Palácio da pena e Lewis Hine

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Escola secundรกria Gabriel Pereira

Histรณria da Cultura e das Artes

Manuel Diogo 11ยบI nยบ19


Índice Introdução .......................................................................................................... 1 1- Palácio Nacional da pena ............................................................................ 2 Características ................................................................................................ 3 2-Italian Family on Ferry Boat Leaving Ellis Island (1905); Fotografia de Lewis Hine (1874-1940) ............................................................................................... 8 Conclusão ........................................................................................................ 11 Bibliografia........................................................................................................ 12 Webgrafia ......................................................................................................... 12

Introdução Na elaboração deste trabalho irei falar sobre o Palácio da pena e sobre uma das mais famosas fotografias de Lewis Hine (EUA). De espírito Nacionalista, liberal e romântico D. Fernando passou do restauro das obras nacionais à reinvenção do Palácio da Pena. Irei descobrir os diferentes estilos de arquitetura nele utilizados e toda a sua emblemática envolvência no meio da serra de Sintra. Relativamente ao sociólogo, professor e fotógrafo Lewis irei investigar um pouco da sua biografia e tentar explicar o porquê da importância desta fotografia e do seu trabalho, nesta época da nossa história.

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1- Palácio Nacional da pena

Ilustração 2 Palácio Nacional da Pena: Ilustração 1 Fachada do palácio da pena http://www.flickr.com/photos/ayyo/3029693549/in/fa ves-inesfgeraldo/

Tritão, alegoria da Criação do Mundo http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ntpalaciopena-tritao2.png

O Palácio Nacional da Pena localiza-se na vila de Sintra, freguesia de São Pedro de Penaferrim, concelho de Sintra, no distrito de Lisboa, em Portugal. Representa uma das melhores expressões do Romantismo arquitetónico do século XIX no mundo, considerado o primeiro palácio, nesse estilo, na Europa, erguido cerca de 30 anos antes do carismático Castelo de Neuschwanstein, na Baviera. Em 7 de Julho de 2007 foi eleito como uma das Sete maravilhas de Portugal. Edificado a cerca de 500 metros de altitude, remonta a 1839, quando o rei consorte D. Fernando II de Saxe Coburgo-Gotha (1816-1885), adquiriu as ruínas do Mosteiro Jerónimo de Nossa Senhora da Pena e iniciou a sua adaptação a palacete. Para dirigir as obras, chamou o Barão de Eschwege, que se inspirou nos palácios da Baviera para construir este notável edifício. Extremamente fantasiosa, a arquitetura da Pena utiliza os "motivos" mouriscos, 2


góticos e manuelinos, mas também o espírito Wagneriano dos castelos Schinkel do centro da Europa. Situado a 4,5 Km do centro histórico.

Características Quase todo o Palácio assenta em enormes rochedos, e a mistura de estilos que ostenta (neogótico, neomanuelino, neo-islâmico, neo-renascentista, com outras sugestões artísticas como a indiana) é verdadeiramente intencional, na medida em que a mentalidade romântica do século XIX dedicava um fascínio invulgar ao exotismo. Estruturalmente, o Palácio da Pena divide-se em quatro áreas principais: 

A couraça e muralhas envolventes (que serviram para consolidar a implantação da construção), com duas portas, uma das quais provida de ponte levadiça;

O corpo, restaurado na íntegra, do Convento antigo, ligeiramente em ângulo, no topo da colina, completamente ameado e com a Torre do Relógio;

O Pátio dos Arcos frente à capela, com a sua parede de arcos mouriscos;

A zona palaciana, propriamente dita, com o seu baluarte cilíndrico de

grande porte, com um interior decorado em estilo catedral, segundo preceitos em voga e motivando intervenções decorativas importantes ao nível do mobiliário e ornamentação em geral. Durante a construção, apesar de se manter a estrutura básica, foram feitas alterações em quase todos os vãos, ao mesmo tempo que a pequena torre cilíndrica que se encostava à maior passou para a retaguarda do edifício. O arco do corpo, ladeado por duas torres, recebeu uma profusa decoração em relevo a imitar corais. Sobre a torre, uma janela de arco, recebeu na sua base, também em relevo, uma figura de um ser híbrido, meio-peixe/ meio-homem, saindo de uma concha com a cabeça coberta por cabelos que se transformam num tronco de videira 3


