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PARA ABRIR CAMINHOS
Projetos utilizam a tecnologia para solucionar problemas de mobilidade urbana
Muito mais do que jogos, redes sociais e entretenimento em geral, entre os milhões de aplicativos que explodem em downloads a cada minuto no mundo também estão presentes iniciativas sociais voltadas para solucionar problemas do dia a dia. São programas que pensam na cidade e em seus moradores. Programas que, a partir da tecnologia, contribuem para tornar os espaços urbanos mais acessíveis, inclusivos e inovadores. E no cotidiano de grandes cidades, como o Recife, soluções práticas voltadas para cidadania, educação, inclusão social e mobilidade, por exemplo, ganham cada vez mais força. A revista mobIT foi atrás de três cases que, de alguma forma, usam a tecnologia para promover soluções de mobilidade – todas com raízes no Porto Digital. Um deles é o Cittamobi, um dos aplicativos de maior sucesso na temática de mobilidade. Outro é o PE Conduz, que usa a tecnologia a serviço da acessibilidade. Também apresentamos a Taximov, um dos pioneiros no serviço de solicitação de táxis por smartphones.
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SAIBA MAIS:
cittamobi.com.br
cittamobi CITTAMOBI
Que ônibus passa por aqui? Que trajeto ele faz? E quando chega o próximo? Usuários de transporte coletivo passaram anos fazendo essas perguntas nas ruas e hoje conseguem ter todas as respostas pelo celular. Essa é a intenção do aplicativo Cittamobi que já ultrapassou 800 mil usuários. O aplicativo, disponível para Android e iOS fornece horários e previsões em tempo real das linhas de ônibus.
O aplicativo vem contribuindo para uma transformação na rotina das pessoas. Com o acesso aos horários, às previsões e aos locais de parada, é possível planejar melhor as saídas de casa.
Logo após sua criação, o aplicativo ampliou suas possibilidades de serviços e passou a mostrar quais são os veículos adaptados para cadeirantes, além lançar uma versão para pessoas com deficiência visual, o Cittamobi Acessibilidade. Nesse caso, o usuário pode ter acesso a todas as informações que precise consultar através do serviço de VoiceOver.
“Apostamos na ampliação com a indicação do percurso dos ônibus depois que criamos a ferramenta para o CittaAcessibilidade. Nele, toda a comunicação com o passageiro é por voz, exatamente para atender ao deficiente visual”, explica Carlos Sampaio, gerente comercial da Cittati, empresa que desenvolveu o CittaBus.
Ao todo, 14 municípios já contam com o serviço,incluindo as capitais Recife (PE), Rio Branco (AC), Maceió (AL), Salvador (BA).
WALDEMIR FARIAS Diretor da Sophia/Urja Social
SOL PULQUÉRIO
PE CONDUZ
Mais do que mobilidade urbana, o projeto PE Conduz nasceu pensando também em inclusão – e nos caminhos para a acessibilidade. Gerenciado pela Urja Social (antiga Sophia), empresa com raízes no Porto Digital, o projeto é responsável pelo transporte porta a porta de pessoas com deficiência e alto grau de comprometimento de mobilidade motora. Proporciona o transporte entre domicílios e centros de saúde ou de lazer, necessários para o tratamento e reabilitação dessas pessoas. O programa é vinculado à Superintendência Estadual da Pessoa com Deficiência (SEAD), que faz parte da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SEDSDH) do Governo de Pernambuco.
O atendimento é gratuito e dirigido àqueles que possuem renda familiar inferior a um salário mínimo. Para isso, são 40 veículos espalhados por 29 municípios da Região Metropolitana do Recife, do Agreste e do Sertão. Na média de 12.850 viagens por mês, esses veículos conseguem atender cerca de 450 usuários, que acessam as unidades móveis equipadas com tecnologias capazes de monitorar, em tempo real, a localização e a movimentação dos veículos e dos usuários embarcados e desembarcados.
Várias cidades brasileiras possuem esse serviço em funcionamento mas nenhum possui o nível de tecnologia implementado no PE Conduz.
SAIBA MAIS:
peconduz.pe.gov.br Waldemir Farias, diretor da Urja Social, acredita que o projeto possui um diferencial entre programas semelhantes. “Percebemos há algum tempo que existem no Brasil muitas ações voltadas para o social, mas que são carentes de instrumentos de controle e gestão, de indicadores de avaliação e de ferramentas tecnológicas que otimizem ou inovem seu processo de operacionalização. No PE Conduz, contribuímos com a implantação de um programa social que, ao aliar inovação tecnológica e ferramentas de gestão, supre essas carências e propicia um melhor serviço à população”, afirma. “Várias cidades brasileiras possuem esse serviço em funcionamento. Mas, com o levantamento e as visitas que temos feito em várias cidades, vimos que nenhum possui o nível de tecnologia implantada no PE Conduz. Nem mesmo em São Paulo, onde o serviço funciona desde 1996 e possui mais de 300 veículos em operação”, completa o diretor.
