chega bem antes da hora combinada e deixa seus homens escondidos de sobreaviso.

Foto: Universidade Federal de Pernambuco - Campus Acadêmico Agreste Graduação em Design

O seleiro começa a embromar para ver se a polícia chega. Jesuino desconfia e se prepara para surpreender a polícia em vez de ser surpreendido. Espalha seus homens pela casa do seleiro e quando a policia chega é recebida com uma chuva de bala. Na troca de tiros Jesuino é ferido. Todos se dispersam. Cangaceiros e policia. Jesuino consegue pegar seu cavalo exalação e fugir. Ai começa a lenda. O cavalo aparece no sitio Tuiuiú todo sujo de sangue, sem o cavaleiro. Até hoje não se sabe ao certo onde foi parar o corpo de Jesuino.


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WORKSHOP DO GUERREIRO SAGRADO (Não existe saúde sem saúde emocional)

Conheça os 5 Hábitos Mágicos do Guerreiro. - Alongamento, postura e consciência corporal. - Respiração de cura, controle da ansiedade e dos pensamentos repetitivos, com paz e foco. - Flexibilidade física, mental e emocional. Saúde. Sabedoria Milenar Japonesa e processos de cura.

WORKSHOP Treinamento Físico e Emocional do GUERREIRO

AS PRÁTICAS FÍSICAS A FILOSOFIA E A MEDITAÇÃO DO GUERREIRO

DIA 16/08 – SÁBADO – DAS 14H ÀS 18H30 Consciência Cósmica – Rua Alberto de Oliveira, 72 (2 Quadras do Metrô Brigadeiro e Av. Paulista – Travessa da Rua Carlos Sampaio). Tel.: 3287.7022 / Whats 96749.3970


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DICAS DE EBE FABRA NA COZINHA

Receitas Fáceis

Ebe Fabra Chef de Gastronomia

Como é bom reunir amigos e familiares na cozinha! Não precisa ser final de semana, feriado ou férias. Qualquer dia é sempre bom. Aprender, ajudar, ler e brincar. Que delícia! Escolhemos os ingredientes e montamos um cardápio, que pode ser um suco, uma sopa, um canapé, um bolo, uma massa... e... todos com as mãos na massa. Como é bom ver todos participando, fazen-

do suas escolhas, dando seus palpites! Eu e três amigas, passamos um fim de semana, juntas, em uma praia, onde preparamos uma refeição, em casa, em que todas participaram. O cardápio foi desde frutos do mar até charutinho de repolho. Rimos e nos divertimos muito, durante e após a elaboração dos pratos. A mesa toda colorida, flores enfeitando, pratos floridos e taças, uma de cada cor. Brindamos aquele momento com um bom vinho e acendemos velas, para dar mais requinte ao ambiente. Um prato mais saboroso que o outro, sendo difícil saber qual era o melhor. O que vale, mesmo, nessas ocasiões são as lembranças dessa amizade e a descontração daqueles momentos que jamais iremos esquecer. Para relembrar, vamos a receita de cuscuz de camarão.

INGREDIENTES

300 gr de flocão de milho ou farinha de milho flocada, 1/2 kg de camarão limpo e descascado,1 cebola grande em cubinhos, 3 dentes de alho grandes fatiados bem fininho, 1 pimenta dedo de moça picada em pedaços pequenos, 2 colheres de sopa de azeitonas fatiadas, 1/2 pacote de ervilhas cogeladas, 1 lata de milho lavado e escorrido, 3 tomates médios em cubinhos, 1 folha de louro, 1 pires de cheiro verde picado, 1 lata de molho purê de tomate, azeite e sal a gosto. Foto: arquivo

MODO DE PREPARO Coloque o óleo cobrindo o fundo da panela e adicione a cebola, o alho e o louro Depois coloque o camarão e dê uma mexida. Pegue o milho, a ervilha e os tomates e coloque na panela com a fritura. Coloque sal e deixe ferver. Quando começar a ferver vá adicionando o flocos de milho mexendo com uma colher de pau para não grudar. Se precisar vá colocando um pouco de água para desmanchar bem. Coloque o cheiro verde e misture. Unte uma forma com furo no meio ou um pirex e despeje toda a mistura. Espere esfriar, depois deixe na geladeira por 10 minutos Quando quiser comer é só desenformar e esquentar no forno ou em micro ondas. Bom apetite


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A arte no Paleolítico A História da Arte

Manoel Carlos Conti Artista Plástico Jornalista

A pré-história é, com certeza, o maior período de nossa história. Graça Proença, em seu belo livro “História da Arte”, divide esse período em Paleolítico Superior e Neolítico. Observamos hoje que o homem do Paleolítico Superior trabalhava sua arte de uma forma bastante simplista, assim, podemos dizer que naquele período os artistas representavam somente aquilo que visualizavam. Eles já tinham, também, uma consciência própria de dar formas e cores num estilo próprio, uma das grandes características que marca todos os artistas, de todos os tempos. Nesse período, o homem era na sua essência, caçador. Ele percorria grandes distâncias para prover suas cavernas e sua gente, de alimentos e de material para aquecimento, como peles e plantas secas onde, até então, não haviam descoberto o fogo. Pinturas rupestres foram encontradas em várias partes do Mundo, como nas Cavernas de Chauvet (França

Foto: Discovery

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1994), Lascaux (França 1994), Altamira (Espanha 1868), essa última, foi a primeira produção descoberta porém a veracidade das pinturas só foi reconhecida em 1902. Na Gruta de Rodésia, no Continente Africano, existem produções datadas com mais de quarenta mil anos. Muitos trabalhos encontrados nas Cavernas de Chauvet são maravilhosamente desenvolvidos em relação a outros da mesma época. Os homens pré-históricos daquela época e daquele local utilizaram técnicas de sombreamento e perspectiva, que só foram utilizadas milhares de anos depois, mais especificamente na época da Renascença. Os artistas desse período também realizavam trabalho em esculturas, onde é possível notar a ausência da figura masculina, tanto nas pinturas quanto nas esculturas. Acredita-se que a presença da representação feminina se dá em razão da crença de que nos desenhos ou nas pequenas estatuetas femininas, esses seriam amuletos relacionados com o culto à fertilidade, fator decisivo para a sobrevivência do grupo. Nesse trabalho destaca-se: a Vênus de Willendorf (ilustração abaixo). Na próxima coluna darei um ‘pulo’ para aproximadamente 13.000 anos aC onde o homem começou a dominar o fogo. Até lá! Conhecida como Mulher de Willendorf, é uma escultura de 11,1 cm de altura. Foi descoberta pelo arqueólogo Josef Szombathy em 8 de agosto de 1908, no sítio localizado próximo à Willendorf, - Áustria e sua datação está entre 25.000 a 20.000 a.C. Hoje ela pode ser vista no Museu de História Natural de Viena


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