cujos ramos são sustentados pela enigmática personagem. A figura faz relembrar propositadamente, o homem barbado da janela da sala do coro do Convento de Cristo em Tomar, transformado aqui num ser monstruoso de carácter quase demoníaco. Este conjunto, conhecido por "pórtico do Tritão", foi projetado pelo próprio D. Fernando, que o desenhou como um "Pórtico alegórico da criação do mundo", e parece condensar, em termos simbólicos, a "teoria dos quatro elementos"1. Reforçando esta relação com Tomar, a janela existente no lado oposto deste corpo, copia com alguma liberdade o célebre vão manuelino da autoria de Diogo de Arruda, "achatando-a". Nicolau Pires foi a Tomar desenhá-la para o príncipe, que reformulou o conjunto. O conjunto das diversas guaritas, o desnivelamento dos sucessivos terraços, o revestimento parietal com azulejos neo-hispano-árabes, oitocentistas, são elementos significativos. A adaptação da janela do Convento de Cristo, do lado do Pátio dos Arcos e a notável figura do Tritão, simbolizando, segundo alguns autores, a alegoria da Criação do Mundo, são pormenores fundamentais na interpretação deste Palácio. A planta do edifício é bastante irregular e está condicionada por uma construção ali preexistente – a Capela de Nossa Senhora da Pena – e ainda pela topografia. O resultado é um núcleo sensivelmente quadrangular, organizado à volta de claustros.

Ilustração 3 planta do palácio da pena. http://sintramaias.no.sapo.pt/palaciodapena1.htm 1

A Teoria dos quatro elementos são: Água, Terra, Fogo e Ar. São objectos de referência em várias obras de expressão literária, plástica e filosófica.

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As fachadas são divididas por bocéis ou torçais e fenestradas, mais ou menos regularmente, e por vãos quadrangulares, retangulares e de arco pleno. As torres e os baluartes possuem anéis superiores sobre cachorrada ou arcatura, formando caminhos de ronda, mirantes ou terraços. Já as torres quadradas têm nos cunhais guaritas circulares com coberturas cónicas. A fachada principal está revestida com azulejos de padrão policromo e dispõe de uma varanda ao nível do terceiro piso. No núcleo quadrangular, destacam-se várias arcadas interrompidas sobre murete. Uma escada em U conduz ao claustro de dois pisos, com arcada de arcos plenos no primeiro e abatidos no segundo. À volta destes dispõem-se algumas das principais salas. Na ala norte encontra-se a capela, forrada a azulejos padrão, com a nave separada da capela–mor por teia em pau–santo. O parque possui uma ambiência fria e nórdica, o que se deve às influências dos jardins românticos da Alemanha. Todas as torres (excetuando a do Relógio) receberam cúpulas. Os motivos de inspiração

foram

essencialmente

colhidos

em

fontes

mouriscas

e mudéjares espanholas e em quase todas as obras manuelinas da Grande Estremadura; entre as quais se encontram: a Torre de Belém ,justificando as guaritas cilíndricas coroadas por cúpulas de gomos em cantaria de pedra; o Mosteiro dos Jerónimos, com a sua ornamentação de cordas entrançadas e frisos; o Convento de Cristo em Tomar com os seus claustros de arcadas quebradas sobre colunas agrupadas e as suas imponentes janelas onde se demarcam os frisos e platibandas com cordas e motivos vegetalistas; o Palácio da Vila com os seus frisos de relevos góticos nas cornijas, e a própria realização orgânica do complexo. As rosas com cruzes inscritas demonstram a secreta genealogia do

príncipe,

que

devia

remontar

miticamente

à

Fraternidade Rosa-cruz do século XVII, da qual o príncipe foi grão-mestre e, ainda mais tarde, à Ordem de Cristo, herdeira dos Templários em Portugal. A conceção dos interiores deste Palácio para adaptação à residência de verão da família real valorizou os excelentes trabalhos em estuque, pinturas murais