DIVULGAÇÃO
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TAXIMOV
Foi-se o tempo em que as duas únicas maneiras de conseguir um táxi era na rua, com o braço estendido, ou por telefone. As telas dos smartphones trouxeram novas – e práticas – maneiras de contratar o serviço. E para que esse processo se tornasse ainda mais rápido e seguro, alguns projetos desenvolveram sistemas ágeis e interativos, como é o caso do Taximov. A empresa surgiu em parceria com o CESAR, o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife, e atua nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro – sobretudo para o público empresarial.
“As sementes do projeto começaram a ser plantadas ainda em 2009. Idealizado por paulistas que já conheciam o trabalho do CESAR e nossas soluções diferenciadas, nos
Apoiar projetos de impacto não é novi
dade para o Porto Digital. Guilherme Calheiros, diretor de Inovação e Competitividade Empresarial, explica que a casa funciona com base em um plano estratégico que se ramifica em eixos. Dentre eles, destaca-se o de Responsabilidade Social Empresarial, que inclui melhoria da mobilidade urbana, dando suporte a projetos que visam contribuir com a qualidade da vida nas cidades. Essa ajuda pode ser na infraestrutura, acolhendo a empresa ou disponibilizando laboratórios de alta tecnologia; através da qualificação e consultoria profissional; ou ainda financeira, por meio da aceleradora, basta ficar atento às chamadas divulgadas pelo PD. Entre as ações, estão ainda destinação correta de resíduos eletroeletrônicos, desenvolvimento de tecnologias acessíveis e capacitação de pessoas com deficiência para inclusão no mercado de trabalho.
Diretor de Inovação e Competitividade Empresarial do Porto Digital
chamaram para executar o projeto e facilitar a vida de quem anda de táxi, especialmente empresas, que não querem perder tempo de espera e precisam controlar o fluxo de demandas pelo nosso e-voucher”, explica Urbano Chagas, Gerente de mais próximos, ampliando as possi
Projetos do CESAR.
Em sistemas tradicionais, o radio-táxi localiza o passageiro pelos Pontos de Atendimento (PA), que são áreas geográficas da cidade, dando ao taxista livre a oportunidade de ir buscá-lo dentro do seu PA. Ele, entretanto, não pode ultrapassar as áreas-limite, mesmo que esteja bem perto do destino. No caso do Taximov, independentemente da PA em que está localizado o passageiro, o sistema traça um raio de cerca de 7 ou para menos, localizando os táxis
km, podendo ser alterado para mais bilidades e diminuindo o tempo de espera. A localização do taxi e o mapeamento das rotas mais livres são feitas por GPS. Para utilizar o serviço, o cliente solicita um táxi acessando o taximov.com.br de qualquer aparelho com conexão, ou ainda, fazendo download do aplicativo Taximov para Android ou iOS.
SAIBA MAIS:
taximov.com.br
taximov
Mobilidade para todos
Sistema de transporte rápido de ônibus traz mais agilidade e conforto para passageiros, além de dar celeridade ao trânsito do Recife
Mobilidade urbana é um tema recorrente no dia a dia da população recifense, afinal, o trânsito congestionado em muitos horários e em diversos pontos, a dificuldade de encontrar vagas para estacionar e o grande tempo gasto para percorrer pequenos trajetos são entraves rotineiros para quem precisa se deslocar na região, seja de carro, moto ou de ônibus. Mas há luz no fim do túnel e algumas soluções para aumentar a mobilidade na cidade já saíram do papel. É o caso do Porto Leve, sistema de aluguel de bicicletas, que foi ampliado para o Bike PE, e da adoção do modelo BRT (Bus Rapid Transit) ou Transporte Rápido por Ônibus para o transporte coletivo. O BRT utiliza veículos mais confortáveis que os convencionais, com maior espaço interno e ar condicionado, que trafegam em faixas exclusivas e possuem infraestrutura diferenciadas nas paradas. Para eles operarem pela Região Metropolitana do Recife (RMR), foram criados dois corredores de tráfego: o Leste/Oeste, que liga Camaragibe ao Centro do Recife, e o Norte/ Sul, de Paulista até o Centro. O projeto é coordenando pelo Grande Recife Consórcio de Transporte, órgão gestor do Sistema de Transporte Público de Passageiros, e operado pelos consórcios Conorte e MobiBrasil.