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em "trompe-l'oeil"2 e diversos revestimentos em azulejo do século XIX, integrando as inúmeras coleções reais em ambientes onde o gosto pelo bricabraque e pelo colecionismo, são bem evidentes. Destacam-se ainda: 

a Sala dos Veados, ampla e cilíndrica, com uma larga coluna como eixo, atualmente utilizada para exposições;

a Sala de Saxe, onde predomina a porcelana de Saxe;

o Salão

Nobre,

onde estuques, lustres, móveis e

pedaços

de vitrais variam do século XIV ao século XIX, e onde se misturam elementos maçónicos e rosacrucianos3; 

o Atelier do Rei D. Carlos, estúdio com telas pintadas por D. Carlos;

o Terraço da Rainha, de onde melhor se pode observar a arquitetura do Palácio, o Relógio de Sol com um canhão que disparava ao meio-dia;

o Claustro Manuelino, parte original do antigo mosteiro do século XVI revestido de azulejos hispano-árabes (c.1520);

a Capela, parte original do antigo mosteiro dos frades Jerônimos;

os aposentos, onde se identifica o grande baixo relevo em madeira de carvalho quinhentista, de autor desconhecido, ilustrando a Tomada de Arzila, adquirido por D. Fernando em Roma;

a Sala Indiana, com valiosas obras de arte, como o lustre em cristal da Boémia e baixo relevo "Cólera Morbus", de autoria de Vítor Bastos;

a Sala Árabe, que expõe algumas das pinturas de Paolo Pizzi; e as pinturas em pratos do rei-artista, numa outra sala;

o Palácio e o Parque foram idealizados e concretizados como um todo;

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Trompe-l'oeil é uma técnica artística que, com truques de perspectiva, cria uma ilusão óptica que mostre objetos ou formas que não existem realmente. https://pt.wikipedia.org/wiki/Trompe-l'oeil

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A Rosacrucianos é uma Fraternidade que foi publicamente conhecida no século XVII através de três manifestos e insere-se na tradição esotérica ocidental. Esta Fraternidade hermética é vista por muitos Rosacrucianistas antigos e modernos como um "Colégio de Invisíveis" nos mundos internos, formado por grandes Adeptos, com o intuito de prestar auxílio à evolução espiritual da humanidade. http://pt.wikipedia.org/wiki/Rosa-cruz

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Do Palácio, o visitante avista um manto de arvoredo que ocupa mais de 200 hectares e constitui o Parque da Pena. Este tem diversos percursos e passeios, com inúmeras construções de jardins, pontes, grutas, bancos de jardim, pérgulas e fontes.

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2-Italian Family on Ferry Boat Leaving Ellis Island (1905); Fotografia de Lewis Hine (1874-1940)

Lewis Hine, licenciado em Filosofia, Sociologia, e Professor de Ciência, também foi um apaixonado pela fotografia documental e jornalística.

Emigração Pobreza Finalidade da foto: Documentário

Trabalho infantil Más condições de trabalho Primeira guerra Seca do Arkansas …

Denúncia Social 8


Hine, comprou a sua primeira câmara em 1903. O objetivo das suas fotografias tinha como objetivo a denúncia das condições de trabalho e ainda com mais atenção, as crianças que eram exploradas no trabalho infantil e os emigrantes, que trabalhavam nas cidades industriais. Utilizava a máquina fotográfica como instrumento documental, de educação e de alerta, mais do que para procurar um efeito estético. Hine, fez desta (img.1) imagem, um símbolo e uma homenagem ao drama humano dos emigrantes, ao mesmo tempo que lembra aos americanos as origens da nação que se construiu com esforço e trabalho dos mesmos e que eram explorados em fábricas e trabalhos esforçados.

Deixando as suas origens fundamentalmente rurais, estes emigrantes povoaram as grandes cidades industriais da América, sujeitando-se a salários baixos, horários longos, habitações sem as mínimas condições de habitabilidade, ausência de regalias laborais...

Ilustração 2 construção do Empire State Building. http://wertical.com/daily-2/lewishine/

Hine, captava assim, com as suas fotografias a pobreza como o caso dos trabalhadores metalúrgicos de Pittsburg. Como

professor,

em

1908,

Hine

era

especialmente crítico no que dizia respeito às leis

de

trabalho

infantil.