O Conorte é formado pelas empresas Itamaracá, Cidade Alta e Rodotur, responsável pelo corredor Norte/Sul que contempla os municípios de Igarassu, Ilha de Itamaracá, Itapissuma, Araçoiaba, Abreu e Lima, Paulista, Olinda e Recife, numa extensão de 33 quilômetros de via. Já o consórcio MobiBrasil, das empresas CRT e Rodoviária Metropolitana, cuida da operacionalização do corredor Leste/Oeste e beneficia os municípios de São Lourenço da Mata, Camaragibe e a capital, tendo 12 quilômetros de percurso.
O novo conceito de transporte público já pode ser observado por quem circula pela região central da RMR. A primeira linha do BRT a circular foi a Camaragibe/Centro, que parte do Terminal Integrado (TI) de Camaragibe, em funcionamento desde junho. Depois, a linha Camaragibe/Derby foi colocada nas ruas. Mais recentemente, o corredor Norte/Sul também entrou em operação com os veículos das linhas TI PE 15/Dantas Barreto e TI Pelópidas Silveira/ Dantas Barreto. E outras linhas ainda serão implantadas em 2015.
MANU DUARTE ILUSTRAÇÃO
Para Diego Benevides, da Gerência de Mercado da Itamaracá Transportes, o maior ganho para os usuários é o conforto. “É uma opção mais confortável e rápida, uma vez que os veículos são climatizados e têm outros equipamentos embarcados que geram comodidade. Além dos ônibus pararem em menos pontos do que os das linhas convencionais” avalia. Quem usa o transporte está aprovando a mudança. Wagner Oliveira, estudante universitário de 21 anos, é um dos beneficiados pelo BRT. Desde a implantação do sistema, Wagner utiliza o ônibus da linha Camaragibe/Centro em média cinco vezes por semana para ir ao estágio. A principal vantagem, segundo ele, é que as viagens estão mais rápidas e, como o espaço é mais aconchegante, oferecem mais qualidade no serviço aos passageiros. “Dá até para dormir na viagem”, acrescenta.
TERMINAIS
Como Wagner, mais pessoas ainda serão beneficiadas pelo BRT, pois outras estações e terminais estão sendo construídos. Quando estiver todo pronto, o corredor Norte/Sul, que tem os terminais PE 15 (Olinda) e Pelópidas Silveira (Paulista) em funcionamento, vai contar com mais dois terminais integrados, os de Abreu e Lima (ainda em fase de construção) e Igarassu, que será reformado. Os dois pontos de integração vão aumentar o alcance do corredor Norte/Sul e receber os passageiros de toda a região que precisam se deslocar para Recife. Ao todo, serão 28 estações para os veículos. Além do terminal de Camaragibe, o corredor Leste/Oeste terá mais dois novos pontos de integração usando o sistema BRT: serão o II Perimetral (no bairro do Cordeiro) e o da IV Perimetral (no cruzamento com a BR-101, na Iputinga). Junto com esses novos pontos, o ramal da Copa, em São Lourenço, e o terminal da Caxangá serão reformados para atender aos BRTs e completam o corredor. O número final de estações será de 22 ao longo de toda a extensão.
SAIBA MAIS
O primeiro sistema BRT foi criado em 1974, na cidade de Curitiba, no Paraná, sendo o Brasil o país pioneiro nessa iniciativa. Hoje, o BRT já é utilizado em mais de 30 países no mundo, englobando todos os continentes. Entre eles, estão Canadá e Estados Unidos, Chile, Equador, Colômbia, China, Índia, México e Coréia do Sul. O sistema tem características especiais como alinhamento do corredor exclusivo no centro da via (para evitar atrasos como acontece no meio fio), o pagamento da tarifa realizado fora do veículo, prioridade dos ônibus nos cruzamentos e as paradas são mais altas dos que as tradicionais, o que oferece mais estabilidade e facilita o embarque. Além disso, são menos poluentes. Na cidade de Bogotá, capital da Colômbia, o TransMilenio, que foi inaugurado em 2000 inspirado pelo modelo curitibano e virou referência para várias cidades, já utiliza ônibus híbridos, movidos a biodiesel e energia elétrica. O sistema conta com 13 mil veículos para transportar, em média, 2,2 milhões de colombianos todos os dias. O planejamento do município é substituir gradativamente os ônibus movidos a diesel por outros com baixa ou zero emissão de poluentes. Em paralelo, a Transmilenio, gerenciadora da rede, também aposta na adoção de veículos articulados, para diminuir o tamanho da frota e manter a capacidade de transporte.