Embora

alguns

estados tivessem decretado legislação para proteção das crianças e jovens trabalhadores não havia controle, sobre esse fato. Foi então que

Hine,

trabalhou

através

do

Comitê

Nacional do Trabalho Infantil retratando todos os fatos que considerasse importantes. Daí surgiu um livro “ Child Labour in the

Ilustração 3 menina a olhar pela janela. http://www.mpritchard.com/photohistory/hi story/hine.htm

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Carolinas” que considerava as crianças em risco, a essência da juventude perdida presente nas faces tristes e até raivosas dessas crianças. Temos como exemplo mais uma famosa fotografia da menina olhando para fora da janela.

A fotografia foi sempre o seu trunfo para expor à opinião pública

as péssimas condições de

trabalho dos operários, a fome e a pobreza. A campanha teve como resultado a aprovação da lei de trabalho infantil.

Ilustração 4 trabalho infantil. http://www.mpritchard.com/photohistory/h istory/hine.htm

Por outro lado, poderemos dizer que (img.1) serviu para Hine mostrar como, na realidade, milhões de emigrantes terminaram vivendo marginalizados em cortiços superpovoados em Nova York, ganhando miseráveis salários, em empregos onde eram praticamente “escravizados”.

Ilustração 5 Construção de edifícios. http://facaoamolado.blogspot.pt/2011/05/constr ucao-do-empire-states.html

Em 1908, Hine publicou “ Charities and the Commons” (caridade e os comuns), uma coleção de fotografias de trabalhos abusivos nas construções de prédios como Empirstate Building. Aí ele esperava poder trazer uma reforma social… 10


Em 1930 os jornais já veiculavam fotografias e havia o interesse crescente por temas sociais. Após isso, a Cruz Vermelha, durante a primeira guerra, mandou que fotografasse as consequências da seca, em Arkansas. Ilustração 6 seca no Arkansas. http://ivyeyeung.blogspot.pt/2011/05/hinesshrimp-and-oyster-worker.html

Hine, tinha dificuldade em ganhar dinheiro com as suas fotografias e acaba por morrer extremamente pobre, no dia 3 de novembro de 1940.

Conclusão O Palácio da Pena impressiona pelo seu tamanho e pela sua localização. Situado num enorme rochedo faz dele um exemplar com caraterísticas bem diferentes, possuindo a mistura de vários estilos. Apesar da sua importância em função do espírito romântico e do seu imenso espaço verde envolvente, é fácil ser pensado ou utilizado para diversas histórias de amor ou aventura. Quanto a Lewis Hine a “Ellis Island” é uma das fotografias mais conhecidas do fotógrafo. O papel da fotografia na segunda metade do século XIX foi muito importante, este revolucionou o mundo. Fique curioso em estudar melhor a sua biografia e não consegui focar-me apenas na foto recomendada porque todas as fotografias de Lewis Hine tratam uma história de 11


vida e demonstram bem as preocupações sociais que tinha, perante os problemas que atravessam as populações da época. A sua sensibilidade, espírito crítico e de luta estão patentes em toda a sua obra fotográfica. Poderemos dizer que foi um cidadão solidário, no verdadeiro sentido da palavra. A nobreza de Hine garantiu que, naquele país que viria futuramente a ser uma potência mundial, crianças não fossem mais exploradas em prole do lucro, nem imigrantes trabalhassem por menos do que é justo por lei e vivessem em condições dignas de um cidadão comum. Este foi sem dúvida um exemplo para o mundo. Por fim podemos dizer que atualmente, devemos ser críticos tal como ele foi, pois é com construtivismo, esforço e persistência naquilo em que acreditamos que aos poucos tornamos o nosso país num pouco melhor.

Bibliografia PINTO. A.L; MEIRELES. F; CAMBOTAS. M. C., “História da Cultura e das Artes”, 2011, 2ªedição, 11ºano, Porto Editora

Webgrafia http://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1cio_Nacional_da_Pena disponível a 30-03 2013 http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Pena_National_Palace.JPG disponível a 20 -03-1013 http://www.cm-sintra.pt/Artigo.aspx?ID=2903 disponível a 20 -03-1013 12


http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Italian-Family-On-FerryBoat/238335.html disponível a 20 -03-1013 http://www.geh.org/taschen/m197701770169.jpg disponível a disponível a 30-03 2013 http://pt.wikipedia.org/wiki/Lewis_Hine disponível a 30-03 2013

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